Índice dos capítulos V e VI 5. INSTRUMENTOS DE MEDIDA ELECTRÓNICOS ................................................................ 2 5.1 Introdução .............................................................................................................. 2 5.2 O AMPLIFICADOR DIFERENCIAL................................................................................. 2 5.2.1 O EVM DO TIPO AMPLIFICADOR DIFERENCIAL .......................................................... 4 5.2.2 Amplificadores Operacionais ................................................................................... 7 5.3 Voltímetro de corrente continua com amplificador por acoplamento directo ................... 10 5.3.1 Modo de aumentar a sensibilidade do voltímetro dc ................................................. 10 5.4 Voltímetros de corrente alterna utilizando pontes rectificadoras ................................... 11 5.5 Voltímetro detector do valor eficaz verdadeiro ........................................................... 12 5.6 Ohmimetro electrónico ........................................................................................... 13 5.7 Medidor do Vector de impedância............................................................................. 14 Voltímetro Vector ........................................................................................................ 15 6. OSCILOSCÓPIO ....................................................................................................... 16 6.1 Painel e Botões de Controlo de um Osciloscópio ......................................................... 16 6.2.1 Osciloscópios analógicos e digitais......................................................................... 18 6.2.2 Constituintes de um Osciloscópio Analógico e Formas de Controlo Básico ................... 19 6.2.3 Constituintes de um Osciloscópio Digital................................................................. 22 6.2.4 Métodos de Amostragem de sinal num osciloscópio digital........................................ 23 6.2.4.1 Amostragem em tempo real com interpolação ................................................ 24 6.2.4.2 Amostragem em tempo equivalente .............................................................. 25 6.5 Monitores de Osciloscópios...................................................................................... 25 6.5.1 Tubo de Raios Catódicos (CRT) ............................................................................. 26 6.5.2 CRT Analógicos e Digitais ..................................................................................... 27 6.6 Constituintes e funcionalidades do Osciloscópio ......................................................... 28 6.7 Formas de onda e termos de medida........................................................................ 32 6.7.1 Medidas de formas de onda com um Osciloscópio.................................................... 33 a) Frequência e Período .......................................................................................... 33 b) Tensão ............................................................................................................. 34 c) Fase e deslocamento de fase ............................................................................... 34 6.7.2 Massa de um Osciloscópio .................................................................................... 34 6.7.3 Figuras de Lissajous ............................................................................................ 35 6.8 Pontas de Prova..................................................................................................... 36 a) Pontas de prova passivas .................................................................................... 37 b) Pontas de prova activas ...................................................................................... 38 c) Utilização de pontas de prova para correntes. ........................................................ 38 1 5. INSTRUMENTOS DE MEDIDA ELECTRÓNICOS 5.1 Introdução O medidor Volt Ohm Miliampere ou VOM analógico é um instrumento robusto e preciso mas apresenta algumas desvantagens, tal como a falta simultânea de elevadas sensibilidades e de impedâncias de entrada, independentes da escala de medida. Este efeito traduz-se num efeito de carga e portanto, de uma menor eficácia das leituras, nomeadamente de tensão, quando os valores a ler são de reduzido valor. Por exemplo, um instrumento que apresente uma sensibilidade de 50 000Ω/V, numa escala de 0 a 0,1V, apresenta somente uma impedância de entrada de 5KΩ (50000Ω/V×0,1V). O Voltímetro Electrónico (EVM) pode apresentar uma elevada sensibilidade, conjugada a uma elevada impedância de entrada (superior a 10 MΩ), para uma faixa de escalas de tensões de medida bastante larga. Isto é, a impedância (resistência) de entrada não varia com a escala de medida, como acontece com os OVM. Nestas condições, os efeitos de carga nos EVM é praticamente desprezável. O facto dos EVM apresentarem uma impedância de entrada muito elevada deve-se a estes medidores se basearem em dispositivos activos, quer em válvulas transistorizadas (VTVM) ou dispositivos de estado sólido transistorizados (daí o se designarem também por TVM), caracterizados por serem dispositivos controlados a tensão e possuírem impedâncias de entrada muitíssimo elevada (ver secção III). Isto é, a essência dos EVM é a forma activa com que se consegue garantir uma impedância de entrada elevada. Neste caso concreto, a sua base e essência é constituída por um amplificador diferencial. Os EVM podem ser analógicos ou digitais, função do tipo de leitura do sinal disponível (por deslocação de um ponteiro ou digital). Contudo, os aparelhos analógicos são bem mais baratos que os digitais. De salientar que os EVM analógicos são também os preferidos em casos em que a leitura da escala é não linear, como é o caso de escalas logarítmicas. 5.2 O AMPLIFICADOR DIFERENCIAL Como o nome indica, um amplificador diferencial amplifica o sinal resultante da diferença entre dois sinais de entrada. O amplificador diferencial é também conhecido como amplificador de entrada diferencial. Genericamente o amplificador diferencial pode ser representado pelo circuito que ao lado se mostra. Neste circuito tira-se que: Figura 5.1 Amplificador diferencial 2 V3 = R2 V2 R1 + R2 e então (5.1) V1 − V3 V3 − Vout = R1 R2 (5.2) donde se tira que: Vout = R2 (V2 − V1 ) R1 (5.3) Isto é, um amplificador diferencial é um circuito VDD ponte de corrente alterna não balanceada, RD transistorizado (os transístores constituem a parte inferior enquanto que superiores da dos as dois duas ponte), ramos da ponte, cargas, os ramos com duas vi G RD D ID D vo X G Y S S entradas Rs (entrada inversora e não inversora) e uma saída. Este dispositivo é caracterizado por -VDD possuir um factor de amplificação de sinais incrementais (resultantes da diferença de dois sinais de entrada) muito elevado, a par de uma VDD impedância de entrada muitíssimo elevada, onde o sinal de saída pode aparecer desfasado de 180º do sinal de entrada, caso a saída se faça pelo dreno, ou em fase, caso a saída se faça pela dispositivos fonte (ver activos). secção Para se III, RD rdc RD X Y rdc sobre conseguir a amplificação diferencial, é necessário possuir-se 2 transístores aos quais se liga às bases os sinais cuja diferença se pretende amplificar (em Rs -VDD que um deles pode ser nulo) e as saídas de dreno (ou colector) possuem cargas resistivas iguais e em que a impedância associada ao circuito da fonte (RS) deve ser muito elevada. Nestas condições, o factor de amplificação diferencial é dado por: Ad = g m ( rd RD ) rd + RD (5.4) e por conseguinte, v0=Advi. onde rd é a resistência de dreno dinâmica do JFET (substitui. Em termos de circuito equivalente, o transístor) e gm a transcondutância, expressa em Siemens (S ou Ω-1). 