IMPACTO PROFUNDO A PRIMEIRA ESPIADA NO INTERIOR DE UM COMETA http://deepimpact.jpl.nasa.gov/index.html “Por “Por milhares milhares dos dos anos, anos, aa humanidade humanidade considerou considerou os os cometas cometas como como porta-vozes porta-vozes de de manifestações manifestações demoníacas. demoníacas. Somente Somente nos nos últimos últimos séculos, séculos, com com aa invenção invenção do do telescópio telescópio ee do do espectroscópio, espectroscópio, os os astrônomos astrônomos puderam puderam mostrar mostrar que que os os cometas cometas são são essencialmente essencialmente imensos imensos blocos blocos de de gelo gelo ee poeira. poeira. Mas Mas nossa nossa compreensão compreensão dos dos cometas cometas foi foi limitada limitada por por nossa nossa inabilidade inabilidade em em recolher recolher amostras amostras materiais. materiais. O O Impacto Impacto Profundo Profundo implicará implicará num num avanço avanço dramático dramático de de nossa nossa compreensão compreensão sobre sobre os os cometas, cometas, através através da da primeira primeira experiência experiência em em observar observar diretamente diretamente oo interior interior de de um um cometa.” cometa.” ENOS PICAZZIO IAG - Jun/2005 Os cometas são resíduos de material que formou o Sistema Solar. Eles são os fósseis que os astrônomos usam para precisar os conhecimentos e delimitar os modelos de formação do Sistema Solar. A comparação direta da composição química dos cometas e do material do meio insterestelar, de onde se originou o Sol e os demais objetos que o circundam, não leva à conclusão definitiva porque no processo de formação as condições iniciais foram alteradas, o meio tornou-se mais quente e denso, colisões eram frequentes. Isto modificou parcialmente o material primitivo. É necessário considerar essas alterações, e isso pode ser feito se conhecermos bem a constituição atual dos objetos, em particular a dos cometas. Antes de focarmos nossa atenção aos cometas, vamos lembrar alguns fatos que marcaram a formação do Sistema Solar, partindo da contração da nuvem primordial. EP-IAG-06-2005 Formação de sistema planetário O modelo que explica melhor os fatos é o da contração nebular Proposto por: - René Descartes (1644) Aperfeiçoado por: - Immanuel Kant (1775) e - Pierre-Simon de Laplace (1796) Os melhoramentos mais significativos surgiram apenas neste século. http://epswww.unm.edu/facstaff/zsharp/103/lecture%203%20origin%20of%20universe.htm EP-IAG-06-2005 Formação de sistema planetário Sequência de formação do Sistema Solar, a partir do colapso da Nebulosa Solar Primordial. O colapso induz a rotação, que provoca o achamento. No centro vai sendo formado o ProtoSol (ainda não é uma estrela). No seu plano equatorial forma-se um disco de matéria, dele surgirão planetas e demais corpos. É nesse plano básico que se localiza a eclíptica. A quase totalidade dos corpos do Sistema Solar têm órbitas próximas a esse plano. A ROTAÇÃO DA NUVEM PRIMITIVA É CONDIÇÃO NECESSÁRIA PARA FORMAÇÃO DE DISCO EP-IAG-06-2005 Formação de sistema planetário Modelo Modelo de de Acreção Acreção Os Os grãos grãos de de poeira poeira do do disco disco acumulam-se acumulam-se em em planetésimos. planetésimos. Acumulando Acumulando massa massa continuacontinuamente, mente, estes estes crescem crescem formando formando corpos corpos maiores: maiores: os os embriões embriões planetários. planetários. Os Os planetas planetas gasosos gasosos acumulam acumulam envelopes envelopes de de gás gás antes antes deste deste desaparecer desaparecer do do disco. disco. Modelo Modelo de de Colapso Colapso Gasoso Gasoso Instabilidades Instabilidades gravitacionais gravitacionais no no disco disco formam formam glóbulos glóbulos de de gás gás que que se se tornam tornam planetas planetas por por auto-gravitação. auto-gravitação. Grãos Grãos de de poeira poeira coagulam coagulam ee sedimentam sedimentam no no centro centro do do protoplaneta, protoplaneta, formando formando um um núcleo. núcleo. O O planeta planeta abre abre uma uma lacuna lacuna no no disco disco enquanto enquanto