XXII Seminário Nacional de Distribuição de Energia Elétri SENDI 2016 - 07 a 10 de novembro Curitiba - PR - Brasil Hugo Nazareno de Souza Cardoso Centrais Elétricas do Pará S/A [email protected] Guilherme Matias de Medeiros Centrais Elétricas do Pará S/A [email protected] Lucas Pinheiro de Moura Centrais Elétricas do Pará S/A [email protected] Glendo de Freitas Guimaraes Centrais Elétricas do Pará S/A [email protected] João Isaac Silva Miranda Centrais Elétricas do Pará S/A [email protected] Waleska Feitoza de Oliveira Centrais Elétricas do Pará S/A [email protected] Paulo Victor Ferreira Pinto Centrais Elétricas do Pará S/A [email protected] Protótipo de equipamento óptico para medição da corrente elétrica de uma linha de distribuição in loco utilizando Efeito Faraday. Palavras-chave Corrente Elétrica Efeito Faraday Linhas de Distribuição Sensores Ópticos e Optoeletrônicos Resumo O acompanhamento dos valores de corrente elétrica em linhas de distribuição por parte das concessionárias de energia elétrica é indispensável para manter a qualidade do serviço, a prevenção de perdas e a eficiência energética em tais companhias. Dessa maneira, com a crescente demanda por eficiência energética e a imposição de diversas leis por parte dos governos, as empresas do setor elétrico tem procurado equipamentos que auxiliem na obtenção dos parâmetros necessários para melhor gestão das redes de distribuição e um sensor que monitore a corrente elétrica de uma linha in loco é de grande interesse. Esse trabalho apresenta um medidor de corrente elétrica para linhas de 13,8 KV que opera de maneira fixa e envia as informações à companhia elétrica via rede GPRS. 1. Introdução Monitorar a corrente e a voltagem em sistemas elétricos, tais como, subestações, linhas de transmissão e distribuição, linhas de potência é tarefa importante por razões de tarifação, controle de consumo e proteção da rede elétrica (Reilly, J. Willshire, Fusiek, Niewczas, & R. McDonald, 2006), (M. Silva, et al., 2012) e (Werneck & Souza Abrantes, 2004) e, devido aos altos valores de corrente e tensão (até 2KA e 69KV), é necessário que esse 1/7 monitoramento seja realizado à uma distância segura ou por um equipamento fixo à linha. Nas últimas duas décadas, sensores baseados em transdutores ópticos tem despertado interesse em uma grande variedade de setores, tais como, setor elétrico, militar, biomédico, mecânico, e impulsionado a pesquisa científica nessas áreas de interesse (W. Domanski, 1997) e (Jr., Malewski, & Cassidy, 1977). Sensores ópticos possuem uma série de vantagens sobre técnicas convencionais de sensoriamento (M. Silva, et al., 2012), o que os tem tornado especialmente importantes em ambientes adversos, como sistemas elétricos de potência (Werneck & Souza Abrantes, 2004). Devido às características de alta classe de isolação, alta durabilidade e segurança nas medidas, sensores ópticos são interessantes para o setor elétrico, pois trata-se de um ambiente adverso e os equipamentos a operar nesse ambiente devem possuir robustez e durabilidade. Além de sensores ópticos, várias técnicas de medição de corrente já são amplamente utilizadas. Dentre elas é possível citar os sensores transformadores de corrente (CTS) e os alicates amperímetros. Sensores CTS possuem a desvantagem de apresentar a necessidade de desligamento da linha para sua instalação (Galliana & Capra, 2012). Já os alicates amperímetros não devem ser utilizados em ambientes de alta tensão, pois possuem baixa classe de isolação (Galliana & Capra, 2012). O presente trabalho descreve um sensor de corrente baseado em um transdutor totalmente óptico para aplicação em linhas de distribuição utilizando o cristal magnetoóptico Terbium Gallium Garnet (TGG) como elemento sensível ao campo magnético gerado pela corrente passante no fio. 2. Desenvolvimento 2.1. Transdutor Óptico O transdutor óptico apresentado na figura 1 é baseado em um cristal de Efeito Faraday, fenômeno eletro-óptico que altera a direção de polarização da luz de acordo com o campo magnético quando um dado material é submetido a esse campo. Dessa forma, é possível fazer uma relação entre o campo magnético gerado pela corrente passando no fio da linha de distribuição e a rotação da luz imposta pelo cristal. Um arranjo de polarizadores ópticos, fonte de luz e receptor óptico (fotodiodo) foi concebido para fazer a análise da rotação sofrida pela luz passante no cristal. Na figura 1 abaixo podemos observar como foi feito esse arranjo. 