Cientistas do Exército lutam para desenvolver vacina contra ebola

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Cientistas do Exército lutam para desenvolver vacina contra
ebola
Ainda não estão disponíveis vacinas ou remédios para proteger a população do vírus Ebola, mas duas
vacinas em potencial estão sendo testadas em humanos, e cientistas do Instituto de Pesquisas do Exército
dos EUA para Doenças Infecciosas estão em um ponto
Serviço de Notícias do Exército
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3 novembro 2014
Esta é uma eletromicrografia do vírus Ebola da superfície de uma célula epitelial do rim de um macaco africano. Foto:
Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas.
WASHINGTON, D.C., EUA – Ainda não estão disponíveis vacinas ou remédios para proteger a população
do vírus Ebola, mas duas vacinas e potencial estão sendo testadas em humanos, e cientistas do Instituto
de Pesquisa do Exército dos EUA para Doenças Infecciosas estão em um ponto crítico de seu
desenvolvimento.
Durante uma entrevista na semana passada, cientistas do Instituto de Pesquisas Médicas do Exército dos
EUA (USAMRIID) descreveram sua vacina e pesquisa para o desenvolvimento, processamento e produção
de remédios para o vírus do Ebola e outras doenças infecto-contagiosas.
O USAMRIID, com sede em Frederick, no estado americano de Maryland, é pioneiro em pesquisas desde
1969 para desenvolver remédios para curar os soldados contra patogenias mortais que eles podem
enfrentar, como bioarmas no campo de guerra. Mas, ultimamente, seu trabalho ganho um uso mais
imediato como uma ferramenta médica para garantir a segurança pública mundial.
O doutor John M. Dye Jr., chefe do Ramo de Imunologia Viral do USAMRIID, disse que dezenas de
candidatos à vacina estão sendo criados no mundo. "Especialmente com esse surto, e todos eles passam
por um marco regulatório da FDA (Food and Drug Administration)", disse. O USAMRIID está usando suas
vacinas mais avançadas para, o mais rápido possível, debelar o surto do Ebola, acrescentou.
Dye, que trabalha no USAMRIID há uma década, disse que nos últimos 10 anos os cientistas fizeram
grandes avanços em vacinas e terapêuticas.
"Todas as vacinas com as quais trabalhamos aqui expressaram uma proteína em particular do vírus,
muitas das quais exibiram 100% [de eficácia] em primatas não humanos, ou estudo com macacos", disse o
chefe do setor de imunologia viral.
Estudos clínicos
O USAMRIID trabalha com duas vacinas do Ebola que agora estão em testes clínicos no Instituto Nacional
de Saúde e no Instituto Walter Reed de Pesquisa do Exército, além de vários outros, há anos, acrescentou
Dye.
"Praticamente todas as vacinas que estão em avaliação para aprovação do FDA já passaram pelo
USAMRIID em um ou outro ponto", disse Dye.
A maioria dos candidatos à vacina focam o Ebola Zaire, uma das cinco espécies do vírus Ebola, e uma das
que agora causam os surtos na África Ocidental.
Outras espécies, segundo o Centro de Prevenção e Controle de Doenças, incluem o vírus do Sudão, o Tai
Forest e o Bundibugyo. O quinto, o vírus Reston, provocou a doença em macacos, mas não em pessoas.
Em seu trabalho de contra-ataque médico, os cientistas do USAMRIID já criaram uma vacina trivalente –
que contém três componentes. São eles o Ebola Zaire, o vírus Sudão e o vírus Marburg – outro vírus
altamente letal que se encontra no mesmo grupo de filovírus do Ebola.
A vacina trivalente ainda segue em frente, disse Dye, mas a vacina para o Ebola Zaire foi gerada em um
programa separado. "Onde eles adiantaram apenas o Zaire e continuam trabalhando no coquetel trivalente
– Zaire, Sudão e Marburg – com a ideia de que, eventualmente, teremos algo que cobrirá todas estas
bases", explicou.
O problema, afirmou o médico, é que cada componente da vacina trivalente tem de passar por seus
próprios testes clínicos e pela aprovação do FDA para ser usado em pessoas, e isso demora um pouco.
"Esse surto é o Zaire [Ebola] e, honestamente, tivemos sorte que tenha sido o Zaire", disse Dye. "Porque
temos mais informações e as opções mais terapêuticas e mais trabalho de vacinação para o Zaire. É um
dos que trabalhamos há mais tempo."