3 Para além da amplificação diferencial, o circuito possui uma outra componente, designada de entrada comum, onde a amplificação (amplificação em modo comum, Aa) é da média dos sinais injectados, e não da sua diferença. Esta componente deve ser minimizada no projecto de um circuito, de tal modo que a razão Ad/Aa>>1, designada de razão de rejeição em modo comum. Na figura acima mostramos o circuito equivalente do par diferencial, onde se constata a afirmação inicial: “o par diferencial não é mais de que uma ponte, onde rdc representa o parâmetro passivo equivalente do JFET, em modo estacionário”. Contudo, ao contrário dos amplificadores normais em que a condição de funcionamento em regime estacionário é definida por um ponto (intercepção da recta de carga com a curva parametrizada correspondente à tensão porta), neste caso, a condição de funcionamento é definida por uma área, circunscrita pelas designadas rectas de carga em modo diferencial e em modo comum, agregadas às condições de funcionamento normal dos transístores que constituem o par diferencial. Problema 5.1 Na montagem que se mostra, a resistência variável é utilizada para proporcionar a compensação (offset) da componente dc na tensão de saída. Para que faixa de tensões de entrada é possível zerar-se a tensão de saída? Resolução A corrente que flui no circuito é dada por: I= Vin − V V − Vout ou I = . Nestas condições, 4 10 10 4 tem-se que Vout=2V-Vin, ou seja Vout≈2V1-Vin Para que Vout seja sempre nulo, isso significa que V1 varia de zero a V tal que I’=15/(10kΩ//100KΩ)=I V0ut ≈30/11kΩ-Vin, e portanto Vin≈2,7 V. Isto é 0<Vin≤2,7 V. 5.2.1 O EVM DO TIPO AMPLIFICADOR DIFERENCIAL O circuito típico é similar ao anterior, em que o detector/medidor de corrente se liga aos terminais de saída XY (calibrado, a menos de uma constante de proporcionalidade que depende do ganho diferencial) . Neste caso, a impedância de entrada apresentada pelo circuito é muitíssimo elevada. 4 O modo simplificado do circuito diferencial consiste em se aplicar ao esquema da montagem equivalente vo TH = g m o teorema de Thévenin. Neste caso RTh = 2 tem-se: rd RD rd + RD e rd RD vi . rd + RD Problema 5. 2- Considerem a montagem do par diferencial que acima se mostra. Determine qual a corrente que passa pelo amperímetro ligado aos terminais XY, nas seguintes condições: vI=1 V; RD= 10 KΩ; rd= 100 KΩ; Rm= 50 Ω; gm=5×10-3 S. Resolução Simplificando o circuito aplicando o teorema de Thevenin e tendo em conta as expressões de VTH e RTH, obtém-se: i = VTH = 2,5mA RTH + Rm O amplificador diferencial pode ser empregue VDD na constituição de EVM, quer na montagem clássica (saída pelo colector ou dreno) ou na montagem de seguidor de emissor. Neste vi caso (ver figura ao lado), o transístor do lado D D G ID vo G Y X S RS esquerdo actua como um circuito seguidor de RS S emissor, com uma realimentação negativa (β=-1). Como o ganho se pode expressar por: A´' = g m rd RS A = 1 − βA rd + RS + g m rd RS -VDD Figura 5.2 Amplificador diferencial, seguidor de fonte Onde a tensão de saída é dada por vout=A’vI e a resistência de saída vale Rout=rd/(gmrd+1). Aplicando-se o teorema de Thevenin a este circuito obtém-se RTH = 2 vTH = g m Rout RS vi e Rout + RS Rout RS Rout + RS Nestas condições, a corrente que circula pelo amperímetro ligado aos terminais X-Y será: i= v out , em que Rm é a resistência interna do medidor. Se tivermos em conta que RTH + Rm gmrdRS>>rd (ou RS), podemos simplificar a relação anterior para: i= v1 2 / g m + Rm 5 Problema 5.3- Considere o circuito do amplificador diferencial que se mostra . Determine Re e VEE de modo que a razão de rejeição de modo comum (CMRR) de tensão seja igual a 100 (40 dB). As fontes de sinal v1 e v2 apresentam resistências internas de 1 KΩ e os transístores têm hf=100. Resolução CMRR = Vcc=10V Ad Aa RC=2KΩ RC=2KΩ R2 T onde Ad é o ganho diferencial, dado por Rc 2 Rb / h f + 2hib + R Ad = T VCE (5.5) R=100Ω VCE R1 R1 v1 R2 v2 Re -VEE e Aa é o ganho comum dado por: Aa = Rc . 2 Re + hib + Rb / h f + R / 2 Nestas condições tem-se CMRR ≈ (5.6) Re . 60 + hib (5.7) Para CMRR>100, tal implica que Re>100(60+hib). Se fizermos IEQ=1 mA, então hib=25 Ω, obtendo-se para Re=10ΚΩ pelo menos: Fazendo v1=v2=0, obtém-se: VEE = Rb R I EQ + VBE + I EQ + 2 Re I EQ ; obtendo-se VEE=20,8 V. hf 2 O amplificador diferencial poder ser utilizado em aplicações diversas em que se pretenda determinar uma dada grandeza eléctrica (corrente ou tensão), de forma múltipla (diferentes escalas de leitura.). Tal consegue-se recorrendo a comutadores e circuitos de ajuste, que permitam a sua calibração, como se mostra na figura que se segue. Neste caso a condição inicial de balanceamento é obtida por ajuste do potenciómetro, cuja finalidade é a de igualar as duas metades do amplificador diferencial. Uma vez efectuado o ajuste do zero efectua-se a calibração deste, utilizando para o efeito o potenciómetro com a designação de calibração, ligado em série com o instrumento de medida. Neste caso concreto, garantir-se o ajuste para leitura de tensão máxima, função da tensão de entrada do par diferencial. No caso deste exemplo, pretende-se que o valor de fim de escala seja o equivalente a 1 V (leitura efectuada por amperímetro, com respectiva resistência de calibração. Ver secção II e III), pelo que se deve garantir, por ajuste, esse valor. Uma vez calibrado, o medidor pode ser utilizado para ler outras tensões diferentes, usando para o efeito uma chave de comutação associada a um divisor de tensão (similar ao circuito de 6 Ayrton). Para o efeito deve-se garantir que a resistência de entrada seja sempre de 9 MΩ, independentemente da escala usada. No caso concreto mostra-se a aplicação para 4 mais tensões, diferentes de 1V (3V, 10V, 30V, 100V). Uma vez conhecidas as tensões a ler, deve-se seleccionar as resistências do divisor de acordo. Isto é, independentemente da tensão aplicada, a tensão de entrada no par diferencial é sempre de 1V. Figura 5.3 Versão prática de um EVM. Isto é: VG = VG = (3MΩ) × (3V ) (900 KΩ) × (10V ) (300 KΩ) × (30V ) = 1V , VG = = 1V ¸ VG = = 1V 9 MΩ 9 MΩ 9 MΩ (90 KΩ) × (100V ) = 1V 9 MΩ De notar que quanto menor a tensão, maior a resistência associada e vice-versa. 5.2.2 Amplificadores Operacionais O amplificador operacional (AO) é um dispositivo integrado numa só pastilha e cuja característica fundamental é o seu elevado ganho em tensão. O nome operacional deve-se às 7 funções desempenhadas por estes circuitos nos primitivos computadores analógicos, onde realizavam operações aritméticas com diferentes graus de complexidade. Estes circuitos são também conhecidos como circuitos integrados lineares ou analógicos. O AO é um dispositivo com entrada diferencial, isto é, tem duas entradas em oposição de fase, com uma resistência de entrada muito elevada (praticamente infinita), um circuito amplificador diferencial (capaz de garantir um ganho diferencial em malha aberta muito elevado, superior a 104) e um circuito estabilizador do sinal de saída, com uma resistência muito baixa (praticamente nula), capaz de amplificar sinais numa banda de frequências muito larga. Nestas condições, não existe qualquer passagem de corrente entre as duas entradas do AO (entrada inversora e não inversora) pelo que o ponto de inserção da realimentação efectuada entre a saída e a entrada do AO se pode considerar como sendo uma massa virtual. Face a estas características, o AO é utilizado como circuito somador, integrador, diferencial e logarítmico. No que se segue damos exemplos de aplicações. Problema 5.4 Considere o circuito que a seguir se indica. Determine o valor médio do sinal de saída, sabendo que a entrada é dada por vin(t) 2 sin(6000t). Resolução De acordo com as leis dos nódose tendo em conta a condição de massa virtual, tem-se: − 15 − V Vin − V V − Vout + = 10 5 10 4 2 × 10 4 donde se obtém: Vout=3-2(Vin)médio=3V. Problema 5.5- Utilize amplificadores operacionais somadores e integradores para resolver a equação diferencial: d 2 v0 dv v + 3 0 + 0 = Vim cos(ωt ) . 2 dt 4 dt Resolução Iniciamos a resolução, resolvendo a equação à segunda derivada: d 2 v0 dv v = +Vim cos(ωt ) − 3 0 − 0 2 dt 4 dt Obtendo-se: d v0 dv v ⎤ ⎡ = −∫ ⎢− Vim cos(ωt ) + 3 0 − 0 ⎥dt , equação que pode ser implementada por dt 4⎦ dt ⎣ um somador-integrador, similar ao que se segue. 