O ensino de sociologia no ensino médio no brasil pós - Ciem-UCR

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O ENSINO DE SOCIOLOGIA NO ENSINO MÉDIO NO BRASIL PÓS 1990
Paula Layane Pereira de Sousa – Brasil - IFMA¹
Sâmya Nagle de Oliveira Sousa – Brasil - UFPI²
RESUMO
O objetivo deste trabalho consiste em investigar as consequências da política neoliberal na
implantação da disciplina de sociologia na educação básica e sua importância para a compreensão
da realidade social na qual o educando se insere e como superação da exclusão social. A política
neoliberal tem influencia no Brasil a partir da década de 1990 com a pouca intervenção do Estado
na economia e retração do mesmo na prestação de serviços públicos. No país vários serviços que
antes eram prestados pelo Estado passam a ser ofertados por empresas privadas através de um
processo chamado de privatização. No governo de Fernando Henrique Cardoso (1995-2003), com
a Reforma Educacional implantada, apresentam-se características neoliberais que se inserem na
educação brasileira permanecendo até os dias atuais. A educação voltada para a formação de
trabalhadores para o mercado de trabalho no mínimo tempo possível se torna a direção a ser
seguida. A sociologia como disciplina obrigatória no ensino médio só se realiza a partir do ano de
2006 no país, contudo, tem apontado desafios para os professores de sociologia, pois os objetivos
da disciplina, como promover um pensamento critico da realidade, se distorcem diante de
politicas voltadas para a promoção da formação profissional e inclusão social. Esta inclusão pode
ser traduzida pela inclusão da população no mercado de trabalho, possivelmente diminuindo as
desigualdades sociais, mas também permite visualizar que a formação do estudante destoa nos
aspectos curriculares, uma vez que as disciplinas não apontam uma interdisciplinaridade. Para
tanto, retornarmos a histórica da disciplina no Brasil, realizando uma discussão teórica tomando
por base a teoria crítico-reprodutivista na visão de Louis Althusser sobre a função da escola (esta
vista como um aparelho ideológico do estado, com função de ensinar o aluno a repetição, sem
questionamentos, ou seja, como reprodutora social) empregada na educação neoliberal e
entendendo, através da aplicação de um questionário aos sujeitos envolvidos nessa educação, a
função do ensino da sociologia na transposição da exclusão social tão presente na nação
brasileira.
1 INTRODUÇÃO
A sociologia como disciplina obrigatória no ensino médio só se realiza a partir do ano de
2006 no país, contudo, tem apontado desafios para os professores de sociologia, pois os objetivos
da disciplina, como promover um pensamento critico da realidade, se distorcem diante de
políticas voltadas para a promoção da formação profissional e inclusão social. Esta inclusão pode
ser traduzida pela inclusão da população no mercado de trabalho, possivelmente diminuindo as
desigualdades sociais, mas também permite visualizar que a formação do estudante destoa nos
aspectos curriculares, uma vez que as disciplinas não apontam uma interdisciplinaridade.
No governo de Fernando Henrique Cardoso (1994-2001), com a Reforma Educacional
implantada, apresentam-se características neoliberais que se inserem na educação brasileira
permanecendo até os dias atuais. A política neoliberal tem influencia no Brasil a partir da década
de 1990 com a pouca intervenção do Estado na economia e retração do mesmo na prestação de
serviços públicos.
Dessa forma, o objetivo deste trabalho consiste em investigar as consequências da
política neoliberal na implantação da disciplina de sociologia na educação básica e sua
importância para a compreensão da realidade social na qual o educando se insere e como
superação da exclusão social. Para tanto, retornarmos a histórica da disciplina no Brasil,
realizando uma discussão teórica tomando por base a teoria crítico-reprodutivista na visão de
Louis Althusser sobre a função da escola (esta vista como um aparelho ideológico do estado, com
função de ensinar o aluno a repetição, sem questionamentos, ou seja, como reprodutora social)
empregada na educação neoliberal e entendendo, através da aplicação de um questionário aos
sujeitos envolvidos nessa educação, a função do ensino da sociologia na transposição da exclusão
social tão presente na nação brasileira.
