Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Produções Didático-Pedagógicas SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO DO PARANÁ SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL-PDE 2013 MATERIAL DIDÁTICO-PEDAGÓGICO “A RUPTURA DA DICOTOMIA ENTRE A GEOGRAFIA FÍSICA E HUMANA: O ENTORNO ESCOLAR E SUAS UNIDADES DE PAISAGEM NA CONSTRUÇÃO DOS ARRANJOS ESPACIAIS.” ANTONIO TIMÓTEO DA SILVA GERVASI PARANAGUÁ-PR 2013 SUMÁRIO P. Apresentação 5 Capítulo 1 – Conceitos que auxiliam na ruptura da dicotomia entre a 6 Geografia Física X Geografia Humana 1.1 O conceito de unidades de paisagem 7 1.2 Os arranjos espaciais e os circuitos superior e inferior 8 1.3 Conclusões: a dicotomia Geografia Física X Geografia Humana e a 10 importância de conceitos-chave para a ruptura Capítulo 2 - As Unidades da paisagem de Paranaguá-PR 11 2.1 Unidades e Subunidades da paisagem do Jardim Araçá 12 2.2 Entorno do Colégio Maria de Lourdes R. Morozowski 18 Capítulo 3 – Material didático-pedagógico – Atividades propostas 19 Referências Bibliográficas 20 Ficha para identificação da Produção Didático-pedagógica – Turma 2013 Título: “A RUPTURA DA DICOTOMIA ENTRE A GEOGRAFIA FÍSICA E HUMANA: O ENTORNO ESCOLAR E SUAS UNIDADES DE PAISAGEM NA CONSTRUÇÃO DOS ARRANJOS ESPACIAIS.” Autor: Antonio Timóteo da Silva Gervasi. Disciplina/Área: Geografia. Escola de Implementação do Projeto e sua localização: Colégio Estadual “Profª Maria de Lourdes Rodrigues Morozowski”Ensino Fundamental e Médio. Município da escola: Paranaguá. Núcleo Regional de Educação: Paranaguá. Professor Orientador: Ângela Massumi Katuta. Instituição de Ensino UFPR-setor Litoral. Superior: Relação Interdisciplinar: Resumo: História e Ciências. A presente unidade didática aborda a questão da dicotomia historicamente construida entre a Geografia Física e a Geografia Humana. Refletimos sobre a necessária ruptura dessa dicotomia, para que se trabalhe em sala de aula uma geografia que auxilie os educandos a compreenderem os lugares que percorrem. Para tanto, utilizamos os conceitos de arranjos espaciais, unidades da paisagem, circuitos superior e inferior a fim de verificar se os mesmos efetivamente auxiliam nesta ruptura. Concluimos que as análises espaciais, a partir dos conceitos citados, demandam outra forma de elaboração e auxiliaram na ruptura com a referida dicotomia. Palavras-chave: Dicotomia; Arranjos Espaciais; Unidades de Paisagem; Entorno Escolar; Circuitos Superior e Inferior. Formato do Material Didático: Unidade Didática. Público: 9º ano do ensino fundamental e professores do GTR. MATERIAL DIDÁTICO-PEDAGÓGICO “A RUPTURA DA DICOTOMIA ENTRE A GEOGRAFIA FÍSICA E HUMANA: O ENTORNO ESCOLAR E SUAS UNIDADES DE PAISAGEM NA CONSTRUÇÃO DOS ARRANJOS ESPACIAIS.” Escola: Colégio Estadual “Maria de Lourdes Rodrigues Morozowski”- Ensino Fundamental e Médio. NRE: Paranaguá. Nome do professor PDE: Antonio Timóteo da Silva Gervasi. E.mail: [email protected] Professor Orientador: Drª Ângela Massumi Katuta. Nível de Ensino: Fundamental. Título: Unidade Didática “A Dicotomia entre a Geografia Física e Humana: o Entorno Escolar e suas Unidades de Paisagem na Construção dos Arranjos Espaciais.” Disciplina: Geografia. Relação Interdisciplinar: História e Ciências. Conteúdos Estruturantes: Dimensões Econômica, Política, Cultural, Demográfica e Socioambiental do Espaço Geográfico. Conteúdo Básico: “Superação da Dicotomia Física e Humana na Geografia.” Conteúdo Específico: Oficinas com textos e atividades de superação da dicotomia e entendimento dos arranjos espaciais percebidos pelos alunos. Material didático-pedagógico elaborado pelo professor Antonio Timóteo da Silva Gervasi, da disciplina de Geografia, município de Paranaguá-Pr como parte integrante do Programa de Desenvolvimento Educacional - PDE, sob a orientação da professora Drª Ângela Massumi Katuta da Ufpr – Setor Litoral, Matinhos-Pr. PARANAGUÁ-PR 2013 5 APRESENTAÇÃO O material didático-pedagógico aqui apresentado foi desenvolvido levandose em consideração a necessidade da superação da dicotomia entre a geografia física e humana, no ensino da referida disciplina na educação básica. O objetivo principal do presente material didático-pedagógico pensar a possibilidade de romper com a dicotomia física e humana presente na formação de docentes, nos trabalhos acadêmico científicos, nos livros didáticos, no imaginário dos alunos, entre outros. Dessa forma, proposições em torno da prática pedagógica do educador, a partir de uma unidade didática sobre o tema é essencial para auxiliar os professores nas