8 C=1µF +Vcc 4MΩ - v0 dv0/dt 1MΩ -Vimcos(ωt) + dv0/dt 0,33MΩ C -Vcc A tensão de saída é obtida integrando-se dv0/dt e invertendo-se o resultado, isto é: 1MΩ +Vcc C=1µF 1MΩ dv0/dt - -v0 1MΩ + v0 -Vcc Assim, o circuito final será: C=1µF +Vcc C=1µF 4MΩ v0 - dv0/dt 1MΩ dv0/dt 1MΩ - -Vimcos(ωt) 1MΩ +Vcc -v0 1MΩ + + 0,33MΩ C -Vcc v0 -Vcc 9 5.3 Voltímetro de corrente continua com amplificador por acoplamento directo O voltímetro corrente electrónico continua de baseia-se numa ponte não balanceada, em que um dos ramos tem um par transistorizado. É constituído por um medidor normal do tipo electrodinamómetro ou outro, ligado aos terminais de saída da ponte, precedido por um amplificador de continua, um de corrente ou mais estágios. Como se pretende que a impedância de entrada seja elevada, normalmente Figura 5.4 Circuito básico de voltímetro dc com FET no andar de entrada. utiliza-se no andar de entrada um JFET, seguido de um BJT (transístor bipolar), cuja base está ligada à fonte do JFET e a saída se faz pelo emissor do BJT. Na figura acima mostra-se um caso de montagem típico em que o BJT Q2 constitui, conjuntamente com RE e R um circuito ponte e em que Q1 tem por função proporcionar a resistência de entrada elevada. Em termos de balanceamento a polarização em Q2 deve ser tal que garanta que I2=I3, quando Vin=0. Nesta condição, Vx=Vy, pelo que I4=0. Isto é, a polarização de Q2 é controlada por Vin. Quando Vin≠0, VX>VY e I4≠0, de intensidade proporcional a Vin. A entrada atenuadora que se mostra no circuito não é mais do que um divisor de tensão, de modo a aumentar a faixa de medida do electrómetro, sem que para isso seja necessário alterar a sensibilidade do aparelho de medida, que é dependente da impedância da entrada do JFET. Deste modo, pode-se manter o grau de precisão do aparelho, mesmo quando as tensões a ler são muito pequenas. Contudo, este aparelho apresenta como inconveniente apresentar uma certa variação do zero, que necessita de recalibração, por ajuste do potenciómetro que se incorpora na malha de balanceamento. 5.3.1 Modo de aumentar a sensibilidade do voltímetro dc De modo a vencer esta limitação, um dos métodos propostos consiste em se utilizar um amplificador de corrente continua “chopado” (modulado a baixa frequência). Isto é, o sinal de corrente continua é primeiro convertido num sinal de corrente alterna, amplificado e depois desmodulado (convertido de novo em corrente continua) antes de ser introduzido no medidor. A prossecução de tais objectivos consegue-se recorrendo-se a um sistema similar ao da figura ao lado, onde o processo de modulação e desmodulação se consegue recorrendo-se a foto- 10 díodos, controlados sincronamente, de forma a darem origem a um circuito oscilante, seguido de um filtro passa baixo. Neste caso, a resistência dos foto-díodos varia de um valor muito elevado a um valor muito baixo, quando passam do estado não iluminado para iluminado, comportando-se assim como um autentico interruptor, que abre e fecha, de acordo com a oscilação provocada (liga/desliga) nas fontes de iluminação utilizadas, que actuam sobre os foto-díodos Figura 5.5 Modulador não mecânico a acoplar ao voltímetro dc, colocados de forma a aumentar a sua sensibilidade. respectivamente à entrada e saída do circuito. Os dois foto-díodos colocados à entrada formam o ramo do modulador do sinal, enquanto que os dois foto-díodos colocados à saída, formam o ramo do desmodulador do sinal. Para além do desmodulador, a saída do circuito contém um filtro passa baixo do sinal eléctrico. A grande vantagem deste circuito é o de se poderem conseguir sensibilidades a medidas de tensão tão baixas quanto 1 µV. 5.4 Voltímetros de corrente alterna utilizando pontes rectificadoras Os EVM de corrente continua podem também ser utilizados para medir componentes alternas, desde que o sinal a medir seja previamente rectificado, utilizando um rectificador de meia onda ou onda completa, como se mostra nas figuras ao lado, onde a rectificação do sinal se pode fazer antes ou depois do andar de amplificação do sinal. Nestes casos, deve-se ter em conta o modo de detecção do sinal alterno. Se a forma do sinal for não sinusoidal, deve-se ter em conta um factor de correcção, designado de factor de forma que traduz a razão entre o valor eficaz e o valor médio do sinal aplicado: FF=Vef/Vmed. (5.8) (Nota: Vef=Vrms). A principal vantagem do voltímetro de corrente alterna é que ao utilizar uma realimentação negativa, reduz substancialmente o tempo de resposta da medida, pese embora a sensibilidade da medida seja reduzida (por quê?), se não for compensada por ganhos em malha aberta elevados. 11 Figura 5.6 Circuitos básicos de um voltímetro ac: (a) o sinal ac é primeiramente rectificado e depois amplificado; (b) o sinal ac é primeiramente amplificado e depois rectificado. 5.5 Voltímetro detector do valor eficaz verdadeiro A medição da tensão associada a formas de onda complexas é efectuada de forma mais precisa, utilizando um voltímetro detector do valor eficaz verdadeiro. Neste caso, o sinal a medir é introduzido num elemento dissipativo (resistência), que se encontre muito próximo de um termopar. O aquecimento provocado provoca um aumento de temperatura , que é detectado pelo termopar e que se traduz por uma variação do potencial de contacto (v’) do termopar, que é proporcional à potência dissipada. Isto é: P = Vef2 Rdiss . Figura 5.7 Diagrama de blocos do detector do verdadeiro valor eficaz. 12 Nestas condições, v = KVef , onde K é uma constante de proporcionalidade. O valor de K ' 2 depende da distância entre o termopar e o elemento dissipador e do tipo de materiais utilizados. A dificuldade associada com este processo de medida é que a variação do potencial do termopar com a temperatura, não é linear, para grandes faixas de temperatura. De modo a compensar este erro, usam-se normalmente 2 termopares, colocados no mesmo ambiente, em que o comportamento não linear do primeiro termopar é balanceado por um segundo termopar, colocado no realimentação do circuito. Isto é, os dois termopares fazem parte de uma ponte balanceada, ligada à entrada de um amplificador de corrente continua, tal como se mostra na figura. 5.6 Ohmimetro electrónico O ohmimetro electrónico tem por base um AO, em que a realimentação se faz pela entrada inversora (cc. à entrada) e a entrada do sinal pela entrada não inversora, onde se RTH coloca a resistência de valor desconhecido e + - se faz a alimentação, através de um divisor e M tensão (R1 e R2). Isto é, o andar de entrada VTH pode ser simplificado aplicando o teorema de Thevenin dando lugar ao circuito que se Figura 5.8 Circuito electrónico básico de mostra. Isto é: ohmimetro Thevenizado. um VTH=V×R2/(R1+R2) e RTH=R1R2/(R1+R2). Isto é, quando os dois terminais são c.c. o valor lido é igual a 0, enquanto que, quando estiverem em aberto, o valor de medida é ∞. Problema 5.6 Considere a montagem da figura 8 em a deflexão máxima da corrente do medidor é de 50 µA e em que a resistência interna é de 2 kΩ. Nestas condições, determine R1 e R2 do circuito de forma a que este seja utilizado para medir ohms. Resolução. De acordo com os dados do problema, a tensão associada à deflexão máxima é: V0=Ifs×Rm= 100 mV. Uma vez que o AO é configurado de modo a ter um ganho unitário, a tensão de entrada será igual à tensão de saída. O medidor deverá apresentar deflexão máxima quando a resistência a medir for infinita. Nestas condições, o circuito está em aberto. Tendo em conta o teorema de Thevenin tem-se que VTH=V0=100 mV. A meio da escala, Im=25 µA., pelo que V0=50 mV. Como V0=0,5VTH, isso quer dizer que nestas condições Rx=RTH. Como RTH resulta do paralelo de R1 e R2, podemos considerar que os valores são iguais. Se quisermos que a meio da escala o aparelho leia 100 Ω isso quer dizer que R1 e R2 devem valer 200 Ω. 13 Uma vez fixado o valor de R1 e R2, constatamos que se Rx=1kΩ, isso significa que VTH=0,167V0, logo a leitura corresponderá uma deflexão de cerca de 93% da escala máxima e assim sucessivamente. 