capitulo 1 - RSA - Biotecnologia Agrícola

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA
CENTRO DE CIÊNCIAS RURAIS
ENGENHARIA FLORESTAL
CENTRO TECNOLOGICO DE SILVICULTURA
CEPEF/FATEC
RELATÓRIO DE PESQUISAS
PESQUISADORES:
PROF Dr. JUAREZ MARTINS HOPPE
PROF Dr. MAURO VALDIR SCHUMACHER
ACAD. FRANCO FREITAS QUEVEDO
ACAD.RODRIGO THOMAS
ACAD.GUILHERME IVANOV
ACAD.TANIA DIAS
ACAD.JUAREZ PEDROSO FILHO
SANTA MARIA, FEVEREIRO DE 2005
2
ÍNDICE
CAPA
AGRADECIMENTO
INTRODUÇÃO
CAPITULO 1
USO DO BACSOL E ORGASOL COMO ENRAIZANTES NA PRODUÇÃO DE
MUDAS DE PLATANUS X ACERIFOLIA.
Introdução
6
Revisão de literatura
7
Importâcia das bactérias
12
Material e métodos
15
Resultados e discussões
19
Conclusão
19
Bibliografia
CAPITULO 2
UTILIZAÇÃO DE BACSOL E ORGASOL NA PRODUÇÃO DE MUDAS DE
Platanus x acerifolia
Introdução
22
Material e Métodos
25
Resultados e Discussão
27
Conclusão
33
Referências Bibliográficas
34
CAPÍTULO 3
USO DO BACSOL NA PRODUÇÃO DE MUDAS DE FUMO Nicotiana tabacum
Introdução
36
Material e Métodos
40
Resultados e Discussão
42
Conclusão
47
Referências Bibliográficas
48
3
CAPÍTULO 4
USO DO BACSOL NA DECOMPOSIÇÃO DE RESÍDUOS DA INDUSTRIA
FUMAGEIRA(BARBANTE)
Introdução
49
Material e Métodos
50
Resultados e Discussão
58
Conclusão
63
Referências Bibliográficas
63
CAPÍTULO 5
USO DO BACSOL NA PRODUÇÃO DE MUDAS DE ERVA – MATE
Ilex paraguariensis.
Introdução
66
Material e Métodos
72
Resultados e Discussão
73
Conclusão
76
Referências Bibliográficas
77
4
AGRADECIMENTOS
"Durante o século XX, aceitou-se definitivamente a relação de
dependência mútua entre o homem e a floresta. A combinação do avanço
tecnológico com a explosão demográfica demonstrou que a antiga filosofia de
destruição não tem futuro.
Passou-se a reconhecer que a floresta é um importante recurso renovável:
uma fonte perpétua de benefícios, se for bem protegida, e extremamente frágil,
se for maltratada.O moderno silvicultor não é mais um mero espectador com
um machado nas mãos esperando que as árvores cresçam. Há milhares de
anos, o homem selecionou e aperfeiçoou seus alimentos, desenvolvendo plantas
cada vez melhores e mais resistentes. Hoje, pode instalar plantações de árvores
com modernas tecnologias, ultrapassando continuamente os
índices
de
produtividade. "A FLORESTA E O HOMEM. PG22
O progresso sem duvida alguma só acontece porque ele passa pela cabeça
de pessoas que nele acreditem, sendo assim o incentivo a pesquisas, sendo
instruidas por centro de estudos como a UFSM, são o começo de um futuro
progresso nas novas tecnologias.
Empreendedorismo só tem quem tem visão de futuro, assim agradecemos
o incentivo a pesquisa que recebemos das empresas RSA e JFC as quais
proporcionaram o suporte necessário para realização desse trabalho, fica aqui o
agradecimento sincero dos pesquisadores, e alunos que dele participaram.
5
INTRODUÇÃO:
O Brasil sempre caracterizou-se por ser um País dotado de grandes riquezas naturais,
tanto mineral como vegetal, por isso o extrativismo sempre foi um bom negócio para os
exploradores. Assim desde o inicio de sua colonização e, até os tempos atuais são retirados
de nosso país ouro, prata, ferro, pedras preciosas e madeira entre outros.
No campo vegetal, o mais conhecido produto que sofreu grande exploração foi, sem
dúvida alguma, nossa árvore símbolo, o Pau-Brasil (Caesalpinia echinata) espécie de grande
dispersão pelo centro-norte brasileiro no período colonial.
Um exemplo real é o caso do açoita-cavalo (Luehea divaricata Mart. et Zucc.), que
forneceu, por longo período,
madeira de boa
qualidade para a Indústria Moveleira,
especialmente para fabricação de móveis vergados e, atualmente no Rio Grande do Sul, são
raros os exemplares em condições de desdobro, embora seja satisfatória a regeneração natural,
especialmente na bacia do Rio Camaquã, RS.
A alternativa técnica e econômica encontrada para substituir o açoita-cavalo (Luehea
divaricata), surge com o plátano, (Platanus x acerifolia), o qual após os estudos tecnológicos,
apresentou qualidades excelentes para a fabricação de móveis e muitas outras utilidades,
garantindo também a qualidade do produto final.
Assim o uso de novas técnologias para melhorar as qualidades de mudas e produção
tecnologica silvicultural passa por um forte investimento no meio acâdemico das
universidades em forma de pesquisa e e projetos, assim toda a forma de pesquisa seja ela
social ou empresárial, é bem vinda no meio acadêmico.
Por isso o teste do uso dessa nova tecnologia ,Bacsol, torna-se mais uma fonte de
informação e conhecimento para o meio acadêmico e empresiarial, assim como o Platanus x a
cerifolia, que foi uma nova alternativa para suprir a falta do Acoita- cavalo, o Bacsol é uma
alternativa de produto para produção de mudas, decomposição de resíduos e sanador do solo.
6
CAPITULO 1
USO DO BACSOL E ORGASOL COMO ENRAIZANTES NA PRODUÇÃO DE
MUDAS DE Platanus x acerifolia.
JUAREZ MARTINS HOPPE
MAURO VALDIR SCHUMACHER
FRANCO FREITAS QUEVEDO
RODRIGO THOMAS
GUILHERME IVANOV
TANIA DIAS
JUAREZ PEDROSO FILHO
1.INRODUÇÃO:
O Platanus x acerifolia é o resultado do cruzamento interespecífico entre o Platanus
orientalis e o Platanus occidentalis, constituindo-se num híbrido de grande potencial
madeireiro na região Sul do Brasil e também para outras regiões de clima temperado e frio.
Embora seja uma espécie que apresenta grande potencial futuro, devido sua alta
versatilidade de aplicação nos mais diversos usos, especificamente móveis vergados, o
conhecimento silvicultural da espécie é ainda bastante pequeno.
Alguns estudos realizados no Brasil, até o presente momento, referem-se a época de
coleta das estacas, profundidade de plantio das estacas, diâmetro das estacas e posição no
ramo de onde deve ser efetuada a coleta.
Existem, atualmente, deficiência de conhecimento relacionados com produção
econômica de mudas, adubação a nível de campo, estudos de espaçamento, plantio direto de
estacas a campo, crescimento, mato-competição e condução de povoamentos (desrama e
desbaste).
A tradicional tecnologia de produção de mudas através de estacas tem se transformado
numa atividade muito onerosa, devido ao alto custo de coleta das mesmas, manejo do viveiro
e a extração no momento do plantio definitivo e ainda o transporte das mudas.
Este trabalho teve como objetivo estudar o uso de Bacsol e Orgasol na produção de
mudas de Platanus x acerifolia.
7
2.REVISÃO DE LITERATURA
Para Hartman & Kester (1971) a propagação vegetativa
de espécies florestais,
inclusive o Platanus x acerifolia, é simples e não exige técnicas especiais como aquelas
utilizadas para a enxertia.
A multiplicação vegetativa do Platanus spp é uma técnica antiga pois Briscoe (1969)
já recomendava o uso de estacas, desta espécie, desde que as mesmas fossem dos ramos,
cujo crescimento tenha ocorrido no último período vegetativo. A adubação aumenta o
crescimento do Platanus spp (Braadfoot & Ike, 1967 Apud Briscoe 1969). No entanto
(Gilmore, 1965 Apud Briscoe, 1969) esclarece que são poucas as informações disponíveis
sobre experimentação de fertilização com a espécie, embora se saiba que a deficiência de
fósforo é fator limitante para o crescimento da mesma. Estas informações tem repercussões
até o presente momento uma vez que as pesquisas nesta linha ainda são muito carentes.
Orika Ono et al (1994) estudando enraizamento de estacas de Platanus x acerifolia
tratadas com auxinas concluíram que a primavera é a melhor época para coleta das mesmas
para
a propagação vegetativa e as tratadas com ácido indolbutírico (AIB) ou ácido
naftalacético (ANA) na concentração de 0,5% na forma de pó, foram mais eficientes no
enraizamento.
Lazzari (1997) trabalhando com épocas de coletas, tipos fisiológicos, aplicação de
boro, zinco e uso de ácido indol butírico no enraizamento de estacas de Platanus x acerifolia
concluiu que: o mês de julho é mais adequado para a coleta resultando o melhor o
enraizamento; o boro e o zinco não tem influencia no enraizamento das estacas; o AIB em
doses acima de 20mg por litro tem influencia negativa no enraizamento e ainda que as
estacas basais do crescimento do ano apresentam o maior potencial de enraizamento.
Tedesco et al (1998) estudaram o efeito da época de coleta e plantio de estacas de
Platanus x acerifolia
no enraizamento e concluíram que a melhor época de coleta das
estacas compreende os meses de maio e junho. Os mesmos autores estudando a influencia do
período de armazenamento de estacas de Platanus x acerifolia no enraizamento, concluíram
que as estacas podem ser armazenadas pelo período de 60 dias em temperatura de 5 °C sem
prejuízo no enraizamento.
Segundo Fachinelo et al (1994 )
para o processo de enraizamento o nível de
carbohidratos das estacas tem importância decisiva na quantidade e volume de raízes.
8
No entanto Yung & Yung (1994) referindo-se a produção de mudas indica a
primavera como a melhor época para a semeadura, indicando como viável, também o outono
ou mesmo o inverno. Neste caso as sementes deverão ser espalhadas em linhas com 15 a 20
cm de distancia e até 370 sementes por m² e cobertas com uma fina camada de humus.
Referindo-se a propagação do Platanus spp Vlachov (2001) informa que quando a
produção de mudas for realizadas por via sexuada deve-se ter cuidado pois sendo a semente
desta espécie muito pequena e frágil pode não germinar devido as condições ambientais,
enquanto na propagação vegetativa a porcentagem de enraizamento com estacas coletada no
inverno varia de 89% a 100% e, nas estacas colhidas no verão o enraizamento está entre 33%
a 62%.
O Platanus spp prefere solos profundos, arenosos, bem drenados, porém com bom
suprimento de umidade, desenvolvendo muito bem em terrenos aluviais, por isso nas margens
de rios alcança suas maiores alturas ( Bernardi 1972 & Ake et al 1991).