2 A HISTÓRIA DA SOCIOLOGIA NO BRASIL
Como aponta Candido (1959), a historia da sociologia no país pode ser dividida em duas,
uma inicial que vai de 1880 a 1930, com um período de transição entre 1930 a 1940, e uma
segunda fase de 1940 até os dias atuais. A primeira etapa da disciplina no país demonstra-a como
um conhecimento não obrigatório nos currículos escolares, mas que mesmo assim estava presente
na academia e sendo difundida por “intelectuais não especializados”. No segundo momento de
sua historia, por volta de 1940, há um período de consolidação e aceitação da sociologia como
disciplina e atividade social.
A primeira etapa, como mencionada, foi marcada pela “não especialização” dos
intelectuais (Candido, 1959, M. Santo, A. Silva e T. Silva, s.d.). Até meados da década de 1930 a
sociologia era uma disciplina que estava nos cursos de graduação, mas que era ministrada por
professores que não eram formados na área, por isso também não havia material didático, tudo
isto conseqüência de um não reconhecimento da sociologia no meio acadêmico.
O que acontecia neste período era a presença da disciplina de sociologia principalmente
nos cursos de Direito - uma vez que estes profissionais eram na época tidos como os interpretes
da sociedade – ou como disciplina auxiliar da pedagogia, mas ela era ministrada por profissionais
que eram considerados intelectuais de outras áreas como, por exemplo, da medicina, o motivo
estava na falta de uma graduação no país para a área de ciências sociais. Estes intelectuais
apresentados ainda com percursores da ciência sociológica no Brasil muitas vezes instigaram as
discussões sobre a sociedade através de suas publicações fazendo uso dos autores clássicos,
sobretudo dos que estavam ligados a corrente de pensamento evolucionista, daí este período ser
conhecido também de pré-cientificismo como mencionado por Filho (2005), no sentido da
formação da sociologia como ciência.
Desta forma, os conteúdos debatidos em suas obras faziam a relação entre sociologia e
Direto, com a biologia, literatura e com o contexto e organização social, mas não tinham como
objetivo direto a análise da sociedade. Somente com o desenvolvimento da disciplina e de seus
conteúdos, principalmente na segunda fase, e com o uso de um cientificismo mais concreto da
disciplina, é que os conteúdos se voltam para os interesses da indústria e do comércio, o que
acarretou maior busca por estudos e pesquisas sociológicas, favorecendo assim uma a Teoria da
Modernização, isto é, a passagem de sociedade tradicional para a moderna (Filho, 2005).
É somente em 1931 com a Reforma Campos e a Lei 19 890 deste mesmo ano que pela
primeira vez a disciplina passa a ser obrigatória, pois na Revolução de 1930 os ideais da
disciplina corroboravam com os da Revolução já que buscavam uma formação moderna para um
país que se industrializava e por isso queria capacitar seus futuros dirigentes (M. Santos, A. Silva,
T. Santos, 2009). É então que surgem a Escola Livre de Sociologia e Política de São Paulo,
marcando a chamada Sociologia Científica (Filho, 2005). Isto é, a busca pela institucionalização
da disciplina, uma vez que ela poderia colaborar com os interesses de redemocratização do país.
Do período de transição até a segunda fase, há a existência de leis que hora proibiram e
hora permitiram o ensino de sociologia. Assim, há na historia da disciplina no Brasil uma
inconstância na obrigatoriedade no ensino da mesma onde, por exemplo, a Lei de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional (LDB) nº 4024 de 1961 garante a disciplina nos currículos e dez
anos depois a LDB nº 5692 coloca-a como optativa e transforma cursos secundários em ensino
profissionalizante o que deixa mais restrito o ensino das ciências sociais (M. Santos, A. Silva, T.
Santos, 2009). Esta realidade só muda quando a Lei nº 7044 de 1982, período de transição da
ditadura, deixa mais flexível o caráter profissionalizante do ensino de 2º grau, o que permitiu
maior abertura para as ciências humanas. É neste período que as lutas pelo retorno da sociologia
se intensificam dando ênfase ao caráter de disciplina que colabora com a formação do cidadão. É
interessante observar que mesmo com a não obrigatoriedade alguns estados incluíram a disciplina
nos seus currículos escolares, sendo somente em 2006, com a Resolução nº 4 de 16 de agosto,
mesmo depois da LDB de 1996 que não tornava a disciplina obrigatório para ao ensino médio,
que se resolve mudar a redação da Resolução CNE/CEB nº3/98 tornando obrigatório o ensino de
sociologia (Brasil, 2007).