transformações dos seus trabalhos e das suas práxis. A ideia é auxiliar os professores a construirem junto a seus alunos um olhar e uma convivência mais íntima com a cidade e seus lugares sociais. Para isso, é necessário a apreensão dos saberes sobre os diversos grupos sociais, suas expressões culturais e os diferentes ambientes onde se dão as relações desses grupos. Portanto, estereótipos e/ou preconceitos devem ser superados para que se compreenda a diversidade urbana verificada. As diferentes relações produzidas e reproduzidas no espaço social devem ser exploradas e compreendidas para que se consiga construir territorializações que protejam as práticas sociais de determinados grupos. A escola tem um papel importante nisso, na medida em que ela pode ser compreendida a partir do que ocorre no seu entorno. Este material didático-pedagógico está ancorado numa unidade didática que privilegia a análise geográfica a partir dos arranjos espaciais locais que, em nosso entendimento, auxilia na ruptura com a chamada dicotomia física e humana da Geografia. Essa forma de compreensão dos lugares foi introduzida pela Abordagem Sistêmica que, vê no espaço, o resultado da atuação dos seres humanos que, modificam a natureza em prol da sua sobrevivência, criando e (re)criando os espaços (BARBOSA, 2008). O referido material serve de apoio para professores que tenham interesse em trabalhar com este conteúdo, podendo ser ampliado e modificado, tendo como base as atividades propostas na presente produção didática. A produção didático-pedagógica aqui proposta se divide em dois capítulos. No capítulo 01 o foco serão as Unidades de Paisagem e seus conceitos como auxiliadores no rompimento da dicotomia Geografia Física e Geografia Humana. O 6 objetivo é demonstrar o quanto a ciência geográfica ajuda no entendimento das paisagens, através de um maior aprofundamento teórico-metodológico no conceito de Unidades de Paisagem. No capítulo 02 propõe-se exercícios de análise da paisagem, voltados para os alunos envolvidos no projeto de implementação e para os professores do GTR (Grupo de Trabalho em Rede). Atualmente, tem sido um trabalho árduo ensinar geografia, frente aos inúmeros desafios contemporâneos enfrentados. Por isso, a produção do material didático-pedagógico a partir do local onde o aluno vive e mora se constitui de fundamental importância. O cotidiano do aluno deve dialogar com o conteúdo escolar para que o ensino ganhe significado e para que o educando consiga compreender os lugares que habita. CAPÍTULO 1 - CONCEITOS QUE AUXILIAM NA RUPTURA ENTRE A GEOGRAFIA FÍSICA X GEOGRAFIA HUMANA A Geografia, durante muito tempo, assentou sua produção a partir da dicotomia entre a Geografia física e humana, o que na perspectiva da compreensão dos lugares, cria um conjunto de dificuldades, pois estes não podem ser compreendidos em sua complexidade de maneira dicotomica. Ao longo de nossa atuação no referido nível de ensino verificamos esta dificuldade. No livro Pensar e ser em Geografia, Moreira (2007, p. 62) afirma que o [...] processo formador do espaço geográfico é o mesmo da formação econômico-social. Por isso, tem por estrutura e leis de movimento a própria estrutura de leis de movimento da formação econômico-social. Podemos, com isso, doravante designar o que até agora chamamos de organização do espaço por formação espacial, ou formação sócio-espacial, como propôs Santos (1978). Portanto, chegamos à conclusão que o espaço geográfico se forma de vários elementos econômicos e sociais construídos historicamente por todos os seres humanos. Para Santos (1985), a sociedade é entendida como totalidade social. A produção social, portanto, vai além da aparência e dos aspectos visíveis. Para entendermos a sociedade é necessário se compreender os determinantes políticos, culturais e econômicos que produzem as transformações espaciais. Uma geografia da totalidade só será construída se houver o rompimento ou superação da dicotomia entre a geografia física e humana. Uma concepção atópica do homem está na raiz desta dicotomia, segundo Moreira (1987). Por essa razão, os espaços vividos e percebidos pelos alunos devem ser compreendidos como social e historicamente produzidos, mas que podem ser 7 modificados. Porém, a realidade cotidiana mostra uma enorme dificuldade dos alunos e, possivelmente dos professores, em entenderem o espaço de vivência e seu entorno, a partir do que se trabalha em sala de aula, dado o grau de generalidade do trabalho docente. Alguns conceitos que nos ajudam a superar a ideia da dicotomia entre a Geografia