UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA – UFBA INSTITUTO DE SAÚDE COLETIVA CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM SAÚDE COLETIVA: CONCENTRAÇÃO EM GESTÃO DA ATENÇÃO BÁSICA ISABELLA PEREIRA ROSA DE CASTRO ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL: CONTRIBUIÇÃO DA ATENÇÃO BÁSICA PARA PREVENÇÃO E ATENDIMENTO PRECOCE Salvador 2014 ISABELLA PEREIRA ROSA DE CASTRO ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL: CONTRIBUIÇÃO DA ATENÇÃO BÁSICA PARA PREVENÇÃO E ATENDIMENTO PRECOCE Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado ao Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia, como requisito parcial para obtenção do título de especialista, através do Curso de Especialização em Saúde Coletiva: concentração em Gestão da atenção Básica,. Linha de pesquisa: Análise de situação de saúde Orientadora: Dra. Gesilda Meira Lessa Salvador 2014 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 03 2. METODOLOGIA ................................................................................................ 06 3. RESULTADOS .................................................................................................... 09 4. DISCUSSÃO ......................................................................................................... 11 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................... 13 6. REFERÊNCIAS 7. ................................................................................................ 14 APÊNDICE -A ..................................................................................................... 17 1. INTRODUÇÃO O estudo trata da importância da gestão da atenção básica como orientadora para prevenção e atendimento precoce do Acidente Vascular Cerebral (AVC). A escolha desse tema foi se conformando durante a especialização em Gestão da Atenção Básica, no Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia e sua definição ocorreu a partir da prática em serviço de atenção terciária, na reflexão sobre o impacto da atenção básica na vida dos pacientes. A observação empírica indicou, em Unidade de Referência de AVC (UAVC), no município de Salvador, o fato de que muitos pacientes internados apresentavam fatores de risco que não eram controlados previamente ao AVC, desta forma interferindo diretamente na prevalência da doença. Nesse contexto, ganha destaque a percepção de que os níveis de saúde estão interligados, e que as ações de educação e prevenção na atenção primária vão interferir nos outros níveis de atenção. O AVC pode ser definido como um déficit neurológico focal súbito, de origem vascular e cujos sintomas duram por mais de 24 horas (MAZZOLA, 2007). Cerca de 80% dos casos são de origem isquêmica onde há uma obstrução do fluxo sanguíneo arterial, e os outros 20% de origem hemorrágica, caracterizado por um sangramento anormal no parênquima cerebral (FIGUERÔA, 2007). O AVC é a principal causa de internações, mortalidade e deficiências na população brasileira, superando as doenças cardíacas e o câncer que são as duas primeiras causas de morte nos países industrializados (FONSECA, 2007). De acordo com o DATASUS 2011, no período de 2000 a 2011, 1.351.030 milhões de pacientes foram internados no país devido à ocorrência de acidentes vasculares, representando um gasto de aproximadamente um bilhão de reais para o governo federal. No mesmo 3 período, no estado da Bahia, foram registrados 102.852 casos de internação por acidentes vasculares, gerando um custo de cerca de 50 milhões de reais para o governo estadual. Ao analisar a cidade de Salvador, entre os anos de 2000 e 2011, observa-se que foram notificados 8167 casos de internação por acidentes vasculares. Aproximadamente 80% das vítimas de AVC sobrevivem à fase aguda e destes sobreviventes, 50 a 75% permanecem com algum grau de incapacidade crônica (BRASIL, 2011). O quadro clínico após o AVC depende principalmente da extensão e localização da lesão. Dessa forma, o paciente poderá apresentar déficits motores, cognitivos, sensoriais, emocionais, perceptuais, além de distúrbios de linguagem e alterações esfincterianas. A hemiplegia/paresia se caracteriza como principal sequela do AVC e a que mais se relacionada com a incapacitação física, exercendo grande influência sobre a capacidade funcional dos indivíduos (COSTA, 2011; CECATTO, 2010). Classicamente os fatores de risco dividem-se em fatores de risco não modificáveis (idade, sexo, raça e história familiar) e fatores de risco modificáveis (Hipertensão Arterial Sistêmica - HAS, colesterol, tabaco, inatividade física, obesidade e alcoolismo). Os fatores de risco modificáveis são considerados os mais importantes na prevenção da doença cerebrovascular. (SILVA, 2004) Segundo o Caderno de Atenção Básica (BRASIL. 