UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE MATERIAIS Relatório de Estágio Curricular V Período: 10/09/2007 a 21/12/2007 Luiz Gustavo Ecco 0313719-8 “Concordamos com o conteúdo deste relatório” Prof. Ricardo Antonio Francisco Machado, D.Sc. Florianópolis, Dezembro de 2007 Universidade Federal de Santa Catarina Centro Tecnológico Departamento de Engenharia Química e Engenharia de Alimentos Laboratório de Controle de Processos – LCP Campus Universitário -Trindade Caixa Postal: 476 CEP: 88010-970 - Fone: (48) 3721.9554 http://www.lcp.enq.ufsc.br - [email protected] Florianópolis – SC AGRADECIMENTOS Gratificações ao Laboratório de Controle de Processos, representado pelo Professor Ricardo Antonio Francisco Machado, D.Sc. e à sua pessoa, pela oportunidade cedida ao aprendizado do aluno, pela orientação e esclarecimentos durante o período, mas principalmente sinceros agradecimentos, pela chance dada a um aluno de outro departamento. Aos professores Antonio Pedro Novaes de Oliveira, Dr.Ing., Berend Snoijer, Dr.Ing. e Germano Riffel, Dr. Eng pela chance da realização de um estágio acadêmico. Às colegas, Cristiane Nunes Lopes, D.Sc. e Letícia Alves da Costa, M.Sc. pela recepção, confiança e pelas sábias palavras de orientação nos projetos desenvolvidos. Muito foi absorvido durante as conversas com elas. Pelos momentos de descontração. Às pessoas de bem. SUMÁRIO 1. Introdução .................................................................................................................................... 5 2. Comparação Estatística entre Reações de Polimerização do Estireno via Miniemulsão – Ampola versus Reator. .................................................................................................................... 6 2.1 – Revisão Teórica - Polimerização Via Miniemulsão ......................................................... 6 2.2 – Introdução ......................................................................................................................... 7 2.3 – Objetivos........................................................................................................................... 7 2.4 – Materiais e Métodos ......................................................................................................... 7 2.5 – Resultados......................................................................................................................... 9 2.6 – Conclusões ...................................................................................................................... 10 3. Polimerização Via Suspensão Utilizando XPS Reciclado – Aula Prática................................. 10 3.1- Introdução ........................................................................................................................ 10 3.2 – Objetivos......................................................................................................................... 12 3.3 – Materiais e Métodos ....................................................................................................... 12 3.4 – Resultados....................................................................................................................... 15 4. Polimerização via Microsuspensão do Copolímero de Estireno Acrilato de Butila com Incorporação de Negro de Fumo para Fabricação de Toner. ........................................................ 17 4.1 - Introdução – Toner e Polimerização via Microsuspensão .............................................. 17 4.2 – Objetivos......................................................................................................................... 19 4.3 – Métodos de Caracterização do Negro de Fumo.............................................................. 20 4.4 – Materiais e Método Experimental .................................................................................. 21 4.5 – Resultados e Discussões ................................................................................................. 23 4.7 – Conclusões ...................................................................................................................... 30 5. Conclusão .................................................................................................................................. 31 6. Referências Bibliográficas ......................................................................................................... 32 ANEXO A – HISTÓRICO DO LABORATÓRIO DE CONTROLE DE PROCESSOS ............. 33 ANEXO B – CRONOGRAMA DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS ................................ 35 5 1. Introdução Para que haja a fabricação de qualquer produto polimérico, este, antes de ser um produto, é apenas uma resina plástica a ser processada, conhecida pelo prefixo poli seguido de algum nome. A adição deste prefixo somente é correta após uma etapa química denominada polimerização. Portanto polimerização descreve qualquer reação química no qual moléculas de monômero se unem para formar polímeros. Assim, as atividades descritas neste relatório envolvem a etapa da engenharia que precede o processamento de materiais poliméricos. A etapa das reações de polimerização. Reações via emulsão, suspensão, solução, miniemulsão ou em massa servem como citações para exemplificar esta etapa. Em especial as atividades citadas abordam trabalhos realizados utilizando o processo de miniemulsão, e suspensão. As primeiras citações falam sobre a reação de miniemulsão, onde os trabalhos realizados Laboratório de Controle de Processos, Departamento de Engenharia Química – UFSC, tiveram início. Será abordada a influência das variáveis do processo no produto final, visto que esta reação de polimerização trata-se de uma tecnologia nova, adequando-se no conceito de nanotecnologia. Segue, uma citação sobre a reciclagem do XPS utilizando a reação de polimerização via suspensão. Por fim o trabalho que envolve a incorporação de negro-de-fumo no copolímero de estireno acrilato de butila, polimerizado via suspensão, para fabricação de toner. Este trabalho recebeu dedicação total e integral a partir de certo momento do estágio, pois será defendido pelo aluno como trabalho de conclusão de curso. 6 2. Comparação Estatística entre Reações de Polimerização do Estireno via Miniemulsão – Ampola versus Reator. 