UNIVERSIDADE COMUNITÁRIA DA REGIÃO DE CHAPECÓ UNOCHAPECÓ ÁREA DE CIÊNCIAS EXATAS E AMBIENTAIS Gustavo Luiz May A CONCEPÇÃO DO AQUECIMENTO GLOBAL DOS ALUNOS DO ENSINO FUNDAMENTAL. Chapecó-SC, Abril de 2010. 1 GUSTAVO LUIZ MAY A CONCEPÇÃO DO AQUECIMENTO GLOBAL DOS ALUNOS DO ENSINO FUNDAMENTAL. Pesquisa de Iniciação Científica, apresentado a Universidade Comunitária da região de Chapecó – Unochapecó, como parte dos requisitos para a obtenção do grau de licenciado em Ciências Biológicas. Orientador: Prof. Mc. Valdecir Luiz Bertollo Chapecó-SC, Abril de 2010. 2 RESUMO O aquecimento global é um fenômeno climático de larga extensão, ou seja, um aumento da temperatura média superficial global, provocado por fatores internos e/ou externos. Fatores internos estão associados a sistemas climáticos caóticos não lineares, isto é, inconstantes, devido a variáveis como atividade solar, composição físico-química atmosférica, tectonismo e vulcanismo. Fatores externos são antropogênicos e relacionados a emissões de gases-estufa por queima de combustíveis fósseis, principalmente carvão e derivados de petróleo, indústrias, refinarias, motores, queimadas etc. O objetivo desta pesquisa é analisar a concepção do tema “Aquecimento Global” em uma escola de ensino fundamental. A pesquisa foi realizada na Escola de Ensino Médio Erval Grande, onde foi aplicado um questionário aos estudantes. A coleta de dados mostrou que o tema aquecimento global está sendo abordado na sala de aula, no entanto, os meios de comunicação, através de vídeos e documentários se sobressaem. A interdisciplinaridade é evidente, os alunos apontam várias disciplinas abordando o tema com destaque para Geografia e Ciências. Eles entendem que o aquecimento global está no dia a dia ligado as questões naturais, mas vêem principalmente o fenômeno associado a poluição, e interfere na variação da temperatura, na falta de água nos desastres ambientais que vem ocorrendo na natureza. Ao elaborarem os conceitos, os mesmos não diferenciam de forma clara os efeitos antrópicos dos fenômenos naturais, relatando o tema como resultado da ação antrópica e como um fenômeno natural. Palavras chave: Aquecimento Global, ação antrópica, fenômeno natural, ensino fundamental. 3 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO.............................................................................................................5 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA......................................................................................9 2.1 Aquecimento Global....................................................................................................9 2.2 Mobilizações Importantes..........................................................................................15 2.3 Educação Ambiental..................................................................................................19 3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS................................................................26 3.1 Delineamento ............................................................................................................26 3.2 A Amostra .................................................................................................................26 3.3 Instrumento de Coleta de Dados ...............................................................................27 4. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS.........................................................29 CONCLUSÃO:................................................................................................................44 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................45 ANEXO A........................................................................................................................48 4 1. INTRODUÇÃO O tema aquecimento global é atual e tem sido constantemente enfatizado pela televisão, jornais, revistas, entre outros. Ele é cercado de discussões quanto as suas causas e conseqüências. Na atualidade, o meio ambiente é um tema que ganhou as ruas, os auditórios a imprensa e faz parte do vocabulário de políticos empresários, administradores, líderes sindicais, dirigentes de Organizações Não Governamentais e cidadãos de um modo geral. A globalização dos problemas ambientais é um fato incontestável. Dados mais recentes comprovam sua intensificação e a sua influência sobre as mudanças climáticas e fenômenos naturais de nosso planeta. Podendo resultar na extinção em massa das espécies, causando grandes impactos aos ecossistemas, além de influenciar em períodos de muita chuva e outros de seca, aumentar as temperaturas, causando o derretimento das calotas polares aumentando assim o nível do mar, ameaçando as populações litorâneas, intensificando a ocorrência de furacões e também extremos de temperatura. As ações antrópicas, ou seja, industrialização, urbanização, desmatamentos e a queima de combustíveis fósseis, entre outros são a principal causa para isso (BARBIERI, 2004). O aquecimento global está relacionado ao Meio Ambiente e é um assunto rico e vasto de grande importância, representa crescente preocupação aos seres humanos. O Meio Ambiente com outros temas, é considerado um tema transversal. Ele vem para traduzir preocupações da sociedade brasileira, que correspondem a questões importantes, urgentes e presentes sob várias formas, na vida cotidiana. O objetivo dos temas transversais é incorporar temas relevantes, como a educação ambiental nas disciplinas já existentes. Isso representa um grande desafio para nossos educadores, isto é, interagir o assunto com as problemáticas 5 sociais na escola e apresentar propostas de abordagem para o tema em sua globalidade, ou seja, a explicitação da transversalidade entre temas e áreas curriculares assim como em todo o convívio escolar (MEC/BRASIL, 2000). Portanto, a compreensão do aluno a respeito desses processos relacionados ao homem, a sua comunidade e a natureza tornam-se relevantes para sua formação cidadã. E entendemos que por se tratar de tema transversal é função da escola abordar a Educação Ambiental ou temas como o “Aquecimento Global” em suas atividades. Muitas vezes a falta de informação e conhecimento, leva os seres humanos a formarem concepções precipitadas a cerca de muitos assuntos, tomando decisões e atitudes comprometedoras para si próprio. A partir do senso comum, os indivíduos desenvolvem representações sobre meio ambiente e problemas ambientais, geralmente pouco rigorosas do ponto de vista científico. O papel da escola é provocar a revisão dos conhecimentos, valorizando-os sempre e buscando enriquecê-los com informações científicas (MEC/BRASIL 2000). Diante das mudanças climáticas e de suas conseqüências no planeta, buscamos entender o porquê isso vem acontecendo. A preocupação com o aquecimento do planeta tem mobilizado cientistas e governos de todo o mundo. Contudo, embora o assunto seja bastante difundido nos meios de comunicação e nos livros didáticos, nem sempre a temática é apresentada de forma clara e consistente, gerando dúvidas e confusão tanto para os professores como para os alunos e ainda para a população no geral. Em seu comentário Weissmann (1998), afirma que a vertiginosa produção de conhecimentos científicos, só teve lugar na segunda metade deste século, onde coincidiu com o debate teórico na área da didática das Ciências Naturais, pois o ensino dessas ciências passou a ser objeto de reflexão do campo teórico educacional, nos países centrais somente a partir dos anos de 1950. O planeta está sendo levado ao seu limite, sentimos que as pessoas apesar de ter conhecimento do problema, e “sentir na pele” suas conseqüências, não buscam tomar iniciativas próprias para amenizá-lo. Nos últimos anos vêm sendo discutido em âmbito internacional os impactos ambientais relacionados à utilização dos recursos naturais de maneira impensada e insensata, pelo ser humano. Com os crescentes processos de industrialização decorrente do modelo capitalista de desenvolvimento e de produção acoplado aos processos de urbanização de “modernização” da agricultura, ocorrida principalmente a 6 partir do séc. XX, a quantidade de CO2 e de outros gases de efeito estufa liberados na atmosfera tem aumentando gradativamente. Assim muitos problemas ambientais têm sido relacionados diretamente com as mudanças climáticas no planeta, mais precisamente ao aquecimento global. A Organização das Nações Unidas (ONU) instaurou a partir de 1988 o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, o IPCC, que é o principal referencial a respeito dos estudos realizados no âmbito das mudanças climáticas no planeta. Sua principal conclusão é de que há realmente um aumento na temperatura da Terra e que esse aumento é diretamente relacionado às ações antrópica, principalmente às altas emissões de CO2 e equivalentes na atmosfera, o que estaria intensificando o efeito estufa natural. Apesar das conclusões feitas pela ONU serem muito difundidas e normalmente aceitas, diversos cientistas ainda tem dúvidas a respeito da realidade da influência antrópica nas mudanças climáticas. Entre os diversos autores que não concordam com as afirmações do IPCC é o Dr. Luiz Molion, que afirma em sua pesquisa que o assunto não vem sendo abordado de maneira isenta e faz uma grande crítica ao último relatório ao afirmar em sua pesquisa que pesquisadores como Monte e Harrison Hierb concluíram que mais de 97% das emissões de CO2 são naturais, provenientes dos oceanos, vegetação e solos, cabendo ao homem menos de 3%. Mostrando que a influência das emissões antrópicas é muito pequena. (Costa Silva, 2009 apud MOLION, 2007). Observa-se que o assunto é muito abordado pelos meios de comunicação, porém a escola não deixa de ser a instituição que pode de forma mais abrangente, contribuir para a socialização do tema e a formação de cidadãos capazes de pensar como parte integrante da natureza. Quando se depara com uma crise ambiental que coloca em risco a vida no planeta, inclusive a humana e o ensino de Ciências Naturais pode contribuir para uma reconstrução da relação homem-natureza em outros termos. (MEC/BRASIL, 2000). Para Gayford 2002 (apud MILLAZZO &CARVALHO, 2008), a mudança climática global dentro do contexto do currículo escolar de ciências proporciona uma oportunidade muito boa para a aplicação de inúmeros problemas e assuntos em biologia. Segundo esse autor, o assunto ajuda também a entender a natureza e o nosso lugar neste contexto. O aquecimento global encontra-se inserido em várias disciplinas, geografia, biologia, etc. E pode ser utilizado como tema transversal em vários assuntos. Tendo a capacidade de ser utilizado para instigar a curiosidade dos alunos, fazendo até mesmo com que eles passem a ter mais vontade de estudar e se atualizar perante os problemas propostos pelos professores. 