Para Gambi (1964) o Platanus x acerifolia cresce muito bem quando plantado
isoladamente,
mesmo
em grupo ou misturado com outras espécies num sistema de
consórcio. É uma espécie heliófila
de crescimento rápido, com
sistema radicular
profundamente inserido no solo, caracterizando por isso como uma árvores pioneira das
margens dos afluentes e terrenos aluviais, onde sua regeneração natural é bastante acentuada
( Magini 1957 & Gambi 1979).
Na Europa a propagação do Platanus x acerifolia ocorre principalmente através da
clonagem (estaquia), enquanto nos Estados Unidos a produção é realizada basicamente por
sementes. Sendo recomendada a realização da estaquia no outono e a semeadura o final do
inverno. Na produção de mudas por sementes os autores sugerem a cobertura das mesmas
com alguns milímetros de terra ou mulch ( Philippis 1934, Goor 1955 & Bonner 1974).
No aspecto da propagação por sementes, (Bachiller 1991 Apud Fowler & Bianchetti
2000) recomenda para o Platanus x acerifolia a imersão das mesmas em água à temperatura
ambiente durante quatro dias para a superação da dormência.
No entanto Falleri & Pacella (1997), estudando germinação de sementes de Platanus
x acerifolia, concluíram que tomando sementes desta espécie baixando seu conteúdo de
umidade à 7%, e aplicando teste de flutuação utilizando o éter de petróleo durante 24 horas.
Após baixando a umidade até 13%, a germinação das sementes que precipitaram (afundaram
9
no éter) aumentam em 86%, enquanto o lote original sem o teste de flutuação para separação
germinou apenas 48% e o período de início da germinação decresceu de 3,5 para 2,4 dias.
Iensen et. al. estudando a viabilidade das sementes de Platanus x acerifolia, em
Santa Maria – RS obtiveram germinação de 9, 13 e 13% , quando submeteram as sementes a
um tratamento pré-germinativo, estratificação, de 0, 2 e 4 semanas a uma temperatura de 5
graus centígrados,, concluindo que é necessário a realização de novas pesquisas para
determinar a viabilidade do uso da propagação via sexuada.
A propagação vegetativa do Platanus x acerifolia é importante para manter seu
caracter híbrido. Neste caso as estacas são obtidas
através de cortes
dos brotos do
crescimento do ano, cujas dimensões são de 20cm de comprimento e com diâmetro que pode
variar de 5 a 8cm. Os ramos são colhidos no outono após a queda total das folhas e,
imediatamente após o preparo, as estacas são plantadas, em viveiros, utilizando espaçamento
de 10cm entre estacas e 25cm entre as linhas. Após um ano de viveiragem as mudas mais
vigorosas estão prontas para serem plantadas à campo. O índice de enraizamento é alto,
porém pode ser aumentado com o uso de ácido indolbutírico no momento de plantar as
estacas nos canteiros.(Magini 1985, Benea e Cristescu 1974, Gellini e Grossoni 1978 &
Panetsos et al 1994).
Tratando-se de propagação vegetativa, Gjuleva e Atanasov (1994) trabalhando com
micropropagação de Platanus x acerifolia in vitro, obtiveram após trinta dias da instalação do
experimento 70% de enraizamento dos explantes, quando usaram 0,5 mg/l de IBA.
Donkers & Evers (1987), utilizando 90mg de Adenina Benzil (6-BA), obtiveram um
aumento médio
de brotos por ramo de Platanus x acerifolia, especialmente no ramos
retirados na camada superior da copa, enquanto o uso de 45mg de 6-BA possibilitou um
aumento significante no número de calos na multiplicação in vitro dos ramos coletados mais
no alto da copa.
A produção de mudas de Platanus x acerifolia é feita
de modo convencional, no
entanto não deve-se descuidar da irrigação pois a espécie exige satisfatória umidade para o
desenvolvimento normal (Lobeav, 1950 Apud Briscoe 1969).
Hoppe et al (1999) estudando a influencia do diâmetro de estacas no
desenvolvimento dos brotos de Platanus x acerifolia (Aiton) WILD. O experimento foi
instalado utilizando estacas com 30cm de comprimento e diâmetros superior a 2cm, inferior a
2cm e variando entre 1 e 2cm ,concluíram que o desenvolvimento, em altura, das brotações é
10
influenciado pelo diâmetro e, que este deve ter de 1 a 2cm para a produção de mudas deste
híbrido.
A profundidade do plantio das estacas não interfere no
brotação,
desenvolvimento da
foi o que concluíram Freddo et al (1999), ao trabalhar com influencia da
profundidade de plantio de estacas no desenvolvimento dos brotos de mudas de Platanus x
acerifolia.
Em relação a posição da estaca no ramo de crescimento do último período, Freddo
et al ( 2000), estudando produção de mudas com mini-estacas com dimensões de 10cm de
comprimento e diâmetro variando de 0, 3 a 7.0 mm retiradas de diferentes posições do ramo
do último período de crescimento concluíram que ao melhores enraizamento
foram
proporcionados pelos diâmetros superior a 0,5 mm e retirados da parte basal do galho.
Com o advento da produção de mudas de Platanus x acerifolia através de miniestacas e em tubetes Oliveira et al (2000) avaliando o desempenho das mudas em diferentes
tamanhos de tubetes ao compararem o desempenho das mudas em tubetes, cujos volumes de
substrato variaram de 53cm³, 115cm³ e 280cm³ respectivamente, após avaliação concluíram
que o tubete com maior volume de substrato produziram mudas com melhor padrão de
qualidade.
Testando diferentes composição de substrato na produção de mudas Oliveira et. al.
(2000) concluíram que
misturas compostas por casca de Pinus spp triturada adicionada de
50% de vermicomposto e vermiculita acrescida de 50% de vermicomposto são indicadas para
a produção de mudas de Platanus acerifolia em tubetes, através de mini-estacas. Atualmente,
no Rio Grande do Sul, a produção de mudas de Platanus x acerifolia ocorre somente através
de estacas as quais são retiradas de matrizes selecionadas e do crescimento do ano. Lembra-se
ainda que através de experimentos realizados, as estacas de Platanus x acerifolia com
dimensões de 10cm de comprimento e 0,5cm de diâmetro e utilizando-se tubetes para a
produção de mudas tem-se obtidos bons resultados em termos de enraizamento das mesmas.
Tisserant et al (1996) analisaram o desenvolvimento do sistema radicular
do
Platanus x acerifolia em simbiose com micorriza do gênero Glonus fasciculatum, as quais
induziram modificações no desenvolvimento do sistema radicular, quando comparado com o
sistema radiculares sem micorrizas. Raízes laterais de terceira ordem predominaram em
micorrizas arbusculares, enquanto as laterais de Segunda ordem foram mais numerosas em
sistemas sem micorrizas. Concluíram também que a colonização de micorrizas arbusculares
11
se relacionou estreitamente com a aparência de diferentes ordens de raízes, pois os micelios
mais ativos foram localizados em raízes novas formadas lateralmente.
O reflorestamento com plátano, que produz uma madeira de usos diversificados,
crescendo rápido e de ótima qualidade é uma boa alternativa de fonte de renda para pequenos,
médios e grandes produtores rurais assim como para empresas de base florestal ( Vian 1999).
Briscoe (1969),
afirma que o Platanus spp não tolera solos rasos, deficientes em
fertilidade, em matéria orgânica compactado, muito argiloso e desgastado. O mesmo autor
afirma que esta espécie exige, para seu bom desenvolvimento, umidade permanente, porém
não suporta stress hídrico ou encharcamento do solo, e o pH adequado deve variar entre 5.0 e
8.0.
Segundo o mesmo autor, a maioria dos plantios de Platanus spp. são estabelecidos
sem os devidos cuidados, cuja qualidade deixa a desejar, razão pela qual o crescimento é, em
certos casos, muito inferior.
Quando a plantação é mantida no limpo o desenvolvimento é bem melhor, uma
vez que plantios efetuados em solos bem preparado, as mudas conseguem superar a
matocompetição das ervas daninhas, evitando a forte concorrência inicial.
No primeiro ano, em plantações efetuadas no Rio Grande do Sul, podem ser
necessárias até cinco limpezas dependendo das condições do local. A partir do segundo
ano, no entanto, esta prática pode ser dispensada tornando-se num investimento muito
econômico.
Sobre este aspecto, ( Briscoe 1969) referindo-se aos tratos culturais, informa que
a espécie é muito susceptível a mato competição quando plantadas mudas de pequeno
tamanho, necessitando de várias intervenções durante o primeiro período de crescimento.
No que se refere a produção de madeira, no Rio Grande do Sul e no Brasil, ainda
são incipientes as informações. A partir do ano dois mil iniciou-se um trabalho de
acompanhamento da produtividade dos plantios de Platanus x acerifolia que atingiram
dois anos de idade. No entanto nas condições da Europa Mezzalira (1997), informa que a
produção varia de 15 – 20 t/há/ano aos 5-6 anos de idade. Já nos Estados Unidos, segundo
Steinbeck et al (1972) este tipo
de silvicultura de rotação curta para o Platanus
occidentalis pode atingir níveis muito mais altos de produção.
12
Neste sentido (Wells & Schmidtling 1990) relatam que o Platanus occidentalis tem
um crescimento inicial muito rápido, mesmo em grande diversidade de sítios, por isso é
denominado de espécie de rotação curta ou floresta energética, produzindo de 11,2 a 29,1
toneladas de massa seca acima do solo em rotações que variam de 4 a 10 anos.
Os mesmos autores informam que a espécie aos 17 anos de idade na Carolina do Norte
apresentou diâmetro de 23 cm e altura de 21,3m e uma produção de 126m³/há ou 32,5m³/há
de madeira serrada, enquanto outra floresta com 11 anos de idade na Georgia Central cresceu
17,2m³/há/ano com diâmetro e altura média de 15cm e 19metros respectivamente. Já em
região do vale do Mississipi produção variou entre 24 e 32m³/há/ano.
2.1.IMPORTÂCIA DAS BACTÉRIAS
As bactérias participam ativamente quase se exceção as transferências orgânicas de
capital importância para que o solo possa manter com sucesso os vegetais superiores , as
mesmas retém o monopólio na transformação em três enzimas básicas : oxidação do
nitrogênio (nitrificação), oxidação do enxofre e fixação do nitrogênio . Sob este angulo, são as
mais simples e numerosas de todas as formas de vida, e talvez, as de maiores conseqüências
(Brady, 1989).
Os microorganismos aeróbicos podem
fazer um trabalho mais completo de
compostagem que os anaeróbios, logo que os aeróbicos degradam os compostos de carbono
em gás carbônico e água que os tornam prontamente disponíveis para as plantas, este fato traz
vantagens aos vegetais, uma vez que podem utilizar esta energia para crescer mais rápido e
degradar mais matéria orgânica quando comparados aos anaeróbicos, além disto liberam
nutrientes para as plantas, como nitrogênio, fósforo, magnésio e outros ( Campbell, 1995).
3.MATERIAL E MÉTODOS
A presente pesquisa foi instalada no Centro Tecnológico de Silvicultura (CTS), na
Universidade Federal de Santa Maria, município de Santa Maria, RS, que encontra-se a
aproximadamente 90 metros de altitude, situada entre os paralelos 29° 43’ 57” e 29° 55’ 30”
de latitude Sul e entre os meridianos 53° 42’ 13” e 53° 48’ 02” de longitude oeste de
Greenwich.
