284 R e v i s t a d e Cliiinica p u r a e n p p l i c a d a Notas das lições de Radioactividade d a d a s no Instituto S u p e r i o r T é c n i c o de Lisboa PELO GIOVANNI PBOl'ESSl'R COSTANZO (COSTINCAÇÂO) 7. — Determinações experimentais de ki e k j . — Os métodos de medida excogitados p a r a d e t e r m i n a r as mobilidades k\, k% são muitos e os resultados obtidos por êles são b a s t a n t e concordantes. 1) Primeiro método de Z E L E K Y (Phil. Mag., t. 4 6 , p. 1 2 0 , 1898): O gás é expulsado com velocidades conhecidas e variáveis a t r a v é s de um t u b o T é obrigado a a t r a v e s s a r a r e d e meSlttk tálica AB, para assim se e n c o n t r a r compreen"1 - i - dido num campo eléctrico constituído pela T ; r e d e AB, que está eléctricamente isolada e em i 1 ; Tc» I JL contacto com um electrómetro, e pela r e d e <Z> —r— paralela CD que comunica com um dos poT "«* los, o positivo por exemplo, de uma b a t e r i a Tls 9 ' de c a r g a , cujo outro polo está a t e r r a . Um feixe de raios de R Õ N T G E N ioniza o gás compreendido e n t r e as duas redes e desta f o r m a os iões positivos, atraídos pela acção do campo eléctrico no sentido da r e d e AB, são afastados dela pela acção da corrente gasosa. H a v e r á uma velocidade mínima desta corrente pela qual n e n h u m ião positivo p o d e r á atingir a r e d e AB e ceder-lhe a sua c a r g a ; esta velocidade será evidentemente medida pelo p r o d u t o kX da mobilidade dos iões positivos pela intensidade do campo. Bastará inverter o sentido do campo p a r a obter Ic1. Êste método tem o inconveniente que provêm das p e r t u r b a ções que produzem na c o r r e n t e gásosa, as redes que servem como electrodos. Foi êste o motivo porque o mesmo Z E L E N Y empregou posteriormente o método seguinte. 2) Segundo método de Z E L E N Y : (Phil. Trans. A., vol. 195, p. 193, 1901). E n t r e os dois tubos concêntricos A e B de alu- N o t a dr,8 lii;õc9 de R a d i o a c t i v i d a d e 2*5 mínio (metal mais conveniente por emitir poucos r a i o s S) existe uma diferença de potencial V. Seja a o r a i o do t u b o externo A que está ao potencial V1 e b, o raio do tubo i n t e r n o que está ao potenEi«tro«. ciai zero e que é f o r m a d o de duas „ A 1 i p a r t e s Bi , Bj isoladas eléctricaTTS-—^ —» _ J ;',. '„ ' . I i r r r A l ^ B mente e s e p a r a d a s por um peque- " " " t^^j p níssimo i n t e r v a l o I. —• A O gás é ionizado pela acção dos F]g 8 raios de R Õ K T G E N n u m a estreita ' zona mn normal ao eixo dos tubos e é animado de um movi: mento de translação paralelo ao mesmo eixo, no i n t e r v a l o a n u l a r o qual, pelo que foi dito, constituo um campo eléctrico n o r m a l à direcção de movimento do gás. Um ião positivo de mobilidade ki colocado em m estará simult â n e a m e n t e solicitado por duas velocidades ortogonais e n t r e s i : uma devida ao a r r a s t a m e n t o provocado pela c o r r e n t e gasosa, e p o r t a n t o de direcção paralela ao eixo dos t u b o s ; o u t r a de direcção t r a n s v e r s a l ao tubo, d e t e r m i n a d a pela acção do campo eléctrico o qual, como se sabe, num ponto que dista de r do eixo t e m uma intensidade X dada p o r : V X. r , b Iog- CL quando se admita que a presença dos iões não altere a distribuição do campo. A velocidade comunicada aos iões é k\ X e, se u é a velocidade da corrente gasosa à mesma distância r do eixo, a inclinação da trajectória em relação ao mesmo eixo será dada pela equação: dx u e p o r t a n t o substituindo a X o seu v a l o r : 1l o g -b dx = , „ k IV u.r.dr, 286 HeviBta d e C h i m i c a p u r a e appUcads. Oa iões positivos impelidos pelas duas acções mover-se hão s e g u n d o trajectórias curvilinias e, a segunda da velocidade da c o r r e n t e gasoso, serão recolhidos ou na sua totalidade pela porção Bi não isolada do tubo interior, ou em p a r t e por Bj e em p a r t e pela porção do tubo Bi que está isolada. O método consiste em determinar o valor minimo do campo pelo qual Bi não recebe nenhum ião. Os iões que atingem maiores distâncias a p a r t i r da origem são evidentemente aqueles em que é r = a, isto é os que partem da p a r e d e do t u b o e x t e r i o r ; a distância em que um ião encontra o tubo i n t e r i o r , contada p a r a l e l a m e n t e ao eixo do tubo s e r á : AIV O 0 valor do integral que figura nesta expressão obtem-se por medida directa. De facto a quantidade de gás que passa num B e g u n d o através da unidade de superfície da secção t r a n s v e r sal é dada por 1 2 C1 Q= ^ 7 - . I u.r.dr ^J - de maneira que poderá escrever-se: u Ibi — a°) W i l o b g . (11) 1 O volume de gás que passa com a velocidade média u através de uma coroa circular de raio r, r -J- dr, na unidade de tempo, é medida por 2r.r u.dr, e integrando entre os limites a e h: f t 2 - .u.r.dr — - {b* — a') u e portanto u.r.dr •• &* - a 1 a quantidade u é a velocidade média da corrente gasosa e obtem-se pelo volume total do gás emitido num segundo, dividido pela superfície da escção transversal. 267 K o t a dae liçôcí de U a j i o n c t i v i í l n d c Como se conhece a distância zo da origem até o ponto em que o ião encontra o cilindro interno, pondo nesta f ó r m u l a z —ay o b t e m s e At. E v i d e n t e m e n t e tratando-se de iões negativos, isto ó tendo que d e t e r m i n a r In, deverá o tubo externo ser levado a um potencial negativo (—V). P a r a d e t e r m i n a r zo, e m p r e g a n d o um campo b a s t a n t e intenso n e n h u m ião chega a I1 então diminue-se V até obter o desvio do electrómetro, o que indica que os iões começam a a t i n g i r Bi. Referimos a tabela dos valores obtidos por Z E L E N Y 1 sendo, como o a u t o r fez na memória original, os resultados expressos em centímetros por segundo ao mesmo tempo p a r a um campo de 1 volt. por centímetro e p a r a um campo do uma u n i d a d e electrostática por centímetro. Os valores referem-se a pressão de 760 m m . de mercúrio. Mobilidade dos iões Velocidade em cm:Bec Q às Ar sêco Ar húmido Oxigénio sêco Oxigénio húmido Ácido carbónico sêco . Ácido carbónico húmido. Hidrogénio sêco Hidrogénio húmido . . . N u m c a m p o de K 1 v o i t . ]>or cm. Num c a m p o oe I u e- s cm. HolftçAo d a s TemperatnobUidttdos tura dot iSoa -f e — Iões -I- I3e« — I«e» + Iòes — 1,36 1,87 408 561 1,375 15°,5 1,37 1,51 411 468 1,10 14 , 0 1,36 1,80 408 540 1,32 17 , 0 1,29 1,52 387 456 1,18 16 , 0 17 , 5 0,76 0,81 228 243 1,07 0,82 0,75 246 225 0,915 17 , 0 6,70 7,95 2010 2385 1,19 20 ,0 5,30 6,80 1590 1680 1,05 20,0 C. Vê-se que, salvo o caso do ácido carbónico húmido, a mobilidade do ião negativo é sempre a maior. C o m p a r a n d o a mobilidade dos iões gasosos com a mobilidade dos iões electrotilicos vê-se que esta é muito menor. 