2.1 – Revisão Teórica - Polimerização Via Miniemulsão Miniemulsões são classicamente definidas como dispersões aquosas de gotículas de monômero, relativamente estáveis, dentro de uma faixa de tamanhos de 50 a 500 nm. São preparadas através de um sistema contendo a fase orgânica, água, um surfactante e um coestabilizador. Para criar uma emulsão estável de gotas com tamanhos submicrométricos, as mesmas devem ser estabilizadas minimizando a degradação de Ostwald, por processos difusionais, e contra a coalescência, por colisões. A estabilização, a qual retarda a coalescência das gotas é efetuada pela adição de um surfactante apropriado. Havendo a formação de uma miniemulsão, a degradação difusional (degradação de Ostwald) é minimizada através da adição de uma pequena quantidade de um agente co-estabilizador, que normalmente é altamente solúvel no monômero e insolúvel na água (agente hidrófobo). Se a fração de gotas pequenas não for estabilizada, evitando a degradação de Ostwald, as mesmas irão desaparecer provocando o aumento do tamanho médio das gotas, já que devido à contribuição da energia superficial, o potencial químico do monômero nas gotas pequenas é maior do que nas gotas grandes e, consequentemente, o monômero difunde das gotas pequenas para as maiores. A idéia da polimerização em miniemulsão é iniciar a polimerização em cada uma das gotas pequenas e estáveis, isso significa que, a polimerização ocorre em pequenas nano gotas, sendo que os fatores chaves da formulação da miniemulsão são: o tipo de homogeneização utilizada no processo de dispersão e a adição do co-estabilizador. O processo da polimerização via miniemulsão está esquematizado na Figura 1. Figura 1-Polimerização via Miniemulsão (LANDSFELTER, et al. 1999). 7 2.2 – Introdução Diversas são as variáveis que afetam as propriedades finais dos produtos das reações de polimerização. Desde as de maior interferência, como quantidade de iniciador ou surfactante adicionada ao sistema, até as de menor percepção, como por exemplo, o volume e/ou tipo do reator onde se passa a reação. Vamos supor a mesma formulação nas devidas proporções para duas reações de polimerização, uma realizada em escala laboratorial e outra industrial, não basta simplesmente multiplicar pelas proporções todas as variáveis da reação, ainda assim haverá diferenças no produto final das duas reações. Assumindo isto, uma comparação estatística entre a polimerização via miniemulsão feita em ampolas de 5 mL e em reatores de 200 mL, com as formulações em suas devidas proporções, foi realizada com o intuito de avaliar a significância das diferenças entre as duas situações. 2.3 – Objetivos Avaliar as propriedades de conversão do monômero e tamanho médio das partículas do polímero produzido por polimerização via miniemulsão de modo a verificar se existem diferenças significativas entre os resultados obtidos. Isto, quando o sistema é submetido a uma ampliação de escala, variando a geometria e o volume do reator, agitação, necessidade de purga com N2 e outros fatores relevantes do processo. 2.4 – Materiais e Métodos As duas fases da miniemulsão foram preparadas em paralelo. A orgânica, contendo um co-estabilizador mais monômero de estireno, e a aquosa, contendo água destilada mais um surfactante, foram homogeneizadas com agitação magnética. Após, a mistura entre as duas fases se deu seguido da principal etapa de uma reação de polimerização via miniemulsão, a dispersão ou quebra das gotas de monômeros por ondas de freqüência ultrassônica. A partir deste ponto a comparação tem suas diferenças, conforme demonstra o esquema da Figura 2. 8 Preparação da Fase Orgânica. Preparação da Fase Aquosa Mistura das Fases Orgânica e Aquosa Dispersão por Ultrasom Ampola 5mL Reação de Polimerização Via Miniemulsão: Reator 200mL Figura 2-Esquema da Preparação das Reações em Ampola e Reator. As duas unidades experimentais compreendem ampolas de 1,5 cm de diâmetro e 13,0 cm de altura, sem agitação imersas em banho termostático regulado para operar a 70º C, conforme esquema mostrado na Figura 3(a) e um reator tipo tanque agitado, conforme Figura 3(b), mantido a velocidade de 250 rpm, com capacidade para 200 mL, encamisado e mantido a temperatura de 70º C. Figura 3-Unidades Experimentais: (a) Ampolas 5 mL e (b) Reator 200 mL. Seguinte à polimerização as amostras tiveram seu tamanho de partícula caracterizado em um equipamento da marca Malvern Instruments, modelo ZEN 1600, o qual mede através de espalhamento dinâmico de luz o tamanho das partículas numa escala de 0,02 nm até 6000 nm. Por análise gravimétrica as duas reações tiveram sua eficiência medida. Os dados obtidos nas diferentes unidades experimentais utilizadas no processo de polimerização foram submetidos a testes de hipóteses (teste t), a fim de verificar se estamos 9 diante de uma diferença real (significativa) ou de uma diferença devida simplesmente à flutuação aleatória inerente ao processo. Para cada reação foram realizadas seis repetições. Sendo que cada propriedade de cada situação, ficou com três repetições. 2.5 – Resultados Os dados obtidos para conversão do monômero e tamanho médio das partículas ao longo das reações realizadas nas diferentes unidades experimentais são demonstrados nas Figuras 4 e 5. Figura 4 – (a) Curva de Conversão. (b) Tamanho de Partícula. Reação em Ampola 5 mL.. Figura 5 – (a) Curva de Conversão. (b) Tamanho de Partícula. Reação em Reator de 200 mL. Adotou-se o nível de significância 0,1. Isto significa dizer que assumiu-se a hipótese de um erro na conclusão de 10%. Em cada parâmetro o número total de amostras avaliado foi de 6, 10 resultando em 4 graus de liberdade. A média da conversão, ou o quanto de monômero foi transformado em polímero, obtida para as reações realizadas em ampola foi de 92,22% com desvio padrão de 2,65 enquanto que para o reator a mesma foi de 83,63% com desvio padrão de 3,20. O tamanho médio final das partículas para as reações obtidas em ampolas foi de 107 nm com desvio padrão de 0,47 e em reator foi de 104 nm com desvio padrão de 5,65. A Hipótese Nula (H0) da análise de teste t, diz que as médias para as propriedades são iguais, a Hipótese Alternativa (H1) diz que as médias não são iguais. Assim para os dados obtidos demonstraram que a Hipótese nula (H0) pôde ser aceita para o tamanho médio das partículas obtidas em diferentes Unidades Experimentais, pois para haver rejeição da Hipótese, t0 > t0,05;4, o que neste caso não mostrou ser verdadeiro, pois t0 = 0,996 < t0,05;4 = 2,132. Tratando-se da conversão do monômero, a Hipótese Nula não pode ser aceita, pois t0 = 3,57 > t0,05;4 = 2,132, concluindo que as amostras são diferentes 2.6 – Conclusões Os resultados obtidos demonstraram que é possível verificar a significância da diferença das propriedades do látex polimérico, através de testes de hipóteses (teste t), quando o sistema de polimerização é submetido a uma ampliação de escala. Verificou-se que as amostras diferem estatisticamente quando se trata da conversão do monômero, entretanto, são estatisticamente iguais quando analisado o tamanho médio das partículas finais obtidas. 