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NOVOS PRODUTOS, NOVOS VALORES, NOVOS IDEAIS: A
ENTRADA DE MERCADORIAS EM NATAL E AS MUDANÇAS NO
IMAGINÁRIO URBANO NATALENSE (1893-1930)
Khalil Jobim
Departamento de História-UFRN
Fagner David da Silva
Departamento de História-UFRN
Resumo
O presente artigo tem como objetivo levantar algumas questões iniciais sobre a
seguinte problemática: De que modo a grande quantidade de produtos e mercadorias
que chegaram a Natal nas primeiras décadas do século XX, intensificadas com as obras
de reforma do seu porto, irão provocar mudanças no imaginário urbano dos natalenses?
A pesquisa deste trabalho, em estágio ainda inicial, parte, sobretudo das notícias e das
matérias divulgadas nas páginas dos seguintes periódicos: os jornais A Republica e
Diário de Natal e a revista Cigarra no período compreendido entre 1893 a 1930. Propõe
pensar a relação entre o consumo de mercadorias e as mudanças no imaginário da
população da cidade num período em que a capital vive sob o desejo de modernização.
Palavras chaves: Novos produtos, consumo, modernidade, imaginário urbano.
O presente trabalho surgiu das pesquisas realizadas a partir do projeto de
pesquisa intitulado Pela terra e pelo mar: as vias de ligação e os meios de transporte
que promovem a ligação entre a cidade de Natal e outras partes do mundo (19001940), coordenado pelo Dr. Raimundo Arrais, desenvolvido dentro do grupo de
pesquisa Os espaços na modernidade, no qual estamos inseridos como bolsistas de
iniciação cientifica, estando o projeto ainda em andamento.
O projeto tem como objetivo reconstituir os caminhos, as rotas e as vias que
ligavam Natal durante o período de 1900 a 1940 a outras partes do Brasil como também
do mundo. Parte-se da hipótese de que durante esse período, a cidade teria intensificado
suas relações econômicas e comerciais com o mundo, se inserindo mais fortemente
dentro do mercado mundial. As reformas empreendidas no porto de Natal foram
fundamentais para intensificação destas relações.
Até o final do século XIX, a cidade estava submetida a um grande isolamento
econômico e cultural, devido em parte às limitações de seu porto, dificultando a
atracagem de grandes navios no seu ancoradouro, impedindo a realização de todo o
escoamento da produção do Estado. Essas limitações eram ocasionadas por elementos
de ordem natural, como por exemplo, as dunas que cercavam a cidade.
A partir de 1893 começam a serem realizadas as obras de reforma do porto, que
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emergiram como a solução para o rompimento deste isolamento, no qual a cidade estava
confinada. Oficialmente, as obras só seriam concluídas em 1932, sendo feitas aos
poucos, num longo período de espera entre mais de três décadas. No entanto, mesmo
sem as obras estarem concluídas, o porto começou a receber grandes navios, que
traziam mercadorias vindas de várias partes do Brasil e de outros continentes. É neste
ponto, o da chegada destas mercadorias á Natal no momento situado entre 1893 e 1930,
que desenvolvemos este trabalho.
A partir da pesquisa realizada no projeto pela terra e pelo mar, no qual nos
dedicamos à pesquisa nos principais jornais da cidade, focando no jornal A Republica,
encontramos muitos anúncios de propaganda de produtos feitos por determinadas lojas
da cidade, bem como também uma série de matérias falando sobre entrada de
mercadorias em Natal neste período.
Dois aspectos destas propagandas de produtos anunciadas nos jornais nos
intrigaram: primeiro, as referências explícitas à procedência destes produtos, que eram
sempre procedentes da Europa, tendo como exemplos as cidades de Paris e Londres,
como também da América do Norte, mais especificamente a cidade de Nova York;
segundo, esses produtos eram sempre anunciados como “novidades”. Tentamos
relacionar então, estas fontes encontradas em nossa pesquisa com algumas leituras e
discussões realizadas dentro do grupo de pesquisa espaços na modernidade, de modo a
construir uma problemática.
Essas leituras e discussões se referem a trabalhos produzidos pelo grupo
versando sobre as manifestações da modernidade em Natal, bem como sobre o desejo de
modernização da cidade, nas primeiras décadas do século XX, presentes nos trabalhos
Corpo e alma da cidade: Natal entre 1900 e 1930, da autoria de Raimundo Arrais,
Alenuska Andrade e Márcia Marinho, e Natal também civiliza-se, dissertação
defendida por Márcia Marinho. De acordo com essas produções historiográficas, nas
três primeiras décadas do século XX, a cidade de Natal teria vivenciado um intenso
processo de modernização, no qual as elites natalenses, desejavam transformar a sua
cidade, através de uma série intervenções no seu espaço físico de modo à transformá - la
numa cidade moderna e civilizada, nos moldes dos grandes centros urbanos da época já
mencionados anteriormente.
