o abalo na vida do cuidador ao lidar com um ente com câncer em

Propaganda
Volume 19, N. 1, pp. 115- 128, Jan/Jun 2015.
O ABALO NA VIDA DO CUIDADOR AO LIDAR COM UM ENTE COM
CÂNCER EM FASE FINAL: CONSIDERAÇÕES PSICANALÍTICAS
SOBRE O LUTO, MELANCOLIA E O TRAUMA
Thayse Maria Ferreira Dules
(INAP - Instituto de Neuropsicologia Aplicada)
Fernanda Cristina Nunes Simião
(UFAL - Universidade Federal de Alagoas - Campus Arapiraca)
Resumo
Esse trabalho teve como objetivo investigar, a partir das experiências vivenciadas por
cuidadores que tiveram um ente com câncer fora da possibilidade de cura, como se processa o
luto a melancolia e/ou o trauma diante da morte do seu ente. Ouvimos relatos de experiências
de cinco pessoas que eram cuidadoras e vivenciaram a perda de um ente com câncer em
estágio terminal. Identificamos nas falas desses cuidadores que o ente que estava com câncer
geralmente não era informado sobre o seu estado terminal. Além disso, compreendemos que
os sentidos atribuídos estavam relacionados à impotência diante da morte, com sentimentos
de tristeza, desesperança e fracasso características elementares do luto da melancolia e do
trauma com suas respectivas atribuições e distinções.
Palavras-Chave:psicanálise; tumor; família.
Abstract
The upheaval in the life of the caregiver when dealing with a loved one with cancer in
final stage: Psychoanalytic considerations on Mourning, Melancholia and Trauma
This paper aimed to investigate, from the experiences of these caregivers that had a loved one
with cancer out of healing possibilities, how to process grief melancholy and / or trauma on
the death of his one. We heard reports of experiences of five people who were caregivers and
experienced the loss of a loved one with cancer in terminal stage. We identified in the
statements of these caregivers that the ones who had cancer were usually not informed about
their terminal condition. In addition, we understand that most of the assigned feelings were
related to impotence in the face of death; sadness, hopelessness and failure which are
elementary features of mourning, melancholy and trauma with their respective powers and
distinctions.
Keywords:psychoanalysis; tumor; family.
O câncer é uma doença que tem
Introdução
uma representação
estigmatizada,
que
acarreta uma carga emocional negativa. No
corpo da pessoa ocorre um processo
115
Perspectivas em Psicologia, Vol. 19, N. 1, pp 115-128, Jan/Jun 2015
O ABALO NA VIDA DO CUIDADOR AO LIDAR COM UM ENTE COM CÂNCER EM FASE FINAL:
CONSIDERAÇÕES PSICANALÍTICAS SOBRE O LUTO, MELANCOLIA E O TRAUMA
desarranjado do crescimento das células, o
familiar que cuida muda muitas vezes
que leva a produção de uma grande
radicalmente devido à necessária atenção,
quantidade de tecidos do corpo, formando
pois o caminho do tratamento de câncer é
tumores.
Straub (2005), os
doloroso, incerto, traz a iminência de
tumores malignos (cancerosos) consistem
morte e fragiliza os planos futuros,
de células renegadas que não respondem
expondo o grupo familiar a uma doença
aos controles genéticos do corpo no que
considerada assustadora e a serviços de
diz respeito a seu crescimento e divisão.
saúde
Segundo
Essa
doença
tem
um
que
são
desconhecidos
e
efeito
angustiantes, o que contribui mesmo que
arrebatador na pessoa, levando-a a ter que
inconscientemente para o processo de luto
conviver com perdas: físicas, sociais,
(Lima, Bielemann, Schwartz, Viegas &
mudanças psicológicas e uma carga e abalo
Santos, 2012).
emocional desde o diagnóstico e durante
todo
A
experiência humana, estão inseridas em
complexidade desse processo não ocorre
uma produção subjetiva, social e individual
de forma unilateral, atinge também as
(Rey, 2006). Desta forma, ser acometido
pessoas que fazem parte da vida da pessoa
por câncer, uma doença crônica cuja
neoplásica: a família (Carvalho e outros,
representação geralmente é a morte, devido
2003).
ao grande número de óbitos causados por
Silva
o
processo
do
tratamento.
