EFEITOS DA DEFICIÊNCIA DE MINERAIS, EM CUCUMIS SATIVUS L. “ASHLEY”, CRESCENDO EM CULTURA HIDROPÓNICA UNIVERSIDADE DE ÉVORA Ciências do Ambiente, ramo de Qualidade do Ambiente Autores: Ferreira, Carlos J. Pereira, Mónica S. S. Silva, Hugo P. n.º 15193 n.º 15298 n.º 15291 [email protected] [email protected] [email protected] PALAVRAS-CHAVE: Cucumis sativus L.; Cultura Hidropónica; Deficiência; Nutrientes Essenciais; Sintomas. RESUMO Este trabalho tem como objectivo o estudo da importância dos nutrientes minerais essenciais para o crescimento e desenvolvimento em plantas de pepino, Cucumis sativus L. Para este fim foi utilizado o método de cultura hidropónica, em que usamos uma solução de controlo completa e seis soluções com ausência de diferentes elementos essenciais (S, K, Mg, Ca, P, Micronutrientes). Foram determinados, num intervalo de tempo de duas semanas, vários parâmetros tais como sintomas e crescimento do epicótilo. Concluiu-se que todos os nutrientes em falta nas soluções, eram essenciais para um desenvolvimento saudável das plantas, à excepção do enxofre e magnésio, cujos resultados foram semelhantes à situação controlo. INTRODUÇÃO A nutrição mineral das plantas é a parte da fisiologia vegetal que estuda os processos relacionados com a aquisição e assimilação de elementos minerais e com o papel desempenhado por esses elementos essenciais no crescimento e desenvolvimento das plantas (Coll et al., 2001; Taiz & Zeiger, 1998). Os conhecimentos actuais que existem sobre esta matéria são bastante amplos, e de enorme importância nomeadamente numa perspectiva económica, tendo demorado bastante tempo a serem adquiridos. Desde os primeiros trabalhos de Van Helmondt (1577-1644), que relacionou o aumento da biomassa de 1 uma planta com a água que lhe foi fornecida, passando pelas experiências de Woodward, de Hales ou de Sprenger, até aos importantes trabalhos de Sachs e Knops já na segunda metade do século XIX, relacionados com o crescimento em solução nutritiva, tudo contribuiu para o alargado conhecimento actual das necessidades minerais das plantas (Coll et al., 2001). Um dos métodos de estudo da nutrição mineral é a cultura hidropónica, em que se proporciona o desenvolvimento de culturas vegetais com as raízes mergulhadas em soluções de nutrientes conhecidos, e promovendo a oxigenação e ajuste do pH das mesmas (Coll et al., 2001; Salisbury & Ross, 1985; Taiz & Zeiger, 1998). Neste processo de estudo existe a vantagem de isolar as plantas em cultura, do meio complexo que é o solo, limitando a existência de eventuais interacções e permitindo apenas o estudo e o conhecimento dos fenómenos de absorção mineral, possibilitando a identificação efeitos da eventual carência de um determinado nutriente mineral (Coll et al., 2001; Taiz & Zeiger, 1998). Os nutrientes minerais que, em défice na planta provocam sintomas característicos da sua carência e que impedem o desenvolvimento normal do ciclo de vida da planta, quer no plano vegetativo quer do ponto de vista reprodutor, designam-se por nutrientes essenciais. Estes elementos, embora necessários em quantidades bastante inferiores que o carbono, o oxigénio e o hidrogénio, que maioritariamente constituem a biomassa vegetal, são fundamentais para o crescimento normal das plantas, dividem-se em dois grupos: macronutrientes, cuja concentração em tecido seco da planta é igual ou superior a 0,1% e de que são exemplo, para além dos elementos já referidos, o azoto, o potássio, o cálcio, o magnésio, o fósforo e o enxofre, e micronutrientes, que são essenciais em concentrações inferiores a 0,1%, tendo sido até agora identificados o cloro, o boro, o ferro, o zinco, o cobre e o molibdénio (Coll et al., 2001; Salisbury & Ross, 1985; Taiz & Zeiger, 1998). Quando há uma redução ou ausência de determinado nutriente essencial, a planta apresenta normalmente sinais ou sintomas reveladores da deficiência específica nesse mineral, embora possam existir situações em que a planta não