Tendo em vista os dados encontrados até o momento, e as leituras efetuadas em
nosso grupo de pesquisa, elaboramos a seguinte problemática: a intensificação da
entrada de mercadorias em Natal nas primeiras décadas do século XX provocou
mudanças na vida daqueles que habitavam a cidade neste período? Se a resposta for
positiva então, que tipo de mudanças foram essas?
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2. A entrada de novos produtos, a adoção de novas práticas sociais.
Em 1909 atracou no porto de Natal o vapor alemão corriente, vindo de nova
York, trazendo 370 toneladas de carga para a cidade (VÁRIAS, A REPUBLICA, Natal,
25 jan.1909, p.1.). Em 1912, o jornal apresenta o movimento dos vapores durante o ano:
Nacionais, 213, com 15.119 toneladas; estrangeiros 27 com 54.550 toneladas,
verificando se um argumento de 13 vapores com 19.347 toneladas sobre o ano de 1910.
(VÁRIAS, A REPUBLICA, Natal, 1912, p.1) No mesmo ano de 1912, chegou em Natal
Consignado a firma Julius Sohsten, deu entrada ante-hontem à tarde,
no ancoradouro interno, procedente Liverpool, o vapor inglez
matador, do comando de Mr. H. Rusell e de 2956 toneladas de
registro, trazendo 61 dias de viagem e 1.113 toneladas de cargas de
vários gêneros para esta praça. O matador, que pertence a Thosjas
Harrison e tem 36 pessoas de equipagem, voltará brevemente para
Liverpool, com escala por Cabedello. (VÁRIAS, A REPUBLICA, Natal,
19 jan. 1912, p.1)
Ao nos confrontarmos com estes grandes carregamentos que estão entrando na
cidade, indagamos sobre que mercadorias estavam chegando, e qual ou quais os seus
possíveis destinos. Devido ao estágio inicial deste trabalho, não podemos lançar com
segurança respostas para tais questões. No entanto, podemos pensar, ainda que de
maneira introdutória, um pouco sobre o que estava chegando a Natal, e sobre o impacto
que a chegada destas mercadorias podem ter provocado na vida daqueles que viviam na
cidade, ou pelo menos parte deles, trazendo para Natal novos valores, novas ideais e
novas práticas sociais.
Em relação ao que estava chegando de mercadorias em Natal, a partir dos
anúncios de propaganda de produtos feitos por determinadas lojas da cidade, e de
algumas matérias sobre a entrada de algumas mercadorias, podemos quantificar a
entrada de produtos como roupas, chapéus, charutos, tecidos, sedas, perfumes, gêneros
alimentícios de marcas européias, além de livros que vinham em geral de Paris e de
Londres. São estes produtos que encontramos com freqüência nos anúncios das
principais lojas da cidade.
Esses anúncios dos produtos são, a nosso ver, uma importante fonte para nos
ajudar a começar a responder a tais questões levantadas a partir da chegada dos grandes
carregamentos trazidos pelos navios, pois revelam alguns possíveis destinos destas
mercadorias que estão entrando na cidade. Por exemplo, no anúncio da loja Novo
mundo, em 1902, a loja, que se anuncia como o “centro das novidades parienses”, os
seguintes produtos são anunciados: Chapéus, capotas, gorros e bonets, chapéus de sol,
toucas, bengalas, guarnições, figuras de biscuit, estratos e quinquilharias. (ANUNCIOS,
A Republica, Natal, 15 de abril de 1902.)
No anúncio de cada um destes produtos, aparecem comumente afirmações como
“é o que há de mais chic”, ou “o ultimo gosto de Paris”. Em 1920, na loja intitulada
“Paris em Natal”, vemos ser anunciados as “últimas novidades” que acabam de chegar
na loja, entre elas, tecidos de algodão, lã e seda, rendas, franjas, Soutaches, cordões de
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seda e fita, como também perfumes vindos das principais perfumarias da Europa.
(ANÚNCIOS, A Republica, Natal, 18 fev.1920)
Percebemos na própria escolha dos nomes das lojas aqui citadas, o desejo de se
representar determinados ideais da modernidade, como as crenças no progresso e na
civilização. Entendemos que o consumo destes produtos pode indicar a adoção de
novas práticas sociais, como também a afirmação de prestígio social por determinados
grupos sociais perante outros. O consumo de produtos deve ser entendido não apenas
como o consumo de valores de uso, de utilidades materiais, mas primordialmente como
o consumo de signos, por isso, são reveladores das transformações vivenciadas em
determinada sociedade. ( FEATHERSTHONE, 1995: 121)
Nas primeiras décadas do século XX, as elites natalenses desejavam transformar
a pequena Natal em uma cidade moderna. Elas queriam mudar a cidade, não apenas no
que se refere a sua estrutura física, mas também os hábitos, os costumes e as práticas
relacionadas ao seu espaço, trazendo para Natal neste momento, toda uma série de
valores, idéias, hábitos, avanços científicos e tecnológicos, que caracteriza aquilo que
têm sido chamado de modernidade.
