A Paixão O triunfo da ressurreição P U BL IC AÇÕE S R BC Book_CG257_Paixa oCompPORT.indb 1 08.01.09 10:53:42 A Paixão — O triunfo da ressurreição ©2009 Ministérios RBC ISBN: 978-1-60485-104-5 Código: CG257 Referencias bíblicas extraídas da Versão de J. F. de Almeida Revista e Atualizada © 1993 Sociedade Bíblica do Brasil O texto inclui o acordo ortográfico conforme Decreto n.° 6.583/08. Impresso no Brasil/Printed in Brazil Book_CG257_Paixa oCompPORT.indb 2 08.01.09 10:53:42 Conteúdo Os dois ladrões 5 1. A paixão de Cristo Refletindo sobre as horas mais escuras da história por Herb Vander Lugt 7 2. Por que Cristo precisou morrer? por Ministérios RBC 47 3. Há vida após a morte? por Herb Vander Lugt 83 4.O perdão de Deus por Ministérios RBC E se for verdade o que significa isto para você? Book_CG257_Paixa oCompPORT.indb 3 117 157 08.01.09 10:53:42 Os dois ladrões A crucificação era uma tortura; tiras de couro e pregos eram usados para pendurar o condenado no madeiro. Como um animal indefeso enroscado numa cerca de arame farpado, a vítima poderia sobreviver por dias sofrendo dores excruciantes. A morte normalmente ocorria por sufocação, pois a vítima pendurada por suas mãos ia perdendo a força para inspirar. Três homens em três cruzes Na primavera do ano 33 d.C. a crucificação de três homens fora dos muros da cidade de Jerusalém mudou o curso da história do mundo. Os executores romanos martelaram os pregos através de seus pulsos e tornozelos e deixaram os três esperando a morte. O evento em si era comum no antigo Oriente Médio, porém 2.000 anos depois, o mundo ainda fala sobre aquelas três mortes. Encontrei uma explicação significativa para aquelas mortes escrita na contracapa de uma velha Bíblia. Em palavras memoráveis alguém escreveu: “Um homem morreu sentindo-se culpado e com a culpa sobre si. Um segundo homem morreu como pecador, mas sem a culpa Book_CG257_Paixa oCompPORT.indb 5 08.01.09 10:53:42 sobre si. O terceiro morreu com culpa sobre Ele, mas não era culpado.” Desde que encontrei esta citação juntei a ela; uma descrição tão simples quanto profunda de algumas diferenças entre essas mortes, que todos nós precisamos entender. Um morreu sentindo-se culpado e com a culpa sobre si O primeiro dos ladrões executados, naquele dia, pela lei recebeu a punição que merecia. Ele foi sentenciado e condenado por um juiz investido da autoridade de César, como uma casa que desmorona — como um ser inadequado. O primeiro ladrão parece que morreu com raiva. Ele deveria estar com raiva de si mesmo por ter sido pego. Ele estava com raiva do juiz que o sentenciou, e provaUm homem morreu sentindo-se velmente com todos que o culpado e com a decepcionaram ao longo de sua vida. Ele parecia estar culpa sobre si. Um especialmente com raiva de segundo homem um homem inocente chamorreu como mado Jesus que estava ali ao pecador, mas sem seu lado. a culpa sobre si. O primeiro ladrão não O terceiro morreu estava só no seu desprezo a com culpa sobre Jesus, outros compartilhavam do mesmo sentimento. Ele, mas não Era fácil ficar furioso com era culpado. alguém que clamava ser a luz 6 Book_CG257_Paixa oCompPORT.indb 6 08.01.09 10:53:42 e a esperança do mundo, e, que acabara pendurado como um criminoso comum, nem mesmo salvando-se da morte. Ele estava com raiva de Jesus por Ele ser incapaz de ajudar-se a si mesmo ou a qualquer outro (Lucas 23:39). O primeiro ladrão morreu com seu próprio pecado dentro de si e sobre ele. O outro morreu como pecador, mas sem a culpa sobre si Um segundo ladrão foi executado naquele