13
O clima da região segundo KÖPENN é subtropical do tipo Cfa, caracterizado por
temperatura média anual entre 17,9 e 19,2 graus centígrados, com precipitação média anual de
1500mm (MORENO, 1973).
A pesquisa foi instalada em uma caixa continua onde foram realizadas algumas valas
para drenagem. O substrato utilizado no experimento foi constituído de casca de arroz e
esterco de gado curtido(cama de gado proveniente do parque de exposições da UFSM).
BACSOL AGRÍCOLA - É um produto composto de aproximadamente 206 tipos de
bactérias
e
microorganismos,
classificados
como:
risosféricos,
decompositores,
nitrogenadores, e predadores de pragas de solo. São ativadoras de nutrientes do solo,
melhorador do solo, defesas contra nematóides, defesa contra doenças fungicas do solo e
defesa contra algumas pragas.
As bactérias, especificamente as quelatizantes de ferro, atuam na liberação de fósforo,
cálcio e outros elementos retidos nos colóides de ferro, aumentando a disponibilização para as
plantas. Os quelatizantes são ácidos orgânicos denominados "sideróforos", produto
metabólico da atividade microbiana nas risosferas da planta. Os microorganismos do
BACSOL decompositores de matéria orgânica aceleram o processo de uma forma benéfica,
aumentando a disponibilidade de elementos com Nitrogênio N, Fósforo P, Potássio K,
enxofre, entre outros.
O BACSOL contém bactérias transformadoras de nitrogênio, tanto fixador do
nitrogênio do ar como os responsáveis pela nitrificação dos nitrogênios dos adubos e matéria
orgânica. O uso contínuo do BACSOL, em conjunto com outras práticas de manejo,
provocam mudanças significativas no solo, como a reestruturação física, tornando-o mais
poroso e criando condições favoráveis ao desenvolvimento dos vegetais.
O uso do BACSOL proporciona uma redução na adubação, dependendo da análise de
solo, de até 50% ou mais, causando assim uma redução significativa no custo de produção. Os
microorganismos presentes no BACSOL atuam diretamente nas risosferas da planta vivendo
em simbiose com o meio, reestabelecendo a cadeia biológica natural, melhorando a
disponibilização, de nutrientes, defesas naturais do solo, decomposição de material orgânico
transformando-os em ácidos orgârnicos aproveitáveis e humus. O BACSOL é registrado e
certificado como produto orgânico pelo IBD - Instituto Bio Dinâmico de Botucatu - sendo
assim totalmente benéfico para o meio ambiente.
14
O delineamento estatístico foi blocos ao acaso com 6 tratamentos e 3 repetições, sendo
que cada repetição foi constituída por 528 mudas.
Os tratamentos estão descritos no quadro 1, onde foram aplicadas as diferentes doses:
Quadro 1.Descrição dos tratamentos
Tratamentos Descrição
T0
Sem nada
T1
10g de Bacsol por litro de água
T2
10ml de Orgasol por litro de água
T3
5g de Bacsol + 5g ml de Orgasol por litro de água
T4
7,5g de Bacsol + 2,5g ml de Orgasol por litro de água
T5
2,5g de Bacsol + 7,5g ml de Orgasol por litro de água
As estacas utilizadas na pesquisa foram coletadas de matrizes previamente
selecionadas e de ramos de crescimento do ano, provenientes da empresa Thonart em Nova
Santa Rita / RS.
Foram avaliados os seguintes parâmetros: brotação das mudas, diâmetro do colo do
broto, altura do broto.
A figura 1 apresenta uma visão geral da pesquisa instalada no viveiro florestal da
UFSM.
Figura 1-Visaõ geral da pesquisa.
15
As estacas selecionadas foram colocadas no substrato após terem sido mergulhadas
suas pontas nas doses dos tratamentos.
4.RESULTADOS E DISCUSSÕES
Na análise de porcentagem de brotação, todas as mudas foram avaliadas, inclusive as
presentes na bordadura das parcelas. O tratamento 4 obtive melhor resultado, sendo
estatisticamente superiores ao tratamento 0(tabela 1).
TABELA 1: Efeito dos tipos morfológicos de mini estacas na sobrevivência das mudas.
TRATAMENTO BROTAÇÃO DE SOBREVIVÊNCIA
T0
55,8%
d
T1
67,8% b
T2
68,8% b
T3
69,6% b
T4
84,4% a*
T5
61,4%
c
*Médias analisadas no sentido vertical, seguidas da mesma letra, não diferem entre si, ao
nível de 5% de probabilidade.
De acordo com a tabela 1, podemos observar que o tratamento 4 obteve o maior grau
de brotação diferenciando-se dos demais tratamentos de maneira significativa. A brotação das
estacas nos tratamentos e é considerada boa para a produção de mudas, exceto o tratamento
0 o qual obteve a pior percentagem de brotação .
Na figura 1 estão representados os resultados parciais em relação a brotação dos
respectivos tratamentos aos 120 dias após a instalação da pesquisa
16
Figura1-Efeito dos tratamentos na brotação de Platanus x acerifloia aos 120 de instalação da
pesquisa.
Sobrevivência em %
B r o ta ç ã o d o s r e s p e c tiv o s tr a ta m e n to s .
100
80
60
40
20
0
T0
T1
T2
T3
T4
T5
T ra ta m en tos
Nas variáveis seguintes, só foram avaliadas as mudas presentes no interior das
parcelas, ou seja, a bordadura não foi avaliada.
Outro parâmetro utilizado na avaliação deste trabalho, foi o diâmetro do colo dos
brotos(tabela 2).
TABELA 2: Efeito dos tipos morfológicos de mini estacas no diâmetro do colo dos brotos.
TRATAMENTO DIÂMETRO DO COLO DO BROTO(mm)
T0
52,3 c
T1
55,9 c
T2
62,3 b
T3
64,2 b
T4
72,5 a*
T5
55,4 c
*Média seguidas por mesma letra, no sentido vertical, não diferem entre si ao nível de 5% de
probabilidade.
Podemos observar que as mudas do tratamento 4 foram estatisticamente superiores
aos demais tratamentos, e que o tratamento 0 foi o pior em relação ao parâmetro diâmetro do
17
colo do broto das estacas, sendo esse parâmetro o mais indicado para o maior grau de
sobrevivência das mudas a campo.
Experimentos conduzidos no estado de Oklahoma, EUA, com espécies florestais,
tiveram maior índice de sobrevivência mudas com menor altura e maior diâmetro de colo,
relata Torres (1978) Apud Santos (1995).
Kartelev (1973) Apud Santos (1995) afirmou que o diâmetro de colo de mudas de
Pinus sylvestris constitui-se na principal característica que definiu sua qualidade: com o
aumento do seu valor, aumentou a freqüência de raízes, a formação de botões e a lignificação
dos tecidos das mudas.
O parâmetro diâmetro de colo, em geral, é o mais observado para indicar a capacidade
de sobrevivência da muda a campo ( Daniel, 1997 ).
Abetz & Prange (1975) Apud Carneiro (1995) pesquisando mudas de Picea abies
observaram que, mudas com espessas dimensões de diâmetro de colo, venceram mais
rapidamente a concorrência com a vegetação, após o plantio.
Na figura 2 estão representados os resultados parciais em relação a diâmetro de colo
dos respectivos tratamentos aos 120 dias após a instalação da pesquisa
DIÂMETROS EM
mm
RENDIMENTO EM DIÂMETRO
15
10
5
0
T0
T1
T2
T3
T4
T5
TRATAMENTOS
Os resultados obtidos na avaliação da altura dos brotos encontram-se na tabela 3.
TABELA 3: Efeito dos tipos morfológicos de mini estacas na altura dos brotos.
18
TRATAMENTO ALTURA DOS BROTOS(cm)
T0
7,3 c
T1
7,8 c
T2
8,3 b
T3
8,6 b
T4
10,8 a*
T5
8,1 b
*Médias analisadas no sentido vertical, seguidas da mesma letra, não diferem entre si, ao
nível de 5% de probabilidade.
Podemos observar através da tabela 3, que novamente o tratamento 4 diferenciou-se
estatisticamente dos demais tratamentos, apresentando o maior desenvolvimento em altura.
Na figura 3 estão representados os resultados parciais em relação a altura dos
respectivos tratamentos aos 120 dias após a instalação da pesquisa
ALTURA EM m
R E N D IME N T O E M AL T U R A D OS
T R AT AME N T OS
80
60
40
20
0
T0
T1
T2
T3
TRATAM ENTO S
T4
T5
19
Na figura 2 são apresentados uma visaõ da diferença entre os tratamentos aplicados aos 150 dias, na figura 3
estão apresentados a diferença de enraizamento dos diferentes taratamenos.
Figura 2- Visão geral dos tratamentos aplicados.
Figura 3 estão apresentados a diferença de enraizamento dos diferentes taratamenos
T1
T2
T3
T4
T5
T6
5.CONCLUSÃO
De acordo com os resultados obtidos no presente trabalho, pode-se concluir de
maneira preliminar e parcial que:
- O tratamento 4 obteve os melhores resultados em relação a todos os parâmetros avaliados
20
- Preliminarmente a dose mais indicada para produção de mudas de Platanus x acerifolia, foi
(7,5 g de Bacsol + 2,5ml de Orgasol em 1litro de água).
6.BIBLIOGRAFIA
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TEDESCO, N.,
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Platanus acerifolia no
enraizamento. Anais do 6º Encontro Anual de Iniciação Científica, 28 a 30 de junho de
1998, Maringá PR. P.601.
22
CAPITULO 2
UTILIZAÇÃO DE BACSOL E ORGASOL NA PRODUÇÃO DE MUDAS
DE Platanus x acerifolia
JUAREZ MARTINS HOPPE
MAURO VALDIR SCHUMACHER
FRANCO FREITAS QUEVEDO
RODRIGO THOMAS
GUILHERME IVANOV
TANIA DIAS
JUAREZ PEDROSO FILHO
1.INTRODUÇÃO:
Um bom plantio florestal depende em muito da qualidade das mudas produzidas pelo
viveirista, e para que estas possuam qualidade superior, é necessário que as mesmas estejam
nutridas adequadamente.
Para Santos (1995), o êxito de um reflorestamento depende diretamente das
potencialidades genéticas das sementes e da qualidade das mudas produzidas.
Segundo Gonçalves (2000) as características da muda de boa qualidade estão
intrinsecamente relacionadas com seu potencial de sobrevivência e crescimento no campo
após o plantio, o que determinará a necessidade de replantio e demanda de tratos culturais de
manutenção do povoamento recém implantado.
Uma muda com boa qualidade, sem dúvida alguma, passa por um bom substrato,
pois a germinação, iniciação radicial e aérea, estão associados com uma boa capacidade de
aeração, drenagem e retenção de água. As disponibilidades dos mesmos estão todos
intimamente ligados a um bom substrato (Gonçalves e Poggiani, 1996).
De acordo com Carneiro (1995) é conhecido o fato de que, em condições favoráveis,
como as de viveiro, bons fenótipos podem ser produzidos até por pobres genótipos.