7 Sendo considerado o ensino fundamental o nível de escolarização obrigatório no Brasil, levantar as idéias e os conceitos elaborados pelos alunos possibilitará a compreensão de outras questões relevantes no mundo atual, como a interação do homem com o ambiente, abordando aspectos da crise ambiental em que vivemos. (MEC/BRASIL, 2000) Diante disto entendemos ser relevante levantar as idéias de alunos concluintes do Ensino Fundamental sobre o tema Aquecimento Global. Isso nos permite pensar que é uma área teórica relativamente nova e que, devido a isso, apresenta diversos problemas que se encontram, ainda hoje, em processo de debate. Sendo assim, o presente estudo teve como objetivo Analisar a concepção e a forma de abordagem do tema “Aquecimento Global” em uma escola de Ensino Fundamental. 8 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1 Aquecimento Global Gases conhecidos como de efeito estufa existem naturalmente na atmosfera, que é o envelope gasoso que envolve a Terra. Embora estejam presentes na atmosfera em uma proporção menor do que os outros gases que a constituem, os principais gases de efeito estufa são o vapor de água, dióxido de carbono (CO2), ozônio (O3), metano (CH4), dióxido de enxofre (SO2) e óxido nitroso (N2O), eles tem um papel fundamental no balanço da energia radioativa do planeta. As condições climáticas da Terra dependem dos fluxos de energia provenientes do Sol. A energia chega a Terra na forma de luz visível, que é a forma mais familiar de radiação eletromagnética para os seres humanos. Uma parcela dessa radiação é refletida imediatamente de volta para o espaço, porém a maior parte dela passa diretamente pela atmosfera para aquecer superfície terrestre. Já que a Terra é muito mais fria que o Sol, ela envia energia de volta ao espaço na forma de radiação infravermelha, boa parte da qual é retida na atmosfera pelos gases de efeito estufa, que impedem que ela escape diretamente para o espaço. Esse efeito estufa natural tem mantido a atmosfera da Terra por volta de 20° C mais quente do que ele seria na ausência dele, possibilitando a existência de vida no planeta. (KLINK, 2007). Costa Silva, 2009 ( apud HITWISE, 2007), afirma que o Aquecimento Global é um dos termos mais pesquisados em sites de busca e enciclopédias eletrônicas como GoogleTM, Alta VistaTM, Wikipédia e institutos de proteção ambiental como a Agência Norte-Americana 9 de Proteção Ambiental. As controvérsias sobre as possíveis causas e efeitos do aquecimento global ainda são pouco divulgadas, mas não podem ser ignoradas. As previsões sobre a intensidade do aquecimento global bem como sobre suas causas e conseqüências, envolvem questões complexas sobre as quais a própria comunidade científica ainda não chegou a um consenso. Para Vianna et al. (1994), as principais causas para o aumento dos gases do efeito estufa vem da queima intensiva de combustíveis como gasolina, óleo e carvão, utilizados em indústrias e veículos, que liberam o SO2 e o CO2. Os plantios de arroz e a criação intensiva de animais liberam o CH4, o uso de fertilizantes na agricultura, também auxilia no Aquecimento Global liberando o N2O, e também a partir da fabricação de compressores, geladeiras, aparelhos de ar condicionado, espumas e aerossóis a partir de substâncias chamadas CFCS. Das queimadas de florestas, cerrados ou campos, que também liberam o CO2. Relatando um pouco da realidade brasileira, para se ter uma idéia do problema e da falta de consciência a Floresta Amazônica Brasileira representa 40% das reservas de florestas tropicais úmidas remanescentes no planeta, estima-se que 12% de sua área total esteja ocupada e impactada pelo homem. Outro triste exemplo é o da Mata Atlântica, que originalmente ocupava uma área de 1,3 milhões de Km², estendendo-se por toda a costa brasileira e constituindo-se na segunda maior área de floresta tropical úmida do País. Atualmente, a Mata Atlântica está reduzida a apenas 4% da área original. A partir então da Revolução Industrial, houve a intensificação da queima de combustíveis fósseis, as florestas começaram a ser destruídas e queimadas rapidamente. Assim imensas quantidades de CO2, CH4 e outros gases começaram a ser despejados na atmosfera. Não que não houvesse problemas antes da Revolução Industrial, mas as quantidades de gases ocorriam em menores quantidades, facilitando a dissipação, por isso os efeitos não eram tão agressivos (BARBIERI, 2004). As atividades humanas (antrópica) estão acentuando as concentrações desses gases na atmosfera, ampliando assim a quantidade total de radiação absorvida por ela. Os níveis de dióxido de carbono aumentaram em volume de 280 partes por milhão (ppm), antes da Revolução Industrial, foram para 368 ppm, em 2000 – um aumento de 31,4%. Além disso, novos gases com as mesmas propriedades, criados artificialmente pelo homem, passaram a ser também lançados na atmosfera, como os hidrofluorcarbonos (HFC), os perfluorcarbonos (PFC), clorofluorcarbonos (CFC) entre outros. (MARENGO, 2007). 10 Contudo, Costa Silva (2009) apresenta outra hipótese para o Aquecimento Global, segundo ele, desde sua origem, há aproximadamente 4,55 bilhões de anos, o planeta Terra está em constante desenvolvimento, tendo passado por inúmeras alterações climáticas. Algumas dessas mudanças foram tão drásticas que diversos organismos vivos não foram capazes de se adaptar e foram extintos como mostram os abundantes registros fósseis. Nesse processo de desenvolvimento natural existem ciclos de aquecimento global devido à atuação combinada dos fatores internos: as massas continentais, por exemplo, em função do tectonismo de placas, estão em constante movimento, e as mudanças de latitude e longitude afetam o clima nas mesmas. Segundo Costa Silva, 2009 (apud SUGUIO, 2008) durante 345 milhões de anos na Era Paleozóica (570 milhões a 225 milhões de anos atrás) a temperatura média da Terra era superior à atual, que é de 15ºC. Desde cerca de 300 milhões de anos atrás foram descobertas assembléias fossilíferas de vegetais representativos de climas quentes e úmidos em diversas partes da Terra. Durante cerca de 80 a 90% da Era Paleozóica as regiões polares da Terra não se apresentaram recobertas de geleiras, mas entre os períodos Siluriano-Ordoviciano (500 milhões a 430 milhões de anos) ocorreram glaciações não muito intensas. Além disso, entre os períodos Permiano e Carbonífero (345 milhões a 280 milhões de anos atrás) ocorreu uma glaciação mais intensa. Durante essas glaciações, as geleiras, especialmente as que recobriram grandes áreas do Supercontinente Gondwana, estenderam-se por até 10 milhões de quilômetros quadrados e as espessuras variaram de 2.000 a 3.000 m. Evidências desses acontecimentos de glaciações permocarboníferas do Supercontinente Gondwana são representadas no Parque do Varvito de Itu. O varvito é uma rocha sedimentar depositada em fundo de lago formado por água de degelo acumulada em depressão do terreno. Para Costa Silva, 2009 (apud KUMP & POLLARD, 2008)durante a Era Mesozóica, que durou cerca de 160 milhões de anos (225 milhões a 65 milhões de anos), a temperatura média da Terra atingiu 30 a 33ºC e, mesmo nas regiões polares, as temperaturas eram variáveis entre 8 a 10ºC (SUGUIO, 2008). Houve um grande aquecimento global no final da Era Mesozóica durante o Cretáceo (entre 145 e 65 milhões de anos atrás). Neste período, os níveis de CO2 atingiram valores quatro vezes maiores que os níveis do final da Revolução Industrial, com temperaturas médias anuais superiores a 38ºC nos trópicos e maiores do que 10ºC nos pólos, e a insolação estava entre 3 e 6% superior a atual devido à menor 11 concentração de material particulado na atmosfera, produzindo assim número menor de nuvens. No final do Cretáceo houve grande resfriamento no globo terrestre; uma das causas bem aceita no meio científico foi o impacto de asteróide que atingiu a região de Yucatan no México, que teria originado espessa camada de poeira, impedindo a incidência dos raios solares na superfície terrestre, resultando em grande evento de extinção em massa de espécies vegetais e animais. A Era Cenozóica, que perdura há 65 milhões de anos, exibia no início clima quente como nos primeiros tempos da Era Mesozóica. Segundo Silva Costa, 2009(apud SUGUIO, 2008) no fim do Período Terciário (há 2 a 3 milhões de anos), iniciaram-se as glaciações quaternárias. As paleotemperaturas da época apresentaram mudanças variáveis, temporal e espacialmente, estabelecendo-se diferenças de menos de 1ºC em 100 anos e mais de 10ºC em centenas de milhares de anos nas temperaturas médias. Nos últimos 6 mil anos a temperatura média subiu 2º a 3ºC. Durante o último milênio houve grandes variações de temperatura. Entre os séculos IX e XII houve o Período Quente Medieval, com temperaturas mais altas que as atuais, e a “Pequena Idade do Gelo”, entre os séculos XVII e XIX, mais fria e da qual o aquecimento registrado no século XX, parece não ser mais que uma recuperação(COSTA SILVA, 2009 apud BRIFFA, 2000, JONES et al. 2001, MANN et al. 2003). Como as medições diretas com termômetros tiveram início apenas no final do século XVIII, as épocas anteriores são estudadas com métodos indiretos – isótopos de oxigênio, pólens, anéis de crescimento de árvores, formações geológicas características, entre outros. Esses métodos proporcionam um quadro suficientemente preciso sobre o clima vigente em um dado período. Houve ligeiro resfriamento no Hemisfério Norte de 0,2°C durante o último milênio (1000- 1900), seguido de uma brusca elevação de 0,6°C, no período 1900-2000, (MANN et al. 1998, 1999). As evidências que vinculam as emissões de CO2 antropogênicas ao presente aquecimento se limitam a uma correlação entre concentrações de CO2 e temperaturas, que só se verifica no período 1976-2000. As tentativas de se elaborar uma teoria holística, pela qual o CO2 atmosférico controla o balanço de radiação da Terra e, portanto, determina