3. Polimerização Via Suspensão Utilizando XPS Reciclado – Aula Prática 3.1- Introdução A reciclagem química pode ser definida como qualquer operação que promove a quebra das cadeias de polímeros para obtenção de seu monômero. Ou seja, quando o intuito for obter o monômero como principal produto, não importa se por métodos térmicos, químicos ou ambos, o processo será chamado de Reciclagem Química. O poliestireno pode passar por um processo de extrusão e durante este, receber tratamento de gases expansores. Este pequeno processo descreve a obtenção do Poliestireno Expandido 11 Extrusado (XPS). O qual pode assumir diversos perfis, e suas principais aplicações são como forros de isolamento térmico e bandeja de alimentos. Após o processo de expansão o produto final assume um elevado volume e baixo peso, sendo um problema ao tratar este como resíduo sólido. As descrições seguintes detalham uma única reação de polimerização via suspensão, na qual a reciclagem do XPS foi realizada, feita para uma turma da pós-graduação PGMAT, onde todo o procedimento experimental foi conduzido pelo estagiário. O processo de polimerização em suspensão aceita o conceito de reciclagem, quando, por exemplo, o monômero é solvente de seu polímero, sendo que o material descartado seja novamente introduzido em seu ciclo de vida. No caso desta aula prática, onde se utilizou XPS, este é considerado um polímero de adição, e a conversão do sistema parte do percentual de polímero reciclado. Após a polimerização, as partículas de poliestireno terão as propriedades de massa molar, monômero residual e distribuição do tamanho de partícula (DTP) avaliadas. Para conhecimento esses dados obtidos serão confrontados com outros já existentes de uma reação de polimerização via suspensão do poliestireno sem a reciclagem do XPS, ou seja a fase orgânica contendo apenas monômero de estireno. Figura 6- Esquema do Quebramento das Gotas. (a) Na região de Elevado Cisalhamento. (b) na Região do Impelidor. As Figuras 6(a) e 6(b) representam o que acontece dentro da suspensão no momento em que a agitação age. Duas regiões distintas determinam o tamanho médio das gotas. A primeira, próximo ao impelidor onde ocorrerá o quebramento das gotas, e a segunda na região de choque do impelidor com as gotas de monômeros. Caso a suspensão não esteja bem estabilizada ocorre, via difusão de massa, o processo de coalescência das gotas, conforme mostrado na Figura 7. 12 Figura 7- Esquema do Mecanismo de Coalescência das Gotas. Portando, no que diz respeito aos agentes de suspensão utilizados, estes agem estabilizando as gotas de monômero evitando a aglomeração, que pode levar a perda da suspensão. 3.2 – Objetivos Conduzir a polimerização em suspensão do estireno, com adição de poliestireno expandido extrusado, XPS, em substituição ao monômero, como método de reciclagem deste material, de maneira a observar os estágios da reação. Após a formação das partículas, obter as propriedades de massa molar, quantidade de monômero residual e distribuição do tamanho de partícula. 3.3 – Materiais e Métodos 3.3.1 –Reagentes A polimerização em suspensão do estireno, com adição de 10% de poliestireno, foi conduzida utilizando os reagentes apresentados na Tabela 1. Tabela 1-Reagentes e Quantidades Utilizadas na Reação de Reciclagem do XPS Reagentes Estireno Poliestireno Extrusado (XPS) Água Destilada Agente de Suspensão (PVP) Iniciador (BPO) Quantidade Utilizada 189,00ml 20,160g (10%) 490,00ml 14,70ml 6,100g 13 É interessante destacar que a quantidade de XPS mencionada, 10%, é calculada em relação à quantidade total de monômero usado, pois o material reciclado entra em substituição ao monômero. Assim a quantidade de estireno utilizada, com densidade de 0,960g/cm³, corresponde a 90% da fase orgânica. Detalhando as siglas acima, BPO designa o iniciador Peróxido de di-Benzoíla, XPS é o polímero a ser reciclado, do inglês, Extruded Polystyrene, sendo uma espuma de poliestireno, que durante a extrusão recebe gases expansores, e PVP ou polivinilpirrolidona é um polímero hidrossolúvel usado com agente estabilizante das gotas de monômeros. 3.3.2 – Unidade Experimental A unidade experimental utilizada neste estudo encontra-se alocada no Laboratório de Controle de Processos - LCP, no Departamento de Engenharia Química e de Alimentos da Universidade Federal de Santa Catarina, sendo esta constituída de um reator piloto do tipo batelada encamisado e agitado, construído em vidro de borosilicato (FGG Equipamentos Científicos) desprovido de chicanas internas, com volume interno de um litro, diâmetro de 100 mm e bocais de alimentação e inspeção; um inversor de freqüência (marca line-WEG) conectado à alimentação de um motor trifásico de 0,25 cv (marca Eberle), que possibilita o controle da agitação de 0 a 4.000 rpm; um agitador com impelidor tipo hélice tripla; um tacômetro digital da marca TaKoTron modelo TD2004-C com sensor ótico; um banho termocriostático, um termopar do tipo J (marca Ecil), com compensação eletrônica, conectado à um amplificador de sinal e a um conversor com display digital; um reservatório de nitrogênio gasoso. A temperatura do meio reacional é controlada pelo banho termocriostático, que possui um controlador tipo proporcional-integral-derivativo (PID), existente no próprio equipamento. A freqüência de agitação é mantida pelo inversor de freqüência no valor especificado com uma precisão de +/- 5 rpm. A distância entre o impelidor do agitador e o fundo e a lateral do reator é de 20 mm e sua haste possui inclinação de 20o em relação à vertical. Nitrogênio gasoso é alimentado por um dos bocais de alimentação e controlado por meio de uma válvula manual; com a finalidade de evitar que o nitrogênio injetado no meio reacional arraste consigo vapores do monômero, utiliza-se um condensador conectado a um dos bocais do reator. Na Figura 8 pode-se observar um esquema simplificado da unidade experimental utilizada neste trabalho. 14 Figura 8 - Reator piloto utilizado na reciclagem do XPS. A Figura 9 mostra o reator piloto utilizado neste trabalho com maiores detalhes, sendo possível observar que o agitador foi instalado de forma inclinada, com inclinação de aproximadamente 20, com a finalidade de ampliar a turbulência de agitação e diminuir o efeito do vórtice (Mc CABE et al., 1993). Figura 9 - Reator Piloto. Inclinação de 20˚ da haste do agitador. 