2/7 Figura 1 – Arranjo óptico e estruturação do transdutor. O transdutor acima detalhado é conectado à uma placa microcontrolada que faz recepção, tratamento e envio dos dados para um servidor. A placa é composta de circuito de filtragem e condicionamento do sinal, circuito de amplificação de sinal, conversor analógico-digital, microcontrolador para recepção e tratamento de dados e módulo GPRS para envio do sinal. A configuração transdutor/placa é fixada em uma caixa que faz o suporte do sensor no fio. Além do transdutor e da placa, uma bateria de 12 V é armazenada no interior da caixa do protótipo, para a alimentação. À caixa é fixada um painel fotovoltaico para a alimentação da bateria, o que permitirá que o protótipo do sensor possa ser instalado em localidades remotas. Na figura 2, abaixo, podemos observar o desenho da caixa e como os componentes supracitados são acomodados no protótipo. 2.2. Protótipo do Sensor. Figura 2- Visão geral detalhada do protótipo. A figura acima apresenta em detalhes como é a disposição dos elementos que compõe o protótipo do sensor remoto de corrente. Na figura 3, abaixo, é possível observar o sensor instalado em um fio com painel fotovoltaico acoplado. 3/7 Figura 3 – Protótipo do sensor instalado em um fio. Figura 4 – Instalação do protótipo em uma linha de distribuição da CELPA. 4/7 Figura 5 – Sensor de corrente instalado da linha de distribuição. 2.2. Diagrama de blocos do sistema Na figura 6 abaixo, pode-se observar o diagrama de blocos do arranjo sistema que compõe o protótipo apresentado nesse trabalho. A primeira etapa é de entrada do sinal advindo do transdutor, após essa etapa o sinal é condicionado por um filtro passa-baixa e um amplificador de baixo ruído, a seguir é convertido de analógico para digital para ser processado pelo microcontrolador. Após os dados serem processados, são enviados através de rede GPRS para um servidor que exibe as medidas de corrente calibradas em uma página url. 5/7 Figura 6 – Diagrama de blocos do sistema. 3. Resultados A figura 7 abaixo exibe a curva de resposta do sensor para uma variação de corrente de 0 a 500 A, onde pode-se observar que o sensor possui resposta linear para essa variação. O sinal observado na figura abaixo é resultado do circuito condicionador de sinal da placa embarcada no sensor, em relação ao diagrama apresentado na figura 6, é um sinal coletado entre o circuito amplificador e o conversor A/D. Figura 7 – Curva de resposta do sensor para uma variação de 0 a 500 A. 6/7 A partir dos dados obtidos pelo circuito condicionador de sinal, é feita uma curva de calibração tendo como base um sensor de corrente TRUE RMS de alta precisão, onde, a partir da curva de digressão, obtém-se a equação que irá determinar a corrente em relação à tensão de entrada no microcontrolador. 3. Conclusões Esse trabalho expõe a implementação de um sensor óptico de corrente elétrica para linhas de distribuição de energia. Utilizou-se de um transdutor totalmente óptico de alta classe de isolação elétrica em conjunto com um sistema embarcado que recebe o sinal, trata e transmite para um servidor web localizado na concessionária de energia elétrica, onde os dados são armazenados e exibidos para o usuário. Tais funcionalidades permitem o acompanhamento em tempo real do comportamento da corrente elétrica de uma linha de média tensão, possibilitando, assim, uma melhor gerência do sistema de distribuição de energia por parte das empresas. Em posse desses dados, é possível, também, fazer controle de perdas, tanto por furto de energia quanto por má qualidade da rede. 4. Referências bibliográficas de Nazaré, F. V., & Werneck, M. M. (2015). Compact Optomagnetic Bragg-Grating-Based Current Sensor for Transmission Lines. IEEE Sensors Journal, pp. 100-109. doi:10.1109/JSEN.2014.2337518 Galliana, F., & Capra, P. P. (2012, September). Traceable Technique to Calibrate Clamp Meters in AC Current From 100 to 1500 A. IEEE TRANSACTIONS ON INSTRUMENTATION AND MEASUREMENT, pp. 2512-2518. doi:10.1109/TIM.2012.2188660 Jr., R. E., Malewski, R. A., & Cassidy, E. C. (1977, 11). Optical Methods of Electrical Measurement at High Voltage levels. Proceedings Of The IEEE, pp. 1524-1548. M. Silva, R., Martins, H., Nascimento, I., M. Baptista, J., Lobo Ribeiro, A., L. Santos, J., . . . Frazão, O. (2012). Optical Current Sensors for High Power Systems: A Review. Applied Sciences, 602-628. Reilly, D., J. Willshire, A., Fusiek, G., Niewczas, P., & R. McDonald, J. (2006). A Fiber-Bragg-Grating-Based Sensor for Simultaneous AC Current and Temperature Measurement. IEEE SENSORS JOURNAL, 6, 1539-1542. _________________________________________ 7/7