As mudas de Platanus x acerifolia são produzidas através de estacas retiradas de seus
ramos, e são plantadas em recipientes, como sacos plásticos ou tubetes, ou ainda podem ser
produzidas diretamente no solo. Porém, os plantios de Platanus x acerifolia realizado com
mudas produzidas em raiz nua torna-se muito oneroso, devido ao tamanho das mesmas as
23
quais exigem grandes covas, resultando num maior gasto com a mão de obra, além dos custos
de extração do viveiro e também com o transporte.
Uma das principais dificuldades na implantação desta espécie se diz respeito ao seu
enraizamento, que é responsável por elevadas taxas de mortalidade das estacas. Com o
objetivo de sanar essa dificuldade, a presente pesquisa teve por objetivo avaliar o
desenvolvimento das mudas produzidas por estaquia de Platanus x acerifolia, com a aplicação
de Orgasol e Bacsol, a fim de melhorar o enraizamento e a qualidade das mesmas.
O Bacsol é um composto que contém uma gama de bactérias além de outros
microorganismos, classificados como rizosféricos, decompositoras, nitrogenadoras e
parasitas. Esses microorganismos estão na forma de esporos que entram em intensa
multiplicaçãoem contato com a umidade do solo.
As bactérias participam ativamente quase sem exceção das transferências orgânicas
de capital importância para que o solo possa manter com sucesso os vegetais superiores, as
mesmas retêm o monopólio na transformação em três enzimas básicas: oxidação do
nitrogênio (nitrificação), oxidação do enxofre e fixação do nitrogênio. Sob este angulo, são as
mais simples e numerosas de todas as formas de vida, e talvez, as de maiores conseqüências
(Brady, 1989).
Os microorganismos aeróbicos podem fazer um trabalho mais completo de
compostagem que os anaeróbios, logo que os aeróbicos degradam os compostos de carbono
em gás carbônico e água que os tornam prontamente disponíveis para as plantas, este fato traz
vantagens aos vegetais, uma vez que podem utilizar esta energia para crescer mais rápido e
degradar mais matéria orgânica quando comparados aos anaeróbicos, além disto liberam
nutrientes para as plantas, como nitrogênio, fósforo, magnésio e outros (Campbell, 1995).
Além do Bacsol foi utilizado Orgasol que é um produto de enzimas orgânicas que
melhora a capacidade da natureza das plantas, ativa o metabolismo e estimula reações
químicas da seiva.
A nutrição adequada das árvores é o pré-requisito para um crescimento satisfatório.
Nutrientes fazem parte de todos os tecidos das plantas e também são importantes na função de
catalisador, transportador, regulador de pressão osmótica, etc (Andrae, 1978).
Segundo o mesmo autor, o abastecimento satisfatório se manifesta no crescimento
bom e no aspecto sadio das plantas.
24
Mudas com adequado teor nutricional constituem uma suposição de adequado
desenvolvimento e boa formação de sistema radicular, com melhor capacidade de adaptação
ao novo local, após o plantio (Carneiro, 1995).
O mesmo autor informa que o substrato quando de forma inadequada pode
proporcionar condições para qualidade inferior das mudas, predispondo-as à doenças.
Na escolha do meio de crescimento do sistema radicular devem ser observadas as
características físicas e químicas relacionadas com a espécie a ser plantada, além dos aspectos
econômicos. O ponto ideal de crescimento deve apresentar: homogeneidade, baixa densidade,
boa porosidade, boa capacidade de campo, e boa capacidade de troca catiônica, serem isento
de pragas, organismos patogênicos, sementes estranhas e pH adequado.
Gonçalves et al (2000), diz que é de suma importância o conhecimento das
características do sistema radicular, principalmente o das raízes finas das árvores, como
quantidade, distribuição em profundidade, e interação com o solo, para a definição e também
tomada de decisões sobre práticas de preparo de solo e fertilização. Também é de grande
importância, além da aplicação dessas práticas, o conhecimento da configuração do sistema
radicular é extremamente importante como fonte como fonte de subsídios úteis na explicação
de processos ecofisiológicos básicos, principalmente os que são relacionados com a nutrição
mineral e o balanço hídrico das árvores.
Cada sistema radicular tem sua forma e desenvolvimento único. O desenvolvimento
inicial parece possuir forte controle genético, porém pode ser modificado por algumas
características do solo, como densidade, umidade, temperatura, textura, entre outras, além de
condições relacionadas às circunstâncias na qual se encontra a árvore, como competição entre
raízes, disponibilidade de fotoassimilados, densidade entre árvores, entre outras, Gonçalves et
al (2000).
Segundo os mesmos autores, o sistema das árvores pode ser caracterizado tomandose por base, pelo hábito de enraizamento, que se refere à direção distribuição e estrutura das
raízes responsáveis pela sustentação; e a intensidade de raízes que refere-se a forma,
distribuição e pelo número das raízes de absorção.
Outro fator a ser observado é a quantidade de matéria orgânica existente no
substrato. Aldhous e Cordell e Filer JR. apud Carneiro (1995), afirmam que a matéria
orgânica tem a capacidade de reter a umidade e nutrientes no substrato, da mesma forma que a
25
argila. O húmus tem a propriedade de expansão e retenção, em resposta à condições de
umidade e de seca, auxiliando na manutenção de uma adequada estrutura dos substratos.
Warkentin apud Carneiro (1995), recomendou a adição de matéria orgânica como o
modo mais fácil de mudar estas características físicas, trazendo ainda como vantagem a
estabilização estrutural e adequação das dimensões dos poros.
Segundo Kiehl (1985), a matéria orgânica atua diretamente na biologia do solo,
constituindo-se numa fonte de energia e nutrientes para os organismos que participam de seu
ciclo biológico; mantendo o solo em estado de constante dinamismo, exerce um importante
papel na fertilidade e na produtividade das terras. Indiretamente, a matéria orgânica atua na
biologia do solo pelos seus efeitos nas propriedades físicas e químicas, melhorando as
condições para a vida vegetal. Daí a justificativa como melhoradora ou condicionadora do
solo.
A matéria orgânica do ambiente (MOA) é constituída de agentes de quelação de íons
metálicos micronutrientes de plantas e, também, de íons de metais pesados tóxicos para essas
mesmas plantas e para outros sistemas vivos do ambiente. Assim, a MOA do ambiente tem
função importante na nutrição de plantas, na estruturação do solo por ligar a ela diversas
estruturas inorgânicas como as argilas que, por sua vez, se ligam a outras moléculas da MOA
e, de resto, tem função na sustentação da vida na terra.
2.MATERIAL E MÉTODOS:
A presente pesquisa foi realizada no Centro Tecnológico de Silvicultura,
Departamento de Ciências Florestais da Universidade Federal de Santa Maria, com a espécie
Platanus x acerifolia a mesma foi instalada no dia 22 de julho de 2003.
Experimento 1:
O substrato utilizado nessa pesquisa foi constituído por casca de arroz e esterco
bovino distribuído em vasos de polietileno, com o fundo vedado e 3 dm³ de volume. As
estacas utilizadas nesse trabalho foram selecionas, previamente, e após, tiveram as suas pontas
inferiores molhadas em diferentes concentrações de Orgasol (Quadro 1). Logo após as
26
mesmas foram colocadas em contato com o Bacsol de maneira que houvesse adesão do
produto na parte basal inferior da estaca.
QUADRO 1 — Descrição dos tratamentos.
Tratamentos
Descrição
T0
Sem Orgasol
T1
5 ml de Orgasol para 1 litro de água
T2
7,5 ml de Orgasol para 1 litro de água
T3
10 ml de Orgasol para 1 litro de água
T4
12,5 ml de Orgasol para 1 litro de água
Foram realizadas ainda duas aplicações de Orgasol durante o decorrer do
experimento, nos dias 15 e 28 de outubro de 2003, nas quais foram colocados 5 ml de Orgasol
por 10 litros de água.
A análise estatística foi realizada pelo software ESTAT-Sistema para Análise
Estatística (V.2.0), desenvolvido pelo Pólo Computacional do Departamento de Ciências
Exatas da UNESP-FCAV-Campus Jaboticabal.
Na avaliação da melhor dose de Orgasol para a produção de mudas de plátanos foi
realizada determinação de altura e diâmetro de colo. Sendo as mudas avaliadas uma única vez
aos 3 meses.
Experimento 2:
O substrato utilizado nessa pesquisa foi o mesmo utilizado no experimento anterior,
porém as plantas foram colocadas em caixa, com fundo coberto com lona plástica de
polipropileno As estacas utilizadas nesse trabalho foram selecionas e após, tiveram as pontas
inferiores molhadas em vasilhas com Orgasol e Bacsol, sendo que o primeiro em
concentrações diferentes a cada tratamento e o segundo diluído no Orgasol em doses
constantes, como descrito abaixo (Quadro 2).
27
QUADRO 2 — Descrição dos tratamentos.
Tratamentos
Descrição
T0
Sem orgassol e sem bacsol
T1
10 ml de Orgasol para 1 litro de água+5g/l de bacsol
T2
20 ml de Orgassol para 1 litro de água+5g/l de bacsol
T3
30 ml de Orgasol para 1 litro de água+5g/l de bacsol
A análise estatística foi realizada pelo software ESTAT-Sistema para Análise
Estatística (V.2.0), desenvolvido pelo Pólo Computacional do Departamento de Ciências
Exatas da UNESP-FCAV-Campus Jaboticabal.
Na avaliação da melhor dose de Orgasol para a produção de mudas de plátanos foi
realizada determinação de altura e diâmetro de colo. Sendo as mudas avaliadas uma única vez
aos 6 meses.
3.RESULTADOS E DISCUSSÃO
Para Evert e Smittle apud Lazzari (1997), as essências florestais podem responder
positivamente a prática de propagação por estaquia, principalmente se forem utilizadas
técnicas como aplicação de reguladores de crescimento e nebulização intermitente.
Segundo Ono et al. apud Lazzari (1997) essa prática vem se destacando como um
método de propagação muito importante dentre os que utilizam a via de reprodução
assexuada, sendo que os seus principais objetivo são a perpetuação de novas variedades
oriundas de processos de melhoramento genético e a produção de porta-enxertos clonais.
Fachinello et al. apud Lazzari (1997), diz ainda que para que seja viável o uso da
estaquia de maneira comercial, três fatores devem ser observados, são eles: facilidade de
enraizamento de cada espécie e/ou cultivar, qualidade do sistema radicular formado e
desenvolvimento posterior da planta na área de produção.
A arquitetura do sistema do sistema radicular exerce grande influência na qualidade
das mudas. Assim, estes autores concluem que, mudas com sistema radicular bem estruturado,
com maior quantidades de ápices radiculares, têm qualidade superior, o que pode ser medido
pelo teste de PCR (Potencial de Crescimento Radicial), pelo número de emissão de novas
raízes (Mexal & Landis apud José, 2003).
28
A restrição do sistema radicular limita o crescimento e o desenvolvimento de várias
espécies, pela redução da área foliar, altura e produção de biomassa (Reis et al., 1989).
