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XIX Simpósio Nacional de Ensino de Física – SNEF 2011 – Manaus, AM
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MATERIAL SOBRE ASSOCIAÇÃO DE RESISTORES PARA O
ENSINO DE ALUNOS COM DEFICIÊNCIA VISUAL E AUDITIVA
Éder Alves Pereira1, Jefferson Yoshio Ocawada2, Rodolfo Cesar Cestari3, Eder
Pires de Camargo4, Paola Trama Alves dos Anjos5
1 Faculdade
de Engenharia, UNESP – Univ Estadual Paulista, Campus de Ilha Solteira, Departamento
de Física e Química. E-mail: [email protected]
2 Faculdade
de Engenharia, UNESP – Univ Estadual Paulista, Campus de Ilha Solteira, Departamento
de Física e Química. E-mail: [email protected]
3 Faculdade
de Engenharia, UNESP – Univ Estadual Paulista, Campus de Ilha Solteira, Departamento
de Física e Química. E-mail: [email protected]
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Faculdade de Engenharia, UNESP – Univ Estadual Paulista, Campus de Ilha Solteira, Departamento
de Física e Química e Faculdade de Ciências, UNESP – Univ Estadual Paulista, Campus de Bauru,
Programa de Pós-Graduação em Educação para a Ciência (Área de concentração: Ensino de
Ciências). E-mail: [email protected]
de Ciências, UNESP – Univ Estadual Paulista, Campus de Bauru, Programa de PósGraduação em Educação para a Ciência (Área de concentração: Ensino de Ciências). E-mail:
[email protected]
5 Faculdade
Apoios: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ);
Núcleo de Apoio ao Ensino de Ciências e matemática de Ilha Solteira (NAECIM);
Grupo de Pesquisa em Ensino de Ciências e inclusão escolar (ENCINEwww.fc.unesp.br/encine)
Referência do texto: PEREIRA, E.A., OCAWADA, J.Y., CESTARI, R.C., CAMARGO,
E.P., ANJOS, P.T.A. Material sobre associação de resistores para o ensino de alunos
com deficiência visual e auditiva. In: Simpósio Nacional de Ensino de Física, 19, 2011,
Manaus. Atas do XIX Simpósio Nacional de Ensino de Física. Manaus: SBF, 2011.
Resumo
Alunos com ou sem deficiências costumam sentir dificuldade em entender o que se
passa em um circuito de resistores, por exemplo, o que acontece com a corrente, com a
tensão, e como isto se relaciona com nossos artefatos tecnológicos do dia a dia. Nesse
sentido, elaboramos um circuito série e um circuito paralelo a ser trabalhado com alunos
deficientes visuais e auditivos (além dos alunos sem deficiência), visto que, enfatizamos as
percepções visual, auditiva e tátil. Após montarmos, junto com os alunos, os circuitos em
série e em paralelo, explicaremos o fenômeno ocorrido naquela situação e sistematizaremos
as idéias envolvidas em equações para que este aluno possa trabalhar conosco as
resistências equivalentes dos respectivos circuitos. Para os alunos com deficiência visual,
uma lousa de alumínio e imãs com números em braile fixados poderão dar uma perspectiva
alternativa do que é trabalhar com equações matemáticas (TATO, 2009). Enfatizaremos que
quando lidamos com resistores em série, a corrente do circuito se mantém constante e
acontece, em cada resistor, um decaimento da diferença de potencial, e que quando
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utilizamos resistores em paralelo à diferença de potencial é constante e o que decai, em
cada resistor, é a corrente elétrica.
Palavras-chave: Ensino de física, deficiência visual, deficiência auditiva, associação
de resistores.
1. Introdução
Tendo em vista a dificuldade que os alunos possuem em relação ao
aprendizado dos conceitos envolvidos na associação de resistores, priorizamos uma
relação prática entre os alunos e o processo mencionado. Além das percepções
visuais e auditivas, segundo Soler (1999) o tato é um elemento fundamental para
uma melhor percepção de fenômenos, situações e contextos. Por isto, no material
desenvolvido, ele é considerado e utilizado.
Assim, desenvolvemos um material para o ensino de associação de
resistores, adequado à alunos com deficiência visual e auditiva e para alunos sem
deficiência. Buscamos com este material proporcionar situações de aprendizagem e
motivação, já que nossa expectativa é envolver multissensorialmente os discentes
na descrição fenomenológica das associações de resistores.
Com este material podemos abranger várias ideias. É possível abordar
conceitos sobre lei de Ohm, resistência elétrica, corrente elétrica, circuitos em série
e circuitos em paralelo.
Alguns conteúdos, como a lei de ohm e associação de resistores, receberão
do ponto de vista matemático, uma ênfase diferenciada, pois equacionaremos e
deixaremos com que os alunos com deficiência visual trabalhem em Braile as
formulações matemáticas (peças em imãs no quadro de alumínio). A manipulação
de representações de resistores também é uma das áreas a serem aprofundadas,
juntamente com circuitos em série e paralelo.