3.3.3 – Procedimentos Experimentais O meio contínuo, composto pela água destilada, é alimentado no reator e aquecido até 70ºC. A essa temperatura é adicionado na água o agente de suspensão, no caso o PVP, e posteriormente a fase orgânica contendo iniciador é adicionada na fase contínua. Na temperatura de 90ºC o iniciador passa a agir e a reação de polimerização tem seu inicio. O tempo de reação calculado para a quantidade de iniciador usada foi de duas horas, sendo que em intervalos de 15 15 em 15 minutos retirou-se uma amostra da reação para acompanhamento do processo de formação das partículas. Para a determinação da distribuição do tamanho de partícula (DTP) do polímero produzido foi utilizado um conjunto de peneiras da série Tyler (progressão geométrica de razão 2 ), com doze peças. As frações retidas em cada peneira foram pesadas para a determinação da distribuição granulométrica. Para a condução das análises de massa molar, foi utilizado um viscosímetro capilar Ubbelohde. As medidas foram realizadas com o viscosímetro imerso em um banho termostático, a temperatura de 30 ± 0,1°C. Para a realização da análise de conversão ou eficiência da reação, pesou-se placas de Petri de vidro previamente limpas e secas, nas quais foram dispostas as amostras. Após, dissolve-se, 1,5g do produto em uma solução composta por 10mL de Tolueno p.a. acrescida de 0,01g do inibidor p-benzoquinona 99%. Após a dissolução, as placas são dispostas em estufa à vácuo da marca Marconi, modelo MA030, onde permaneceram à 100oC durante 24h. O resultado da conversão final de monômero foi determinado a partir da diferença entre os pesos iniciais e finais das amostras. 3.4 – Resultados Nos itens 3.4.1 a 3.4.3 são apresentados os resultados obtidos para a distribuição de tamanho de partícula, massa molar e conversão de monômero para a reação realizada. 3.4.1 – Distribuição do Tamanho de Partículas Fração mássica (%) Na Figura 10 é apresentado um histograma da DTP do polímero produzido. 40 35 30 25 20 15 10 5 0 o nd Fu 4 04 0, 4 07 0, 6 10 0, 7 14 0, 2 21 0, 5 29 0, 5 49 0, 1 70 0, 1 99 0, 8 16 1, 1 65 1, 2 36 2, Diâmetro médio da peneira (mm) Figura 10 - Histograma da Distribuição do Tamanho de Partícula. 16 A faixa considerada ideal à expansão abrange tamanhos entre 400 µm e 2000 µm, representadas no histograma pelas colunas de cor verde. Analisando a Figura 10, é possível observar que a adição de 10% de XPS resultou no deslocamento da DTP para região de maiores diâmetros, sendo que estes encontram-se dentro da faixa de interesse para a produção de poliestireno expansível. As colunas de cor vermelha representam diâmetros fora da faixa ideal para expansão do EPS. 3.4.2 – Massa molar Uma das características mais importante de um polímero é a sua massa molar. Para conhecimento o XPS apresenta massa molar na ordem de 300.000 Daltons contra 180.000 Daltons para o EPS. O valor para a massa média ponderal para a reação realizada com 10% de XPS encontrado foi de 35.725 Daltons. É interessante observar que o polímero formado apresentou uma massa molar média ponderal (Mw) inferior a apresentada pelo EPS convencional (180.000 Daltons). Sabe-se que polímeros com baixa massa molar são obtidos de reações com elevada quantidade de iniciador, comportamento este que está de acordo com a quantidade de iniciador (Tabela 1) utilizada na reação em questão. 3.4.3 – Análise de Conversão Monômero A partir dos resultados obtidos por gravimetria foi possível observar para a reação em questão que a conversão de monômero foi da ordem de 62,56%. 3.5 – Conclusões A partir dos resultados obtidos, foi possível concluir que a utilização da técnica de polimerização em suspensão desponta como uma alternativa viável para reciclagem de XPS. Além disso, é importante salientar que através da manipulação das variáveis de processo, tais como concentração de iniciador, será possível a obtenção de um produto final com massa molar e conversão dentro da faixa de interesse, para aplicação industrial. 17 4. Polimerização via Microsuspensão do Copolímero de Estireno Acrilato de Butila com Incorporação de Negro de Fumo para Fabricação de Toner. 4.1 - Introdução – Toner e Polimerização via Microsuspensão Comumente confundido com todo e qualquer tipo de tinta de impressora, toner descreve uma tinta seca utilizada em máquinas fotocopiadoras e impressoras com funcionamento a laser, ou seja é um pó sólido. Antigamente era simplesmente pó de carbono. Nos dias de hoje o carbono é misturado com um polímero. Detalhando essas informações, o pó de carbono citado trata-se de Negro de Fumo, já o polímero em que este pó é adicionado, é na verdade um copolímero de estireno e acrilato de butila. Atualmente a produção de toners é feita pelo processo de polimerização via emulsão, o qual apresenta vantagens e desvantagens quando comparado a quaisquer outro processo de polimerização. A possibilidade de produção de toner através de polimerização via microsuspensão, abre uma nova linha de pesquisa abordada durante a realização do estágio no Laboratório de Controle de Processos. Resumidamente uma polimerização via suspensão trata-se de uma polimerização em massa dentro de cada gota de monômero. O monômero funciona com solvente do polímero produzido. As gotas de monômeros são convertidas de um estado líquido para um estado de elevada viscosidade até se transformarem em partículas esféricas sólidas. A distribuição de tamanho de partículas geralmente é o resultado da distribuição do tamanho das gotas da dispersão inicial de monômero em água. São produzidas partículas com tamanho na ordem de 20 µm a 2000 µm e a separação das pérolas do meio aquoso é simples, não necessitando de aditivos específicos para isto. O termo pérolas é comumente usado como sinônimo de partículas, nas reações de suspensão. Já polimerização via microsuspensão designa o processo de formação de partículas com tamanhos intermediários entre às produzidas por suspensão e emulsão. A cinética é semelhante ao processo de suspensão, onde cada gotícula age como um micro-reator em massa, porém atingindo conversões próximas as de emulsão. Iniciadores solúveis na fase orgânica e estabilizantes polares, são algumas das coincidências com suspensão clássica. O tamanho final 18 das partículas é o diferencial. Uma distribuição de tamanhos entre 0,1 µm a 10,0 µm é o principal objetivo deste processo. Conforme mencionado anteriormente, o toner é um pó de polímero com adição de Negro de Fumo. Quantificando as dimensões deste pó, para aplicação do produto, um tamanho de partícula próximo a 10,0 µm é aceito. Assim as semelhanças entre as características do toner com, a dos produtos finais de uma polimerização via microsuspesão, acusam