2006), dos fatores potencialmente controláveis para evitar um AVC, a HAS é crítica do ponto de vista de saúde pública. No Brasil dados apontam a HAS para uma prevalência alta. Estima-se que mais de 15 milhões de brasileiros têm HAS, sendo aproximadamente 12.410.753 usuários do SUS. Mais de 1/3 desconhecem a doença e menos de 1/3 dos hipertensos com diagnóstico apresentam níveis adequados de pressão arterial com tratamento proposto. A viabilidade do tratamento eficaz dos pacientes com AVC depende diretamente do conhecimento dos seus sinais e sintomas pela população, da agilidade dos serviços de emergência, incluindo os serviços de atendimento pré-hospitalar, e das equipes clínicas, que deverão estar conscientizadas quanto à necessidade da rápida identificação e tratamento (MACHADO, 2011). De acordo com o manual de rotinas para atenção ao AVC (BRASIL, 2013): 4 Os modelos assistências de cuidado integral ao paciente com AVC agudos prevêem a inclusão de diversos setores de assistência à saúde, distribuídos em padrão reticular, com fluxos pré-definidos. Dentro deste conceito devem estar previstas a educação populacional, a atenção primária, os serviços de urgência/emergência (hospitalares, componentes fixos e móveis), as Unidades de AVC, a reabilitação, cuidados médicos ambulatoriais pós-ictus e a reintegração social. Porém percebe-se na atenção à saúde dos pacientes com AVC, maior investimento nos setores para atendimento pós-AVC, com ênfase no tratamento e reabilitação, não dando à devida importância as estratégias de educação e prevenção da doença, que deveriam ser desenvolvidas principalmente na atenção básica e nas populações em geral. O AVC trata-se de uma emergência médica que pode ser evitada através de medidas preventivas de controle dos fatores de risco e o sucesso do tratamento durante a fase aguda se inicia com a identificação, pelo público e profissionais da saúde, dos principais sinais e sintomas de alerta. A Portaria MS/GM nº 665, de 12 de abril de 2012, institui a linha do cuidado do AVC como parte integrante da Rede de Atenção às Urgências e Emergências. Esperamos com este trabalho privilegiar um olhar também para a Rede de Atenção Básica, como parte de estratégias que dêem conta das necessidades específicas do cuidado ao AVC. Partimos do pressuposto de que a gestão da Atenção Básica precisa estar ciente da necessidade da promoção de ações educativas sobre os fatores de risco, sinais de alerta e a urgência do tratamento do AVC, na população e entre os profissionais de saúde, visando à redução de internações e o fortalecimento dessa Linha de Cuidado. Desta forma, tendo a Atenção Básica, como porta de entrada do sistema e facilitadora da reorganização da rede de atenção à saúde no SUS, o estudo busca respostas para o seguinte problema: Como a gestão na Atenção Básica pode contribuir para o melhor prognóstico em casos de AVC de sua população? Para alcançarmos respostas, para a pergunta direcionadora do estudo, procedemos a uma busca, na literatura estudada, de possibilidades de ações gestoras, voltadas para a promoção da saúde e prevenção do AVC, em unidades de atenção da Rede Básica do SUS. 5 O estudo apresenta como objetivo geral: descrever, a partir do conhecimento científico disponível, como a gestão na Atenção Básica pode contribuir para a prevenção e melhor prognóstico em casos de AVC. Em sua operacionalização tomamos como objetivos específicos: levantar possibilidades de ações de saúde voltadas para a prevenção e informação do AVC diante da população, na rede básica de saúde; e, analisar ações gestoras impulsionadoras da prevenção e reconhecimento do AVC, na rede básica de saúde. Destacamos, nos resultados do presente estudo, a possibilidade do controle da HAS, incentivo a hábitos de vida saudáveis e educação da população, como estratégia gestora da Atenção Básica na prevenção, facilitando o atendimento nas demais unidades da linha de cuidado e níveis de atenção à saúde . 