Em realidade, a obrigatoriedade da sociologia está presente nas discussões dos currículos
escolares desde 1925. Entretanto, no período considerado como segunda etapa da historia da
disciplina, em 1942, há a Reforma Capanema no governo Vagas, que via no ensino de sociologia
um conhecimento que permitia a reflexão e crítica aos indivíduos, o que poderia prejudicar os
objetivos do governo e a sua ordem estabelecida já que a disciplina alcançavam a classe média e
também as camadas trabalhadores através dos movimentos sociais (M. Santos, A. Silva, T.
Santos, 2009). Havia, em realidade, um perigo nos conhecimentos proporcionados pela
disciplina, justamente por ampliar e fazer conhecer os direitos e deveres da população brasileira.
O que se observa é que em mais de 84 anos de historia da sociologia no país, foram 40
deles fora dos currículos escolares. O seu retorno se dá em um período de redemocratização
apenas quando há a busca por uma cientificidade que ajudasse nos objetivos de desenvolvimento
urbano-industrial no país. Isto tem acarretado hoje uma tecnificação da disciplina levando para
outro sentido seus objetivos de formação do cidadão e capacidade de reflexão e critica dos
indivíduos. Desta forma, a própria formação do profissional de sociologia é uma exigência da
fase de progresso tecnológico do país. Uma sociologia do século XXI precisa superar essa
condição de subordinação a regimes autoritários ou de alienação e promover uma consciência
critica da realidade, isto é, alcançar a sua originalidade como ciência da sociedade.
3 NEOLIBERALISMO E EDUCAÇÃO
O Neoliberalismo é o retorno das ideias relacionadas ao liberalismo econômico que
iniciou nas décadas de 1970 e 1980. Dentre suas características se destacam: a liberalização
econômica, o livre comércio, a redução de despesas públicas e o reforço da iniciativa privada na
economia.
Nesse contexto, o papel do estado é reajustado para legitimar a nova ordem, onde passa
a ocorrer uma crítica ao bem estar-estar social, redução da ação no campo das políticas sociais, o
Estado passa a ter um papel predominantemente regulador e mínimo, em que há uma redução na
execução e prestação direta dos serviços, e há ainda um movimento no sentido à
descentralização, elevando-se assim as privatizações, desregulamentação e terceirização.
No Brasil o neoliberalismo tem maior presença a partir da década de 1990 no Governo
de Fernando Henrique Cardoso (Governo FHC). Que abre duas frentes: a primeira, a Reforma do
Estado, com o objetivo de controlar a crise fiscal e fortalecer a economia; a segunda, uma luta
contra os direitos sociais. Dessa forma, o Estado neoliberal no Brasil traz como consequências a
desregulamentação da economia, a flexibilização do trabalho, privatização de empresas estatais, a
redução de gastos públicos e abertura do mercado para a entrada de investimentos transnacionais.
Na educação a política neoliberal tem influencia determinante. No primeiro ano do
Governo FHC (1994) foi criado o Ministério da Administração e Reforma do Estado – MARE,
com a finalidade de conduzir a Reforma do Estado no país. Em 1995 foi criado um Plano Diretor
da Reforma do Estado, onde foi instituída a Reforma Educacional no país, segundo Freitas
(2009).
Desta maneira, as políticas educacionais a partir desse período passam a ser resultado de
forças do estado, da sociedade, mas também, como afirmam Lopes e Caprio (2008), de agentes
internacionais como Banco Mundial. A educação é vista como um instrumento de crescimento
econômico e de redução da pobreza, capaz de concretizar as reformas estruturais para a expansão
do capital. Os investimentos são centrados na educação básica, considerada primordial para
melhorar a rentabilidade econômica e redução da pobreza. Assim, a educação é alinhada com o
mundo do trabalho para formação de habilidades necessárias à cidadania moderna e aos novos
padrões produtivos exigidos pelo mercado.
De acordo com Maroneze et al (2009), a educação influenciada pelo neoliberalismo tem
como objetivos preparar recursos humanos para o trabalho, repassar um conteúdo mínimo aos
alunos e ampliar o acesso à escola sem aumento de despesas.
