CENTRO DE ESTUDOS SOCIAIS APLICADOS – CESA CURSO DE ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS RUY CARNEIRO GIRALDES NETO Relatório: Estágio curricular supervisionado TCC PROJETO ESPECIAL - PE Apelos emocionais de compra: comportamento das acadêmicas do curso de Administração da UEL do período noturno, em relação a peças de vestuário LONDRINA – PARANÁ 2008 RUY CARNEIRO GIRALDES NETO APELOS EMOCIONAIS DE COMPRA: COMPORTAMENTO DAS ACADÊMICAS DO CURSO DE ADMINISTRAÇÃO DO PERÍODO NOTURNO DA UEL, EM RELAÇÃO A PEÇAS DE VESTUÁRIO Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Departamento de Administração da Universidade Estadual de Londrina, como requisito parcial para obtenção do Grau de Bacharel em Administração. Orientador: Profª. Ms. Marli de Lourdes Verni LONDRINA – PARANÁ 2008 Catalogação na publicação elaborada pela Divisão de Processos Técnicos da Biblioteca Central da Universidade Estadual de Londrina. Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP) 1 RUY CARNEIRO GIRALDES NETO APELOS EMOCIONAIS DE COMPRA: COMPORTAMENTO DAS ACADÊMICAS DO CURSO DE ADMINISTRAÇÃO DO PERÍODO NOTURNO DA UEL, EM RELAÇÃO A PEÇAS DE VESTUÁRIO Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Departamento de Administração da Universidade Estadual de Londrina, como requisito parcial para obtenção do Grau de Bacharel em Administração. Orientador: Profª. Ms. Marli de Lourdes Verni LONDRINA – PARANÁ 2008 2 RUY CARNEIRO GIRALDES NETO APELOS EMOCIONAIS DE COMPRA: COMPORTAMENTO DAS ACADÊMICAS DO CURSO DE ADMINISTRAÇÃO DO PERÍODO NOTURNO DA UEL, EM RELAÇÃO A PEÇAS DE VESTUÁRIO Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Departamento de Administração da Universidade Estadual de Londrina, como requisito parcial para obtenção do Grau de Bacharel em Administração. COMISSÃO EXAMINADORA _______________________________________ Prof. Orientador: Ms. Marli de Lourdes Verni Universidade Estadual de Londrina _______________________________________ Prof. Avaliador: Ms. Katia Toffolo Universidade Estadual de Londrina _______________________________________ Prof. Avaliador: Dr. Edson Antonio Miura Universidade Estadual de Londrina Londrina, _30_de _Junho_de _2008_. 3 DEDICATÓRIA Em especial à memória de meu avô Marcilio Bertolazi, que mais que um avô sempre foi como um pai e cuja dedicação aos estudos sempre me foi fonte de inspiração, minha mãe Sueli Bertolazi, por anos de dedicação, amor e incentivo, minha esposa Giane Souza de Oliveira Giraldes, pelas orações e perseverança ao meu lado, e à minha orientadora profª. Marli de Lourdes Verni, por acreditar em mim e me apoiar ao longo deste trabalho. 4 AGRADECIMENTOS Primeiramente a Deus, por ter dado seu filho Jesus Cristo por amor a mim e me dar a vida eterna. À minha esposa, que apesar do meu nervosismo nessa etapa de dificuldades, sempre esteve ao meu lado nos momentos mais difíceis e me inspirou a realizar esta pesquisa. À minha mãe, que sempre tentou me dar o melhor que ela pode e em especial no acidente de trânsito de que fui vítima em 2006 permaneceu firme ao meu lado, cuidando de mim, obrigado mãe. Às mulheres, que inspiraram a realização deste estudo e sem as quais, nós homens não existiríamos. A todas as pessoas, que direta ou indiretamente estiveram presentes e me fizeram avançar pela ajuda que me dispensaram. 5 “E da costela que o senhor Deus tomou do homem, formou uma mulher, e trouxe-a a Adão”. (BÍBLIA, Gênesis 2:22) 6 GIRALDES NETO, Ruy Carneiro. Apelos emocionais de compra: comportamento das acadêmicas do curso de Administração da UEL do período noturno, em relação a peças de vestuário. 2008. Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação em Administração – Universidade Estadual de Londrina, Londrina/PR, 2008. RESUMO Este estudo tratou sobre os apelos emocionais de compra no comportamento do consumidor e as características das necessidades de consumo do público feminino das acadêmicas do curso de Administração, do período noturno, da Universidade Estadual de Londrina. O trabalho foi realizado através de pesquisas bibliográficas, em periódicos e artigos na internet e, posteriormente foi realizada uma pesquisa de campo. Por meio de escalas de diferencial semântico adaptadas, sobre o grau de envolvimento e as emoções relacionadas na aquisição de peças de vestuário, foram coletados dados. Avaliou-se o tipo de necessidades na aquisição de roupas e a emoção predominante. Foi realizado um censo das alunas do período noturno que apontou 153 acadêmicas, porém, obteve-se o retorno de 104 escalas preenchidas onde foi possível mensurar o grau de envolvimento e o tipo de emoção predominante no publico pesquisado. Conclui-se que as acadêmicas são altamente envolvidas com a aquisição de peças de vestuário e a emoção relacionada ao sentir necessidade de comprar roupas é a alegria. Palavras Chave: comportamento do consumidor, necessidades hedônicas, emoções, mulheres. processos psicológicos, 7 GIRALDES NETO, Ruy Carneiro. Emotional purchase appeals: behavior of the academics of the course of Administration of the UEL on the nocturnal period, in relation the garments. 2008. Course Conclusion Job Degree in Business Administration – Londrina State University, Londrina/PR. ABSTRACT This study dealt with the emotional appeals of buying in consumer behavior and characteristics of the consumption needs of the female public of academic course of Administration, in the nocturnal period, of State University of Londrina. This study was carried out through bibliographic searches in journals and articles on the Internet and then was held to a search field. Through scales of semantic differential adapted, on the level of involvement and the emotions related to acquisition of garments, were collected data. Was evaluated, the type of needs in the purchase of clothing and the predominant emotion. It was conducted a census of the students of the nocturnal period showed 153 academic, however, we received 104 completed scales where it was possible to measure the degree of involvement and the predominant type of emotion in public searched. It was concluded that the academic are highly concerned with the purchase of garments and related emotion related when feeling necessity to buy clothes is the joy. Key words: consumer behavior, psychological processes, hedonic needs, emotions, women. 8 LISTA DE QUADROS Quadro 1 - Inventário de envolvimento pessoal................................................................................48 Quadro 2 - Escala para medir as oito emoções de Plutchik.............................................................49 Quadro 3 - Formulário final...............................................................................................................52 Quadro 4 - Envolvimento - pontuação obtida em cada item.............................................................53 Quadro 5 - Emoção predominante na pesquisa...............................................................................54 Quadro 6 - Adjetivos: Pontuação obtida em cada item....................................................................55 9 LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 - Etapas do processo de compra do consumidor ...................................... 18 Figura 2 - Modelo do comportamento do consumidor ............................................. 20 Figura 3 - Três componentes da atitude .................................................................. 23 Figura 4 - Visão contemporânea das relações entre Crenças, Sentimentos, Atitude, Intenção comportamental e comportamento ............................................................ 25 Figura 5 - Hierarquia de aprendizagem ................................................................... 27 Figura 6 - Hierarquia de baixo envolvimento ........................................................... 28 Figura 7 - Hierarquia emocional ou experiencial ..................................................... 29 Figura 8 - Hierarquia das necessidades de Maslow ................................................ 30 Figura 9 - Três tipos de conflitos motivacionais. ...................................................... 32 Figura 10 - Um modelo do processo emocional........................................................40 Figura 12 - Tipologia de emoções: circulo de Plutchik..............................................41 10 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO........................................................................................................12 1.1 PROBLEMÁTICA.......................................................................................................14 1.2 OBJETIVO GERAL....................................................................................................15 1.3 OBJETIVOS ESPECÍFICOS.........................................................................................15 1.4 JUSTIFICATIVA........................................................................................................15 2 REVISÃO DA LITERATURA.................................................................................17 2.1 CONCEPÇÕES SOBRE O COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR E SUA EVOLUÇÃO.........17 2.2 O PROCESSO DE DECISÃO DE COMPRA DO CONSUMIDOR........................................18 2.3 FATORES DETERMINANTES DO COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR)........................21 2.4 ATITUDES...............................................................................................................22 2.4.1 Componentes da Atitude...................................................................................26 2.4.2 Hierarquias na Atitude.......................................................................................27 2.4.2.1 Hierarquia de aprendizagem..........................................................................27 2.4.2.2 Hierarquia de baixo envolvimento..................................................................28 2.4.2.3 Hierarquia emocional ou experiencial............................................................28 2.5 ASPECTOS MOTIVACIONAIS: TIPOS DE NECESSIDADES DO CONSUMIDOR.......................29 2.5.1 Conceito de Necessidades................................................................................30 2.5.2 Envolvimento.....................................................................................................31 2.5.3 Influências Afetivas............................................................................................32 2.5.4 Conflitos Motivacionais......................................................................................32 2.5.4.1 Conflito aproximação-aproximação................................................................33 2.5.4.2 Conflito aproximação-evitação.......................................................................34 2.5.4.3 Conflito evitação-evitação..............................................................................34 2.6 CLASSIFICAÇÃO DAS NECESSIDADES........................................................................34 2.6.1 Necessidades Hedônicas..................................................................................35 2.6.2 Necessidades Versus Desejos..........................................................................37 2.7 O