284 R e v i s t a d e Cliiinica p u r a e n p p l i c a d a F i n a l m e n t e o b s e r v a - s e que a h u m i d a d e tem u m a certa influencia, sendo, neste caso, as mobilidades mais f r a c a s e mais próx i m a s u m a da o u t r a . 3) Método da inversão do campo, de L A N G E Y I N . (Thèse de doctorat e Ann. de Ch. et de Ph., t. 2 8 , p. 2 8 9 e 4 3 3 , 1 9 0 3 ) . P o r êste método, d i f e r e n t e m e n t e dos dois p r e c e d e n t e m e n t e expostos, mede-se d i r e c t a m e n t e o tempo que e m p r e g a u m ião p a r a p e r c o r r e r um espaço d e t e r m i n a d o . O gás ioniza-se p o r meio de um feixe de r a i o s de R Õ N T G E N e s t a n d o c o m p r e e n d i d o e n t r e as a r m a d u r a s de u m c o n d e n s a d o r p l a n o . Num d e t e r m i n a d o m o m e n t o suprimem-se os raios ioniz a d o r e s e estabelece-se e n t r e as d u a s a r m a d u r a s um intenso c a m p o electrostático de sentido d e t e r m i n a d o . No f i m d u m t e m p o t, v a r i á v e l à vontade, i n v e r t e - s e o sentido do c a m p o . P a r a f i x a r m o s as ideias, c h a m e m o s A a a r m a d u r a p a r a a qual, no c a m p o inicial, e r a m a t r a í d o s os iões p o s i t i v o s : a c a r g a total que A r e c e b e é constituída, a) pela c a r g a que d u r a n t e o tempo t lhe cedem os iões p o s i t i v o s ; ò) pelas c a r g a s de todos os iões n e g a tivos p r e s e n t e s no g á s no i n s t a n t e da inversão e que se t r a n s p o r t a r ã o todos s ô b r è A. P o r simplicidade s u p o n h a m o s que a ionização p r i m i t i v a seja u n i f o r m e , que o c a m p o Beja b a s t a n t e intenso e q u e a d u r a ç ã o seja b a s t a n t e c u r t a p a r a serem desprezíveis no fenómeno os efeitos da r e c o m b i n a ç ã o dos iões. Se c é a c o n c e n t r a ç ã o dos iões de u m d e t e r m i n a d o sinal presentes no gás no i n s t a n t e e m q u e cessam de a c t u a r os r a i o s de R Õ N T G E K , e X é a i n t e n s i d a d e do campo, a . l â m i n a A r e c e b e r á em t segundos, por cada c m . ' u m n ú m e r o de iões positivos dado p o r c.kt .X.t, pois os iões positivos deslocando-se com a velocidade In X, no t e m p o t p e r c o r r e m o espaço hXt, sendo p o r é m e v i d e n t e q u e êste espaço kiXt d e v e r á ser m e n o r da distância I e n t r e as d u a s a r m a d u r a s do c o n d e n s a d o r . No mesmo i n t e r v a l o de tempo t terão a t i n g i d o cada cm. 4 da s u p e r f í c i e da o u t r a a r m a d u r a c.ki.X.t Xota das lições de Radioactividade 2S9 iões negativos, sendo IciXt m&nor de l, p o r t a n t o o número de iões negativos que ficam e n t r e as duas a r m a d u r a s , n u m cilindro de 1 cm. 1 de base, será dado por C(I-IciXt) e serão estes os iões resíduos que irão todos sobre a unidade da área de A q u a n d o se i n v e r t i r á o campo. Desta fôrma a c a r g a Q que receberá cada cm. 1 da a r m a d u r a A será dada p o r Q = ckiXt — c (1 — foXt). = c (Ai + hi) Xt cl, supondo sempre serem AiXi e ktXt inferiores a l, o que se r e a liza até que o tempo t não atinge o valor da m e n o r das d u a s I I quantidades -j-^-, r ^ F * AT|A ATjJi. I Se fôr ki > Ai1 q u a n d o t atinge o valor -r—— não f i c a r ã o mais Iii X iões negativos p a r a irem sobre A depois da i n v e r s ã o do campo, e pondo c (/-AjXO = S será e se Q= ckiXt <>ÃTX será Q = cl. P o r t a n t o p a r a kt > A» apresentam-se trés c a s o s : K-Â? KiX. i>! , Q-c(ln éx ' + Q=c/; k»)Xt-cl, 284 R e v i s t a d e Cliiinica p u r a e n p p l i c a d a e p a r a h > A-j se h a v e r á ^ãÍX 1 Q = c ^"' + !{i Xt ) ~ d' Se p o r t a n t o r e p r e s e n t a r m o s g r á f i c a m e n t e a r e l a ç ã o e n t r e Q e t, as c u r v a s r e p r e s e n t a t i v a s serão Begmentos rectilíneos q u e se d o b r a m nos pontos de abscissas i 1 A-,X t ' I = 1 A1X ' D e t e r m i n a d o s estes p o n t o s deduzir-se hão os v a l o r e s das mob i l i d a d e s ki, ki. , Os r e s u l t a d o s obtidos p o r L A N G E V I N c o n c o r d a m com os de ZELENY. O mesmo L A N G E V I N estudou a influência da p r e s s ã o s o b r e as mobilidades, e achou que no a r , com pressões c o m p r e e n didas e n t r e 7,5 e 142 cm. de m e r c ú r i o , o p r o d u t o pressão x mobilidade e r a sensivelmente c o n s t a n t e p a r a o ião positivo, ao passo que no caso do ião n e g a t i v o 6ste p r o d u t o d i m i n u i a q u a n d o a pressão t o r n a v a - s e i n f e r i o r aos 20 cm. de m e r c ú r i o . Êste result a d o foi i n t e r p r e t a d o a d m i t i n â o que a e s t r u t u r a do ião n e g a t i v o simplifica-se com o a b a i x a m e n t o da p r e s s ã o . O método de L A N G E V I N foi e m p r e g a d o p o r W E L L I S C H (Phil. Trans. Roy Soc., A. 209, p. 249, 1909) p a r a d e t e r m i n a r as mobilidades em muitos gases e v a p o r e s , r e l e v a n d o - s e dos seus result a d o s q u e não existe n e n h u m a r e l a ç ã o d i r e c t a e n t r e as mobilid a d e s e os pesos m o l e c u l a r e s ; q u e as m o b i l i d a d e s f r a c a s são o b t i d a s p a r a gases que possuem t e m p e r a t u r a s críticas elevadas (vapores), sendo as m a i o r e s p a r a os gases cuja t e m p e r a t u r a crítica é b a i x a . F R A N C K e P O H L (Verh. D. Deut. Phys. Ges., 9 , p. 1 9 4 , 1 9 0 7 ) , d e t e r m i n o u o valor das m e b i l i d a d e s no hélio, o b t e n d o p a r a Arposi- N o t a d a s l i ç õ e s de R a d i o a c t i v i d a d e 291 tivo o valor 5.09 e p a r a k negativo o valor 6.31 centímetros p o r s e g u n d o ; valores um pouco mais baixos dos obtidos p a r a o hidrogénio. D E M P S T E R (Ph.>/. Rcw. 3 4 , p. 5 3 , 1 9 1 2 ) estudou a mobilidade dos iões produzidos pelos raios a do polónio, no ar a pressões que c h e g a v a m até 100 atmosferas — Concluiu q u e : a) os iões positivos teem uma mobilidade que varia em razão inversa da p r e s s ã o ; b) o mesmo é p a r a os iões negativos, mas a mobilidade destes diminui mais r a p i d a m e n t e ; c) a mobilidade dos iões negativos cresce com a voltagem da câmara de ionização. (Proe. Roy. Soc., 8 6 , p. 1 5 4 , 1 9 1 2 ) estudou as mobilidades em gases comprimidos e n t r e 10 e 75 atmosferas, empreg a n d o como fonte de ionização os raios a do iónio. As suas experiências f o r a m feitas sobre o ar sêco, o hidrogénio sêco e o ácido carbónico húmido. P a r a o ar e hidrogénio secos obteve como r e s u l t a d o que o p r o d u t o da pressão pelas mobilidades dos iões dos dois sinais se mantém constante até 75 atm. de pressão, ao passo que p a r a o ácido carbónico húmido Gste p r o d u t o mantem-se constante até as 40 a t m o s f e r a s de p r e s s ã o ; depois diminui quando o gás tende a liquefazer-se. KOVARIK P H I L L I P S estudou a influência da t e m p e r a t u r a 6Ôbre a mobibilidade dos iões e achou que, p a r a t e m p e r a t u r a s compreendidas e n t r e 94.