Quadro 1: Objetivos da educação neoliberal
Fonte: elaboração das autoras
Nesse contexto, a sociologia como disciplina obrigatória no ensino médio no Brasil fica
“imprensada” entre as outras disciplinas consideradas prioritárias para a formação rápida de mão
de obra para o mercado de trabalho, ou seja, não consegue realizar o seu objetivo maior que é
fazer com que o aluno entenda e pense a sua realidade, compreenda que o seu meio é passível de
transformação e também de formar cidadãos. A redução dos currículos e carga horária dificulta o
ensino da sociologia de maneira eficaz, a relação conteúdo/realidade do aluno fica prejudicada, a
interdisciplinaridade em muitos casos se torna impossível. Isso tem graves consequências para a
formação do alunado e muitas vezes impede o aluno de entender a finalidade da disciplina.
Com tal característica, o propósito da sociologia como também da educação em geral de
promover um pensamento crítico da realidade fica deteriorado. A escola, nessas condições,
apenas repassa a política dominante para o alunado, ou seja, eles são apenas treinados para o
mercado de trabalho. Diante disso, a escola recai no que Louis Althusser chama de Aparelho
Ideológico Escolar. A escola como aparelho ideológico do Estado, sendo o seu principal aparelho
ideológico no Estado capitalista, tem a função de reproduzir as relações de produção e de classe,
como afirma Linhares et al. (2007). A teoria crítico-reprodutivista que tem como expoente
Althusser, onde a escola tem traço reprodutor, pois disponibiliza conhecimento e habilidades que
validam a classe dominante, conduzindo os discentes para cargos diferenciados no mercado de
trabalho. “Assim, o aparelho escolar ocupa um lugar privilegiado no modo de produção
capitalista, pois ele é o único, de todos os aparelhos ideológicos do Estado, a inculcar a ideologia
dominante e a reprodução das relações de produção sobre a base de formação da força de
trabalho” (Linhares et al. p. 11, 2007).
4 ANÁLISE DOS DADOS
Os dados serão analisados de forma descritiva e são resultados de questionários
aplicados no Instituto Federal de Educação do Maranhão - IFMA, Campus Bacabal. A escolha
dessa instituição se deu por causa da facilidade na aplicação dos questionários, pois a autora
Paula Layane trabalha no local. Estes foram aplicados em quatro turmas de ensino médio
integrado com cursos técnicos³ (uma turma de Técnico em Informática, outra turma de Técnico
em Química e duas turmas de Técnico em Administração). No total foram 115 questionários
(ANEXO 1) aplicados nos dias 22 e 23 do mês de junho do presente ano.
A intenção foi de entender e mensurar a impressão dos alunos sobre o ensino da
sociologia, se eles conseguem entender os conteúdos, a função do ensino da disciplina e se
conseguem relacionar os conteúdos da sociologia com outras disciplinas.
Dos entrevistados 49,6% são do sexo masculino e 47% do sexo feminino. A idade varia
entre 14 e 18 anos, conforme tabela abaixo. O ensino médio no Brasil tem duração de no mínimo
3 anos e é composto por 3 séries: 1º, 2º e 3º ano. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação
nacional – LDB nº 9. 3094/1996 não especifica idade mínima e máxima dos alunos no ensino
médio, entretanto determina que a idade para o ensino fundamental deve ser dos 7 aos 14 anos.
Dessa forma, a idade mínima para ingresso no ensino médio é de 15 anos. Segundo os dados há
alunos abaixo dessa faixa etária.
Tabela 1: Sexo e Idade (%)
Perguntados se gostam da disciplina de Sociologia a grande parte afirma que sim
(78,3%), conforme Gráfico 1. E quando questionados se a Sociologia é necessária ou não para
sua formação 82,6% responderam afirmativamente (Gráfico 2). Dessa forma, verificamos que os
alunos tanto gostam e têm afinidade com a disciplina como a reconhecem como fundamental para
a sua formação.
