Olivia Jacobs, uma estudante uni- versitária de arquitetura de 22

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Olivia Jacobs, uma estudante uni- versitária de arquitetura de 22 anos, foi encaminhada
para uma consulta psiquiá- trica urgente depois de ter dito à colega de quarto que estava
pensando em suicídio. A sra. Jacobs tinha história de sintomas de humor que estavam sob
controle com lítio e sertralina, mas seus sintomas depressi- vos haviam retornado logo
depois de ter chegado a uma nova cidade para estudar, três meses antes. Ela ficava
pensando nas formas como poderia se matar sem inco- modar os outros. Seus pensamentos
suici- das dominantes envolviam disparar uma arma contra a cabeça enquanto se debruçava sobre a janela, para não sujar a casa de estudante. Embora não tivesse acesso a uma
arma, passava tempo na internet pes- quisando lugares onde poderia comprá-la.
A história psiquiátrica da sra. Jacobs teve início aos 15 anos de idade, quando ela começou
a consumir álcool e maconha regularmente, geralmente em danceterias com amigos. As
duas substâncias a acal- mavam, e negou que o uso delas tenha se tornado problemático.
Ela não consumia álcool nem maconha desde que havia in- gressado na faculdade.
Por volta dos 17 anos, começou a passar por episódios depressivos breves e inten- sos,
marcados por choro, sentimentos de culpa, anedonia, desesperança, baixa ener- gia e má
concentração. Ela dormia mais de 12 horas por dia e negligenciava suas res- ponsabilidades
acadêmicas e domésticas.
Esses episódios depressivos geralmen- te mudavam depois de algumas semanas e se
transformavam em períodos de aumen- to de energia, pressão por falar e criativi- dade
incomum. Ela costumava ficar gran- de parte da noite trabalhando em projetos e
construindo maquetes arquitetônicas. Esses episódios acelerados duravam cer- ca de cinco
dias e eram entrecortados por sentimentos de que seus amigos haviam se virado contra ela e
que não eram real- mente seus amigos. Preocupada especial- mente com a paranoia, sua
família a levou a um psiquiatra que a diagnosticou com transtorno bipolar tipo II e
prescreveu lí- tio e sertralina. Embora os humores da sra. Jacobs não tenham se estabilizado
comple- tamente com esse regime, ela se saiu bem em uma universidade local a ponto de
ser aceita em um programa de graduação lon- ge de casa. Nesse momento, a depressão
voltou, e pela primeira vez ela teve pensa- mentos suicidas intensos.
Durante a avaliação, a paciente estava visivelmente deprimida e chorosa, com len- tidão
psicomotora. Afirmou que era muito difícil sair da cama e não frequentava as aulas na
maioria da semana. Relatou deses- perança, má concentração e culpa por gas- tar o dinheiro
da família nos estudos que ela não conseguia realizar. Afirmou pensar em suicídio na maior
parte do tempo e que não encontrava nada que a distraísse. Ne- gou beber ou fumar
maconha recentemen- te, dizendo que não tinha vontade de “se
divertir”. Reconheceu sentimentos profun- dos de vazio e afirmou que, algumas vezes,
cortara seus braços superficialmente para “sentir como era”. Afirmou que sabia que se
cortar assim não a mataria. Relatou des- personalização e ataques de pânico even- tuais.
Negou ter instabilidade de humor, desrealização, problemas com impulsivi- dade,
preocupações com sua identidade ou medo de ser abandonada.
Diagnósticos
•
Transtorno bipolar tipo II, episódio atual depressivo; nível elevado de preocupação
com suicídio.
•
Transtorno de ansiedade não especifi- cado.
Discussão
A sra. Jacobs se apresenta com depressão atual marcada por humor deprimido, ane- donia,
problemas de sono, anergia, retardo psicomotor, culpa excessiva e pensamentos recorrentes
sobre suicídio. Esses sintomas causam sofrimento significativo e parecem ter persistido
durante três meses, muito além das duas semanas exigidas para o diagnóstico de depressão
maior do DSM-5.
Além dos sintomas depressivos, ela foi tratada para transtorno bipolar tipo II, que exibe
sintomas de depressão maior e hi- pomania. De acordo com sua história, ela teve múltiplos
períodos de cinco dias de aumento de energia, pressão por falar, au- mento de criatividade e
de produtividade e redução da necessidade de sono. Esses sintomas são consistentes com a
definição de hipomania. Além deles, no entanto, a paciente acreditou temporariamente que
seus amigos haviam se voltado contra ela e que não eram seus amigos de verdade. Caso
esses sintomas paranoides sejam considerados psicóticos, então justifica-se um diagnóstico
de transtorno bipolar tipo I. Nesse caso, a paranoia parece ser mais uma ideia
supervalorizada do que um
delírio manifesto, mas uma avaliação cri- teriosa da capacidade da paciente em um teste de
realidade seria importante.
A doença da sra. Jacobs começou no fi- nal da adolescência. A média de idade do início do
transtorno bipolar é de aproxi- madamente 25 anos, de modo que os sin- tomas
normalmente começam entre os 15 e os 30 anos de idade. Um início em idade precoce
sugere uma forma mais grave da doença, e embora a sra. Jacobs tenha sido, com
frequência, bastante funcional, ela já apresentou múltiplos episódios tanto de depressão
como de hipomania no decorrer de seus 22 anos.