dia. No início ele se juntou aos outros que ridicularizavam e insultavam Jesus. Por um momento, ele também zombou de Jesus com o desafio de salvar-se a si mesmo e a eles, se realmente fosse o Messias prometido (Mateus 27:37-44). Quando escureceu, no entanto, o segundo ladrão mudou seu coração. Virando-se para o primeiro ladrão, ele disse, “Nem ao menos temes a Deus, estando sob igual sentença? Nós, na verdade, com justiça, porque recebemos o castigo que os nossos atos merecem; mas este nenhum mal fez. E acrescentou: Jesus lembra-te de mim quando vieres no teu reino. Jesus lhe respondeu: Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso” (Lucas 23:40-43). Aquela pode ter sido uma das mais importantes conversas registradas. Essas poucas palavras demonstram o que o Novo Testamento declara: o perdão e a vida eterna são dados a todos os que creem em Jesus para o perdão de seus pecados. Nada mais, nada menos. A fé em Cristo, e somente a fé determina o nosso destino eterno (João 3:1618; Atos 16:31; Romanos 4:5; Efésios 2:8-9; Tito 3:5). 7 Book_CG257_Paixa oCompPORT.indb 7 08.01.09 10:53:42 O segundo ladrão não teve tempo para purificar sua vida. Ele não teve tempo de fazer nada mais, além de crer em Jesus. Mas no processo, ele nos demonstrou o que é necessário para fazer parte da família eterna de Deus. Em resposta a mais simples expressão de fé, Jesus garantiu-lhe o Seu perdão. O segundo ladrão morreu como pecador, mas sem a culpa sobre si. O Juiz dos céus retirou a culpa dos ombros do segundo ladrão, colocando-a sobre Jesus, nosso pagador de pecados. Um morreu com a culpa sobre Ele, mas não era culpado Jesus levou sobre Seus ombros a culpa do mundo naquele dia. Ele morreu com o peso dos pecados do mundo sobre ele, mas, sem ter cometido erro algum. Três dias depois, Ele ressuscitou dos mortos para mostrar que Sua morte, trágica como foi, não fora um erro. O corpo ressurreto de Jesus marcado de cravos deu a centenas de discípulos todas as evidências que precisavam para crer que Ele tinha tomado seus lugares morrendo na cruz. O julgamento de Deus caiu sobre Ele ao invés de nós. Acho incrível que esta também seja a nossa história. Nós estávamos lá, porque o Deus estava lá em nosso lugar, suportando nossos pecados. Também estávamos lá, porque todos nós responderemos ou como o primeiro, ou como o segundo ladrão. As palavras não fazem diferença, a fé faz. Se você não tem essa fé, mas quer tê-la, peça a Deus para que lha 8 Book_CG257_Paixa oCompPORT.indb 8 08.01.09 10:53:42 conceda. Você não será o primeiro a clamar, “Ajuda-me na minha falta de fé!” (Marcos 9:24). Pai Celeste, obrigado por ajudar-nos a ver que esta é a Tua história. No sofrimento do Teu Filho, vemos o Teu sofrimento e o Teu amor por nós. Na Sua morte, nós vemos o pagamento pelos nossos erros, e Teu oferecimento de perdão. Na Sua ressurreição, nós vemos a garantia de que estás completamente satisfeito com o preço que Jesus pagou por nós. E Pai, obrigado por também nos ajudar a ver que esta é a nossa história. No primeiro ladrão, vemos nosso primeiro desejo de odiar, rejeitar Teu amor, deixar nossa raiva nos afastar de ti e dos outros. Obrigado por tocar nossos corações, pois desta maneira podemos nos ver como o segundo ladrão, que caiu em si antes de ser tarde demais. —Mart De Haan 9 Book_CG257_Paixa oCompPORT.indb 9 08.01.09 10:53:42 1 A paixão de Cristo Refletindo sobre as horas mais escuras da história N enhum momento na História merece mais tempo de reflexão do que as horas do sofrimento de Cristo, pouco antes da Sua