° C. e 411.° C. absolutos, a mobilidade dos iões dos dois sinais é p r o p o r c i o n a l à t e m p e r a t u r a absoluta (Proc. Roy. Soe. A. 78, p. 167, 1306). E R I K S O N (Phys. Rcw. 3 , 1 5 1 , 1 9 1 4 ) estudou as velocidades dos iões produzidos pelos raios do polónio no ar à pressão normal obtendo os valores seguintes : Temperaturas 20° C - 64 - 1 8 0 k-f 1.35 cm : sec. 1.34 1.20 Jfe1.89 cm : 6eo. 1.82 1.24 R e v i s t a d e Cliiinica p u r a e n p p l i c a d a 284 Na tabela seguinte s5o dados alguns dos valores de k obtidos p o r diferentes a u t o r e s : M o b i l i d a d e a 700 m m . Gás PfeKO molecular Temperae bb.'CitsA T — HS 2 - 1,36 ' 1,87 — 1,60 — 1,70 ZELENY LANGEVIN — 1,39 — 1,78 PHILLIPS 6,70 — 7,95 ZELENY 5,09 — 6,31 FRANCKEPOHL Ar — Valor TOÍdio 35 4 4,5 . RDTHENFORD 28 124 OJ 32 154 HCL 36,5 325 CO2 44 304 CO2 44 SO, 64 429 — 0,5 — RUTHERFORD CL 2 71 414 — 1,0 — RUTHERFORD — — 1,36 — 1,6 — — . 1,80 1,27 — ZELENY RUTHERFORD 0,76 — 0,81 ZELENY 0,86 — 0,90 LANGEVIN 8. — Corrente de saturação. — Se no espaço ocupado por um gás ionizado se estabelece um campo eléctrico constante, os iões, devido à c a r g a eléctrica p r ó p r i a de cada um deles, a d q u i r i r ã o uma velocidade, movendo-se os iões positivos na direcção e sentido das linhas de fôrça do campo e em sentido oposto os iões negativos. Nas medidas de Radioactividade o campo estabelece-se ordin á r i a m e n t e por meio de dois discos planos e paralelos levados a potenciais diferentes, ou t a m b é m e m p r e g a n d o um recipiente cilíndrico (em geral pôsto a t e r r a ) e uma haste a p o t e n c i a l difer e n t e disposta segundo o eix« do cilindro. Estes sistemas const i t u e m os chamados condensadores de medida ou câmaras de ionização. Como foi visto, em geral, dere-se ter presente que um gás ionizado p e r d e com o tempo os seus iões por efeito dos dois fenómenos da recombinação e da difusão, mas q u a n d o intervem o campo eléctrico especialmente se é b a s t a n t e intenso, o transp o r t e dos iões p a r a os electrodos é tão r á p i d o que podem-ee Xota d a s lições d e R a d i o a c t i v i d a d e 2S9 c o n s i d e r a r todos os iões a r r a s t a d o s pela f o r ç a eléctrica sem q u e no t r a j e c t o se efectuem recombinações ou d i f u s ã o de iões nas paredes. Os eléctrodos da c â m a r a de ionização r e c e b e r ã o cada um r e s p e c t i v a m e n t e os iões de sinal oposto ao da p r ó p r i a c a r g a , p o r t a n t o h a v e r á um t r a n s p o r t e de c a r g a s ou, n o u t r o s termos, u m a c o r r e n t e e n t r e os electrodos, a esta c o r r e n t e c h a m a - s e corrente de ionização. t Se o c a m p o fôr b a s t a n t e intenso todos os iões p r o d u z i d o s s e r ã o c o n s t a n t e m e n t e absorvidos pelos electrodos, e se a intens i d a d e da ionização fôr constante, isto é, se fôr c o n s t a n t e o n ú m e r o de iões p r o d u z i d o s na u n i d a d e de volume, n u m seg u n d o , s e r á t a m b é m constante a i n t e n s i d a d e da c o r r e n t e de ionização e n t r e os dois electrodos. Como esta c o r r e n t e é p r o d u z i d a pelo t r a n s p o r t e dos iões, e estes são n u m a c e r t a q u a n t i d a d e finita, é evidente que a i n t e n s i d a d e da c o r r e n t e de ionização t e r á u m v a l o r limite que não p o d e r á ser excedido p o r m a i s f o r t e que seja o campo. A este v a l o r limite da c o r r e n t e , que é a t i n g i d o q u a n d o todos os iões à - m e d i d a que são p r o d u zidos são t r a n s p o r t a d o s p a r a os electrodos, chama-se -corrente de saturação. P a r a a t i n g i r a c o r r e n t e de s a t u r a ç ã o deve o c a m p o t e r u m a i n t e n s i d a d e s u f i c i e n t e ; chama-se voltagem de saturação ao v a l o r m í n i m o necessário e suficiente p a r a d e t e r m i n a r a c o r r e n t e de saturarão. Pelo que a c a b a m o s de dizer, se deduz que a i n t e n s i d a d e da c o r r e n t e de ionização depende da voltagem, até que a v o l t a g e m de s a t u r a ç ã o não seja a t i n g i d a . P a r a f a z e r determinações s o b r e a influência da voltagem na intensidade da c o r r e n t e de ionização convêm e m p r e g a r u m a ionização uniforme. Chama-se u n i f o r m e u m a ionização na q u a l o n ú m e r o dos iões p r o d u z i d o s nas u n i d a d e s de tempo e de volume é independente das c o o r d e n a d a s dos pontos, o que vale dizer que esse n ú m e r o é o mesmo em toda a massa do gás considerado. Uma ionização u n i f o r m e pode obter-se e m p r e g a n d o um feixe de raios de R Õ N T G E N que a t r a v e s s a m o g á s p a r a l e l a m e n t e aos discos do condensador de medida. Coin êste dispositivo e x p e r i m e n t a l J . J . T H O M S O N ( N a t u r e , 2 6 a b r i l 1 8 9 6 ) obteve a c u r v a da f i g u r a na qual estão postas em abscissas as 294 Revista de Chimica p i n a e applicada d i f e r e n c i a s de potencial entre os discos e em o r d e n a d a s as intensidades da c o r r e n t e de ionização. Vê-se que e m q u a n t o a difer e n ç a de potencial é pequena, a curva mantêm-se a p r o x i m a d a m e n t e em linha recta e segue a lei de OHM porem logo a c o r r e n t e começa a crescer mais lentamente da dife— rença de potencial até que a um certo ponto a corrente mantêm-se constante com o crescer da diferença de potencial, então é que foi atingida a voltagem de saturação. Fig. 1 Continuando a crescer a diferença de potencial o campo eléctrico pode tornar-se b a s t a n t e intenso p a r a p r o d u z i r êle mesmo a ionização do gás. Neste caso atinge-se um novo período da corrente a qual cresce então muito r a p i d a mente com a diferença de potencial, como se vê na fig. 5 obtida por T O W N S E N D p a r a p r a t o s distantes 10 cm., a 3 mm. d e p r e s i tl são (Phil. Mag. t. I, C p . 