as temperaturas médias globais, não foram bem sucedidas. Então, Costa Silva (2009) conclui que há necessidade de se pesquisar, ainda mais, os diversos fatores que causam as flutuações e mudanças climáticas. A verdadeira dimensão das 12 causas que reconhecidamente interferem entre si continuará sendo objeto de muitos debates entre os cientistas, e de notável interesse pelo público em geral para o entendimento dos processos naturais e dos efeitos das ações antropogênicas e suas interações. Ainda que os estudos científicos a respeito não sejam conclusivos, há indícios de possíveis conseqüências futuras do aumento da emissão desses gases na atmosfera os quais agravariam o aquecimento global. Vianna et al. (1994), afirma que o aumento desses gases acarretaria no aumento da temperatura da Terra, haveria uma alteração das chuvas e umidades do solo, trazendo problemas para a agricultura e a pecuária, o desaparecimento de espécies animais e vegetais, a proliferação de pragas. O mais recente relatório do IPCC prevê que a produção de alimentos em todo o mundo pode sofrer um impacto dramático nas próximas décadas por conta das mudanças climáticas provocadas pelo aquecimento global. Segundo os cientistas do painel, o aumento da temperatura ameaça o cultivo de várias plantas agrícolas e pode piorar o já grave problema da fome em partes mais vulneráveis do planeta. Países pobres da África e da Ásia seriam os mais afetados, mas grandes produtores agrícolas, como o Brasil, também sentiriam os efeitos, já na próxima década. Barbieri (2004) argumenta, entre os problemas decorrentes do aumento da temperatura, estão às mudanças nos regimes de circulação de ar, bem como o aumento da freqüência de turbulências climáticas como furacões e maremotos. A intensificação das chuvas em certos locais e das secas em outros. Outra conseqüência prevista é a elevação do nível dos oceanos pelo derretimento das geleiras e pela expansão do volume das águas decorrentes do aumento da temperatura. As mudanças de temperatura, pressão e luminosidade provocadas pelo aumento do nível das águas produziriam alterações profundas nos ecossistemas marinhos com conseqüências danosas para os organismos que ai vive. No Brasil, o Ministério do Meio Ambiente (MMA) em seu documento do Plano Nacional sobre Mudança do Clima - PNMC, muito tem feito para o enfrentamento do problema tornando-se uma das referências mundiais quanto à conquista de soluções adequadas perante esse gigantesco desafio. Mesmo não tendo obrigações quantificadas de redução de emissões no âmbito da CQNUMC, por não ter responsabilidade histórica significativa pelo acúmulo de gases de efeito estufa na atmosfera, o Brasil vem buscando encontrar um caminho onde o esforço de mitigação da mudança do clima seja efetivo e a garantia do bem-estar de seus cidadãos a principal variável. 13 E para isso o governo vem buscando tomar algumas atitudes para evitar problemas futuros, destacam-se uma política de Eficiência Energética, com a implementação de uma Política Nacional de Eficiência Energética, que representam a não emissão de cerca de 30 milhões de toneladas de CO2. Aumento do consumo de carvão vegetal sustentável em substituição ao carvão mineral, preferencialmente por meio de incentivo ao plantio de florestas em áreas degradadas, via estímulo à Siderurgia Mais Limpa. A troca de um milhão de geladeiras antigas por ano, em 10 anos, resultando em coleta de gases que agridem a camada de ozônio: Três milhões tCO2eq/ano de CFCs. Estímulo à utilização de sistemas de aquecimento solar de água, reduzindo o consumo de energia em 2.200 Gwh/ano no ano de 2015. Substituição de gases refrigerantes – estimam-se emissões evitadas de 1.078 bilhões de tCO2 de HCFCS, no período 2008-2040. Parte deste ganho será abatida pela emissão dos gases substitutos. Atitudes mais atentas aos Resíduos Sólidos Urbanos, ocasionando o aumento da reciclagem em 20% até 2015. Eliminação gradual do emprego do fogo na cultura da cana-de-açúcar. Havendo o estabelecimento de acordos com o setor produtivo, articulação com os Estados da Federação em que esta prática ainda ocorre, e implantação de sistema de monitoramento das áreas sujeitas à queima. O investimento em tecnologias para produção de energias alternativas, como por exemplo, o biocombustível, produção de carros e equipamentos elétricos mais eficientes, entre muitas outras ações a serem praticadas. (MMA, 2007). A redução do desmatamento aliada à adoção de um pacote de eficiência energética e fontes não-convencionais de energia, como solar-térmica, eólica e biomassa sustentável, poderá levar o país a ser líder e exemplo no combate as causas do aquecimento global. Apenas sem o desmatamento, o país já cairia para o 18º lugar no ranking internacional de emissores de gases do efeito estufa. Diante disso podemos perceber algum progresso nesse sentido por parte das autoridades esperamos que essas metas que estão traçadas venham a se concretizar, amenizando assim esse problema grave que pode repercutir em conseqüências drásticas para o homem e todo o planeta Terra. Capra (1982,1996) apud Cavalheiro (2008), proporciona uma reflexão profunda sobre a crise multidimensional que está causando progressiva degradação mundial, analisando-a como fruto de uma crise constituída historicamente, baseando-se numa visão de mundo 14 fragmentada, em que os seres vivos são considerados como máquinas e a sociedade se vê em uma luta competitiva pela existência com a crença em um progresso material ilimitado. Esta crise está levando a humanidade a uma condição fundamental para a sua sobrevivência; a necessidade de uma transformação radical em suas percepções, pensamentos, valores e comportamentos, fundamentada na visão holística, sistêmica e multidisciplinar. O envolvimento das pessoas na concretização desta mudança de paradigmas só pode ocorrer através de um processo de educação efetivo e coerente com esta visão. 2.2 Mobilizações Importantes Durante muitos séculos, a destruição do meio ambiente não foi objeto de preocupação da sociedade. Doenças epidêmicas, contaminações químicas e orgânicas, esgotamento de recursos hídricos e deterioração da qualidade de vida, por exemplo, só começaram a ser percebidos como problemas ambientais na década de 1960 e início de 1970. A acelerada degradação do ambiente, provocada pelo crescimento econômico, assumiu dimensões globais, atingindo todo o planeta, sem respeitar fronteiras nacionais. Além disso, a deterioração ambiental implicou no aumento dos custos de muitas atividades nesses países. (VIANNA, et al., 1994). Como uma reação à destruição onde ela se encontrava em forma mais acentuada, movimentos de proteção ambiental começaram a se articular e logo avançaram no questionamento do modelo de desenvolvimento desses países. Nos países de Terceiro Mundo, a questão ainda continuava sendo o de desenvolvimento econômico, considerado a solução de seus problemas de “miséria” e de “atraso”. Nessas sociedades, apenas na década de 1980 o movimento ambientalista ganha visibilidade, ainda que sem sensibilizar grandes parcelas da população. O mediador "natural" no enfrentamento desta questão é a Organização das Nações Unidas (ONU), que possui dentro de sua estrutura duas organizações responsáveis pelo tema: o Secretariado da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima e o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, mais conhecido pela sua sigla inglesa, IPCC. 15 A ONU também sustenta dois grandes regimes cujo tema central são as mudanças climáticas: a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UFCCC) e o resultante Protocolo de Quioto. À medida que a preocupação com o Meio Ambiente se expandia na sociedade civil, os governos de diversos países foram progressivamente incorporando a questão, dando origem a uma série de iniciativas. Para Barbieri (2004), problemas mundiais necessitam de atitudes mundiais, em 1972, a Organização das Nações Unidas (ONU) realizou uma conferência internacional de governos para discutir a sobrevivência do planeta. A Conferência de Estocolmo, como ficou conhecida, difundiu o conceito da “economia do astronauta”, comparando a Terra a uma nave espacial na qual todos os povos seriam os passageiros. A Conferência chamava a atenção para a capacidade limitada da natureza de absorver a expansão das atividades humanas e o esgotamento dos recursos naturais, se persistisse a sua utilização intensiva. Demonstrava-se assim que o crescimento econômico estava em oposição à preservação do Meio Ambiente. Passados onze anos, em 1983 a ONU criou a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento. Em 1987, a Comissão publicou o relatório Nosso Futuro Comum, o qual iniciou um processo de debate sobre a interligação entre as questões ambientais e o desenvolvimento. O relatório definiu o conceito de desenvolvimento sustentável como “aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer as possibilidades de as gerações futuras atenderem suas próprias.” Alertou para o fato de que as tendências do desenvolvimento resultaram no aumento da pobreza e da degradação ambiental. Demonstrou que a degradação ambiental é provocada pelo uso de tecnologias poluidoras, pelo aumento da população mundial, em especial nos países de Terceiro Mundo, e pelo crescimento da miséria. Definiu que a preservação do planeta é responsabilidade de todos os países, sem fronteiras. (VIANNA et al. 1994). Durante a década de 1980, evidências científicas sobre a possibilidade de mudanças do clima em nível global despertaram crescente interesse, e uma série de conferências internacionais foram realizadas, as quais fizeram um apelo para que um tratado mundial para enfrentar tal problema fosse assinado. Em 1988, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e a Organização Meteorológica Mundial (OMM) responderam a esses chamamentos criando o Painel Intergovernamental sobre Mudança de Clima (IPCC). A 16 função do IPCC é sintetizar o conhecimento não apenas sobre a ciência da mudança do clima e seus possíveis efeitos como também sobre as conseqüências socioeconômicas desse fenômeno e as estratégias para lidar com esse problema, realizando um trabalho de alta qualidade imparcial e relevante para a elaboração de políticas. As atividades do IPCC são realizadas por equipes internacionais, compostas por muitos dos maiores especialistas do mundo nos diversos assuntos relacionados à mudança