Entrevista com Dimas de Oliveira da Oracle sobre TV Digital

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entrevista_
dimas de oliveira
Entrevista com
Dimas de
Oliveira da
Oracle sobre
TV Digital
Por Eduardo Guerra
A
o definir o padrão de TV Digital brasileiro em
abril de 2009, o governo e as instituições do setor lideradas pelo SBTVD Fórum definiram o padrão
DTVi para o middleware, que é composto pela tecnologia Java somada à NCL/LUA. Essa decisão tornou a TV Digital brasileira interativa, abrindo espaço para que se estabeleça um relacionamento direto
entre emissoras e retransmissoras de televisão, assim como anunciantes públicos e privados, com a
sociedade e o mercado consumidor. A interatividade
ganha um grande impulso pela utilização da linguagem Java. Sua ampla utilização no mundo permitiu
que se tenha hoje um universo de mais de 130 mil
desenvolvedores no Brasil, capacitados a atender
às demandas de emissoras e retransmissoras de TV,
produtoras de conteúdo e anunciantes, entre outros.
Esses desenvolvedores podem criar os mais diversos aplicativos interativos, seja para transmissão
de conhecimento, conscientização, educação, cultura, lazer, comércio etc. Para isso, os fabricantes
de equipamentos de televisão e de settop-box têm
apenas de incluir em seus produtos o middleware
interativo DTVi, que roda em máquina virtual Java
– Oracle JVM, cujo padrão de qualidade se diferencia
pela flexibilidade, robustez, certificação e padroni-
/ 28
zação, garantindo a continuidade da oferta e que o
mercado não sofra fragmentação.
Agora, em função de uma parceria da Oracle com
a TQTVD, os desenvolvedores já contam com ferramenta de desenvolvimento: o AstroBox, totalmente baseada no padrão de TV Digital brasileira para
facilitar seu trabalho. Essa ferramenta é oferecida
associada à máquina virtual Oracle – Oracle JVM – e
abre muitas possibilidades de criação de aplicativos
para relacionamento com o público. Com isso, os telespectadores do modelo digital terão acesso às mais
variadas opções de aplicativos interativos, o que
torna a TV um canal de relacionamento mais ativo.
A utilização de Java como linguagem é um grande
trunfo, pois ela é robusta, global e portável, totalmente baseada em padrões definidos pelo Java Community Process (JCP), e traz mais qualidade e riqueza
aos aplicativos, além de ampliar de modo considerável a possibilidade de disseminação de aplicativos e
conteúdos para diferentes dispositivos e países.
O padrão DTVi/Java, com o recente lançamento do Astrobox da TQTVD (parceira Oracle), que é
distribuído gratuitamente, pode contribuir ainda
para a ampliação do mercado de trabalho para os
desenvolvedores de software. Isto porque eles pode-
Dimas de Oliveira está na Oracle há um ano e é consultor sênior
de Vendas da Oracle do Brasil. Com mais de 20 anos de experiência em Tecnologia da Informação e especialização em Java pela
Sun Microsystems, o executivo se especializou nos últimos sete anos
na camada de infraestrutura necessária para execução das aplicações em Java, ou seja, Java Virtual Machine (JVM) e outras camadas para dispositivos móveis e TV Digital (DTVi), como RTSJ (Java
Real Time), JME, CDC e CLDC. Antes de ingressar na Oracle, Dimas
atuou na Sun Microsystems Oracle durante mais de dez anos como
especialista em sistemas operacionais e de hardware. Anteriormente, trabalhou também na Parmalat Brasil, V&M Consultoria, HP e
IBM/Ivix como consultor de sistemas operacionais. É formado em
Processamento de Dados no Centro Universitário Unifieo.
A interatividade na TV Digital é conhecida como o selo DTVi
“É importante compreender (i de interatividade) e dentro do
dispositivo que contém este selo
que o grande apelo da TV
Digital é a interatividade com está sendo utilizada a tecnologia
Java, além de outras. A aplicação
o que está sendo transmitido. final (ou solução) está tão integrada com o conteúdo que está
Atualmente existem
MundoJ – O que um
sendo transmitido, que muitas
algumas ferramentas
desenvolvedor Java prevezes isso acontece quase em
cisaria para começar a
de desenvolvimento de
tempo real com o áudio/vídeo,
bem diferente das mídias que esdesenvolver para TV Diaplicações criadas por
gital? Onde começar a universidades e por iniciativa tamos acostumados a usar: youtube ou aplicações proprietárias
estudar? Que ferramenprivada.”
que estão presentes em alguns
tas eu preciso?
dispositivos.