este processo como indicado para fabricação de toner, sendo criada uma alternativa ao processo de emulsão. A utilização de Negro de Fumo como aditivo de pigmentação na fabricação toner implica em uma série de diferenças quando comparado com a reação de polimerização do co-polímero branco. Por se tratar de uma carga formada basicamente por carbono e por este, ser facilmente reduzido pelo oxigênio presente no ar, quantidades diferentes de Negro de Fumo afetam diretamente as diversas propriedades de uma polimerização via suspensão, tais como tamanho de final de partículas, conversão de monômero, massa molar, estabilidade térmica, ente outras. Assim, várias reações foram realizadas, e ao fim de cada uma, novas conclusões surgiam para o desenvolvimento das seguintes. Cada reação feita servia como aprendizado para a próxima, o que tornou o desenvolvimento do trabalho interessante, apontando uma evolução dos resultados. De acordo com (Yang, Wang, He, Wei e Jin, 2003), o produto final deve apresentar as propriedades conforme a Tabela 2. Tabela 2 - Principais Propriedades do Toner Tamanho de Partícula DTP estreita em torno de 10 µm Temperatura Transição Vítrea 60 ~ 65 ºC Resistência Elétrica 10,5 ~ 12,0 log(Ω.cm) Como a reação em questão, microsuspensão, é uma particularidade da polimerização via suspensão a qual obtém produtos finais com tamanhos micrométricos, o primeiro objetivo da pesquisa era compreender as variáveis deste tipo de polimerização, para em seguida focar nas principais propriedades do toner. A adição de monômero de acrilato de butila ao monômero de estireno se deve unicamente para a obtenção da temperatura de transição vítrea desejada à aplicação a qual se destina o 19 produto final. Além disso, para a obtenção das propriedades elétricas, controladores de cargas são adicionados. Estes têm como intuito único melhorar a qualidade de impressão do toner, não exercendo influência nas propriedades de polimerização propriamente ditas (HASEGAWA, YANAGIDA, TAMURA, 1999). A Figura 11 ilustra uma única partícula de toner polimerizado via microsuspensão. Figura 11- Imagem de TEM copolímero estireno acrilato de butila com Negro de Fumo. (HASEGAWA, YANAGIDA, TAMURA, 1999). 4.2 – Objetivos O presente trabalho tem como objetivo principal a síntese e caracterização do copolímero de estireno acrilato de butila produzido através do processo de microsuspensão na presença de diferentes percentuais de Negro de Fumo, visando a aplicação do produto final para a produção de toner. 4.2.1 – Objetivos Específicos - Conhecer e entender o processo de microsuspensão, suas variáveis, causas e conseqüências dos procedimentos no produto final; - Caracterizar, através de diversos métodos, o Negro de Fumo utilizado como carga na reação visando obter dados científicos que poderiam ajudar a esclarecer os possíveis mecanismos de reação envolvidos no processo de síntese do toner. - Obter diâmetro de partículas com estreita distribuição de tamanho ao redor de 10 µm; - Obter temperatura de transição vítrea próximas a 60 ºC para o copolímero de estireno acrilato de butila; - Avaliar a qualidade do produto final em uso. 20 4.3 – Métodos de Caracterização do Negro de Fumo Para um maior conhecimento sobre o Negro de Fumo, diversas de análises foram realizadas. Assim o Negro de Fumo utilizado foi caracterizado isoladamente pelas técnicas de microscopia eletrônica de varredura e transmissão, para noções sobre sua morfologia e principalmente sobre o tamanho das partículas. Uma avaliação de raios-X por energia dispersiva forneceu informações sobre a composição química da carga. Uma análise de superfície B.E.T., para conhecimentos sobre a porosidade e área livre do Negro de Fumo finaliza as caracterizações, finalizando as caracterizações uma análise de composição química superficial. Segundo ficha técnica do fornecedor, o Negro de Fumo apresenta tamanho de partícula próximo a 20,0 nm. É de conhecimento a tendência termodinâmica de aglomeramento destas partículas. Tendência esta que vai contra o objetivo do trabalho, o qual exige uma excelente dispersão destas partículas antes da incorporação nos copolímeros. Lembrando que as partículas do toner devem apresentar tamanho médio próximo a 10 µm, isto explica o tamanho reduzido do Negro de Fumo utilizado. 4.3.1 - Microscopia Eletrônica de Varredura e Raios-X por Energia Dispersiva – MEV / EDS Esta técnica permite realizar estudos morfológicos de materiais sólidos. Para esta análise foi utilizado um microscópio eletrônico de varredura (MEV) da marca PHILIPS modelo XL-30 com filamento de tungstênio, acoplado com microsonda de energia dispersiva (EDS). Esta análise foi realizada no Laboratório de Materiais do Centro Tecnológico da Universidade Federal de santa Catarina.Vale destacar que o mesmo microscópio apresenta a capacidade para realizar as duas análises em questão. Para serem analisadas sem a presença de aglomerados as amostras exigiram preparação prévia. Uma quantidade de 0,085 g de Negro de Fumo, anteriormente tratada em estufa com circulação de ar por 5h a 120 ˚C, foi dissolvida em 20 g de álcool isopropílico da marca Vetec Química, com agitação magnética durante 30 minutos. Para quebra do aglomerado das partículas de Negro de Fumo, após agitação magnética foi utilizado um banho dispersor com freqüência de ultrasom, da marca Unique, modelo Ultra Cleaner 750, no qual as amostras ficaram imersas por um período de 30 minutos. 21 4.3.2 – Análise de superfície B.E.T. O procedimento mais usado para determinação da área de materiais sólidos é o método de Brunauer-Emmett-Teller (método BET), o qual é baseado no fenômeno de adsorção de um gás a uma dada pressão relativa P/Po formando uma monocamada de cobertura na superfície do material adsorvente. As amostras foram avaliadas por gás-sorção no equipamento Autosorb-1 da Quantachrome utilizando o nitrogênio com adsorbato Esta análise foi realizada no Departamento de Engenharia Química e Engenharia de Alimentos, da Universidade Federal de Santa Catarina. 4.3.3 – Microscopia Eletrônica de Transmissão – TEM Localizada no Laboratório Central de Microscopia Eletrônica, UFSC, o microscópio eletrônico de transmissão, da marca Jeol Ltd., modelo JEM2100, avalia as amostras justamente através da transmissão de um feixe de elétrons por elas, permitindo o conhecimento, se devidamente preparado, do tamanho de uma única partícula da matéria-prima, sem possíveis aglomerados. É possível ver também como o Negro de Fumo permanecerá no copolímero estireno acrilato de butila, após a reação de polimerização. O modo de preparação aplicado para esta análise foi o mesmo utilizado na análise do MEV. 4.3.4 – Composição Química do Negro de Fumo A composição química superficial do Negro de Fumo foi realizada pelo método de Boehm (BOEHM, 1966), onde 50 ml de solução 0,1N de NaOH, Na2CO3, NaHCO3, foram adicionadas a três erlenmeyers contendo 1 g de Negro de Fumo. Em alíquota de 10 ml de filtrado foi titulada com HCl 0,1N determinando-se a quantidade de base que neutralizam os grupos funcionais presentes no sólido. 