2. METODOLOGIA A pesquisa procedeu através da observação empírica, em uma unidade de saúde para pacientes com AVC no município de Salvador, do baixo controle dos fatores de risco e de informação sobre AVC pelos pacientes internados. A escolha do tipo de pesquisa objetivou o caráter exploratório da pesquisa, buscando uma abordagem do fenômeno pelo levantamento de informações sobre o tema proposto. Trata-se de uma revisão de literatura onde foi adotada a metodologia de pesquisa bibliográfica feita a partir do levantamento de referências teóricas já analisadas, e publicadas por meios escritos e eletrônicos, como livros, artigos científicos, páginas de web sites. O instrumento de pesquisa enquadra-se como qualitativa por ter partido da observação, descrição, compreensão e significado do tema proposto tendo como principal objetivo a interpretação do fenômeno. A coleta de dados seguiu as seguintes etapas: Leitura Exploratória de todo o material selecionado (leitura rápida que objetiva verificar se a obra consultada é de interesse para o trabalho). 6 Leitura Seletiva com um maior aprofundamento das partes que realmente interessam e por fim registro das informações extraídas das fontes em instrumento específico. Leitura analítica, para análise e interpretação dos resultados, com a finalidade de ordenar e sumariar as informações contidas nas fontes, de forma que estas possibilitem a obtenção de respostas ao problema da pesquisa. Na leitura Exploratória foram analisados 28 artigos baseando-se nos descritores: AVC, atenção básica, prevenção, fatores de risco, programa saúde da família e epidemiologia. Em seguida foram selecionados 16 artigos para uma leitura seletiva e por fim, para análise do tema proposto foram coletados 07 artigos científicos voltados especificamente sobre a temática gestão da atenção básica diante do AVC. (QUADRO 1) QUADRO 1 - Descrição dos artigos analisados. Salvador, fevereiro, 2014. Autor Ano ARAUJO.J 2007 Base de Dados Scielo XAVIER.A 2008 Scielo PEREIRA.A 2009 Scielo MOREIRA. 2010 Scielo BARBOS A.M et al GAGLIARD. R. SILVA. F. 2009 BVS 2009 2004 Scielo Scielo Descritores específicos dos artigos selecionados Hipertensão, prevenção e controle. Hipertensão, enfermagem. Fatores de risco. Programa Saúde da Família Atenção Primária em Saúde, Estratégia de Saúde da Família, Geriatria, Avaliação em Saúde. Acidente Vascular Cerebral, Programa Saúde da Família, idoso Hipertensão, Diabetes Mellitus, doença cardiovascular, fatores de risco, atenção primária á saúde. Acidente vascular encefálico, fatores de rico, hipertensão arterial sistêmica. Hipertensão Arterial, Acidente Vascular Cerebral Acidente Vascular, fatores de risco, hipertensão, lipídios, ACE inibidor, antiagregação plaquetária. Fonte: Dados da Pesquisa. Os sete artigos selecionados foram publicados nos últimos dez anos (2004 2011) e submetidos a uma leitura seletiva, em seguida através de matriz de sistematização de artigos, foi elaborado quadro com dados contendo ano e titulo do artigo, objetivos, metodologia, principais resultados e conclusões (APÊNDICE A). Os materiais coletados nos artigos foram analisados, em paralelo à leitura de publicações do Ministério da Saúde relativa aos programas de saúde sobre o paciente com AVC, focados na atenção e gestão da atenção básica (QUADRO 2). 7 QUADRO 2 - Descrição das referências do Ministério da Saúde do Brasil incluídas na revisão. Salvador, fevereiro, 2014. Ano 2013 2013 Título Manual de rotinas para atenção ao AVC Manual Instrutivo da Rede de Atenção às Urgências e Emergências no Sistema único de Saúde ( SUS) 2012 Linha de Saúde ao infarto acidente vascular cerebral / Portaria MS/GM 2.994, de 12 de abril de 2012 2011 Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) no Brasil 2011- 2022 2006 Cadernos de Atenção Básica –Prevenção Clinica de doença Cardiovascular, Cerebrovascular e Renal Crônica Fonte: Dados da Pesquisa. Finalizando, na análise propriamente dita, os resultados levantados nos textos, dialeticamente interpretados, conforme destacado por Minayo, 2002 apud Azevedo, 2004, p. 132, Sendo assim, a orientação dialética de qualquer análise diz que é fundamental realizar a crítica das idéias expostas nos produtos sociais (discursos, textos, instituições, monumentos) buscando, na sua especificidade histórica, a cumplicidade com seu tempo e nas diferenciações internas, sua contribuição à vida, ao conhecimento e às transformações. Nesse processo de “desvelar” da visão gestora nesse processo, tomamos como base uma triangulação entre os resultados clínicos, ações gestores e propostas da Política de Saúde, na busca de ações gestoras para o enfrentamento dos problemas identificados no estudo. 