PROCESSO EMOCIONAL DO CONSUMIDOR.............................................................38 2.8 Tipos de Emoção.................................................................................................39 2.9 COMPORTAMENTO DE CONSUMO FEMININO..............................................................42 2.9 .2 Entendendo a Mente Feminina........................................................................44 11 3 METODOLOGIA.....................................................................................................46 3.1 CLASSIFICAÇÃO GERAL DA PESQUISA.......................................................................46 3.2 DEFINIÇÃO OPERACIONAL DAS VARIÁVEIS.................................................................46 3.3 COLETA DE DADOS..................................................................................................47 3.4 ANÁLISE DOS DADOS...............................................................................................50 3.5 LIMITES DA PESQUISA..............................................................................................50 4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS DADOS DA PESQUISA........................52 4.1 TRATAMENTO DOS DADOS COLETADOS.....................................................................52 4.2 ANÁLISE DOS DADOS COLETADOS.............................................................................56 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................58 REFERÊNCIAS..........................................................................................................60 APÊNDICES...............................................................................................................62 APÊNDICEA - CRONOGRÂMA DAS ATIVIDADES..................................................63 APÊNDICE B - INVENTÁRIO DE ENVOLVIMENTO PESSOAL ADAPTADO..........64 APÊNDICE C - ESCALA PARA MEDIR AS OITO EMOÇÕES DE PLUTCHIK.........65 12 1 INTRODUÇÃO No intuito de vender produtos, disseminar idéias ou conceitos e mantê-los na mente das pessoas, os profissionais de marketing encontram na motivação do consumidor uma área de estudo bastante reveladora para formular estratégias de relacionamento que efetivamente atendam aos interesses da organização em que atuam, e também, as expectativas e necessidades do consumidor. Para estudar os aspectos motivacionais é importante diferenciar o comportamento do consumidor no que diz respeito a atividades físicas, como visitar lojas, ler opiniões de outros consumidores, conversar com vendedores e emitir um pedido de compra, e atividades mentais, como julgar as qualidades de uma marca, produto ou serviço, fazer inferências sobre as qualidades de um produto ou serviço baseado em informações veiculadas em propagandas e avaliar as experiências efetivas com os produtos. Entender a motivação é entender porque as pessoas fazem o que fazem. Portanto, descobrindo as razões pelas quais os consumidores tomam determinados tipos de atitudes em detrimento de outras, faz com que a tarefa de elaborar estratégias de publicidade alcance mais facilmente os resultados almejados. Conseqüentemente, é importante que os profissionais de marketing façam diversas perguntas na tentativa de entender porque as pessoas se comportam como se comportam. A maioria dos autores chega a um consenso no que diz respeito à definição de motivação. Destacaremos neste trabalho a definição de Solomon que diz que a motivação ocorre quando uma necessidade é despertada e o consumidor deseja satisfazê-la.1 A partir do momento em que uma necessidade é despertada, simultaneamente a pessoa passa a ter um desejo que produz uma tensão impulsionadora no sentido de tentar reduzir ou eliminar a necessidade. Essa tensão 1 SOLOMON. Michael R. O Comportamento do Consumidor: Comprando possuindo e sendo. 5. Ed. São Paulo: Bookman, 2002. (p. 95). 13 ocorre porque há uma discrepância entre o estado atual do individuo e algum estado por ele almejado. A urgência que as pessoas sentem por satisfazer a tensão gerada pelo estado em que estão e o estado que anseiam atingir gera um impulso, que varia de acordo a seu grau de tensão. A motivação pode ser apresentada em função da influência que exerce sobre as pessoas e através do modo específico como cada indivíduo tenta reduzir a tensão criada. Os autores como Solomon (2002), Engel, Blackwell e Miniard (1999) e Sheth, Mittal e Newman (2001) elencam basicamente, quatro tipos de necessidades: biogênicas, que dizem respeito aos elementos indispensáveis para a sustentação da vida como, água, ar e moradia; psicogênicas, que refletem as prioridades de uma cultura, como status, poder, associação, etc.; utilitária, quando uma pessoa age de determinada maneira para obter algum benefício funcional ou prático, como quando uma pessoa pratica algum esporte para manter-se saudável e por último, por uma necessidade de ter experiências envolvendo respostas ou fantasias emocionais, denominada pelos estudiosos do comportamento do consumidor como hedônica. Um dos principais temas deste estudo é a preocupação com os processos experienciais ou afetivos. O termo afeição, segundo Mowen2 refere-se a sentimentos, emoções e estados de espírito que os consumidores podem vivenciar. As propagandas que despertam o lado emocional do público têm sido largamente utilizadas para atingir os consumidores. O dicionário Houaiss define emoção como: agitação de sentimentos, abalo afetivo ou moral, turbação, comoção. 3 Nesse sentido, conhecer aspectos comportamentais do consumidor é tarefa primordial para qualquer empresa que busque ter sucesso no mercado. Nesse intuito busca-se analisar as definições e estudos de diversos autores para conseguirmos atingir uma visão crítica dos processos de motivação 2 MINOR, Michael S., MOWEN, John C. Comportamento do consumidor. São Paulo - Prentice Hall 2003. (p.81). 3 Instituto Antonio Houaiss. Dicionário Houaiss da Língua portuguesa.Brasil: Editora Objetiva Ltda. 2002. CDROM 14 dando ênfase ao consumo hedonista e sua influência no público feminino no que diz respeito a aquisição de peças de vestuário. O consumo hedonista é dado quando os consumidores se comportam predominantemente, de maneira orientada emocionalmente, ou seja, para atender necessidades que envolvam respostas ou fantasias emocionais.4 Os produtos que são comprados principalmente por seus benefícios hedonistas, devem basear-se mais pesadamente nos apelos afetivos.5 Levando-se em consideração a premissa de que o público feminino considera comprar, quase que como fosse um ritual6, julgamos de grande importância compreender os aspectos emocionais que envolvem o processo de compra desse público. 1.1 PROBLEMÁTICA Considerando o que foi anteriormente argumentado, o presente estudo tem como finalidade essencial, realizar uma pesquisa exploratória e descritiva sobre os apelos emocionais no comportamento do consumidor, segundo a percepção do público feminino dentre os acadêmicos do curso de Administração da Universidade Estadual de Londrina e descrever suas influências no que diz respeito ao consumo de peças do vestuário. 4 Ibid.1 p. 95 5 BLACKWELL, Roger D.; ENGEL, James F e MINIARD, Paul W. Comportamento do Consumidor. 8 ed. Rio de Janeiro. LTC – Livros Técnicos e Científicos, 1999. ( p.371) 6 UNDERHILL, Paco. (1999) apud. BATISTELLA, DALL’AGNOLL e ZAMBERLAN. Estudo do Comportamento do consumidor masculino e feminino no comércio de vestuário de Westphalen. In Série Pesquisas em Ciências Sociais Aplicadas, 2. URI, 2005. 15 1.2 OBJETIVO GERAL Verificar se as acadêmicas do curso de Administração da Universidade Estadual de Londrina do período noturno são influenciadas por necessidades hedônicas na compra de peças do vestuário feminino e quais as emoções envolvidas. 1.3 OBJETIVOS ESPECÍFICOS Identificar e descrever os diferentes tipos de apelo de compra; Inferir se os aspectos emocionais do consumidor estimulam a compra de peças do vestuário feminino; Identificar quais emoções estimulam a compra de peças de vestuário, no caso das acadêmicas do curso de administração da UEL do período noturno. 1.4 JUSTIFICATIVA O interesse em estudar os apelos emocionais de compra no mercado feminino de peças de vestuário, deve-se ao fato de que este é um mercado em constante expansão e porque este tipo de público é o que mais deixa transparecer aspectos emocionais em suas decisões de compra, especialmente nesse segmento de produtos. O estudo das emoções ainda é recente no marketing, e relativamente pouca atenção tem sido dada aos aspectos teóricos que modelam o comportamento do consumidor. Do ponto de vista estratégico, a área explorada neste trabalho, dos sentimentos e percepções humanas, torna-se fundamental para os gestores que desejam dar condições à sua empresa para obter sucesso através do marketing. Em vista de que para alcançar êxito, a propaganda é ferramenta imprescindível, os profissionais de marketing, para otimizar os impactos das 16 propagandas, podem valer-se de um importante fator para compreender o comportamento do consumidor, que são as emoções, que segundo Sheth, Mittal e Newman (2001) são a consciência da ocorrência de alguma excitação fisiológica seguida por uma resposta comportamental, juntamente com a avaliação do significado de ambas.7 No entanto,o que importa neste trabalho, é determinar a maneira como tais respostas comportamentais estimulam o público feminino na aquisição de peças de vestuário. Outro fator importante é o financeiro, porque atualmente as empresas têm gastado uma enorme quantia relacionada à publicidade, o que torna esta pesquisa de grande importância para uma eficiente administração das verbas publicitárias da organização. Por se tratar de um assunto em que não se encontram estudos aprofundados, este estudo se propõe a contribuir para investigações sobre a relevância dos apelos emocionais na elaboração das estratégias de marketing. Ao escolher o tema proposto levaram-se em consideração também, motivos de âmbito pessoal e profissional, pois o acadêmico sente afinidade com o tema e pretende desempenhar, futuramente, alguma atividade relacionada ao estudo do comportamento do consumidor, o que proporcionou mais relevância ao trabalho. 7 SHETH, Jagadish N. MITTAL, Banwari. NEWMAN, Bruce I. Comportamento do cliente: indo além do comportamento do consumidor. São Paulo: Atlas, 2001. (p. 338). 17 2 REVISÃO DA LITERATURA 2.1 CONCEPÇÕES SOBRE O COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR E SUA EVOLUÇÃO O comportamento do consumidor é um campo de estudo bastante abrangente e para melhor nos situarmos neste contexto, adotaremos a concepção de Engel, Blackwell e Minniard (1999) que afirma que “comportamento do consumidor são as atividades diretamente envolvidas em obter, consumir e dispor de produtos e serviços, incluindo os processos decisórios que antecedem e sucedem estas ações”.8 O comportamento do consumidor também é uma área de interesse bastante atrativa para aqueles que desejam influenciar ou até mesmo modificar este comportamento, a área dominante neste tipo de pesquisas é o positivismo lógico, no qual os objetivos são duplos: (1) entender e compreender o comportamento do consumidor e (2) descobrir as relações de causa e efeito que regem sua persuasão e/ou educação. Não pode haver uma área de maior interesse em motivação e comportamento do consumidor do que o marketing. Segundo a definição de Philip Kotler, “o marketing envolve a identificação e satisfação das necessidades humanas e sociais”. 