Física e a Geografia Humana são as Unidades de Paisagem e os Arranjos Espaciais locais, que tem como pressuposto a interdeterminação dos elementos entre si. 1.1 OS CONCEITOS DE UNIDADES DE PAISAGEM Segundo Vigotsky apud Katuta (2004), a ação de qualquer ser humano antecede a linguagem. Portanto, só aprendemos por meio de nossas experiências, as linguagens e os conceitos são o coroamento do processo de aprendizagem. Segundo Martinelli & Pedrotti (apud Dalbem et al, 2005, p. 3) Nos dias de hoje, não podemos mais conceber representações sobre a realidade espacial, a do espaço humano, de forma analítica e fragmentada. Devemos esforçar-nos na busca de uma cartografia de reintegração, de reconstrução do todo. Os naturalistas e exploradores do século XIX viam uma realidade concreta da paisagem, guardando o conceito de unidade natural. Porém, preservava-se o caráter fisionômico, estético, sem história. Ao longo do desenvolvimento humano, observou-se ações de simples sobrevivência junto ao quadro natural até uma progressiva dominação, colocando-se grandes mudanças artificiais, formando-se o chamado meio técnico-científico-informacional. A paisagem, por sua vez, torna-se cientificizada e tecnicizada, bem como o espaço se revela cada vez mais informacializado (SANTOS, 1994, 1996a). Não importa a simplicidade da paisagem. Ela sempre será social e natural, subjetiva e objetiva, espacial e temporal, produção cultural e material, real e simbólica. Não se pode compreender uma paisagem analisando seus elementos separadamente. É necessário que se compreenda sua complexidade, através de sua forma, estrutura e funcionalidade. Christofoletti(1998) atribui à paisagem a concepção de conceito-chave da Geografia que possibilita a compreensão do espaço como um sistema físico, biológico e socioeconômico, com estruturação, funcionamento e dinâmica dos elementos físicos, biogeográficos, sociais e econômicos. 8 A questão metodológica fundamental para a compreensão das paisagens é a das escalas temporo-espaciais. Segundo LACOSTE(1989), a cartografia deve articular os diferentes níveis de análise em conformidade com as ordens de grandeza em que os fenômenos se apresentam, e de outro lado, as combinações e contradições que ocorrem entre conjuntos espaciais de conteúdos distintos, definidos pelos fenômenos em estudo, num mesmo nível temporo-espacial. O raciocínio para a elaboração da cartografia das unidades de paisagem segue um fluxo de referência metodológica que parte da conscientização sobre os questionamentos que são feitos sobre o ambiente, dirigidos sobre a natureza como à sociedade, salientando-se que é a partir desta que tem sua significativa emergência. (MOREIRA, 1986; MORAES, 1990). A delimitação das unidades de paisagem é vital para a classificação e avaliação das paisagens, se constituindo em uma importante ferramenta de planejamento geográfico. Humboldt, no século XIX, já ressaltava a importância de um ensaio geográfico dentro de uma perspectiva de conjunto da estrutura da superfície terrestre. Bertrand (1972) nos diz que a paisagem não deve ser entendida apenas como uma simples adição de elementos geográficos disparatados. Deve ser compreendida em bases de uma combinação dinâmica, deveras instável, de elementos físicos, biológicos e antrópicos. Esses elementos reagem dialeticamente entre si, fazendo da paisagem um conjunto único e indissociável, em eterna evolução. Portanto, as unidades de paisagem não podem ser entendidas como uma soma das partes que a constituem. As unidades de paisagem são uma categoria superior que é resultado da interação dinâmica dos seus próprios componentes. É importante lembrar que a delimitação das unidades de paisagem não pode ser entendida como um fim em si mesma. As unidades de paisagem podem fornecer subsídios para uma proposição adequada dos diferentes tipos de uso possíveis dos lugares. Assim, entendemos que seu uso pode auxiliar na ruptura com a dicotomia entre geografia física e humana. 