A modernidade, entendida como toda uma série de transformações políticas,
econômicas , sociais e culturais vivenciada no continente europeu no final do século
XIX até a primeira guerra mundial, se difundiu para as outras partes do mundo a partir
do avanço do sistema capitalista. Estas transformações vivenciadas na Europa traziam
uma nova forma de se ver e se relacionar com o mundo, uma nova cultura cultuada em
torno da crença na ciência e no progresso da civilização, emergindo neste sentido, um
modo de vida moderno.
Marshall Berman apresenta-nos um painel a respeito da modernidade dos
séculos XIX e XX a partir de uma frase retirada do Manifesto comunista - Tudo que é
sólido se desmancha no ar - de Marx e Engels. Assim, o autor traz a tona um dos fatos
mais importantes da vida moderna: “(...) a fusão de suas forças materiais e espirituais, a
interdependência entre o indivíduo e o ambiente moderno”, mostrando que essas forças
se unem e dão o tom de uma modernidade fruto dos antagonismos humano (BERMAN,
1986:129). Para ele,
Ser moderno é encontrar-se em um ambiente que promete
aventura, poder, alegria, crescimento, autotransformação e
transformação das coisas em redor – mas ao mesmo tempo
ameaça destruir tudo o que temos, tudo o que sabemos, tudo o
que somos. A experiência ambiental da modernidade anula
todas as fronteiras geográficas e raciais, de classe e
nacionalidade, de religião e ideologia: Nesse sentido, pode-se
dizer que a modernidade une a espécie humana.
(BERMAN,1986: 15)
Os sinais da modernidade teriam se manifestado em Natal no começo do século
XX, como fruto do desejo das elites natalenses de sintonizar a cidade as mudanças que
estavam sendo vivenciadas na Europa, especialmente nos grandes centros urbanos da
época, como Paris Londres. Natal deveria se tornar uma cidade
moderna e civilizada,
no exemplo destes grandes centros urbanos. Para materializar tal desejo, foram então
proferidas pelo Estado, ações e intervenções no espaço físico da cidade, que tinham
como objetivo, transformar Natal em uma cidade moderna.
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Novos bairros foram edificados, como o bairro da cidade nova em 1904. Ruas e
avenidas foram alteradas, o teatro da cidade foi reformado, novos serviços urbanos
foram introduzidos na cidade, como a energia elétrica e novos meios de transporte como
o bonde. Novos espaços de sociabilidades foram criados, como cafés, praças, cinemas,
restaurantes e associações esportivas bem como espaços destinados a festas. Todas estas
intervenções na cidade visavam modernizar a pequena Natal, não só como já dissemos
acima, mudando o espaço físico da cidade e os sentidos atribuídos a este espaço.
Segundo Márcia Marinho,
Todas essas construções materiais, no entanto não apresentariam o
menor sentido se não fossem destinadas a práticas sociais. Ou seja, a
cidade só estaria completa, quando as estruturas materiais se unissem às
práticas dos seus moradores, pois somente através da prática, dos usos,
os espaços ganham sentido (ARRAIS; ANDRADE; MARINHO, 2008:
129).
A construção destes novos espaços de sociabilidades permitiu que a introdução
de novos valores, ideais e costumes, tidos como modernos e civilizados, fossem
praticados em Natal, alterando de forma significativa, a vida cultural das elites
natalenses. Até o começo do século XX, Natal tinha apenas dois bairros, o da Ribeira e
da Cidade Alta, não dispondo para a parte mais “favorecida” de seus moradores, neste
caso, as elites natalenes, de espaços de sociabilidades, que possibilitariam a diversão e o
lazer destes grupos, bem como a oportunidade de se cultivar práticas culturais
modernas.
Londres e Paris, centros representativos do desenvolvimento, do progresso e da
civilização, eram os grandes exemplos a serem seguidos. Eram nesses mundos que as
elites natalenses espelhavam suas construções (praças, ruas, prédios, jardins etc.), como
também os produtos consumidos. São bastante comuns os anúncios das propagandas
ofertarem os produtos mais valorizados vindos desses lugares. As próprias lojas exibiam
os seus nomes vinculados a estes grandes centros, como por exemplo, as lojas Paris em
Natal e Casa Londres. Era uma forma de Natal se sentir cada vez mais próxima e dentro
de um mundo civilizado.