morte. Os anjos nos céus devem ter silenciado quando o Senhor do universo sofreu em dimensões tão imensas que são impossíveis de serem retratadas numa tela de cinema ou apresentação teatral. O que aconteceu nas sombras escuras e retorcidas das oliveiras pode levar nossos corações não somente a uma assombrosa tristeza, mas a uma vida inteira de gratidão. Nas páginas a seguir, Herb V. Lugt utiliza os estudos realizados em sua vida e ministério pastoral para refletir sobre o significado daquilo que o mundo está reconhecendo, mais uma vez, como a Paixão de Cristo. Martin R. De Haan Book_CG257_Paixa oCompPORT.indb 11 08.01.09 10:53:42 Quando as trevas reinaram É quinta-feira à noite em Israel. Num jardim situado fora das muralhas de Jerusalém, a lua cheia da Páscoa dos judeus lança sombras por entre os galhos retorcidos das oliveiras. Jesus readquiriu Sua compostura, após um período de intensa angústia emocional. O cintilar das tochas e o som de muitos passos anunciam a chegada de soldados romanos, liderados por um grupo de líderes religiosos. Vieram para prender Jesus, sob acusação de blasfêmias. Um homem chamado Judas dá um passo à frente e identifica o seu amigo e mestre, com um beijo de traição. Jesus confirma: “Sou eu.” Com estas palaA prisão de Jesus vras, o grupo de soldados se marca o início do detém. Jesus os repreendeu momento mais gentilmente, e permitiu escuro da História. que o prendessem. Ao fazer isto, Ele diz: “Esta, porém, Mas Deus agia até na escuridão. é a vossa hora e o poder das trevas” (Lucas 22:53). A prisão de Jesus marca o início do momento mais escuro da História. Mas Deus agia até na escuridão. 12 • A paixão de Cristo: Refletindo sobre as horas mais escuras da história Book_CG257_Paixa oCompPORT.indb 12 08.01.09 10:53:42 A luta de Cristo nas trevas J ohn Wesley disse a respeito dos seguidores de Cristo: “Nossa gente morre bem.” Muitos morrem assim, mesmo nos tempos mais difíceis. A história nos conta de homens e mulheres que permaneceram serenos, até alegres, ao enfrentar a morte como mártires. Milhões escolheram calmamente a tortura e execução, acima da deslealdade ao seu salvador. Mas, por certo tempo, no Jardim do Getsêmani, Jesus não demonstrou tal tranquilidade. Os relatos dos Evangelhos retratam-no profundamente atribulado e angustiado na véspera do Seu julgamento e crucificação. Ele pediu que Pedro, Tiago e João o acompanhassem e orassem por Ele. Então, separou-se deles por curta distância, caiu ao chão e orou. Mas, ao invés de permanecer um longo período em oração, como tantas vezes fizera no passado, Ele logo voltou para onde estavam os Seus discípulos, sentindo aparentemente a necessidade da sua companhia. Isto aconteceu três vezes. Conforme o escritor de Hebreus, “...tendo oferecido, com forte clamor e lágrimas, orações e súplicas” (5:7). Há quem interprete a amargura de Jesus de maneira errada. Alguns contrastaram a Sua angústia com a resolução de Sócrates, do qual diz-se que obedeceu calmamente a ordem de suicidar-se, bebendo cicuta. Criticam o alto brado de Jesus, na cruz: “Meu Deus! Meu Deus! Por que me desamparaste?” (Mateus 27:46), dizendo que reflete uma desilusão devastadora e extremo desespero. Mas, em A Paixão – O triunfo da ressurreição • Book_CG257_Paixa oCompPORT.indb 13 13 08.01.09 10:53:42 sua própria cegueira, muitos cerraram os olhos para o significado do que foi revelado naquela noite e no dia que a seguiu. Eles não reconheceram que Deus e Satanás estavam, naqueles momentos, envolvidos na batalha crucial da Guerra de todos os