Dimas de Oliveira – É importante
Lista de discussões e grupos
compreender que TV Digital não é um dispositivo de usuários são importantes para fornecer um local
móvel ou desktop com uma tela maior, o grande ape- comum de troca de experiência, visto que é novidade
lo da TV Digital é a interatividade com o que está para todo mundo:
sendo transmitido – uma novela, um noticiário ou
»» [email protected]
uma campanha de marketing, por exemplo. Atual»» http://blog.globalcode.com.br/search/label/
mente existem algumas ferramentas de desenvolviTV%20Digital
mento de aplicações criadas por universidades e por
»» http://soujava.org.br
iniciativa privada.
Durante o evento JavaOne, que aconteceu em
rão desenvolver aplicativos com
funções variadas para atender às
emissoras de televisão e às empresas interessadas em interagir
com as mais variadas camadas da
população brasileira.
29 \
São Paulo em dezembro de 2011, a Oracle apresentou
um laboratório em conjunto com a Totvs, no qual os
desenvolvedores tiveram a oportunidade de interagir
com o SDK e publicar em um play-out para testar.
O material que a Oracle disponibiliza diz respeito às tecnologias envolvidas (JavaME + CDC + PBP +
JavaTV + JMF + LWUIT). Para material sobre Ginga-J,
que é uma tecnologia criada com auxílio do Fórum
SBTVD e Universidades, é preciso contatar essas entidades.
MundoJ– Que tipos de
ferramentas o AstroBox
traz para facilitar a vida
do desenvolvedor?
Dimas de Oliveira – Um emulador da pilha completa (lembre-se
DTVi possui Java, NCL e LUA) e
acima de tudo um ambiente integrado e estável com a interface
já conhecida pelo desenvolvedor,
possibilitando a criação de aplicativos mais completos ou até
mesmo de interface simples e
rápida.
(imagine a TV na sala). Por exemplo, updates de twitter na sua TV para toda a sua família pode não ser
uma boa ideia certo?
Para um desenvolvedor Java, a curva de aprendizagem não chega a 8%, novos conceitos e chamadas de APIs de algumas universidades estão sendo
organizados e conteúdos criados (http://javanoroeste.com.br/javanoroeste/novo/gingaj.html). Porém,
tecnicamente, pense bem em quais aplicativos podem ser realmente úteis (que tal uma roteirização
de ônibus saindo de um CEP e chegando em outro?).
Lembre-se que DTVi é extremamente democrática e todas as
pessoas, independentemente de
“A DTVi tem um novo
classes sociais e idade, poderão
conteúdo de vocabulário,
usar o aplicativo e o melhor, ela
funcionará com qualquer marca
bem diferente do qual
de dispositivo, basta ter o selo
o desenvolvedor está
DTVi.
acostumado; palavras como:
carrossel, play-out, canalde-retorno e outras devem
tornar-se o dia-a-dia para os
que desejam ingressar em
este novo universo. “
MundoJ – A TV Digital interativa abre portas para diversas possibilidades, porém já
existe algum case usando a tecnologia desenvolvida e em produção?
MundoJ – O desenvolE em desenvolvimento? Poderia citar
vimento para TV Digital se parece mais
algumas empresas de TV e de desencom desenvolvimento para desktop ou
volvimento de software que já invespara celulares? Por quê?
Dimas de Oliveira – Nenhum deles. A DTVi tem um tem nessa tecnologia?
novo conteúdo de vocabulário, bem diferente do qual
o desenvolvedor está acostumado; palavras como:
carrossel, play-out, canal-de-retorno e outras devem
tornar-se o dia-a-dia para os que desejam ingressar
em este novo universo. Assim como “persistência”,
“connection-pool” eram novos jargões em 2000, o
DTVi vem com muitas novidades, para todas as partes, não somente Java, lembre-se: TV Digital é um
novo nicho de mercado, cuidado com discursos como
“É simples... é só fazer aqui e ali...”. É muito importante conhecer os jargões do mundo da TV Digital.
Entre os SDKs, o mais conhecido é o AstroBox
(que pode ser verificado no site (https://www.astrodevnet.com/AstroDevNet/formulario_cadastro.
html), que é um excelente começo.
Pense na DTVi como um mercado novo, totalmente desvinculado de dispositivos móveis, desktop
ou até mesmo de “TVs inteligentes”, pois sua solução
será vista por mais de uma pessoa ao mesmo tempo
/ 30
Dimas de Oliveira – Sim, existem broadcasters (outra palavra do jargão de DTVi – Significa Canais de
TV) que transmitem aplicações 24 horas em vários
programas, noticiários, novelas, esportes.