9 Portanto, para satisfazer essas necessidades é essencial dominar bem os conceitos dos aspectos comportamentais dos consumidores. Outras áreas também querem moldar e influenciar o comportamento do consumidor de acordo à suas perspectivas, como a das políticas públicas que através de pesquisas de consumidores podem lograr que essas políticas cooperem na proteção dos mesmos. Até recentemente, no entanto, a maior parte das pesquisas de consumidores realizadas era motivada pelo marketing, e por isso, adotavam o paradigma de pesquisa positivista, no qual técnicas empíricas de extremo rigor são 8 9 Ibid.5 ( p.4) KOTLER, Philip; KELLER, kevin Lane. Administração de Marketing. 12 ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall. (2006. p.4) 18 usadas para dar explicações e generalizar leis de consumo. Entretanto, atualmente há um movimento crescente neste campo para suplementar o positivismo com o pós-modernismo, uma forma de investigação que inclui objetivos e métodos diferentes e que considera igualmente importante usar a pesquisa de consumidores para entender o comportamento sem qualquer intenção de influenciá-lo. Essas perspectivas ampliadas levaram a um recente aumento de pesquisas publicadas sobre os aspectos vivenciais das atividades de consumo como a busca de sensação, o estímulo emocional e a fantasia. A metodologia avançou para além do positivismo para opções mais variadas como etnografia, semiótica, hermenêutica, a crítica literária e o historicismo para alcançar um entendimento mais amplo do consumo sobre todos os aspectos da vida. Empresários estão descobrindo em todas as partes que são inúmeros os ganhos que podem obter quando seus esforços são concentrados para entender os prováveis consumidores e atender suas necessidades com alternativas culturalmente relevantes, encarando o comportamento do consumidor em aspectos interculturais globais. 2.2 O PROCESSO DE DECISÃO DE COMPRA DO CONSUMIDOR Estudiosos do marketing desenvolveram um “modelo de etapas” para o processo de decisão de compra, conforme a Figura 1 Reconhecimento do problema Busca de Informações Avaliação de Alternativas Decisão de Compra Comportamento pós-compra Figura1 – Etapas do Processo de Compra do Consumidor. Fonte: KOTLER, Philip; Keller, kevin Lane. Administração de Marketing. 12 ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall. (2006. p.189) Segundo Kotler (2006), na etapa de reconhecimento do problema, o consumidor reconhece um problema ou necessidade, que pode ser provocada por 19 estímulos internos ou externos. No primeiro caso, uma das necessidades que são inerentes a todo ser humano – fome, sede, sexo, abrigo – é percebido conscientemente e torna-se um impulso. No segundo caso, em que a necessidade é desencadeada por estímulos externos, como as propagandas, são desencadeadas idéias sobre possibilidades de fazer uma compra. No próximo estágio, o consumidor interessado, estimulado interna ou externamente, tende a buscar mais informações que, basicamente, podem ser divididas em dois níveis de interesse. O estado em que o consumidor busca informações mais moderadamente e está mais receptivo a informações sobre um produto, é denominada atenção elevada. No outro nível, a pessoa embarca em uma busca ativa de informações, visando saber mais sobre o produto que satisfará seu problema ou necessidade. Uma área de grande interesse para os profissionais de marketing são as principais fontes de informação a que os consumidores recorrem e sua influência na decisão de compra subseqüente. Não existe um processo único de avaliação, e os modelos mais atuais tratam esse processo como cognitivamente orientado, ou seja, o consumidor forma julgamentos principalmente em uma base racional e consciente e prestam mais atenção aos atributos que fornecem os benefícios buscados. As avaliações que os consumidores fazem geralmente refletem suas crenças e atitudes, que serão abordadas em um tópico separadamente. No estágio de avaliação, os consumidores criam preferências entre os produtos disponíveis para escolha e também formam uma intenção de comprar os produtos preferidos. Já no último estágio, após a compra, caso os consumidores percebam aspectos inquietantes ou que possam gerar algum arrependimento por descobrir que poderia ter feito uma escolha de compra melhor, o consumidor poderá experimentar alguma dissonância cognitiva10 e ficará atento às informações que apóiem sua compra, para diminuir o conflito interno gerado, entre suas crenças e sua atitude. 10 Conceito descrito na p.34 20 Um modelo que ilustra muito bem as etapas do processo de decisão de compra é o desenvolvido pelos pesquisadores do comportamento do consumidor, ENGEL, BLACKWELL e MINIARD e está detalhado na Figura 2. Reconhecimento Da Necessidade Exposição Busca Interna Busca Estímulos Atenção ● Dominado pelo Profissional de Marketing. ● Outros Avaliação de Alternativas Pré-compra Memória Compreensão Compra Aceitação Consumo Busca Externa Avaliação Pós-consumo Retenção Insatisfaçã o Influências Ambientais ● Cultura ● Classe Social ● Influências Pessoais ● Família ● Situação Diferenças Individuais ● Recursos do Consumidor ● Motivação e Envolvimento ● Conhecimento ● Atitudes ● Personalidade, Valores e Estilo de Vida Satisfação Figura 2 - Modelo do Comportamento do Consumidor Fonte: ENGEL, BLACKWELL e MINIARD e (1999, p. 101). No modelo da figura 2, os componentes motivação e envolvimento, que ao longo deste estudo, demonstraremos estarem relacionados às emoções, fazem parte das diferenças individuais. Como podem ser visualizadas nesse modelo, as diferenças individuais estão diretamente relacionadas às etapas compra e consumo, daí a importância de seu estudo, para alcançar os objetivos principais das organizações: aumentar suas vendas e conseqüentemente seus lucros. 21 2.3 FATORES DETERMINANTES DO COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR Embora existam muitos fatores e determinantes do comportamento do consumidor, estes fatores estão agrupados de maneira didática para sua melhor compreensão em três categorias: (1) diferenças individuais; (2) Influências ambientais; e (3) processos psicológicos que serão mais bem compreendidos quando abordarmos os aspectos emocionais do consumidor. Os fatores e determinantes do comportamento serão abordados neste tópico, segundo as concepções dos autores Engel, Blackwell e Miniard (1999), para obtermos uma visão geral.11 Existem cinco categorias importantes de diferenças individuais que afetam o comportamento, a saber: (1) recursos, (2) conhecimento, (3) atitudes, (4) motivação, e (5) personalidade. Para cada situação o consumidor traz recursos (1) que determinam sua decisão, são eles: tempo, dinheiro e capacidade de receber e processar informações; uma das principais metas da propaganda e da venda é proporcionar conhecimento (2) através de informações relevantes que fiquem na memória dos consumidores; a avaliação geral que uma pessoa faz de uma alternativa é sua atitude (3), uma vez formada a atitude é difícil modificá-la, portanto, uma das metas comuns do marketing é a mudança de atitudes; psicólogos e também profissionais de marketing conduziram pesquisas consideráveis para compreender o que acontece na mente do consumidor ao envidar seus esforços em atingir determinadas metas e dessa forma, entender sua motivação (4); os mercados podem ser divididos em categorias que consideram os aspectos individuais dos consumidores, onde é importante sondar traços, valores, crenças e padrões de comportamento individuais que refletem a personalidade (5) dos consumidores da categoria ou segmento. Em vista da complexidade dos ambientes em que os consumidores vivem, seu comportamento acaba sendo influenciado pela (1) cultura, (2) classe social, (3) influência pessoal, (4) família e (5) situação. Ao se estudar o comportamento do consumidor é importante levar em consideração, valores, idéias, artefatos e outros símbolos que ajudam as 11 Ibid. 5 (p. 93-95). 22 pessoas a se comunicar, interpretar e avaliar como membros de uma sociedade. Estes itens referem-se à cultura (1); dentro da sociedade existem divisões compostas por indivíduos que partilham valores, interesses e comportamentos semelhantes que determinam a classe social (2); as pessoas com quem nos associamos estreitamente influenciam nosso comportamento de maneira que respondemos a essa influência pessoal (3) nos conformando às normas e expectativas fornecidas por outros; a família (4) tem sido um dos focos de pesquisa, fundado na era pós-Segunda Guerra Mundial, pois freqüentemente, é a unidade primária da tomada de decisão; é fácil perceber que o comportamento muda conforme as situações (5) mudam. A última categoria de variável que molda a tomada de decisão são os processos psicológicos. Visando entender os processos psicológicos o profissional de marketing deve ter domínio prático de três processos psicológicos básicos: processamento de informação (1), aprendizagem (2) e mudança de atitude e comportamento (3). Os pesquisadores do consumidor há muito se interessam em descobrir como as pessoas recebem, processam e dão sentido às comunicações de marketing, sendo a comunicação uma atividade básica de marketing. Neste campo, são tratadas as maneiras pelas quais a informação é transformada, reduzida, elaborada, armazenada, recuperada e recebida, buscando compreender como funciona o processamento de informações (1) na mente do consumidor; o processo de aprendizagem (2) é definido como o processo pelo qual a experiência leva a mudanças no conhecimento e no comportamento; mudanças de atitude e comportamento (3) refletem influências psicológicas básicas que foram matéria de décadas de pesquisa intensiva. 2.4 ATITUDES As atitudes são classificadas pelos autores Engel, Blackwell e Miniard (1999) na categoria das diferenças individuais, quando manifestamos alguma atitude em relação a um objeto, tipicamente ela se baseia em algum conhecimento ou crença sobre este objeto. Sentimos em relação a ele alguma 23 emoção positiva ou negativa e desejamos agir de determinada maneira em relação a ele, tendo simpatia ou repudiando-o. Os consumidores são constantemente alvo de mensagens que tentam induzi-los a mudar suas atitudes. Essas Mudanças de comportamento e atitudes são objetivos importantes do marketing. Para Sheth, Mittal e Newman (2001, p.367), as atitudes são predisposições que se aprendem baseadas em alguma experiência com o objeto ou informações sobre ele. No entanto, essas respostas podem ser favoráveis ou desfavoráveis ao objeto em questão. Portanto, as atitudes podem ser utilizadas para prever comportamentos. Assim, por exemplo, se soubermos que a atitude de uma mulher em relação a uma determinada roupa, é de insatisfação em relação a seu modelo, poderemos prever que essa mulher provavelmente não usará essa roupa. A avaliação geral de uma pessoa sobre um objeto de atitude é vista como determinada por suas crenças e/ou sentimentos da pessoa sobre o objeto da atitude12. Tradicionalmente, a atitude tem sido vista como consistindo em três componentes: cognitivo, afetivo e conativo, como representado na Figura 3. Atitude Componente Cognitivo (crenças) Componente Afetivo Componente Conativo (Sentimentos) (Intenções Comportamentais) Figura 3 - Três componentes da atitude Fonte: BLACKWELL; ENGEL e MINIARD (1999, p. 240) 12 Ibid. 5 (p.241) 24 A Figura 3, no entanto, não reflete a distinção entre seus componentes, pois tanto os componentes cognitivos (crenças) como afetivos (sentimentos) são considerados como determinantes das atitudes, e não o contrário. Para alguns produtos as atitudes dependem principalmente das crenças, ou seja, as percepções do consumidor sobre os benefícios funcionais do produto, tais como desempenho e praticidade em seu uso. No entanto, para outros produtos, os sentimentos podem ser o principal determinante das atitudes, como os sentimentos de prestígio e exclusividade que se tem ao se possuir um produto caro e de difícil acesso à maioria da população. A visão representada pela Figura 3 demonstra que as atitudes são fruto de nossas crenças, sentimentos e comportamentos, no entanto, as perspectivas mais contemporâneas da atitude nos remetem ao processo inverso de determinação das atitudes. Nessas perspectivas as atitudes são o resultado da interação entre esses componentes, conforme demonstra a Figura 4. 