do clima. (VIANNA et al. 1994). Estudos realizados pelo IPCC representam importante suporte para o processo decisório dos países sobre assuntos relacionados à mudança de clima. Os trabalhos realizados por esse órgão quando de sua criação constataram a gravidade do problema da mudança do clima em decorrência da emissão antrópica de gases de efeito estufa, o que serviu de base para alertar os governos dos países da necessidade de se tomar providencias em relação a essa questão. O IPCC criou então um grupo de trabalho intergovernamental, encarregado de preparar as negociações de um tratado, que culminou na realização de uma convenção internacional sobre o tema. Em resposta a proposta formulada pelo grupo de trabalho, a Assembléia Geral das Nações Unidas estabeleceu, em seu período de sessões de 1990, o Comitê de Negociação para a Convenção Quadro sobre Mudança do Clima, ao qual encomendou a redação de uma convenção-quadro, assim como de instrumentos jurídicos pertinentes ao tema. Os representantes de mais de 150 países encontraram-se durante 5 reuniões celebradas entre fevereiro de 1991 e maio de 1992 e, finalmente, em 9 de maio de 1992, foi adotada a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança de Clima na sede das Nações Unidas, em Nova York (KLINK, 2007). Essa convenção-quadro foi assinada inicialmente pelo Brasil durante a “Cúpula da Terra”, a Conferencia das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, também conhecida como Rio-92, realizada no Rio de Janeiro de 3 a 14 de junho de 1992. A convenção entrou em vigor em 21 de março de 1994. Segundo Vianna et al. (1994), a conferência foi um marco histórico sobre a sobrevivência do planeta, representando o início de um processo pontuado por divergências e interesses contraditórios entre países ricos e pobres. Nessa Conferência os governos aprovaram cinco documentos: a Declaração do Rio, com 27 princípios sobre obrigações ambientais e direitos ao desenvolvimento; a Agenda 21, um programa de ação para o 17 desenvolvimento sustentável que inclui: mudanças climáticas, erosão, desertificação, desmatamentos, resíduos tóxicos, pobreza, modelos de consumo, habitação, saúde, transferência de tecnologia, entre outros; a Convenção sobre a Conservação da Biodiversidade, com o mesmo número de assinaturas (apesar da resistência norte-americana, que só assinou em 1993), para a proteção da diversidade de plantas e animais; e a Declaração sobre Florestas, que estabeleceu regras para o comércio internacional e usos múltiplos de produtos florestais. Para Klink (2007), o objetivo central da convenção, de acordo com o seu art.2°, é alcançar “a estabilização das concentrações de gases de efeito estufa na atmosfera num nível que impeça uma interferência antrópica perigosa no sistema climático. Esse nível deverá ser alcançado num prazo suficiente que permita aos ecossistemas adaptarem-se naturalmente a mudança do clima, que assegure que a produção de alimentos não seja ameaçada e que permita ao desenvolvimento econômico prosseguir de maneira sustentável”. Os signatários da Convenção-Quadro foram divididos em dois grupos. O primeiro, denominado países Partes Anexo I, engloba os países desenvolvidos da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) e os países industrializados excomunistas em transição para a economia de mercado, que possuem compromissos de redução de gases de efeito estufa. O segundo grupo, denominado Países Partes Não-Anexo I, agrega os países em desenvolvimento, que não possuem compromissos de redução, mas ficam obrigados a elaborarem inventários nacionais de emissões de carbono. Buscando priorizar os trabalhos, a Conferência das Partes (COP), órgão supremo da Convenção, tem a responsabilidade de acompanhar e examinar a aplicação dos objetivos propostos, além de tomar as decisões necessárias para promover a sua efetiva concretização. Esta implementação é feita mediante a realização periódica de Conferências subseqüentes, nas quais, por intermédio de tratados específicos, criam-se, desenvolvem-se e programam-se técnicas para o alcance do objetivo final da Convenção-Quadro. (KLINK, 2007). Em 1995, na primeira Conferência das Partes (COP1) da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, em Berlim, chegou-se a conclusão de que a grande maioria dos paises desenvolvidos não conseguiria cumprir seus compromissos de redução de emissões firmados na convenção. Foi, assim, necessário estabelecer uma resolução, denominada Mandato de Berlim, visando à revisão desses compromissos. (KLINK, 2007). 18 O Mandato de Berlim estabeleceu que os países desenvolvidos devessem, com base no princípio das responsabilidades, porém diferenciadas, estabelecer num protocolo ou em outro instrumento legal metas quantitativas de redução de emissões para 2005,2010 e 2020, bem como descrever as políticas e medidas que seriam necessárias para alcançar essas metas, com um prazo até a terceira Conferencia das Partes, que seria realizada em 1997. Passado dois anos, após um processo de intensas negociações, na COP 3, realizada em Kyoto, Japão, em dezembro de 1997, foi elaborado um protocolo à Convenção sobre Mudança do Clima, chamado “Protocolo de Kyoto”. Esse protocolo estabeleceu compromissos para os países industrializados de redução das emissões antrópicas combinadas de gases de efeito estufa, que devem, no período de 2008 a 2012, estar pelo menos 5% abaixo das emissões verificadas em 1990. Cabe ressaltar que o Protocolo de Kyoto não estabelece compromissos adicionais para os países em desenvolvimento, ou seja, permaneceram as condições estabelecidas na convenção no sentido de que eles não têm compromissos quantificados de redução de gases de efeito estufa. Além disso, é importante lembrar que o protocolo tem o mesmo objetivo final da convenção. Apesar da decisão dos Estados Unidos em não assinar o protocolo, em 16 de fevereiro de 2005 o Protocolo de Kyoto entrou em vigor, foi um grande marco do regime multilateral de mudança global do clima, esperado por todos os países comprometidos com esse regime, e um primeiro passo para atacar um dos problemas mais graves que a humanidade enfrenta. Lembrando que estes objetivos foram previstos para até 2010, mas já estão sendo discutidas novas metas para serem atingidas para o pós 2012. (KLINK, 2007). 2.3 Educação Ambiental O ensino de Ciências Naturais, ao longo de sua curta história na escola fundamental, tem se orientado por diferentes tendências, que ainda hoje se expressam nas salas de aula. Até a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases n.4.024/61, ministravam-se aulas de Ciências Naturais apenas nas duas últimas séries do antigo curso ginasial. Apenas a partir de 1971, com a Lei n. 5.692, Ciência natural passou a ter caráter obrigatório nas oito séries do primeiro grau. O cenário escolar era dominado pelo ensino tradicional, ainda que esforços de renovação estivessem em processo. Aos professores cabia a transmissão de conhecimentos acumulados pela humanidade, por meio de aulas expositivas, e os alunos, a absorção de 19 informações. O conhecimento científico era tomado como neutro e não se punha em questão a verdade científica. A qualidade do curso era definida pela quantidade de conteúdos trabalhados. O principal recurso de estudo e avaliação era o questionário, aos quais os alunos deveriam responder detendo-se nas idéias apresentadas em aula ou no livro-texto escolhido pelo professor. (BRASIL, 2000). Conforme Silva et al (2009), nos últimos anos o desenvolvimento da ciência e da tecnologia tem provocado mudanças drásticas na sociedade. Cresce a preocupação com a capacidade do cidadão em se adaptar as novas realidades. Além disso, é preocupante a falta de professores, e o baixo número de formandos, nas áreas de ciências. Questiona-se ainda a estrutura curricular e disciplinar do ensino que causa um engessamento em conteúdos distantes da realidade dos estudantes. Para melhorar essa condição, em 2000, foi aprovado os novos Parâmetros Curriculares Nacionais – PCNs, e a Nova lei de Diretrizes e Bases da Educação propiciam uma reorganização dos tempos escolares, dos ciclos da escolarização e das formas de avaliação dos conteúdos trabalhados. Coloca no centro do processo educativo a formação da cidadania, o que vem ao encontro das modernas concepções da educação, que redefinem a função social da escola na construção da cidadania, incluindo a Educação Ambiental como tema a ser incluído transversalmente em todas as disciplinas. Carvalho (2008),vem afirmar que os Parâmetros Curriculares Nacionais constituem um referencial de qualidade para a educação. Sua função é orientar e garantir a coerência dos investimentos no sistema educacional, socializando discussões, pesquisas e recomendações, subsidiando a participação de técnicos e professores. Ainda, os PCNs podem funcionar como elemento catalisador de ações na busca de uma melhoria da qualidade da educação brasileira, de modo algum pretendem resolver todos os problemas que afetam a qualidade do ensino e da aprendizagem no país. A busca de qualidade impõe a necessidade de investimentos em diferentes frentes, como a formação inicial e continuada de professores. Visando uma melhoria no sistema de ensino. Barreto (2008), afirma que a educação formal é fundamental para a melhoria do entendimento da sociedade a respeito das novas teorias formuladas sobre o aquecimento global. Em sala de aula os alunos, supostamente, têm acesso a informações oficiais retiradas dos livros didáticos e expostas pelos professores. A disciplina Ciências no Ensino Fundamental tem o intuito de formar cidadãos comprometidos com o desenvolvimento social, 20 econômico e ambiental da sociedade, em âmbito local e global. Para se entender a crise ambiental pela qual a sociedade está passando atualmente é preciso entender como se dão as relações da sociedade com o uso dos recursos naturais disponíveis na superfície terrestre. Para Leff,1999 apud Cavalheiro (2008) a Educação Ambiental é vista como ferramenta teórico-metodológica de uma nova racionalidade, centrada numa perspectiva de sustentabilidade, pois “a educação ambiental adquire um sentido estratégico na condução do processo de transição para uma sociedade sustentável”. Para Milazzo & Carvalho (2008) hoje, a construção do conhecimento escolar de ciências é feito através de várias disciplinas, Geografia, história, física, química, biologia (e