tempos. Nas páginas a seguir veremos como Deus, Satanás, os discípulos e os inimigos de Jesus, todos contribuíram para a angústia indescritível que Jesus suportou naquela quinta-feira tenebrosa e, na mais tenebrosa ainda, “Sexta-feira Santa”. Deus nas trevas P ais amorosos fazem tudo o que podem para proteger os seus filhos de dores desnecessárias. Mas, segundo a Bíblia, Deus Pai intensificou deliberadamente a angústia mental e as dores físicas do Seu Filho, durante as Suas últimas 15 horas de vida. Isaías 53:9-10, escrito aproximadamente 700 anos antes, diz: “...posto que nunca fez injustiça, nem dolo algum se achou em sua boca. Todavia, ao Senhor agradou moê-lo, fazendo-o enfermar...”. Mais ou menos 25 anos após a crucificação de Jesus, o apóstolo Paulo escreveu, “Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós; para que, nele, fôssemos feitos justiça de Deus” (2 Coríntios 5:21). Estas são palavras chocantes. Por que Deus “moeria” intencionalmente Seu Filho inocente? O que Paulo quis dizer quando escreveu que “Aquele que não conheceu 14 • A paixão de Cristo: Refletindo sobre as horas mais escuras da história Book_CG257_Paixa oCompPORT.indb 14 08.01.09 10:53:42 pecado, ele o fez pecado por nós”? Para responder a estas perguntas e começar a entender o sofrimento no Getsêmani, precisamos ver o significado da palavra morte em Romanos 6:23: “Porque o salário do pecado é a morte.” Vendo a nossa necessidade Como “salário do pecado”, a “morte” envolve mais do que o processo físico de morrer. O elemento mais importante na “morte”, como “salário do pecado”, é espiritual ao invés de físico. Paulo escreveu para as pessoas cristãs de Éfeso, “Ele vos deu vida, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados, nos quais andastes outrora” (Efésios 2:1-2). Observe que os efésios estavam “mortos” enquanto ainda viviam. Conforme a Bíblia, toda pessoa, antes da salvação, está espiritualmente alienada de Deus. Esta é razão da súplica de Paulo, “Reconcilieis com Deus” (2 Coríntios 5:20). Para nos redimir e nos dar a possibilidade de estarmos espiritualmente vivos — em contato com Deus — Jesus, como nosso substituto, tinha que experimentar ambas as mortes, a física (a separação da alma do corpo) e a morte espiritual (a separação ou alienação de Deus). Quando as pessoas rejeitam o Evangelho, permanecem espiritualmente mortas. E quando passam para a eternidade, sozinhos e sem Cristo, experimentam “a segunda morte” (Apocalipse 20:14). Esta separação eterna de Deus é o que constitui a essência do inferno. Portanto, quando Paulo disse que “Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós”, ele quis dizer que Deus tratou o Seu Filho, sem pecado, como se fosse um pecador. Ele fez A Paixão – O triunfo da ressurreição • Book_CG257_Paixa oCompPORT.indb 15 15 08.01.09 10:53:43 com que Jesus experimentasse a morte física e a desolação do inferno (a segunda morte). Em Gálatas 3:13 Paulo expressou esta verdade, quando escreveu: “Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se ele próprio maldição em nosso lugar (porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado em madeiro)”. Fazendo um sacrifício por nós Com isto em mente, vamos retornar ao Getsêmani. Vemos Jesus dizer: “A minha alma está profundamente triste até à morte” (Mateus 26:38). A angústia o assolou. Muitas vezes havia passado longas noites falando e encontrando forças em Seu Pai. Mas esta noite foi diferente. Ele se levantou três vezes à procura de Seus discípulos. Ele não estava encontrando satisfação por meio da