1.2 OS ARRANJOS ESPACIAIS E OS CIRCUITOS SUPERIOR E INFERIOR Os arranjos espaciais são, de acordo com Queiroz e Azevedo (2012, p. 118, apud Santos, 1988, p. 111), "[...] os elementos naturais e artificiais de uso social: plantações, canais, caminhos, portos, aeroportos, redes de comunicação, prédios 9 residenciais, comerciais e industriais etc.” Verifica-se neste conceito, a indissociabilidade entre elementos físicos e humanos, por isso nos propusemos a utilizá-lo em nosso trabalho. Ao entrarmos em contato com os arranjos espaciais locais do Jardim Araçá, onde realizaremos nossa intervenção, verificamos a presença de duas paisagens distintas denominadas pelos moradores de "parte alta" e "parte baixa". Nestas, as atvididades econômicas se diferenciam muito, o que nos colocou a necessidade de trabalhar com os conceitos de circuito superior e inferior da economia urbana, elaborado pelo geógrafo Milton Santos. Segundo Silva (2012, s.p.): A teoria dos dois circuitos da economia urbana foi criada por Milton Santos no final da década de 1960 para explicar a urbanização dos países periféricos. Alguns equívocos são comuns no uso dessa teoria, dos quais destacamos o uso de circuito superior e inferior como sinônimos de atividades formais e informais, respectivamente. Proposta por Milton Santos, a teoria dos dois circuitos da economia urbana busca explicar como as cidades dos países periféricos como o Brasil funcionam a partir de dois subsistemas urbanos: o subsistema superior – composto pelas grandes empresas, bancos, atividades ligadas ao ramo da alta tecnologia – e o subsistema inferior – composto pelas atividades de pequena dimensão, com o uso de mão de obra intensiva, que se cria e se recria com pouco capital. A população da cidade, independente de sua classe de renda, possui necessidades permanentes. Em função da existência de trabalho perene e bem pago de um lado, surge o circuito superior; por outro, a existência de trabalho com baixa remuneração e intermitente, demanda a criação de formas de sobrevivência por grande parte da população. Então, surge o circuito inferior. Os dois subsistemas urbanos são formas de produzir, distribuir, comercializar e consumir que geram materialidades distintas, visíveis na paisagem urbana. No entanto, esses dois circuitos se relacionam dialeticamente a partir da complementaridade, subordinação e concorrência. As cidades expressam esses dois circuitos a partir dos lugares opacos e dos lugares luminosos, que são polaridades, mas não dualismos. (Grifo nosso) [...] A questão que se coloca sobre o formal e informal é que, em grande medida, essa dualidade não explica um processo mais profundo sobre o funcionamento da vida nos territórios periféricos, mais precisamente da vida urbana. A formação de nossas cidades está pautada na dependência de tecnologia. pela pobreza gerada por essa dependência e pelos processos de modernização, que acirram a pobreza no período atual. Logo, compreender a existência do comércio popular e das mais diferentes atividades que surgem na cidade para a sobrevivência exige que se pense além da regulação do Estado. Inclusive, as incessantes tentativas do Estado em combater os “informais” evidencia o significado do Estado, para que ele serve e a quem ele serve. A teoria dos dois circuitos da economia urbana surge no sentido de explicar o funcionamento da cidade a partir da relação entre os grupos sociais privilegiados e os menos abastados dentro da sociedade de classes, sendo que tais grupos criam formas urbanas que revelam o profundo imbricamento entre esses grupos. (Grifo nosso) [...] Os dois circuitos formam o subsistema urbano, sendo um equívoco a análise da economia urbana por apenas um desses circuitos, pois eles funcionam de 10 forma complementar, concorrente e o circuito inferior subordina-se ao circuito moderno das grandes empresas porque esse último controla a variáveis-chave do período. A base da distinção entre esses dois subsistemas não é o elemento formalidade ou informalidade e sim o modo de organização e o uso de capital e tecnologia. Assim, tendo como base os conceitos de arranjos espaciais e de circuito inferior e superior fomos à campo para perceber, compreender e trabalhar em sala de aula com a geografia do Jardim Araçá. Entendemos que os conceitos ora retomados são fundamentais na ruptura com a dicotomia geografia física e humana, por isso, em nossa proposição os mesmos são fundamentais pois permitem que possamos compreender os elementos tanto físicos quanto humanos que determinam as configurações das paisagens a partir dos seus arranjos espaciais. 