dentro da própria biologia existe uma fragmentação muito grande, com ecologia, genética, bioquímica, fisiologia etc.). Mas é sabido que na natureza essas ciências estão totalmente integradas. E essa integração, segundo Guimarães et al (2007), é de muita importância para a compreensão das relações entre a espécie humana e o ambiente onde vivem. Porém em controvérsia, Cavalheiro (2008), afirma que é consenso entre os atores sociais que as diversas ciências não se comunicam, não interagem e permanecem isoladas em seus clãs. Umas não sabem das práticas das outras de forma que nem imaginam o quanto podem trocar e se complementarem. Ressalva-se a efetivação do diálogo interdisciplinar que possibilite a realização de pesquisas e práticas voltadas à Educação Ambiental. Segundo Brasil (2000), o ensino de Ciências atual traz a discussão a respeito da relação entre os problemas ambientais e fatores econômicos, políticos, sociais e históricos. São problemas que acarretam discussões sobre responsabilidades humanas voltadas ao bem estar comum e ao desenvolvimento sustentado, na perspectiva da reversão da crise sócioambiental planetária. Sua discussão completa demanda fundamentação em diferentes campos do conhecimento. Assim, tanto as ciências humanas quanto as ciências naturais contribuem para a construção de seus conteúdos. E a essa discussão completa que abrange todas as disciplinas, os diferentes campos do conhecimento são denominados de transversalidade. Amplos o bastante para traduzir preocupações da sociedade brasileira hoje, os temas transversais correspondem a questões importantes, urgentes e presentes sob várias formas na vida cotidiana. O desafio que representa para as escolas é o de abrir-se para este debate. Este documento discute a amplitude do trabalho com problemáticas sociais na escola e apresenta a proposta em sua globalidade, isto é a explicitação da transversalidade entre os temas e áreas 21 curriculares, assim como em todo o convívio escolar. Então, o ensino de Ciências no ensino fundamental, é concebido para que o aluno desenvolva competências que lhe permitam compreender a natureza como um todo dinâmico, sendo o ser humano, parte integrante e agente de transformação do mundo em que vive. Colaborando dessa forma, para que a sociedade seja ambientalmente sustentável e socialmente justa, na proteção e preservação de toda e qualquer manifestação de vida no planeta. Os PCNS ao escrever sobre a inclusão dos temas transversais na escola, têm como objetivo desenvolver características na criança para que ela possa se posicionar de maneira crítica responsável e construtiva nas diferentes situações sociais, utilizando o diálogo como forma de mediar conflitos e de tomar decisões. Também faze - lá perceber-se integrante, dependente e agente transformador do ambiente, identificando seus elementos e as interações entre eles, contribuindo ativamente para a melhoria do meio ambiente. Proporcionar o questionamento da realidade formulando-se problemas e tratando de resolvê-los, utilizando para isso o pensamento lógico, a criatividade, a intuição, a capacidade de análise crítica, selecionando e verificando sua adequação. (BRASIL, 2000) Carvalho (2008), afirma que os temas transversais dos Parâmetros Curriculares Nacionais devem ser trabalhados de maneira interdisciplinar englobando temas como a, Saúde, Pluralidade cultural, Orientação sexual, política, cultura da população local, percepção ambiental. Estes temas expressam conceitos e valores fundamentais à democracia e à cidadania e correspondem a questões importantes e urgentes para a sociedade brasileira de hoje, presentes sob várias formas na vida cotidiana. São amplos o bastante para traduzir preocupações de todo País, são questões em debate na sociedade através dos quais, o dissenso, o confronto de opiniões se coloca. Ainda segundo ele a Educação Ambiental, como tema transversal, possibilita a opção por diferentes situações desejadas, balizadas por valores como responsabilidade, cooperação, solidariedade e respeito pela vida, integrando os conteúdos disciplinares e os temas transversais. Coloca-se dentro de uma concepção de construção interdisciplinar do conhecimento, visa à consolidação da cidadania a partir de conteúdos vinculados ao cotidiano e aos interesses da maioria da população. 22 A eleição dos conteúdos, por exemplo, ao incluir questões que possibilitem a compreensão e a crítica da realidade, ao invés de tratá-los como dados abstratos a serem aprendidos apenas para “passar de ano”, oferece aos alunos a oportunidade de se apropriarem deles como instrumentos para refletir e mudar sua própria vida. Esse não é um processo simples, pois não existem receitas ou modelos prefixados. Trata-se de um fazer conjunto, um fazer na cumplicidade entre aprender e ensinar, orientado por um desejo de superação e transformação. O resultado desse processo não é controlável nem pela escola, nem por nenhuma outra instituição. (BRASIL, 2000). Cabe ao professor o desafio de ser um profissional capaz de apresentar a seus alunos fatos e fenômenos, bem como gerar situações para que o aluno possa relacionar, de forma lógica, os conhecimentos adquiridos. Para Maciel (2009), os educadores precisam se organizar para situações didáticas e de atividades que tenham sentido para os estudantes. Não basta ensinar os conteúdos relacionados ao aquecimento global e passar uma prova escrita para resolverem, mas ensinarlhes em como esses conteúdos pode ser relacionado à conscientização ambiental. Desenvolver trabalhos sobre a questão e/ou temática do aquecimento global é uma forma de buscar minimizar a grande lacuna de conhecimento que estudantes, professores, a comunidade e seus agentes possuem. Este se torna um passo fundamental para a construção da cidadania, que qualquer noção mais substancial de democracia e direitos humanos vai reconhecer que o direito à vida vem antes de todos. À medida que nosso novo século se desdobra, a sobrevivência da humanidade dependerá de nossa alfabetização ecológica, nossa capacidade de compreender os princípios básicos da ecologia e viver de acordo com eles. Este é um empreendimento que transcende todas as diferenças de raça, cultura ou classe social. A Terra é nosso lar comum, e criar um mundo sustentável para nossas crianças e para as futuras gerações é uma tarefa para todos nós. (CAPRA, 2008). Segundo Cavalheiro (2008), educação é uma forma de transformação social e não apenas um instrumento de defesa ambiental e da cidadania. Sendo assim, a consciência ecológica está conectada à conservação do ambiente, gerando novos princípios, valores e conceitos para uma nova racionalidade, propiciando um conhecimento prudente, questionando e problematizando os paradigmas científicos com base no que foi constituída a civilização 23 moderna. Com efeito, é possível compreender a Educação Ambiental como um processo de construção de valores sociais, de conhecimentos e atitudes voltadas para a conservação do ambiente pela coletividade no decorrer da historia. Segundo Krasilchik & Marandino, (2004) apud Duso, (2006), o aluno deve compreender a sociedade e poder interferir no seu cotidiano por meio de debate ético com o objetivo de promover a sensibilidade para as questões morais, sendo instrumentalizados para contribuir com o diálogo argumentativo com legisladores e cientistas. A aprendizagem significativa para Ausubel, (1982) possibilita que o aluno se posicione em relação às informações, evidenciando condições de aplicar os conhecimentos construídos na teoria em situações práticas, incentivando a atitude de pesquisa e possibilitando a formação de um cidadão alfabetizado cientificamente. A alfabetização científica em ciência e tecnologia é hoje uma necessidade do mundo contemporâneo. Para Fourez, (1995), não se trata de mostrar as maravilhas da ciência, como a mídia já o faz, mas de disponibilizar as representações que permitam ao cidadão agir, tomar decisões e compreender o que está em jogo no discurso dos especialistas. Essa tem sido a principal proposição dos currículos com ênfase em Ciência, Tecnologia, Sociedade e Ambiente (CTSA). Cada indivíduo está necessariamente inserido em um sistema social, em uma comunidade. Parte de nossa identidade depende dos laços que tentamos estabelecer na comunidade e boa parte de nossa aprendizagem depende das comunidades a que pertencemos. Assim, o estabelecimento de comunidades saudáveis e inteligentes não só é necessário, como também facilita a aprendizagem. Alguns educadores acreditam que, idealmente, as escolas devem ser “comunidades de aprendizes” onde experiências e desafios intelectuais sejam realmente vivenciados e não apenas verbalizados. Observamos repetidas vezes que a formação de comunidades é essencial para promover a alfabetização ecológica. (CAPRA, 2008). Cavalheiro (2008) propõe a organização de palestras para firmar conceitos sobre: definições, características, esclarecimentos e conscientização sobre o tema, realização de práticas de educação ambiental envolvendo o tema, propõem também que sejam desenvolvidas dinâmicas de Educação Ambiental com os estudantes como: palestras sobre determinados temas ambientais; seminários; jogos educacionais; aulas de campo. 24 Para concluir, o mesmo ressalta que a formação de educadores e formadores de opinião através da Educação Ambiental, facilita a construção do conhecimento e saber ambiental, levando a todos os setores informações, tecnologias e práticas sustentáveis que possam agir de forma interdisciplinar e integrada entre todos os setores e atores da sociedade. Isso porque a Educação Ambiental contempla a dimensão ambiental, mas também estimula a construção de uma nova ética e comprometimento do cidadão com seu espaço de vida. 25 3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 3.1 Delineamento Dmitruk (2001) destaca que, no momento do planejamento, devem ser apresentados: a natureza ou tipo de pesquisa; indicadas as fontes selecionadas, o universo de pesquisa e os recursos técnicos para a coleta e análise dos dados coletados. O presente trabalho de caráter qualitativo refere-se a um estudo de caso e tem como objetivo analisar a concepção sobre o tema "Aquecimento Global" dos alunos de duas turmas de 8ª Séries junto a Escola Estadual de Ensino Médio Erval Grande-RS A Escola está localizada na rua Fioravante Andreis, nº. 473, no município de Erval Grande - RS. Foi fundada em junho de 1986 pelo Padre Nicodemos João Mochleche, com o apoio da população e o auxílio das autoridades tendo por objetivos, atender o número de pessoas que necessitavam de ensino no município, já que a escola mais próxima que oferecia o Ensino Médio na época estava situada no município de Erechim-RS, a 56 km. A escola atualmente tem 493 alunos, distribuídos desde as séries iniciais até o Ensino Médio, conta com 34 professores e 15 funcionários. 