Gráfico 1: Você gosta da disciplina de Sociologia? (%)
Fonte: elaboração das autoras
Gráfico 2: Com qual das afirmações você se identifica mais? (%)
Fonte: elaboração das autoras
Outro dado importante é o reconhecimento ou não da função da disciplina de Sociologia
no ensino médio, ou seja, se os alunos reconhecem a finalidade deles estarem estudando
Sociologia. Essa questão trata-se de uma questão aberta, onde o objetivo era que os alunos
respondessem de forma livre. Segundo o Gráfico 3, 42,6% dos respondentes souberam responder
corretamente a função da disciplina, menos da metade dos entrevistados. Quase que igualmente,
41,7% responderam de forma parcial a questão, isto é, na resposta citaram algum (ns) ponto (s)
que não são função da disciplina, todavia a resposta não estava completamente errada. E, por fim,
9,6% não souberam responder a questão. Vale destacar que 6,1% não respondeu essa questão
(deixou em branco). As respostas a essa questão nos traz uma preocupação, já que, somadas as
respostas parcialmente corretas com os que não souberam responder e os que não responderam
somam mais da metade, quer dizer, mais da metade dos entrevistados não conseguem entender de
maneira clara a utilidade da disciplina que estudam.
Gráfico 3: Qual a função da Sociologia no ensino médio? (%)
Fonte: elaboração das autoras
A avaliação dos alunos sobre a disciplina foi realizada através de três questões. A
primeira sobre o entendimento dos alunos com relação aos conteúdos ministrados, depois se o
aluno consegue aplicar o que aprende na sala de aula na sua comunidade e em seguida se o aluno
consegue relacionar os conteúdos aprendidos com as outras disciplinas, conforme tabela 2.
Tabela 2: Avaliação da disciplina (%)
Respostas/Questões
Sempre
Nem sempre
Raramente
Nunca
Entendimento dos
conteúdos¹
41,7
52,2
5,2
0,9
Aplicabilidade do que
Interdisciplinaridade³
aprende²
13,9
27,8
57,4
52,2
23,5
14,8
4,3
4,3
1 Você diria que entende os conteúdos ministrados na disciplina?
2 Você consegue aplicar o que aprende na disciplina de Sociologia na sua comunidade?
3 Você consegue relacionar os conteúdos da disciplina de Sociologia com outras disciplinas?
Fonte: elaboração das autoras
Em relação ao entendimento dos conteúdos mais da metade dos respondentes (52,2%)
afirmam que nem sempre entendem. Aqui ressaltamos que vários podem ser os motivos para isso,
por exemplo, linguagem do professor, condição pessoal de cada aluno, como também a maneira
“corrida” como os conteúdos são ministrados, ou seja, a ementa das disciplinas é grande e a carga
horária não permite que os assuntos sejam apresentados de maneira eficiente.
Quando questionados se conseguem aplicar o que aprendem na disciplina em sua
comunidade apenas 13,9% responderam que sempre conseguem aplicar. E 57,4% responderam
que nem sempre e 23,5% afirmaram que raramente conseguem aplicar. Fica claro que a conexão
entre o conteúdo e realidade do aluno não está sendo realizada, podendo ser resultados de duas
situações: ou o professor por algum motivo não está fazendo essa conexão e/ou o aluno mesmo
tendo esse conhecimento não é capaz de fazê-lo.
Enfim, a cerca da interdisciplinaridade somente 27,8% dos respondentes escolheram a
alternativa sempre. 52,2% responderam que nem sempre conseguem relacionar os conteúdos de
Sociologia com outras disciplinas. Mais uma vez os resultados se mostram preocupantes, já que,
a interdisciplinaridade é reconhecida como uma forma muito eficaz de aprendizagem.
Por conseguinte, observamos que a aprendizagem dos alunos fica muito prejudicada,
revelando taxas preocupantes sobre a obtenção de conhecimentos de Sociologia. Mesmo com os
números positivos que mostram que os alunos em sua grande maioria gostam da disciplina de
Sociologia e a reconhecem como necessária para a sua formação, o entendimento dos conteúdos,
a aplicação do que se aprendeu em sala de aula na sua vida e a relação da disciplina com outras
não está sendo realizada de forma satisfatória.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
É possível notar na realidade brasileira que há um redirecionamento da educação,
principalmente no que diz respeito ao nível básico, onde a formação de futuros profissionais
acontecem através de uma cidadania moderna que direciona-os para as exigências do mercado.
Neste projeto, de cunho neoliberal, a escola toma forma de um aparelho ideológico do Estado,
reproduzindo as suas demandas. Em meio a isso estão disciplinas que perdem seus objetivos,
como é o caso da sociologia e a formação do pensamento crítico.