4.4 – Materiais e Método Experimental Neste item serão apresentadas as metodologias utilizadas na realização deste estudo, começando com os materiais escolhidos para a reação, passando pela estrutura física utilizada, e finalizando com as informações da preparação do toner. 22 4.4.1 – Reagentes Os reagentes utilizados para esta reação foram: monômero de estireno fornecido pela Innova S/A, com um grau de pureza superior a 99,6%, e monômero de acrilato de butila fornecido gentilmente cedido pelo LCP. Poliestireno cristal fornecido pela empresa Termotécnica Ltda., com peso molecular 175.000 g/mol, Negro de Fumo (Monarch 580) fornecido pela empresa Cabot Corporation S.A. A empresa Oxiteno forneceu o surfactante Spam 80, outro surfactante utilizado foi o Lauril Sulfato de Sódio (C12H25NaO4S), da marca Vetec Química Ltda., como estabilizante utilizou-se o poli (álcool vinílico), 88% hidrolisado e peso molecular de 78,00 g/mol, da marca Polyscince. O meio contínuo utilizado para suspensão foi água destilada. 4.4.2 – Unidade Experimental A unidade experimental utilizada para as reações de polimerização do copolímero de estireno acrilato de butila foi a mesma usada no item 3.3.2. 4.4.3 – Procedimentos Experimentais Foram realizadas cinco diferentes reações de microsuspensão. Cujas condições utilizadas são apresentadas no Tabela 3. Tabela 3 - Condições Experimentais Utilizadas nas Reações Velocidade % Velocidade Dispersã de Negro Dispersão o Dispersão de F.O. Ultrasom da Fumo * Suspensão Proporção Estireno : Acrilato de Butila Concentraç ão de Iniciadores (gMol/L) Temperatu ra de Reação (ºC) R-1 Reação Branco. 1250 rpm 30 minutos 750 rpm 5:1 0,026 90 R-2 5% 1250 rpm Não houve 1250 rpm 5:1 0,026 90 R-3 10% 1250 rpm Não houve 750 rpm 5:1 0,026 90 Não houve 1250 rpm 5:1 0,026 90 Reação 750 rpm Branco * Em relação à massa de monômero R-4 A obtenção do copolímero de estireno acrilato de butila consistiu inicialmente na dispersão da fase orgânica por meio de agitação mecânica, utilizando 1250 rotações por minuto, para todas as reações. Dissolução do poliestireno em seu monômero, seguido da adição do 23 monômero de acrilato de butila os quais foram agitados durante 120 minutos nesta velocidade. Apenas para a reação R-1 a fase orgânica foi levada a um banho dispersor com freqüência de ultrasom, para dispersão final, durante 30 minutos. Para as reações R-2 e R-3 o Negro de Fumo era o último reagente a ser adicionado à fase orgânica. O agente de suspensão, PVA, foi adicionado na fase contínua e esta diretamente no reator, a qual foi submetida a uma agitação de 300 rpm, apenas para homogeneização. Na Tabela 4 apresenta a formulação utilizada nos experimentos. Tabela 4 -Formulação Utilizada nas Reações Fase Organica Fase Aquosa Spam 80 (g) 2,122 H2O Destilada (ml) 603,500 Negro de fumo(g) ** SLS(g) 3,017 Monômero Estireno (ml) 88,110 PVA (g) 0,604 Poliestireno (g) 0,805 Monômero Acrilato de Butila (ml) Iniciadores 18,000 1,500 ** Os percentuais de Negro de Fumo estão na Tabela 3 4.4.4 – Caracterização do Toner Por fim, os produtos finais das reações foram caracterizados com relação conversão final de monômero, distribuição do tamanho de partícula. Para a realização da análise de conversão de monômero o procedimento foi o mesmo utilizado no item 3.3.3. Com relação à distribuição do tamanho de partícula, o procedimento adotado constava de, agitação magnética da solução contendo 20 g de álcool isopropílico grau de pureza p.a. da marca Vetec Química, mais 1 g da amostra a ser avaliada durante 15 minutos. As imagens foram levadas ao microscópio óptico da marca Bioval, modelo L2000C. Para avaliação do tamanho das partículas fez-se necessário o uso do software SizeMeter 1.1. 4.5 – Resultados e Discussões Nesta secção serão abordados os resultados das caracterizações do Negro de Fumo e os resultados que caracterizam o produto final, após a polimerização. 24 4.5.1 – Resultados das Caracterizações Microscopia Eletrônica de Varredura e Raios-X por Energia Dispersiva – MEV / EDS A Figura 12 mostra a imagem obtida por MEV para ao Negro de Fumo usado com carga na reação de polimerização em suspensão do copolímero estireno acrilato de butila com ampliação de 1000 vezes. Figura 12 - Micrografia eletrônica do Negro de Fumo. Ampliação 1000x Analisando a Figura 12, é possível observar que as partículas de Negro de Fumo encontram-se aglomeradas, comportamento este que pode ser atribuído ao fato deste material apresentar uma área de superfície especifica elevada. A seguir na Figura 13 é apresentado o resultado da análise de EDS, onde o pico maior indicou a presença do elemento químico carbono. Figura 13 - Espectro da composição química obtido por análise EDS Ressalta-se ainda que os elementos químicos presentes não respondem em iguais proporções pelo conjunto inteiro, tendo em vista que a técnica de EDS é uma análise pontual. 25 Entretanto tem-se uma boa aproximação da composição da amostras através da utilização desta técnica de caracterização. Além disso, pode-se verificar a presença de um pico de menor intensidade, indicando a presença de oxigênio, proveniente da presença de grupos funcionais oxigenados, do tipo ácido carboxílico, fenol, enol e carbonila, cujas concentrações estão demonstradas na Tabela 5. Tabela 5 - Concentração de grupos funcionais presentes na superfícies do Negro de Fumo, determinada através do método de Boehm. Grupos Funcionais Concentração de Grupos Funcionais Fenol, Enol e Carbonila 7,45 meq/100g Ácidos Carboxílicos 784,31 meq/100g Deve-se ressaltar que a presença destes grupos funcionais pode afetar a cinética da reação, uma vez que estes exercem um efeito pronunciado nas propriedades superficiais, pois, constituem sítios ativos que aumentam a reatividade do material. Análise de superfície B.E.T. Com o intuito de avaliar as características texturais do material, tais como, área superficial especifica uma isoterma de adsorção e dessorção de N2 a 72K do Negro de Fumo foi determinada, sendo esta apresentada a seguir na Figura 14. Figura 14- Isoterma de Adsorção e Dessorção de N2 a 72K do Negro de Fumo 26 Como pode ser observado na Figura 14, o Negro de Fumo utilizado como carga na reação apresenta, segundo