Planetésimos Planetésimos ee embriões embriões remanescentes remanescentes são são acumula acumula massa. massa. incorporados incorporados aos aos planetas, planetas, ou ou por por eles eles espalhados. espalhados. Video Credit: NASA, L. Barranger, and A. Feild (STScl) EP-IAG-06-2005 Formação de sistema planetário Nebulosa Nebulosa primordial primordial Acreção Acreção Disco Disco de de acreção acreção http://www.lpi.usra.edu/science/hahn/public/planet_formation/planet_formation/ EP-IAG-06-2005 Formação de sistema planetário A colisão é fundamental para o processo de acreção (aglutinação de matéria por atração gravitacional). Ela surge da diversidade das órbitas. Nos pontos de aproximação a atração gravitacional modifica as trajetórias e leva à dispersão orbital, que pode acabar em choque entre objetos. EP-IAG-06-2005 Sequência de Condensação No início o material nebular é distribuído uniformemente na nuvem. No centro da nuvem a matéria é gradativamente comprimida e aquecida: nasce o proto-Sol. Os elementos mais voláteis são “soprados” da região central, concentrando-se nas regiões mais frias. Aqui formaram-se os planetas jovianos e os cometas. (Adaptado de Robbins, Jefferys, Shawl, Discovering Astronomy, Wiley & Sons Inc., 1995, pág.113) Espécies químicas voláteis sobreviveriam apenas na região dos planetas gigantes e adiante dela. EP-IAG-06-2005 Cenário provável CAI = inclusões de cálcio www.sigmaxi.org/amsci/articles/ 01articles/nuthcap7.html EP-IAG-06-2005 Cenário provável S. Charnley EP-IAG-06-2005 Estrutura do Sistema Solar & Origem dos cometas Nuvem de Oort: a densidade de matéria era elevada para formar cometas, na escala de tempo equivalente à idade do Sistema Solar? EP-IAG-06-2005 Estrutura do Sistema Solar & Origem dos cometas Nuvem de Oort: a densidade de matéria era elevada para formar cometas, na escala de tempo equivalente à idade do Sistema Solar? Não? Então os cometas podem ter sido formados na região entre Júpiter e Netuno, e espalhados para a Nuvem de Oort EP-IAG-06-2005 Discos planetários: um fenômeno comum A Nebulosa de Órion é um cenário típico de nascimento de estrelas e sistemas planetários. http://csep10.phys.utk.edu/astr161/lect/solarsys/orionsys_hst.gif EP-IAG-06-2005 Os cometas no cenário cósmico Os cometas são os remanescentes do material formado nas regiões mais frias do SS. Quedas na Terra foram fundamentais para enriquecimento com materiais voláteis, sobretudo água. Certamente, tb C/1975 V1 (West) compostos orgânicos. E eles se aproximam da Terra! C/ 1995 O1 (Hale-Bopp) C/2001 A2 (Liner) EP-IAG-06-2005 Anatomia de um cometa Deep Impact Cauda de poeira: composta de poeira fina, expelida do núcleo juntamente com o gás Nuvem de hidrogênio: envelope gasoso de baixíssima, com milhões de km de diâmetro, centrado no núcleo Cauda iônica: composta de plasma, entrelaçada com raios e estrias causadas pela interação com o vento solar Crosta: camada mais externa do núcleo. Processada pela volatilização. Manto: camada mais densa que a crosta. Caroço: material primitivo, inalterado. Não sabemos qual a natureza deles, ou mesmo se existem. Coma: atmosfera composta de H2O, CO2 e outros gases neutros sublimados do núcleo EP-IAG-06-2005 Espectro C/2000 WM1 (LINEAR) Espécies: C2, C3, CO, CH, CN, NH2, C2-, H2O+, CH+, CO+ Picazzio, de Almeida, Andrievskii, Churyumov, Lukyanyk: Proceedings ACM2002, ESA-SP,IAG-06-2005 2002 Espectro ESPECTRO DE EMISSÃO NO INFRAVERMELHO Comet Halley (Icarus, 76 404 1988). Deep Impact obterá imagens entre 1,0 e 4,8 microns. EP-IAG-06-2005 Espectro ESPECTRO DE EMISSÃO EM RADIO EP-IAG-06-2005 Composição química COMPOSIÇÃO QUÍMICA DOS COMETAS Abundâncias relativas à agua EP-IAG-06-2005 Deep Impact Onde está o material primitivo? Acredita-se que as camadas superficiais do núcleo sejam altamente evoluídas. Sucessivas passagens periélicas podem levar à perda significativa de gelo. Núcleo é poroso? Então pode ocorrer mudanças significativas no gelo Prialnik & Mekler (1991), Benkhoff & Huebner (1995), Klinger (1996): efeitos evolucionários são importantes nas camadas mais profundas: • Estes modelos discordam na profundidade dos efeitos evolucionários • Predizem gradientes de densidade opostos EP-IAG-06-2005 O cometa Tempel 1 Ernst Wilhelm Leberecht Tempel Astrônomo alemão. Trabalhou em Marselha até 1870 (início da guerra Franco-Prussiana), quando mudou-se para a Itália. Participou da descoberta de 21 cometas (1821-1889) Tamanho: 4 x 14 km ? Massa: 0,1 – 2,5 x 1014 kg Rotação: 1,71 dia Forma: bola de futebol americano? Período: ~ 5,6 anos Atual (2005; 1,51 UA; 5,55 anos) EP-IAG-06-2005 Por que o Tempel 1? Ideal Ideal para para as as condições condições do do projeto: projeto: janela janela de de 22 anos; anos; Grande Grande oo suficiente suficiente para para sustentar sustentar oo impacto; impacto; Rotação Rotação lenta lenta (facilita (facilita estratégia estratégia de de impacto, impacto, ee cratera cratera éé mantida mantida no no campo campo de de visão visão da da sonda); sonda); Sua Sua trajetória trajetória permite permite encontro encontro em em alta alta velocidade velocidade ee aproximação aproximação da da sonda sonda pelo pelo lado lado iluminado, iluminado, que que facilita facilita aa observação observação do do impacto impacto daqui daqui da da Terra; Terra; Se Se oo lançamento lançamento fosse fosse em em outra outra época, época, outro outro cometa cometa seria seria escolhido. escolhido. EP-IAG-06-2005 Missões cometárias 1P/Halley [Giotto 1985] 1a. observação por sonda espacial (danificada pela poeira). Período ~75 a.; 19P/Borrelly [Deep Space 1 1999] visita asteróide 9969 Braille, tipo Vesta, um dos maiores do cinturão e que aproxima-se da Terra. 1a. observação espacial com alta resolução Período ~6,7 a 16 x 8 x 8 km 8 x 4 km Cometa 9P/Tempel 1 [Deep Impact 2005]: 1a. exploração de composição do núcleo Impacto: 4/7/2004 Período: ~ 5,5 a. Tamanho: 4 x 14 km ? 81P/Wild 2 [Stardust 1999] 1a. coleta de material da coma e melhor imagem (jan/2004). Cápsula com material será recuperada em jan/2006. Cometa NOVO, capturado por Júpiter em 1974 Período ~ 6,4 a 5 km Cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko [Rosetta 2004 – 2015] 1o. registro in loco da atividade Pouso em nov/2014. Registro até dez/2015. Período ~6,6 a. Tamanho: 4 km EP-IAG-06-2005 Objetivos desta missão Objetivo Primordial: melhorar nosso conhecimento sobre a formação do Sistema Solar (SS), estudando em detalhe a composição do núcleo cometário. Vasculhando seu interior, espera-se chegar mais próximo do material primitivo que deve refletir a composição química que o SS tinha, época da sua formação. Objetivos Específicos: • Atingir o cometa Tempel 1 com um projétil (*) • Observar o processo de formação da cratera • Medir diâmetro e profundidade da cratera • Verificar a composição do interior da cratera e os jatos decorrentes do impacto • Verificar como o degasamento do cometa se comporta após o impacto (*) Encontro previsto para 04/7/2005, às 2h 52m, horário de Brasília EP-IAG-06-2005 Instrumentos MRI – instrumento de resolução média HRI – instrumento de resolução alta HGA – antena de alto ganho EP-IAG-06-2005 Instrumentos TELESCÓPIOS Diâmetro (cm) Distância focal (m) VISÍVEL Formato Escala projetada no cometa (m/pixel) INFRAVERMELHO Formato Tamanho do pixel (micron) Espectro Intervalo espectral λ/dλ mínimo Metas do módulo de vôo: 1. Remeter o impactor contra o núcleo, com energia suficiente p/ fazer uma cratera mais profunda que 20 m; 2. Observar o núcleo por pelo menos 10 minutos após o impacto; 3. Imagear o impacto, a formação da cratera e seu interior; 4. Obter o espectro do núcleo e do interior da cratera. EP-IAG-06-2005 Instrumentos Massa: 370 kg Diâmetro: 1 m Velocidade: ~10,2 km/s Energia cinética: 1,9x1010 Joules (4,8 ton de TNT) I MPACT OR Acertar o alvo é o maior desafio viajando a 10 km/s, tem que acertar um alvo de 6 km de área a 864.000 km de distância. Para isso usa o Sensor ITS, um rastreador de estrela. É uma duplicata do MRI, sem filtros, que será utilizado como imageador do cometa até ser destruído pela poeira. EP-IAG-06-2005 Impactor O módulo terá cerca de 13 minutos para fotografar a colisão