198 e 630, 1901). Z O gradiente do potencial n e c e s s á r i o tico p a r a atingir êste úlVcltl Fig. O timo período é proporcional à pressão do gás e, p a r a o ar à pressão normal, corr e s p o n d e a 30.000 voltas por centímetro. Interessa observar-se que, como a intensidade da c o r r e n t e de s a t u r a ç ã o num condensador de faces paralelas depende, q u a n d o seja atingida a voltagem de saturação, unicamente do n ú m e r o dos iões presentes, SÕ todo o gas sstá uniformemente ionizado, & intensidade da c o r r e n t e crescerá com a distância dos discos p r e c i s a m e n t e de m a n e i r a c o n t r á r i a à que se dá no caso de condutores sólidos e líquidos. J . J . T H O M S O N (Phil. Mag., t. 47, p. 2 5 3 ; Cond. of Eleclr. thr. Gases, ch. ill, p. 84) tentou determinar por via analítica a lei da v a r i a ç ã o da intensidade da corrente com a voltagem, cheg a n d o a estabelecer a equação diferencial do fenómeno. Esta equação sabe-se i n t e g r a r apenas no caso de ser ^ = Constante, isto ó de p r o d u ç ã o u n i f o r m e de iões, e p a r a ki ^kii isto é para Xota das lições d e R a d i o a c t i v i d a d e 2S9 m o b i l i d a d e s i g u a i s dos iões dos dois. sinais. Nèste caso, cham a n d o V a diferença de potencial e t a intensidade da c o r r e n t e de ionização, a relação é da f o r m a V - Ai i -f Bi sendo A e B duas constantes que dependem da i n t e n s i d a d e das r a d i a ç õ e s e da distância e n t r e os p r a t o s do c o n d e n s a d o r . Como se vê, se se levam em abscissas as intensidades da c o r r e n t e e em o r d e n a d a s as quedas de potencial, a c u r v a r e p r e s e n t a t i v a s e r á uma parábola. R U T H E R F O R D ( R a d i o a c t . Subst., p. 2 9 ) dá uma teoria que apesar de a p r o x i m a d a é útil na i n t e r p r e t a ç ã o dos r e s u l t a d o s da experiência: S e j a m os iões produzidos na u n i d a d e de tempo e em cada c m ' de g á s do c o n d e n s a d o r de medida, na q u a n t i d a d e c o n s t a n t e q, e seja I a distância e n t r e os dois discos do condensador. Quando n ã o a c t u a o campo eléctrico, o n ú m e r o c de iões presentes e m c a d a cm 3 de' gás, q u a n d o subsiste já o equilíbrio e n t r e a p r o d u - . ção e a d e s t r u i ç ã o dos iões, s e r á dado pela r e l a ç ã o (3), sendo q = a . c'. Se *se fcmprega uma p e q u e n a diferença de potencial V, t a l q u e lhe c o r r e s p o n d a apenas uma fracção da c o r r e n t e de s a t u r a ção e que p o r t a n t o influa pouco sobre a concentração c, a corr e n t e i por cm 1 do disco s e r á d a d a pela relação 1 c.e.u.Y — em que u é a soma da velocidade dos iões por u n i d a d e de g r a diente de potencial, e a c a r g a t r a n s p o r t a d a p o r cada ião. A uY q u a n t i d a d e - r e p r e s e n t a r á a velocidade dos iões no c a m p o eléo1 V t r i c ô de i n t e n s i d a d e O n ú m e r o de iões produzidos n u m segundo, n u m p r i s m a d e secção t r a n s v e r s a l igual a um e de a l t u r a igual a I é ql; a cor« 296 K e v i s t a de Cbimica p u r a c opplieadu r e n t e máxima, ou a c o r r e n t e de s a t u r a ç ã o por c m ' do disco, será atingida quando estes ql iões são i n t e g r a l m e n t e t r a n s p o r t a d o s p a r a o disco antes que tenha havido recombinações. Chamando Im a esta corrente de saturação, será i*-= q .l.e, e i ' cu V ~ 5 uV 11 iWq .a equação que demonstra que, para pequenas voltagens, i é proporcional a V, como foi visto acontecer na experiência. Pondo na p r e c e d e n t e relação i Z T p obtem-se u (12) Nas medições de Radioactividade precisa-se em geral estabelecer o número de iões produzidos na unidade de tempo n u m volume determinado de gás, e como a c o r r e n t e de s a t u r a ç ã o , nas mesmas condições de experiência, depende d&ss^e n ú m e r o , basta o r d i n á r i a m e n t e medir exactamente a c o r r e n t e de s a t u r a ç ã o . A diferença potencial mínima precisa p a r a o b t e r , num determinado gás e num determinado condensador de medida, a corr e n t e de s a t u r a ç ã o depende principalmente de q u a t r o factores e p r e c i s a m e n t e : a) da intensidade da ionização, isto é do n ú m e r o de iões produzidos na unidade de tempo e de v o l u m e ; b) da distância que existe e n t r e os pratos do condensador de m e d i d a ; c) da natureza do gás ionizado; d) da pressão do gás. É por isto muito difícil estabeleer a priori qual a voltagem de s a t u r a ção que corresponde a uma determinada medição, convindo sempre fazer a determinação por via experimental. A fórmula (12) p o r é m a j u d a a estabelecer como a voltagem de s a t u r a ç ã o varia em relação com os outros elementos experimentais. De facto vê-se que, para p muito pequeno, V é ao quadrado da distância dos discos do condensador proporcional quando 6e Xufrt (Ins )'n;J,.6 iU; IisdioaetividHile t r a t e de ionização u n i f o r m e ; q u a n d o a ionização n ã o é u n i f o r m e , como acontece p a r a r a i o s p o u c o p e n e t r a n t e s , isto vale a p e n a s a p r o x i m a ti v ã m e n t e . P a r a u m a d e t e r m i n a d a distância /, a voltagem de saturação cresce com a intensidade da ionização. Com p r e p a r a ç õ e s de u r â n i o basta e m p r e g a r u m a voltagem c o m p r e e n d i d a e n t r e 2 00 e 300 volts, mas q u a n d o se t r a t e de p r e p a r a ç õ e s de r á d i o estas v o l t a g e n s não b a s t a m e c o n v ê m d i m i n u i r n i o n i z a ç ã o pela a b s o r p ção de uma p a r t e dos raios, i n t e r c e p t a n d o - o s p o r moio de diaf r a g m a s de n a t u r e z a e e s p e s s u r a c o n v e n i e n t e s . P a r a uma d e t e r m i n a d a intensidade de r a d i a ç ã o e p a r a um g á s d e t e r m i n a d o , a v o l t a g e m de s a t u r a ç ã o d i m i n u i r á p i d a m e n t e com o d i m i n u i r da pressão. Ê s t e facto tem e x p l i c a ç ã o no decréscimo da i n t e n s i d a d e da ionização (a qual é p r o p o r c i o n a l à p r e s s ã o ) e ao a u m e n t o da m o b i l i d a d e dos iões. Veremos a seu t e m p o q u e q u a n d o a ionização é p r o d u z i d a pelos r a i o s a a ionização n ã o pode atingir-se com u m c a m p o q u e tenha uma i n t e n s i d a d e m e n o r .de 1500 volts p o r c e n t í m e t r o e q u e em gei'al c o n v ê m r e d u z i r a p r e s s ã o do gás p a r a o b t e r a s a t u r a ç ã o e m p r e g a n d o d i f e r ê n c i a s de potencial m e n o r e s (§ 9). Ordináriam e n t e atinge-se a 8õ % da v e r d a d e i r a c o r r e n t e de s a t u r a ç ã o , com d i f e r e n ç a s de potencial não e x a g e r a d a s , o q u e em g e r a l é suficiente p a r a d e t e r m i n a ç õ e s c o m p a r a t i v a s . 