A sra. Jacobs também tem história de uso de álcool e maconha, o que ela relatou como
tendo um “efeito calmante”. Desco- nhece-se a intensidade de uso dessas subs- tâncias; no
entanto, metade das pessoas que satisfazem os critérios para transtorno bipolar também
apresentam comorbida- de com transtorno por uso de álcool e/ ou substância. Essas duas
substâncias em si podem constituir um problema, obvia- mente, mas qualquer uma das duas
po- deria também ter ajudado a desencadear alguns de seus primeiros sintomas de hu- mor.
Contudo, ela não usou nenhuma das duas nos três meses transcorridos desde sua depressão
mais recente e, para que seu transtorno do humor seja considerado “in- duzido por
substância”, seus sintomas de humor não poderiam persistir além de um mês depois de
interromper o uso de álcool e maconha. Em outras palavras, indepen- dentemente do papel
desempenhado pelas substâncias no desencadeamento dos sin- tomas, o transtorno bipolar
tipo II da sra. Jacobs assumiu um curso próprio.
Transtornos de ansiedade normalmen- te também são comórbidos com transtorno bipolar.
A sra. Jacobs descreveu um “efeito calmante” do uso de maconha e álcool, o que talvez seja
um indicador de uma an- siedade não identificada. Mais tarde ela passou por episódios de
despersonaliza- ção e ataques de pânico, os quais causaram
divertir”. Reconheceu sentimentos profun- dos de vazio e afirmou que, algumas vezes,
cortara seus braços superficialmente para “sentir como era”. Afirmou que sabia que se
cortar assim não a mataria. Relatou des- personalização e ataques de pânico even- tuais.
Negou ter instabilidade de humor, desrealização, problemas com impulsivi- dade,
preocupações com sua identidade ou medo de ser abandonada.
Diagnósticos
•
Transtorno bipolar tipo II, episódio atual depressivo; nível elevado de preocupação
com suicídio.
•
Transtorno de ansiedade não especifi- cado.
Discussão
A sra. Jacobs se apresenta com depressão atual marcada por humor deprimido, ane- donia,
problemas de sono, anergia, retardo psicomotor, culpa excessiva e pensamentos recorrentes
sobre suicídio. Esses sintomas causam sofrimento significativo e parecem ter persistido
durante três meses, muito além das duas semanas exigidas para o diagnóstico de depressão
maior do DSM-5.
Além dos sintomas depressivos, ela foi tratada para transtorno bipolar tipo II, que exibe
sintomas de depressão maior e hi- pomania. De acordo com sua história, ela teve múltiplos
períodos de cinco dias de aumento de energia, pressão por falar, au- mento de criatividade e
de produtividade e redução da necessidade de sono. Esses sintomas são consistentes com a
definição de hipomania. Além deles, no entanto, a paciente acreditou temporariamente que
seus amigos haviam se voltado contra ela e que não eram seus amigos de verdade. Caso
esses sintomas paranoides sejam considerados psicóticos, então justifica-se um diagnóstico
de transtorno bipolar tipo I. Nesse caso, a paranoia parece ser mais uma ideia
supervalorizada do que um
delírio manifesto, mas uma avaliação cri- teriosa da capacidade da paciente em um teste de
realidade seria importante.
A doença da sra. Jacobs começou no fi- nal da adolescência. A média de idade do início do
transtorno bipolar é de aproxi- madamente 25 anos, de modo que os sin- tomas
normalmente começam entre os 15 e os 30 anos de idade. Um início em idade precoce
sugere uma forma mais grave da doença, e embora a sra. Jacobs tenha sido, com
frequência, bastante funcional, ela já apresentou múltiplos episódios tanto de depressão
como de hipomania no decorrer de seus 22 anos.
A sra. Jacobs também tem história de uso de álcool e maconha, o que ela relatou como
tendo um “efeito calmante”. Desco- nhece-se a intensidade de uso dessas subs- tâncias; no
entanto, metade das pessoas que satisfazem os critérios para transtorno bipolar também
apresentam comorbida- de com transtorno por uso de álcool e/ ou substância. Essas duas
substâncias em si podem constituir um problema, obvia- mente, mas qualquer uma das duas
po- deria também ter ajudado a desencadear alguns de seus primeiros sintomas de hu- mor.
Contudo, ela não usou nenhuma das duas nos três meses transcorridos desde sua depressão
mais recente e, para que seu transtorno do humor seja considerado “in- duzido por
substância”, seus sintomas de humor não poderiam persistir além de um mês depois de
interromper o uso de álcool e maconha. Em outras palavras, indepen- dentemente do papel
desempenhado pelas substâncias no desencadeamento dos sin- tomas, o transtorno bipolar
tipo II da sra. Jacobs assumiu um curso próprio.
Transtornos de ansiedade normalmen- te também são comórbidos com transtorno bipolar.
A sra. Jacobs descreveu um “efeito calmante” do uso de maconha e álcool, o que talvez seja
um indicador de uma an- siedade não identificada. Mais tarde ela passou por episódios de
despersonaliza- ção e ataques de pânico, os quais causaram
(BARNHILL 82)
BARNHILL, John W.. Casos Clínicos do DSM-5. ArtMed, 01/2015. VitalBook file.
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