As doenças crônicas, como toda
Segundo Sales, Almeida, Silva,
ela, nas mais variadas faixas etárias, faz
e
com que o medo da perda esteja sempre
Waidman
(2011),
há
uma
imposição de mudanças consideráveis na
bastante acentuado (Castro, 2010).
vida de pacientes e familiares depois do
Além disso, as doenças associadas
diagnóstico de câncer, exigindo uma
à morte quebram a temporalidade futura
reorganização na dinâmica da família que
em que se apóia a segurança das pessoas,
incorpore às atividades cotidianas os
forçando estas a elaborarem vivências
cuidados exigidos pela doença e pelo
bastante angustiantes diante do processo de
tratamento da doença.
adoecimento: desde o diagnóstico, durante
Carvalho e outros (2003) afirma
que as demandas colocadas às famílias se
ampliam,
uma
vez
que
aumenta
o tratamento, até a cura ou a morte (Rey,
2006).
a
Esta visão da sociedade em que a
dependência e a necessidade de cuidado
morte é encarada como tabu, em que os
dos pacientes. Dessa forma, a vida do
debates são considerados mórbidos, e a
116
Perspectivas em Psicologia, Vol. 19, N. 1, pp 115-128, Jan/Jun 2015
THAYSE FERREIRA DULES, FERNANDA CRISTINA NUNES SIMIÃO
ideia de que a morte significa perder, faz
As
com que doenças como o câncer sejam
intervenções psicológicas em situações
consideradas
de morte são recentes e ainda escassas,
desumanas
(Vasconcelos,
Costa & Barbosa, 2008).
pesquisas
que
analisam
as
mas alguns autores sugerem estratégias
O fato de o câncer ser uma doença
de suporte psicológico baseadas nos
que gera certo desespero nas pessoas que
princípios dos cuidados paliativos, da
foram acometidas por ele, como também
qualidade de vida e do controle da dor.
nas pessoas que precisam ao menos lidar
(Borges e outros, 2006, p. 362).
com a doença, seja como cuidador, seja
como profissional de saúde, é devido ao
Esses
cuidados
se
estendem
fato de que os sentidos que são dados a
também à família, no intuito de auxiliá-la
essa doença já estão de alguma maneira
no processo de elaboração do luto e
pré-formados socialmente, e isso se deve
aceitação do processo.
tanto à construção histórica e cultural dessa
A morte de câncer geralmente está
doença, quanto à dificuldade inerente ao
embebida de um sentido muito intenso,
ser humano em ter que lidar com a perda,
pois, como citam Carvalho e outros.
ou seja, com a facticidade da morte apesar
(2003), existem tantas outras doenças que
de
também podem ser fatais além do câncer;
as
perdas
fazerem
parte
do
desenvolvimento humano (Freitas, 2009).
contudo, a impressão que temos é que as
Estudos como os de Lourenção,
outras doenças “apenas” matam, mas o
Santos Junior e Luiz (2009) mostram que o
câncer “destrói”.
câncer, por ser uma doença crônica, exige
No
entanto,
o
medo
da
múltiplos ajustes na vida da pessoa que é
terminalidade não extermina nenhum dos
acometida pela doença, com evidências
dois fatores, ou seja, nem elimina o medo
indicando que fatores físicos, emocionais,
nem a terminalidade em alguns casos. Pois
cognitivos,
o
interpessoais
e
homem
dificilmente
irá
encarar
fim,
apenas
comportamentais estão inter-relacionados e
abertamente
contribuem para o
eventualmente com certo temor é que
ajustamento final
observado em cada indivíduo.
o
seu
cogitará a possibilidade de sua própria
Sem a possibilidade de cura, e à
morte, fato que ocorrerá possivelmente ao
medida que a doença avança, os pacientes
se deparar com uma doença que ameaça
em estado terminal necessitam de cuidados
sua vida (Carvalho e outros,2003).
paliativos.
117
Perspectivas em Psicologia, Vol. 19, N. 1, pp 115-128, Jan/Jun 2015
O ABALO NA VIDA DO CUIDADOR AO LIDAR COM UM ENTE COM CÂNCER EM FASE FINAL:
CONSIDERAÇÕES PSICANALÍTICAS SOBRE O LUTO, MELANCOLIA E O TRAUMA
O câncer
fragiliza as pessoas
que destacam a dificuldade do sistema de
acometidas por essa enfermidade, além dos
saúde brasileiro em estruturar programas
seus cuidadores e familiares, é considerado
de cuidados ao final da vida, devido ao
uma
sendo
aumento da incidência de câncer no Brasil
extremamente temido e estando sempre
e ao ônus causado ao sistema de saúde.
associado à ideia de risco iminente de
Essa
morte e ao temor de tratamentos agressivos
elaboração de programas que valorizem a
e mutilantes.
importância de cuidar de uma pessoa até o
das
piores
doenças,
Nesse sentido, segundo Kovács
visão
dificulta,
por
vezes,
a
seu último momento de vida.
(2003), uma das coisas que impulsiona o
Nesse estudo pretendemos entender
homem a sua criação frenética é o terror
como
diante da morte, de maneira que.
responsabilidade de cuidar do seu ente em
fase
O homem está bipartido: ao mesmo
tempo em que sabe de sua originalidade
e poder de criação, reconhece sua
finitude de forma racional e consciente.
Vive toda a sua existência com a morte
presente em seus sonhos, fantasias.
Durante toda a sua existência, o ser
humano tenta driblar esse saber, essa
consciência, e age como se fosse
imortal. (Kovács, 2003, p. 25).
familiares
terminal
que
assumiram
enfrentaram
a
situações
inesperadas que implicaram em dor e
sofrimento para todos os envolvidos, e de
que forma os sentidos e sentimentos diante
dessas experiências contribuíram para a
elaboração do seu luto.