9 . — I o n i z a ç ã o por colisão. T O W N S E N D (Phil. Mag. 1 , p. 7 9 , 1 9 0 1 ; 3,"p. 557, 1902, Ions, Electrons, Corpuscules, p. 8S1 e 1005) d e m o n s t r o u que, q u a n d o se t r a t a de pressões b a i x a s , a intensid a d e da c o r r e n t e cresce s e m p r e menos r á p i d a m e n t e com a difer e n ç a de potencial, c h e g a n d o - s e a obter a c o r r e n t e de s a t u r a ç ã o pelo e m p r e g o de v o l t a g e n s m e n o r e s . Se p o r é m , depois de a t i n g i d a a c o r r e n t e de s a t u r a ç ã o , se c o n t i n ú a a a u m e n t a r a v o l t a g e m , a i n t e n s i d a d e da c o r r e n t e começa a crescer l e n t a m e n t e no princípio, r á p i d a m e n t e depois. T O W N S E N D explica êste a u m e n t o da c o r r e n t e pela p r o d u ç ã o de iões livres em conseqüência da co.lisão das moléculas do gás a b a i x a p r e s s ã o coin os iões negativos q u e estão em m o v i m e n t o devido à acção do campo eléctrico. A velocidade, e p o r t a n t o a energia cinética de um ião no instante em que há l u g a r u m a Rci. chim pura e cri' , ' >01 Ie1 ano IV (n.'" IOc Jl1 Outubro o Novi min o; Itf 284 R e v i s t a d e Cliiinica p u r a e n p p l i c a d a colisão ó proporcional ao trabalho efectuado pelo c a m p o no desvio do ião do sou percurso entro duas colisões s u c e s s i v a s : se V é a queda de potencial ao longo do livre p e r c u r s o médio de u m ião e c a sua carga, êste trabalho será igual a e"V. P o r valores de V suficientemente g r a n d e s , o ião e n c o n t r a n d o uma molécula determina a sua scisão em dois n o v o s iões; aumenta assim a intensidade da corrente de ionização e tanto mais quanto maior fôr o valor de V, constituindo êste o fenómeno da ionização por colisão ou por choque. P a r a obter a ionização por colisão ó indispensável que o ião tenha um corto livro percurso para adquirir u m a velocidade suficiente, e está claro que a diminuição da p r e s s ã o produz u m alongamento do livre percurso e p o r t a n t o u m a mais intensa ionização. Chamando m à massa o ião e u à velocidade adquirida por êle entro dois pontos que estão à diferença de p o t e n c i a l V deve haver-se 1 : — mu2 = eV e portanto u- V / 2 V - . V m Foi experimentalmente demonstrado que os iões negativos são muito mais eficazes p a r a produzirem iões p o r choque, dos iões positivos e que os produzem efectivamente q u a n d o a diferença de potencial sobre o comprimento do livre p e r c u r s o atinge o valor mínimo de 20 volts mais ou menos. Pondo — = 1,7 X 10" u. e. m. p a r a um e l e c t r ã o de pequena velocidade, sendo V = 20 volts = 2 x IO9 u. c. m., se obtém p a r a cm u o valor « = 2 , 6 x 1 0 ' — , velocidade muito s u p e r i o r à das mosee léculas gasosas, sendo o livre percurso do e l e c t r ã o cêrca de 1 Sempre que u não seja grandíssimo, pois neste caso a massa seria função de u e as fórmulas ordinárias da mecânica deixariam de serem válidas. A fórmula é sensivelmente exacta até que u não é superior à décima parle da velocidade da luz. X o U d a s liçiV-i d e R a d i o a c t i v i d a d e 239 q u a t r o vozes m a i o r que a q u e l e da molécula no q u a l o ião se m o v e . O n ú m e r o de iões p r o d u z i d o s cresce a t é u m m á x i m o q u e se o b t é m q u a n d o a cada colisão c o r r e s p o n d e a f o r m a ç ã o de um n o v o p a r de iões. Num cm. so f o r m a r á u m n ú m e r o de iões de um sinal que será em r a z ã o i n v e r s a do l i v r e p e r c u r s o médio do ião. No ar, à pressão de 1 m m . de m e r c ú r i o , o ião n e g a t i v o p o d e p r o d u z i r por colisão 21 novos iões por c a d a m i l í m e t r o de percurso. Aplica-se u t i l m e n t e êste f e n ó m e n o da i o n i z a ç ã o p o r c h o q u e p a r a i n t e n s i f i c a r os efeitos dns p e q u e n a s c o r r e n t e s de ionização, podendo-se, p o r convenientes dispositivos, c h e g a r a d e s c o b r i r a existência de u m a única p a r t í c u l a a, & p o r t a n t o a c o n t a r o núm e r o das p a r t í c u l a s a e m i t i d a s pelos corpos r a d i o a c t i v o s . P a r a um c e r t o valor da i n t e n s i d a d e do c a m p o , p r o d u z e m a i o n i z a ç ã o p o r colisão a p e n a s os iões n e g a t i v o s ; a u m e n t a n d o o c a m p o , e n t r a m em acção t a m b é m os iões p o s i t i v o s e p o r u m v a l o r b a s t a n t e g r a n d e do c a m p o se p r o d u z a d e s c a r g a d i s t r u t i v a . A d m i t i n d o esta teoria, a faísca electrica nos gases é só possível q u a n d o neles existam p r e c e d e n t e m e n t e iões, os q u a i s a d q u i r i n d o pela acção do campo uma s u f i c i e n t e velocidade p r o d u z e m n o v o s iões p o r c o l i s ã o ; êsses s e r v e m p o r sua vez a g e r a r p o r colisão m a i s iões, c r e s c e n d o assim o n ú m e r o dos iões com g r a n d e r a p i dez, a t é s e r e m b a s t a n t e s p a r a p r o d u z i r e m a d e s c a r g a . No ar à p r e s s ã o o r d i n á r i a , o c a m p o necessário é m u i t o g r a n d e , mas, baix a n d o a p r e s s ã o , os iões a d q u i r e m m a i s f á c i l m e n t e v e l o c i d a d e , e a d i f e r e n ç a de potencial necessária p a r a o b t e r a d e s c a r g a diminui. P a r a m a i o r e s d e t a l h e s s o b r e êste i m p o r t a n t í s s i m o a s s u n t o da i o n i z a ç ã o p o r colisão pode-se c o n s u l t a r em p a r t i c u l a r o v o l u m e de J. S. Townsend: lhe Theory of Ionization of Gases by Collision; L o n d o n , C o n s t a b l e & Co, 1910. 10. — Os iões núcleos de condensação. — Se n u m espaço q u e c o n t e n h a v a p o r de á g u a se p r o d u z um r e s f r i a m e n t o r e p e n t i n o m e d i a n t e u m a e x p a n s ã o a d i a b á t i c a , observa-so em g e r a l a f o r m a ç ã o de u m a névoa constituída p o r t a n t o s g l ó b u l o s de á g u a c o n d e n s a d a do v a p o r p r e e x i s t e n t e . A I T K E N (Trans, of lhe Roy. Soe. of Edimburgh, t. 30, p. 337, Revista de Ctimiea pura e applicada 30) demonstrou que p a r a o vapor de água se condensar, prea de um núcleo sólido que lhe sirva de suporte, p o d e n d o o contido no ar servir de núcleo p a r a a condensação. Poríto numa atmosfera completamente p r i v a d a de pó, ou de outros mientos que possam servir como centros de condensação, não possível obter a condensação do vapor que ficará sobresatudo. Ê s t e fenómeno tinha sido previsto por J . T H O M S O N e a sua plicação tinha sido dada por L O R D K E L V I N O qual (Proc. of e Roy. Soe. of Edimb., Febr. 7, 1870) demonstrou que q u a n t o ais uma superfície líquida é curva tanto maior é a sua tenncia a e v a p o r a r e que p o r t a n t o não pode existir um glóilo líquido infinitamente pequeno, pois uma superfície liquida finitamente convexa t r a n s f o r m a r - s e ía i n s t a n t a n e a m e n t e em ipor. De o u t r a p a r t e J . J. T H O M S O N no seu livro Application of ynamics to Physics and Chemistry (London, 1880, p. 165) estuou a influência da electrização sôbre a e v a p o r a ç ã o das gotas ) água e demonstrou que é preciso g a s t a r mais energia p a r a ' a p o r a r uma gota se c a r r e g a d a de electricidade, que p a r a a vaporar BO no estado n e u t r o . Isto equivale a dizer que a eleciznção do um corpo facilita a condensação dos v a p o r e s na sua iperficio e p o r t a n t o que a electrização de um corpo neutraliza arcialmente o efeito da sua c u r v a d u r a , de f o r m a que o vapor 3 água, o qual não poderia condensar-se sôbre uma d e t e r m i n a d a iperfície convexa (devido à sua c u r v a d u r a ) se n ã o além do onto de orvalho, poderá, no caso desta superfície estar electriída, condensar-se antes ' 1 Segundo LODGE (Electrons. 