Um dos candidatos à vacina em testes clínicos tem por base a recombinação de um vírus, ou um vírus
geneticamente trabalhado, de uma doença animal chamada estomatite vesicular. Uma proteína do vírus
Ebola modificada em um vírus de estomatite vesicular, que age como um vetor, ou transportador, para
entregar a proteína do Ebola no corpo humano. A vacina é chamada de VSV-EBOV.
Testes em seres humanos continuam
O teste em seres humanos para avaliar a segurança do VSV-EBOV está em andamento no Instituto
Nacional do Centro Clínico de Saúde em Bethesda, Maryland. Os pesquisadores do Instituto Nacional de
Alergia e Doenças Infectocontagiosas, ou NIAID, realizam uma fase inicial de testes para avaliar o
candidato VSV-ZEBOV sobre sua segurança e capacidade de gerar uma resposta imunossistêmica em
adultos saudáveis que recebem duas doses intramusculares.
Ao mesmo tempo, o Instituto Walter Reed de Pesquisa do Exército está testando o candidato à vacina
como uma dose única em seu Centro de Testes Clínicos em Silver Spring, Maryland, segundo autoridades
do NIH.
A outra vacina em teste clínicos é uma recombinação do adenovírus do chipanzé, ou vírus da gripe. A
proteína do vírus do Ebola é trabalhado no adenovírus do chimpanzé para aplicar a vacina ChAd-EBOV nas
pessoas.
No estágio inicial dos testes clínicos, novamente projetados para avaliar a segurança e resposta
imunológica, o Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecto-Contagiosas, parte do NIH, testará duas
versões da vacina NIAID/GlaxoSmithKline. Uma é uma versão bivalente, ou de dois componentes, contendo
material genético do Ebola Zaire e do Ebola Sudão. O outro é uma versão monovalente, ou de componente
único, que contém apenas material genético do Ebola Zaire.
Para o USAMRIID, é importante continuar a trabalhar em vacinas para todos os filovírus, disse Dye.
"Porque não sabemos quando o próximo surto acontecerá, mas é importante sabermos que termos uma
resposta para o Zaire não significa que cobrimos tudo o que precisamos."
O doutor Travis K. Warren, investigador principal da Divisão de Ciência Molecular e Translacional, disse
que "a resposta gerada para o vírus do Ebola também vai contribuir para os esforços contra o vírus do
Marburg, do Sudão [e] para os vírus de amplo espectro". "Vamos começar a desenvolver a produção e o
fornecimento do remédio e informações de segurança que serão aplicáveis a vários programas diferentes."
Em nota em seu site, a Organização Mundial de Saúde disse que dos dois candidatos à vacina do Ebola
em testes clínicos também serão testados em breve na África e na Europa. A nota da OMS acrescenta que
as autoridades trabalharão como todas as formas possíveis para acelerar o desenvolvimento da vacina e o
uso seguro em países com o surto.
A OMS reuniu em 24 de outubro em Genebra autoridades de alto escalão do governo de países afetados
pelo Ebola e parceiros de desenvolvimento, representantes da sociedade civil, agências reguladoras,
fabricantes de vacinas e agências de financiamento para decidir como acelerar os testes e envio das
vacinas em número suficiente para os países afetados pela epidemia do Ebola.
Os participantes concordaram nos seguintes pontos:
– Resultados da fase 1 dos testes clínicos das vacinas mais avançadas devem estar disponíveis em
dezembro, e os testes de eficácia em países afetados começarão no mesmo período.
– Empresas farmacêuticas que desenvolvem vacinas se comprometeram a acelerar a produção para
milhões de doses estarem disponíveis em 2015, com milhares delas prontas antes da metade de 2015.
– Autoridades regulatórias em países onde as vacinas serão fabricadas e na África se comprometeram a
apoiar este objetivo trabalhando com prazos extremamente curtos.
A OMS relatou que, desde 23 de outubro, junto com mais de 10.000 casos suspeitos e confirmados do
vírus Ebola e quase 5.000 mortes, pelo menos 450 trabalhadores da área de saúde foram infectados com o
Ebola e 244 morreram.
"Se tivermos vacinas e terapêuticas experimentais, isso pode ajudar", disse o doutor Dye. "Isso vai dar uma
certa paz para os que forem aos países [afetados para tratar os pacientes]", afirmou.
"Provavelmente, a coisa mais importante que podemos fazer agora é oferecer algum tipo de tratamento ou
vacina para que os trabalhadores da saúde que estão arriscando suas vidas possam passar isso com os
cuidados que prestam", disse.
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