revela alterações morfológicas (Coll et al., 2001). Estas alterações ao nível da parte aérea da planta, podem apresentar-se sobre a forma de cloroses (manchas esbranquiçadas ou amareladas devido à ausência de clorofila), de necroses (zonas de tecido morto, de coloração acastanhada e seca), ou de enrolamento, encarquilhamento ou atrofio das folhas. A deficiência num determinado mineral pode ser diagnosticada, com relativa facilidade em hidroponia, através das suas características e localização das mesmas, isto porque estão directamente relacionadas com a mobilidade interna dos elementos. Assim, se um elemento for facilmente translocável por via 2 floémica, será captado de forma mais rápida pelas folhas jovens, pelo que quando houver carência nesse nutriente os sintomas surgirão primeiro nas folhas mais velhas. No caso de elementos menos móveis, os sintomas serão evidentes primeiramente nas folhas jovens (Dias, 2001). Partindo deste conjunto de conhecimentos adquiridos ao longo de inúmeras investigações experimentais, decidimos estudar os efeitos específicos da deficiência em nutrientes minerais, em plantas de Cucumis sativus L.”Ashley”, desenvolvendo-se em cultura hidropónica, incidindo o estudo essencialmente nos parâmetros referentes aos aspectos morfológicos indicadores e comprimento do epicótilo. MATERIAIS E MÉTODOS: Material necessário: 56 plantas de pepino ”Ashley” 11 Soluções stock Pipetas e pompetes de diferentes capacidades Água destilada Tesoura e marcador resistente à água. Papel absorvente Balões volumétricos (1000, 500, 250 e 100mL) 1 Copo graduado de 1 litro 1 Copo com água para lavagem da areia das raízes 1 Esguicho com água destilada 7 Vasos de cultura hidropónica Réguas graduadas em milímetros (±0.5 mm) Balança de precisão ( 0.001g) Pavio 7 Garrafões de plástico de água engarrafada Vermiculite (meio de cultura inerte) Espátula Procedimentos laboratoriais: A – Preparação de soluções nutritivas para cultura hidropónica Foram preparadas 7 soluções nutritivas de diferente constituição, a partir de 11 soluções stock, isto é, de soluções concentradas de minerais de composição conhecida, tendo sido utilizados os valores de solução stock indicados na tabela 1, e em unidades de mL de solução stock por litro de solução nutritiva. 3 SOLUÇÃO A B C D E F G H I J L DESIGNAÇÃO FORMULA QUÍMICA PESO MOLECULAR G/ 250ML Cloreto de Amónio NH4Cl 53,5 5,75 Nitrato de Amónio NH4NO3 80,04 10,00 Nitrato de Cálcio Tetrahidratado Ca(NO3)2.4H2O 236,15 47,25 Cloreto de Cálcio Anidro CaCl2 110,99 7,25 Hidrogenofosfato de Magnésio Mg(HPO4)2 214,30 11,50 Sulfato de Magnésio Heptahidratado MgSO4.7H2O 246,48 24,75 Dihidrogenofosfato de Potássio KH4PO4 136,09 6,75 Nitrato de Potássio KNO3 101,11 30,25 Sulfato de Potássio K2SO4 174,26 21,75 Cloreto de Cobre Dihidratado CuCl2.2H2O 170,48 0,02 Cloreto de Magnésio Tetrahidratado MnCl2.2H2O 197,90 0,45 Cloreto de Zinco ZnCl2 100,50 0,06 Molibdato de Sódio Na2MoO4 206,00 0,02 Sulfato de Cobre (II) Pentahidratado CuSO4.7H2O 287,50 4,95 EDTA Na2C10H14N22H2O 244,25 0,67 Tabela 1 – Constituição das soluções stock, assim como parâmetros a elas ligados; MOLARI -DADE 0,43 0,50 0,80 0,26 0,21 0,40 0,20 1,20 0,50 0,0005 0,0091 0,0024 0,00039 0,069 0,0110 As soluções preparadas foram as seguintes: 1 Solução completa com todos o macro e micro nutrientes essenciais disponíveis – Solução Completa - VASO A 1 Solução sem potássio na sua constituição – Solução – K – VASO D 1 Solução sem cálcio na sua constituição – Solução – Ca – VASO E 1 Solução sem magnésio na sua constituição – Solução – Mg – VASO F 1 Solução sem fósforo na sua constituição – Solução –P – VASO C 1 Solução sem enxofre na sua constituição – Solução – S – VASO G 1 Solução sem micro nutrientes na sua constituição – Solução – Micro – VASO B Cada uma destas soluções foi colocada num vaso para cultura hidropónica, ficando cada um identificado com a solução que continha (Tabela 2). 