Composição étnica de populações indígenas Pataxó da Bahia

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51º Congresso Brasileiro de Genética
Resumos do 51º Congresso Brasileiro de Genética • 7 a 10 de setembro de 2005
Hotel Monte Real • Águas de Lindóia • São Paulo • Brasil
www.sbg.org.br - ISBN 85-89109-05-4
[email protected]; [email protected]
Palavras-chave: Pataxó, mistura étnica
Simões, AL1, Luizon, MR1, Barbosa, AAL2 ; Sousa, SMB1,2
1
Departamento de Genética, FMRP/USP, Ribeirão Preto, SP, 2Departamento de Ciências Biológicas, Universidade Estadual do
Sudoeste da Bahia, Jequié, BA.
Composição étnica de populações
indígenas Pataxó da Bahia
Os Pataxó atuais representam aquelas populações indígenas que primeiro entraram em contato com o
colonizador europeu no Brasil. Entretanto, a magnitude da miscigenação ocorrida durante o período colonial
e nos últimos 500 anos de colonização nunca foi quantificada por marcadores genéticos polimórficos. Com
o objetivo de verificar o grau de mistura étnica das comunidades Pataxó foram analisadas 184 amostras
(101 homens e 83 mulheres) das aldeias: Boca da Mata (BM), Barra Velha (BV), Águas Belas (AB), Pires
(PI), Imbiriba (IM) e Coroa Vermelha (CV), em um conjunto de 17 marcadores genéticos polimórficos:
cinco STRs-Y (DYS19, DYS390, DYS391, DYS392 e DYS393), um SNP (DYS199), uma inserção
AluYAP; dois STRs-X (DXS548 e FRAXAC1); sete STRs autossômicos (HUMCSF1PO, HUMTPOx,
HUMTH01, HUMF13A1, HUMF13B, HUMFES/FPS e vWF1) e a deleção de 32 pb do locus CCR5. Todos
os polimorfismos foram analisados por PCR, PAGE/coloração por Nitrato de Prata. As análises estatísticas
foram realizadas com o uso dos programas ADMIX 2 e 3. A estimativa de mistura étnica obtida a partir
dos loci ligados ao cromossomo Y se adequou ao modelo tri-híbrido em quase todas as comunidades, sendo
inconsistente para o componente africano em AB. A maior contribuição ameríndia foi observada em BV
(66,94%) e AB (57,60%), e uma maior contribuição do componente português observado em BM (48,29%),
PI (74,21%), IM (52,49%) e CV (38,96%). Nos dois loci ligados ao cromossomo X, a estimativa de mistura
étnica se adequou ao modelo di-híbrido em todas as comunidades, com ausência do componente africano
em BV, AB e IM, e do componente português em BM, PI e CV. As maiores contribuições ameríndias foram
observadas em BM (52,67%), BV (62,63%), AB (82,65%) e IM (57,25%), enquanto que PI (90,62%) e
CV (65,54%) mostraram uma discutível contribuição africana. É provável que estes marcadores sejam pouco
informativos para estimativas de mistura e/ou conduzam a cálculos de estimativas enviesadas. Nos oito loci
autossômicos, a estimativa de mistura étnica se adequou ao modelo tri-híbrido na maioria das comunidades,
com ausência do componente africano em IM. A maior contribuição ameríndia foi observada em BM
(49,48%), BV (57,91%), AB (68,99%), IM (70,90%) e CV (51,46%). Os PI (55,30%) apresentaram maior
contribuição do componente português. Estes resultados estão de acordo com a história da fundação destas
comunidades. Inicialmente de constituição ameríndia, a partir de 1500 receberam a contribuição de mais
um elemento formador, o colonizador português. Não existem registros históricos do componente africano,
mas é provável que eles tenham migrado tardiamente com a expansão da lavoura cacaueira, quando esta
região teria recebido indivíduos miscigenados de outras regiões do estado. É certo que em algum momento
da história teria surgido a contribuição do componente africano, o qual complementa e caracteriza o trihibridismo observado nas comunidades atuais Pataxó analisadas.
Apoio financeiro: CAPES, CNPq, FAPESP, FAEPA, UESB.
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