25 Crenças Sentimentos Atitude Intenção comportamental Comportamento Figura 4 – Visão contemporânea das relações entre Crenças, Sentimentos, Atitude, Intenção comportamental e comportamento Fonte: BLACKWELL, ENGEL e MINIARD (1999, p. 241) Dessa forma, de acordo à perspectiva da Figura 4, há duas maneiras fundamentais pelas quais as atitudes são formadas: através das crenças e através de sentimentos sobre o objeto da atitude. Identificar a maneira pela qual as atitudes são formadas é importante porque fornece orientação para aqueles que desejam influenciar as atitudes do consumidor. Segundo Solomon (2002), “atitude é uma avaliação geral e duradoura de pessoas (incluindo elas próprias), objetos anúncios e questões”.13 13 Ibid. 1 (p. 165). 26 2.4.1 Componentes da Atitude A maioria das perspectivas sobre as atitudes as avalia de uma forma unidimensional “global”. Essas visões informam sobre como as pessoas se sentem em termos genéricos em relação a um objeto, mas não porque elas se sentem desse modo, ou o que está por trás dessa atitude específica. Os psicólogos identificaram três dimensões implícitas à atitude global: conhecimento, sentimento e ação. Ou seja, quando manifestamos uma atitude em relação a determinado objeto, tipicamente ela se baseia em algum sentimento ou crença sobre esse objeto. Sentimos em relação a ele alguma emoção positiva ou negativa e desejamos agir de determinada maneira em relação a ele – acolhendo-o ou repudiando-o, por exemplo. Nessa perspectiva, se chega aos três componentes da atitude, denominados cognitivo, afetivo e conativo, como já havíamos identificado nos estudos de Blackwell; Engel e Miniard e que também estão presentes nos estudos de Sheth; Mittal e Newman. Cognições ou pensamentos sobre marcas ou objetos também são chamados de crenças. Mais especificamente, crenças são expectativas quanto ao que alguma coisa é ou não é, ou quanto ao que determinado objeto fará ou não. As crenças das pessoas ligam um objeto (pessoa, marca, loja etc.) a um atributo ou benefício. Segundo Sheth, Mittal e Newman (2001), existem três tipos de crenças: descritivas, avaliativas e normativas. As crenças descritivas estão associadas a qualidades ou resultados, as crenças avaliativas estão associadas a apreciações, preferências e percepções pessoais. Por último, temos as crenças normativas que invocam juízos éticos e morais em relação aos atos de alguém. O componente afetivo das atitudes são os sentimentos que uma pessoa tem em relação a um objeto, ou emoções que o objeto evoca para a pessoa. Finalmente, a conação é a ação que uma pessoa deseja realizar em relação ao objeto, ou em outras palavras, o comportamento que será adotado. A maioria dos pesquisadores do comportamento do consumidor como, Blackwell, Engel e Miniard; Mowen e Minor; Solomon e Sheth, Mitall e Newman, concorda que uma atitude é formada por esses três componentes: Afeto, 27 comportamento ou conação e cognição. Esses três componentes podem ser lembrados como o modelo ABC de atitudes (Affect, Behavior, Cognition). Porém, as atitudes dos consumidores em relação a um produto não podem ser determinadas apenas por suas crenças sobre ele. Levando esse fato em consideração, os pesquisadores da atitude desenvolveram o conceito de uma hierarquia de efeitos para explicar o impacto relativo dos três componentes da atitude. Se as atitudes têm três componentes, é preciso saber se existe alguma relação entre eles, e como se dá essa relação, além de identificar qual dos três componentes se manifesta primeiro. 2.4.2 Hierarquias na Atitude Visando responder a ordem com que os componentes da atitude se manifesta e sua inter-relação, os profissionais de marketing elaboraram hierarquias nas atitudes, que se referem à seqüência em que os três componentes ocorrem. 2.4.2.1 Hierarquia de aprendizagem Nesta hierarquia o primeiro componente da seqüência é a cognição, em seguida o componente afetivo e por último o comportamento. (vide Figura 3) Aprendizado Cognição (Crenças) Afeto (Sentimentos) Comportamento (Ações) Figura 5 - Hierarquia de aprendizado na atitude. Fonte: Adaptado de SHETH, MITTAL e NEWMAN (2001 p. 370) A hierarquia de aprendizado é qualificada de “racional”. Nesta hierarquia as crenças antecedem os sentimentos em relação ao objeto. 28 2.4.2.2 Hierarquia de baixo envolvimento Nesta hierarquia são avaliadas questões de importância relativamente pequena na vida de uma pessoa, que ela pode acolher ou evitar. Nessas situações, a pessoa não quer preocupar-se em pensar, nem se sente fortemente favorável ou desfavorável em relação ao objeto. Sob tais condições, os consumidores não são motivados a processarem muitas informações relativas às marcas. Em vez disso, serão influenciados por princípios de aprendizagem comportamental, tais como as respostas simples causadas pelos nomes de marca, vitrines de lojas, etc. No caso de produtos de baixo envolvimento, as atitudes vêm primeiro, posteriormente os consumidores avaliam se sentem bem ou mal em relação à atitude tomada (afeto) e, por último, formam suas crenças de marca, como mostra a Figura 6. Baixo envolvimento Comportamento (Ações) Afeto (Sentimentos) Cognição (Crenças) Figura 6 - Hierarquia de baixo envolvimento. Fonte: Adaptado de SHETH, MITTAL e NEWMAN (2001 p. 371) 2.4.2.3 Hierarquia emocional ou experiencial Na hierarquia emocional ou experiencial, as pessoas sentem primeiro (componente afetivo), depois agem (componente comportamental), e por último pensam (componente cognitivo). Com base em suas emoções – atração ou repulsa por determinada marca, coisa ou pessoa – o consumidor acolhe ou evita, compra e usa. Finalmente, com a experiência, a pessoa aprende mais sobre esses elementos. (ver Figura 7). 29 Emoção Afeto (Sentimentos) Comportamento (Ações) Cognição (Crenças) Figura 7 - Hierarquia Emocional ou Experiencial. Fonte: Adaptado de SHETH, MITTAL e NEWMAN (2001 p. 370) Segundo os estudos de Solomon, as propagandas também podem evocar uma ampla gama de respostas emocionais. Os sentimentos gerados por um anúncio têm a capacidade de afetar diretamente as atitudes em relação à marca. Os comerciais podem evocar uma ampla gama de respostas emocionais, desde repulsa até felicidade. Esses sentimentos podem ser influenciados tanto pelo modo como o anúncio é feito (Isto é, a execução específica do comercial) quanto pelas reações do consumidor aos motivos do anunciante. (SOLOMON, 2002. p.170) Através das afirmações de Solomon (2002), novamente percebe-se o aparecimento do componente emocional relacionado ao marketing, o que torna eminente sua exploração por meio de pesquisas científicas. 2.5 ASPECTOS MOTIVACIONAIS: TIPOS DE NECESSIDADES DO CONSUMIDOR A motivação se refere aos processos que fazem com que as pessoas se comportem do jeito que se comportam, ou seja, são as razões pelas quais as pessoas têm determinadas atitudes. A partir do momento em que uma necessidade é percebida, o consumidor deseja satisfazê-la. Esse desejo de satisfazer a necessidade gera um estado de tensão no consumidor que o impulsiona a tentar reduzir ou eliminar a necessidade que pode ser classificada quanto à categoria de estímulo que a originou, sendo classificadas como utilitárias, biogênicas, psicogênicas ou hedônicas. Segundo Solomon (2002), a motivação pode ser classificada em temos de sua força, ou influência que exerce sobre o consumidor, e direção, ou seja, 30 o caminho que o consumidor irá traçar para reduzir a tensão motivadora e suprir a necessidade. 2.5.1 Conceito de Necessidades Os conceitos de necessidades e desejos estão bastante vinculados ao conceito de motivação. Definiremos a necessidade como um “sentimento de privação do estado desejado”.14 O estado desejado fornece o objeto-alvo, e sua privação a atitude. Uma indagação importante no estudo do comportamento do consumidor refere-se a identificar quantas necessidades existem. Em vista de ainda não há uma contagem destas, devido ao número quase infinito de necessidades que se pode contar empiricamente, os psicólogos e estudiosos do consumidor sugeriram várias categorias de necessidades. Dentre as quais, as mais relevantes para os profissionais de marketing são as hierarquias das necessidades de Maslow, as necessidades psicogênicas de Murray, as necessidades de consumo de Ditcher e inúmeras outras listas de necessidades do consumidor elaboradas pelos pesquisadores de marketing. Neste estudo, porém, iremos descrever apenas a hierarquia das necessidades de Maslow, por julgarmos ser a de maior relevância até o momento. Figura 8 – Hierarquia das Necessidades de Maslow Fonte: Serrano, Daniel Portillo /Teoria de Maslow/Disponível em: <http://www.portaldomarketing.com.br/Artigos/maslow.htm> Acesso em 04 nov. 2007. 14 Ibid. 1 (p.327) 31 De acordo com o psicólogo Abraham Maslow, as necessidades e desejos humanos organizam-se em uma hierarquia. A necessidade de nível mais alto fica adormecida até que as de nível mais baixo sejam satisfeitas, conforme ilustra a Figura 8. Uma pessoa avança para as necessidades de nível mais alto se forem satisfeitas suas necessidades de nível mais baixo; se as necessidades de nível mais alto deixarem de ser satisfeitas a pessoa retorna para as de nível mais baixo. As necessidades fisiológicas levam os consumidores a tentar obter, comprar e usar alimentos, roupas e abrigo. Para todos os seres humanos essas necessidades são fundamentais. No nível seguinte, a necessidade de segurança constitui a busca de proteção contra uma ameaça ou privação, a fuga e o perigo. Os motivos sociais de desejo de pertença e amor ficam evidentes quando os consumidores querem comprar produtos que são bem considerados por outros, de modo que o uso desses produtos traz a aprovação dos demais, sua afeição e sentimento de pertença. Além disso, as pessoas trabalham muito para obter sucesso em sua esfera individual de atividade e para adquirir as qualidades que os outros consideram desejáveis e virtuosas, de modo que se possa conseguir auto-estima e também a admiração de outras pessoas. Finalmente, uma vez satisfeitas as necessidades fisiológicas, de segurança, sociais e de estima, as pessoas partem para tentar realizar as necessidades de auto-realização onde procuram satisfazer seu próprio potencial e auto desenvolver-se continuamente. 