Púrpura trombocitopênica trombótica: relato de caso Silvia F. Takahashi1; Raysa C. Schmidt1; Bruna C. Santos1 ; Laura C. Franco2 ; Fausto C. Trigo2 1 Residente de Clínica Médica, Universidade Estadual de Londrina - UEL - Londrina (PR),Brasil 2 Docente de Hematologia, Universidade Estadual de Londrina - UEL - Londrina (PR), Brasil Contato: [email protected] Introdução A púrpura trombocitopênica trombótica (PTT) consiste em desordem hematológica caracterizada por anemia hemolítica microangiopática, trombocitopenia, disfunção renal, alterações neurológicas e febre. Apesar de rara, sua mortalidade é extremamente alta quando não diagnosticada e tratada precocemente. Relato de Caso • Mulher, 36 anos, com queixas de astenia, náuseas, dor abdominal e urina escurecida há 3 dias, além de plaquetopenia em exame prévio. Sinais vitais estáveis, descorada e dor à palpação profunda de hipogastro. • No 2º DI evoluiu com agitação psicomotora, desorientação e febre. Descartado alterações tomográficas. Levantada hipótese diagnóstica de PTT, corroborada pelos achados de anemia hemolítica microangiopática (pesquisa de esquizócitos positiva, dosagens séricas de LDH e Bbi elevadas). Descartadas causas de PTT secundária. • No 3º DI realizou-se transfusão de plasma fresco congelado e pulsoterapia com metilprednisolona. • No 4º DI, iniciou-se a plasmaférese em sessões diárias por 4 dias consecutivos, com importante melhora neurológica. Realizadas mais 8 sessões intermitentes e manutenção de corticoterapia, com doses progressivamente menores. Tabela : Evolução laboratorial durante internação hospitalar e acompanhamento ambulatorial DI: dia de internação RA: retorno ambulatorial Discussão • A incidência mundial de PTT é de 5-10 casos/1.000.000 de pessoas/ano. Apesar de rara, as taxas de mortalidade eram extremamente elevadas antes do surgimento da plasmaférese, chegando a 90%. • O diagnóstico era descrito como uma pêntade de trombocitopenia, anemia hemolítica microangiopática, sinais neurológicos flutuantes, disfunção renal e febre. Hoje, sabe-se que até 35% dos pacientes podem não ter alterações neurológicas na apresentação, e disfunção renal e febre não são sintomas prevalentes. • A doença ocorre por uma disfunção da ADAMTS13, uma enzima de clivagem do fator de von Willebrand que, uma vez não clivado, dá origem à formação de trombos na microvasculatura. • A confirmação laboratorial da PTT pode ser obtida com a dosagem da atividade da ADAMTS13. • Plasmaférese diária é a primeira linha de tratamento e reduziu a mortalidade para 10-20%. Infusões de grandes volumes de plasma podem ser utilizadas alternativamente. • Os ciclos de plasmaférese diária devem continuar por no mínimo 2 dias após a completa remissão, definida como contagem plaquetária acima de 150.000. • Corticoides são amplamente usados em associação com a plasmaférese. Rituximabe é a segunda linha de tratamento, para pacientes refratários. Conclusão Frente a um paciente com HD de PTT torna-se imprescindível seu encaminhamento para centro especializado com disponibilidade de plasmaférese, por ser esta a terapia de escolha e que determina importante redução na mortalidade. Bibliografia GEORGE, JN. How I treat patients with thrombotic thrombocytopenic purpura: 2010. Blood, v.116, n. 20, p. 4060-9. Washington DC, 2010. RIZZO, C. et al. Thrombotic thrombocytopenic purpura: a review of the literature in the light of our experience with plasma exchange. Blood Transfus, v.10, p.521-32, 2012. SCULLY, M. et al. Guidelines on the diagnosis and management of thrombotic thrombocytopenic purpura and other thrombotic microangiopathies. British Journal of Haematology, 2012. BLOMBERY, P. et al. Management of thrombotic thrombocytopenic purpura: current perspectives. Journal of Blood Medicine, v.5, p.15-23, 2014. TSAI, H. Pathophysiology of thrombotic thrombocytopenic purpura. Int J Hematol, v. 91, p. 1-19, 2010.