É importante entender que numa
perspectiva psicanalítica, a morte está
presente no nosso dia-a-dia mais do que
possamos admitir, algumas vezes não nos
permitimos trazer a consciência, mas ela
abita dentro de nós e a reconhecemos
No entanto, o câncer traz consigo a
diante de algumas facticidades de perda
verdade irrefutável da não invencibilidade
durante a nossa vida, diante dos mais
do homem, além da racionalização das
variados tipos de perdas. Pois, vivenciamos
suas fraquezas e limites na fase mais
perdas desde o nascimento, como, o
avançada da doença, também chamada de
rompimento da vida intra-uterina, a ruptura
fase terminal, em que a pessoa se depara
do cordão umbilical, o desmame, algumas
com a realidade de sua existência humana,
relacionadas ao encerramento da infância,
a finitude.
adolescência, vida adulta e velhice, a vida
É importante ressaltar que existem
estudos como os de Silva e Hortale (2006)
118
Perspectivas em Psicologia, Vol. 19, N. 1, pp 115-128, Jan/Jun 2015
THAYSE FERREIRA DULES, FERNANDA CRISTINA NUNES SIMIÃO
revela a morte a partir do próprio existir
(Fonseca, 2009). Pois, falar de morte na
(Kovács, 2003).
contemporaneidade, em que se predomina
A morte do outro nos traz a
o sujeito ativo socialmente, produtivo,
experiência de viver a morte em vida, pois
passa a ser complexo devido a dificuldade
quando estabelecemos vínculo com um
de lidar com o fator finitude humana.
ente que se foi é como se parte nossa
Tanto para os familiares como para
também morresse (Fonseca, 2009). A
a pessoa com câncer, lidar com os
morte é experimentada desde a ruptura dos
elementos de perda que envolve todo o
primeiros vínculos, de forma que faz parte
desenrolar da luta contra esta enfermidade
do desenrolar do ciclo da vida, faz parte do
culmina em diversos desajustes emocionais
desenvolvimento humano.
e psíquicos, e em se tratando da fase
Dessa forma o processo de luto se
terminal da doença, cuja cura já não é
faz necessário diante das perdas cotidianas
possível para a medicina, a realidade da
dos familiares que acompanham o seu ente
morte traz a angústia de saber que haverá
com câncer, pois o luto não se refere tão
uma ruptura com uma figura de ligação, ou
somente a morte em si, mas as perdas
seja, uma quebra de um vínculo afetivo
impostas pelo adoecimento do seu ente. E
(Zavaschi e outros, 2002).
a interrupção desse luto pode ser até
O luto pode ser entendido como um
prejudicial, já que é um processo inerente
movimento de passagem, que flui. Que
frente à perda de um objeto amado. A
compreende
pessoa
libido
marcados como, diminuição da autoestima,
anteriormente investida no objeto e a
da capacidade de amar, desinteresse pelo
introjeta em seu próprio eu (Gonçalves,
mundo
2001).
anteriormente comuns, ou seja, o luto pode
enlutada
retira
a
A ruptura com o objeto perdido
envolve
sentidos
e
sentimentos
aspectos
dolorosos
externo,
por
bem
atividades
ser ainda entendido como uma travessia,
que
em que se faz necessário passar pela sua
embalam esse desligamento, e que por
história, seu passado, mergulhar em sua
vezes pode ser muito penoso e requerer
subjetividade e abrir caminhos para o
tempo, de maneira que o ego esteja livre e
futuro, sem perder a capacidade de amar a
permita a criação de um novo vínculo. A
si mesmo,
perda da pessoa com câncer, seja de forma
melancolia, que toma rumos de pesar
simbólica ou real, traz consequências
eternos (Cintra, 2011).
e
não
se entregando
a
asestruturas psíquicas de toda a família
119
Perspectivas em Psicologia, Vol. 19, N. 1, pp 115-128, Jan/Jun 2015
O ABALO NA VIDA DO CUIDADOR AO LIDAR COM UM ENTE COM CÂNCER EM FASE FINAL:
CONSIDERAÇÕES PSICANALÍTICAS SOBRE O LUTO, MELANCOLIA E O TRAUMA
No entanto é importante que se
Assim
esse
trabalho
objetivou
amplie esta perspectiva de luto, pois diante
identificar as mudanças no cotidiano da
da complexidade do ser humano seria
vida dessas pessoas, quais experiências
muita
a
mais marcaram durante o processo de
acumularia
cuidados, as perdas mais significativas,
tantos pesares proporcionados pelas perdas
além de discutir o papel do psicólogo no
que o câncer oferece, de forma que
processo de acompanhamento das famílias
entendemos que o luto é uma condição
durante os cuidados de pessoas com
salutar
equilíbrio
câncer, para que dessa forma pudéssemos
psíquico, mas que o trauma e a melancolia
compreender como se processa o luto, a
fazem parte do processo vital de algumas
melancolia e/ou trauma na vida dessas
pessoas.