O ritmo que comandava as construções e a implantação de cada tijolo em Natal
era o ritmo frenético do consumo, não só de novos objetos, mas de novos valores
contidos neles, como também de novos padrões de comportamentos. É o ritmo da
ultima moda de chapéus em Paris, divulgada nas páginas da Cigarra (revista natalense
da década de 1920), e da propaganda que enaltece a elegância dos trajes estrangeiros,
principalmente o inglês, exigida pelo cidadão natalense,
Consumir charutos, desfilar com vestimentas de ótima qualidade estrangeira
(sapatos, camisas, calças, ternos, chapéus, vestidos), além de acessórios (brincos,
colares, anéis, relógios, entre outros), não era apenas uma forma de demonstração de
forte poder aquisitivo, mas demonstrava o ideal de se estar vivendo efetivamente dentro
de uma capital, moderna e civilizada, na qual as pessoas necessitam de regras e códigos
particulares de um ambiente urbano. Pois consumir um produto estrangeiro, significa
aprender usá-lo da maneira correta, significa apreender novos valores, os quais irão
compor os anseios e os desejos daqueles que sonham a cidade moderna e civilizada.
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A construção de espaços como jardins públicos, cafés e aeroclubes, foram
fundamentais para que os natalenses “respirassem os ares modernos”, e pudessem de
fato, viver estas novas práticas. As transformações pelas quais a cidade estava passando,
não se restringiam apenas às mudanças da estrutura física da cidade, mas acima de tudo,
dos hábitos e dos costumes dos natalenses.
Para adotar novas práticas sociais, os natalenses precisavam consumir produtos
que os permitissem construir uma nova representação sobre si, uma nova imagem, a de
um sujeito moderno.
Por uma história do consumo em Natal: considerações Finais
Durante o período de 1893 a 1930, a cidade de Natal passou por grandes
transformações. Ruas e calçadas foram alteradas, novos espaços de sociabilidades foram
construídos, novos serviços urbanos foram introduzidos, como a energia elétrica e o
bonde.
As reformas do porto foram realizadas aos poucos, sendo concluídas
oficialmente em 1932. Mesmo não estando inteiramente concluídas suas obras, o porto
começou a funcionar, permitindo a entrada de navios em Natal, que traziam consigo
grandes cargas de produtos para a cidade. Mas o que chegava a Natal nestes navios?
Que mudanças na vida das pessoas que habitavam a cidade foram provocadas a partir da
entrada de grandes mercadorias em Natal?
O que podemos apresentar aqui são apenas questões e indicações de possíveis
caminhos para responder a tais questionamentos. Acreditamos que a entrada destas
mercadorias em Natal provocou grandes mudanças na vida de uma parte dos moradores,
mais precisamente daqueles identificados ao grupo social que têm sido denominado de
“elite natalense”. Estas mudanças estariam relacionadas à introdução de novos hábitos,
costumes e valores, que neste momento eram vistos como símbolos da modernidade e
do progresso da civilização.
A intensificação da entrada de mercadorias em Natal, permitidas pelas reformas
realizadas no porto de sua cidade, possibilitou à pequena Natal, que produtos que antes
eram difíceis, ou mesmo impossíveis de chegar à cidade até o final do século XIX,
passassem a circular na cidade, trazendo consigo, toda uma série de sentimentos,
valores e ideais que eram cultivados nos grandes centros urbanos da época. Uma
história do consumo destes produtos disponíveis aos natalenses, ou pelo menos, a uma
parte deles, nestas três primeiras décadas do século XX, se revela como importante e
fundamental para a historiografia norte-rio-grandense, uma vez que permite uma melhor
compreensão dos sentimentos, dos sonhos e entusiasmos que foram experimentados
pelos habitantes de uma cidade que no começo do século presenciava transformações
antes nunca vistas em sua história.
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Referências Bibliográficas:
ARRAIS, Raimundo; ANDRADE, Alenuska; MARINHO, Márcia. O corpo e a alma da
cidade: Natal entre 1900 e 1930. Natal, RN: EDUFRN, 2008.
BERMAN, Marshall. Tudo que é sólido desmancha no ar: A aventura da modernidade. 9.ed.
São Paulo: Companhia das letras, 1986.p.15.
FEATHERTONE, Mike. Cultura de Consumo e Pós-modernismo. São Paulo: Studio Nobel,
1995.
ANÚNCIOS. A Republica, Natal, 15 d abr. 1902.
VÁRIAS. A Republica, Natal, 25 de jan.1909.
VÁRIAS. A Republica, Natal, 11 de Jan. 1912.
VÁRIAS.A Republica, Natal, 19 de Jan. 1912.
PARIS EM NATAL. A república, Natal, 18 fev.1920.
MARINHO, Márcia Fonseca. Natal também civiliza-se: sociabilidade, lazer e esporte na
belle époque natalense (1900-1930). Dissertação apresentada ao programa de pósgradução em história na UFRN. Natal, 2008.
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