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GRAMÁTICA – PROFESSOR ARGEMIRO
LISTA N. 01 – MORFOSSINTAXE - 3º. ANO E EXTENSIVO
01. Examine a seguinte citação:
É menor pecado elogiar um mau livro, sem lê-lo, do que depois de o haver lido. Por isso,
agradeço imediatamente depois de receber o volume.
Carlos Drummond de Andrade, Passeios na ilha.
a)
b)
c)
d)
Explique por que o autor agradece “imediatamente depois de receber o volume”.
Levando em conta o contexto, reescreva duas vezes o trecho “sem lê-lo”, substituindo “sem” por “sem
que”, na primeira vez, e por “mesmo não”, na segunda.
O primeiro período é iniciado por um verbo. Qual é o sujeito a que ele se refere?
Explique a combinação de palavras (e funções) que ocorre em : “lê-lo”
02. Leia a seguir a crônica adaptada “O crítico teatral vai ao casamento”, de Millôr Fernandes.
Como espetáculo, o casamento da Senhorita Lídia Teles de Souza com o Sr. Herval
Nogueira foi realmente um dos mais irregulares a que temos assistido nos últimos tempos. A noiva
parecia muito nervosa, nervosismo justificado por estar estreando em casamentos (o que não se
podia dizer do noivo, que tem muita experiência de altar) de modo que até sua dicção foi
prejudicada. O noivo representou o seu papel com firmeza, embora um tanto frio. Disse “sim” ou
“aceito” (não ouvimos bem porque a acústica da abadia é péssima). Fora os pequenos senões
notados, teremos que chamar a atenção, naturalmente, para o coroinha, que a todo momento
coçava a cabeça, completamente indiferente à representação, como se não participasse dela. A
música também foi mal escolhida, numa prova de terrível mau-gosto. O fato de a noiva chegar
atrasada também deixou altamente impacientes os espectadores, que mostraram evidentes sinais
de nervosismo. A sua entrada, porém, foi espetacular, e rendeu-lhe os melhores parabéns ao fim
do espetáculo. Lamentamos apenas – e tomamos como um deplorável sinal dos tempos – a
qualidade do arroz jogado sobre os noivos.
Adaptado de Millôr Fernandes, Trinta anos de mim mesmo. São Paulo: Círculo do livro, 1972, p. 78.)
a)
b)
c)
d)
O cronista recorre à analogia para construir uma aproximação entre o casamento e uma peça teatral.
Mostre, com trechos do texto, dois usos desse recurso: um com referência à noiva e outro com
referência ao noivo.
Identifique duas expressões adverbiais que foram usadas pelo cronista para acentuar sua crítica
humorística ao casamento como espetáculo.
Explique o papel dos conectivos destacados na primeira frase do texto.
“nervosa e nervosismo” pertencem à mesma classe gramatical? Justifique.
03. Leia o texto a seguir e responda às questões.
Os anos correm entre um século e outro, mas os problemas permanecem os mesmos para
os kalungas*. Quilombolas** que há mais de 200 anos encontraram lar entre os muros de pedra
da Chapada dos Veadeiros, na região norte do Estado de Goiás, os kalungas ainda vivem com
pouca ou quase nenhuma infraestrutura. De todos os abusos sofridos até hoje, um em particular
deixa essa comunidade em carne viva: os silenciosos casos de violência sexual contra meninas.
Entretanto, passado o afã das denúncias de abuso sexual que figuraram em grandes reportagens
da imprensa nacional em abril do ano passado, a comunidade retornou ao seu curso natural. E
assim os kalungas continuam a viver no esquecimento, no abandono e, principalmente, no medo.
As vítimas não viram seus algozes punidos. O silêncio prevalece e grita alto naquelas que se
arriscaram a mostrar suas feridas. O sentimento é o de ter se exposto em vão.
(Adaptado de Jéssica Raphaela e Camila Silva, O silêncio atrás da serra. Revista Azmina. Disponível em
http://azmina.com.br/secao/osilencio-atras-da-serra/. Acessado em 03/10/ 2016.)
* Kalungas: habitantes da comunidade do quilombo Kalunga, maior território quilombola do país.
