XII CONGRESSO DE ECOLOGIA DO BRASIL ANÁLISE CIENCIOMÉTRICA SOBRE AS PRINCIPAIS ESPÉCIES VEGETAIS INVASORAS DA CAATINGA Fernanda Kalina da Silva Monteiro – Universidade Estadual da Paraíba, Departamento de Biologia, Campina Grande, PB. [email protected] Anderson Silva Pinto – Universidade Estadual da Paraíba, Departamento de Biologia, Campina Grande, PB. Sérgio de Faria Lopes – Universidade Estadual da Paraíba, Programa de Pós-graduação em Ecologia e Conservação, Laboratório de Ecologia Vegetal (LEVe), Campina Grande, PB. INTRODUÇÃO A partir da década de 90, o fenômeno da invasão biológica teve grande reconhecimento por ser uma das principais ameaças à perda da biodiversidade global (CRONK & FULLER, 1995). Segundo Souza, et al. (2011), o processo de invasão biológica ocorre a partir da adaptação de uma espécie exótica a um determinado ecossistema e da sua propagação excessiva, causando alterações ao funcionamento deste. A cienciometria pode ser considerada uma boa alternativa para avaliar esta problemática e identificar quais áreas precisam de maior preocupação, a partir da quantificação da produção científica (LAURINDO & MAFRA, 2010). Para isto, é necessário utilizar algumas ferramentas, como frequência de artigos e citações destes em bases de dados indexadas, além do fator de impacto dos periódicos onde estes são publicados (YAMAMOTO et al., 1999). OBJETIVO O presente estudo teve como objetivo analisar quantitativamente a produção científica acerca da invasão biológica, oriunda de plantas exóticas no contexto do bioma Caatinga, nos estados da Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte. METODOLOGIA O estudo foi desenvolvido mediante o levantamento de dados encontrados na literatura já existente. O instrumento utilizado foi o Google Acadêmico, encontrando-se artigos, dissertações, teses e resumos, resultando em um total de 285 documentos para o estado da Paraíba, 367 para Pernambuco e 456 para o Rio Grande do Norte. A busca se deu pela utilização das palavras-chave: Invasão Biológica + Caatinga + Espécies vegetais + Espécies invasoras, acrescentando-se apenas os nomes dos estados, individualmente, sem que houvesse nenhuma restrição ao ano de publicação dos documentos. RESULTADOS A maioria dos documentos encontrados não abordava a temática invasão biológica no bioma Caatinga. Para a Paraíba, dentre as 285 publicações analisadas, apenas 32 tratavam do tema, e destas, 17 se repetiam, restando 1 XII CONGRESSO DE ECOLOGIA DO BRASIL apenas 15 documentos que falam do tema, sem repetições. Para o estado de Pernambuco, foram encontradas 367 publicações, porém, nenhuma destas abordava a temática para o estado. Para o estado do Rio Grande do Norte, dos 456 resultados encontrados, apenas uma publicação abordava o assunto na região. Dos 16 documentos encontrados, identificaram-se três espécies com grande potencial invasor da Caatinga, Parkinsonia aculeata L., Prosopis juliflora (Sw.) DC e Sesbania virgata (Cav.) Pers. Além disso, observou-se que o estrato dos periódicos nacionais indexados foram de B4 a B2 para a área de biodiversidade. Dentre os 16 documentos, seis destes são resumos de eventos, dissertações e teses. DISCUSSÃO Parkinsonia aculeata L. foi citada sete vezes entre os 16 trabalhos que tratavam do assunto. Os estudos desenvolvidos destacam a preferência dos indivíduos da espécie referida por áreas alagáveis ou temporariamente alagáveis, tendendo a formar maciços populacionais de alta densidade, a ineficácia de métodos de controle (corte e queima). Ainda foi observada a formação de banco de sementes, potencializando seu poder invasor. Prosopis juliflora (Sw.) DC foi citada sete vezes. Nos trabalhos foi constatado o potencial invasor da espécie, por estar muito