a classificação da IUPAC, uma isoterma do tipo II, típica de superfícies pouco porosas. Além disso, é possível verificar através da isoterma a ausência de histerese entre a curva de adsorção e dessorção, indicando que o sólido não apresenta superfície mesoporosa, sendo também verificado a ausência de microporos. Para área superficial específica o valor encontrado foi de aproximadamente 128 m²/g, sendo esta igual a área de superfície externa. Microscopia Eletrônica de Transmissão – TEM Na figura 15(a) e 15(b) são apresentados as micrografias obtidas por MET para o Negro de Fumo utilizado como carga na reação de polimerização do copolímero estireno acrilato de butila, usando aumentos de 10.000 e 50.000 vezes, respectivamente. Figura 15 – Micrografia obtida pelo MET de Negro de Fumo. (a) aglomerado ampliação 10000x. (b) Partícula isolada ampliação 50000x Analisando-se a Figura 15(a), é possível observar a presença de pequenos aglomerados de Negro de Fumo, comportamento este esperado e anteriormente constatado pelas micrografias do MEV. Entretanto, utilizando-se uma potência de 150 MeV foi possível identificar uma única partícula de Negro de Fumo, Figura 15(b), a qual tem um tamanho aproximado de 20,0 nm. Apenas para garantir a visualização, o tamanho da escala da Figura 5 é de 0,20 µm já na Figura 6 a escala é de 20 nm. 27 4.5.2 – Resultados da Polimerização Na Tabela 6 são apresentados os dados da conversão final de monômero para as reações R-1, R-2, R-3 e R-4. Tabela 6 – Conversão final de monômero para as reações R-1, R-2, R-3 e R-4 Reação Conversão (%) R-1 98,20 R-2 96,93 R-3 95,93 R-4 99,11 Como pode ser observado na Tabela 6 a conversão final de monômero para as reações com 5% e 10% de Negro de Fumo não apresentaram variações significativas em seu valor, quando a carga foi incorporada ao polímero. Este comportamento também foi constatado para as reações R-1 e R-4, com 0% de Negro de Fumo. Entretanto, comparando as reações onde não houve adição de Negro de Fumo (R-1 e R-4) com as reações R-2 e R-3, com 5% e 10% de carga, respectivamente, pode-se verificar que a adição de Negro de Fumo ao copolímero resultou em um pequeno decréscimo da taxa de reação. Studebaker (1957) observou durante testes realizado som peróxido de em tolueno na presença de Negro de Fumo que a taxa de adsorção do peróxido era modificada a medida que a área superficial do Negro de Fumo aumentava. Portanto, como o Negro de Fumo incorporado ao copolímero apresenta uma elevada área de superfície específica 128 m²/g, maior será a área disponível para que os radicais livres provenientes da decomposição do iniciador possam adsorver, o que resultaria em uma maior consumo de radicais livres, e consequentemente na redução da taxa de reação. 28 Nas Figuras 16(a) e 16(b) são apresentados as micrografias das partículas do copolímero, produto da reação R-1, obtidas pelo MEV, utilizando-se aumento de 50 e 200 vezes, respectivamente. Figura 16 – Micrografia das partículas do copolímero estireno acrilato de butila. R-1. (a) Ampliação 50x e (b) Ampliação 200x. Nestas micrografias a suspensão ficou instável, sendo possível verificar irregularidades no formato das partículas as quais apresentam em sua grande maioria formato elíptico. Este tipo de comportamento pode ser estar associado ao aumento excessivo da viscosidade da fase dispersa, ou ainda as condições de agitação e estabilização da polimerização. Na Figura 17 é apresentado uma micrografia obtida pelo microscópio óptico da reação R-1. Figura 17 - Micrografia das partículas do copolímero de estireno acrilato de butila, R-1. Microscópio óptico, aumento de 50x. Nesta, é visível também, algumas partículas com formato elíptico, além de diferença entre o tamanho das partículas. Na Figura 18, é apresentado a distribuição de tamanho de partícula 29 obtidas a partir de análises de imagens obtida pelo MEV e pelo microscópio óptico, para a reação R-1. Figura 18 - Comparativo da DTP R-1. MEV e M.O. Observou-se através das análises de imagem obtida pelo MEV que as partículas de menor diâmetro têm em média 12 µm, enquanto que as maiores apresentaram um tamanho médio de aproximadamente 80 µm. Na análise das imagens do microscópio óptico, observou-se que os valores obtidos ficaram próximos a 84 µm. A diferença observada nos dois casos deve-se ao fato das análises realizadas apresentarem diferentes precisões em termos de imagem. Além disso, pode-se constar que para a reação R-1, na qual a dispersão da fase orgânica foi realizada com banho ultrasom, a maior fração de partículas apresentou um diâmetro e 90 µm utilizando a imagem proveniente do microscópio óptico. A Figura 19 apresenta a distribuição do tamanho de partícula, obtidas através das análises realizadas por microscopia óptica para as reações R-1, R-2 e R-3. Figura 19 - Comparativo DTP das reações R-2, R-3 e R-4. 30 Foi possível verificar que o diâmetro médio obtido foi de aproximadamente 165 µm, sendo este superior ao determinado pela reação R-1, onde utilizou-se o banho de ultrasom. É possível observar através da Figura 19 que a adição de Negro de Fumo ao copolímero resulta no deslocamento da DTP para região de maiores diâmetros. Este comportamento pode ser explicado pelo fato do aumento da concentração de Negro de Fumo no meio reacional causar o acréscimo no tempo de duração dos estágios da reação que são fundamentais para formação das partículas de polímero, tendo grande influência no tempo que a reação terá para passar de 20 a 60% de conversão – o chamado estágio viscoso – onde a taxa de coalescência das partículas é critica, podendo afetar diretamente a DTP final. 4.7 – Conclusões Os resultados obtidos neste primeiro momento mostram que a adição de Negro de Fumo ao copolímero de estireno acrilato de butila afetou a conversão de monômero, assim como a DTP final. Observou-se também a partir das condições testadas que a utilização do banho de ultrasom possibilitou uma melhor dispersão da fase orgânica, o que poderá auxiliar na obtenção de diâmetros na faixa de interesse para aplicação a qual o material se destina. As informações obtidas através dos testes preliminares mostraram a necessidade de ajuste dos parâmetros da reação tais como freqüência de agitação, concentração de surfactante, concentração de estabilizante, tempo de dispersão no ultrasom, para que seja possível a obtenção de partículas do copolímero dentro da faixa de tamanho de interesse para a produção de partículas de toner. Com as amostras restantes de cada reação, uma análise de DSC é primordial, para conhecimento sobre a temperatura de transição vítrea do copolímero e a interferência de diversas quantidades de negro-de-fumo nela. Encontrar um fabricante ou distribuidor comercial de toner, solicitar amostragem para possíveis caracterizações é uma sugestão interessante ao desenvolvimento do projeto. 