Segundo Tedesco (1999), o sistema radicular não contribui muito para a massa seca
total. Contudo, para a autora esses resultados obtidos sobre essa variável vêm de encontro
com o que diz Carneiro (1995), que se refere a esse parâmetro como um valor muito pequeno,
que possui um grande número de pêlos absorventes (valor do seu peso quase desprezível),
tendo essa grande importância para a sobrevivência e crescimento, devendo-se ressaltar
principalmente a importância das raízes fisiologicamente ativas, comparadas aos parâmetros
morfológicos.
Wang e Andersen apud Lazzari (1997), afirmam que os níveis de carboidratos, água,
fito-hormônios e nutrientes minerais podem maximizar significativamente a percentagem de
enraizamento do plátano, conseqüentemente, fazer com que a estaquia seja um método
economicamente viável aos viveiristas.
Experimento 1:
No Quadro 3, pode-se observar os resultados obtidos para altura com a aplicação dos
tratamentos.para o experimento 1:
QUADRO 3 — Alturas obtidas com a aplicação de diferentes doses de orgasol.
Tratamentos
Altura ( cm)
0
25,5
1
22,3
2
39,8*
3
24,2
4
16,9
* Resultados obtidos por regressão por análise estatística realizada pelo software ESTAT
A curva abaixo na Figura 1 representa os resultados obtidos pela regressão para o
parâmetro altura, onde o tratamento 2 apresentou os melhores resultados, ao passo que o
tratamento 4 apresentou as piores médias.
29
FIGURA 1 — Representação da variação em altura na análise de regressão.
R² = 0,50
Y = 0,97 + 0,16x +0,294 x²
Altura (cm)
50
40
30
20
10
0
2
0
3
1
4
Tratamentos
Experimentos conduzidos no estado de Oklahoma, EUA, com espécies florestais,
tiveram maior índice de sobrevivência muda com menor altura e maior diâmetro de colo,
relata Torres apud Santos (1995).
Bacon apud Santos (1995), relacionou uma série de pesquisas de diversos autores
que mostraram uma correlação positiva entre altura da parte aérea das mudas e a altura das
árvores um e três anos após o plantio.
Segundo Mayer apud Carneiro (1995), a altura da parte aérea, tomada isoladamente,
foi por muito tempo o único parâmetro utilizado para avaliação da qualidade das mudas.
Recomenda-se que os resultados obtidos por essa característica só sejam analisados, quando
combinados com outros parâmetros, como diâmetro de colo, peso, relação peso das
raízes/peso da parte aérea, entre outros.
O Quadro 4, apresenta os resultados obtidos para diâmetro de colo com a aplicação
dos tratamentos.
30
QUADRO 4 — Diâmetro de colo obtidos com a aplicação de diferentes doses de Orgasol.
Tratamentos
Diâmetro de colo (mm)
0
5,5*
1
5,0
2
6,5
3
5,6
4
4,8
* Resultados obtidos por regressão por análise estatística realizada pelo software ESTAT.
A Figura 2 representa os resultados obtidos pela regressão para o parâmetro diâmetro
de colo, onde o tratamento 2 apresentou os melhores resultados. De acordo com a curva o
tratamento 4 apresentou os piores resultados.
D iâ m e tr o d e c o lo (m
FIGURA 2 — Representação da variação em diâmetro de colo na análise de regressão.
8
6
4
2
0
R² = 0,43
Y = 0,419 + 0,1248x + 0,2232x²
2
3
0
T ra ta m e nto s
1
4
31
Experimento 2:
No Quadro 4, pode-se observar os resultados obtidos para altura com a aplicação dos
tratamentos.para o experimento 2:
QUADRO 5 — Alturas obtidas com a aplicação de diferentes doses de Orgasol.
Tratamentos
Altura( cm)
0
61,7
1
88,9
2
110,4*
3
81,2
* Resultados obtidos por regressão por análise estatística realizada pelo software ESTAT
A curva abaixo (Figura 3) representa os resultados obtidos pela regressão para o
parâmetro altura de mudas, onde o tratamento 2 apresentou os melhores resultados, já o
tratamento 0 apresentou os piores resultados.
FIGURA 3 — Representação da variação em altura (cm) na análise de regressão.
A lt u r a (c
R² = 0,92
120
100
80
60
40
20
0
Y = 0,5+ 0,78x +0,14x²
T0
T1
T2
T r a t a m e n to s
T3
32
No Quadro 5, pode-se observar os resultados obtidos para diâmetro de colo com a
aplicação dos tratamentos.para o experimento 2.
QUADRO 6 — Alturas obtidas com a aplicação de diferentes doses de Orgasol.
Tratamentos
Altura (cm)
0
7,6
1
8,9
2
11,5*
3
8,5
* Resultados obtidos por regressão por análise estatística realizada pelo software ESTAT.
A Figura 4 representa os resultados obtidos pela regressão para o parâmetro diâmetro
de colo, onde o tratamento 2 apresentou os melhores resultados, no entanto, o tratamento 0
apresentou os piores resultados.
D iâ m e tro d e c o lo (m
FIGURA 4 — Representação da variação em diâmetro do colo na análise de regressão.
15
10
R² = 0,715
5
Y = 0,25 + 0,58x + 0,107x²
0
T0
T1
T2
T3
T ra ta m e n to s
Kartelev apud Santos (1995), afirmou que o diâmetro de colo de mudas de Pinus
sylvestris constitui-se na principal característica que definiu sua qualidade: com o aumento do
seu valor, aumentou a freqüência de raízes, a formação de botões e a lignificação dos tecidos
das mudas.
33
O parâmetro diâmetro de colo, em geral, é o mais observado para indicar a
capacidade de sobrevivência da muda a campo (Daniel, 1997).
Abetz & Prange apud Carneiro (1995), pesquisando mudas de Picea abies
observaram que, mudas com espessas dimensões de diâmetro de colo, venceram mais
rapidamente a concorrência com a vegetação, após o plantio.
De acordo com Carneiro (1995), muitas pesquisas têm demostrado que existe uma
forte correlação entre percentagem de sobrevivência e o diâmetro de colo das mudas, medido
na ocasião do plantio.
Schimidt – Vogt e Gürth apud Carneiro (1995),confirmaram uma existência clara de
superioridade de mudas mais espessas, em relação as de menores espessuras. Esta
superioridade foi mais nítida, quando se tratou de mudas de maiores alturas da parte aérea.
Chegando a conclusão que as plantas mais altas, com menores diâmetros, tiveram menor
desempenho de crescimento. O mesmo autor juntamente com Ramos (1981), acompanharam
o comportamento de mudas de Pinus taeda L., seis anos após o plantio. Mudas com diferentes
dimensões iniciais de altura e diâmetro, apresentaram valores equivalentes em DAP, altura e
volume ao fim do período de 6 anos. Contudo os resultados permitiram concluir que só mudas
desta espécie com diâmetro de colo superiores a 3,7 mm devem ser expedidos para o campo;
pelo menos até 15 meses após o plantio seu desempenho foi maior, o que significou que mais
rapidamente saíram da concorrência com a vegetação, diminuindo os custos de manutenção
da limpeza do povoamento.
Para South et al. apud Carneiro (1995), pesquisando interação de diâmetro de colo de
mudas de Pinus radiata com a percentagem de sobrevivência após o plantio, obtiveram
conclusões que os tratamentos com maiores dimensões de diâmetro mostraram maiores
percentuais de sobrevivência independentemente de tipo de preparo de solo ou controle de
vegetação.
4.CONCLUSÃO
Experimento1:
O tratamento indicado para a produção de mudas de Platanus acerifolia foi o T2
(7,5mL de Orgasol para 1 litro de água , com aplicação de dose de Bacsol) o qual apresentou
os melhores resultados para os parâmetros analisados.
34
Experimento2:
O tratamento que apresentou os melhores resultados para produção de mudas de
plátano em raízes nuas foi o tratamento 2 (20ml de Orgasol para 1 litro de água) em ambos os
parâmetros analisados, sendo indicado portanto para a produção de mudas dessa espécie
nessas condições, ao passo que as piores médias ficaram com o tratamento testemunha(sem
Orgasol)
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Cone-Sul (1999: Santa Maria), Anais/Ciclo de Atualização Florestal do Cone-Sul – Santa
Maria: UFSM, 1999, 327p.: il.
36
CAPITULO 3
USO DO BACSOL NA PRODUÇÃO DE MUDAS DE FUMO Nicotiana
tabacum
MARCO ANTONIO DORNELES
JUAREZ MARTINS HOPPE
MAURO VALDIR SCHUMACHER
JORGE ANTONIO FARIAS
FRANCO FREITAS QUEVEDO
RODRIGO THOMAS
GUILHERME IVANOV
INTRODUÇÃO:
•
Proveniência
O tabaco é uma planta do gênero nicotiana das quais existem mais de 50 espécies
diferentes. De entre estas há a Nicotina tabacum, a que suscita maior interesse, sendo que o
seu cultivo é originário do chamado Mundo Novo.
•
História breve
O tabaco era conhecido e utilizado em amplas zonas do continente americano antes da
chegada dos portugueses e espanhóis. "Bebida, comida ou fumada, esta planta intervinha nas
cerimonias religiosas, rituais de passagem (adolescência – idade adulta) e usado de forma
quotidiana desde a nascente do Mississipi até à Patagônia, e quando faltava o tabaco muitos
aborígenes diziam que a tribo estava pobre".
A chegada de Cabral ao Brasil, a descoberta do Caminho Marítimo para a Índia, a exploração
da Costa Africana, a chegada de Colombo à América, de entre outros conhecimentos
adquiridos nessa altura, supõe o primeiro contato dos ocidentais com esta apreciada planta. A
partir de então, rapidamente o seu uso se estendeu a toda a Europa empurrado, sobretudo, pelo
grande valor terapêutico que lhe era atribuído.
Foi de tal forma a aceitação e velocidade de difusão que a Coroa de Espanha optou por
submeter o comércio a um regime de monopólio estatal. Rapidamente ingleses e espanhóis
37
invadiram o mundo com uma substância até então desconhecida o que provocou uma forte
repressão por muitas autoridades. Como anedota, refira-se que no século XVII o Zar M.
Fedorovich ordenou martirizar qualquer fumador até que este confessasse quem lhe tinha
fornecido o tabaco, para cortar o nariz a ambos. Na mesma linha, o sultão Murad IV "gostava
de surpreender os homens fumando, inclusive no campo de batalha, e castigá-los com
decapitação, desmembramento ou mutilações de pés e mãos". O Papa Urbano VIII
excomungava quem se permitisse abuso tão repugnante junto das dioceses e nos seus
arredores.
A partir do século XVIII as proibições cessam e o uso do tabaco cresce de forma
gradual. Ao longo do século passado, o cigarro passou a ser aceite socialmente com a
revolução industrial, que facilitou a produção manufaturada em larga escala e enraizou este
hábito.
Como é sabido, são muitas as razões que contribuíram para a sua expansão: os grandes
interesses econômicos dos países produtores e empresas multinacionais, as próprias
características da substância, o tremendo boom publicitário que acompanha a sua difusão, etc.
O fumo (Nicotiana tabacum L), é cultivado com fins comerciais pelo menos em 97
países em todo o planeta. Mesmo sendo uma planta de origem tropical, a maior parte de sua
produção esta concentrada em regiões temperadas. (Balardin, 2003)
O maior produtor mundial é a China , que é responsável aproximadamente por 1/3 de
toda produção mundial (Balardin, 2003), além de outros países como, Estados Unidos, Brasil,
Índia e países do Leste Europeu.