41" Ed., London, Bell & Sons, 1 9 1 3 , ág. 81) o tamanho crítico pelo qual a carga permite a uma superfície sfírica de ágii.i dn comportar-se, com relação à condensação, como se a íôsse plana, pode calcular-se igualando à tensão superficial T, que é ara o interno, com a tensão eléctrica que é para o exterior. A compo2T ente radial da tensão superficial é — , a tensão eléctrica é Xota das lições de R a d i o a c t i v i d a d e 2S9 C . T. R. W I L S O N demonstrou {Phil. Trmis., A, t. 189, p. 265, 1897; t. 192, p. 403, 1899; t. 193, p. 289, 1899) que produzindo uma expansão adinbátiea num volume de ar p r i v a d o de pó e satur a d o de vapor de água, obtem-se a condensação apenas quando a expansão atinge um certo valor? Tomando como medida da Ve x p a n s ã o a relação entre o volume final e o volume inicial, ' Vn a o se observa condensação até que não é — > 1 , 2 5 , e mesmo V 1 depois que a expansão tem atingido e s u p e r a d o êste limite as vesículas de vapor se manteem relativamente poucas até que a expansão não é superior a 1,38. Então o aumento do n ú m e r o das vesículas é enorme e rapidíssimo, de maneira que, no espaço que limita o ar, se estabelece imediatamente uma névoa densa e opaca. As cousas m u d a m porém quando o gás está submetido à acção de um agente ionizador, por exemplo q u a n d o o gás seja a t r a v e s s a d o por um feixe de raios X, ou pelos raios das substâncias radioactivas. Neste caso, como no precedente não se observ a m vestígios de condensação'até que V —- é menor de 1,25, mas \ i i m e d i a t a m e n t e atingido Cste valor se f o r m a i n s t a n t â n e a m e n t e uma neblina constituída do vesiculns de água, tanto mais miúdas e numerosas quanto mais intenso é o feixe de raios. Se o recipiente da condensação tem dois electrodos planos e paralelos que estabeleçam um campo eléctrico, observar-se há que, repetindo a experiência precedente, o n ú m e r o das vesículas f o r m a d a s depois da expansão é tanto mais pequeno q u a n t o maior fôr a intensidade do campo, o que confirma a hipótese feita de serem os iões os núcleos da condensação : pois os electrodos absorvem tantos mais iões, quanto maior é a diferença de potencial e n t r e portanto a condição é 2T r é1 8 r.kr* de onde que dá r = 18 s Cm-Sproxin-Iadanieiue 1 QueeagrandezaatomiCa. Vê-se pois que os iões podem condensar os vapores. 284 R e v i s t a de Cliiinica p u r a e n p p l i c a d a os electrodos e p o r t a n t o deve, com a i n t e n s i d a d e do c a m p o , diminuir o n ú m e r o de iões existentes no r e c i p i e n t e . Se depois do gás ter sido ionizado subtrai-se da acção i o n i z a d o r a o efectua-se a expansão, obtem-se uma c o n d e n s a ç ã o r e d u z i d a se n ã o actua o campo eléctrico, n ã | se obtém c o n d e n s a ç ã o se o c a m p o actua, o que concorda com a explicação d a d a . Pode-se f a c i l m e n t e d e m o n s t r a r que cada vesícula de á g u a contêm c a r g a eléctrica (que deve ser a do ião que lhe s e r v i u de núcleo) estabelecendo, depois de p r o d u z i d a a condensação, u m campo electrostático. Observa-se então que as moléculas se põem em movimento, i n d o uma p a r t e delas depositar-se p a r a o electrodo positivo, o u t r a p a r a o negativo. Fica porem a explicar a condensação q u e se obtém sem pó nem acção ionizadora a p a r e n t e q u a n d o a e x p a n s ã o t e n h a u m v a l o r superior a 1,25. P a r a isto b a s t a l e m b r a r q u e nos gases existe s e m p r e uma pequena ionização, devida a causas não p r e c i s a d a s ainda e c h a m a d a ionização espontânea. Esta p r o p r i e d a d e dos iões a c t u a r como núcleos de c o n d e n s a ç ã o dos vapores foi a p r o v e i t a d a também p a r a d e s c o b r i r a' existência de iões nos gases, podendo-se t o r n a r p o r esta via m a n i f e s t a a t é a ionização p r o d u z i d a p o r uma p e q u e n a q u a n t i d a d e de u r â n i o colocada a um m e t r o de distância do r e c i p i e n t e de c o n d e n s a ç ã o . • O mesmo W I L S O N (Proc. Roy. Soe. A, 8 5 , p. 2 8 5 , 1 9 1 1 ; Journal de Phys., juillet 1913), aplicou êste f e n ó m e n o p a r a t o r n a r visível a t r a j e c t ó r i a duma p a r t í c u l a a ou ^ pela f o t o g r a f i a . 11. — Diferenciação dos iões positivos e negativos. — E x p e riências feitas por J . J . T H O M S O N (Phil. Mag., t. 36, p. 313, 1893 ; t. 46, p. 528, 1898) d e m o n s t r a m que as c a r g a s n e g a t i v a s t e e m u m a acção mais e n é r g i c a p a r a p r o v o c a r a condensação dos v a p o r e s , m a s o e s t u d o I i w _ definitivo e sistemático s ô b r e êste a s s u n t o • foi feito por C . T . R . W I L S O N (Phil. Trans., "X t- 1 9 3 , p. 289, 1899) com o s e g u i n t e dispor sitivo: O recipiente para a condensação era esférico e dividido em d u a s p a r t e s s i m é t r i c a s p o r um disco m e d i a n o metálico, disposto v e r t i c a l m e n t e . Uma folha delgada de alumínio colada ao v i d r o e disposta s ô b r e do Tig 6 X o t a das lições de H a d i o a e t i v i d a d e 303 disco deixa passar dentro do recipiente um feixe de raios, que ioniza o gás segundo duas c a m a d a s de uma p a r t e e da outra do disco mediano. Dois p r a t o s metálicos, isolados eléctricamente e comunicantes respectivamente com os poios de uma b a t e r i a de pilhas ou acumuladores cujo polo médio comunica ,com a t e r r a , estabelecem dois campos eléctricos e n t r e os p r a t o s e o d i a f r a g m a mediano que está à t e r r a . É evidente que dos iões produzidos sôbre do lado esquerdo do d i a f r a g m a , sendo os campos os indicados na f i g u r a , aqueles positivos serão repelidos pelo electrodo p r ó x i m o o qual tem carga homónima e serão repelidos pelo d i a f r a g m a ' q u e tem por indução carga oposta, de maneira que os iões positivos deverão desaparecer r á p i d a m e n t e . Pelo contrário os iões negativos antes, de serem neutralizados, devem a t r a v e s s a r todo o espaço comp r e e n d i d o e n t r e o disco e o electrodo, o qual f i c a r á assim contendo exclusivamente iões negativos. O oposto dar-se ká no espaço que está à direita do d i a f r a g m a que ficará contendo