** Quilombolas: termo atribuído aos “remanescentes de quilombosˮ. Atualmente, há no Brasil cerca de
2.600 comunidades quilombolas certificadas pela Fundação Cultural dos Palmares.
Português – Argemiro
a)
b)
c)
d)
Identifique no texto dois motivos para o sofrimento histórico vivido pela comunidade quilombola
Kalunga.
No final do texto há uma figura de linguagem conhecida como paradoxo. Quais termos são utilizados
para se obter esse efeito de sentido?
Reescreva o primeiro período, sem alterar seu sentido, iniciando-o por: “Embora...”
Em: “O silêncio prevalece e grita alto naquelas que se arriscaram a mostrar suas feridas.”
A que classe gramatical pertence a palavra sublinhada? Justifique. Escreva uma frase em que ela
apareça claramente em outra função.
Leia o soneto “Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades” do poeta português Luís Vaz de Camões
(1525?- 1580) para responder às questões de 04 a 07.
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
muda-se o ser, muda-se a confiança;
todo o mundo é composto de mudança,
tomando sempre novas qualidades.
Continuamente vemos novidades,
diferentes em tudo da esperança1;
do mal ficam as mágoas na lembrança,
e do bem – se algum houve –, as saudades.
O tempo cobre o chão de verde manto,
que já coberto foi de neve fria,
e enfim converte em choro o doce canto.
E, afora este mudar-se cada dia,
outra mudança faz de mor2 espanto:
que não se muda já como soía3 .
(Sonetos, 2001.)
1
2
3
esperança: esperado.
mor: maior.
soer: costumar (soía: costumava)
04. Considere as seguintes citações:
1. “Não podemos entrar duas vezes no mesmo rio: suas águas não são nunca as mesmas e nós
não somos nunca os mesmos.” – Heráclito (550 a.C.-480 a.C.)
2. “A breve duração da vida não nos permite alimentar longas esperanças.” – Horácio (65 a.C.-8
a.C.)
3. “O melhor para o homem é viver com o máximo de alegria e o mínimo de tristeza, o que
acontece quando não se procura o prazer em coisas perecíveis.” – Demócrito (460 a.C.-370 a.C.)
4. “Toda e qualquer coisa tem seu vaivém e se transforma no contrário ao capricho tirânico da
fortuna.” – Sêneca (4 a.C.-65 d.C.)
5. “Uma vez que a vida é um tormento, a morte acaba sendo para o homem o refúgio mais
desejável.” – Heródoto (484 a.C.-430 a.C.)
Quais das citações aproximam-se tematicamente do soneto camoniano? Justifique sua resposta.
05. Em um determinado trecho do soneto, o eu lírico assinala a passagem de uma estação do ano para outra.
Transcreva os versos em que isso ocorre e identifique as estações a que eles fazem referência. Para o eu
lírico, tal passagem constitui um evento aprazível? Justifique sua resposta.
06.
Elipse: figura de sintaxe pela qual se omite um termo da oração que o contexto permite
subentender.
(Domingos Paschoal Cegalla. Dicionário de dificuldades da língua portuguesa, 2009. Adaptado.)
Transcreva o verso em que se verifica a elipse do verbo. Identifique o verbo omitido nesse verso.
Para o eu lírico, qual das mudanças assinaladas ao longo do soneto lhe causa maior perplexidade?
Justifique sua resposta, com base no texto.
2
Exercícios Complementares
07.
A sinestesia (do grego syn, que significa “reunião”, “junção”, “ao mesmo tempo”, e
aisthesis, “sensação”, “percepção”) designa a transferência de percepção de um sentido para
outro, isto é, a fusão, num só ato perceptivo, de dois sentidos ou mais.
(Massaud Moisés. Dicionário de termos literários, 2004. Adaptado.)
Transcreva o verso em que se verifica a ocorrência de sinestesia. Justifique sua resposta.
Reescreva o verso da terceira estrofe “que já coberto foi de neve fria”, adaptando-o para a ordem direta e
substituindo o pronome “que” pelo seu referente.
(*) AS RESPOSTAS ESPERADAS ÀS QUESTÕES SERÃO AFIXADAS NO MURAL DE SEU CORREDOR. SE
HOUVER DÚVIDAS, NÃO DEIXE DE PROCURAR O PROFESSOR/MONITOR.
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