5.7 Medidor do Vector de impedância O valor de uma dada impedância é expresso em termos da magnitude de Z e do ângulo de fase. A impedância pode resultar de um componente singular ou da combinação de vários componentes. A frequências muito elevadas (>10 MHz), , cálculos precisos sobre sistemas complexos são difíceis de realizar devido à diferentes fontes parasitas de indutâncias e capacidades, associadas aos cabos de ligação e contactos. Muitas vezes é mais prático e preciso medir a impedância de forma directa do que pretender fazer cálculos complexos do sistema. O medidor do vector de impedância é um instrumento que permite medir a amplitude e fase duma impedância e mostrar estes os valores simultaneamente. Neste caso o equipamento permite ler impedâncias de valor entre os 10 MΩ e os 120 kΩ, com variações de fase entre os 180.0° to +180.0°. Neste caso um oscilador interno proporciona um sinal de 400kHz to 110MHz. A impedância a ser medida é simplesmente ligada aos terminais equipamento de é entrada sintonizado do equipamento. para a O frequência pretendida e a grandeza e fase mostradas na forma alfanumérica. Existem dois modos de funcionamento: (1) fazer passar uma corrente constante de valor conhecido através da impedância desconhecida e medir a queda de tensão e mostrar no mostrador a razão entre a Figura 5.9 Medidor de vector de impedância da HP. tensão e corrente, como a magnitude da impedância; (2) Aplicar uma tensão constante à impedância de valor desconhecido e ler a corrente que a atravessa e mostrar a razão entre a corrente e a tensão (1/Z). Para além da magnitude, é necessário mostrar o angulo de fase. O angulo de fase é medido por aplicação e ajuste de circuitos de disparo de Schmitt de modo a produzirem um pico positivo cada vez que a corrente ou tensão sinusoidais passem através de um ponto de amplitude nula. Tal consiste num multivibrador bi-estável, um amplificador diferencial e um condensador integrador. O intervalo de tempo entre “zeros” consecutivos para a corrente e tensão está directamente relacionado com a tensão aos terminais do condensador integrador. Esta tensão é aplicada ao medidor do angulo de fase e o seu valor proporcional à desfasagem entre a corrente e a tensão. 14 Figura 5.10 Configuração típica do circuito ponte utilizado para medir o angulo de fase Voltímetro Vector Os voltímetros vectores têm um principio de funcionamento similar ao anteriormente descrito e são utilizados para medir tensões em termos de magnitude e fase. A fase é medida quer em relação a uma referência (usualmente 0º) ou em relação a um outro ponto do circuito. O deslocamento de fase é determinado a partir das medidas do sinal em dois pontos de interesse, simultaneamente. O voltímetro vector converte dois sinais de entrada de rádio frequência em sinais de frequência intermédia. Estes sinais de frequência intermédia têm a mesma forma de onda, amplitude e fases como os sinais iniciais, mas são mais fáceis de medir. Estes componentes são filtrados e depois aplicados aos circuitos de medida da amplitude e fase. 15 6. OSCILOSCÓPIO O osciloscópio em instrumento de medida muito versátil, que permite medir componentes de sinais contínuos ou alternos, de sinais periódicos ou não periódicos, para alem de permitir obter informação sobre tempos de resposta, atraso de sinais e factores de forma de onda. A parte principal de um osciloscópio é o tubo de raios catódicos (CRT) que tem uma das faces revestidas por um material fosforoso, onde se reproduzem os sinais aplicados à entrada do instrumento, para amostragem ou medida. O osciloscópio é basicamente um dispositivo de amostragem de gráficos, construídos a partir dum sinal eléctrico. Na maioria das aplicações o gráfico mostra como os sinais variam ao longo do tempo, onde o eixo vertical (yy) representa a tensão e o eixo horizontal (xx) representa o tempo. A intensidade ou brilho do mostrador é algumas vezes chamado de eixo zz (ver figura 6.1). O gráfico em si mostra-nos como determinar: • Os valores de tempo e tensão do sinal; • A frequência do sinal oscilante; • E ver as “parte móveis” de um circuito representado pelo sinal; • Se uma avaria de um componente de um dado circuito a analisar está a distorcer o sinal; • Qual a componente dc e ac de um dado sinal; • A componente de ruído associado a um dado sinal e como este varia com o tempo. Figure 6. 1: X, Y, and Z Componentes de uma forma de onda mostrada por um osciloscópio. 6.1 Painel e Botões de Controlo de um Osciloscópio Como um osciloscópio se parece muito com uma pequena televisão, excepto que este possui um reticulado (grelha) associado ao seu mostrador e possui mais botões de controlo de que uma televisão. O painel frontal de um osciloscópio tem as secções de controlo normalmente divididas em secções de controlo Vertical, Horizontal e de disparo (trigger). Existe também botões de controlo do próprio mostrador (intensidade, brilho, ...) e as ligações de entrada 16 (input). Nas figuras 6.2 e 6.3, mostramos a frente de dois osciloscópios: um analógico e outro digital. Figura 6. 2: Painel frontal de um osciloscópio analógico Figura 6. 3: Painel frontal de um osciloscópio digital 6.2 Para que serve o Osciloscópio O osciloscópio é empregue por técnicos de reparação de equipamento electrónico e físicos. A utilidade do osciloscópio não se limita só ao mundo da electrónica. Com recurso ao transdutor (dispositivo que converte um fenómeno físico numa grandeza eléctrica, ver capítulo VII) adequado o osciloscópio pode medir todo o tipo de fenómenos. Por exemplo, na industria automóvel utilizam-se os osciloscópios para medir as vibrações do motor. Em medicina utilizase os osciloscópio para medir as ondas cerebrais. 17 Figure 6.4: Dados científicos obtidos por um osciloscópio 6.2.1 Osciloscópios analógicos e digitais O equipamento electrónico pode ser dividido em duas grandes categorias: analógico e digital. O equipamento analógico funciona com tensões que continuamente variam enquanto que o digital trabalha com números binários discretos que podem estar associados a amostragens de tensões (sistema discreto). Os osciloscópios também podem ser do tipo analógico ou digital. Um osciloscópio analógico trabalha por aplicação directa de uma tensão que faz mover em frente do mostrador um feixe de electrões, por deflexão acima e abaixo provocada pela tensão. Deste modo obtemos de forma directa uma “imagem” da forma de onda a analisar. Em contraste, um osciloscópio digital “amostra discretamente” a forma de onda e usa um conversor analógico digital (ADC) para converter a tensão a ser medida na forma digital. É esta informação digital, que é depois usada para reconstruir a forma de onda no mostrador. Figura 6. 5: Osciloscópio analógico (direita) e digital (esquerda) Normalmente quando se pretende mostra rapidamente um sinal, prefere-se os osciloscópios analógicos. Os osciloscópios digitais são preferidos quando se pretende mostrar uma onda discreta, não repetitiva e/ou em que se pretende fazer a sua análise recorrendo a meios computacionais 18 6.2.2 Constituintes de um Osciloscópio Analógico e Formas de Controlo Básico Para além do Tubo de Raios Catódicos (CRT) o osciloscópio analógico é constituído por um conjunto de circuitos electrónicos, onde se destacam os circuitos amplificadores horizontal e vertical; o gerador de varrimento de sinal, circuito de disparo e as correspondentes fontes de alimentação associadas. A sensibilidade e a largura de banda de um osciloscópio são primeiramente determinadas pelo amplificador vertical. O gerador de varrimento produz uma onda em forma de dente de serra, que “varre” o feixe de electrões horizontalmente. Se se pretender uma reprodução correcta do sinal de entrada, o feixe de electrões deve ser igualmente deflectido, em termos horizontais, por unidade de tempo. Isto é, a rampa da onda em forma de dente de serra deve ser muito linear. Muitos osciloscópios têm a capacidade de admitirem a visualização de dois sinais, simultaneamente e mesmo de permitirem o armazenamento dos sinais. Figura 6.6 Diagrama de blocos de um Osciloscópio Analógico Dependendo do modo como seleccionamos a escala vertical (botão de controlo de Volts/divisão), o sinal a medir poder ser atenuado (divisor de tensão) ou amplificado, dependendo da sua amplitude. Uma vez seleccionada a escala apropriada o sinal é directamente aplicado às placas de deflexão vertical do CRT. A tensão aplicada a estas placas a estas placas provoca a deflexão/movimento vertical de um pequeno feixe luminoso (feixe de electrões colimado a incidir sobre o mostrador fosforescente) no mostrador. A tensão positiva faz com que o ponto se desloque para cima e a tensão negativa faz com que o ponto se desloque para baixo. 