1.4 CONCLUSÕES: A DICOTOMIA GEOGRAFIA FÍSICA X GEOGRAFIA HUMANA E A IMPORTÂNCIA DE CONCEITOS-CHAVE PARA A RUPTURA A dicotomia verificada na geografia, bem como no seu ensino em todos os níveis leva a um distanciamento dos espaços de vivência das pessoas, impossibilitando seu entendimento, transformando-a numa ciência e disciplina atópica, ou seja, que desconsidera os locais onde os fenômenos ocorrem (MOREIRA, 1987). Desse modo, a materialidade dos lugares, o conjunto dos elementos dos ecossistemas e suas interdeterminações são desconsiderados em boa parte da produção didático-pedagógica. É neste contexto de atopias que se constroem abordagens que dividem os fenômenos geográficos em físicos e humanos. Entendemos que a ruptura com esses procesos são possíveis mediante abordagens teórico-metodológicas, que tenham como pressuposto a ênfase das relações dos elementos entre si, enquanto elementos fundamentais para a organização das paisagens e arranjos espaciais. Por isso, é de fundamental importância os conceitos-chave da disciplina visando tal ruptura. Alguns conceitoschave auxiliam sobremaneira tal coisa. Somente com tais conceitos-chave será possível compreender o espaço a partir do foco das relações produtivas humanas com os ecossistemas. Entendemos que dessa forma, se pode ocorrer o rompimento da dicotomia na ciência geográfica. Segundo Santos (1966), o espaço geográfico é composto pela inter-relação entre sistema de objetos – naturais, culturais e técnicos – e sistema de ações – relações sociais, culturais, políticas e econômicas. Verifica-se neste entendimento também uma ênfase nas relações e não nas "partes que compõem os lugares". 11 O espaço geográfico apresenta várias geograficidades que devem ser compreendidas. Os mapas conseguem responder a duas questões: O quê? Onde? Porém, duas outras questões devem ser respondidas para uma completa compreensão do espaço. São elas: Como? Por que aí? Para responder a todas essas questões que envolvem a compreensão do espaço deve-se, portanto, romper com a dicotomia Geografia Física X Geografia Humana. Faz-se necessário construir uma Geografia una, da totalidade, centrada nas relações entre os elementos presentes nos lugares. Assim, elegemos como conceitos-chave que auxiliam na ruptura da dicotomia Geografia Física X Geografia Humana: Dicotomia; Unidades de Paisagem; Arranjos Espaciais; Entorno Escolar; Circuito Inferior e Circuito Superior. Foi a partir dos mesmos que elaboramos os encaminhamentos metodoógicos que seguem. Capítulo 2 – AS UNIDADES DE PAISAGEM DE PARANAGUÁ-PR A delimitação das unidades de paisagem consiste em uma importante ferramenta para o planejamento, classificação e avaliação das paisagens, sobretudo no campo da Geografia. A cidade de Paranaguá, localizada no litoral do Estado do Paraná, sofre com a ocupação não planejada do território e, consequentemente, com as pressões que o modo de produção e as atividades a ele inerentes fazem sobre os recursos naturais e também sobre as áreas de proteção ambientais (APAS). São cada vez maiores as degradações ambientais resultantes da ocupação urbana. Segundo estudos sobre unidades da paisagem de alunos graduandos de Geografia da Universidade Federal do Paraná, em 2005, identificaram na cidade de Paranaguá seis (06) unidades de paisagem. Resumidamente, elas apresentam as seguintes características1: 1- Área intensamente urbanizada (UP1): apresenta pouca permeabilidade e muita artificialidade com pouca cobertura vegetal. A UP1 apresenta quatro subdivisões. Vejamos: UP1.1: área de diferente potencialidade de uso, abrangendo uma extensa área; UP1.2: área pouco impermeabilizada de recreação para a população em seus arredores; UP1.3: área extensa de concessão ferroviária para manobra e armazenamento de 1 Para ter acesso às imagens ver: <http://www.geografia.ufpr.br/laboratorios/labs/arquivos/DALBEM%20et %20al%20(2005).pdf >. 12 produtos; UP1.4: área de espera de produtos para descarregamento no porto. 2- Área de malha urbana pouco definida (UP2): apresenta moradias, extração de minério de areia de construção, lixão, sem estrutura alguma. 3- Área de manguezal característico do litoral brasileiro (UP3): geossistema com poucas espécies de árvores, nos estuários e foz dos rios. Apresenta água salobra e livre da ação de ondas, porém, aberto para receber água marinha. Apresenta uma subunidade de paisagem. UP3.1: área de manguezal antropizado ou de forte presença humana, muito próxima da faixa urbana. 4-Área da Ilha do Curral (UP4): local a noroeste da cidade. Apresenta características únicas, com pouquíssimos habitantes e floresta densa ombrófila. 5-Área de mata ombrófila densa (UP5): com alterações próximas aos aglomerados humanos e intacta em locais distantes ou de conservação. 6-Área elevada ou de montanhas (UP6): formações sobressalentes da paisagem que se destacam do restante do relevo da região (montanhas). Portanto, resumidamente, são 6 (seis) unidades de paisagem que se destacam: *UP1: Área Antropizada; *UP2: Área de Ocupação Irregular; *UP3: Área de Manguezal; *UP4: Área da Ilha do Curral; *UP5: Área de Vegetação Ombrófila Densa; *UP6: Área de Montanha. 