bem estabelecida dentro do ecossistema e revelando-se uma boa competidora, impedindo espécies nativas de se desenvolverem. Sesbania virgata (Cav.) Pers. foi citada apenas duas vezes entre os 16 trabalhos. A principal conclusão apresentada pelos autores é que S. virgata apresenta uma grande produção de frutos, que caracteriza uma estratégia de invasão, além de ter sido considerada uma invasora agressiva na área do estudo, dotada de grande abundância de indivíduos e impedindo o desenvolvimento de espécies nativas. Com estes dados, nota-se a carência do que diz respeito à quantidade e a qualidade das publicações produzidas nos três estados acerca do tema invasão biológica. Em relação à qualidade dos periódicos, o sistema Qualis da CAPES teve algumas alterações ao longo de sua implantação, como afirma Campos (2010). O autor ainda fala que tais mudanças afetaram os ânimos da comunidade científica brasileira, tendo seus periódicos drasticamente excluídos dos estratos A1 e também do estrato A2, para algumas áreas, desencorajando os pesquisadores brasileiros a publicarem em periódicos nacionais. A falta de investimentos também é um grande problema, sendo necessário um bom tempo para avaliar o processo de invasão biológica, como Marchante et al. (2010) traz em seu trabalho, que objetivou avaliar o banco de sementes da planta invasora Acacia longifolia quanto ao seu nível de germinação, viabilidade e sobrevivência, durante seis anos, a fim de compreender os mecanismos utilizados para seu estabelecimento no ambiente. Trabalho semelhante foi feito por Gonçalves et al. (2011), que trabalhou com banco de sementes de P. aculeata L., porém, com uma avaliação de apenas um ano. Isto mostra a importância dos estudos de acompanhamento, principalmente quando se fala de invasão biológica. Este processo ainda é pouco compreendido, pois, como afirma Westbrooks (1998), os impactos causados vão se alastrando com o passar do tempo, causando a perda da biodiversidade do local onde as espécies invasoras estão estabelecidas. CONCLUSÃO Apesar de ser um tema bastante importante dentro da ecologia, nota-se a insipiência de produção científica em relação ao assunto. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 2 XII CONGRESSO DE ECOLOGIA DO BRASIL CAMPOS, J. N. B. 2010. Qualis periódicos: conceitos e práticas nas Engenharias I. Revista Brasileira de PósGraduação, Brasília, v. 7, n. 14, p. 477-503. CRONK, Q.C.B. & FULLER, J.L. 1995. Plant invaders. London, Chaman & Hall. GONÇALVES, G. S; ANDRADE, L. A; XAVIER, K. R. F; OLIVEIRA, L. S. B; MOURA, M. P. 2011. Estudo do banco de sementes do solo em uma área de caatinga invadida por Parkinsonia aculeata L. R. bras. Bioci., Porto Alegre, v. 9, n. 4, p. 428-436, out./dez. LAURINDO, R.; MAFRA, T. 2010. Cienciometria da revista Comunicação & Sociedade identifica interfaces da área, Comunicação & Sociedade, n. 53, p. 233-260, jan./jun. MARCHANTE, H.; FREITAS, H.; HOFFMANN, J. H. 2010. Seed ecology of an invasive alien species, Acacia longifolia (Fabaceae), in Portuguese dune ecosystems. American Journal of Botany 97(11): 1780–1790. SOUZA, V. C; ANDRADE, L. A.; BEZERRA, F. T. C; FABRICANTE, J. R; FEITOSA, R. C. 2011. Avaliação populacional de Sesbania virgata (Cav.) Pers. (Fabaceae Lindl.), nas margens do rio Paraíba, Revista Brasileira de Ciências Agrárias, vol. 6, núm. 2, abril-junho, pp. 314-320. WESTBROOKS, R. 1998. Invasive plants: changing the landscape of America: fact book. Washington, DC., Federal Interagency Committee for the Management of Noxious and Exotic Weeds. YAMAMOTO, O.H., et al. 1999. “A produção científica na psicologia: uma análise dos periódicos brasileiros no período 1990-1997”, Psicologia Reflexão e Crítica, v. 12, n. 2, p. 549-565. 3