19 Figura 6.7 Diagrama de blocos de um osciloscópio analógico, mostrando os seus principais constituintes de controlo. O sinal aplicado também acciona o sistema de disparo (trigger) de um sistema de varrimento horizontal. O termo varrimento horizontal é utilizado para dizer que um sistema horizontal faz com que o ponto luminoso se mova horizontalmente no mostrador. Tal consegue-se por disparo de uma base de tempo que acciona directamente o ponto, independentemente da sua posição vertical, num dado intervalo de tempo. Vários varrimentos em sequências muito rápidas (superiores a 50 vezes por segundo. Em alguns casos, chega a ser superior a 500000 vezes por segundo) faz com que o ponto “trace” como uma linha sólida, perceptível à nossa visão. Assim, a conjunção do varrimento horizontal com a deflexão vertical permite traçar o gráfico representativo do sinal a medir. È importante realçar que o trigger serve para estabilizar um dado sinal repetitivo no tempo, pelo que o disparo deve ser convenientemente acertado de forma a garantir que o varrimento começa sempre no mesmo ponto, resultando deste modo uma imagem clara do sinal a medir. Em conclusão para se utilizar o osciloscópio analógico precisamos de ajustar 3 controlos básicos: 1. A ampliação ou atenuação do sinal. Tal significa utilizar de forma apropriada o controlo da escala vertical (Volts/divisão) antes da aplicação do sinal. O procedimento normal é colocar esta na escala de maior atenuação e depois comutar para valor mais apropriado. 2. Utilizar a base de tempo apropriada. Deve-se utilizar o selector sec/divisão de forma a se ter a percepção do modo como o sinal varia no tempo, nomeadamente o seu período. Como elemento principal deste circuito tem-se o gerador de varrimento, cuja função é gerar uma rampa, em que a variação da tensão é proporcional ao tempo, durante o tempo de varrimento e em que o tempo de re-inicialização é muitíssimo inferior ao de varrimento. 20 Figura 6.8 Gerador de dente de serra Figura 6.9 Formas de onda de entrada e saída do gerador de varrimento As formas de onda do circuito encontram-se indicadas na figura 6.9 (imagens B e C). Sem aplicação de sinal de entrada , o transístor Q1 encontra-se polarizado próximo da saturação por R1. A tensão através de C1 é muito baixa (≈-2,5V) pois a maior parte da tensão cai sobre a resistência de carga R3. Nestas condições o transístor deve entrar ao corte, de modo a que C1 entre à carga. Para levar ao corte Q1 utiliza-se à entrada um sinal de onda rectangular, como o mostrado na figura 6.9. Uma vez que Q1 é um transístor pnp, deve-se aplicar uma tensão positiva para levar Q1 ao corte. Neste exemplo, consideramos o caso em que a onda rectangular está positiva durante um intervalo de tempo de 500 µs. Nestas condições, no instante T0 a tensão positiva aplicada à base de Q1 faz com este entre ao corte e C1 comece a carregar através de R3, com uma tensão efectiva de carga de 20 V. No instante T0 a tensão aos terminais de C1 é de -2,5V e no instante T1 o valor atingido é de -4,5V, pois deve-se ter em conta que: VC 1 = Vcc (1 − e − t / RC ) (6.1) onde Vcc=20 V e R=5 KΩ e C=1µF. Isto é, a percentagem de carga de C1 é de: %dec arg a = Ec max − Ec min 4,25 − 2,5 = = 10% 20 − 2,5 Vcc − Ec min Este valor permite uma variação entre T0 e T1 da tensão praticamente linear. Aumentando a constante de tempo RC faz com que cada vez seja menor a tensão a que C1 carrega no intervalo de tempo considerado, impedindo-o portanto de atingir a tensão máxima. Com menos carga no condensador e a mesma tensão aplicada, melhora-se a linearidade do circuito (em termos práticos RC deve ser dimensionado de forma a ser pelo menos uma ordem de grandeza superior a T1-T0. Diga porquê?). 21 No instante T1 termina o valor da tensão positiva aplicada à base e Q1 volta à condição de polarização directa. Um transístor que se encontre próximo da saturação significa que tem associado a si uma baixa resistência (tipicamente da ordem dos 0,1 kΩ). Nestas condições isso significa que C1 descarrega rapidamente entre o intervalo de tempo entre T1 e T2 (200µs), como se mostra na figura 6.9. De forma a optimizar todo este processo, faz-se com que a tensão de base seja mesmo ligeiramente negativa durante T2-T1, intervalo de tempo em que C1 regressa á sua condição inicial, pronta para receber o próximo impulso. V0' = V0 e − t r / RC (6.2) No caso presente V’0=-2,5 V , V0=-4,5 V e RC=100µs. Nestas condições tem-se que tr é da ordem dos 58,8 µs. 3. O trigger do osciloscópio. Usar o nível de disparo apropriado para estabilizar o sinal repetitivo (aparecer no mostrador de forma imóvel) ou sinais singulares. Para além disso, é necessário proceder-se ao ajuste do foco e da intensidade, de forma a se ter uma imagem nítida no mostrador. Figura 6.10 Amostragem de um sinal em que o trigger não é accionado de forma própria e outro em que o disparo é propriamente acertado. Problema 6.1 Suponha que o circuito mostrado na figura 6.8 é utilizado no circuito de varrimento horizontal de um osciloscópio. Suponha que Vcc=15V R3=500 kΩ e C1=0.5µF e que o trigger usado possui as seguintes especificações: T2-T1=5mseg e T1=25 mseg. Nestas condições determine: a) A tensão de carga aos terminais de C1; b) O tempo de descarga de C1 para a qual a tensão de reduz a -1. V. Resolução a)De acordo com a equação 6.1 tem-se que V0=-1,43 V. b) de acordo com a equação 6.2 e tendo em conta que a resistência de saturação de Q1 é de o,2 kΩ tem-se que tr=17,8 µs. 6.2.3 Constituintes de um Osciloscópio Digital Alguns dos sistemas electrónicos que compõem o osciloscópio digital são os mesmos que compões o osciloscópio analógico (ver figura 6.11), com sistemas adicionais que permitem fazer a amostragem e conversão digital dos dados de entrada e finalmente a apresentação do resultado final, na forma gráfica. 22 Quando se liga um osciloscópio digital a um circuito, o sistema vertical ajusta a amplitude do sinal, tal como no caso do osciloscópio analógico. Depois, o conversor ADC faz a amostragem do sinal, na sua forma discreta, convertendo esses pontos em valores digitais binários, designados de pontos de amostragem. O sistema horizontal de relógio determina quantas vezes o ADC toma uma amostra do sinal aplicado á entrada do osciloscópio. A razão a que o relógio “conta” designa-se de razão de amostragem e mede-se em amostras por segundo. Os pontos da amostragem do ADC são armazenados em memória como pontos da forma de onda. O ponto de uma dada forma de onda pode corresponder a mais do que uma amostragem de pontos. O registro destes pontos (designado de comprimento de registro) ao longo de um dado intervalo de tempo de relógio é que constitui a forma de onda. O sistema de trigger determina o começo e fim dos pontos a serem registrados. O mostrador recebe estes pontos depois de terem sido armazenados em memória. Dependendo agora das capacidades do tipo de osciloscópio que se use, a amostragem recolhida pode ser processada de modo a melhorar a qualidade do sinal mostrado no mostrador. Por exemplo, a existência de uma função de pré-disparo pode permitir visualizar acontecimentos antes do ponto de disparo. Figura 6.11 Diagrama de blocos de um osciloscópio digital 6.2.4 Métodos de Amostragem de sinal num osciloscópio digital O método de amostragem serve para “dizer” ao osciloscópio digital o modo como os pontos da amostra devem ser colectados. Para sinais de baixa frequência, um osciloscópio digital facilmente colecta mais do que os pontos necessários to construir com precisão uma dada 23 “imagem”. Contudo, para sinais muito rápidos, o osciloscópio pode não ser capaz de colectar o número suficiente de amostras. Neste caso o osciloscópio faz uma de duas coisas: 1. Colecta poucos pontos da amostra numa única passagem (amostragem em tempo real) e depois utiliza o método de interpolação para estimar a forma de onda; 2. Pode construir uma imagem da forma de onda pretendida, resultante de várias aquisições ao longo do tempo, desde que o sinal a medir seja periódico. Isto é, se repita ao longo do tempo, com a mesma forma. 