Conhecimentos que auxiliam a promoção da saúde 1. Consumo energético e gasto calórico Nos capítulos anteriores, discutimos a importância da prática de exercícios físicos como fator determinante para a qualidade de vida de todo indivíduo, em qualquer faixa etária. Neste capítulo, vamos nos aprofundar na íntima relação entre o controle de peso corporal e a prática de exercícios físicos. Descobriremos que esses dois fatores também estão ligados com o consumo de energia por meio dos alimentos e com o gasto calórico. A essa relação damos o nome de balanço energético. O balanço energético é determinado pela ingestão alimentar e pelo total de calorias gasto para realizar as atividades do dia a dia. Manter o equilíbrio entre o consumo de energia através dos alimentos, sendo eles sólidos ou líquidos, e o que gastamos de calorias é o que determina a manutenção do peso corporal. Para pessoas que se encontram dentro da faixa saudável do peso corporal, essa seria a condição ideal. Como dito anteriormente, adquirimos energia por meio dos alimentos, mas o gasto energético acontece a partir de três elementos básicos. Taxa metabólico basal: corresponde ao gasto de energia para realizar as funções orgânicas básicas. Representa de 60 a 75% do gasto energético. Pode variar de um indivíduo para outro de acordo com a composição corporal, idade, sexo, aptidão física, clima, estado hormonal e temperatura corporal. Efeito térmico do alimento: gasto enérgico dedicado para metabolizar e estocar os nutrientes provenientes da alimentação. Representa, em geral, 10% do consumo diário de energia. Efeito da atividade física: trata da energia gasta para realizar qualquer atividade física (tomar banho, deslocar-se, fazer exercícios etc.). É o fator com a maior possibilidade de variação de gasto energético. Corresponde em média de 15 a 30% do gasto calórico diário. Quando o equilíbrio energético é alterado tanto para o lado da ingestão de energia (alimentos) quanto para gasto calórico, o peso corporal é alterado. O desequilíbrio no balanço energético pode ser definido como positivo ou negativo. Positivo quando a ingestão de calorias for maior que o consumo total diário de energia. Nesse caso, o excesso energético será armazenado em forma de gordura no tecido adiposo, ocasionando aumento do peso corporal. Negativo quando ocorre o contrário. O gasto calórico é maior que o consumo energético, sendo esta a forma mais eficaz e saudável de perder peso corporal. Quanto maior for o desequilíbrio, maior será a alteração de peso do indivíduo. É importante lembrar que, se o desequilíbrio energético pelo lado positivo preponderar por muito tempo, será mais difícil a regulação do balanço energético, tendo como agravantes os fatores envelhecimento e, principalmente, o baixo nível de atividade física. Para que isso não aconteça, mantenha sempre o peso corporal ideal, unindo uma dieta balanceada e a prática de exercícios físicos. 2. Exercícios aeróbio e anaeróbio Ainda falando sobre a prática de atividades físicas neste módulo, abordaremos, em especial, dois tipos de exercício: o aeróbio e o anaeróbio. É importante destacar que ambos trazem inúmeros benefícios para qualquer indivíduo. Discutiremos agora que exercícios são esses e como eles atuam no organismo humano. Aeróbio é um termo que trata da presença de oxigênio. Ou seja, esse tipo de exercício usa o gás oxigênio para produzir a energia dos músculos. Por serem geralmente de longa duração, mas de baixa ou moderada intensidade, a natação, dança, caminhada, corrida e outras atividades que movimentam vários grupos musculares ao mesmo tempo são exemplos de exercícios aeróbios. Essas atividades, por necessitarem de gás oxigênio, estimulam o sistema cardiorrespiratório, vascular e o metabolismo, e, também, são os indicados para o indivíduo que pretende perder gordura, devido aos altos índices de queima calórica. Spinning, patinação e escalada são exemplos de exercícios aeróbios. Alguns benefícios dos exercícios aeróbios • Fortalecimento do sistema cardiorrespiratório • Aceleração do metabolismo • Aumento da capacidade cardíaca Os exercícios anaeróbios são caracterizados pela alta intensidade e curta duração. A fonte de energia utilizada nesses exercícios independe do consumo de gás oxigênio pelos músculos, daí o termo “anaeróbio”, que faz referencia à atividade na qual as células dos músculos realizam predominantemente fermentação em vez de respiração aeróbia. O indivíduo, quando executa um exercício anaeróbio, desempenha movimentos de alta intensidade em um curto período de tempo, podendo durar de alguns segundos a 2 minutos. Outra característica dos exercícios anaeróbios é que eles utilizam um número menor de grupos musculares. Musculação, lançamento no beisebol e salto em altura são exemplos de exercícios anaeróbios. Os ossos, os tendões e a musculatura devem estar fortalecidos por meio dos exercícios anaeróbios como os da musculação, por exemplo, para suportar a intensidade dos exercícios aeróbios como o de uma corrida. Um programa de exercícios completo que combine os dois tipos de