exclusivamente iões positivos. Nestas condições, depois de ter eliminado todo o pó atmosférico no ar s a t u r a d o de v a p o r de água que é contido no recipiente, produz-se a expansão. V2 Quando — = 1,25 observa-se que a condensação se realiza apenas na p a r t e esquerda do recipiente, isto é na p a r t e que contêm os iões negativos. P a r a obter a condensação sôbre os Y positivos é preciso que a ionização atingia o v a l o r — = 1,31 ( ») e e n t ã o ' a névoa da condensação apresenta-se igualmente intensí nas duas regiões. Admitindo que cada ião nesta experiência r e p r e s e n t e o centro d< condensação de uma única gota de água, podemos concluir que 1) O ião negativo constitui um núcleo melhor para a conden sação do vapor de água; 2) O número de iocs positivos iguala no espaço ionizado • número dos iões negativos. Esta segunda conclusão e a observação que o gás ionizado nã apresenta polaridade eléctrica, permite finalmente estabelecer que 3) As cargas eléctricas próprias de cada ião dos dois sina'< são iguais cm valor absoluto. R e v i s t a de Cliiinica p u r a e n p p l i c a d a 284 Carga eléctrica do ião gasoso. — 1 ) Método de J . J . T H O M (Phil. Mag., t. 4 6 , p. 5 2 8 , 5 8 9 8 ; t. 4 8 , p. 5 4 7 , 1 8 9 9 ) . O . S T O KES demonstrou (Cambridge Trans. Phil. Soe., t. 9, p. 48, 1849) que . um corpo esférico se movo num meio viscoso sob a acção de uma íurça constante, com uma velocidade constante v que é dada pela fórmula P 12..— SON 6 : « ;t em que P é a força a é o raio da*fesfera e n a viscosidade do meio Aplicando esta f ó r m u l a ao caso das vesículas de água produzidas pela condensação no aparelho de W I L S O N , se vê que a 4 força que actua sôbre as gotas é --r.a 3 . p . g , sendo o a densidade do líquido de que são f o r m a d a s as gotas, g a aceléração da gravidade, será p o r t a n t o 2 ^pai V=* — • — 9 n A velocidade v torna-se constante no fim de uma pequena fracção de segundo da f o r m a ç ã o da vesícula e pode-se medir fácilmente o b s e r v a n d o a superfície que limita s u p e r i o r m e n t e a névoa; esta superfície p l a n a baixa g r a d u a l m e n t e deixando um espaço claro que aumenta de espessura à medida que as vesículas caem. A velocidade da queda das vesículas da p a r t e superior do vaso dá a velocidade de queda das vesículas individuais, pois, tendo todas o mesmo raio, caem todas com a mesma rapidez. Como a viscosidade para o ar é n = 0,00018, a densidade da água é p = l , substituindo, a fórmula de S T O K E S dá V = 1,21 X l O 6 X a 1 de onde se deduz o valor do raio a de cada vesícula e p o r t a n t o o seu volume. 1 Esta fórmula é rigorosa só no caso de uma esfera grande em relação às dimensões ilns partículas do meio viscoso; não sendo assim, a relação é mais complicada, mus é sempre v função de P, a, ti. N o t a d a s lições d e E a d i o a c t i v i d a d e 305 Se n é o n ú m e r o das gotas contidas num cm 3 de gás, a massa q da água condensada em cada cm 3 do gás será 4 q = n • - -a33 - Esta massa é sempre uma quantidade muito pequena que pode determinar-se indirectamente. Seja t a t e m p e r a t u r a mínima atingida pelo gás depois da expansão, seja t' a t e m p e r a t u r a do mesmo ar depois da formação da névoa, e seja L o calor latente de vaporização da água à t e m p e r a t u r a da e x p e r i ê n c i a ; o calor desenvolvido na condensação da massa q de água será L17. Esta q u a n t i d a d e de calor foi empregada para aquecer a massa M de um cm 3 do gás depois da expansão e chamando c o calor específico do gás de volume constante, se h á : ~Lq = cM (? - t) e como é 1 = P1 - P sendo p, e p as densidades do v a p o r antes do comêço da condensação e no instante em que tem atingido a t e m p e r a t u r a t, se há s u b s t i t u i n d o o valor de q p=P . - 4 V - 0 Como p é uma função conhecida da t e m p e r a t u r a cujos valores e n c o n t r a m se em tabelas, esta relação permite calcular t q u a n d o se conheça t. P a r a a determinação de t lembramos que, se T 8 a t e m p e r a t u r a absoluta do gás, p a pressão é v o volume do g á s : p v = RT e que a equação de POISSON pv 1 para uma expansão a d i a b á t i c a d á : c_ = const. 0 Uma parte do calor foi ttimbi'in empregada para aquecer a água condensada, mas é muito pequena e portanto desprezível. 284 R e v i s t a d e Cliiinica p u r a e n p p l i c a d a 6endo a relação - - e n t r e o calor específicos de pressão constante p a r a o de volume constante igual a 1,41. Dividindo m e m b r o a m e m b r o estas duas últimas relações, se h á : Tv0 - = T r 0 " = const. Se p o r t a n t o T é a t e m p e r a t u r a absoluta inicial do gás, isto é quando o volume era 1, a t e m p e r a t u r a T para uma expansão V será dada pela r e l a ç ã o T x I = T ' X V 0 '" T Jog ^T = 0,41 log V equação que p e r m i t e determinar T' que no nosso caso é 2 7 3 + í. Teem-se, como se vê, todos os elementos p a r a deduzir o valor de n, b a s t a r á então determinar o valor n . e, c h a m a n d o com e a carga do ião gasoso, p a r a poder calcular e. J . J . T H O M S O N media para isto a c o r r e n t e t r a n s p o r t a d a pelos iões através da u n i d a d e de área sob a acção de uma d e t e r m i n a d a intensidade do campo eléctrico. Sendo E a intensidade do campo, u a mobilidade média dos iões, S a superfície dos discos, C a capacidade do a p a r e l h o e P a diminuição do potencial na unidade de tempo, será MeuES = CP e medindo d i r e c t a m e n t e E, S, C, P, dando a u o valor obtido por R U T H E R F O R D ou Z E L E N Y se determina ne O valor assim obtido por J . J . T H O M S O N é e= 6.5xlO-10 u.e.s, e observou-se que êste valor é independente do gás no qual se p r o d u z e m os iões e do processo pelo qual se p r o d u z e m . ' Xesta determinação a intensidade do campo entre os discos deve ser basUinle fraca, para a corrente se manter proporcional ao campo e não diminuir o número dos iões sob a Eua acção. N o t a d a s l i ç õ e s de R a d i o a c t i v i d a d e S07 Êste valor é muito e r r a d o , mas o método merecia ser descrito seja pela sua importância intrínseca, seja por ser o primeiro e m p r e g a d o p a r a a determinação de e. Supõe-se neste método que a cada gota de água corresponda um ião e que o volume e a c a r g a de cada gota sejam os mesmos p a r a todas, o que não é certo. 2) Método de II. A. Wilson [Phil. Mag., 5, p. 429, 1903). — Seja z-'i a velocidade adquirida pelas vesículas f o r m a d a s numa névoa n e g a t i v a ; fazendo actuar, alOm do peso, um campo eléctrico vertical do intensidade X, cada vesícula a d q u i r i r á uma velocidade Vi. So mg 6 a fórça de g r a v i d a d e que a c t u a ' s ô b r e uma gota, a força de g r a v i d a d e mais a força eléctrica será dada por mg -j- Xe, e mg vi mg -r Xe vj 4 , m = — ~ a3 p O Pela fórmula de STOKES 2 oco5 9 JI 1 6 r.a\i. P o r esta via WILSON (Xe+ mg) obteve e = 3 . 