8 3. RESULTADOS Os textos analisados traziam informações referentes à atuação da Atenção Básica como orientadora e provocadora da prevenção do AVC, assim como o impacto que esta atenção pode provocar na condição de saúde da população. A Portaria nº 665, de 12 de abril de 2012, considera a necessidade de uma integração no âmbito do SUS para reduzir a ocorrência de doenças cerebrovasculares. Para isso é importante estruturar as Redes de Atenção à Saúde e de se estabelecer uma Linha de cuidados para o atendimento de doentes de AVC e diretrizes nacionais para o diagnóstico, tratamento e acompanhamento dos indivíduos com esta doença. A linha de cuidado do AVC dispõe sobre os critérios de habilitação, os estabelecimentos hospitalares como centros de atendimento de urgência aos pacientes com AVC no âmbito do SUS e institui o respectivo incentivo financeiro para o funcionamento destes serviços (BRASIL, 2013). O manual de rotinas para atenção ao AVC traz um protocolo de Atendimento Pré – Hospitalar do AVC. Este protocolo orienta a regulação médica para o encaminhamento do tratamento do AVC com menos de 4,5 horas de evolução da doença. (pg. 5 Brasil, 2013). Chamando atenção para a necessidade do reconhecimento da doença pelos profissionais de saúde. Alem de ações educativas é preciso reconhecer os fatores de riscos que favorecem um episódio de AVC. Existem alguns fatores de riscos que são determinantes para a ocorrência de um novo AVC. Barbosa et al (2009), Gagliard (2009) através dos dados coletados na sua pesquisa, confirmaram a Hipertensão Arterial Sistólica (HSA) como o principal fator de risco para o AVC. No estudo de Barbosa (2009) a prevalência de HAS foi de 97% dos pacientes estudados com AVC. Gagliard (2009) no seu estudo pontua que apenas 53% dos hipertensos estão em tratamento, e destes, apenas 68.5% estão devidamente controlados. O mesmo autor mostra evidencias que o controle da pressão arterial é importante para reduzir casos de AVC. 9 O Ministério da Saúde, em consonância com as atuais políticas de promoção e proteção à saúde, tem recomendado e promovido ações multiprofissionais na atenção primária á saúde, como distribuição gratuita de medicamentos para hipertensão arterial e diabetes. Em março de 2011, o governo brasileiro criou o programa Saúde Não Tem Preço, com o objetivo de ampliar o acesso a medicamentos para indivíduos diabéticos e hipertensos. Nesse programa, as farmácias e drogarias conveniadas à rede Aqui Tem Farmácia Popular passaram a oferecer 11 medicamentos gratuitos para o tratamento de hipertensão (BRASIL, 2011) Araujo (2007) no seu estudo observacional percebeu que no inicio do tratamento 28,9% dos hipertensos tinham níveis pressóricos controlados contra 57% no final da observação. Mostrando desta forma o impacto da Atenção Básica através do programa de atenção da família como relevante no controle da HAS e consequentemente na prevenção do AVC. Segundo o manual de Prevenção clinica de doença cardiovascular, cerebrovascular e renal crônica as principais variáveis relacionadas com risco são: pressão arterial sistólica, tabagismo, colesterol total, HDL-C,LDL-C, intolerância a glicose, índice de massa corporal e idade (BRASIL, 2006). Pereira (2009) e Xavier (2007) trazem a idade como principal fator de risco não modificável, sendo necessárias medidas urgentes de prevenção e controle de fatores de risco para doenças cerebrovasculares, a serem realizadas pela atenção básica que promovam a redução dos comportamentos de risco na população adulta, com o intuito de permitir que atinjam o envelhecimento de forma saudável. Xavier (2007) pontua a alta incidência do AVC resultante da longa interação