pessoas.
pretensão
subjetividade
acreditar
humana
necessária
não
para
o
que
Assim entendemos que o trauma
psíquico ocasionado pela perda de um ente
Materiais e Métodos
querido pode gerar um choque emocional
capaz de romper a barreira do ego e
Este trabalho seguiu a perspectiva
garantir perturbações significativas para a
da pesquisa qualitativa, que, segundo
ordem psíquica do indivíduo, mas que a
Minayo, Deslandes e Gomes (2010), nos
depender,
da
possibilita trabalhar com universo dos
reorganização e reelaboração do ego, ou
sentidos, significados, dos motivos, das
mesmo o rumo de enclave que o impedirá
aspirações, das crenças, dos valores e das
de elaborar um equilíbrio salutar, como é
atitudes. Essa pesquisa teve como objetivo
no caso de uma melancolia (Zavaschi e
investigar,
outros, 2002).
vivenciadas por esses cuidadores diante da
pode
Dessa
tomar
forma,
o
rumo
diante
a
partir
das
experiências
dos
situação de ter um ente com câncer fora de
pressupostos da psicanálise pretendemos
possibilidades de cura, como se processa o
explorar o mundo inter e intrapsíquico dos
luto a melancolia e/ou o trauma diante da
participantes da pesquisa, de maneira a
morte do seu ente.
compreender, mais que explicar suas
experiências
diante
das
situações
e
A pesquisa contou com cinco
participantes,
que
acompanharam
três
condições viabilizadas pelo adoecer de
casos de câncer, conforme a seguir
câncer do seu ente e pela passagem da vida
apresentados. Trata-se de pessoas que
à morte.
passaram pela dor de ter vivenciado junto a
120
Perspectivas em Psicologia, Vol. 19, N. 1, pp 115-128, Jan/Jun 2015
THAYSE FERREIRA DULES, FERNANDA CRISTINA NUNES SIMIÃO
um familiar o processo de diagnóstico de
de suas vivências como cuidadoras junto a
câncer, tratamento, fase terminal e morte.
um familiar com câncer em fase terminal
Os participantes são maiores de 18 anos,
(Thiollent, 2000).
de ambos os sexos, que ao aceitarem
Por meio do roteiro da entrevista
participar desse estudo assinaram um
semiestruturada foi possível produzir os
Termo
dados dessa pesquisa. As entrevistas foram
de
Consentimento
Livre
e
Esclarecido (T.C.L.E.). Tivemos acesso a
audiogravadas
esses participantes por meio de redes de
autorização dos participantes da pesquisa,
conhecimento, onde ocorreu um processo
para serem análise. O material produzido
de investigação das pessoas que atendiam
nesse estudo foi analisado segundo o
as exigências supracitadas, além de atender
referencial teórico da psicanálise. Os
também ao requisito de a facticidade da
participantes dessa pesquisa tiveram seus
morte de seu ente já ter ocorrido a mais de
dados resguardados e os nomes expostos
um ano.
são fictícios
Nesse estudo foi realizada uma
Dessa
e
transcritas,
forma,
com
chamaremos
a
a
revisão da literatura sobre o tema e depois
primeira participante de Júlia, casada, mãe
nos debruçamos sobre a produção dos
de duas filhas, cursa o nível superior e
dados da pesquisa através do procedimento
tornou-se a cuidadora da sua avó, a qual foi
da entrevista semiestruturada, pois este nos
diagnosticada com câncer de útero, com
permitiu realizar algumas perguntas que
posterior metástase nos ossos. No primeiro
direcionaram as pessoas da pesquisa a
diagnóstico o câncer foi tratado por quase
discorrer sobre o tema proposto e também
um ano, mas quando parecia ter sido
nos deu a liberdade de elucidar ou explorar
curado ele reapareceu nos ossos. A morte
questões na fala da pessoa entrevistada
da avó de Júlia, a partir do segundo
através de perguntas adicionais (Boni &
diagnóstico de câncer, foi em menos de
Quaresma, 2005).
dois meses. A participante acompanhou
Dessa forma, para permitir que a
todo o processo de diagnóstico, tratamento,
entrevista atendesse a proposta do estudo,
fase terminal e morte de sua avó, fazendo-
mas não limitasse a fala dos participantes,
se mais presente como cuidadora nos
utilizamos esse procedimento de maneira
momentos finais do adoecimento.
que possibilitasse às pessoas discorrerem
Tivemos como participante, ainda,
sobre suas experiências, dando vazão aos
a mãe e a irmã, que chamaremos de Maria
sentidos e sentimentos tecidos no decorrer
e Marta, de um homem diagnosticado com
121
Perspectivas em Psicologia, Vol. 19, N. 1, pp 115-128, Jan/Jun 2015
O ABALO NA VIDA DO CUIDADOR AO LIDAR COM UM ENTE COM CÂNCER EM FASE FINAL:
CONSIDERAÇÕES PSICANALÍTICAS SOBRE O LUTO, MELANCOLIA E O TRAUMA
câncer de estômago em estágio avançado
de diagnóstico, tratamento, fase terminal e
da doença. Maria é aposentada e Marta
morte.
empresária, casada e mãe de dois filhos.