atividades físicas, proporcionam desenvolvimento também na aptidão física, que é a capacidade de o indivíduo realizar as muitas tarefas do cotidiano sem restrição seja por idade seja por fadiga. Atividade aeróbia combate a insônia Exercícios diminuem o estresse e a ansiedade e melhoram a qualidade do sono Problemas com insônia? Exercitese! Praticar atividade aeróbica não só combate a falta de sono como melhora a sua qualidade. A conclusão é do Colégio Americano de Medicina Esportiva e da Associação Americana de Distúrbios do Sono. Eles sustentam que a atividade aeróbia, como corrida, ciclismo ou natação, não só combate a insônia como melhora a qualidade do sono. O exercício físico realizado de forma regular e com intensidade moderada aumenta o período total de sono, diminui o tempo que se leva para adormecer e aumenta significativamente o sono profundo. Tudo porque ele tem um efeito no cérebro, regulando os transmissores do sistema nervoso central, responsáveis pela redução do estresse e da ansiedade e pela sensação de bem-estar. O estudo apresenta esses benefícios em cerca de 50% das pessoas que passam a correr. Quando elas deixam de praticar exercícios, voltam a ter problemas para dormir. Em relação à prática aeróbia, a recíproca também é verdadeira. Só se exercita bem, com disposição, quem consegue ter uma boa noite de sono, pois ao dormir ocorre a liberação do hormônio GH que estimula o crescimento, a recuperação muscular, a constituição óssea e a queima de gordura. Disponível em: <http://noticias.r7.com/saude/noticias/ atividade-aerobica-combate-a-insonia-20120227. html?question=0>. Acesso em: 28 ago. 2014. 3. Frequência cardíaca e IMC O que indica o funcionamento de um carro é o barulho do motor, no caso de um avião, o barulho das turbinas; no ser humano, esse indicador é dado pela frequência cardíaca (FC). A frequência dos batimentos do coração correspondente ao número de vezes que ele se contrai e relaxa para bombear sangue para o sistema vascular com o objetivo de oxigenar os músculos, tecidos e articulações. Falaremos, neste módulo, de três situações de frequência cardíaca: a basal, a frequência cardíaca máxima e a frequência cardíaca alvo. A FC basal, ou em repouso, correspondente número de vezes que o coração bate por minuto quando o indivíduo está em repouso completo. Nesta situação, o coração bate para manter as funções vitais do organismo, e pode variar de pessoa para pessoa de acordo com a idade ou o nível de condicionamento físico. Os batimentos cardíacos diminuem com o passar dos anos e, em uma pessoa condicionada fisicamente, o coração bate menos vezes para manter o organismo do que em uma pessoa sedentária. A FC máxima trata-se do número mais alto de batimentos por minuto que um indivíduo pode alcançar. A fórmula mais utilizada para calcular a frequência cardíaca máxima é a de Karvonem (1957): Frequência cardíaca máxima (FCM) = 220 – idade Para um indivíduo de 16 anos, a FC máxima é de 204 batimentos por minuto. Com o valor da FC máxima, calculamos o valor da FC alvo ou a também chamada FC de treinamento. Esse índice serve como parâmetro para a realização de um treinamento, onde o objetivo do indivíduo é obter impacto positivo sobre o seu condicionamento físico. Falando de forma prática: para que o mesmo indivíduo de 16 obtenha melhoras sobre o seu condicionamento físico o batimento cardíaco durante o treinamento de corrida, por exemplo, tem de estar entre 65% e 85% da frequência cardíaca máxima, ou seja, seu coração tem de bater de 132 a 173 vezes por minuto. Zona Alvo de Treinamento (Karvonen e col., 1957) (o indivíduo deve procurar controlar seus batimentos entre a faixa mínima e máxima durante o exercício) FCM x 0,60 = frequência cardíaca mínima FCM x 0,70 = frequência ideal na atividade aeróbica FCM x 0,85 = frequência cardíaca máxima Equipamentos avançados são capazes de fazer a medição desses índices e estipular treinamentos específicos Existe, também, outra forma de avaliar algumas condições do organismo humano, denominada Índice de Massa Corporal, IMC, indicado pela para Organização Mundial da Saúde (OMS) para relacionar o peso corporal com a altura, dentro de uma classificação que vai de abaixo do peso à obesidade. Mesmo que alguns estudos mostrem a relação do IMC com o excesso de gordura, esse índice tem algumas deficiências por se tratar apenas da mensuração de peso e altura. Outras avaliações, como a de porcentagem de gordura, associa- da ao IMC, podem determinar melhor a composição corporal de cada pessoa. O cálculo é simples, dividindo-se o peso pela altura ao quadrado: Tratando-se de uma pessoa com 1,70 de estatura e que pese 60 kg, o IMC ficará assim: 𝐼𝑀𝐶 = 70𝑘𝑔 ÷ 1,70 × 1,70 = 24,2 Determinado o valor, faz-se a classificação utilizando a tabela a seguir. Categoria IMC IMC Abaixo do peso Peso normal Obesidade grau I Abaixo de 18,5 Entre 18,5 e 24,9 Entre 25 e 29,9 Obesidade grau II Obesidade grau III Entre 35,0 e 39,9 40,0 e acima Com a tabela e o IMC obtido, é possível identificar se um indivíduo possui o peso acima ou abaixo do considerado ideal.