O sistema de produção de mudas possui grande importância, pois pode representar
um caráter preventivo na melhoria na sanidade das plantas, sendo assim as mudas avaliadas a
presente pesquisa foram produzidas em vasos.
Embora a fumicultura tenha evoluído muito desde sua implantação na região sul do
Brasil, a técnica de produção de mudas pouco avançou até o desenvolvimento do sistema
Float. Com essa prática as mudas são produzidas em bandejas instaladas sobre uma fina
camada de água e as sementes peletizadas germinam em substrato apropriado.(Souza
Cruz,1998).
Um dos principais fatores de garantia de uma boa produtividade das lavouras de fumo
é a qualidade das mudas plantadas,. mudas uniformes, bem desenvolvidas e sadias certamente
são a base para uma boa safra.
38
Uma muda com boa qualidade, sem dúvida alguma, passa por um bom substrato,
pois a germinação, iniciação radicial e aérea, estão associados com uma boa capacidade de
aeração, drenagem e retenção de água. A disponibilidade dos mesmos estão todos
intimamente ligados a um bom substrato (Gonçalves e Poggiani, 1996).
Substrato é o meio em que as raízes proliferam-se para fornecer suporte estrutural à
parte aérea das mudas e também as necessárias quantidades de água, oxigênio e nutrientes. As
características do substrato são resultantes da interação , ao longo de décadas, de forças
climáticas e de organismos vivos que atuam sobre o material de origem, formando um sistema
composto por três fases: sólida, líquida e gasosa. ( Carneiro ,1995 ).
Para May (1984) Apud Carneiro (1995), a fertilidade do substrato é definida como a
qualidade que permite o fornecimento dos elementos necessários ou dos componentes que
contém estes elementos, em quantidades adequadas para o crescimento das mudas. Gonçalves
et al. (2000), citam que um bom substrato apresenta as seguintes características: boa estrutura
e consistência de forma a sustentar e acomodar as sementes durante a germinação e
enraizamento; boa porosidade de modo a permitir pronta drenagem do excesso de água
durante as irrigações e chuvas, mantendo adequada aeração junto ao sistema radicular; boa
capacidade de retenção de água de modo a evitar as irrigações muito freqüentes. Além disso,
o substrato não deve se contrair excessivamente após a secagem; isento de substâncias
tóxicas; inóculos de doenças e de plantas invasoras, insetos e sais em excesso; deve ser bem
padronizado, com características químicas e físicas pouco variáveis de lote para lote, ou seja,
o substrato deve apresentar boa homogeneidade de partículas, com poucas partículas inertes,
sobretudo as grandes, que tomam muito espaço sem nenhuma contribuição para a capacidade
de agregação e retenção de água e nutrientes, principalmente para uso em recipientes com
pequeno volume; prontamente disponível em quantidade adequada e custos economicamente
viáveis, “o principal critério para definir as características adequadas do substrato deve se
basear em suas características físicas. As características químicas são relativamente fáceis de
serem corrigidas com as fertilizações de base e cobertura”.
Segundo Aldhous (1975) Apud Carneiro (1995), o substrato bem drenado deve
apresentar cerca de 10% de argila e 15% de silte, constituindo o percentual restante de areia.
Mudas produzidas em substratos com teores de silte e argila menores que 10%, requerem
maior cuidado no que se refere ao fornecimento de nutrientes.
39
May (1984) Apud Carneiro (1995), também concordou com as percentagens
indicadas por Aldhous (1975), em se tratando de produção de mudas de Pinus.
Para este gênero, citando alguns pesquisadores- South & Davey (1983) Apud
Carneiro (1995) – recomendaram que o substrato não deve conter menos que 75% de areia.
A presença de um ou mais componentes numa mistura de substratos com partículas
de diâmetro menor ou igual ao diâmetro médio dos macroporos da mistura leva ao bloqueio
de grande parte da macroporosidade ( Gonçalves et al. ,2000 ).
Das recomendações de Aldhous (1975), South & Davey (1983) e May (1984) Apud
Carneiro (1995), conclui-se que os substratos dos viveiros deva ser arenoso, franco arenoso
ou areia franca.
Schubert & Adams (1971) e Davey (1984)Apud Carneiro (1995), alertam sobre a
necessidade de adição de matéria orgânica para melhorar as características químicas e físicas
do substrato.
Aldhous (1975) e Cordell & Filer JR. (1984) Apud Carneiro (1995), ainda
acrescentam que a matéria orgânica tem a capacidade de reter a umidade e nutrientes no
substrato, da mesma forma que a argila. O húmus tem a propriedade de expansão e retenção,
em resposta à condições de umidade e de seca, auxiliando na manutenção de uma adequada
estrutura dos substratos.
Warkentin (1984) Apud Carneiro (1995), recomendou a adição de matéria orgânica
como o modo mais fácil de mudar estas características físicas, trazendo ainda como vantagem
a estabilização estrutural e adequação das dimensões dos poros.
Para Valeri (2000) Apud Gonçalves (2000), os componentes orgânicos mais usados
para a produção de mudas são esterco de curral curtido, húmus de minhoca, cascas de
Eucalyptus spp ou Pinus spp decompostas e bagacilho de cana decomposto. Para os mesmos
autores os diferentes tipos de material orgânico a serem utilizados é que determinam as
características físicas do substrato.
Segundo Kiehl (1985), a matéria orgânica atua diretamente na biologia do solo,
constituindo-se numa fonte de energia e nutrientes para os organismos que participam de seu
ciclo biológico; mantendo o dolo em estado de constante dinamismo, exerce um importante
papel na fertilidade e na produtividade das terras. Indiretamente, a matéria orgânica atua na
biologia do solo pelos seus efeitos nas propriedades físicas e químicas, melhorando as
40
condições para a vida vegetal. Daí a justificativa como melhoradora ou condicionadora do
solo.
Do ponto de vista fermentativo, é um produto orgânico estável, isto é, não mais
sujeito a fermentações, diferenciando-se, assim, de outros produtos orgânicos por ser aplicado
de imediato e diretamente em contato com as raízes das plantas (Martinez ,1995).
A IMPORTÂNCIA DAS BACTÉRIAS:
As bactérias participam ativamente quase se exceção as transferências orgânicas de
capital importância para que o solo possa manter com sucesso os vegetais superiores , as
mesmas retém o monopólio na transformação em três enzimas básicas : oxidação do
nitrogênio (nitrificação), oxidação do enxofre e fixação do nitrogênio . Sob este angulo, são as
mais simples e numerosas de todas as formas de vida, e talvez, as de maiores conseqüências
(Brady, 1989).
Os microorganismos aeróbicos podem
fazer um trabalho mais completo de
compostagem que os anaeróbios, logo que os aeróbicos degradam os compostos de carbono
em gás carbônico e água que os tornam prontamente disponíveis para as plantas, este fato traz
vantagens aos vegetais, uma vez que podem utilizar esta energia para crescer mais rápido e
degradar mais matéria orgânica quando comparados aos anaeróbicos, além disto liberam
nutrientes para as plantas, como nitrogênio, fósforo, magnésio e outros ( Campbell, 1995).
Sendo assim apresente pesquisa teve como objetivo avaliar o crescimento de plantas
de fumo utilizando Bacsol.
2-MATERIAL E MÉTODOS
A presente pesquisa foi
realizada
no Centro Tecnológico de Silvicultura,
Departamento de Ciências Florestais da Universidade Federal de Santa Maria.
Santa Maria encontra-se aos 290 41´ 25´´ de Latitude Sul e 530 48´42´´ de Longitude
Oeste, a uma altitude de aproximadamente 95 metros ( INEMET; 1931-1974).
41
Segundo a classificação climática de Köpenn, Apud Moreno (1961), o local de estudo
encontra-se em uma região de clima do tipo “cfa´´ (subtropical úmido), com temperatura
média anual de 190 C e precipitação média anual de 1769 mm.
BACSOL AGRÍCOLA - é um produto composto de aproximadamente 206 tipos de bactérias
e microorganismos, classificados como: risosféricos, decompositores, nitrogenadores, e
predadores de pragas de solo, são ativadoras de nutrientes do solo, melhorador do solo,
defesas contra nematóides, defesa contra doenças fungicas do solo e defesa contra algumas
pragas. as bactérias, especificamente as quelatizantes de ferro, atuam na liberação de fósforo,
cálcio e outros elementos retidos nos colóides de ferro, aumentando a disponibilização para as
plantas. os quelatizantes são ácidos orgânicos denominados "sideróforos", produto metabólico
da atividade microbiana nas risosferas da planta. os microorganismos do bacsol
decompositores de matéria orgânica aceleram o processo de uma forma benéfica, aumentando
a disponibilidade de elementos com nitrogênio n, fósforo p, potássio k, enxofre, entre outros.
o bacsol contém bactérias transformadoras de nitrogênio, tanto fixador do nitrogênio do ar
como os responsáveis pela nitrificação dos nitrogênios dos adubos e matéria orgânica. o uso
contínuo do bacsol, em conjunto com outras práticas de manejo, provocam mudanças
significativas no solo, como a reestruturação física, tornando-o mais poroso e criando
condições favoráveis ao desenvolvimento dos vegetais. o uso do bacsol proporciona uma
redução na adubação, dependendo da análise de solo, de até 50% ou mais, causando assim
uma redução significativa no custo de produção. os microorganismos presentes no bacsol
atuam diretamente nas risosferas da planta vivendo em simbiose com o meio, reestabelecendo
a cadeia biológica natural, melhorando a disponibilização, de nutrientes, defesas naturais do
solo, decomposição de material orgânico transformando-os em ácidos orgârnicos
aproveitáveis e humus. o bacsol é registrado e certificado como produto orgânico pelo ibd instituto bio dinâmico de botucatu - sendo assim totalmente benéfico para o meio ambiente.
Na tabela 2 estão descritos todos os tratamentos utilizados na presente pesquisa, com
mudas de Nicotiana tabacum L.
42
TABELA 2: Descrição dos tratamentos para a produção de mudas de fumo
TRATAMENTOS
DESCRIÇÃO
T1
0g de Bacsol por m³ de substrato
T2
400g de Bacsol por m³ de substrato
T3
600g de Bacsol por m³ de substrato
T4
800g de Bacsol por m³ de substrato
T5
1000g de Bacsol por m³ de substrato
Para a instalação do presente experimento utilizou-se o delineamento blocos ao acaso,
com 6 tratamentos e 5 repetições.
Os parâmetros analisados foram: altura total, diâmetro de colo, massa seca aérea e
radicular, número de folhas
A analise estatística foi realizada pelo software estatístico SPSS versão 7.5 para
Windows, onde foi realizado o teste de Tukey em nível de 5% de significância.
Figura 1- Visão geral da pesquisa
3-RESULTADOS E DISCUSSÃO
No quadro 1 , pode-se observar as médias de desenvolvimento das mudas nos
parâmetros analisados.
QUADRO 1 –Desenvolvimento das mudas nos parâmetros analisados no viveiro florestal.