e tirar espectro, antes de ser bombardeado pelo jato. A instrumentação será destruída pela poeira. A simulação do encontro está aqui SIMULAÇÃO DO MÓDULO IMPACTOR EM RITMO DE COLISÃO COM O COMETA COMETA TEMPEL 1 [NASA/JPL] NASA/JPL] A colisão entre o impactor e o cometa equivaleria à colisão entre uma mosca e um avião Boing 767. O impacto não deve causar alterações perceptíveis na órbita do Tempel 1 (Don Yeomans, JPL) EP-IAG-06-2005 A cratera Dimensões esperadas: 100 m de diâmetro e 25 m de profundidade O que sabemos sobre formação de crateras? Mecanismo é bem conhecido: tamanho, profundidade e forma da cratera, velocidade do impacto, natureza do alvo e do projétil, são gradezas correlacionadas. Experimentos revelam que em regime de hipervelocidade (kms/s) o ângulo de ejeção depende da porosidade ao alvo: maior a porosidade, maior ângulo da trajetória (relativamente à superfície). O que objetiva o impacto? • Observar como se forma a cratera • Medir profundidade e diâmetro • Medir composição do interior e dos jatos • Determinar as mudanças no regime de degasamento, decorrentes do impacto • Os 1os jatos refletem material das camadas superfícias, e atingem distâncias maiores na superfície do cometa. • Qto. mais tardios os jatos, mais profundas as regiões de origem e menores as distâncias percorridas na superfície. • A análise comparativa do jatos poderá desvendar a estrutura interna do núcleo. EP-IAG-06-2005 A cratera D im ensões esperadas:100 m de diâm etro e 25 m de profundidade O que sabemos sobre formação de crateras? Mecanismo é bem conhecido: tamanho, profundidade e forma da cratera, velocidade do impacto, natureza do alvo e do projétil, são gradezas correlacionadas. Experimentos revelam que em regime de hipervelocidade (kms/s) o ângulo de ejeção depende da porosidade ao alvo: maior a porosidade, maior ângulo da trajetória (relativamente à superfície). A observação dos jatos permitirá determinar a massa do cometa com precisão. Daí a densidade. F = ma F=G mM ma = G mM r 2 ⇒ M= ar 2 G 2 material das camadas superfícias, e atingem • Os 1os jatos refletem r distâncias maiores na superfície do cometa. • Qto. mais tardios os jatos, profundas as regiões de origem e M – massa do mais cometa menores as m distâncias – massapercorridas do bloco na superfície. r – distância do bloco ao centro do cometa • A análise comparativa do jatos poderá desvendar a estrutura interna do a – aceleração do bloco núcleo. EP-IAG-06-2005 Resumo: Certezas & Incertezas Fatos Questões Cometas guardam material primordial que formou o SS O que existe abaixo das camadas superfíciais (evoluídas)? Cometa pode tornar-se dormente (hibernação) O gelo foi exaurido? ou a sublimação é que foi inibida? Deve haver muito cometas dormentes, confundidos com asteróides Como distinguí-los? Conhecemos melhor os detalhes químicos e físicos dos cometas que de outros corpos pequenos A abundância de gases na coma é usada para deduzir características do gelo no disco protoplanetário Como usar esses detalhes para confinar nosso modelos para cometas? Os cometas se quebram quando submetidos a esforços pequenos Qual a relação entre a variação da dureza do material e o tamanho? Qual a relação entre essas abundâncias da coma e aquelas do núcleo? EP-IAG-06-2005 Resumo Gelo: perdido ou selado no interior? É possível que boa parte dos NEAs (Near Earth Asteroids) sejam cometas dormentes ou extintos. cometa dormente: gelo ainda está presente mas não pode escapar cometa extinto: gelo totalmente exaurido Como distinguí-los? Ainda não sabemos se: [1] o desenvolvimento de um manto obstrui a sublimação e aprisiona gelo no interior, ou [2] o manto permanece suficientemente poroso para que o gelo possa sublimar e escapar. O impacto poderá desvendar ! A exposição do fundo da cratera reativa o cometa? ¬ SIM ⇒ Dormente ¬ NÃO ⇒ Extinto EP-IAG-06-2005 Este seminário de Iniciação Científica foi apresentado no IAG em 13/6/2005. A maior parte do material foi retirada da página oficial da Missão Deep Impact. Vídeos e Animações: http://deepimpact.jpl.nasa.gov/gallery/animation.html EP-IAG-06-2005