3.2 A Amostra Para Lakatos & Marconi (1990), amostra é uma porção ou parcela, convenientemente selecionada do universo (população), é um subconjunto do universo. Como o estudo de caso é o método mais apropriado para o delineamento desta 26 turno vespertino com 19 alunos. No universo das quatro séries do Ensino Fundamental na escolha da amostra foi definido as 8ª séries por entendermos que essa representa o universo final do processo do Ensino aprendizagem. 3.3 Instrumento de Coleta de Dados A coleta de dados ocorreu da seguinte maneira, foi distribuído um questionário constituído de onze (11) questões abertas e fechadas (APÊNDICE A), para 40 alunos de duas 8° séries. O mesmo foi do tipo objetivo, mas também reflexivo “no qual o pesquisado não respondeu apenas às informações procuradas, como também se deparou com questões provocativas, criando oportunidade de refletir acerca de suas condições de vida, como produto de uma estrutura social contraditória” (Franco, 1994 apud Carvalho, 2008). Moraes 2000 apud Carvalho 2008, estabelece que os mesmos são instrumentos que possibilitam captar informações, opiniões, percepções, valores, modelos e outros aspectos dos indivíduos na diversidade de seus meios. O questionário estava composto de questões do tipo abertas e fechadas, distribuídas em 5 itens principais que foram: 1- O Aquecimento Global é abordado no Ensino fundamental; 2 - Conceitos elaborados pelos alunos sobre aquecimento global; 3 - Importância dada ao tema pelos alunos; 4 - Abordagem da Educação Ambiental e “Aquecimento Global”; No entanto, de forma integrada e complementar todas as questões buscaram fornecer subsídios para obtermos as informações necessárias para o alcance dos objetivos específicos propostos. Imediatamente após a liberação por parte do Comitê de Ética, foi determinada uma data onde os questionários foram entregues a todos os alunos no mesmo dia, e foi estipulado um prazo de oito dias para que eles pudessem responder as questões, passados esses dias uma nova visita foi feita à escola para o recolhimento dos questionários, visto que 27 aproximadamente 60% dos alunos haviam respondido, houve a necessidade de mais uma visita três dias mais tarde para finalizar a coleta dos dados. Dos 40 questionários entregues retornaram 32 que correspondeu a 80% do total, dos que não responderam cinco (05) alunos evadiram-se, representando 12,5% do total e outros três (03) foram transferidos representando então 7,5% dos alunos das 8°. A análise e interpretação dos dados foram feitas no total das duas séries, visto que o objetivo não foi o de comparar as mesmas. Os resultados e discussões foram escritos através de literatura e resultados de trabalhos anteriores a fim do mesmo assunto, buscando relacionar e conceituar e classificar as respostas dos alunos. Os dados foram apurados de forma manual. Para perguntas fechadas utilizou-se um padrão de contagem e aplicação de percentual, foram organizados pelo programa Excel que geraram gráficos e tabelas que permitiram uma análise mais precisa das respostas. Para as perguntas abertas e semi-abertas foram utilizadas planilhas, onde os conceitos-chaves e palavras chaves foram analisadas conforme sua incidência. No caso das perguntas fechadas com mais de uma resposta, foi utilizado método de contagem/pontuação por incidência onde nos gráficos aparece o número de quantas vezes foram assinaladas a mesma alternativa. 28 4. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS Os dados coletados foram: 1 – Você já ouviu falar em aquecimento Global? Nesta questão como era esperado 100% dos alunos afirmaram ter ouvido falar em aquecimentos global, isso mostra que esse tema de certa forma está presente na vida dos alunos. Como afirma Barbieri (2004), o tema Aquecimento Global é atual, e tem sido constantemente enfatizado pela televisão, jornais, revistas entre outros. Com a colaboração também dos meios de comunicação e da educação, que vem melhorando aos poucos, e está chegando ao alcance praticamente de toda a população. Então vimos aqui um ponto positivo, pois a maioria está acessando informações, se apropriando de saberes e dos fatos e acontecimentos, bem como de seus impactos. 2 – Se já ouviu falar sobre o aquecimento global. de que forma isso ocorreu? Conforme figura I abaixo, 44% dos entrevistados citaram a televisão e o rádio, como principal difusor do assunto; 29% citaram jornais e as revistas; 17% os livros; a internet e a escola ficaram com 4% ; já, 1% dos entrevistados citou palestras e 1% afirma que já ouviram falar de aquecimento global através dos amigos e familiares. 29 1% 4% 1% 4% 17% LIVROS TV e RÁDIO JORNAIS E REVISTAS INTERNET PALETRAS ESCOLA FAMILIARES E AMIGOS 29% 44% FIGURA I :FONTES ONDE OS ENTREVISTADOS JÁ OUVIRAM SOBRE O ASSINTO. OOOOOOOUVIRAM O ASSUNTO. ? Quanto a esta questão, fica a evidencia de que o meio de comunicação acessível à maioria da população se destaca como principal articulador da informação, demonstrando assim a importância e a influência desses na situação em que nos encontramos. Maciel (2009), já havia colhido resultados semelhantes pesquisando estudantes de sétima série, em uma escola pública. Vianna (2009) nos traz que a mídia tem um papel importantíssimo na divulgação e disseminação dos conhecimentos e informações. É preciso, inclusive, que o tema meio ambiente permeie toda a produção de conteúdo. Além disso, ela também tem um papel fundamental na cobrança que deve ser feita aos governos municipais, estaduais e de todos os países, isto é, são grandes formadores de opinião. É necessário cobrar dos governantes planejamentos e ações para mitigar as conseqüências do aquecimento global. Porém, em Brasil (2000) encontra-se, que o assunto é muito abordado pelos meios de comunicação, porém a escola não deixa de ser a instituição que pode de forma mais abrangente, contribuir para a socialização do tema e a formação de cidadãos capazes de pensar como parte integrante da natureza. Quando se depara com uma crise ambiental que coloca em risco a vida do planeta, inclusive da espécie humana, o ensino de Ciências Naturais pode contribuir para uma reconstrução da relação homem-natureza em outros termos. 30 Afirma ainda que seja papel da escola e do professor estimular os alunos a perguntarem e a buscarem respostas sobre a vida humana, sobre os ambientes e recursos tecnológicos que fazem parte do cotidiano ou que estejam distantes no tempo e no espaço. Sendo assim entramos em controvérsia, pois na verdade os meios de comunicação estão se sobressaindo ao papel da escola e dos professores, que deveriam ser os principais articuladores de assuntos como este que tem relação direta ao cotidiano do aluno, e exerce influencia sobre seu bem estar, modo de vida e até sua própria sobrevivência. 3 – No seu entender, o que é Aquecimento Global? As respostas foram classificadas baseadas em conceitos similares e próximos, classificando as idéias dos alunos em concepções de aquecimento global como uma ação antrópica, com respostas nesse sentido: “[...] seria o aumento da temperatura da terra e de todo o sistema devido à poluição da atmosfera (do ar) gerada pelas indústrias, o lixo, pelos carros (através da descarga) esses poluentes se acumulam na atmosfera formando uma barreira impedindo que o calor dos raios solares emitidos na terra voltem ao espaço aumentando consequentemente a temperatura da terra”. As respostas classificadas nesse padrão levaram em consideração os efeitos que provocam o aquecimento global provocados pelo ser humano diretamente através de derrubadas e queimadas e também indiretamente, onde ele não causa, mas suas tecnologias, suas indústrias, seus carros, que auxiliam então para o agravamento do problema. Com essa concepção de aquecimento global tivemos 43% das respostas dos entrevistados. Alunos descreveram o aquecimento global como um fenômeno natural, onde não acorre influência humana e o aquecimento é tratado como um acontecimento natural, provocado pela própria natureza. Demonstrado em respostas como: “[...] é um fenômeno climático que faz com que a temperatura da superfície terrestre aumente”. Respostas nesse sentido representaram 44% da opinião dos entrevistados. Os 13% restante dos entrevistados não responderam a questão, os mesmos não apresentaram justificativas, o fizeram por não quererem responder ou por não saberem como 31 responder. Conforme Costa Silva (2009), o aquecimento global é um fenômeno climático de larga extensão, ou seja, um aumento da temperatura média superficial global, provocado por fatores internos e/ou externos. Fatores internos são complexos e estão associados a sistemas climáticos caóticos não lineares, isto é, inconstantes, devido a variáveis como a atividade solar, a composição físico-química atmosférica, o tectonismo e o vulcanismo. Fatores externos são antropogênicos e relacionados a emissões de gases-estufa por queima de combustíveis fósseis, principalmente carvão e derivados de petróleo, indústrias, refinarias, motores, queimadas etc. 13% 43% AÇÃO ANTROPICA FENÔMENO NATURAL NÃO RESPONDERAM 44% FIGURA II : AQUECIMENTO GLOBAL NO ENTENDIMENTO DOS ENTREVISTADOS. De acordo com a figura II, nesta questão não tivemos uma diferença considerável nas opiniões dos alunos, os índices de respostas foram muito próximos. Logo os alunos não julgam o homem como sujeito neste problema, alguns vêem a natureza tendo grande influencia no aquecimento global. Vianna (2009), deixa um desafio aos estudantes, o de tentar conhecer um pouco mais alguns assuntos (aquecimento global, crise de biodiversidade, efeito estufa, etc.) que ela/ele detém menor nível de conhecimento. Tentar conhecer um pouco mais as conseqüências desses assuntos no seu bairro, na sua escola, na sua rua e conversar bastante sobre isso com seus 32 colegas, professores e pais. É deste jeito que eles vão aumentar a consciência e mudar o planeta. 