43
Trat
DC
H
MSA
MSR
N°FOLHAS
0
5,1
c
27,4 c
15,85 c
14,2 c
14,2 c d
1
5,8 b c
40,6 b
32,9
23,75 c
17,6 c
2
6,2 b
44,7 b
36,06 b
25,95 b c
21,2 b
3
6,4 b
52,0 b
39,59 b
32,0 b c
22 b
4
7,9 a*
60,5 a*
48,15 a*
38,4 a*
26,2 a*
5
6,5 b
40,5 b
28,75 a b
12,18 b
21 b
b
*Tratamentos com médias não seguidas pela mesma letra, diferem pelo teste de Tukey, em nível de 5% de probabilidade de erro.
Logo após a realização do teste de tukey das médias, foi realizada uma análise de
regressão onde obteve-se as equações de cada parâmetro avaliado, como descrito no quadro 2.
QUADRO 2: Resultados das análises de regressão
VARIAVEL
R²
Equações
H
0,8714
Y= 0,1061 + 0,1865 X + 0,2205 X²
DC
0,7638
Y= 0,3826 + 0,1363 X + 0,1596 X²
MAS
0,7155
Y= 0,7758 + 0,1722 X + 0,2129 X²
MSR
0,9103
Y= 0,6217 + 0,2220 X + 0,3125 X²
N° DE FOLHAS
0,8205
Y= 0,76 + 0,6721 X + 0,7072 X²
Segundo o quadro 1, a dose de Bacsol do tratamento 4 apresentou melhor resultado
em altura, na analise realizada pelo teste de tukey a nivel de 5% de erro.
A figura 2 demonstra o rendimento em altura dos tratamentos realizados na pesquisa.
Figura 2- Resultado em altura das mudas aos 150 dias de semeadura
Altura em cm
R e s u lta d o e m a ltu ra d o s tra ta m e n to s
60
40
20
0
T0
T1
T2
T3
T ra ta m e n to s
T4
T5
44
Bacon, Hawkins e Jermyn Apud Santos (1995), pesquisando mudas de um ano de
Pinus elliottii constataram, em contraste com o diâmetro, que a altura da parte aérea teve
pouca influência no desempenho das mudas no campo, especialmente sobre o crescimento em
altura.
Experimentos conduzidos no estado de Oklahoma, EUA, com espécies florestais,
tiveram maior índice de sobrevivência mudas com menor altura e maior diâmetro de colo,
relata Torres Apud Santos (1995).
A variável diâmetro de colo o tratamento 4 obteve a melhor média em relação aos
demais tratamentos, como demonstra a figura abaixo.
Figura 3- Resultado em diâmetro de colo das mudas aos 150 dias de semeadura
R e s u lt a d o e m d iâ m e t r o d e c o lo d o s
tra ta m e n to s
Dc em cm
1 0 ,0 0
5 ,0 0
0 ,0 0
T0
T1
T2
T3
T4
T5
T r a t a m e n to s
Kartelev Apud Santos (1995) afirmou que o diâmetro de colo de mudas de Pinus
sylvestris constitui-se na principal característica que definiu sua qualidade: com o aumento do
seu valor, aumentou a freqüência de raízes, a formação de botões e a lignificação dos tecidos
das mudas.
O parâmetro diâmetro de colo, em geral, é o mais observado para indicar a
capacidade de sobrevivência da muda a campo ( Daniel, 1997 ).
Abetz & Prange
Apud Carneiro (1995) pesquisando mudas de Picea abies
observaram que, mudas com espessas dimensões de diâmetro de colo, venceram mais
rapidamente a concorrência com a vegetação, após o plantio.
O tratamento que apresentou o melhor resultado em massa seca aérea foi o
tratamento 4, não diferenciando-se dos demais tratamentos, como representado na figura 4.
45
Figura 4- Resultado em massa seca aérea das mudas aos 150 dias de semeadura.
Peso em gramas
R e s u lta d o e m m a s s a s e c a a é re a d o s
tra ta m e n to s
60
40
20
0
T0
T1
T2
T3
T4
T5
T r a ta m e n to s
Massa seca aérea juntamente com a massa seca radicular representam sem duvida
alguma num parâmetro de grande valor para análise dos resultados obtidos na pesquisa, massa
seca das mudas revela sua produtividade foliar e radicular, o provável bom desempenho das
mudas à campo das que obtiveram maior rendimento nesses fatores analisados.
Já para o parâmetro massa seca radicular (Quadro 2), o melhor desempenho foi
obtido pelo tratamento T4 (800g de Bacsol / m³ de substrato), não diferenciando-se
significativamente dos outros tratamentos, sendo apresentado na figura 5 abaixo.
Figura 5- Resultado em massa seca radicular das mudas aos 150 dias de semeadura
peso em
gramas
Rendimento em massa seca radicular dos
tratamentos
60
40
20
0
T0
T1
T2
T3
Tratamentos
T4
T5
46
Outro fator de extrema importância é o número de folhas por planta, sendo assim a
figura 6 demonstra o rendimento nesse parâmetro tão importante para produção de massa, o
que é o objetivo dessa cultura.
Figura 6- Resultado em número de folhas das mudas aos 150 dias de semeadura
30
unidades
N° de folhas em
R e n d im e n to e m n ú m e ro d e fo lh a s d o s
tra ta m e n to s
20
10
0
T0
T1
T2
T3
T4
T5
T ra ta m e n to s
As figuras abaixo mostram os resultados final das análises de forma apenas ilustrativa
onde pede-se notar claramente a superioridade do tratamento 4 constituído de 800g de Bacsol
por m³ de substrato, tratamento esse que obteve os melhores resultados em todos os
parâmetros analisados.
Figura 7-Representação meramente ilustrativa dos tratamentos aplicados nas mudas
aos 150 dias depois da semeadura, mostrando sua evolução em relação aos tratamentos.
T0
T1
T2
T3
T4
T5
47
Pode-se notar pelas figuras que a regressão forma uma curva ou uma parábola a qual
representa a clara e nítida superioridade do tratamento 4, mostrando assim a necessidade de se
determinar a dose ideal desse produto bacsol para cada espécie ou cultura agrícola, sendo de
suma importância a determinação dessa dosagem do produto para cada tipo de cultura tanto
florestal quanto agrícola.
4-CONCLUSÃO
A dosagem mais indicada para produção de mudas de fumo foi a de 800g de Bacsol
por m³ de substrato, o qual figurou como melhor tratamento em todos os parâmetros
avaliados. Apresentando, inclusive a melhor média em diâmetro de colo, parâmetro esse, o
mais indicado para sobrevivência das mudas à campo, fica claramente reproduzida na figura 2
a superioridade do tratamento 4.
Figura 2-Diferença dos tratamentos aplicados no fumo.
5-REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BALARDIN, R.S.- Caderno técnico –Cultivar HF, Fevereiro /Março 2003,n° 18.UFSM
Santa Maria, pg 10.il.
48
CAMPBELL, S. aproveitar bem Manual de compostagem para hortas e jardins: como o
lixo domestico.São Paulo, Nobel, 1995, 151 p.
CARNEIRO, J. G. A . Produção e controle de qualidade de mudas florestais. Curitiba:
UFPR / FUPEF, Campos: UENF, 1995. 451 p.
DANIEL, O. ; VITORINO, A. C. P.; ALOVISI, A.A. et al. Aplicação de Fósforo em
mudas de Acacia mangium WILLD. Revista Árvore, Viçosa, v.21,n.2,p.163-168, 1997.
GONÇALVES, J. L. M.; POGGIANI, F. Substratos para a produção de mudas florestais. In:
SOLO-SUELO-CONGRESSO LATINO AMERICANO DE CIÊNCIA DO SOLO, 1996,
Águas de Lindóia – SP. Resumos expandidos...
Água de Lindóia: SLCS: SBCS:
ESALQ/USP: CEA – ESALQ/USP:SBM, 1996. (CD Room).
SANTOS, C.B. Efeito de Modelos e Tipos de Substratos na Qualidade de Mudas
de Cryptomeria japonica. Santa Maria, RS. Tese de Mestrado. Universidade Federal de Santa
Maria, 1995, 25p.
SOUZA CRUZ. Cultura do fumo- Manejo Integrado de Pragas e doenças. Santa
Cruz do Sul – RS. Editado pela Souza Cruz.1° edição 1998- pg 44.il.
49
CAPITULO 4
USO DO BACSOL NA DECOMPOSIÇÃO DE RESÍDUOS
PROVENIENTES DA INDUSTRIA FUMAGEIRA
JUAREZ MARTINS HOPPE
MAURO VALDIR SCHUMACHER
FRANCO FREITAS QUEVEDO
RODRIGO THOMAS
GUILHERME IVANOV
TANIA DIAS
JUAREZ PEDROSO FILHO
1-INTRODUÇÃO
Nas ultimas décadas o mundo sofreu grandes transformação em todo os setores da
sociedade organizada muitos problemas tem surgido e muitas soluções tem sido encontradas
para inúmeros fatores dependentes da atuação do homem. Os recursos naturais são um dos
fatores que mais sofreram agressões ao longo dos anos com tantas transformações sofridas
pelo mundo moderno as mudanças são rápidas e muito problemáticas, como o uso do solo
erroneamente; a exploração indiscriminada da Mata Atlântica e principalmente o uso
irracional de nossas limitadas fontes de recursos hídricos. Sem dúvida alguma uma das
questão que mais problemas gera para a sociedade atualmente é o grave problema do lixo, ou
seja, com a explosão populacional das ultimas décadas o lixo tornou-se uma questão caótica
em nossa sociedade, a preocupação com o meio ambiente e com as futuras gerações passa
obrigatoriamente por uma reflexão sobre esse grave problema , incluindo ainda todas as
outras formas de resíduos.
Dentre todos os resíduos uma das grandes preocupações é com o chamado lixo orgânico,
um dos grandes responsáveis pela proliferação de ratos e um grande número de insetos, esse
lixo representa uma infinita fonte de matéria prima ainda sem uso definido, sendo assim
pesquisas voltadas para solução desse problema são de fundamental importância para um
aproveitamento ecologicamente viável desse lixo.
Uma das alternativas encontradas para o aproveitamento dessa matéria prima é o seu uso
como substrato para produção de mudas de todos os tipos, segundo Tan (1978), esses resíduos
50
urbanos são ricos em ácidos húmicos; essas substancias podem afetar o desenvolvimento das
plantas de forma direta e indiretamente, diretamente podem melhorar a germinação, o
crescimento, respiração e a adsorsão, indiretamente podem melhorar o ambiente mais
especificamente o solo, tornando mais fértil e rico em nutrientes alem de melhorar sua
estrutura .
2-Justificativa
Com a utilização dos resíduos industriais como substrato, abre-se um leque de
opções para a utilização do mesmo, pois um bom substrato desempenha um papel de
importância fundamental na cadeia produtiva de mudas florestais. Para Carneiro (1995), o
substrato é meio em que as raízes se proliferam para fornecer suporte estrutural à parte aérea
das mudas e também as quantidades necessárias de água , oxigênio e nutrientes. Todos os
elementos essências absorvidos pelas plantas são derivados da matéria orgânica que estão
intimamente ligados ao substrato utilizado.