Neste trabalho enfocaremos três percepções sensoriais: tato, visão e
audição.
2. Metodologia
Inicialmente, apresentaremos uma introdução de circuitos em série e em
paralelo, destacando que em série a corrente que passa pelos resistores é a mesma
e que a diferença de potencial do resistor equivalente é a soma das diferenças de
potencial de cada resistor da associação. Para o caso da associação em paralelo, a
diferença de potencial é a mesma para cada resistor e a corrente que passa pela
resistência equivalente corresponde à soma das correntes que passam por cada
resistor. Na sequência, passaremos à etapa de montagem dessas associações.
Nesse momento, a função docente é a de auxiliar os alunos, pois os mesmos devem
ter liberdade no processo. Quando fechados, os circuitos acionarão um bip e uma
luz, e estes terão uma variação de intensidade se ligados em série ou em paralelo
(diferentes percepções, visual e auditiva).
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Em um segundo momento, o aluno com deficiência visual trabalhará com as
equações no quadro de alumínio. Para tanto, estarão disponíveis, em peças de imã:
sinais de “igual”, “mais”, “multiplicação” e “fração”. Além desses sinais, também
estarão disponíveis símbolos representando as resistências, bem como, alguns
valores numéricos para que os cálculos sejam efetuados. Este procedimento
fundamentou-se no trabalho de Tato (2009) que desenvolveu material para que
deficientes visuais realizassem cálculos de tal forma que os procedimentos: cálculos,
registros dos mesmos e raciocínio fossem realizados simultaneamente. Dessa
forma, supriu-se uma dificuldade inerente à realização de cálculos em Braile que não
proporciona tal simultaneidade.
2.1. Descrição do material
20 Pinos banana
61 Borns
Placa de madeira (MDF) de dimensões 1,5x0,5m
Chapa de alumínio de dimensões 0,5x0,5m
Oito resistores de 100 Ohms
Quatro baterias de 1,5V
Oito leds verdes de alto brilho
Um bip (buser)
Cano PVC (0,5 polegadas de diâmetro e 40cm de altura)
Tampa para o cano (caps de 0,5 polegada)
Dez metros de cabo de 0,5mm
Duas dobradiças pequenas
Imãs (redondos – 0,5cm de diâmetro – e em forma de fita – 0,5m)
Lixas (quatro texturas)
Para a montagem, utilizamos também alicates, chaves de fenda, furadeira e
ferro de solda. Os materiais podem ser encontrados em casas de materiais elétricos,
marcenarias e lojas de construção.
Começamos a montagem do material fixando os pinos Borns, a bateria, o bip
e os leds na placa de madeira como ilustra a Figura 1. Chamamos a atenção para
que se observe que de um lado foram fixados 3 bornes juntos, onde será montado o
circuito paralelo e de outro lado dois, onde será montado o circuito em série e em
cima dos leds colocamos um fundo de garrafa para melhorar a percepção visual.
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Figura 1: Início da montagem do material
O segundo passo consiste em ligar os pinos por trás da placa. Essa ligação
pode ser feita de várias maneiras, uma delas é a que mostramos na figura 2.
Dividimos a madeira em duas partes sendo uma para o circuito em paralelo e outra
para o em série. A ligação dos fios é feita de modo que quando se liga o circuito em
série, os resistores fiquem em série com a lâmpada e com o bip chegando assim
uma corrente menor, proporcionando uma percepção tanto visual quanto auditiva
para o circuito em série (o bip ficará mais “fraco” assim como a luminosidade da
lâmpada). Quando ligados em paralelo, eles ficarão em paralelo com a lâmpada e o
bip. Assim, uma corrente maior passará nesta associação (Proporcionando também
uma percepção visual e auditiva diferente para o circuito em paralelo) o bip ficará
mais “forte” assim como a luminosidade da lâmpada.
Figura 2: Ligação dos fios por trás da placa
Partimos então para a montagem dos cabos e dos resistores. Utilizamos
nesse processo, pedaços do fio, os pinos banana, pedaços do cano e as lixas.
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Estas darão textura ao resistor no intuito de diferenciá-los tatilmente, assim como
analogamente fazemos com resistores comuns quando verificamos a regra de cores.
Dessa forma, o aluno com ou sem deficiência visual poderá relacionar o valor da
resistência com a textura (usamos a textura mais áspera para o maior valor de
resistência).
Os resistores foram “ampliados”, pois, os mesmos, em seus tamanhos
originais são muito pequenos o que dificulta a percepção tátil. Para tanto, utilizamos
cano de PVC para representar o resistor. Dentro de cada um deles, se encontram
dois resistores ligados em série. Em cada ponta dos resistores, foi soldado um fio
saindo pela ponta dos canos. Nesses fios foram soldados os pinos banana (figura 3).