Desde o diagnóstico de câncer de seu ente
Resultados e Discussões
não havia prognóstico de cura real, pois ele
já estava em fase terminal, no entanto, ele
O impacto na vida de quem cuidou de um
ainda viveu em tratamento durante quase
familiar com câncer
três anos. Foram realizadas algumas
sessões de quimioterapia e radioterapia e
O cotidiano de quem se torna um
não havia possibilidade de cirurgia para
cuidador de uma pessoa com câncer muda
retirada do tumor devido ao seu tamanho, o
bruscamente, pois ele participará da rotina
que indicava o estado avançado da doença.
de
Essas
as
cuidadosdiversos, que são constantes. Toda
do
essa rotina passa a ser algo comum a todos
tratamento e nos cuidados paliativos até o
que vivenciam e acompanham a realidade
momento da morte de seu familiar.
de quem adoce de câncer, inclusive em
duas
protagonistas
mulheres
no
foram
acompanhamento
Os dois últimos participantes da
pesquisa foram a filha e o genro de uma
exames,
consultas,
tratamentos
e
fase terminal.
Em
decorrência
disso,
essas
mulher diagnosticada com câncer de útero,
mudanças afetam concomitantemente os
que chamaremos de Claudia e Carlos.
diversos
Ambos entrevistados são empresários,
cuidadores, gerando um impacto na rotina
casados e pais de três filhos. A mãe de
dessas pessoas. As alterações na qualidade
Claudia recebeu o diagnóstico de cura
de vida dos cuidadores, como não poderem
depois de
câncer.
trabalhar, dormir ou realizar as atividades
Contudo, depois que ela começou a sentir
do dia-a-dia, implicam na desestrutura da
novamente
ordem natural das coisas (Muniz, Zago &
tratar o primeiro
algumas
dores,
ela
foi
examinada e os exames detectaram outro
âmbitos
da
vida
desses
Schwartz, 2009).
tumor na coluna, só que agora na coluna e
As novas condições de vida dos
em nível avançado. Desse modo, a mãe de
cuidadores, que são estabelecidas pelo
Claudia recebeu o diagnóstico de fase
câncer, geram aflição, tristeza, angústia,
terminal, o que a levou à morte em apenas
ansiedade e desconsolo. Isso fica evidente
um mês após esse diagnóstico. Assim, o
nas falas que seguem a baixo:
casal acompanhou de perto todo o processo
122
Perspectivas em Psicologia, Vol. 19, N. 1, pp 115-128, Jan/Jun 2015
THAYSE FERREIRA DULES, FERNANDA CRISTINA NUNES SIMIÃO
- Maria:eu ficava ali com ele, pelejava
alguma forma, da maneira que pode [...]
o dia inteiro, cozinhando ali pra ele [...]
mas ela (Claudia) estava aqui, parou os
eu dormia na cadeira e ia adormecendo
trabalhos, que ela costurava, parou tudo
e me acordando, o tempo todo, porque
[...] quem cuidou cem por cento foi ela,
ele reclamava de muitas dores, mesmo
ela quem botou a vela na mão dela
tomando a morfina.
(sogra com câncer), ela (sogra) morreu
nas mãos dela (Claudia) [...] na época
- Marta: mudou tudo, tudo na vida da
gente mudou... nós deixamos tudo pra
cuidar dele, até trabalhar eu não
eu cuidei como se fosse mãe, eu senti
demais, eu imagino pra ela (Claudia)
como não foi [...] é muito doloroso.
trabalhava mais, quando o telefone
tocava que eu não estava com ele, eu
- Júlia: ninguém tinha vida. Assim, tem
pensava logo que ele tinha morrido, eu
festa pra ir, ninguém ia, todo mundo,
estava mais satisfeita quando eu estava
todo dia, estávamos na casa dela (avó
lá com ele, cuidando dele, eu sempre
com câncer) independente do que você
estava com ele pra dar massagem nele,
tinha
pra conversa com ele.
qualquer coisa, mas a gente tinha que ir
pra
fazer,
casa,
faculdade,
pra casa dela, tipo, final de semana, é
Nesse sentido, pretendemos refletir
sobre como o câncer motiva mudanças e
gera impactos na vida não somente de
quem sofre com a doença, mas também de
quem lhe tece cuidados, pois entendemos
que
o
adoecimento
é
gerador
de
desarmonia em todos os aspectos da vida
de uma pessoa, inclusive na vida de seu
cuidador, conforme os relatos a seguir.
meu final de semana de cuidar, então eu
não vou sair, vou ficar na casa dela (avó
com câncer). E eu pensava, poxa, a
pessoa que tomou conta tanto tempo de
mim daqui a pouco não vai estar mais
aqui. Daqui uns dias essa pessoa não vai
estar mais aqui, então eu vou ter que
fazer o que eu puder por ela agora...