4 - A escola aborda o tema Aquecimento Global? Capra (2008) argumenta que, cada indivíduo está necessariamente inserido em um sistema social, em uma comunidade. Parte de nossa identidade depende dos laços que tentamos estabelecer na comunidade e boa parte de nossa aprendizagem depende das comunidades a que pertencemos. Assim, o estabelecimento de comunidades saudáveis e inteligentes não só é necessário, como também facilita a aprendizagem. Alguns educadores acreditam que, idealmente, as escolas devem ser “comunidades de aprendizes” onde experiências e desafios intelectuais sejam realmente vivenciados e não apenas verbalizados. Para complementar, vimos em Brasil (2000), que a partir do senso comum, os indivíduos desenvolvem representações sobre meio ambiente e problemas ambientais, geralmente pouco rigorosas do ponto de vista científico. O papel da escola é provocar a revisão dos conhecimentos, valorizando-os sempre e buscando enriquecê-los com informações científicas. Segundo os entrevistados a escola aborda o tema aquecimento global, ouve afirmação integral dos mesmos nesta questão, entendendo assim que a escola desempenha a função esperada. 5 - Quais disciplinas abordam o tema “ Aquecimento Global”? Os resultados dessa pergunta representadas na figura abaixo, nos mostram que o tema é abordado da seguinte forma: 45% na disciplina de Geografia; 38% na disciplina de Ciências; 7% na disciplina de Técnicas Agrícolas; 4% para cada uma das disciplinas, Matemática e Português e 2% nas disciplinas de História, Ensino Religioso e Técnicas Domésticas. Segundo Carvalho (2008), com a aprovação dos PCNs e a Nova lei de Diretrizes e Bases da Educação, propiciam uma reorganização dos tempos escolares, dos ciclos da 33 escolarização e das formas de avaliação dos conteúdos trabalhados. Coloca no centro do processo educativo a formação da cidadania, o que vem ao encontro das modernas concepções da educação, que redefinem a função social da escola na construção da cidadania, incluindo a Educação Ambiental como tema a ser incluído transversalmente em todas as disciplinas. Milazzo & Carvalho (2008), fundamentam que hoje, a construção do conhecimento escolar de ciências é feito através de várias disciplinas, Geografia, história, física, química, biologia (e dentro da própria biologia existe uma fragmentação muito grande, com ecologia, genética, bioquímica, fisiologia etc.). Mas é sabido que na natureza essas ciências estão totalmente integradas. Cabe ao professor o desafio de ser um profissional capaz de apresentar a seus alunos fatos e fenômenos, bem como gerar situações para que o aluno possa relacionar, de forma lógica, os conhecimentos adquiridos. 2% 2% 7% 4% 4% 2% 31% 48% PORTUGUÊS MATEMÁTICA HISTÓRIA GEOGRAFIA CIÊNCIAS TÉC. AGRÍCOLAS ENSINO RELIGIOSO TÉC. DOMÉSTICAS FIGURA III:DISCIPLINAS QUE ABORDAM O TEMA AQUECIMENTO GLOBAL. O resultado desta questão nos chama a atenção pelo fato da disciplina de Geografia estar como a mais citada na abordagem do tema aquecimento global deixando as Ciências para trás, porém na fundamentação teórica fica claro conforme BRASIL (2000), que a Geografia, por ser uma ciência social, tem o papel de formar o cidadão, nela são abordados temas transversais, que coincidem com conteúdos de outras disciplinas, tais como ética, trabalho e consumo e meio ambiente. Criando assim uma interdisciplinaridade entre elas, 34 justificando assim o fato de existir uma abordagem significativa do tema nessa disciplina. Outro fator que leva a isso, é que a Geografia como disciplina escolar é de grande importância para se haver o debate a respeito do aquecimento global, pois trabalha o tema em sala de aula ao abordar o ensino da climatologia. Bueno (2008), afirma que a questão ambiental é uma área em destaque no fazer pedagógico, que deve ser trabalhada do ponto de vista interdisciplinar, tanto na escola quanto na sociedade em geral. Ao construir o espaço estamos construindo a nossa sociedade, e a Ciência pode nos auxiliar a encontrar os caminhos para amenizar as questões ambientais que nos preocupam. Os temas transversais levam em consideração às questões contemporâneas de relevante interesse social que atingem, por exemplo, a sua complexidade, a várias áreas do conhecimento. Exigem a realização de um planejamento coletivo e interdisciplinar e a identificação dos eixos centrais do processo de ensino-aprendizagem. Portanto, a proposta de transversalidade coloca um novo desafio para os professores, dando espaço para a criatividade e a inovação, possibilitando a busca de novos caminhos para o fazer pedagógico. Não só pretende tratar de forma integrada temas de relevância social, como também exige a implementação participativa e ativa dos professores e alunos. Reconhece como ponto de partida do processo de ensino aprendizagem os conhecimentos prévios dos alunos, seus interesses e motivações e o estágio do desenvolvimento cognitivoafetivo em que se encontram, bem como a exigência permanente da contextualização das situações educativas e a imprescindível busca da relação teoria-prática. 6 - De que forma o tema é abordado? Na escola podem ser criadas situações de ensino em que o professor pode historicizar as relações entre modo de vida e problemas ambientais, buscando desenvolver a conscientização local e global dos problemas ambientais e suas possíveis soluções. (BRASIL, 2000). A sala de aula e os meios de comunicação através de vídeos e documentários, conforme a figura IV, representam cada um, 42% das citações dos entrevistados como 35 principais formas de abordagem do tema, seguidos por palestras com 8% e também com 8% as atividades práticas. 8% 42% 42% EM SALA DE AULA VÍDEOS, DOCUMENTÁRIOS PALESTRAS ATIV. PRÁTICAS 8% FIGURA IV: COMO O TEMA AQUECIMENTO GLOBAL É ABORDADO? Cavalheiro (2008) observou em seu trabalho que a preferência dos alunos para discutir e assimilar os problemas ambientais é através de trabalhos práticos com jogos e brincadeiras educacionais. As palestras também são bem aceita sendo a segunda opção assinalada. É notório que o ensino tradicional através dos métodos de leituras de livros não desperta interesse dos alunos, pois estes com as novas metodologias de ensino como trabalhos práticos com jogos e brincadeiras educacionais, palestras, vídeos e Internet. Propiciam uma melhor assimilação. Silva (2009) destaca a existência de uma importante escassez de recursos didáticos que tratem do Aquecimento Global. Os professores, muitas vezes, ficam restritos aos textos encontrados na grande mídia. Porém, infelizmente, estes são textos que veiculam importantes equívocos sobre o tema, além de ficarem restritos a uma argumentação de caráter mais catastrófico e menos explicativo. 36 Para Morin (2004) apud, Duso (2006), a estratégia de desenvolver projetos é um caminho para a transformação dos espaços e das relações interpessoais dentro da sala de aula. Envolver alunos em projetos de trabalho e pesquisa significa permitir-lhes um melhor reconhecimento de si mesmos e do mundo, estabelecendo relações significativas entre os conhecimentos que já possuem e os que são investigados, despertando ainda mais a curiosidade por outros. 7-O Aquecimento Global é importante? Por quê? A maioria dos alunos encontra-se preocupados com a questão ambiental, de acordo com a figura V, leva em consideração principalmente, a importância ecológica ao tema, onde 46% dos entrevistados julgam o “Aquecimento Global” importante, devido a estar representando um grave problema à natureza. Em trecho escrito por um aluno ele nos diz “[...] Causa malefícios ao planeta, ao meio ambiente e ao homem, e a todas as formas de vida do planeta”. Atribuindo então uma importância ecológica ao assunto. Outros 25% dos entrevistados atribuíram o problema do bem estar e da qualidade de vida onde o tema tem uma influência direta, seja em ondas de calor, altas temperaturas, em trecho destacado de um aluno ele escreve: [...] “por que nós vamos acabar morrendo cozidos.” Observa-se então uma boa porcentagem de alunos que esta preocupado com seu bem estar. Devido às catástrofes, enchentes, mudanças de clima, estiagens, temporais, atribuiu-se também uma importância econômica ao tema, onde 16% dos alunos levaram em consideração o ponto de vista econômico. Ao perguntar ao aluno qual a importância do aquecimento global ele nos afirma que sim [...] “porque nós dependemos de um clima adequado para nossa sobrevivência e para as lavouras se desenvolverem bem e com o aquecimento global o nosso clima está muito desregulado”. Quanto ao restante que corresponde a 13% dos entrevistados não responderam a questão, não apresentaram justificativas, outros disseram não entendem muito do assunto e ainda, alguns o fizeram por não quererem responder ou por não saberem como responder. O aquecimento global está relacionado ao Meio Ambiente, e é um assunto rico e vasto 37 de grande importância, representa crescente preocupação aos seres humanos. Ele vem para traduzir preocupações da sociedade brasileira, que correspondem a questões importantes, urgentes e presentes sob várias formas, na vida cotidiana (BRASIL, 2000). 13% 16% IMPORTÂNCIA ECONOMICA 25% IMPORTÂNCIA DO BEM ESTAR IMPORTÂNCIA ECOLÓGICA OUTROS 46% FIGURA V: IMPORTÂNCIA ATRIBUIDA AO AQUECIMENTO GLOBAL. E POR QUE? Os alunos destacam ainda o efeito estufa como um fenômeno prejudicial ao homem e à natureza, não levando em conta o fato de que este é um fenômeno natural de importância vital para a manutenção da vida na Terra. 