4 Soluções Stock A B C D E F G H I J L Solução Completa (ml/L) 5 5 5 5 2 2 Solução Micro (ml/l) 5 5 5 5 5 2 Solução Solução P K (ml/l) (ml/l) 5 1 6 5 5 5 5 5 5 5 2 2 2 2 Solução Solução Solução Ca Mg S (ml/l) (ml/l) (ml/l) 5 8 6 5 5 5 10 5 5 1 5 5 4 5 2 2 2 2 2 2 Tabela 2 – Concentrações de solução stock contida em cada solução nutritiva por nós utilizada; B – Montagem Experimental: Inicialmente houve uma tentativa para realizar esta experiência, utilizando o sistema de montagem NFT (Nutriente Film Technique). Contudo este sistema demonstrou-se bastante precário e muito pouco fiável. Desta forma, procedeu-se à execução de uma outro sistema (Figura 1), que consistia na absorção directa, através de pavio, da solução (contida no garrafão) para a vermiculite onde se encontravam as plantas. Figura 1 – Esquema de montagem. 5 C – Observação de sintomas de deficiência e medição e registo do comprimento do epicótilo: Após uma semana e após duas semanas de cultura hidropónica, as plantas foram cuidadosamente observadas no sentido de verificar se existiam sintomas de carência nutricional, tendo os dados recolhidos sido registados em grelha desenvolvida para o efeito. Nestes dois momentos foi também medido e registado o comprimento do epicótilo em todas as plantas, tendo sido calculada a média e o erro padrão para cada solução, tendo sido determinadas as taxas de crescimento para os vários tratamentos. 6 APRESENTAÇÃO/TRATAMENTO DE RESULTADOS Nos quadros seguintes estão registados os valores medidos do comprimento do VASOS VASOS VASOS epicótilo das diversas plantas medidos durante esta actividade (Tabelas 3, 4, 5 e 6) A B C D E F G 1 5,5 2,5 5 3 3,5 6 5 PLANTAS (COMPRIMENTO DO EPÍCOTILO EM CM) 2 3 4 5 6 5,5 5,5 4,5 3,5 5 2 3 4 4 3 4,5 5 5,5 5,5 6 3 4,5 3,5 --5 4,5 4,5 3,5 2,5 7 4 4 3 4 5 6 4,5 3,5 4,5 A B C D E F G 1 6,0 3,5 5,5 3,5 4,5 7 5,5 PLANTAS (COMPRIMENTO DO EPÍCOTILO EM CM) 2 3 4 5 6 6 6 5,5 4 --5 5 4,5 4 5 5,5 6 5,5 6 4 4,5 4 --5,5 5,5 5 4,5 5 7 4,5 5 4 4 6 6 5,5 5 5,5 7 4 4 --5 -3,5 A B C D E F G 1 7 5 6,5 5 6,5 7 6 PLANTAS (COMPRIMENTO DO EPÍCOTILO EM CM) 2 3 4 5 6 7 7 6 5 --6 5,5 5 5 6 6 6 6 7 4,5 4,5 4 --5,5 6,5 5 5 7 7,5 5 5 4,5 4,5 7 6 7,5 6 6 7 4,5 6 --4,5 -4 VASOS 1 A 7,5 B 6 C 6,5 D 5,5 E 6,5 F 7 G 7 Tabelas 3 a 6 – Evolução do 7 4 3 --6 -3 PLANTAS (COMPRIMENTO DO EPICÓTILO EM CM) 2 3 4 5 6 7 7 7,5 7 7 -7 -6,5 6 5,5 4 6,5 6,5 6 6 6,5 6 -4,5 5,5 5 ---5,5 7 5,5 5,5 --7,5 5,5 6 5 4 -7 7 8 6 6 -comprimento dos epicótilos registados nos diferentes dias, respectivamente, 6, 9, 13 e 17 de Janeiro de 2003 7 Para a realização dos gráficos a seguir representados (Gráficos 1 a 7), foram utilizadas as médias referentes ao crescimento médio das plantas de cada vaso para cada leitura efectuada (Tabela 7). MÉDIA DO COMPRIMENTO DAS PLANTAS NOS DIFERENTES VASOS (CM) 1ª leitura (6/01) 2ª Leitura (9/01) 3ª Leitura (13/01) 4ª Leitura (17/01) A B C D E F G 4,78 3,07 5,25 3,50 4,21 4,67 4,50 5,25 4,33 5,58 4,00 5,00 5,25 5,29 6,08 5,40 6,00 4,50 5,50 5,58 6,07 6,33 4,08 5,67 4,62 4,70 5,83 6,83 Tabela 7 – Médias dos comprimentos das plantas de todos os vasos É preciso ter em conta que para a obtenção valores médios dos comprimentos do epicótilo das plantas, apenas se consideraram os valores do comprimento das plantas que sobreviveram. Comprimento (cm) Variação do Comprimento do Epicótilo das Plantas do Vaso A 8 7 6 5 4 3 2 1 0 1ª Leitura 2ª Leitura 3ª Leitura 4ª Leitura 8 Comprimento (cm) Variação do Comprimento do Epicótilo nas Plantas do Vaso B 7 6 5 4 3 2 1 0 1ª Leitura 2ª Leitura 3ª Leitura 4ª Leitura Comprimento (cm) Variação do Comprimento do Epicótilo das Plantas do Vaso C 7 6 5 4 3 2 1 0 1ª Leitura 2ª Leitura 3ª Leitura 4ª Leitura Comprimento (cm) Variação do Comprimento do Epicótilo nas Plantas do Vaso D 6 5 4 3 2 1 0 1ª Leitura 2ª Leitura 3ª Leitura 4ª Leitura 9 Comprimento (cm) Variação do comprimento do Epicótilo nas plantas do Vaso E 7 6 5 4 3 2 1 0 1ª Leitura 2ª Leitura 3ª Leitura 4ª Leitura Comprimento (cm) Variação do comprimento do Epicótilo nas plantas