6.2.4.1 Amostragem em tempo real com interpolação Os osciloscópios digitais utilizam a amostragem em tempo real como método de amostragem padrão. Figura 6.12a) Amostragem em tempo real Neste caso o osciloscópio colecta o maior número de amostras possível à medida que o sinal a medir ocorre (aparece). Para sinais de um único impulso ou transientes, deve-se sempre utilizar a amostragem em tempo real. Os osciloscópios digitais usam a interpolação para mostrar sinais que são tão rápidos que o osciloscópio só é capaz de colectar alguns pontos da amostra. Nestas condições, a interpolação “liga esses pontos” de acordo com uma dada função. Figura 6.12b) Interpolação sinusoidal e linear de uma função periódica sinusoidal. Na interpolação linear os pontos são simplesmente ligados entre si por segmentos de recta. Em interpolações sinusoidais, os pontos são ligados por funções curvas (ver figura 6.12). neste caso, para funções periódicas, este método de interpolação é bastante eficaz. 24 6.2.4.2 Amostragem em tempo equivalente Em alguns osciloscópios digitais é possível fazer uma amostragem em tempo equivalente, para capturar sinais repetitivos muito rápidos. Neste caso, por cada repetição, o sistema captura uma pequena porção da amostra, que tenta depois “adicioná-las” de acordo com a forma sequencial (normalmente, da esquerda para a direita) com que foram capturadas e armazenadas, de forma a reproduzir a forma de onda. Figura 6.13 Amostragem em tempo equivalente (comparar com Figura 6.12) 6.5 Monitores de Osciloscópios Os dois monitores mais comuns são o CRT (Cathode Ray Tube) e o LCD (Liquid Crystal Display). Os CRT constituem os mostradores tradicionais enquanto que os LCD correspondem a uma nova tecnologia em que os gastos de energia de funcionamento são muito inferiores ao do CRT, são mais compactos, ocupam menos espaço e são mais leves que os CRT. Figura 6.14 Visualização de dois monitores a LCD e CRT. Em termos de resolução os CRT são capazes de mostrar resoluções vídeo múltiplas, todas com a mesma qualidade, enquanto que os LCD possuem uma única resolução nativa, de elevado valor. Em termos de brilho, também o CRT é superior. Os LCD apresentam diferentes graduações de brilho (nits), tipicamente entre os 70 e 750 nits. Em termos de ângulo de visão, 25 o CRT pode ser visto a partir de um angulo de visão bastante alargado, enquanto o mesmo não acontece com o LCD. De lado, a imagem no LCD ou não se vê ou a sua cor aparece bastante distorcida. Em termos de emissão de radiação, os LCD não emitem radiação perigosa, ao contrário do que acontece com os CRT. Contudo, actualmente, o preço dos CRT ainda é cerca de uma factor de 4 mais barato que os LCD, o que faz com que ainda sejam utilizados em várias aplicações, tal como em osciloscópios laboratoriais ou de teste de instrumentação. 6.5.1 Tubo de Raios Catódicos (CRT) Os principais constituintes de um CRT são: • Tubo de vidro (envoltura) sob vácuo; • Conjunto da fonte emissora de electrões por emissão termo-iónica (canhão de electrões) e sua focagem ; • Conjunto de placas deflectoras, para controlo do posicionamento do feixe de electrões; • Ânodos de aceleração do feixe; • Mostrador fosforoso Na parte posterior do CRT existe o canhão de electrões, que produz um feixe de electrões controlado, que depois é colimado e focado, antes de atingir as placas deflectoras, que o deflectem de forma a que verticalmente possam varrer toda a dimensão do mostrador (normalmente de cima para baixo). Existem 3 tipos de canhões de electrões num monitor a cores que controlam respectivamente a amostragem da cores vermelha, verde e azul. A superfície do CRT é composta assim de forma a ter “pontos/pixels” colocados adjacentemente segundo um dado padrão, de forma a conter estas cores e as suas combinações. Na verdade existem sinais vídeo separados para cada cor, provenientes do circuito vídeo. Assim, ao variar-se a intensidade da cores vermelha, verde e azul, é possível através das diferentes combinações, reproduzir todas as cores do arco Íris. É importante notar superfície imagem do por que neste caso, a a CRT somente mantém uma pequena fracção de segundo antes de começar a esvair-se. Isto significa que o monitor tem de refazer a imagem muitas fezes por segundo, de forma a evitar ter-se no mostrador luz cintilante (flicker) à medida que a imagem começa a desmaiar (fade) e depois é renovada, dando lugar ao aparecimento de imagens fantasma. Este refazer da imagem é conhecido como o refrescar do mostrador. Figura 6.15 Corte de um monitor, mostrando o CRT. 26 Figure 6.15 a). Principais constituintes de um CRT 6.5.2 CRT Analógicos e Digitais Actualmente os monitores a cores são todos do tipo analógico, enquanto que os mais antigos são do tipo digital. Isto é, os sinais de cor são analógicos. Na verdade, nos circuitos mais antigos cada cor tinha somente um certo de níveis de cor possíveis (pre-set), baseados na lógica TTL. Este é o caso das cartas vídeo CCA e EGA e dos monitores que com elas trabalhavam. O sistema VGA já possui uma carta de controlo do tipo continua/analógica (o padrão consiste em 256 valores de cor diferentes para uma dada cor, num total de 16,7 milhões de cores diferentes que o mostrador num ponto pode amostrar!). Problema 6.2 Considere o esquema do CRT de um osciloscópio, que a seguir se apresenta. Sabendo que L=4 cm, a separação entre placas é de 0,5 cm, a distancia das placas ao mostrador é de 20 cm e que a tensão do primeiro ânodo é de 500V e que do segundo ânodo é de 1000V, determine o ângulo de abertura do TRC; a sensibilidade à deflexão, a aceleração e velocidade do feixe de electrões. Resolução A energia ganha pelos electrões depende directamente do potencial do segundo ânodo e deve satisfazer à relação: 1 / 2mv 2 = qV2 , onde v é a velocidade cinética dos electrões e q a carga. Por outro lado, a deflexão do feixe depende de Vd, o comprimento L das placas e da sua separação. Isto é, F=qE onde o campo eléctrico aplicado E é dado por: E=Vd/d. Por outro lado sabemos que F=ma, onde a é a aceleração e m a massa dos electrões. Como v=2ah e h=1/2at2, com t=L/v, tira-se que h=(L2Vd)/(4V2d). Como θ é dado por θ=arctg(2h/L), tem-se: 27 Vd R y θ d V2 L h=d/2 θ = arctg LVd , donde se tira que θ=63,4º. 2dV2 Como y/R=2h/L, tira-se que y=(RLVd)/(2V2d). Como a sensibilidade à flexão é dada por Vd/y, tem-se: Vd/y=12,5V/cm. A acelaração é de a=1,72×1016 m/s2. v=(aL2Vd/(2V2d))0,5, donde v=3,7×107 m/s. Problema 6.3 Suponha que a distância R das placas deflectoras ao mostrador (écran) de um osciloscópio é de 15 cm, que o comprimento das placas L é de 2 cm e a distância, d entre elas é de 1cm. Se a tensão no segundo ânodo, V2 for de 500 V, qual é a sensibilidade à deflexão do aparelho. Sabendo que o osciloscópio responde a sinais desde a corrente continua até 10 MHz, qual é o tempo de resposta mais rápido que lhe está associado? Resolução Sabendo-se que V d 2V2 d , obtém-se Vd/y=33,2 V/cm. Sabendo-se que t r = BW = 0,35 , = y RL obtém-se tr=35 ns. 6.6 Constituintes e funcionalidades do Osciloscópio Como elementos principais das funções de um osciloscópio destacam-se: a) Atenuador é dispositivo que serve para reduzir a amplitude do sinal de entrada ou saída. Trata-se de um circuito eléctrico colocado entre o terminal de entrada e a entrada do amplificador vertical e tem por função reduzir a intensidade do sinal aplicado. Tipicamente, o circuito atenuador correlaciona a tensão de entrada com a saída de um circuito passivo tal que F.A.