de fatores de risco tais como HAS, Diabetes, dislipidemias, tabagismo, sedentarismo, estresse e obesidade. O estudo chama atenção em não focar somente no controle das patologias mais prevalentes, mas também no desenvolvimento de programas de atividade física, cessação do tabagismo, educação em saúde, prevenção primária e rastreio de fatores de risco para doenças cerebrovasculares e grupos de idosos. Em contrapartida Moreira (2010) e Silva (2004) chamam atenção para um olhar às camadas populacionais mais jovens pelos serviços de saúde. Silva (2004) 10 afirma que a prevenção deve começar aos 20 anos de idade com a avaliação do risco cardiovascular. A cartilha de doenças crônicas propõe como plano de enfrentamentos no Brasil, ações desde a gestação e desenvolvimento intra útero, infância e adolescência, adultos e idosos. Todas as idades devem ser acompanhadas pela Atenção Básica com ações educativas de hábitos saudáveis, programa Academia da Saúde como incentivo à atividade física, redução do sal dos alimentos industrializados e incentivo ao consumo de frutas, legumes e verduras, medidas regulatórias para o tabaco, o álcool e os alimentos não saudáveis (BRASIL, 2011) 4. DISCUSSÃO A Portaria nº 665, de 12 de abril de 2012, considera a necessidade de uma integração no âmbito do SUS para reduzir a ocorrência de doenças cerebrovasculares, porém quando estabelece a Linha de Cuidados para o atendimento do AVC indica apenas estabelecimentos hospitalares como centro de urgência destes doentes no âmbito do SUS. È percebido a necessidade de habilitação também do serviço de Atenção Básica para o reconhecimento prévio de um AVC para que haja um tratamento precoce e melhor prognóstico destes pacientes. A capacitação de profissionais de saúde da atenção básica para o reconhecimento do AVC favorece uma regulação médica e o encaminhamento do tratamento com menos de 4 horas de evolução da doença. Dentre os fatores de risco modificáveis para um AVC destaca-se a HAS como a principal causa. Para que ocorra o controle da HAS é necessária a adesão do indivíduo ao tratamento assim como acesso ao sistema de saúde para disponibilidade de atendimento médico e recebimento dos medicamentos pela rede básica. Ainda observamos um alto índice de inadequação no uso da droga de controle para a HAS e resistência ao tratamento pela população. O controle da HAS é viável, desde que haja participação e conscientização do hipertenso, com – participação da família, dos profissionais de saúde e do empenho dos gestores dos programas de saúde. Não adianta diagnosticar a hipertensão se não for conduzido corretamente o tratamento e controle da doença. Para isso é necessário a disponibilidade de 11 profissionais capacitados para atuar na atenção básica com uma visão preventiva e de orientação para promoção de hábitos de vida saudáveis e disponibilidade de fármacos nos programas da atenção primária do SUS. Estudos mostram que locais onde há uma maior frequência de hipertensos tratados e controlados ocorre um declínio na mortalidade pelo AVC. A HAS é o principal fator de risco para doenças cerebrovasculares, seguido por colesterol elevado, inatividade física, tabaco e o baixo consumo de frutos e vegetais, sendo estes itens fundamentais e prioritários na prevenção primária do AVC. Entre os fatores de risco não modificáveis os artigos estudados apontam as doenças cardiovasculares e cerebrovasculares como as primeiras causas de morbimortalidade entre idosos. Necessitando um maior controle e acompanhamento com vigilância à saúde dos idosos como medidas preventivas de um evento do AVC. O rastreio de fatores de risco nesta população com posterior tratamento continuo e adequado dos pacientes são medidas importantes a serem executadas pelos gestores da atenção básica. Apesar de alguns artigos trazerem um foco para assistência preventiva no idoso como combate ao AVC, o Ministério da Saúde coloca que a prevenção deve começar cedo, se possível desde a gestação e desenvolvimento intra útero, infância e adolescência, adultos e idosos, através de educação sobre dieta saudável, malefícios do tabaco, álcool e do sedentarismo. A falta de informação sobre prevenção, incluindo o conhecimento a respeito de hábitos e comportamentos de risco à saúde fazem com que a população