do Vaso F 7 6 5 4 3 2 1 0 1ª Leitura 2ª Leitura 3ª Leitura 4ª Leitura Comprimento (cm) Variação do comprimento do Epicótilo nas plantas do Vaso G 8 7 6 5 4 3 2 1 0 1ª Leitura 2ª Leitura 3ª Leitura 4ª Leitura Gráficos 1 a 7 – Representações gráficas das variações médias dos comprimentos dos epicótilos das plantas 10 Observação de sintomas de deficiências minerais vasos. Na tabela seguinte estão descritas os sintomas observados sobre cada um dos Solução -Completa -P -K -Ca -Mg -S -Micro Sintomas observados Data: 06/01/2003 – 7dias Crescimento aparentemente normal, com folhas desenvolvidas, caules fortes e botões verdes. Crescimento reduzido. Folhas com manchas escuras e caules finos. Crescimento reduzido, com entrenós reduzidos. Folhas jovens e velhas com clorose e necrose marginal e ligeiro encarquilhamento. Necroses nas margens e nos ápices das folhas. Folhas mais jovens com mosaico de manchas necróticas e cloróticas. Folhas jovens ligeiramente encarquilhadas. Sintomas observados Data: 17/01/2003 – 18 dias Crescimento e desenvolvimento aparentemente normais, sem qualquer observação de sintomas de deficiência. Crescimento reduzido. Folhas mais velhas secas e com necroses. Caules finos. Crescimento muito reduzido. Necroses e cloroses nos ápices e margens foliares. Encaracolamento das folhas. Crescimento reduzido. Necroses e cloroses nas folhas mais jovens, assim como encarquilhamento. Crescimento aparentemente normal. Necroses no bordo do limbo das folhas mais velhas (cotilédones). Crescimento aparentemente normal. Necroses intervenais em folhas mais velhas. Algumas folhas secas. Crescimento pouco afectado. Crescimento aparentemente normal. Algumas folhas jovens com clorose. Folhas mais jovens com manchas cloróticas. Crescimento ligeiramente reduzido. Crescimento reduzido. Folhas jovens murchas, alguns Clorose e necrose nos cotilédones. cotilédones amarelados e folhas com manchas necróticas e cloróticas. Tabela 8 – Observações efectuadas sobre cada um dos vasos DISCUSSÃO Observação de sintomas de deficiências minerais Do quadro de sintomas observados é possível verificar que as plantas que cresceram em solução completa apresentaram um crescimento normal, tendo-se no entanto verificado que no final da segunda semana se observaram algumas folhas novas secas, possivelmente por motivo de ligeiro déficit de nutrientes imóveis (cálcio ou magnésio). Ao contrário do que 11 seria de esperar, as plantas que se desenvolveram em solução sem enxofre evidenciaram um elevado crescimento. Relativamente aos sintomas observados para os restantes tratamentos (ver anexo 1), é possível referir que foram ao encontro dos referidos pelos vários autores consultados (Coll et al., 2001; Salisbury & Ross, 1985; Taiz & Zeiger, 1998), sendo importante referir o elevado grau de encarquilhamento das folhas, nas plantas que cresceram em solução nutritiva sem potássio, ocorrência que aparece referenciada, mas que se verificou bastante acentuada e associada também ao reduzido crescimento das plantas. O papel do potássio aparece associado ao metabolismo enzimático, mas devido ao facto de terem sido determinadas necessidades elevadas deste nutriente, têm-se desenvolvido estudos que sugerem a sua actividade como contribuinte para a preservação da estrutura necessária para a actividade enzimática óptima, enquanto outros trabalhos apontam para a sua acção ao nível do transporte de açucares pelo floema ou no mecanismo de regulação da abertura e fecho dos estomas (Coll et al., 2001). Estas sugestões podem justificar os sintomas observados nas plantas que cresceram na ausência de potássio, visto que as necessidades neste mineral são elevadas e por isso os resultados da sua carência revelam-se também eles dramáticos. Variação do comprimento do epicótilo Em relação à taxa de crescimento relativo é possível constatar que, de uma forma geral, decresceu da primeira para a segunda semana (decréscimo do declive – ver gráficos), justificando-se esta situação