oração. Em lugar disso, Ele sentiu que Seu Pai estava começando a afastar-se dele. Este era o “cálice” que Ele temia (v.39). Seria bem mais fácil para Ele sofrer a dor física, associada à morte, se pudesse fazê-lo estando em comunhão com Seu Pai. Lucas descreveu somente a terceira oração de nosso Senhor, mas acrescentou um detalhe que não é mencionado em nenhum outro lugar: “Então, lhe apareceu um anjo do céu que o confortava. E, estando em agonia, orava mais intensamente. E aconteceu que o seu suor se tornou como gotas de sangue caindo sobre a terra.” (Lucas 22:43-44). Observe que a vinda do anjo tanto o fortaleceu como aumentou a Sua angústia. Por um lado, o anjo aparentemente ajudou Jesus assegurando-lhe que, apesar do pai ser obrigado a afastar-se da Sua 16 • A paixão de Cristo: Refletindo sobre as horas mais escuras da história Book_CG257_Paixa oCompPORT.indb 16 08.01.09 10:53:43 presença, as hostes celestiais estavam lhe assistindo, Para redimir-nos, maravilhados e sem fôlego. era necessário que Do outro lado, a vinda do o Filho enfrentasse anjo aumentou-lhe angúsum teste severo sem tia, talvez porque lhe lemter pecado, e sofrer brou que Deus estava reala morte com todo mente se afastando dele. o seu horror. Em vez de se dirigir diretamente a Ele, o Pai falou por meio de um de Seus servos. Jesus estava começando a experimentar a desolação do inferno. Sim, Ele havia escolhido submeter-se a toda a dor e vergonha que esperavam por Ele, sem a ajuda de Seu próprio poder divino, sem o conforto do Espírito Santo e sem o apoio do Seu Pai celestial. Aproximadamente 14 horas depois, após estar por quase seis horas na cruz, a intensidade da angústia espiritual de nosso Salvador arrancou dele o grito: “Meu Deus! Meu Deus! Por que me desamparaste?” (Marcos 15:34). Depois de receber um pouco de vinagre de um soldado romano, Jesus compreendeu que Ele havia esvaziado o cálice da ira de Deus contra o pecado. Isto trouxe um brado triunfante dos Seus lábios: “Está consumado!” (João 19:30). Tudo o que ainda lhe restava era morrer fisicamente: “Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito” (Lucas 23:46). Ele curvou a cabeça e entregou o Seu espírito (João 19:30). Ao refletirmos sobre esta cena, não podemos deixar de pensar na dor que o Pai e o Espírito Santo devem ter A Paixão – O triunfo da ressurreição • Book_CG257_Paixa oCompPORT.indb 17 17 08.01.09 10:53:43 sentido quando viram o Filho, o outro membro da trindade eterna, sofrer e morrer daquela maneira — abandonado e sozinho. Como devem ter desejado ir ao Seu encontro, tocá-lo e dizer: “Estamos aqui contigo!” Mas para redimir-nos, era necessário que o Filho, que se havia tornado um membro da família humana, enfrentasse um teste severo sem ter pecado, e sofrer a morte com todo o seu horror. Que amor incrível! Satanás nas trevas O arqui-inimigo de Deus também estava agindo em meio ao terrível sofrimento de Jesus no Getsêmani. A princípio, o ser mais exaltado criado por Deus, Satanás havia liderado uma rebelião contra o Deus dos céus nos tempos pré-históricos. A Bíblia não nos dá detalhes, mas as misteriosas odes ao rei da Babilônia, em Isaías 14, e ao rei de Tiro, em Ezequiel 28, aparentemente contêm alusões à queda da criatura tenebrosa que estava manipulando estes reis para os seus próprios sinistros propósitos. O príncipe das trevas odiava sem qualquer dúvida a Jesus, porque sabia dos dois propósitos da missão de Jesus: “salvará o seu povo dos pecados deles” (Mateus 1:21) e “destruir as obras do Diabo” (1 João 3:8). Vendo o perigo