Você não tinha cabeça pra pensar, eu ia
- Carlos: [...] eu ia pra Maceió com elas
pra faculdade, tinha uma prova, eu não
(Claudia e sogra com câncer) as cinco
estudava, o professor dava aula, mas eu
horas da manhã e esperava o tratamento
não conseguia prestar atenção, porque
e voltava [...] mexeu porque alguém
eu ficava pensado na hora de ir cuidar
tinha que fazer alguma coisa, e todo
dela. Abdiquei de fazer qualquer coisa
mundo da família ajudou, todos de
pra minha filha porque era dia de ficar
com ela, tinha que cuidar dela, tinha
123
Perspectivas em Psicologia, Vol. 19, N. 1, pp 115-128, Jan/Jun 2015
O ABALO NA VIDA DO CUIDADOR AO LIDAR COM UM ENTE COM CÂNCER EM FASE FINAL:
CONSIDERAÇÕES PSICANALÍTICAS SOBRE O LUTO, MELANCOLIA E O TRAUMA
supermercado pra fazer, tinha alguma
podem levar a um processo de enlutamento
coisa pra fazer, mas eu não podia
(Kovács, 2003).
porque eu tenho que passar lá pra cuidar
dela, tinha logo que ver ela, era um
O diagnóstico de fase terminal
dever passar os últimos dias com ela.
A fase terminal é um agravo clínico
Por intermédio dessas falas foi
possível vislumbrar o que já havia sido
discutido
nesse
estudo
outrora:
as
mudanças severas causadas na vida dos
cuidadores, geradas pelo adoecimento do
seu ente, a mudança na rotina e o abandono
de algumas atividades importantes se
fizeram
necessários
para
que
o
enfrentamento da doença e os cuidados ao
seu ente com câncer
pudessem ser
priorizados,
ansiedade
gerando
e
sofrimento aos familiares.
com causas bastante definidas. Geralmente
é causionada por uma doença em estado
avançado, ou em estado progressivo ou
incurável. Nessa fase, há uma baixa
possibilidade de responder ao tratamento
específico e, geralmente, é acompanhada
de
diversos
crônicos,
problemas
múltiplos,
ou
sintomas
multifatoriais
e
alternantes. É caracterizada também pela
iminência de morte real, ou seja, quando se
está fora das possibilidades de cura e se
tem um prognóstico de vida muito curto
- Carlos: pra mim que vivenciei foi um
(Müller, Scortegagna & Moussalle, 2011).
Contudo, a fase terminal vai além
momento angustiante [...] você vê um
ente querido seu morrendo ao poucos, é
dessas
características
um sentimento de tristeza muito grande.
anteriormente,
visto
acarreta
um
em
definidas
que esse estado
ponto
central
do
- Marta: a tristeza era grande porque a
tratamento: a morte, a finitude. O que antes
gente já sabia que iria perdê-lo (irmão
parecia estar presente, mas era evitado a
com câncer). Já era um sentimento de
todo custo, agora passa a ser um fato, a
perda.
ideia da batalha perdida passa a se
É importante destacar que esses
abalos, essas pequenas perdas que se
estabelecem
durante
o
processo
de
cuidados à pessoa com câncer podem
desencadear
alguns
sentimentos
que
concretizar. Com isso, o diagnóstico do
estado terminal gera sentidos e sentimentos
bem marcados, presentes, por exemplo, nas
falas do casal Carlos e Claudia:
- Carlos: Pra mim que vivenciei foi um
momento angustiante, eu entrava aqui,
124
Perspectivas em Psicologia, Vol. 19, N. 1, pp 115-128, Jan/Jun 2015
THAYSE FERREIRA DULES, FERNANDA CRISTINA NUNES SIMIÃO
ela (sogra com câncer) estava deitada no
fazer, mas você não tem poder nenhum
sofá, aí eu passava a mão na cabeça
sobre aquilo.
dela, aí você vê um ente querido seu
Para a família, a dificuldade de
morrendo aos poucos, é um sentimento
de tristeza muito grande, porque você
vê a pessoa ali, com o coração batendo,
com os olhos abertos e você sabe que já
perdeu ela, você está com a pessoa ali,
mas você já perdeu, infelizmente, ela tá
ali e você ter que mandar já construir a
catacumba, ela viva aqui, mas se não
tivesse construído a catacumba não
tinha aonde colocar, só deu tempo
terminar, quando eu estava terminando
a
catacumba
ela
faleceu,
é
um
lidar com essa situação muitas vezes
culmina em sentimentos de impotência,
ansiedade e incertezas, gerando inúmeras
preocupações, como o fato de não saber
como agir diante da situação de finitude do
seu ente (Carvalho, 2008). Esses elementos
compõem um processo que culminará em
luto, melancolia ou trauma, pois embora os
sentimentos e sensações sejam similares, a
forma como cada pessoa irá reorganizar ou
reelaborar o seu ego é muito particular.