=K=(V0/Vi)-1, onde a saída do circuito atenuador possui uma dada resistência R, fracção da resistência total RT ligada em série com a tensão de entrada. b) Largura de banda, faixa de frequências para a qual o osciloscópio responde sem alterar a forma do sinal aplicado. Na verdade, à medida que a frequência do sinal aumenta a capacidade que o osciloscópio tem de medir com precisão diminui. Por convenção a largura de banda diz-nos a frequência a partir da qual o sinal mostrado se reduz a 70,7% (ponto a -3dB, em escala logarítmica)) da amplitude o sinal aplicado O tempo de subida de um 28 sinal aplicado a um osciloscópio está também associado alargura de banda (BW) através da relação: t r × BW = 0,35 . Por exemplo, um osciloscópio que tenha uma largura de banda de 10MHzo tempo de subida de um sinal qualquer aplicado a este é de cerca de 35 ns. c) Colimador, circuito que serve para obrigar o feixe de electrões a seguirem percursos lineares e paralelos. d) Sensibilidade de deflexão, corresponde à tensão mínima requerida para provocar a deflexão equivalente a uma divisão da escala do osciloscópio. Tipicamente, o menor valor é de 2mV/divisão. e) Atraso de varrimento, circuito que serve para provocar um atraso no feixe através do CRT de uma quantidade pré-determinada, após o “disparo” do varrimento. f) Reticulado, é a escala graduada, horizontal e vertical, que encontra na face do CRT. g) Figura de Lissajous, correspondem a padrões de onda que se formam quando se aplicam sinais periódicos às placas deflectoras (horizontal e vertical) do osciloscópio, com frequências iguais ou que são múltiplos inteiros ou meios inteiros um do outro. h) Sensibilidade, corresponde à razão entre a amplitude do sinal de entrada e a deflexão que este sofre, servindo para determinar o factor de escala (ampliação ou de atenuação). A este componente está associado a precisão do ganho do circuito. i) Razão de amostragem num osciloscópio digital indica quantas amostras por segundo o ADC pode adquirir. As razões máximas de amostragem são normalmente dadas em megaamostras por segundo (MS/s). A mínima razão de amostragem é também importante, quando se pretende visualizar sinais muito lentos (muito baixa frequência). Normalmente a razão de amostragem varia ao mudar-se a base de tempo (segundos/divisão). j) Resolução ADC (ou resolução vertical) em bits, de um osciloscópio digital, indica a precisão com que o sinal de entrada é convertido na forma digital. k) Comprimento de registro de um osciloscópio digital indica quantos pontos da forma de onda a analisar o osciloscópio é capaz de adquirir por registro. O comprimento máximo de registro depende da quantidade de memória do osciloscópio. Em termos de funcionamento, deve-se ter em conta que ao ligar-se um dado sinal ao um osciloscópio a primeira coisa a fazer-se é seleccionar-se a base de tempo conveniente para amostragem do número de ciclos conveniente no CRT, bem como ajustar a escala de ganho/atenuação vertical, de modo a que o sinal tenha a amplitude desejada. Nestas condições, e se o osciloscópio se encontrar no modo de funcionamento livre, o passo seguinte consiste na sua sincronização (aparecimento de um sinal estável e único no mostrador), o que se faz por ajuste da frequência do sinal do gerador e por ajuste do controlo variável de varrimento, até que se obtenha uma imagem sincronizada. 29 Figura 6.15 b) Imagem não sincronizada de um sinal no mostrador de um osciloscópio Figura 6.15 c) Entrada y e varrimento x, sincronizados de um sinal num osciloscópio A solução mais satisfatória de sincronização é com o recurso ao modo “trigger”. Neste modo, a base de tempo espera para recomeçar a rampa até que o sinal de entrada ultrapasse um dado valor de tensão preestabelecido. Desde que esta condição se mantenha, o sinal visualizado é único e síncrono com o sinal de disparo do trigger. Os procedimentos a ter pelo operador ao utilizar o modo trigger são os seguintes: (a) colocar o botão “sweep” na posição “NORM”. Ou rode o botão de estabilidade em direcção contrária aos ponteiros de relógio até cerca de metade da faixa de variação desse potenciómetro; (b9 Coloque o selector “trigger” na posição interna e active o botão “trigger” do canal onde se pretende o disparo. Ajuste o nível de disparo deste de modo a estabilizar o sinal mostrado. Varie a amplitude do gerador e verifique como o sinal varia no mostrador. Para se medir a amplitude e frequência do sinal, os botões de controlo da base de tempo e do ganho vertical devem de estar na posição “CAL” (calibrado). Na utilização do osciloscópio deve tomar as seguintes precauções: 30 • Não permita que o traço a mostrar no mostrador seja um ponto (CRT). Tal poderá vir a danificar a película de fósforo; • • Não meça sem protecção tensões elevadas (superiores a 50 V), nomeadamente ac; Todos os sinais de entrada e saída devem ser referenciados a uma massa real, referência a que também se devem encontrar ligados o chassis do osciloscópio (que engloba todas as componentes metálicas deste) e a massa de toda a rede ac a que o osciloscópio se encontra ligado. • As blindagens de todos os cabos BNC devem estar interligadas entre si, sendo o sinal de entrada aplicado entre esta e o eléctrodo central do cabo BNC. Assim sendo, nunca aplique o vivo (sinal) entre as blindagens! Tal corresponde a efectuar um curto-circuito! Problema 6.4 Considere a montagem do circuito atenuador que se mostra. Determine o factor de atenuação para cada uma das posições do comutador. Sabendo que a sensibilidade do osciloscópio é de 5mV/divisão, qual o valor da tensão máxima que é possível aplicar à entrada do osciloscópio? Resolução. Vo corresponde à tensão efectiva de entrada do amplificador operacional, função da posição do comutador. Isto é, Vo/Vi=R/RT, onde RT=90+9+0,9+0,09+0,01=100KΩ. Assim, para a posição A (menor resistência maior factor de atenuação) tem-se: Vo/Vi=0,01/100=10-4. Donde F.A.=104. Como a sensibilidade do osciloscópio é de 5mV/divisão, então, para a posição A tem-se 104×5.10-3=50 V/divisão. Como o número máximo de divisões na vertical é de 8, e sendo o sinal periódico, 90KΩ isso significa que a tensão máxima de pico capaz de ser lida directamente pelo 9KΩ osciloscópio é de 200V. Para a posição B tem-se que F.A.=100/0,1=103, donde a escala seria de 5V/div. Na posição C, D e E Vi C 0,9KΩ B E S Ri Vo V 0,09KΩ ter-se-ia para FA respectivamente os valores de 100 (500mV/div), 10 (50mV/div.) e 1 D A 10Ω (5mV/div.). 31 Quando os sinais a medir no osciloscópio são alternos, devese ter em conta a componente reactiva associada à impedância de entrada do amplificador vertical, normalmente dependente das capacidades parasitas e distribuídas. Neste caso tem-se que F.A.=K=(V0/Vi)-1=(Z2/(Z2+Z1). Caso os valores das capacidades não estejam R1 Vi correctamente correlacionados com os valores da resistência, então o sinal a C1 R2 C2 Vo aplicar à entrada do amplificador operacional não terá o mesmo valor, para todas as frequências. Para se evitar que haja variação do factor de atenuação, R2 e C2 devem obedecer ao seguinte critério: R2 = R1 e K −1 C 2 = C1 ( K − 1). (6.3a) (6.3b) Isto é, a resistência R1 a adicionar é maximizada enquanto que a capacidade C1 a adicionar deve ser minimizada. Estas são também as condições a observar por pontas de prova, em que se o valor de C1 for muito pequeno, o sinal de saída correspondente à entrada de uma onda quadrada aparece com a subida “encurvada” (“undershoot”), enquanto que se C2 for muito grande dá-se o “overshoot”. Problema 6.5 Compare a saída de tensão do circuito atenuador que se mostra na figura, sabendo que R1=900KΩ, C1=5pF, R2=100 kΩ e C2=10 pF e a frequência do sinal de entrada é de 10 MHz. Resolução Z2 corresponde à associação em paralelo de R2 com a reactância X2=1/ωC2, devida ao condensador C2, enquanto que Z1 é a associação em paralelo de R1 com a reactância X1 devida a C1. No caso de se desprezar a influência das capacidades ter-se-ia que V0/VI=R2/(R2+R1)=0,1. No caso de se considerar a influência das capacidades, tem-se que X2=1592 Ω e X1=3184Ω. Do paralelo de R2 com X2 tira-se que Z2≈1592 Ω. Similarmente tem-se que Z1≈3184Ω. Nestas condições tem-se que Vo/Vi=0,33. 