2.5.2 Envolvimento O envolvimento é definido como a relevância do objeto percebida por uma pessoa com base em suas necessidades, valores e interesses inerentes.15 15 Ibid.1 32 Os pesquisadores do comportamento do consumidor conceituam o envolvimento, como o nível de importância pessoal ou interesse evocado por um estímulo numa dada situação.16 O envolvimento é concebido como reflexo do grau de motivação dos consumidores. 2.5.3 Influências Afetivas Quando uma pessoa está motivada, pode haver uma ampla série de sentimentos emoções e humores associados que também funcionam para moldar os resultados comportamentais. Essas características são conhecidas como afeto e podem ser estados de sentimentos positivos ou negativos que influenciam o comportamento do consumidor de diferentes maneiras:17 1. O afeto positivo (isto é, um bom ânimo) acelera o processamento de informações. 2. O humor ativado leva a lembrar de produtos com associações positivas. 3. As emoções podem servir para ativar um estado de impulso em que o consumidor sente urgência em reduzir a tensão. 2.5.4 Conflitos Motivacionais De acordo ao tipo de objetivo dos consumidores, haverá uma valência que dependerá se o objetivo identificado é algo a abraçar ou evitar. Os consumidores podem estar motivados a evitar um resultado negativo ou podem estar determinados a alcançar um objetivo positivo. 16 17 Ibid. 5 (p.268) Ibid. 5 (p.241) 33 A motivação de aproximação é o desejo de atingir o objeto alvo que é buscado e até mesmo desejado. Por outro lado, temos a motivação de evitação que é o desejo de proteger-se de um objeto. As empresas querem fazer com que seus produtos sejam objetos de aproximação. Muitas vezes, porém, está envolvida uma compensação onde os motivos de aproximação e evitação são avaliados até que se chegue à conclusão sobre qual dos motivos se sobrepõe. Solomon (2002) descreveu três tipos de conflitos de motivação conforme a Figura 9. Aproximação-Aproximação Aproximação-Evitação Evitação-Evitação Figura 9 – Três tipos de conflitos motivacionais. Fonte: Adaptado de Solomon (2002, p.98) Os conflitos motivacionais ocorrem nas decisões de compra a todo instante, o que torna de grande relevância seu entendimento, visando minimizá-lo ou incitá-lo através de aspectos emocionais. 2.5.4.1 Conflito aproximação-aproximação Neste tipo de conflito o consumidor escolhe entre duas alternativas desejáveis. Uma aluna pode ficar indecisa entre a compra de uma calça jeans de 34 uma marca famosa e acessórios ou até mesmo entre duas blusinhas de marcas diferentes. O conceito genérico das teorias de consistência cognitiva defende que as várias crenças que as pessoas mantém devem ser coerentes umas com as outras e quando suas crenças ou comportamentos estão em conflito, as pessoas entram em um estado de tensão conhecido como dissonância cognitiva. 2.5.4.2 Conflito aproximação-evitação Muitos produtos e serviços que desejamos possuir também têm conseqüências negativas. Quando desejamos um objetivo, mas queremos evitá-lo ao mesmo tempo, é gerado um conflito aproximação-evitação, que na maioria das vezes é tentado superar pelos profissionais de marketing convencendo os consumidores de que estão merecendo alguns luxos. 2.5.4.3 Conflito evitação-evitação Às vezes os consumidores podem encarar uma escolha com duas alternativas indesejáveis, como a opção entre gastar mais dinheiro arrumando um carro velho ou comprar um carro novo. Os profissionais de marketing muitas vezes abordam esse tipo de conflitos acentuando os benefícios imprevistos de uma opção de compra, por exemplo, dando ênfase na facilidade de se obter crédito para financiar o carro novo. 2.6 CLASSIFICAÇÃO DAS NECESSIDADES Como já foi mencionado anteriormente, os consumidores têm basicamente quatro tipos de necessidades, portanto, é de suma importância sua 35 classificação para que isso facilite o atendimento dessas necessidades. A principal classificação utilizada atualmente é a hierarquia das necessidades de Maslow, que foi detalhada anteriormente, porém, em vista de que o objetivo principal deste estudo é a pesquisa sobre os apelos emocionais de compra, iremos nos ater posteriormente, aos conceitos que possuem ligação com os aspectos emocionais do comportamento do consumidor. A satisfação das necessidades utilitárias implica que os consumidores enfatizarão os atributos objetivos e tangíveis dos produtos.18 Temos como exemplo deste tipo de necessidade o fato de uma pessoa buscar comprar um carro de grande autonomia visando economizar dinheiro em abastecimento. Adicionalmente, as pessoas têm necessidade de certos elementos que são indispensáveis para a manutenção da vida, como alimento, água, ar e abrigo. Essas são as chamadas necessidades biogênicas. Em contrapartida, as pessoas têm outros tipos de necessidades que não são inatas e são adquiridas ao longo do processo de se tornar membro de uma cultura e refletem as prioridades da cultura do consumidor e seu efeito varia de ambiente para ambiente, são as chamadas necessidades psicogênicas. Por último, e de maior relevância neste estudo, temos as necessidades hedônicas, que são próprias da experiência: os consumidores podem acreditar que determinado produto irá atingir suas necessidades de alegria, autoconfiança, fantasia e etc. A abordagem do marketing experiencial busca concentrar-se nas experiências do consumidor e criar produtos e serviços que se conectem a este tanto por meio da mente quanto dos sentimentos. Pois a economia tradicional transformou-se em uma economia de experiência (PINE; GILMORE, 1998; SCHIMITT, 2002.) 2.6.1 Necessidades Hedônicas Para alcançar o objetivo geral deste estudo, nos valemos do conceito das necessidades de consumo hedônicas, para, segundo esses conceitos, 18 Ibid. 1 (p.99) 36 descrever as influências desse tipo de necessidades no público feminino dos acadêmicos de administração da UEL. Shimp (2002 p.123) defende que “os consumidores tem tendência a receber mensagens que estejam de acordo com suas necessidades cognitivas e aquelas que os façam sentir-se bem e tragam prazer (necessidades hedonistas)”. O consumo nessa perspectiva resulta da antecipação de divertimento, de realizar fantasias ou de se ter sentimentos que proporcionem bemestar. Segundo Sheth, Mittal e Newman (2001 p.342), as emoções dos consumidores orientam muito seus comportamentos, para tais autores, “o consumo hedonista é o uso de produtos ou serviços que dão prazer por meio dos sentidos, que ajudam a criar fantasias e que propiciam estímulo emocional”. Portanto, apelos relacionados a bons tempos passados, divertimento e outras coisas que valorizamos na vida, muitas vezes acabam se tornando prazerosos para muitas pessoas. Enquanto alguns produtos como, fornos de microondas, máquinas de lavar roupas, secadores de cabelos, etc. são comprados e utilizados em virtude de alguns atributos utilitários, produtos e serviços como sapatos, jóias, bolsas, cabeleireiros e outros que fazem parte, principalmente, do universo de compra feminino, são consumidos pelos valores emocionais ou hedonistas que oferecem. Como exemplos de consumo de produtos ou serviços que propiciam estímulo emocional, os pesquisadores elencaram algumas categorias que se enquadram em quatro classes:19 19 Ibid. 7 (p.342) 37 Prazer sensorial: estímulos obtidos por meio de um dos cinco sentidos, como tomar banhos de espuma, banheiras de hidromassagem e sauna, perfumes, cores vibrantes nas roupas, decoração de uma casa. Prazer estético: relativos à capacidade de apreciar o que é belo, como ler poesia, visitar galerias de arte, fazer cursos de pintura, ter obras de arte. Experiência emocional: assistir filmes e novelas na TV, andar de montanha russa, enviar e receber presentes, namorar, comemorar aniversários. Diversão: dançar, viajar nas férias, praticar esportes, participar de festas. Em meio às quatro categorias descritas por Shett, Mittal e Newman (2001), podemos inferir que a compra de peças de vestuário por mulheres, está relacionada ao prazer estético em relação a como elas avaliam a si mesmas, e como desejam ser vistas esteticamente, através das roupas. 2.6.2 Necessidades Versus Desejos É comum fazermos menção de desejos como se tivessem o mesmo significado das necessidades, porém, como veremos mais adiante, os dois diferem em alguns aspectos. São as necessidades e os desejos dos consumidores que os profissionais de marketing devem satisfazer. Uma necessidade é uma condição insatisfatória do consumidor, que o leva a agir de maneira a tentar reduzir sua insatisfação. Um desejo é uma vontade de obter mais satisfação do que o apenas necessário para reduzir uma condição insatisfatória.20 20 Czinkota, Michael R...(et all), Marketing: as melhores práticas. Porto Alegre: Bookman, 2002. (p. 139) 38 Percebe-se, portanto, que a diferença entre as necessidades e os desejos, reside no fato de que o surgimento de uma necessidade é guiado pelo surgimento de algum desconforto nas condições físicas e psicológicas da pessoa, enquanto que os desejos surgem quando as pessoas querem elevar sua situação para além do estado de conforto mínimo. Assim, uma roupa satisfaz uma necessidade e as grifes famosas satisfazem desejos. 2.7 O PROCESSO EMOCIONAL DO CONSUMIDOR Embora todos, em maior ou menor grau, já tenham experimentado emoções, elas são difíceis de definir. Isso acontece porque a emoção é um conjunto bastante complexo de processos, que ocorre ao mesmo tempo em vários aspectos dos seres humanos, ou seja, tanto na mente quanto no corpo. Segundo Sheth, Mittal e Newman (2001) “as emoções são a consciência da ocorrência de alguma excitação fisiológica seguida por uma resposta comportamental, juntamente com a avaliação do significado de ambas”. Da mesma maneira que as necessidades, as emoções são capazes de impulsionar uma pessoa na direção de objetivos-alvo relevantes. A maioria das pessoas busca experiências emocionais positivas e evitam as negativas como foi abordado no tópico sobre os conflitos motivacionais. Portanto, é de grande utilidade para os gestores obter algum entendimento básico sobre o que são as emoções e sobre como elas explicam o comportamento humano. Segundo Gerald Zaltman, pesquisador da mente do consumidor da Harvad Busines School, ao se referirir às emoções, “embora sejam centrais no comportamento do consumidor e muitos falem delas, poucos as entendem”. O mesmo autor defende que “o sistema emocional exerce a primeira impressão em nosso pensamento e em nosso comportamento” e também diz que “a publicidade é potente porque ativa as emoções”.21 Nos dias atuais, com mudanças ocorrendo de maneira muito rápida em todos os aspectos vivenciais, para conseguir despertar a atenção do 21 ALONSO, Viviana. Os modelos mentais. HSM Management, Brasil, nº 54, (p.1-4), jan.-fev. 2006. 