1 X 10 - 3 0 U . e . s . Os dois métodos precedentes não podem ser considerados como exactos, pois a gota de água d u r a n t e a sua queda evapora-se continuamente; e v a p o r a n d o diminui o seu volume e portanto a sua velocidade. 3 ) Método de Millikan. — M I L L I K A N para evitar o predito inconveniente empregou primeiro o chamado balanced-drop method que consiste em usar, no método da condensação, um campo eléc- 30 S R e v i s t a d e Cliimica p u r a e a p p l i c a d a tricô bastante forte para se opor à queda das vesículas. (Phil. Mag., t. 19, p. 209, 1910; M I L L I K A N , The Elcktron, Univ. of. Chicago Press, 1917, p. 55 e segg.). Mais t a r d e o mesmo M I L L I K A N observou que ainda o seu método a p r e s e n t a v a inconvenientes que tomavam não r i g o r o s a s as medidas e fez experiências com o método das gotas de óleo (Phys. Revcv, 32, p. 349, 1911). Neste método são introduzidas num meio ionizado algumas pequenas gotas de líquidos não fácilmente voláteis, como de azeite ou de mercúrio, e se observam as velocidades de queda sem, e com a acção do campo eléctrico. A pequena gota cai sob a acção do p r ó p r i o pêso com uma velocidade v, que é fácil observar por meio de um óculo m u n i d o de micrómetro. Chamando a o raio da gota, a a sua densidade, p a densidade do meio, será a massa m da esíérula dada p o r m= z a 3 (o- — p) e pelas leis da viscosidade, conhecendo vi deduz-se o valor de m e portanto o do pêso a p a r e n t e mg da gota. Cria-se depois, no mesmo ambiente um campo eléctrico, dirigido em sentido oposto ao da g r a v i d a d e , e de intensidade X conhecida, (de uma dezena de u.e.s). Como a gota leva uma certa carga E, adquirida seja pela pulverização do líquido originário, seja pela absorpção de iões existentes no gás, sôbre ela actuará a fôrça eléctrica XE, e se será X E = a gota ficará imóvel. Em geral é XE>mg, de f o r m a que a gota sobe com uma velocidade iv, e, como as velocidades são proporcionais às forças será mg Vi X E — vi g de onde obtem-se o valor de E. Êste valor encontra-se ser constantemente um múltiplo inteiro e pequeno da m a i s pequena carga eléctrica. Este valor modifica-se de um momento p a r a outro devido a colisão com algum ião, sendo a v a r i a ç ã o positiva ou negativa sempre igual, à mais pequena eléctrica, o que p e r m i t e Nota das liçües de R a d i o a c t i v i d a d e 309 c o n c l u i r q u e a c n r g a eléctrica dos iões positivos é a m e s m a da c a r g a dos iões n e g a t i v o s M I L L I K A N dá como valor médio de um n ú m e r o g r a n d í s s i m o o b s e r v a ç õ e s (British Ass. Rep., p. 410, 1912). c = 4 . 775 X 1 0 - , e u c.s. com um ê r r o não s u p e r i o r a 1 p o r 1000. 4) Método de Rutherford e Geiger (Proc. Soe. A, 81, p. 162, 1908). Consiste êste método em contar o n ú m e r o de p a r t í c u l a s a e m i t i d a s p o r tinia d e t e r m i n a d a q u a n t i d a d e de r á d i o e medindo a c a r g a total t r a n s p o r t a d a por elas. R U T H K R F O R D e G E I G E R e n c o n t r a r a m q u e cada p a r t í c u l a a t r a n s p o r t a 9,3 x 1 0 _ j o ue.s.e como por o u t r o s m o t i v o s se conclue q u e u m a p a r t í c u l a a leva u m a c a r g a d u p l a , a c a r g a u n i t á r i a é e= 4 .65x10" 10 u. es. 5) Método de Rcgcncr (Sitzungler. d. k. Preuss. Akad, d. Wiss., t. 38, p. 948, 1909). Ê s t e método é s u b s t a n c i a l m e n t e o m e s m o do p r e c e d e n t e , d i f e r i n d o apenas pela m a n e i r a de c o n t a r as p a r t í c u l a s a que e r a m o b s e r v a d a s pela s c i n t i l a ç ã o p r o d u z i d a n u m p e q u e n o d i a m a n t e . A fonte das p a r t í c u l a s a e r a u m a q u a n t i d a d e c o n h e c i d a de polónio. Resultou e = 4 . 79 X I O - 1 0 u.e.s. Mclodo da radiação-emitida por um corpo negro. — K U R L (Wied. Ann., G5, p. 759, 1898) e n c o n t r o u q u e um cm 5 de um ' c o r p o negro» a 100° C. no ar a 0 C C . e m i t e num s e g u n d o 0 . 0731 w a t t s . De o u t r o lado, a d m i t i n d o q u e a luz é e m i t i d a ou a b s o r v i d a p o r quanta ( p a r t í c u l a s e l e m e n t a r e s de e n e r g i a ) , 6) BAUM 1 No curso das suas experiências MILLIKAN pôde observar que a formula de STOKF.S r.ão*É rigorosa e que no caso do meio ser um gás convêm empregar a fórmula corrigida por CUNNIGHAM (Proc. Roy. Soc., 83, p. 3S7, 1910) que é a seguinte: 2 9 a* 9 K (o-F) 1+Ai - 1 sendo A uma constante e I o livre percurso médio das moléculas do gás. 310 PLANCK R e v i s t a lie C l i i m i c a p u r a e a p p l i c a d a obteve a f ó r m u l a conhecida 8r.c = 1 — Z e* L T — - 1 o n d e E X é a p a r t e de e n e r g i a que em cada cm* de r a d i a ç ã o em equilíbrio, c o r r e s p o d d e à p a r t e do e s p e c t r o (A, À - R Ò À ) , c é a v e l o c i d a d e da luz, h u m a constante, k é a c o n s t a n t e u n i v e r s a l , T a temperatura absoluta. Com estes elementos pode-se d e d u z i r o valor da c o n s t a n t e de A V O G A D R O N (com u m a a p r o x i m a ç ã o de ± 4 p ó r cento) e como p o r via e x p e r i m e n t a l se conhece o v a l o r N e, q u e é a c o n s t a n t e da electrolise obtem-se p a r a e o v a l o r e = 4 . 69 x 1 0 - 10 u.c.s. Como se vê é esta u m a d e t e r m i n a ç ã o de N, e i n d i r e c t a m e n t e de e, na qual n ã o se faz i n t e r v i r d i r e c t a m e n t e a m a t é r i a . Todos os métodos mencionados, l e v a m a r e s u l t a d o s que, d a d a a n a t u r e z a da d e t e r m i n a ç ã o , podemos c h a m a r c o n c o r d a n t e s . Os valores obtidos c o n v e r g e m todos-em volta de n ú m e r o s q u e t e e m a mesma o r d e m de g r a n d e z a . T o m a r e m o s como v a l o r de e, o q u e t o m a R U T H E R F O R D n o seu t r a t a d o e = 4.65 X IO- 1 0 U e.s. = 4.39 X 1 0 - x > u . e . m . 1 A carga do ião gazoso resulta idêntica à do ião electrolltico monovalente. Sabemos das experiências electrol/ticas que para depositar um grama molécula de um ião qualquer (isto é um grama-molécula de átomos carregados de electricidade) são precisos 96540 coulombs. Se uma solução de 1 grama-molécula de H Cl é decomposto completamente pela corrente eléctrica, o número de iões de H depositados 6Ôbre o cátodo será igual ao número de moléculas que existiam origináriamente no grama-molécula de H Cl, isto é será igual ao númerç de AVOGADRO referido ao grama-molécula: N = 68.5 X 10" A cargo do um único Ifio do H , e em geral de um Ião monovalente será pois IfiniO COUKM,BS '-MSS^- 4 ' 1 9 * 1 0 -" = 4.19 u e.s.