pelo facto de este parâmetro considerar o tamanho inicial da planta, que aumentou em média de forma significativa do primeiro para o segundo período de medição, ou seja, à medida que a planta aumenta de tamanho, o mesmo crescimento absoluto tem um efeito menor em termos de crescimento relativo. As plantas que estiveram em cultura de soluções sem magnésio e enxofre apresentaram valores de crescimento médio final e curvas de crescimento bastante semelhantes às do tratamento completo, situação que é surpreendente no que se refere principalmente à solução sem e enxofre, cujo crescimento deveria diminuir de forma acentuada visto tratarem-se de componentes estruturais de aminoácidos e proteínas extremamente fundamentais para o desenvolvimento da planta (Coll et al., 2001; Dias, 2001), tendo como possível explicação, uma falha na preparação das soluções. O potássio apresenta um crescimento bastante reduzido ao longo das duas semanas de experiência, sem grande variação na sua taxa de crescimento absoluto, o que vem também ao encontro do 12 descrito na bibliografia consultada, que refere para plantas com deficiência em potássio, caules finos e fracos, com tendência para a prostração (Dias, 2001) e aspecto atarracado devido ao encurtamento dos entrenós (Coll et al., 2001). As plantas que cresceram em solução nutritiva sem micronutrientes apresentam um crescimento médio final um pouco inferior às que cresceram em solução completa essencialmente devido à diminuição da taxa de crescimento absoluto na segunda semana (13 e 17 de Janeiro) de crescimento. Provavelmente explica-se pelo facto destes elementos serem componentes de enzimas, bem como intervenientes no processo da sua activação (Coll et al., 2001; Dias, 2001). Relativamente às plantas que cresceram em soluções nutritivas sem cálcio e fósforo observou-se um crescimento reduzido quando em comparação com a solução completa, isto porque ambos entram na constituição e funcionamento das membranas celulares, ao nível da selectividade, sendo o ião fosfato um dos componentes fundamentais dos nucleótidos utilizados no metabolismo energético e ácidos nucleicos ( Coll et al, 2001; Dias, 2001) CONCLUSÕES O que de certo se pode concluir deste trabalho, é que as soluções nutritivas sem enxofre e magnésio, provavelmente foram mal administradas durante o procedimento experimental ou as medições feitas pelo próprio experimentador não foram bem efectuadas, pelo simples facto de os resultados obtidos demonstrarem que na sua ausência o crescimento das plantas não é afectado tão drasticamente como seria de esperar, já que se tratam de nutrientes essenciais que só por si, explicam a sua importância nas funções vitais das plantas. Para os restantes nutrientes conclui-se serem fundamentais para o bom desenvolvimento das plantas, visto o seu crescimento ser afectado na ausência de qualquer um desses elementos. Todos eles intervêm ao nível do metabolismo energético, formação de ácidos nucleicos e proteínas, formação e constituição de membranas celulares, assim como activação de processos enzimáticos, e até na própria formação da molécula de clorofila, impossibilitando as funções autotróficas características dos seres vegetais, sendo por todos estes motivos, afectado a vários níveis o crescimento natural das plantas. 13 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS COLL, J.B.; Rodrigo, G.N.; Garcia, B.S. & Tamés, R. S. (2001). Fisiologia Vegetal. Ediciones Piramide, Madrid. DIAS, A. (2001). Nutrição Mineral – Observação de sintomas e quantificação de efeitos de deficiências minerais em plantas de pepino (Cucumis sativus L. “Ashley”) crescendo em cultura hidropónica. Departamento de Biologia da Universidade de Évora, Évora SALISBURY, F.B. & Ross, C.W. (1978). Plant Physiology, 2ª ed. Wadsworth Publishing Company, Inc. Belmont, California. TAIZ, L. & Zeiger, E. (1988). Plant Physiology, 2ª ed. Sinauer Associates, Inc. Publishers, Sunderland, Massachussets. 14 ANEXO 1 15 16 17 18