39 consumidor, as empresas devem se empenhar de forma mais intensa. Ao conseguir despertar a atenção, devem procurar não somente satisfazer as necessidades do consumidor, mas, principalmente, oferecer algo inovador e único, algo capaz de mexer com suas emoções do fazendo-o, inclusive, sonhar. Atendendo dessa forma, além de suas necessidades, os seus desejos. As pessoas sentem estímulos e produzem respostas autônomas originadas no sistema nervoso, como afastar o corpo de uma fonte de calor ou fisiológicas (comportamentos refletidos por respostas autônomas) como afastar-se das coisas que dão medo. Enquanto a estimulação e reposta autônoma acontece, as pessoas também têm uma experiência consciente dessas mudanças em seu corpo, além de perceber as reações que estão tendo e interpretar sua capacidade e significado, o que inclui perceber que não há reação disponível, como quando um ladrão armado pede as chaves do carro. Essa consciência, essas percepções de excitação e da resposta, são acompanhadas de sofrimento ou prazer, e produzem mais sentimentos. Esses sentimentos são os que conhecemos com o nome de “emoções”. Embora vários psicólogos tenham tentado explicar as emoções, a teoria mais recente é a teoria bifatorial de Schachter, que afirma que os indivíduos criam respostas cognitivas aos estímulos que são compatíveis com suas expectativas.22 De acordo com o psicólogo Stanley Schachter, a experiência da emoção depende de dois fatores, a excitação autônoma e a interpretação de seus significados. De acordo a esses fatores, podemos visualizar um modelo simplificado do processo emocional, na Figura 10. 22 Seminário das Emoções. Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG. Disponível em: <<http://www.nnc.icb.ufmg.br/graduacao/medicina/Seminario%5CEmocoes.htm>> Acesso em: 8 nov. 2007. 40 Excitação Autônoma Mais excitação autônoma Estímulo Resposta Comportamental Análise de Significado Experiência de Sentimento Figura 10 – Um modelo do processo emocional Fonte: Sheth, Mittal e Newman (2001, p.339) Os profissionais de marketing podem adaptar-se ou responder às emoções dos consumidores, criando estímulos e auxiliando na análise de seus significados. Para suscitar estímulos os profissionais de marketing podem criar produtos ou serviços que sejam compatíveis às emoções vinculadas ao tipo de consumo dos clientes. Na primeira forma de influenciar o consumo, os profissionais de marketing podem criar produtos ou serviços que se adéqüem às emoções dos consumidores de seu segmento, a segunda se faz através das comunicações de marketing, como anúncios e propagandas, vinculando determinado simbolismo aos produtos ou serviços. 2.8 TIPOS DE EMOÇÃO Dependendo do tipo de apelos de marketing utilizados, os consumidores podem sentir medo, vontade de rir ou chorar, atração, repulsa ou ainda ter vontade de saber mais informações sobre o produto ou serviço. 41 Dependendo da natureza do produto e do tipo de relacionamento que os consumidores têm com ele, os apelos de marketing devem apelar para a mente (lado racional) ou para as emoções.23 Figura 11 – Tipologia de emoções: circulo de Plutchik Fonte: Adaptado de SHETH, MITTAL e NEWMAN. (2001, p. 340) Como se pode verificar na Figura 11, conforme citado por Shett, Mittal e Newman (2001), o psicólogo Robert Plutchik propôs a existência de oito emoções primárias e cada uma delas pode variar de intensidade:24 Medo: varia de timidez ao terror; Raiva: da irritação à fúria; Alegria: da serenidade ao êxtase; Tristeza: varia do estado pensativo à melancolia; Aceitação: varia da tolerância à adoração; Aversão: do tédio ao ódio; Antecipação: varia da espera à vigilância; Surpresa: vai da incerteza à estupefação. 23 Ibid. 1 (p.194) 24 Ibid. 7 (p.340) 42 De acordo com o psicólogo Plutchik, essas oito reações humanas definem as emoções humanas básicas, por isso são chamadas emoções primárias. As demais emoções que os seres humanos vivem seriam apenas combinações delas, por exemplo, a alegria e a aceitação combinam-se para produzir o amor. 2.9 COMPORTAMENTO DE CONSUMO FEMININO O comportamento das mulheres tem sido alvo de diversas pesquisas de marketing para fornecer sugestões para o desenvolvimento de campanhas de marketing eficientes, os pesquisadores do comportamento do consumidor descobriram que as atitudes em relação a roupas e a maneira como uma mulher se veste estão significativamente relacionadas à orientação feminista.25 Com as mudanças trazidas pelos movimentos feministas organizados surgidos nos EUA, na segunda metade dos anos 60, as mulheres passaram a reivindicar direitos que haviam sido outorgados ao sexo masculino, tais como autonomia, igualdade no mercado de trabalho e na divisão das atividades domésticas, assim como a expressão de sua sexualidade de forma mais explicita. O campo do marketing tende a ser dominado por valores predominantemente masculinos, no entanto, segundo Solomon (2002, p.120). Essa tendência pode diminuir nos próximos anos, à medida que mais pesquisadores de marketing começam a salientar fatores como as emoções e a estética nas decisões de compra – e à medida que um número cada vez maior de mulheres se formam em marketing! O antropólogo americano Paco Underhill, em entrevista concedida à revista Veja, sustenta que “comprar é um ato feminino”, devido ao fato de que, desde a pré-história criou-se diferenças entre os papéis reservados a homens e a mulheres na sociedade, pois nessa época o número de mulheres que saía para caçar era mínimo, o que acabou permanecendo até a atualidade, onde na maioria 25 Ibid. 5 (p.496) 43 dos casos, enquanto homens trabalham fora, elas dedicam-se a administrar a casa. O antropólogo ainda afirma que “comprar é quase que uma predisposição biológica cujos traços ainda permanecem no DNA das mulheres modernas”.26 Segundo Pereira (2007)27, “O comportamento de compra de uma mulher que roda por um shopping Center à procura de produtos de beleza num dia em que está deprimida não pode ser comparado ao comportamento de um homem que compra roupas para o trabalho”. Baseados nessa premissa podemos analisar, segundo os preceitos do marketing, as etapas do processo de compra: Primeiramente temos o reconhecimento do problema (necessidade ou desejo). Aqui vale destacar que o entendimento de necessidades e desejos é diferente do exposto anteriormente. Nesta etapa, as consumidoras não diferenciam se tem uma necessidade ou desejo, considerando aqui, desejo como apenas uma “vontade de possuir”, e não como necessidade, ou seja, algo que extrapole a vontade, fazendo com que a compra da peça se torne algo indispensável. Homens ouvem de mulheres a frase inabalável “não tenho nada para vestir”. Mesmo se confrontando com um guarda-roupas abarrotado de peças. Depois do reconhecimento desta necessidade vem a busca incessante pelo artigo de moda. A etapa que segue é a busca de informações sobre produtos ou serviços e grifes. Qualidade no caimento dos aviamentos utilizados e tecidos nobres (ou não) são informações vendidas subliminarmente pelas grifes as suas clientes. Segundo Johnson e Learned (2004), “A mente compradora de uma mulher é treinada para ver através da superfície de um anúncio de marketing e se concentrar no valor mais profundo que sua marca pode trazer à vida dela”. Levando em consideração a afirmação dessas autoras, podemos constatar que, após compreender um pouco mais, sobre o funcionamento das etapas de compra de uma mulher, certamente será mais satisfatório o processo de se elaborar uma estratégia 26 UNDERHILL, Paco. /Veja On-line exclusivo 02 de fev. 2002/Disponível em: < http://veja.abril.com.br/idade/exclusivo/060202/entrevista_integra.html>. Acesso em: 10 nov. 2007. 27 PEREIRA, Heliza F. Comportamento humano e varejo de moda. Disponível em: <<http://www2.passosuemg.br:8080/famopa/downloads/heliza/novos/comportamentodemoda.pdf> >Acesso em 10 abr. 2008. 44 de marketing que consiga satisfazer o complexo processo de tomada de decisão delas. 2.9.2 Entendendo a Mente Feminina. O processo de compra e as motivações do público feminino são visivelmente diferentes dos homens. As mulheres, normalmente se envolvem num processo de tomada de decisão, raramente agem por impulso, com comportamentos tipo “ver e comprar”. As mulheres realmente pensam de maneira diferente dos homens. Pesquisas científicas demonstram que existem diferenças biológicas, neurológicas e comportamentais entre os cérebros dos homens e das mulheres. Apesar de os homens terem mais células cerebrais do que as mulheres, elas têm mais células que fazem as conexões entre um hemisfério cerebral e o outro. Talvez por essa razão elas normalmente consigam fazer várias coisas ao mesmo tempo, enquanto o cérebro masculino é mais especializado e linear, as mulheres são pensadoras mais holísticas. As mulheres possuem habilidades sensoriais muito mais aguçadas que os homens. Com a função biológica de “perpetuar a espécie humana” e “guardiãs da cria”, precisavam perceber mudanças sutis nas atitudes e no humor dos outros. O que comumente chamamos de “intuição feminina” é, na verdade, a apurada capacidade que a mulher tem de notar detalhes na aparência e no comportamento de outras pessoas.28 Pesquisas recentes têm demonstrado que as fêmeas, em média, têm um sistema límbico profundo maior que o dos machos, o que significa que elas se relacionam mais com os seus sentimentos, e portanto, costumam ser melhores do que os homens para expressá-los. Conclui-se, portanto, que as mulheres tendem a se envolver mais com imagens carregadas de emoções. Uma pesquisa realizada por psicólogos na 28 PEASE. Por que os homens fazem sexo e as mulheres fazem amor? : uma visão científica (e bem-humorada) de nossas diferenças. Sextante: Rio de Janeiro (2000, p.12) 45 Universidade Estadual de Nova York e na Universidade de Stanford, ambas no Estados Unidos, revelou que, embora fotografias evocando emoções fossem mais notadas por ambos sexos, depois de um certo tempo, as mulheres foram mais capazes de se lembrar das imagens emotivas do que os homens.29 Esta última descoberta, foi a que nos orientou a elaborar este estudo, envolvendo emoções, com o público feminino. 29 JOHNSON E LEARNED. Porque as mulheres compram? Futura: São Paulo. (2005, p.92) 46 3 METODOLOGIA 3.1 CLASSIFICAÇÃO GERAL DA PESQUISA O presente estudo foi desenvolvido através da utilização de uma pesquisa exploratória e descritiva. No estudo exploratório de caráter bibliográfico, utilizou-se de livros, periódicos e sites da Internet. Na parte descritiva, adaptou-se um modelo de escala de diferencial semântico proposto por Plutchik (apêndice B), com o intuito de mensurar o grau de envolvimento emocional nas necessidades de consumo de peças de vestuário feminino e um modelo de inventário de envolvimento pessoal de Engel, Blackwell e Miniard (1999). (apêndice C). De acordo a esses modelos, a pesquisa proposta visa demonstrar se as mulheres são de fato influenciadas por necessidades de consumo hedônicas e quais emoções são relacionadas. A pesquisa foi aplicada com acadêmicas do Curso de Administração da UEL, no período noturno. 3.2 DEFINIÇÃO OPERACIONAL DAS VARIÁVEIS Em vista de que o objetivo deste estudo é determinar a influência das necessidades hedônicas na motivação de compra das acadêmicas, as variáveis identificadas são as relacionadas ao grau de envolvimento e as emoções da população que, se valeu do mesmo objetivo, mas substituiu o critério de amostragem, que segundo Mattar (1999): A amostragem está intimamente relacionada com a essência do projeto de pesquisa descritiva por levantamentos: pesquisar apenas uma parte da população para inferir conhecimento para o todo, ao invés de efetuar um censo. Portanto, as variáveis identificadas na revisão da literatura e adaptadas aos objetivos deste estudo foram aplicadas por meio de um roteiro de 47 mensuração em escala e se referem a benefícios hedônicos, o grau de envolvimento das consumidoras e tipo de emoções envolvidas. 