da cruz Eu não creio que o diabo e seus demônios se regozijaram quando Jesus estava sendo pregado na cruz. Eles o queriam 18 • A paixão de Cristo: Refletindo sobre as horas mais escuras da história Book_CG257_Paixa oCompPORT.indb 18 08.01.09 10:53:43 morto, mas não crucificado. Eles sabiam que se Cristo fosse à cruz Ele estaria pagando o preço do pecado e quebraria o poder da morte. O príncipe das trevas sem dúvida estava por detrás da ordem do rei Herodes de matar todos os bebês em Belém (Mateus 2:16). É possível que ele também tivesse tentado matar Jesus no Getsêmani, quando a Sua dor interior fora tão grande que “o seu suor se tornou como gotas de sangue caindo sobre a terra” (Lucas 22:44). Mas parece que o inimigo de Deus gastou a maior parte da sua energia em repetidas tentativas de evitar que Jesus cumprisse um sacrifício perfeito. Este foi claramente o seu alvo quando ele e Jesus, por ordem divina, se confrontaram no deserto. Após descrever o batismo de Jesus, Marcos disse, “E logo o Espírito o impeliu para o deserto, onde permaneceu quarenta dias, sendo tentado por Satanás” (Marcos 1:12-13). Tentando evitar que sacrifício perfeito ocorresse A primeira tentação da qual ouvimos falar veio depois que Jesus esteve no deserto, sem comer, por quarenta dias. Sabendo que Jesus estava extremamente faminto, Satanás se aproximou dele: “Se és o Filho de Deus, manda que estas pedras se transformem em pães” (Mateus 4:3). Ele impeliu Jesus a demonstrar o Seu próprio poder, sem considerar a vontade do Pai. Jesus respondeu, citando Deuteronômio 8:3: “não só de pão viverá o homem, mas de tudo o que procede da boca do Senhor.” Em Deuteronômio, Moisés estava lembrando os Israelitas de que Deus os havia humilhado, tornando necessário A Paixão – O triunfo da ressurreição • Book_CG257_Paixa oCompPORT.indb 19 19 08.01.09 10:53:43 que vivessem do maná, em lugar de uma comida que eles mesmos pudessem prover por esforço próprio. O propósito era de ensiná-los a confiarem mais em Deus do que nos seus próprios esforços. Jesus viu a Sua fome como algo planejado pelo Pai, e por isso não iria saciá-la, fazendo as coisas por conta própria. Ele tinha deixado de lado o exercício independente do Seu poder, como Deus, de maneira que pudesse viver como um frágil ser humano. Ele o fez para poder experimentar as provas da vida, assim como nós. Escolheu depender de Deus, assim como nós. Ele se negou a violar este compromisso para satisfazer de forma milagrosa a Sua fome. A segunda tentativa de Satanás para interromper a missão de Cristo foi menos sutil. De forma sobrenatural, ou por meio de uma visão, o diabo levou Jesus ao ponto mais alto do templo. Ele sugeriu que Jesus saltasse de lá (uma queda de 150 metros) lembrando-o do Salmo 91:11-12: “Porque aos seus anjos dará ordens a teu respeito, para que te guardem em todos os teus caminhos... para não tropeçares nalguma pedra”. Talvez Satanás estivesse sugerindo que a presença de anjos, livrando Jesus da morte certa, impressionaria tanto as massas ao redor do templo, que as pessoas iriam aceitá-lo instantaneamente como o Messias prometido. Mas Jesus respondeu citando Deuteronômio 6:16: “Não tentarás o Senhor, teu Deus”. A terceira tentativa do diabo de evitar que Jesus fosse à cruz foi mais direta. Foi descarada e ousada. Do alto de uma montanha (novamente, seja pelo poder sobrenatural ou por uma visão), o diabo mostrou todos os reinos 20 • A paixão de Cristo: Refletindo sobre as horas mais escuras da história Book_CG257_Paixa oCompPORT.indb 20 08.01.09 10:53:43