Como pode ser visto na aplicação dos questionários não são somente os alunos que se
prejudicam com este tipo de educação, mas está incluso também a própria sociologia, uma vez
que não há uma relação entre conteúdos ministrados e a realidade vivida pelos alunos, o que
acarreta muitas vezes um não entendimento das finalidades da disciplina. Dessa forma, a
educação tem proporcionado aos discentes uma visão limitada da realidade social e não tem
permitido que os mesmos decidam sobre o seu futuro.
NOTAS
1 Paula Layane Pereira de Sousa: Bacharela em Ciências Sociais pela Universidade Federal da Piauí (UFPI); Mestre
em Antropologia e Arqueologia pela Universidade Federal da Piauí (UFPI); Professora temporária do Instituto
Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão (campus Bacabal).
2 Sâmya Nagle de Oliveira Sousa: Bacharela em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Piauí - UFPI;
Mestranda em Ciência Política pela Universidade Federal do Piauí – UFPI.
3 Os Institutos Federais oferecem somente ensino médio técnico nas modalidades integrado e subsequente, além do
ensino superior. Estas instituições de ensino foram criadas para a agregação de escolas profissionais ligadas ao
governo, na busca por responder as demandas politicas e econômicas do Estado.
REFERÊNCIAS
Brasil. Congresso. Senado. Resolução nº 4 de 2006. DOU de 11/4/2007, Seção 1, p. 31.
Candido, Antônio (1959). A sociologia no Brasil. Tempo Social, Revista de sociologia da USP,
v. 18, n 1. pp. 271-301, jun 2006.
Filho, Enno D. Liedke (2005). A sociologia no Brasil: historia, teorias e desafios. Sociologias,
Porto Alegre, ano 7, nº 14, jul/dez 2005, pp. 347-437.
Linhares, L. L. et al (2007). Althusser: a escola como aparelho ideológico do Estado. VII
Congresso Nacional de Educação – EDUCERE, Curitiba, 2007. Acessado em: 25 junho 2015.
Disponível em: http://www.pucpr.br/eventos/educere/educere2007/anaisEvento/arquivos/CI-20405.pdf.
Lopes, E. C. P. M & Caprio, M. As influências do modelo neoliberal na educação. Revista
Eletrônica Política e Gestão Educacional, nº 5, 2º semestre, 2008. Acessado em: 25 junho 2015.
Disponível
em:
http://www.fclar.unesp.br/Home/Departamentos/CienciasdaEducacao/RevistaEletronica/edi5_arti
goedianelopes.pdf.
Maroneze, Luciane Francielli Zorzetti & Lara, Âgela Mara de Barros (2009). A política
educacional brasileira pós 1990: novas configurações a partir da política neoliberal de estado.
IX Congresso Nacional de Educação – EDUCERE.
Santos, Manoel Messias Rodrigues, Silva, Adriana Elias Magno da, & Silva, Tânia Magno da
(2009). Sociologo/professor: novos desafios para a formação profissional. Acesso em 11 de jun
de
2015.
Disponível
em:
http://www.sbsociologia.com.br/portal/index.php?option=com_docman&task=doc_download&gi
d=3105&Itemid=171.
ANEXO
Anexo 1 - QUESTIONÁRIO
1 Sexo
1 - masculino
2 - feminino
2 Idade _________________
3 Nível educacional (Curso)
___________________________________
4 Você diria que entende os conteúdos ministrados na disciplina
de Sociologia?
1 - sempre
2 - nem sempre
3 - raramente
4 - nunca
5 Você gosta da disciplina de Sociologia?
1 - sim
2 - não
6 Você consegue aplicar o que aprende na disciplina de
Sociologia na sua comunidade?
1 - sempre
2 - nem sempre
3 - raramente
4 - nunca
7 Com qual das afirmações você se identifica mais?
1 - A Sociologia é uma disciplina necessária a minha
formação
2 - A Sociologia não é necessária para a minha formação
8 Para você qual a função da disciplina de Sociologia no Ensino
Médio no Brasil? (responder no verso)
9 Você consegue relacionar os conteúdos da disciplina de
Sociologia com outras disciplinas?
1 - sempre
2 - nem sempre
3 - raramente
4 - nunca
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