3.3 COLETA DE DADOS O objeto da pesquisa foi o público feminino dentre os acadêmicos do curso de Administração do período noturno da Universidade Estadual de Londrina. Portanto, obtivemos a amostra através de um censo da população de acadêmicas fornecido pela PROGRAD – Pró-Reitoria de Graduação, que apontou 153 acadêmicas, estratificadas da seguinte forma: - 1ª Semestre - 18 - 2º Semestre - 18 - 3º Semestre - 18 - 3ª Série - 30 - 4ª Série - 37 - 5ª Série – 32 A opção pelo censo da população feminina dentre as acadêmicas do curso de Administração da universidade, foi devido à facilidade com que o pesquisador obteve acesso aos dados dessa população junto à Pró-Reitoria de Graduação - PROGRAD e, que segundo Macdaniel e Gates (2003, p. 365): “Embora os censos não sejam utilizados com freqüência na pesquisa de marketing, em alguns casos são apropriados e viáveis”... e (ibid.) “A idéia de fazer um censo talvez agrade, visto que é tido como mais preciso que uma amostra...” Para proporcionar uma análise mais apurada dos resultados obtidos, julgamos importante traçar o perfil do público pesquisado. A maior parte das mulheres que respondeu às escalas é solteira e está na faixa etária entre 17 a 30 anos, o que pode caracterizar comportamentos semelhantes entre mulheres de outras populações, com perfil semelhante. Os instrumentos de coleta de dados foram roteiros adaptados na forma de escala do tipo diferencial semântico, sendo aplicados no CESA (Centro de 48 Estudos Sociais Aplicados), no período noturno, com a permissão dos professores. A pesquisa foi aplicada pelo próprio pesquisador com o objetivo de explicar a finalidade da pesquisa. O diferencial semântico envolve a apresentação de um conceito, seguida por uma série de escalas de pontuação bipolares, no caso desta pesquisa, de 1 a 5 pontos, sendo 1 menos importante e 5 mais importante. Embora a intenção do pesquisador fosse a de obter resposta de todas as acadêmicas identificadas no censo, não foi possível aplicar os questionários à totalidade das mesmas, devido a restrições como, faltas, desistências acadêmicas ou desinteresse em responder ao instrumento formulado, ficando a pesquisa restrita a um número de 104 mulheres, ou seja, 67,97% da população. Os modelos utilizados para adaptação aos instrumentos de pesquisa aplicados neste estudo foram: Quadro 1 – Inventário de envolvimento pessoal Fonte: ENGEL, BLACKWELL E MINIARD. (1999, p. 111) 49 O inventário de envolvimento pessoal adaptado foi mensurado, através da atribuição de uma escala de 5 pontos, com as seguintes variações de afirmações em relação a comprar roupas: importante a não importante; representa muito para mim a não representa nada para mim; faz diferença para mim a não faz diferença para mim; não provoca interesse a provoca interesse; significativo a insignificante; chato a interessante; comum a fascinante e desnecessário a necessário. Quadro 2 – Escala para medir as oito emoções de Plutchik Fonte: SHETH, MITTAL e NEWMAN. (2001, p.341) As emoções a que se refere Plutchik, conforme citado por Shett, Mittal e Newman (2001), foram mensuradas classificando-se as seguintes tríades de adjetivos, atribuindo-se a cada um uma escala de 5 pontos, que varia de “nunca”, até “muito freqüentemente”. Medo: intimidado, ameaçado, amedrontado. Raiva: hostil, irritado, furioso. Alegria: satisfeito, contente, encantado. Tristeza: envergonhado, triste, deprimido. Aceitação: apoiado, aceito, confiante. Aversão: insatisfeito, desgostoso, ofendido. Antecipação: curioso, atento, alerta. Surpresa: intrigado, confuso, assustado. 50 Os adjetivos foram adaptados de maneira a possibilitar a mensuração do grau de intensidade em que ocorrem, quando as acadêmicas sentem vontade de comprar roupas. 3.4 ANÁLISE DOS DADOS As informações coletadas foram organizadas em um banco de dados, utilizando o software para elaboração de planilhas eletrônicas Microsoft Excell 2007, que auxiliou no cálculo do grau de envolvimento e determinação do tipo de emoção predominante nas acadêmicas. 3.5 LIMITES DA PESQUISA Este estudo possui algumas limitações que devem ser discutidas. Primeiramente, a escolha do critério de aplicação da pesquisa ao censo da população não pode ser utilizado para uma pesquisa conclusiva, por representar uma parcela mínima da população feminina como um todo. Portanto, desta pesquisa não podem ser tiradas conclusões definitivas. Segundo, a escolha de aplicação da pesquisa ao censo da população, levou em consideração que um dos objetivos principais do acadêmico é o de aprofundar-se no conhecimento teórico e empírico das variáveis que moldam o comportamento do consumidor, o que fez com que o fato de que o censo da população não possa ser utilizado para uma pesquisa conclusiva, não fosse considerado relevante. Outro fato importante que deve ser destacado, é que as escalas utilizadas para mensurar os resultados foram adaptadas, por se tratar de um estudo visando identificar se existem ou não características hedônicas, no comportamento das alunas, e qual as emoções relacionadas. Portanto, no inventário de envolvimento pessoal original, de Engel, Blackwell e Miniard (1999), foram excluídos alguns itens por não serem considerados pertinentes, no que tange a aspectos 51 emocionais e, visando simplificar a escala, pois foi entregue juntamente a outra, a escala para medir as oito emoções de Plutchik, adaptada dos autores Sheth, Mittal e Newman. (2001). Também devemos destacar que os modelos propostos pelos autores que serviram de base para esta pesquisa, não apresentam estudos empíricos sobre sua aplicabilidade, o que caracteriza mais uma limitação, por não terem sido identificadas outras pesquisas similares, para efeito de análise comparativa. 52 4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS DADOS DA PESQUISA 4.1 TRATAMENTO DOS DADOS COLETADOS Calculando o número de respostas nas escalas de diferencial semântico, atingimos os resultados que demonstramos a seguir, obtido através do cálculo da marcação dos itens que atingiram o maior número de respostas em cada nível da escala. Comprar Roupas para mim é? Importante X representa muito para mim X X faz diferença para mim Significativo X Desnecessário não representa nada para mim * provoca interesse insignificante X chato comum * não faz diferença para mim X não provoca interesse Não é importante X * interessante fascinante X Necessário (*) Indica itens com pontuação invertida. Os itens à esquerda contam de (1) baixo envolvimento até (5) alto envolvimento à direita. Totalizando 8 itens dá uma pontuação baixa de 8 pontos a alta de 40 Total: 34 Quadro 3 – Formulário final. Fonte: Elaborado pelo autor. Os dados ilustrados no Quadro 3, foram obtidos com auxílio do software para elaboração de planilhas eletrônicas Microsoft Excell 2007. Calculandose o maior número de respostas assinaladas em cada nível das escalas, nos questionários respondidos pelas acadêmicas e, seguindo as instruções do instrumento original adaptado para realização deste estudo No instrumento original, eram elencados vinte itens e, conforme já havia sido mencionado, para realização deste estudo, elencamos apenas 8 (oito) 53 itens que julgamos serem os mais representativos para avaliar o envolvimento emocional das acadêmicas. Alguns itens tiveram sua pontuação invertida no modelo original e neste estudo, também optamos por manter a pontuação invertida para eliminar a possibilidade de haver tendência a marcação dos itens em apenas um dos lados da escala. Para chegar ao resultado, multiplicamos o número das alternativas que mais foram assinaladas, pelo seu respectivo valor. No inventário utilizado foram atribuídos valores de 1 (um), baixo envolvimento a 5 (cinco), alto envolvimento. Item 1: Item 2: Item 3: Item 4: Nível 1: 0 Nível 1: 1 Nível 1: 1 Nível 1: 3 Nível 2: 6 Nível 2: 21 Nível 2: 10 Nível 2: 6 Nível 3: 32 Nível 3: 44 Nível 3: 37 Nível 3: 18 Nível 4: 30 Nível 4: 21 Nível 4: 29 Nível 4: 32 Nível 5: 36 Nível 5: 17 Nível 5: 27 Nível 5: 45 Pontuação: 5 Pontuação: 3 Pontuação: 3 Pontuação: 5 Item 5: Item 6: Item 7: Item 8: Nível 1: 0 Nível 1: 0 Nível 1: 15 Nível 1: 2 Nível 2: 3 Nível 2: 3 Nível 2: 17 Nível 2: 1 Nível 3: 30 Nível 3: 15 Nível 3: 31 Nível 3: 14 Nível 4: 32 Nível 4: 27 Nível 4: 19 Nível 4: 34 Nível 5: 33 Nível 5: 59 Nível 5: 22 Nível 5: 52 Pontuação: 5 Pontuação: 5 Pontuação: 3 Pontuação: 5 Total: 34 pontos Quadro 4 – Envolvimento: pontuação obtida em cada item. Fonte: Elaborado pelo autor. O Quadro 4, demonstra o número de respostas assinaladas pelas acadêmicas em cada nível da escala, destacando-se em quadros, os níveis que obtiveram mais respostas assinaladas. 54 Medo: Raiva: Intimidada Ameaçada Amedrontada Hostil - Irritada - Furiosa - Alegria: Satisfeita * Contente * Encantada * Tristeza: Vergonha - Triste - Deprimida - Aceitação: Apoiada - Aceita - Confiante * Aversão: Antecipação: Insatisfeita Desgostosa curiosa - atenta * Ofendida alerta - Surpresa: Intrigada Confusa Assustada As emoções de Plutchik foram mensuradas classificando-se as tríades de adjetivos e atribuindo-lhes uma escala de cinco pontos, em termos de freqüências, variando de nunca a muito freqüentemente. * Adjetivos que mais foram marcados nas escalas. Quadro 5 – Emoção predominante na pesquisa. Fonte: Elaborado pelo autor. Para se chegar aos resultados obtidos na tabela demonstrada no Quadro 5, foi feito o mesmo cálculo da escala anterior, ou seja, calculamos o número de respostas em cada item, até chegar aos resultados, através do número de vezes em que cada item se repetiu nas escalas, que variaram de nunca (nível 1) a muito freqüentemente (nível 5). A tríade de adjetivos que atingiu a pontuação mais elevada foi satisfeita, contente e encantada, o que caracterizou, conforme critérios do modelo de Shett, Mittal e Newman (2001), como emoção predominante a alegria. Os adjetivos que obtiveram pontuações elevadas, ou seja a partir do nível três (3) ou superiores, constam no Quadro 5, assinalados com um asterisco (*) abaixo e dispomos os mesmo dentro de um quadro, que demonstra a emoção a que se refere a tríade de adjetivos. 55 Intimidação Ameaça Medo Hostilidade Nível 1: 35 Nível 1: 68 Nível 1: 66 Nível 1: 60 Nível 2: 29 Nível 2: 27 Nível 2: 26 Nível 2: 30 Nível 3; 29 Nível 3: 9 Nível 3; 13 Nível 3; 12 Nível 4: 13 Nível 4: 2 Nível 4: 1 Nível 4: 3 Nível 5: 0 Nível 5: 0 Nível 5: 0 Nível 5: 1 Irritação Furiosa Satisfação Contente Nível 1: 38 Nível 1: 61 Nível 1: 4 Nível 1: 3 Nível 2: 30 Nível 2: 21 Nível 2: 7 Nível 2: 3 Nível 3: 21 Nível 3: 14 Nível 3: 23 Nível 3; 22 Nível 4: 10 Nível 4: 9 Nível 4: 44 Nível 4: 33 Nível 5: 7 Nível 5: 1 Nível 5: 28 Nível 5: 45 Encantada Vergonha Tristeza Deprimida Nível 1: 3 Nível 1: 39 Nível 1: 58 Nível 1: 68 Nível 2: 7 Nível 2: 25 Nível 2: 26 Nível 2: 19 Nível 3: 38 Nível 3: 16 Nível 3: 17 Nível 3: 12 Nível 4: 26 Nível 4: 4 Nível 4: 2 Nível 4: 5 Nível 5: 27 Nível 5: 2 Nível 5: 3 Nível 5: 2 Apoiada Aceita Confiante Insatisfeita Nível 1: 17 Nível 1: 14 Nível 1: 4 Nível 1: 40 Nível 2: 23 Nível 2: 16 Nível 2: 14 Nível 2: 41 Nível 3: 48 Nível 3; 44 Nível 3: 30 Nível 3: 16 Nível 4: 14 Nível 4: 25 Nível 4: 35 Nível 4: 7 Nível 5: 4 Nível 5: 7 Nível 5: 23 Nível 5: 2 Desgostosa Ofendida Curiosa Atenta Nível 1: 52 Nível 1: 71 Nível 1: 20 Nível 1: 12 Nível 2: 33 Nível 2: 18 Nível 2: 19 Nível 2: 11 Nível 3: 15 Nível 3: 12 Nível 3: 38 Nível 3: 34 Nível 4: 5 Nível 4: 5 Nível 4: 17 Nível 4: 29 Nível 5: 1 Nível 5: 0 Nível 5: 12 Nível 5: 16 Alerta Intrigada Confusa Assustada Nível 1: 28 Nível 1: 39 Nível 1: 30 Nível 1: 78 Nível 2: 20 Nível 2: 24 Nível 2: 19 Nível 2: 14 Nível 3: 27 Nível 3: 31 Nível 3: 24 Nível 3: 11 Nível 4: 17 Nível 4: 10 Nível 4: 18 Nível 4: 2 Nível 5: 14 Nível 5: 2 Nível 5: 15 Nível 5: 1 Indica itens com maior pontuação. Quadro 6 – Adjetivos: Pontuação obtida em cada item. Fonte: Elaborado pelo autor. Como pode ser visualizado no Quadro 6, demonstramos o número de respostas assinalados em cada nível das escalas, sendo que os resultados que 56 mais foram assinalados, em níveis três (3) ou superior, encontram-se em negrito, para melhor visualização. 