31 5. Conclusão Dentre os estágios curriculares praticados até o momento, este, realizado no Laboratório de Controle de Processos, vem a ser a primeira oportunidade de estágio acadêmico. As diferenças existem e certamente vantagens e desvantagens vêm a tona quando compara-se os dois tipos de estágio, acadêmico e em empresa. Focar os estudos em um único projeto é uma das diferenças, contudo, em um projeto de mestrado isto também é feito. Assim um estágio acadêmico esclarece como são os procedimentos, ou o andar de uma especialização acadêmica. A falta de bagagem teórica do aluno pelos assuntos abordados nas linhas de pesquisa do LCP justificava a apreensão sentida nos primeiros momentos no laboratório, antes mesmo do inicio do contrato de estágio. Mas eram justamente essas linhas de pesquisa que chamaram atenção e fizeram com que o estágio viesse a se concretizar. Assim, com o passar do tempo, a interação com os processos e projetos foram ficando mais claras, e as idéias e sugestões começaram a surgir. Com relação ao projeto de obtenção do toner utilizando o processo de polimerização em suspensão foi possível observar que alguns parâmetros do processo de síntese do material, ainda necessitam ser ajustados para que o tamanho de partículas situe-se em uma faixa de tamanho desejada. É válido dizer que o estágio no LCP proporcionou ao aluno um maior contato com pesquisas em nível acadêmico. Fato este considerado de grande valia, pois possibilitou conhecer todas as etapas envolvidas no desenvolvimento de um determinado produto, antes que este chegue ao consumidor. 32 6. Referências Bibliográficas JUN YANG, TING-JIE WANG, HONG HE, FEI WEI, YONG JIN, “Particle Size Distribution and Morphology of in situ Suspension Polymerized Toner”, American Chemical Society, p. 5568 – 5575, 2003. MACHADO F., LIMA E. L. LIMA, PINTO J. C., Uma Revisão Sobre os Processos de Polimerização em Suspensão, Polímeros: Ciência e Tecnologia, vol. 17, n˚2, p. 166 – 179., 2007. MACHADO R. A. F. SANTOS T. R., ARIOLI R., BOLZAN A., “Polimerização em Semi-Suspensão do Estireno: Controle da Distribuição do Tamanho das Partículas”, VI Congresso Brasileiro de Engenharia Química em Iniciação Científica, 2005. MACHADO R. A. F., SCHLICHTING R., NOGUEIRA A. L., Polímeros e Reações de Polimerização, 2002. Boehm, H.P. – In Advances in Catalysis, Vol. 1b, Academic Press, New York, 1966. McCabe, W.L., Smith, J.C., Harriot, P. – Unit Operations of Chemical Engineering. 5th ed., New York, Mc Graw Hill, 1993. Studebaker, M.L. – The Chemistry of Carbon Black and reinforcement Rubber Chemistry and Techology, Vol. 30, p. 1400 – 1483, 1957. 33 ANEXO A – HISTÓRICO DO LABORATÓRIO DE CONTROLE DE PROCESSOS Em 1987 dá-se início das atividades do LCP por iniciativa do professor Ariovaldo Bolzan em função dos seus trabalhos de doutoramento junto ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Química – PEQ da coordenação dos Programas de Pós-Graduação em Engenharia – COPPE, da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ. Nove anos depois, O professor Ricardo Antonio Francisco Machado, doutorando do Programa de Engenharia Química da COPPE/UFRJ, ingressou na UFSC como professor do quadro permanente do EQA, passando a atuar como supervisor do LCP desde então. No ano seguinte, 1997, o professor Nestor Roqueiro solicitou transferência do Departamento de Engenharia Química da Escola de Química da UFRJ para o EQA, integrando o grupo de professores do LCP. Em 2001 o professor Marintho Bastos Quadri, já integrante do quadro permanente do EQA, associa o Laboratório de Sistemas Porosos – LASIPO/EQA, do qual é responsável, ao LCP. Um ano após, O professor Nestor Roqueiro transferiu-se para o Departamento de Automação e Sistemas – DAS/UFSC, onde desenvolve suas atividades de docência. Porém, ainda mantém laços com o LCP em diversos projetos e orientações. Em 2003, ocorre o ingresso do professor Pedro Henrique Hermes de Araújo no EQA como professor do quadro permanente. Inicia suas atividades no LCP, na área de polimerização. E finalmente no ano de 2004, Claudia Sayer, ex-professora da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo – USP, ingressa no EQA como professora do quadro permanente e no LCP como uma das pesquisadoras atuantes na área de polimerização. Ainda neste ano, a professora Mara Gabriela Novy Quadri, já integrante do quadro permanente do EQA, associa o Laboratório de Pesquisas em Alimentos – LPA/EQA, do qual é responsável, ao LCP. Nos dias atuais, O LCP dispõe de recursos tecnológicos computacionais avançados, equipamentos para análises físico-químicas e várias plantas piloto para desenvolvimento e testes de estratégias de controle e também de processos e produtos. Buscando uma melhor estruturação de suas atividades, foram estabelecidas cinco divisões de trabalho no grupo de pesquisa, que seguem listadas abaixo, juntamente com alguns de seus principais equipamentos: 34 1. Divisão química e de processos de polimerização, que dispõe de uma estrutura completa para análise em bancada, além de equipamentos específicos para caracterização de polímeros; 2. Divisão de processos piloto e de produtos acabados, que dispõe dos principais processos e equipamentos de uma planta de processos químicos, todos operando com sistemas de supervisão e controle; 3. Divisão de engenharia de software, tratamento de sinais, aquisição de dados, controle e otimização, possuindo suporte computacional avançado e software comerciais de simulação de processos e supervisão de plantas; 4. Divisão de soluções e produtos para a indústria de petróleo e gás natural, dispondo de uma estrutura para a análise em interface água-óleo e destilação; 5. Divisão de processos de extração e fracionamento em meio supercrítico, contendo uma planta completa para extração de óleos essenciais. 35 ANEXO B – CRONOGRAMA DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS Estágio Curricular V - Engenharia de Materiais - UFSC Laboratório de Controle de Processos - LCP Aluno: Luiz Gustavo Ecco 1 Reações via Miniemulsão Polimerização Poliestireno Via Suspensão Análise no MEV - Amostras Negro de Fumo Análise B.E.T. Negro de Fumo Análise no MET - Amostras Negro de Fumo Copolimerização via Microsuspensão - Tonner Reciclagem do XPS via Suspensão - Aula Prática Incorporação de Grafite no PS - Projeto Termotécnica Setembro 2 3 4 5 Outubro 6 7 Orientador: Prof. Ricardo Machado 8 9 Novembro 10 11 12 13 Dezembro 14 15 16