2.1 AS UNIDADES E SUBUNIDADES DE PAISAGEM DO BAIRRO JARDIM ARAÇÁ-PARANAGUÁ/PR Como encaminhamentos metodológicos para se discutir as unidades de paisagem do bairro Jardim Araçá, visando um exercício prático de ruptura da dicotomia geografia física X geografia humana, foram realizados os seguintes procedimentos. Primeiramente, foi realizada uma reportagem fotográfica por todo o bairro e seu entorno. Logo após, em conversas com alguns moradores das partes baixa e alta foram feitas sondagens sobre o bairro. Em seguida, em conversa com a mediadora foi sugerida uma nova reportagem fotográfica para se definir as unidades de paisagem e uma pesquisa com os moradores mais antigos do bairro. Depois, foram analisados inúmeros textos que tratam da questão da dicotomia, aliada ao 13 estudo dos arranjos espaciais locais e circuitos superior e inferior. Posteriormente, foi feita a delimitação das unidades de paisagem e realizadas conversas com pessoas ocupantes das mesmas. Nas imagens que seguem podemos ver a área do Jardim Araçá: Figura 1 - Jardim Araçá: área de estudo em destaque Fonte: Google Earth. (Imagem de 21/06/2013). Figura 2 - Jardim Araçá em 2010. Fonte: Prefeitura Municipal de Paranaguá Após trabalho de campo e realização da primeira e segunda reportagem fotográfica, seguida de leitura de textos sobre unidades da paisagem, decidimos dividir a área estudada tendo como base o relevo (parte alta, área de transição e parte baixa), pois este foi fundamental no que se refere aos padrões dos arranjos 14 espaciais constituidos, que também sofreram influência dos processos de especulação imobiliária, da proximidade com vias de acesso rápido e com o mangue, entre outros. A imagem que segue destaca a parte alta do bairro Jardim Araçá Figura 3 - Jardim Araçá – Parte alta com destaque em vermelho Fonte: Prefeitura Municipal de Paranaguá 1) Parte Alta: área ocupada há cerca de 40 anos por famílias vindas do interior do Paraná, do próprio litoral e de outros estados. Se caracteriza por boas moradias, presença de ruas asfaltadas e existência de calçadas. Seus moradores possuem maior nivel de escolaridade do que a das outras áreas. Verifica-se pela imagem que os padrões de arruamento são ortogonais, evidenciando um mínimo de planejamento na ocupação da área. A imagem que segue apresenta a parte baixa da área estudada: Figura 4 - Jardim Araçá – Baixada ou Manguezal Antropizado com destaque em vermelho Fonte: Prefeitura Municipal de Paranaguá 2) Parte Baixa ou Baixada: área ocupada há cerca de 30 anos por famílias pobres 15 do litoral. Se caracteriza por moradias de alvenaria de tamanhos variados e pequenas casas de madeira feitas com materiais de aproveitamento de construções. Pela imagem observa-se padrão de ocupação irregular, maior adensamento de casas, por conseguinte, populacional. Não raro, os terrenos possuem duas ou mais casas. O arruamento é composto por vielas que não comportam a passagem de carros. A imagem que segue apresenta a área de transição: Figura 5 - Jardim Araçá – Área de Transição circundada em amarelo Fonte: Prefeitura Municipal de Paranaguá 3) Área de Transição: área conhecida como retroporto porque armazena produtos que serão escoados pelo Porto de Paranaguá que, pelo fato da estrutura portuária não comportar, acaba demandando por áreas próximas. Este local expandiu muito nos últimos 20 anos, em função da intensificação das atividades do Porto de Paranaguá. Se caracteriza por abrigar empresas de logística portuária que estocam grãos e fertilizantes químicos. Se localiza num local de transição entre a parte alta e a baixada, com intenso tráfego de caminhões pesados pois está à margem da linha de trem e da Avenida Tuffi Maron. Considerando o exposto, definimos para o Jardim Araçá três unidades de paisagem. São elas: 1) Unidade da paisagem da parte alta antropizada, próxima do manguezal. 2) Unidade da paisagem da parte baixa ou de manguezal antropizado. 3) Unidade da paisagem de logística portuária de transição, entre a parte baixa e parte alta. Após a análise e pesquisa feita no próprio bairro do Jardim Araçá, podemos 16 distinguir 4 subunidades de paisagem no local. Importante destacar que a área de transição não foi subdividida por não apresentar distinções paisagísiticas internas. Assim, contabilizamos 4 subunidades da paisagem: 1) Unidade da paisagem da parte alta antropizada, próxima do manguezal 1.1) Subunidade da paisagem com casas bem estruturadas da parte alta (entorno do manguezal): área ocupada há cerca de 40 anos por famílias de classe média. As casas são grandes e confortáveis. Seus moradores possuem em média, melhor escolaridade que os moradores de outras áreas e muitos bens materiais como carros, motos, etc. Os filhos dos moradores estudam em escolas particulares de renome. É uma subunidade com pouco mais de 350 metros de distância da parte baixa ou manguezal. As ruas e calçadas são relativamente boas para mobilidade urbana. 