4.2 ANÁLISE DOS DADOS COLETADOS Esta pesquisa visou identificar, com base em afirmações teóricas e do senso comum, se as mulheres do curso de administração, do período noturno, são influenciadas por necessidades de consumo hedônicas na aquisição de roupas, e quais as emoções relacionadas. Existiu a preocupação de avaliar tais afirmações, tendo em vista a escassez de trabalhos científicos na área e, levando-se em consideração que o objetivo foi realizar um estudo do comportamento do consumidor através de uma perspectiva do aspecto emocional. O inventário de envolvimento pessoal adaptado à aquisição de peças de vestuário atingiu uma pontuação de 34 pontos, o que demonstra que, segundo critérios análogos do inventário original, o público que respondeu a pesquisa é altamente envolvido com a compra de roupas. Portanto, a relação que o público pesquisado tem com esse tipo de produtos pode ser identificada como um tipo de consumo hedonista, ou seja, não apenas para resolver algum problema de seu ambiente físico, mas também pelo prazer intrínseco em adquiri-lo30. Desta maneira, no caso das acadêmicas do curso de administração, no período noturno, confirmamos o que os teóricos pesquisados, em especial os autores Shett, Mittal e Newman, afirmam em relação ao consumo hedonista. “Alguns produtos são consumidos pelos valores emocionais ou hedonistas que oferecem”. 31 Em relação ao primeiro item mensurado, cerca de 35% das respondentes considerou o maior nível de importância ao marcar a alternativa, repetindo a resposta em outros quatro itens, ficando apenas 3 itens com respostas no grau médio na escala, o que confirmou o alto envolvimento das alunas com a aquisição de peças do vestuário, segundo critérios do inventário original. 30 Ibid. 7 (p342). 31 Ibid. 7 (p.342). 57 Já no questionário sobre as emoções envolvidas ao se ter vontade de adquirir roupas, os adjetivos que obtiveram maior pontuação foram: satisfeita, contente e encantada, caracterizando a emoção: alegria, conforme a escala de Plutchik. É importante também mencionar que outros dois adjetivos obtiveram uma pontuação alta: confiante e atenta. Não sendo suficiente para, segundo a escala, classificar uma emoção, porém são adjetivos importantes na composição das emoções: aceitação e antecipação, demonstrando traços dessas emoções envolvidas na aquisição de roupas, pelo público pesquisado. 58 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS E SUGESTÕES Em várias ocasiões, ao tecer comentários com homens à respeito do objetivo deste estudo, a maioria afirmou que seria impossível mensurar emoções e, ainda mais difícil, tentar entender as mulheres. Ao término do trabalho, verifica-se que os resultados obtidos são satisfatórios, considerando os objetivos propostos. Após muita pesquisa envolvendo as mulheres e seus hábitos e comportamentos de consumo, pôde-se constatar que realmente as mesmas possuem um alto envolvimento com a aquisição de peças de vestuário, portanto, em vista dos resultados obtidos nestas escalas, acreditamos que o lado emocional geralmente é o que exerce maior influência na hora de escolher peças do vestuário. Este estudo se torna bastante relevante porque os autores de onde se extraiu os modelos adaptados, não demonstram nenhuma pesquisa onde os mesmos foram aplicados com seus resultados, o que aumenta a relevância desta pesquisa, uma vez que os modelos adaptados para este estudo foram aplicados com resultados satisfatórios. Considerando que esta área do comportamento do consumidor ainda foi pouco explorada, pode-se constatar através deste estudo, ainda que de proporções quase que insignificantes, que o público feminino é bastante influenciado por necessidades hedônicas, especificamente no consumo de peças do vestuário, porém, fica aqui a proposta para que outras pesquisas, utilizando amostras mais representativas, sejam feitas para atingir resultados mais sólidos e também, com outra variedade de bens de consumo e/ou serviços e, inclusive com o público masculino. A pesquisa envolvendo o universo feminino e o comportamento do consumidor também foi de grande importância para somar competências para o exercício da profissão de administrador, no que diz respeito ao relacionamento interpessoal exercitado e aprimorado ao longo do estudo e no que diz respeito ao entendimento e domínio de uma das variáveis que modela o comportamento do consumidor. Embora o modelo proposto por Plutick não tenha sido aplicado na bibliografia consultada, através deste estudo pode-se constatar a viabilidade de sua 59 aplicação e que o mesmo consegue demonstrar com certo grau de assertividade, que as emoções identificadas nesta pesquisa efetivamente podem ser mensuradas. Sugerindo sua aplicação em outros estudos envolvendo amostras representativas, outras categorias de produtos e, inclusive, com o público masculino. 60 REFERÊNCIAS ALONSO, Viviana. Os modelos mentais. HSM Management, Brasil, nº 54, (p.1-4), jan.-fev. 2006. DE CESARO, Nestor Henrique; PANNO, Fernando. Pesquisas em Ciências Sociais Aplicadas, 2. URI, 2005. BLACKWELL, Roger D.; ENGEL, James F e MINIARD, Paul W. Comportamento do Consumidor. 8 ed. Rio de Janeiro. LTC – Livros Técnicos e Científicos, 1999. CZINKOTA, Michael R. (et all), Marketing: as melhores práticas. Porto Alegre: Bookman, 2002. Instituto Antonio Houaiss. Dicionário Houaiss da Língua portuguesa. Brasil: Editora Objetiva Ltda. 2002. CD-ROM JOHNSON E LEARNED. Porque as mulheres compram? Futura: São Paulo. 2005 KOTLER, Philip; KELLER, kevin Lane. Administração de Marketing. 12 ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall. 2006. MACDANIEL, Carl ; Gates, Roger. Pesquisa de Marketing. São Paulo: Thomson Learning, 2006. MATTAR, Fauzib Najib. Pesquisa de Marketing 1. 5 ed. São Paulo: Atlas. 1999. MINOR, Michael S., MOWEN, John C. Comportamento do consumidor. São Paulo: Prentice Hall, 2003. MARION, José Carlos, DIAS, Reinaldo, TRALDI, Maria Cristina. Monografia para os cursos de Administração, Contabilidade e Economia. São Paulo: Atlas, 2002. PEASE, Alan e Barbara. Por que os homens fazem sexo e as mulheres fazem amor? : uma visão científica (e bem humorada) de nossas diferenças. Rio de Janeiro: Sextante, 2000. SAMPAIO, Rafael. Propaganda de A a Z. 5. ed. Rio de Janeiro: Campus, 1997. SHETH, Jagadish N. MITTAL, Banwari. NEWMAN, Bruce I. Comportamento do cliente: indo além do comportamento do consumidor. São Paulo: Atlas, 2001. SHIMP, Terence A. Propaganda e Promoção: Aspectos complementares da comunicação integrada de marketing. 5 ed. Porto Alegre: Bookman, 2002. SOLOMON. Michael R. O Comportamento do Consumidor: Comprando possuindo e sendo. 5.ed. São Paulo: Bookman, 2002. 61 UNDERHILL, Paco. /Veja On-line exlusivo 02 de fev. 2002/Disponível em: < http://veja.abril.com.br/idade/exclusivo/060202/entrevista_integra.html>. Acesso em: 10 nov. 2007. Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG. Seminário das Emoções. Disponível em: <http://www.nnc.icb.ufmg.br/graduacao/medicina/Seminario%5CEmocoes.htm> Acesso em: 8 nov. 2007. 62 APÊNDICES 63 APÊNDICE A - CRONOGRAMA DAS ATIVIDADES Início da 1ª Fase da Pesquisa 03/08/2007 Término 12/11/2007 Meses Atividades Ago. Set. Out. Nov. Orientações inicias sobre o estágio. Indicação do professor orientador. Levantamento do referencial bibliográfico. Detalhamento da metodologia. Entrega do relatório final da 1ª fase. Início da 2ª Fase da pesquisa 13/11/2007 Término 09/06/2008. Meses Atividades Ajustes e acréscimos no referencial teórico. Aplicação da pesquisa Apresentação e discussão dos dados da pesquisa Entrega do TCC Nov. Dez. Jan. Fev. Mar. Abr. Mai. Jun. 64 APENDICE B – INVENTÁRIO DE ENVOLVIMENTO PESSOAL ADAPTADO. Comprar roupas para mim é importante __│__│__│__│__ não é importante* representa muito para mim __│__│__│__│__ não representa nada para mim* faz diferença para mim __│__│__│__│__ não faz diferença para mim* não provoca interesse __│__│__│__│__ provoca interesse significativo __│__│__│__│__ insignificante* chato __│__│__│__│__ interessante comum __│__│__│__│__ fascinante desnecessário __│__│__│__│__ necessário * indica itens com a pontuação invertida. Os itens à esquerda contam de (1) baixo envolvimento até (5) alto envolvimento à direita. Totalizando 8 itens dá uma pontuação baixa de 8 pontos a uma alta de 40. Fonte: Adaptado de ENGEL, BLACKWELL E MINIARD. (1999 p.111) 65 APENDICE C – ESCALA PARA MEDIR AS OITO EMOÇÕES DE PLUTCHIK. Com que freqüência você experimenta os seguintes sentimentos como resultado de ter vontade de comprar roupas? me sinto intimidada..................nunca __│__│__│__│__ muito freqüentemente me sinto ameaçada..................nunca __│__│__│__│__ muito freqüentemente fico amedrontada......................nunca __│__│__│__│__ muito freqüentemente me torno hostil..........................nunca __│__│__│__│__ muito freqüentemente fico irritada................................nunca __│__│__│__│__ muito freqüentemente fico furiosa.................................nunca __│__│__│__│__ muito freqüentemente fico satisfeita.............................nunca __│__│__│__│__ muito freqüentemente fico contente..............................nunca __│__│__│__│__ muito freqüentemente fico encantada...........................nunca __│__│__│__│__ muito freqüentemente fico envergonhada.....................nunca __│__│__│__│__ muito freqüentemente fico triste....................................nunca __│__│__│__│__ muito freqüentemente fico deprimida............................nunca __│__│__│__│__ muito freqüentemente me sinto apoiada.......................nunca __│__│__│__│__ muito freqüentemente sou mais bem aceita..................nunca __│__│__│__│__ muito freqüentemente fico mais confiante.....................nunca __│__│__│__│__ muito freqüentemente fico insatisfeita...........................nunca __│__│__│__│__ muito freqüentemente fico desgostosa..........................nunca __│__│__│__│__ muito freqüentemente me sinto ofendida......................nunca __│__│__│__│__ muito freqüentemente fico curiosa.................................nunca __│__│__│__│__ muito freqüentemente fico atenta..................................nunca __│__│__│__│__ muito freqüentemente fico em alerta.............................nunca __│__│__│__│__ muito freqüentemente me deixa intrigada.....................nunca __│__│__│__│__ muito freqüentemente fico confusa...............................nunca __│__│__│__│__ muito freqüentemente fico assustada............................nunca __│__│__│__│__ muito freqüentemente Fonte: Adaptado de SHETH, MITTAL e NEWMAN. (2001 p.341)