Conjuntivite papilar gigante: quando a alergia ocular impede a

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Conjuntivite papilar gigante: quando a alergia ocular impede a utilização de lentes de contato
Os agentes causadores da reação alérgica podem ser as próprias lentes, produtos de limpeza e
conservantes, proteínas e resíduos que aderem à lente”, explica o oftalmologista Virgilio Centurion,
diretor do IMO, Instituto de Moléstias Oculares.
A tecnologia empregada na melhoria das soluções de manutenção das lentes, principalmente com a
eliminação dos conservantes, bem como a popularização do uso de lentes descartáveis, reduziram o
número de casos de vários tipos de alergias relacionadas ao uso de lentes de contato, fazendo com
que um tipo, a conjuntivite papilar gigante, passasse a ser o principal motivo das idas emergenciais
ao oftalmologista.
“A literatura médica mostra que de 2% a 5% dos usuários de lentes de contato desenvolvem essa
alergia em algum grau. A comercialização inadequada - inclusive pela internet - de lentes, o
prolongamento do tempo de uso decidido unilateralmente pelo usuário, por medida de economia, e a
disseminação das lentes cosméticas, erroneamente consideradas ‘não tão sérias’, como as receitadas
por razões clínicas, são os fatores que estão levando ao aumento do número de casos de conjuntivite
papilar gigante”, conta Centurion.
Como a doença se manifesta
Na conjuntivite papilar gigante observa-se uma reação papilar do tarso superior, com formação de
papilas, com ou sem inflamação da córnea, que levam o paciente a desenvolver diferentes graus de
intolerância ao uso das lentes, alegando aumento de sua mobilidade, coceira, fotofobia, ardor,
secreção branca, queda da visão e, nos casos mais graves, desenvolvimento de ptose (queda das
pálpebras).
“A manifestação dos primeiros sintomas podem ocorrer meses ou anos depois do início do uso das
lentes de contato. Durante a fase inicial, o exame da conjuntiva palpebral pode revelar-se normal ou
apenas com discreta vermelhidão. O diagnóstico geralmente é feito a partir do estudo da história do
paciente e dos sinais encontrados.
Não é possível isolar o agente que está provocando a hipersensibilidade sem uma investigação
completa, que engloba saber quanto tempo o usuário está com a lente, como é feita a limpeza, qual
conservante está sendo utilizado, como está o uso de enzimas para desproteinização, se existe a
instilação de colírios, horário de utilização das lentes e freqüência da troca, no caso das
descartáveis”, afirma a oftalmologista Sandra Alice Falvo, que também integra o corpo clínico do
IMO.
Com a evolução da doença, há um aumento da produção de muco, do desconforto, da vermelhidão e
coceira. A visão fica borrada, o paciente não consegue mais usar as lentes de contato pelo tempo que
sempre utilizou. “Nesta fase, os sinais já são proeminentes e o exame da pálpebra superior revela
congestão e espessamento moderado da conjuntiva. Aparecem as papilas, variáveis no tamanho”, diz
Sandra Falvo.
Na fase seguinte da conjuntivite papilar gigante, há aumento dos sinais e sintomas: a produção de
muco é tal que a lente se torna opaca, desconfortável e extremamente móvel sobre a córnea. A
conjuntiva palpebral fica vermelha e inchada, com a vascularização normal oculta; as papilas
aumentam em número e tamanho. “Os usuários que atingem o último estágio da conjuntivite papilar
gigante apresentam intolerância absoluta ao uso de lentes de contato.
A produção de muco torna-se tão abundante que as pálpebras podem amanhecer grudadas; as
papilas ficam maiores, com ápice achatado e com grande quantidade de muco entre elas”, explica a
oftalmologista.
O tratamento
O tratamento da conjuntivite papilar gigante ou conjuntivite alérgica ao uso de lentes de contato
depende da gravidade do processo, mas seu objetivo sempre é reduzir os sintomas e sinais, evitar o
dano de tecidos e fazer com que o paciente volte a usar as lentes com conforto: “O tipo e a
freqüência das medicações dependem da severidade do caso. No primeiro estágio, em que os
pacientes apresentam alterações palpebrais mínimas e sintomas sensíveis, deve-se orientá-los a não
coçar os olhos e a utilizar compressas frias.
A lente precisa ser examinada e o médico deve suspender seu uso temporariamente ou trocá-la para
reduzir a chance de recorrência”, explica a médica.No caso das trocas programadas, Sandra Alice
recomenda certificar-se de que elas estejam sendo feitas no tempo correto, com reforço das
orientações e cuidados de manutenção, além do uso de estabilizadores de membrana. “Se os
sintomas de coceira e vermelhidão forem importantes, é recomendável receitar colírio
anti-histamínico”, diz a especialista.
Nos estágios mais avançados, a oftalmologista indica a suspensão do uso da lente e o uso de colírio
corticóide e de antiinflamatórios para obter o alívio dos sintomas, reduzindo gradualmente a
medicação, até a sua suspensão. Após a suspensão do corticóide, o anti-histamínico e o estabilizador
de membrana devem ser mantidos até a melhora dos sintomas.
Com a melhora dos sintomas, o anti-histamínico precisa ser retirado. “Durante o uso do corticóide, a
pressão intra-ocular deve ser monitorada. Além disso, pode ser necessário instilar colírio anestésico
e remover o muco excessivo entre as papilas. Em alguns casos, o filme lacrimal fica tão alterado que
o uso de lubrificantes tópicos pode ser necessário”, completa a oftalmologista.
Prevenindo alergias
No processo de adaptação das lentes de contato, o oftalmologista deve ser extremamente minucioso
nas instruções sobre limpeza, conservação e troca das lentes, e certificar-se que foi entendido. “A
melhor maneira de lidar com a conjuntivite papilar gigante é prevenir o seu aparecimento. As
consultas periódicas ao oftalmologista - no mínimo, uma vez por ano - também são imprescindíveis.
Mesmo uma lente bem adaptada pode, a qualquer momento, provocar desconfortos por causa da
diminuição de oxigênio no olho, por reações alérgicas e tantas outras complicações que vão desde
uma conjuntivite até uma úlcera de córnea”, explica Sandra Alice Falvo.
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