Figura 3: Imagem dos cabos e resistores
Fixamos com dobradiças, também na placa de madeira, a chapa de alumínio
que será utilizada como uma lousa para que os alunos com deficiência visual
efetuem as contas com os números e símbolos em braile (imãs).
A construção dos sinais e valores deve ser feita de forma antecipada. Utilize
os ímãs circulares. Procure um professor de sala de recurso conhecedor do Braile.
Solicite que o mesmo escreva, em Braile, alguns valores numéricos (por ex. de 1 a
10) e várias letras “R”. Cole nas peças imantadas, os valores numéricos e as letras
“R”. Recorte peças da fita imantada (quantas forem necessárias) com as seguintes
dimensões: 1x1cm. Os sinais de “mais”, “menos”, “multiplicação” e “divisão” devem
ser feitos em alto relevo nos fragmentos da fita imantada. Faça isto se utilizando de
cola. Barras para representar as frações podem ser construídas com o mesmo
material imantado. A construção das equações matemáticas seguirá a mesma lógica
dos registros visuais utilizados nos cálculos de associação em série e paralelo. Isto
facilitará o processo de realização de cálculo por parte do deficiente visual, pois lhe
proporcionará condições de simultaneidade entre raciocínio, registro dos cálculos e
revisão do que já foi efetuado para o prosseguimento do processo (figura 4).
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Figura 4: Material para construção de equações matemáticas
Figura 5: Experimento pronto
3. Discussão
3.1. Utilização do material em sala de aula:
Pode-se discutir junto com os alunos os seguintes temas:
a) Como ficaria um circuito em série e em paralelo, o porquê da intensidade
da luz e do som do bip diminuir quando os resistores estão ligados em série e ser
maior quando ligado em paralelo?
b) O professor pode colocar os alunos à sua volta para que todos possam
observar o que está acontecendo em relação às associações. O aluno com
deficiência visual terá o referencial auditivo de observação. O aluno com deficiência
auditiva terá o referencial visual. Já os alunos sem deficiência terão dois referenciais
observacionais.
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c) Para o caso do aluno com deficiência visual (em relação aos cálculos de
associação de resistores), o professor pode utilizar-se da lousa e das peças
imantadas.
4. Conclusão
O desenvolvimento deste material multissensorial permite a plena
participação dos alunos com deficiências visuais e auditivas nas aulas de Física,
favorecendo ainda, a utilização de outros referenciais além do visual pelos alunos
sem deficiências.
Um obstáculo que pode surgir entre docente e os alunos com deficiência
auditiva (alunos surdos) é o da comunicação. Porém, em relação a esse processo,
duas são as possibilidades que se devem discutir: em primeiro lugar, pode o docente
conhecer a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS). Isto já é previsto na lei
10.436/2002, ou seja, a implantação, nos cursos de licenciatura, de disciplina que
capacite o docente em relação ao conhecimento da LIBRAS para sua comunicação
com os alunos com deficiência auditiva. Em segundo lugar, de acordo com o decreto
5.626/2005, é possível contar com a presença de intérprete de LIBRAS em sala de
aula. Este intérprete ficaria responsável por comunicar as informações entre docente
e discente com deficiência auditiva. Em ambas as situações, cabe o questionamento
sobre a potencialidade da LIBRAS para veicular significados científicos. Para o caso
do intérprete, importante se faz considerar seu conhecimento sobre o tema
abordado, pois, este profissional, não necessariamente conhece os significados dos
fenômenos físicos abordados. Essas situações são muito importantes e carentes de
investigação.
4. Referências Bibliográficas
BRASIL. Lei nº 10.436, de 24 de Abril de 2002. Dispõe sobre a Língua
Brasileira de Sinais – LIBRAS e dá outras providências. Diário Oficial da União,
Brasília, DF, n. 79, 25 Abr. 2002. Seção 1, p.23
BRASIL. Decreto nº 5.626, de 22 de Dezembro de 2005. Regulamenta a Lei
nº 10.436, de 24 de Abril de 2002, que dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais –
LIBRAS, e o art. 18 da Lei nº 10.098, de 19 de Dezembro de 2000. Diário Oficial da
União, Brasília, DF, n. 246, 23 Dez. 2005. Seção 1, p.28
SOLER, M.A. Didáctica multisensorial de las ciencias, Barcelona,
Ediciones Paidós Ibérica, S.A, p. 237, 1999.
TATO, A.L. Material De Equacionamento Tátil Para Usuários Do Sistema
Braille, 2009. 84f. Dissertação (mestrado). Centro Federal de Educação Tecnológica
“Celso Suckow da Fonseca” (CEFET/RJ), Rio de Janeiro, Rio de Janeiro.
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