de um modo geral fique mais propensa a um episódio de AVC. Conforme os estudos analisados fazem-se necessário qualificar o atendimento da atenção básica para com a população para que possam contemplar tantos os aspectos preventivos como de educação sobre a doença. Alem disso, os resultados apresentados, diante da importância do controle da HAS como ação preventiva de um AVC, constata o caráter emergencial de condutas gerenciais por parte da Atenção Básica para uma assistência qualificada à saúde da população acometida por HAS, no intuito de reduzir a incidência de casos novos de AVC. 12 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS A expansão da Atenção Básica organizada pela estratégia Saúde da Família surgiu como uma importante mudança da antiga proposição de caráter exclusivamente centrado na doença. O ministério da Saúde vem adotando várias estratégias e ações para reduzir o número de casos novos de AVC na população brasileira como as ações de atenção preventivas pela atenção básica. O impacto da implantação da estratégia da Saúde da Família trouxe melhoria do controle de fatores de risco do AVC, porém ainda não há um controle adequado. Medidas gerenciais para o adequado controle da HAS na população através da garantia do acesso as consultas médicas regulares e disponibilidade de medicamentos; incentivo a hábitos de vida saudável; combate ao tabagismo e etilismo são ações de saúde que favorecem a prevenção do AVC. Alem disso, encontramos também a importância de instituir programas globais de informação, educação na rede básica de saúde, diante da população, sobre os principais sinais e sintomas de um AVC, para que esta possa estar apta para reconhecer a doença e prestar os primeiros socorros dentro das 04 horas, essenciais para o bom prognóstico do paciente. Destacamos, também, como ações gestoras impulsionadoras da prevenção e reconhecimento do AVC, na rede básica de saúde influenciam no manuseio adequado dos fatores de risco cerebrovasculares. Equipes de saúde devem estar bem informadas e disporem de condições para desenvolverem para alem da prevenção e do tratamento, o estímulo ao autocuidado visando o controle e o tratamento dos fatores de risco da população. O que se espera é que os resultados deste estudo possam chamar atenção para a necessidade da Promoção da Saúde na Atenção Básica, através de uma política de educação da população e educação de profissionais de saúde da Linha de Cuidado, para prevenção através do controle de fatores de risco, principalmente os modificáveis, a ser incluída nos Planos Municipais de Saúde e outros instrumentos gestores, conforme os níveis de responsabilidade e rede de atenção ao cuidado. 13 6. REFERÊNCIAS ARAUJO. J.C, GUIMARÃES.A. O Controle da Hipertensão Arterial em uma unidade de saúde da família. Revista de Saúde Pública. Vol. 41, no 3. Salvador/ BA. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S003489102007000300007. Acesso em : 03 de jan. de 2014. AZEVEDO. 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Acesso em: 03 de março de 2014. 16 ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL: CONTRIBUIÇÃO DA ATENÇÃO BÁSICA PARA PREVENÇÃO APÊNDICE A Título/ ano/ autor Objetivos Metodologia Principais resultados Conclusões 1 Controle da HAS em uma unidade de saúde da família.2007, Araujo. J, Guimarães. A. Avaliar o impacto da implantação do programa de saúde da família sobre o controle da HAS, em uma unidade básica de saúde. 135 pacientes com diagnóstico de HAS. Comparou-se a P.A. no inicio e no fim do período de observação e sua associação com fatores de riscos cardiovascular. 2 Tempo de Adesão à Estratégia de Saúde da Família protege idosos de eventos cardiovasculares e cerebrovasculares em Florianópolis, 2003 a 2007.A. Xavier. A, Reis. S, Paulo. E. Hipertensão Arterial e AVC, GALIARD.R. 2009 Avaliar a influencia do tempo de adesão à ESF sobre a incidência de eventos cardiovasculares e cerebrovasculares entre idosos cadastrados na CASSI Florianópolis Pesquisa avaliativa do tipo longitudinal , tipo coorte histórico, 715 idosos cadastrados na CASSI. Inicio do tratamento 28,9% dos hipertensos tinham níveis pressóricos controlados contra 57% no final da observação. As prevalências dos demais fatores de risco na admissão foram sobrepeso/ obesidade 71.9%, dislipidemia 58.5% e diabetes 43.7% Idos acima de 80 anos: 3,5 tinham tido eventos cerebrovasculares, 2,62 diabetes, 2,06 sedentarismo, 1,68 hipertensão arterial O impacto da implantação do PSF trouxe melhoria do controle de HAS, mas os fatores de risco associados acima dos níveis atualmente recomendados, necessitam controle adequado. Quanto maior o tempo de adesão à ESF, menor a incidência de eventos agudos Avaliar a relação da hipertensão com o AVC. Revisão bibliográfica O estudo mostrou redução do declínio cognitivo com a queda da pressão arterial. Mostrou também 21% de redução do risco relativo nos hipertensos controlados. O controle da pressão arterial é um item fundamental na prevenção primária ou secundária dos AVCS Prevalência de acidente vascular cerebral em idosos no Município de Vassouras, Rio de Janeiro, Brasil, através do rastreamento de dados do Programa Saúde da Família, 2009, A. Pereira, R. Junior, M. Barbosa. Avaliar a magnitude do AVC entre idosos, discutir a necessidade de um modelo de atenção primária para algumas doenças neurológicas, o que pode ser observado na Estratégia Saúde da Família, por meio da prevenção e do controle destas doenças, como também avaliar a qualidade e o potencial dos dados obtidos por este programa na formulação de estudos neuroepidemiológicos no Brasil. Estudo epidemiológico observacionaltransversal.4.154 idosos com AVC residente em Vassouras. Analise das fichas de cadastro de todas as pessoas que tinham AVC.13 unidades de PSF do município 122 idosos com diagnóstico de AVC,2,9%, e aumento progressivo com o avançar da idade,homens (3,2%), mulheres (2,7%). 60% negros ,61% a de aposentados. 23% eram analfabetos, 46% tinham cursado apenas até a 4a série . E 62,2% eram de AVCi, 9,8% de AVCh e 28% de AVC não especificado. A prevalência de AVC na população geral foi de 0,52%. O conhecimento da magnitude da prevalência do AVC na população idosa é fundamental para melhor planejamento de saúde 3 4 17 5 Fatores de risco cardiovasculares em adultos Jovens com hipertensão arterial e/ou diabetes mellitusa MAGALHÃES.T MOREIR A, GOMES. E, SANTOS.J. Investigar os fatores de risco associados em adultos jovens com hipertensão arterial e diabetes mellitus acompanhados em seis Unidades Básicas de Saúde da Família (UBASF), de Fortaleza, Ceará. Estudo descritivo e documental, desenvolvido a partir das fichas de cadastro do Programa de Atenção à Hipertensão Arterial e ao Diabetes Mellitus (HIPERDIA). A amostra é composta de 60 fichas, incluindo hipertensos, diabéticos e os que possuíam os dois diagnósticos 6 Acidente vascular cerebral isquêmico – Prevenção: Aspectos atuais – É preciso agir, Silva .F, 2004 Salientar a importância da terapêutica preventiva, abordam-se os fatores de risco mais frequentemente relacionados com o AVC, com especial ênfase para aqueles que podem ser controlados, nomeadamente a hipertensão arterial e a dislipidemia, entre outros Revisão bibliográfica 7 Prevalência da HAS nos pacientes portadores de AVC, atendidos na emergência de um hospital público terciário. Barbosa.M, 2009 Verificar a prevalência de HAS em pacientes com AVC atendidos na Emergência de um Hospital Terciário Análise de dados de 280 prontuários de pacientes atendidos no H.G. de Fortaleza maior frequência de adultos jovens do sexo feminino (78%). Com relação aos fatores de risco, sobressaíram-se a hipertensão arterial (n=45), antecedentes familiares (n=33), sobrepeso (n=33) e sedentarismo (n=27). Na estratificação do risco cardiovascular, a maioria apresentou médio risco adicional para doença cardiovascular Chama-se a atenção para a empatia necessária entre médico-doente para uma melhor aderência às medidas preventivas propostas. Salienta-se a importância de campanhas globais de informação como medida fundamental na diminuição da incidência do AVC. a avaliação individualizada dos fatores de risco subsidia uma ação direcionada para eventos possíveis, sendo necessários investimentos na prevenção e também na capacitação A idade variou entre 30 e 98 anos. A prevalência de HAS foi de 97%. AVC i mais freqüente. Presença de diabetes em 46.6% dos pacientes Os dados confirmam a HAS como o principal fator de risco para o AVC. A única arma eficaz no tratamento do AVC é a prevenção. 18