1.2) Subunidade da paisagem com comércio de venda e prestação de serviços da parte alta (entorno do manguezal): área ocupada também há cerca de 40 anos por famílias de classe média, vindas de outras regiões do Paraná e até de outros estados, que se estabeleceram no bairro com um certo capital e nele desenvolveram atividades econômicas, tais como lanchonetes, padarias, bares, mercadinhos, salões de beleza, aviários, escolas e pet shops. Geralmente, os donos desses comércios possuem melhor escolaridade, tendo seus filhos matriculados em escolas particulares. 2) Unidade da paisagem da parte baixa ou de manguezal antropizado: 2.1) Subunidade da paisagem com casas mais estruturadas na parte baixa (manguezal): nos últimos 30 anos, essa área foi intensamente ocupada por famílias vindas do interior do Paraná e da própria região litorânea. As casas são de alvenaria e gozam de um certo conforto, apesar do lugar insalubre onde foram construídas. Seus moradores trabalham geralmente com atividades portuárias e prestação de serviços. Essas casas se localizam na faixa inicial da parte baixa. 2.2) Subunidade da paisagem com casas de auto-construção feitas com materiais de aproveitamento e mais antigas da parte baixa (manguezal): também ocupada nos últimos 30 anos por pessoas com pouca escolaridade e sem profissões definidas. As casas são construídas pelas próprias famílias, algumas são de madeira branca de aproveitamento de outras construções e são bem pequenas. Se localizam muito próximas da lama e água salobra, quase dentro do mangue ou a 30 ou 40 metros dele. 17 A coleção de imagens que segue apresenta as características paisagísticas das 4 subunidades e da área de transição: Quadro 1 - SUBUNIDADES DE PAISAGEM DO JARDIM ARAÇÁ – CARACTERÍSTICAS É caracterizada pela presença de casas mais estruturadas da parte baixa, localizadas na parte inicial da baixada. Lugar insalubre de aterro do mangue. Seus moradores foram os primeiros a ocupar a área de mangue e, aos poucos, melhoraram suas moradias. Em sua maioria são trabalhadores portuários avulsos, chamados TPAs. 1) Subunidade casas estruturadas da parte baixa Subunidade caracterizada por moradias localizadas na beira do mangue, construídas pelos próprios moradores, com a utilização de madeira de reaproveitamento de outras construções. Seus moradores têm pouca instrução e vieram morar em Paranaguá em busca de melhores oportunidades na “cidade portuária”. Não possuem qualificação profissional e, por isso, fazem trabalhos 2) Subunidade de casas de autoconstrução da informais ou “bicos”. parte baixa Subunidade que se caracteriza por moradias de maio padrão ou de classe média. São construções espaçosas feitas em alvenaria com materiais de primeira linha. Se localizam na parte alta do bairro, com ruas bem pavimentadas e boas calçadas para mobilidade urbana. Seus moradores trabalham em atividades portuárias de grandes ganhos financeiros. 3) Subunidade com casas de bom padrão da parte alta É caracterizada por pequenos empreendimentos comerciais, tais como padarias, bares, salões de beleza, mercadinhos, aviários e armarinhos. Seus proprietários são pessoas que vieram de outras regiões do Paraná e até de outros estados nos últimos 20 anos de expansão do bairro. 4) Subunidade casas de comércio e prestação de serviços Unidade caracterizada pela presença de empresas de logística portuária, localizadas na área de transição entre a baixada ou manguezal antropizado e a parte alta antropizada. São empresas que armazenam grãos ou fertilizantes químicos e funcionam como um retroporto. 