sentimento de perda tão grande, mas
Considerações Finais
você tinha que agir com razão, aí eu
disse „pessoal, infelizmente não da pra
O câncer é uma doença que
esperar não, a situação dela está séria‟
atualmente é considerado um problema
[...] aí foi quando começou a construir,
mundial. Como foi discutido ao longo do
era ela aqui no velório e o pessoal
trabalho, sua representação e sentidos vêm
construindo, é uma situação que [...]
sendo tecidos de forma estigmatizada
quem já passou por isso é uma situação
devido às diversas maneiras como a
delicada [...].
doença atinge as pessoas, provocando
- Júlia: Nem sei dizer, o sentimento era
de desespero, de impotência, como o
meu tio, ele perguntou lá a médica se
ele vendesse a casa dele resolveria o
problema,
e a
médica disse que
infelizmente não, era uma situação de
impotência, a gente poderia vender tudo
pra fazer o tratamento, mas, mesmo
assim, não ia ter condições, você quer
inúmeros sofrimentos e dores nos mais
diversos âmbitos da vida tanto das pessoas
acometidas pela doença quanto de seus
familiares (Menezes, Passareli, Drude,
Santos e Valle, 2010). Assim, as perdas
são constantes desde o diagnóstico.
O
cuidador que lidou com um ente com
câncer
em
fase
terminal
teve
que
compreender as diversas necessidades
125
Perspectivas em Psicologia, Vol. 19, N. 1, pp 115-128, Jan/Jun 2015
O ABALO NA VIDA DO CUIDADOR AO LIDAR COM UM ENTE COM CÂNCER EM FASE FINAL:
CONSIDERAÇÕES PSICANALÍTICAS SOBRE O LUTO, MELANCOLIA E O TRAUMA
dessa pessoa, e certamente não foi uma
Aqueles que durante o enlutamento
tarefa fácil, como pudemos compreender a
nas suas relações com o objeto amado
partir
predominou
das
falas
participaram do
das
pessoas
a
culpa
e
a
depressão
estudo. Esses
certamente terá mais probabilidade de
cuidadores tiveram que lidar inclusive com
romper com a barreira do ego e gerar
os sentimentos que se configuravam ao
algumas perturbações que dificultará a
experienciarem cada momento difícil, a
evolução saudável do ego, ocasionando
cada
uma melancolia, abrindo caminhos para
fracasso,
nosso
que
com
os
avanços
e
retrocessos, a cada mudança ao lado de seu
inúmeras
familiar, atribuindo sentidos a todos esses
passando por esse processo conseguir
momentos vivenciados.
tomar
Faz-se importante, a partir desse
patologias,
rumos
mas
de
se
mesmo
reorganização
e
reequilíbrio, deixando o trauma (que
estudo, que entendamos que o processo de
também
luto pode tomar alguns rumos, o salutar e o
possivelmente se permitirá desenvolver um
neurótico. A maneira psicodinâmica a qual
equilíbrio salutar. O luto é um processo
está descrita as falas das pessoas que
saudável,
participaram desse estudo, nos permite
sentimentos, e sensações bem definidos
compreender
o
presentes nos três processos, o luto flui, de
relacionamento do ego com seus objetos,
forma saudável, de maneira que é possível
neste caso mais especificamente com essas
operar efetivamente uma projeção em
pessoas processaram as diversas mortes
outro objeto amado.
como
se
organiza
gera
patologias)
pois,
embora
para
traz
existam
ocorridas durante o período de cuidados de
seus entes com câncer.
Referências
Boni, V. & Quaresma, S. J. (2005). Aprendendo a entrevistar: como fazer entrevistas em
Ciências sociais. Revista Eletrônica dos Pós-Graduandos em Sociologia Política da
UFSC, 2(1), 68-80.
Borges, A. D. V. S.; Silva, E. F.; Mazer, S. M.; Toniollo, P. B.; Valle, E. R. M. & Santos, M.
A.(2006).
Percepção da morte pelo paciente oncológico ao longo do
desenvolvimento. Psicologia em estudo, 11(2), 361-369.
126
Perspectivas em Psicologia, Vol. 19, N. 1, pp 115-128, Jan/Jun 2015
THAYSE FERREIRA DULES, FERNANDA CRISTINA NUNES SIMIÃO
Carvalho, C. S. U. (2008). A Necessária Atenção à Família do Paciente Oncológico. Revista
Brasileira de Cancerologia, 54(1), 87-96.
Carvalho, M. M. M. J.; Ribeiro. E. M. P. C.; Valle, E. R. M.; Wanderley, K. S.; Gimenes, M.
G. G.; Kovács, M. J.; Ferreira, M. L.; Bromberg, M. H. P. F.; Amaral, M. T. C.
Yamaguchi, N. H. & Carvalho, V. A. (2003). Introdução à Psiconcologia. São Paulo:
Livro Pleno.