8 – Quais as causas do aquecimento global? Ao serem questionados a grande maioria dos entrevistados de acordo com a figura VI, atribuiu às causas do aquecimento global em: 54% as queimadas e ao desmatamento. Segundo GREENPEACE (2006), historicamente, o desmatamento no Brasil tem sido tratado com incompetência e falta de vontade política. O governo brasileiro incentiva e investe em atividades altamente destrutivas ao invés de contribuir com o manejo sustentável da floresta. Porém, a diminuição na taxa de desmatamento dos últimos dois anos indica que quando o Estado se faz presente, a destruição florestal pode ser evitada; 13% dos entrevistados as 38 indústrias; 11% aos carros e motos; 9% os esgotos e a produção de lixo e 4% as causas naturais. Diante das mudanças climáticas e de suas conseqüências no planeta, buscamos entender o porquê isso vem acontecendo. Segundo Costa e Silva (2009), o aquecimento global pode ser causado por fatores internos e/ou externos. Fatores internos são complexos e estão associados a sistemas climáticos caóticos não lineares, isto é, inconstantes, devido a variáveis como a atividade solar, a composição físico-química atmosférica, o tectonismo e o vulcanismo. Fatores externos são antropogênicos e relacionados a emissões de gases-estufa por queima de combustíveis fósseis, principalmente carvão e derivados de petróleo, indústrias, refinarias, motores, queimadas etc. 4% 9% QUEIMADAS/DESMATAMEN TOS CARROS E MOTOS 9% INDUSTRIAS 54% 13% PRODUÇÃO DE LIXO ESGOTOS FENÔMENO NATURAL 11% FIGURA VI: AS CAUSAS DO AQUECIMENTO GLOBAL. Nesta questão, a partir da opinião dos entrevistados fica evidente a relação das ações antrópicas no agravamento do Aquecimento global, pois apenas 4% dos entrevistados afirmaram que as causas do aquecimento global estão relacionadas a um fenômeno climático natural. Segundo Costa Silva (2009), grande parte da comunidade científica acredita que o aumento da concentração de poluentes antropogênicos na atmosfera é a causa principal do efeito estufa, consequentemente do aquecimento global. Independente de sua causa, o efeito 39 estufa antrópico ou a recuperação natural do clima após três séculos de baixas temperaturas durante o período da “Pequena Idade do Gelo” tem ocasionado efeitos devastadores nos ecossistemas. E ele conclui que há necessidade de se pesquisar, ainda mais, os diversos fatores que causam as flutuações e mudanças climáticas. A verdadeira dimensão das causas que reconhecidamente interferem entre si continuará sendo objeto de muitos debates entre os cientistas, e de notável interesse pelo público em geral para o entendimento dos processos naturais e dos efeitos das ações antropogênicas e suas interações. 9- Quais as conseqüências do Aquecimento Global? Quanto às conseqüências do aquecimento global para todos nós e para o planeta, obteve-se 28%, dos entrevistados afirmando que a conseqüência é o do aumento da temperatura; 24% citaram os desastres ecológicos; 18% apontam o derretimento das geleiras, outra conseqüência citada pelos alunos foi à alteração do ecossistema com 13% dos entrevistados, visto que conforme afirma Tomaselli (2006), o clima tem um papel importante na manutenção do balanço entre presas e seus predadores. Com o aumento das temperaturas, muitas espécies que vivem nas florestas acabam se deslocando para outras regiões. Na procura por lugares mais frios e úmidos, tais espécies migram provocando um desequilíbrio nos ecossistemas. Foram citadas também as doenças, citadas em 11% das respostas dos alunos, que também segundo Tomaselli (2006), além de todos esses problemas, o aumento das temperaturas interfere diretamente na saúde humana, na medida em que propiciam maior dispersão de doenças infecciosas como malária, dengue e meningite. Casos de malária estão sendo registrados no Norte dos Estados Unidos e Canadá, regiões frias onde a sobrevivência do mosquito transmissor não seria possível a alguns anos. E ainda com 6% dos entrevistados sugerem os prejuízos econômicos. 40 11% 13% 6% 28% 24% ALTERAÇÃO DO ECOSSISTEMA AUMENTO DA TEMPERATURA DERRETIMENTO DAS GELEIRAS DESASTRES ECOLÓGICOS PREJUÍZOS ECONÔMICOS DOENÇAS 18% FIGURA VII: AS CONSEQUÊNCIAS DO AQUECIMENTO GLOBAL? 10- Que medidas você tomaria para resolver esse problema? Quando questionados sobre o que fariam para resolver o problema, em sua maioria os alunos citaram à preservação como principal forma de resolução, com 62% das respostas voltadas nesse sentido, de que devemos tomar atitudes que venham e amenizar o aquecimento do planeta. Em trecho da resposta do aluno podemos ver sua disponibilidade em auxiliar no controle e contribuindo já para e solução do problema, tomando uma posição critica e decidida como cidadão. “[...] usar transporte coletivo, não fazer queimadas, também não desmatar, tudo o que liberar gás carbônico evitar usar.” Já outros 38% dos alunos tiveram um olhar mais voltado para conscientização observamos neste trecho “[...] eu esclareceria melhor esse assunto, falaria em palavras até todo mundo conseguir entender. Deveria ter mais palestras para os alunos, verem e esclarecerem suas dúvidas.” Também é observada nesta colocação uma notável posição critica e consciente por parte do aluno ao se referir as medidas a serem tomadas para evitar um maior aumento da temperatura. 41 38% PRESERVAÇÃO CONSCIENTIZAÇÃO 62% FIGURA VIII: MEDIDAS PARA RESOLVER ESSE PROBLEMA. Diante desse resultado, é percebido que os entrevistados entendem a necessidade da participação deles enquanto agente de mudanças na solução de problemas locais e se colocam a disposição com boas intenções para amenizar e conscientizar sobre o problema. Contudo, é fundamental que os professores despertem o interesse dos alunos para exercer a sua cidadania, auxiliando na formação de um cidadão crítico e participativo, para isso é indispensável uma pedagogia do ambiente. Como afirma Leff (2001, p. 258) apud Carvalho (2008), “implica tomar o ambiente em seu contexto físico, biológico, cultural, e social, como uma fonte de aprendizagem, como uma forma de concretizar as teorias na prática a partir das especificidades do meio”. 11. O aquecimento global está no seu dia-a-dia? Onde? A décima primeira pergunta realiza um questionamento sobre a influencia do problema do aquecimento global, no cotidiano do entrevistado, buscando saber se o mesmo altera de algum modo seu modo de vida. Para Brasil (2000), os problemas ambientais são amplos o bastante para traduzir preocupações da sociedade brasileira hoje, os mesmos correspondem a 42 uma questão importante, urgente e presente sob várias formas na vida cotidiana. Dessa forma, conforme tabela 01, foi possível observar que todos entrevistados assumem presenciar o aquecimento global em seu dia-a-dia de alguma forma. Pode-se observar com 10 citações a maioria da opinião dos entrevistados, relatam que o aquecimento global está no seu dia-a-dia através das queimadas e do desmatamento; com 9 citações, segue a falta de água, o secamento natural dos poços, rios e açudes, e em desastres que ocorrem na natureza (enchentes, temporais, frias...); também com 9 citações o aumento da temperatura; ainda também com outras 9, relacionam o fenômeno quando andamos de carro, ônibus, moto, e na fumaça das fabricas; com 6 citações o ambiente onde vivemos e em qualquer lugar que podemos estar, em casa, na escola, nas ruas; 4 das citações apontaram para o lixo que jogamos no chão; 3 alunos não responderam a questão, e os mesmos não justificaram a não resposta; e por fim com uma citação os aparelhos eletrônicos foram relacionados ao aquecimento global no cotidiano dos entrevistados. Deve-se observar que se obteve mais que uma alternativa na resposta de alguns entrevistados. Pontuação Respostas 9 “[...] na falta de água no secamento natural dos poços, rios e açudes, em 9 9 10 4 6 desastres que ocorrem na natureza. (enchentes, temporais, frio...)”. “[...] o aquecimento global esta presente no aumento da temperatura”. “[...] quando andamos de carro, ônibus, moto, na fumaça das fabricas”. “[...] no desmatamento das árvores e também nas queimadas.” “[...] jogando lixo no chão”. “[...] no ambiente onde vivemos e em qualquer lugar que podemos estar, em casa, na escola, nas ruas.” 1 “[...] nos aparelhos eletrônicos”. 3 Não respondeu a questão. TABELA 01: ONDE O AQUECIMENTO GLOBAL ESTÁ NO SEU DIA A DIA. Pode-se concluir que o aquecimento global é mais relacionado no dia-a-dia, referindose aos processos que o causam, como por exemplo, o desmatamento e as queimadas. E visto em segundo plano a partir das suas conseqüências, demonstrado a partir da falta de água, 43 desastres naturais entre outros. CONCLUSÃO: O trabalho elaborado junto a escola nos permitiu identificar que o tema aquecimento global está sendo abordado na mesma, e mais especificamente, na sala de aula, no entanto, os meios de comunicação, através de vídeos e documentários se sobressaem, inclusive com muitas informações que a própria escola não aborda. Além da sala de aula os 44 alunos afirmam que assistiram palestras referentes ao assunto, dentro da escola. É importante destacar o papel da mídia na divulgação, disseminação e formadora de opinião em relação ao tema. Quanto ao tema ser interdisciplinar, isto é evidente quando os alunos apontam que várias disciplinas abordam o tema com destaque para Geografia e Ciências. Em relação a concepção do tema “Aquecimento Global” pelos alunos da escola os mesmos entendem que o aquecimento global está no dia a dia ligado as questões naturais, mas vêem principalmente o fenômeno associado a poluição, e interfere de forma que influência na variação da temperatura, na falta de água e nos desastres ambientais que vem ocorrendo na natureza. E ao elaborarem os conceitos, não obtivemos diferenças quanto aos efeitos antrópicos e aos fenômenos naturais, pois os alunos relatam o tema como resultado da ação antrópica e também relatam como um fenômeno natural. Atribuindo-lhes a importância principalmente aos problemas relacionados a ecologia, mas pensando no seu bem estar e nas questões econômicas. Está compreensão ficou explicita também através dos desenhos, estes estudantes constroem imagens a respeito da temática abordada identificando as causas e as conseqüências esperadas em relação ao aquecimento global. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARBIERI, José Carlos. 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( ) Sim ( ) Não. 2 – No seu entender, o que é Aquecimento Global? 3 – Se ouviu, de que forma: (pode assinalar mais que uma resposta) ( ) Em Livros; ( ) Televisão, rádio; ( ) Jornais, revistas; ( ) outros: Quais?___________________________________________________. 4 - A escola aborda os temas Educação Ambiental e Aquecimento Global? ( ) Sim ( )Não. 5 - Quais disciplinas abordam os temas “Educação Ambiental e Aquecimento Global”? ( ) Português ( ) Matemática ( ) História ( ) Geografia ( ) Ciências ( ) Outras. Quais?________________________________. 6 - De que forma o tema é abordado? ( ) em sala de aula; ( ) recurso áudio-visual como: vídeos, documentários, etc.; ( ) através de palestras; ( ) através de atividades práticas ( ) outros.________________________. 7-O Aquecimento Global é importante? Por quê? 8 - Quais as causas do aquecimento global? 9- Quais as conseqüências do Aquecimento Global? 49 10- Que medidas você tomaria para resolver esse problema? 11- O aquecimento global está no seu dia-a-dia? Onde? 50