5) Unidade de logística portuária/área de transição 18 2.2 ENTORNO DO COLÉGIO MARIA DE LOURDES RODRIGUES MOROZOWSKI Segundo o que foi apurado nas entrevistas com os moradores mais antigos do entorno, o bairro surgiu há aproximadamente 45 anos na área que hoje é formada por residências de maior padrão e comércio simples. Depois, há aproximadamente 30 anos, teve início a ocupação irregular da parte baixa do bairro conhecida como manguezal antropizado ou baixada. Posteriormente ocupou-se a área de transição usada comercialmente e que é expressão territoral do desdobramento das atividades portuárias. Interessante notar como alguns moradores da parte alta, mais antiga, desdenham dos ocupantes da porção baixa dos mangues. Uma moradora afirmou que, antes, a parte baixa era “bonita”, sem poluição e favela. O mosaico a seguir apresenta aspectos paisagísticos do entono escolar: Parte Alta Parte Baixa Área de Transição Mosaico 1 – O entorno do Colégio Maria de Lourdes Morozowski Fotos: Arquivo Pessoal Para o poder público municipal, oficialmente o bairro Jardim Araçá tem 39 anos, quando foram feitos os primeiros arruamentos estruturais. A porção elevada tem suas áreas regularizadas, segundo a Secretaria Municipal de Regularização Fundiária. A parte da Baixada não é regularizada e pertence à União (área de Marinha). CAPÍTULO 3 - MATERIAL DIDÁTICO-PEDAGÓGICO: ATIVIDADES PROPOSTAS 1) Roteiro da atividade experimental I – A geografia do entorno da escola Prática experimental: Reportagem fotográfica com os alunos do 9º ano em pontos 19 pré-determinados do bairro Jardim Araçá (parte alta, baixa e área de transição). Tema: O que estudei em geografia que existe no meu bairro? Descrição da Prática: Os educandos divididos em grupos realizarão uma reportagem fotográfica do bairro Jardim Araçá em pontos pré-determinados. Após feito isso, o professor e os educandos analisarão as fotos tiradas em um projetor de imagens. Em seguida, o professor indagará aos mesmos sobre os elementos estudados em Geografia que eles conseguem perceber nas fotos tiradas. Objetivo: Diagnosticar o nível de conhecimento dos educandos do 9º ano quanto à ciência geográfica e seus elementos formadores. Materiais: Máquinas fotográficas e aparelhos celulares. Número aproximado de aulas: 8 2) Roteiro da atividade experimental II Prática experimental: Leitura e interpretação do material fotográfico e montagem de um painel de análise. Descrição da Prática Experimental: Após a análise das fotos tiradas, os educandos e o professor selecionarão paisagens que possuem elementos em comum. Em seguida, os mesmos irão construir um painel explicativo. Depois os educandos deverão responder duas questões fundamentais: “O que as fotos têm em comum?”; “No que as fotos diferem?” Objetivo: Identificar semelhanças e diferenças nas fotos tiradas pelos alunos para uma classificação geográfica das unidades de paisagem. Materiais: Painel de fotos para classificação em slides para projeção. Número aproximado de aulas: 4 3) Roteiro da atividade experimental III Prática experimental: Construção coletiva dos conceitos: unidades e subunidades da paisagem; arranjos espaciais, circuitos superior e inferior da economia no espaço local do Jardim Araçá. Descrição da Prática Experimental: Os alunos dos grupos que fizeram a reportagem fotografica irão elaborar questões sobre os conceitos a serem trabalhados. Em seguida, ocorrerá a socialização das mesmas para os outros grupos. O professor ajudará na elaboração das respostas para as questões levantadas pelos alunos no laboratório de informática. Objetivo: Construir conceitos de unidade e subunidade da paisagem, arranjos espaciais e circuitos superior e inferior da economia por meio do ensino por projetos. 20 Materiais: Textos, videos, entrevistas. Laboratório de informática. Número aproximado de aulas: 8 4) Avaliação – Sistematização dos estudos da Produção Didático-pedagógica Prática Experimental: A fim de sistematizar os conceitos trabalhados os educandos organizarão: videos, jornais ou slides sobre os conceitos trabalhados, usando obrigatoriamente as imagens do bairro. Objetivo: Avaliar o aprendizado dos alunos a partir de todo o processo de conhecimento proposto. Materiais: Computadores, filmadoras e celulares. Número aproximado de aulas: 12 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARBOSA, T. Conceito de Natureza e análises de livros didáticos de Geografia. São Paulo: Editora Edgar Blucher, 2008. BERTRAND, G. Paisagem e Geografia Física Global: Esboço Metodológico. Caderno de Ciências da Terra. São Paulo: USP, 1972. CHRISTOFOLETTI, A. A Modelagem de Sistemas Ambientais. São Paulo: Edgar Blucher, 1998. KATUTA, A. M. & DA SILVA, W. R. (Orgs.). O Brasil frente aos Arranjos Espaciais do Século XXI. Londrina: Humanidades, 2007. LACOSTE, Y. A Geografia – Isso serve, em primeiro lugar, para fazer a guerra. Campinas: Papirus, 1989. MARTINELLI, M. & PEDROTTI, F. A Cartografia das Unidades de Paisagem: questões metodológicas. Revista do Departamento de Geografia 14, São Paulo: DGUSP, 2001, p. 39-46. MORAES, A. C. R. Geografia: pequena história crítica. São Paulo: Editora Hucitec, 1990. MOREIRA, R. 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