Castro, E. H. B. (2010). A experiência do câncer infantil: repercussões familiares, pessoais e
sociais. Revista Mal-estar e Subjetividade, 10(3), 971-994.
Cintra, E. M. U. (2011). Sobre luto e melancolia: uma reflexão sobre o purificar e o destruir.
ALTER- Revista de Estudos Psicanalíticos. 29(1), 23-40.
Fonseca, C.O. S. (2009). O luto vivenciado pelos irmãos dos pacientes com câncer na
perspectiva da psicanálise. Revista Iluminart. 1(2), 24-34.
Freitas, J. L. (2009). Experiência de adoecimento e morte: diálogos entre a pesquisa e a
gestalt-terapia. Curitiba: Juruá.
Gonçalves, M. O. (2001). Morte e castração: um estudo psicanalítico sobre a doença terminal
infantil. Psicologia Ciência e Profissão, 21(1), 30-41.
Kovács, M. J. (2003). Os profissionais de saúde e educação e a morte. In: _____. Educação
para a morte: desafio na formação de profissionais de saúde e educação. São Paulo: Casa
do Psicólogo.
Lima, L. M.; Bielemann, V. L. M.; Schwartz, E.; Viegas, A. C.; Santos, B. P. (2012).Adoecer
de câncer: o agir e o sentir do grupo familiar. Ciência, Cuidado & Saúde, 11(1), 106-112.
Lourenção, V. C.; Santos Junior, R. dos & Luiz, A. M. G. (2009). Aplicações da terapia
cognitivo-comportamental em tratamentos de câncer. Revista Brasileira de Terapias
Cognitivas, 5(2), p.46-53.
Menezes, C. N. B.; Passareli, P. M.; Drude, F. S.; Santos, M. A. & Valle, E. R. M. (2010).
Câncer infantil: organização familiar e doença. Revista Mal-Estar e Subjetividade, 8, 191210.
127
Perspectivas em Psicologia, Vol. 19, N. 1, pp 115-128, Jan/Jun 2015
O ABALO NA VIDA DO CUIDADOR AO LIDAR COM UM ENTE COM CÂNCER EM FASE FINAL:
CONSIDERAÇÕES PSICANALÍTICAS SOBRE O LUTO, MELANCOLIA E O TRAUMA
Minayo, M. C.; Deslandes, S. F.; Gomes, R.(2010). Pesquisa Social: teoria, método e
criatividade. Rio de Janeiro: Vozes.
Muller, A.; Scortegagna, D. & Moussalle, L. (2011). Paciente Oncológico em Fase Terminal:
Uma Abordagem do Fisioterapeuta. Revista Brasileira de Cancerologia, 57 (2) 207-215.
Muniz, R. M., Zago, M. M. F. & Schwartz, E. (2009). As teias da sobrevivência oncológica:
com a vida de novo. Texto Contexto Enferm,18(1), 25-32.
Rey, F. L. G. (2006). As representações sociais como produção subjetiva: seu impacto na
hipertensão e no câncer. Psicologia: Teoria e Prática, São Paulo.
Sales, C. A.; Almeida, C. S. L.; Silva, J. D. D.; Silva, V. A. & Waidman, M. A. P. (2011).
Qualidade de vida sob a ótica de pessoas em tratamento antineoplásico: uma análise
fenomenológica. Revista Eletrônica de Enfermagem, 13, 250 – 258.
Silva, R. C. F. & Hortale, V. A. (2006). Cuidados paliativos oncológicos: elementos para o
debate de diretrizes nesta área. Caderno de Saúde Pública, Rio de Janeiro, 22(10), 205566.
Straub, R. O. (2005). Psicologia da Saúde. Porto Alegre: Artmed.
Thiollent, M. (2000). Metodologia da pesquisa-ação. São Paulo: Cortez.
Vasconcelos, A. da S.; Costa, C. & Barbosa, L. N. F. (2008). Do transtorno de ansiedade ao
câncer. Revista da SBPH, Rio de Janeiro,11(2), 51-71.
Zavaschi,M. L. S.; Poesterc, F. S.; Vargas, D. C. F.; Piazenskib, R.; Rohdeel, A. P. &
Eizirikf, C. L. (2002). Associação entre trauma por perda na infância e depressão na vida
adulta. Revista Brasileira de Psiquiatria. 24 (4), 189-95.
As autoras:
Thayse Maria Ferreira Dules possui graduação em Psicologia, Especialização em Psicopatologia e
Especialização em Neuropsicologia Clinica. E.mail: [email protected]
Fernanda Cristina Nunes Simião possui graduação e licenciatura e mestrado em Psicologia. Atualmente é
professora efetiva do curso de Psicologia da Universidade Federal de Alagoas, Campus Arapiraca, Polo
Palmeira dos Índios. E.mail: [email protected]
128
Perspectivas em Psicologia, Vol. 19, N. 1, pp 115-128, Jan/Jun 2015
Download