JC e-mail 3270, de 24 de Maio de 2007. 3. Especialistas

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JC e-mail 3270, de 24 de Maio de 2007.
3. Especialistas apresentam diferentes visões sobre
aquecimento global
Ao mesmo tempo que meteorologistas prevêem neve na
serra catarinense e recorde de temperatura baixa para o
mês de maio, na UFSC um seminário discute mudanças
climáticas e modelos de previsão
Na manhã dessa quarta-feira (23/5), conceituados
pesquisadores de várias instituições do país apresentaram
interpretações científicas para o fenômeno do
aquecimento global e debateram futuras projeções
meteorológicas para o planeta e suas implicações no sul
do Brasil.
O evento faz parte da 28a Semana de Geografia, que
acontece até sexta-feira no auditório do Centro de
Filosofia e Ciências Humanas (CFH).
Aquecimento
O primeiro palestrante foi Francisco Eliseu Aquino, da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), que
desde 1995 vem monitorando as variações climáticas na
Antártida e suas implicações para o hemisfério sul.
Com uma formação interdisciplinar em geografia,
climatologia e glaciologia, Aquino defende que as
mudanças no clima provocadas pelo aquecimento global
estão provocando acentuadas perdas de massas de gelo.
Neste sentido, destacou a importância das regiões polares
para o equilíbrio do clima, pois 90% do gelo da terra está
concentrado na Antártida. Ele apresentou vários relatórios
para comprovar que nos últimos 15 anos a perda de gelo
foi acelerada, sustentando com isso o aumento da
temperatura global.
O pesquisador defendeu os glaciais como o melhor arquivo
histórico natural do planeta, pois acumulam fiéis
indicativos sobre impurezas e temperaturas médias que
ocorreram no passado.
"Uma vez que as atividades humanas interferem no
sistema natural, alterando a química na atmosfera, o gelo
acumulado nos pólos torna-se preciosa ferramenta de
pesquisa", disse o professor.
Como as últimas décadas foram muito quentes, Aquino faz
projeções para o aumento de 4 a 6 graus na temperatura
do planeta nos próximos cem anos. Atribui isto ao
decréscimo do gelo marinho o que acaba gerando
transferência de calor para outras regiões.
Francisco Aquino também avaliou as correlações entre a
Antártida e as variações climáticas no Rio Grande do Sul.
Constatou um aumento médio de 1,5 graus na
temperatura nos últimos cinco invernos gaúchos.
"A terra está aquecendo em conseqüência das atividades
humanas. Com as geleiras derretendo rapidamente é
visível a evidência do aquecimento global", finalizou o
pesquisador.
Mudanças Cíclicas
Contrariando as previsões anteriores, o professor Luiz
Carlos Molion, da Universidade Federal de Alagoas (UFAL),
mostrou vários gráficos defendendo mudanças cíclicas no
clima global, com períodos quentes e frios alternando
desde a década de 1920.
Confrontando os dados apresentados anteriormente e de
outras instituições de pesquisa, Molion questiona: "Se nos
últimos 500 anos a temperatura se manteve baixa, por
que agora o aquecimento deve ser atribuído à atividade
humana? Demonstrou que a partir de 1946 tivemos um
acentuado aquecimento no planeta maior que temos hoje,
período em que a emissão de gases era inexpressiva
comparada à atual.
Além das pesquisas climáticas, o professor mostrou à
platéia três capas da revista Times, com a publicação
norte-americana alertando sobre o tempo: "Em 1945
estávamos derretendo, em 1977 congelando e em 2006
novamente morrendo de calor".
O pesquisador ainda deteve-se a apresentar várias falhas
nos modelos de previsão meteorológica, criticando a mídia
pelo fato de seguir as mesmas tendências. Projetou que
até 2020 o sol produzirá menos energia. Portanto,
sustentou que o clima deve esfriar nos próximos anos.
Para ele estamos vivendo um período de resfriamento
desde 1998.
O professor alagoano criticou o discurso do aquecimento
global antropogênico: "Quem tem interesse nisso?
Provavelmente o americano Al Gore que recebeu 200 mil
dólares do Banco Itaú para fazer suas palestras no Brasil",
criticou.
Molion acha temeroso dizer que o homem é responsável
pelo aquecimento do clima, defendendo como um
fenômeno normal o aquecimento que ocorreu na última
década.
O último palestrante foi Gilvan Sampaio de Oliveira, do
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, Inpe. O
pesquisador iniciou fazendo uma ressalva entre as teses
antagônicas defendidas anteriormente, enfatizando que é
justamente o papel da ciência explorar o contraditório.
Demonstrando que os modelos de previsão climática
evoluíram nas últimas décadas, superando previsões
intuitivas dos meteorologistas do antepassado, Gilvan
procurou explicar detalhadamente uma série de fatores
que afetam o clima.
"Tudo influencia na previsão, desde fatores atmosféricos e
terrestres, tais como: solo, nuvens, vegetação, gases, sol,
oceano, gelo etc", disse Oliveira. O pesquisador do Inpe
fez a ressalva de que nem todos estes elementos são
satisfatoriamente conhecidos, pois formam complexos
processos de previsão meteorológica que envolve cálculos
muitas vezes imprecisos.
Oliveira fez alusões otimistas quanto às futuras previsões
climáticas, que poderão incorporar cálculos precisos para
cada local, com projeções variadas a cada cem metros de
medição.
Concluindo, atestou o aumento da temperatura para o
Brasil, especialmente na região sul, projetando maior
intensidade de chuva nos próximos anos. Também
concordou que a interferência humana está provocando
alterações no clima. Porém considera perigoso apresentar
números.
O debate foi coordenado por Maurici Monteiro,
meteorologista da Epagri. Atendendo curiosidades da
platéia, ele não se arriscou a garantir a previsão de neve
no Estado, mas adiantou que teremos um acentuado
período de baixas temperaturas até a próxima semana.
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