Em desenvolvimento interno das broadcasters e
também empresas de advertising, afinal todo mundo
sonha em interagir com a propaganda na TV e o DTVi
vai facilitar e abrir um novo mundo (e oportunidades). Agora DTVi (Ginga) é mandatório, ou seja, até a
COPA DO MUNDO muitos dispositivos já estarão com
ambiente totalmente funcional.
MundoJ – Qualquer receptor de TV
Digital no mercado é capaz de rodar
Java? O que precisa para um aparelho
suportar Java? Existem muitos no mercado? Quais?
Dimas de Oliveira – Hoje, as grandes marcas de re-
ceptores de DTV já possuem o middleware e como dos específicos de Ginga-J. Um ótimo exemplo é este:
DTVi é uma norma aprovada, todos os fabricantes http://javanoroeste.com.br/javanoroeste/novo/ginimplementarão sua versão em seus dispositivos. Já gaj.html
existem muitos no mercado de TVs de 26 polegadas.
Lembra o que aconteceu com os telefones celulares
que não tinham câmera? Então, assim como hoje não MundoJ – Como desenvolvedor, o que
existe mais celulares sem câmera (por mais simples
eu preciso para testar meus aplicativos
que sejam), o mesmo já está acontecendo com a DTVi
em um aparelho de TV real? Como faço
em aparelhos de TV e settop-boxes.
esse tipo de deploy?
MundoJ – Existe alguma perspectiva de popularização desses receptores com suporte a Java?
Quantos já estão por aí?
Dimas de Oliveira – Não existe
receptor de DTVi sem Java, visto
que Java (Ginga-J) está no padrão
de TV Digital do País. A popularização será proporcional ao uso
de TVs no País, visto que até 2014
todas as TVs terão interatividade.
Não possuo o número oficial de
TVs ou dispositivos com DTVi no
País.
Dimas de Oliveira – Existem “settop-boxes” de
desenvolvimento, nos quais é
possível desenvolver a aplicações/soluções próximas do ambiente de execução real. GeralO Brasil tem um potencial
de penetração de TV muito mente os fornecedores de SDK
(ambiente de desenvolvimento)
alto, pois ela é do tipo FTA têm acordos com fabricantes de
(Free to Air), no qual não é dispositivos para testar as aplialém de um emulador
necessário pagar assinatura cações,
no próprio ambiente.
para ter conteúdo em alta
definição de imagem e som,
adicione a oportunidade de
muitos acessarem conteúdos
inéditos (estão sendo
televisionados pela primeira
vez) e junto com este
conteúdo: aplicações.
MundoJ – Em sua
opinião, vale a pena
empresas de desenvolvimento de software
focarem nesse mercado? Vale a pena os desenvolvedores investirem em conhecimento
para criar esse tipo de
MundoJ – Como uma
aplicação sai da emissora de TV para rodar dentro da minha TV? Como
isso funciona? É algo parecido com um aplicação?
Dimas de Oliveira – O Brasil tem um potencial de
applet?
Dimas de Oliveira – Ela será transmitida em conjunto com a imagem/som, você não precisa de rede (fixa
ou sem fio) para receber as aplicações. Seu ambiente
de execução lembra uma applet, porém o ambiente
conversa com o Ginga-Bridge no qual os recursos/
streams ficam sob a responsabilidade desta bridge,
assim a aplicação não deve “escrever/ler” diretamente do recurso e sim “perguntar” à Bridge, se é possível
utilizá-lo.
Vale lembrar que o ambiente Ginga (agora chamado de DTVi) é composto de duas linguagens JAVA
e Ncl/Lua, ambas possuem características únicas que
fazem o nosso sistema o mais avançado do mundo.
O desenvolvedor tem livre escolha de linguagem, garantindo a democratização da tecnologia em TV Digital.
As universidades estão desenvolvendo conteú-
penetração de TV muito alto, pois ela é do tipo FTA
(Free to Air), no qual não é necessário pagar assinatura para ter conteúdo em alta definição de imagem
e som, adicione a oportunidade de muitos acessarem
conteúdos inéditos (estão sendo televisionados pela
primeira vez) e junto com este conteúdo: aplicações.
Como o nível de interatividade é único (inédito para
quem assisti), os consumidores estarão cada vez mais
atentos ao que será transmitido e o desejo de interagir e comentar socialmente será exponencial.
Resumindo, uma oportunidade única na mídia
que permeia todas as classes sociais a um baixo custo (ou zero) e tem uma abrangência que pode variar
localmente: jornais locais, campanhas de marketing
locais e outras. Sem dúvida, um mercado que deve ser
explorado localmente antes de aporte internacional
de outras empresas de software.
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