6.7 Formas de onda e termos de medida A forma de onda de um dado sinal, dá-nos informação muito importante sobre este. Assim, todas as vezes que se detecte uma variação na “altura” do sinal, tal significa que a tensão variou, enquanto que variações “no comprimento” em que o sinal se repete ao longo do eixo horizontal, isso significa que a frequência do sinal se alterou. Sempre que se tenha uma forma de onda em que durante um certo intervalo de tempo se obtém uma linha recta, tal significa que a tensão não se alterou durante esse lapso de tempo. 32 Figura 6.16a) Formas de onda comuns Figura 6.16b) Possíveis fontes de formas de onda. Formas de onda com linhas rectas diagonais significam uma variação linear (subida ou descida) da tensão, a uma razão constante. Ângulos abruptos numa forma de onda significa que a forma de onda foi de repente alterada. Na figura 6. 16a) mostramos algumas formas de onda e na figura 6.16b) algumas das possíveis fontes que as originam. 6.7.1 Medidas de formas de onda com um Osciloscópio O osciloscópio permite-nos, para além da leitura da amplitude do sinal, determinar-se outros parâmetros, tais como a frequência e o período do sinal e o desfasamento entre dois sinais. a) Frequência e Período Qualquer sinal que se repita (sinal periódico) no tempo, com as mesmas características, tem uma dada frequência, que é medida em Hertz (Hz). A frequência corresponde ao inverso do período, definido como o intervalo de tempo que medeia entre a repetição (ciclo) de um dado ponto do sinal (ver figura 6.17a)). Figura 6.17a) Frequência e período de um sinal 33 b) Tensão Tensão é a quantidade do potencial eléctrico (uma espécie de medida da intensidade do sinal) entre dois pontos num circuito. Normalmente um desses pontos está ligada à massa (0 Volts). No caso do exemplo da figura 6.17, a amplitude do sinal é de 1V e o valor da tensão pico a pico é de 2 V. c) Fase e deslocamento de fase A fase explica-se melhor se se observar uma onda sinusoidal. Nesta função, um ciclo da onda corresponde a um ponto ter “rodado” de 360º. Se fizermos essa equiparação, facilmente constatamos que o angulo de fase β=360T/t (2πT/t), onde T é o período. O deslocamento de fase descreve a diferença em tempo entre dois sinais que possuem a mesma frequência. Por exemplo, a desfasagem entre a corrente e tensão aplicada a uma dada carga reactiva pura, em que a desfasagem é de ¼ de onda, ou seja 90º (π/4). Figura 6.17b) Amostragem do angulo de fase a e desfasagem entre dois sinais alternos sinusoidais. 6.7.2 Massa de um Osciloscópio É importante garantir-se uma boa ligação do osciloscópio à massa, quando se realizam medias ou se testam circuitos. Tal protege o operador de eventuais choques eléctricos (importante quando se pretende analisar tensões elevadas) e ao curto circuitar-se também o operador, protege-se os circuitos que se estão a analisar. A ligação à massa (ponto de muito baixa resistência) faz com que as correntes resultantes de uma má ligação sejam dirigidas à massa e não à “resistência” (corpo) do operador. A ligação à massa do osciloscópio significa liga-lo electricamente a um ponto de referência neutra, de forma directa, evitando-se sempre a formação de “ground loops”. Se se estiver a trabalhar com circuitos integrados (IC), +é importante que o operador também se ligue à terra, usando para o efeito uma cinta similar à que se indica na figura. Os IC têm percursos de condução muito delicados que podem ser danificados por cargas eléctricas estáticas que se acumulam no corpo humano. 34 Pode-se danificar um IC ao tocar-se depois de termos por exemplo tirado uma blusa carpete ou antes (actos/acções acumulação caminhado de se que de numa lhe tocar levam cargas à eléctricas estáticas, pior de se escoarem se o operador utilizar sapatos de borracha). Figura 6.18 Sistema típico de ligação do operador à massa através de uma pulseira ou calçadeira 6.7.3 Figuras de Lissajous O osciloscópio pode ser utilizado no modo X-Y (aplicação de sinais de entrada pelos dois amplificadores, vertical e horizontal) para determinar a frequência de um sinal. Tal consegue-se através das chamadas figuras de Lissajous. As formas de onda a ligar a cada um dos canais é da forma: x(t ) = A cos(ω x t − δ x ) (6.4) e y (t ) = B cos(ω y t − δ y ) (6.5) Figura 6.19 Curvas de Lissajous resultante das equações paramétricas cartesianas x = a sin(nt + c), y = b sin(t) Figura 6.20 Diferentes formas das figures de Lissajous com a mesma frequência 35 Assim, se os sinais tiverem a mesma amplitude e a mesma frequência (razão de 1:1), a figura obtida é uma recta com inclinação a +45º, se os sinais estiverem em fase, um circulo se estiverem 90º desfasados e uma recta a –45º, se os sinais estiverem desfasados de 180º. De a desfasagem entre sinais for de 45º, a figura obtida é uma elipse, com o eixo maior situado sobre a recta a 45º. Se a razão entre as frequências for de 2:1a figura que se obtém é um oito (um nódulo e dois pólos) na vertical ou um oito deitado se a razão for de 1:2. O número máximo de pólos e nódos capaz de discernir é até ao limite de proporcionalidade de 10:1. Contudo, quando a razão de frequências é superior a 5, prefere-se utilizar as entradas Y e Z do osciloscópio. Neste caso o padrão que se tem é de um anel com tantos tracejados quanto o valor inteiro da razão entre frequências. Figura 6.21 Formas de figures de Lissajous de sinais com diferentes frequências Problema 6.6 Considere que utilizou as figuras de Lissajous para determinar a relação de fase entre dois sinais. Sabendo que a forma de onda que obtém é de uma elipse orientada segundo o primeiro e o terceiro quadrantes, em que as distancias de intercepção dos eixos verticais, são Y1= 1,8 cm, Y2=-2,3 cm, qual é o respectivo ângulo de fase? Resolução Sabendo que sinθ=|Y1/Y2|, obtém-se sinθ=0,783, donde se tira que θ=51,1º. 6.8 Pontas de Prova A ponta de prova de um osciloscópio é um conector de elevada qualidade, cuidadosamente projecta para analisar sinais de rádio frequência ou o ruído gerado na linha de ligação, sem influenciar o comportamento do sinal a medir. Contudo, algumas vezes a ponta de prova pode inter-actuar de uma forma não intencional com o sinal a medir (circuito de carga). De forma a minimizar o circuito de carga, a ponta de prova normalmente vem equipa com um atenuador passivo de 10 ou mais vezes, função do tipo de ponta de prova utilizada e do sinal a analisar. 36 a) Pontas de prova passivas As pontas de prova passivas têm um circuito atenuador constituído por componentes passivos, podendo atenuar o sinal de dez a cem vezes. O efeito de carga faz normalmente sentir-se para sinais de frequência superior a 5 kHz. O efeito da ponta de prova é que ao atenuar o sinal e todos os componentes parasitas associados, melhora a precisão da leitura. Figura 6.22 : Ponta de prova típica, equipada com um atenuador de 10:1. Figura 6. 23: Acessórios típicos de uma ponta de prova de um osciloscópio. Contudo, devemos ter em conta que face ao valor mínimo de leitura no osciloscópio, a ponta atenuadora de dez vezes não permite a leitura de sinais de amplitude inferior a 10 mV. Neste caso, deve-se utilizar uma ponta atenuadora 1:1, com o intuito simples de tirar proveito do circuito filtro associado. Antes de se utilizar uma ponta de prova passiva, precisamos de a compensar, de forma a balancear as sua propriedades às características da impedância de entrada de um dado osciloscópio ,)evitar os fenómenos de overshoot e undershoot). Na figura que se mostra-se o que pode acontecer se a ponta de prova não estiver convenientemente compensada e ajustada. 37 Figura 6.24: Efeitos de uma compensação imprópria da ponta de prova. b) Pontas de prova activas As pontas de prova activas permitem amplificar o sinal ou actuar sobre este, antes de ser aplicado ao osciloscópio. Estas pontas requerem uma fonte de alimentação própria e permitem analisar sinais de muito baixa intensidade. c) Utilização de pontas de prova para correntes. As pontas de prova de corrente (dc ou ac) permitem observar e medir directamente sinais de corrente, o que não possível por ligação directa a um osciloscópio (somente mede sinais de tensão). 38