3-Objetivos
A presente pesquisa tem como objetivos:
- Definir a melhor dose de Bacsol na decomposição de resíduos oriundos da industria
fumageira
- Realizar uma decomposição nesse resíduo para posterior uso como matéria orgânica
- Utilizar esse resíduo como substrato para mudas florestais
4-Revisão de literatura
4.1 Normas ABNT
A geração e a disposição final de resíduos vem se tornando uma preocupação
crescente em vista dos efeitos negativos que tem causados por sua disposição inadequadas.
Kataoka(2003)
51
Segundo o mesmo autor a crescente demanda da sociedade pela manutenção e
melhoria do ambiente tem sido exigido das autoridades e de particulares atividades de
combate a poluição e agressão aos recursos naturais.
A
norma
técnica
da
ABNT
NBR10.004
“Resíduos
sólidos
classificação”(ABNT,1978), resíduos sólidos são todos os resíduos no estado sólido ou semi sólido de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial ou de serviços agrícolas. Sendo
classificados quanto a sua origem ou grau de periculosidade frente a determinados padrões de
qualidade ambiental.
Assim resíduos provenientes da industria fumageira, pela norma técnica da ABNT
NBR10.004, são classificados como resíduos de classe II.
4.2 Compostagem
Compostagem é um processo de transformação de resíduos orgânicos em adubo
humificado. Duas fases podem ser identificadas nessa transformação:
a. a primeira é denominada digestão e corresponde à fase inicial da decomposição, na
qual o material alcança o chamado estado de bioestabilização, onde a decomposição
ainda não se completou. Porém, quando bem caracterizada por seus parâmetros,
permite que se use o pré-composto como adubo sem risco de causar danos às plantas;
b. a segunda fase, mais longa, é a da maturação na qual a massa em decomposição atinge
a humificação, estado em que o adubo apresenta as melhores condições como
melhorador e fertilizante do solo.
4.2.1Compostos orgânicos
A prática demonstrou que há necessidade de se classificar o composto de acordo com
o seu grau de decomposição.
Pré-composto: É um material que foi tratado e teve um início de decomposição
("start" dos norte americanos), tem umidade e demais condições para prosseguir
sua degradação biológica. É o lixo domiciliar tratado nas Usina de Reciclagem e
Compostagem da Prefeitura do Município de São Paulo.
52
Composto bioestabilizado: Se o pré-composto vendido pela Prefeitura for
armazenado na propriedade agrícola em leiras, dentro de 30 a 40 dias estará
bioestabilizado ou semicurado, como o prático costuma chamar. Se o précomposto for incorporado à terra de cultura e se
plantar depois de 30 a 40 dias, também estará semicurado, não causando danos às sementes e
raízes de mudas transplantadas.
Composto curado ou humificado: O pré-composto disposto em leiras revolvidas
diversas vezes após 60 a 90 dias estará curado ou humificado, isto é, um adubo
orgânico mais rico em húmus e sais minerais nutrientes das plantas. No solo o précomposto continua sua decomposição tornando-se, com o tempo, composto
humificado.
4.3- Substratos
Substrato é o meio em que as raízes proliferam-se para fornecer suporte estrutural à
parte aérea das mudas e também as necessárias quantidades de água, oxigênio e nutrientes. As
características do substrato são resultantes da interação , ao longo de décadas, de forças
climáticas e de organismos vivos que atuam sobre o material de origem, formando um sistema
composto por três fases: sólida, líquida e gasosa. ( Carneiro ,1995 ).
Para May (1984) Apud Carneiro (1995), a fertilidade do substrato é definida como a
qualidade que permite o fornecimento dos elementos necessários ou dos componentes que
contém estes elementos, em quantidades adequadas para o crescimento das mudas. Gonçalves
et al. (2000), citam que um bom substrato apresenta as seguintes características: boa estrutura
e consistência de forma a sustentar e acomodar as sementes durante a germinação e
enraizamento; boa porosidade de modo a permitir pronta drenagem do excesso de água
durante as irrigações e chuvas, mantendo adequada aeração junto ao sistema radicular; boa
capacidade de retenção de água de modo a evitar as irrigações muito freqüentes.
Segundo Aldhous (1975) Apud Carneiro (1995), o substrato bem drenado deve
apresentar cerca de 10% de argila e 15% de silte, constituindo o percentual restante de areia.
Mudas produzidas em substratos com teores de silte e argila menores que 10%, requerem
maior cuidado no que se refere ao fornecimento de nutrientes.
May (1984) Apud Carneiro (1995), também concordou com as percentagens
indicadas por Aldhous (1975), em se tratando de produção de mudas de Pinus.
53
Para este gênero, citando alguns pesquisadores- South & Davey (1983) Apud
Carneiro (1995) – recomendaram que o substrato não deve conter menos que 75% de areia.
A presença de um ou mais componentes numa mistura de substratos com partículas
de diâmetro menor ou igual ao diâmetro médio dos macroporos da mistura leva ao bloqueio
de grande parte da macroporosidade ( Gonçalves et al. ,2000 ).
Para Valeri (2000) Apud Gonçalves (2000), os componentes orgânicos mais usados
para a produção de mudas são esterco de curral curtido, húmus de minhoca, cascas de
Eucalyptus spp ou Pinus spp decompostas e bagacilho de cana decomposto. Para os mesmos
autores os diferentes tipos de material orgânico a serem utilizados é que determinam as
características físicas do substrato.
Compostagem é um processo biológico aeróbico e controlado de tratamento e
estabilização de resíduos orgânicos para a produção de húmus. A biodegradação controlada de
resíduos orgânicos é uma medida necessária a fim de viabilizar o potencial de fertilização da
matéria orgânica e de evitar os fatores adversos causadas pela degradação descontrolada no
meio ambiente. O composto orgânico quando mau curado pode trazer problemas quanto a
infestação de patógenos e ervas daninhas; alta relação carbono/nitrogênio; produção de
toxinas inibidoras de metabolismo das plantas e da germinação de sementes (Neto, 1996).
4.3. 1- Ácidos Húmicos
A matéria orgânica do ambiente (MOA) é constituída de agentes de quelação de íons
metálicos micronutrientes de plantas e, também, de íons de metais pesados tóxicos para essas
mesmas plantas e para outros sistemas vivos do ambiente. Assim, a MOA do ambiente tem
função importante na nutrição de plantas, na estruturação do solo por ligar a ela diversas
estruturas inorgânicas como as argilas que, por sua vez, se ligam a outras moléculas da MOA
e, de resto, tem função na sustentação da vida na terra. (Almeida 1991)
Origina-se da decomposição química e microbiológica de resíduos vegetais
(principalmente) e animais. É constituída de moléculas de variadas complexidades e pesos
moleculares. Os ácidos húmicos (AH) e ácidos fúlvicos (AF), principais componentes da
matéria orgânica do ambiente, são ricos em radicais livres e em grupos queladores de íons
metálicos paramagnéticos como, VO2+, Mn2+, Fe3+ e Cu2+, todos micronutrientes
importantes.(Almeida 1991)
54
As substâncias húmicas dividem-se em três classes, de acordo com a solubilidade em
base forte e extrato tratado com ácido (LESSA et al, 1994) apud Classen1998): a) resíduo
extraível, denominado humina; b) um precipitado escuro chamado ácido húmico; c) material
orgânico que permanece na solução ácida, chamada de ácido fúlvico. De acordo com
LAWSON et al(1989) apud Classen(1998), a oxidação do carvão através do ar atmosférico,
ocorre a medida que o oxigênio é absorvido. A reação é lenta. Temperaturas elevadas (150oC)
são necessárias durante algumas semanas para a produção máxima de ácidos húmicos.
A matéria orgânica do solo é indispensável para as plantas. Sua origem resulta do
acúmulo de resíduos vegetais e animais em decomposição. A matéria orgânica do solo é
constituída de 60 a 90% de substâncias húmicas e de 10 a 40% de substâncias inertes,
denominadas huminas. O emprego de substâncias húmicas no solo tem favorecido, com
eficiência, a recuperação do seu carbono orgânico. As plantas, por sua vez, tratadas com tais
substâncias são mais resistentes às pragas e têm maior rendimento em carboidratos.
Classen(1998)
Ácidos humicos e fulvicos são constituindo a maior parte da matéria orgânica de solos
e sedimentos, as substâncias húmicas (SH) são materiais amplamente distribuídos na
superfície terrestre, ocorrendo em quase todos os ambientes, do terrestre ao aquático. As SH
originam-se da degradação biológica de resíduos animais e vegetais e da atividade sintética de
microrganismos, possuindo, assim, propriedades diferenciadas. As frações húmicas mais
importante e de maior ocorrência nos ecossistemas são os Äcidos Húmicos (AH) e Fúlvicos
(AF) .
As substâncias húmicas constituem um assunto de grande interesse por estarem
relacionadas com uma série de aspectos ecofisiológicos e ecotoxicológicos tanto de plantas no
ambiente terrestre como. Mais recentemente, o extraordinário potencial das substâncias
húmicas (particularmente dos ácidos fúlvicos) na área médica vêm sendo investigado através
de pesquisas no controle de doenças e ativação do sistema imunológico no homem (Senesi &
Miano, 1994) apud Matsuo (1998).
Sabe-se que as substâncias húmicas na água podem atuar na complexação de cátions
metálicos, formando complexos estáveis e diminuindo a toxicidade dos metais aos
organismos aquáticos. Atua também no transporte de nutrientes e na detoxicação de poluentes
(Thurman, 1985) apud Matsuo(1998). Elevadas concentrações de compostos húmicos
parecem atuar como proteção contra os raios UV, agindo como uma espécie de filtro solar
55
passivo (Campbell et al., 1997). As substâncias húmicas também estão diretamente
relacionadas com as funções do sistema imune de organismos e possui alta capacidade antioxidante (Senesi & Miano, 1994) apud Matsuo(1998). Devido a estas qualidades, as
substâncias húmicas estão despertando interesse crescente na comunidade científica.
Para Canellas et al apud Cameron et al1997 a deposição de resíduos orgânicos nos
últimos anos principalmente nas regiões produtoras próximas aos grandes centros
metropolitanos .
A presença e o elevado teor de matéria orgânica presente nesses materiais sugerem
que eles possam ser utilizados como condicionadores de solo , aumentando a capacidade de
armazenar água e fornecer nutrientes às plantas Canellas et al apud (Mays et al1973;Mazur et
al 1983).
Os teores de N, P e K são os parâmetros mais utilizados nas dosagens de resíduos
orgânicos, sendo os teores destes elementos relacionados diretamente com a qualidade dos
alimentos consumidos pelos animais, além do peso vivo dos mesmos (TAIGANIDES &
HAZEN, 1966) apud Matsuo (1998). Para esses autores, são excretados com as fezes, em
média, 75% de Nitrogênio, 80% de P2O5 e 85% de K2O. O potencial fertilizante de Nitrogênio
depende da conservação de N-amoniacal, pois a volatilização de amônia é o principal
responsável pela perda de Nitrogênio (MUCK, 1982; KIRCHMANN & WITTER, 1989).
A utilização da matéria orgânica como fonte principal de adubação, permite que as
plantas cresçam mais resistentes e fortes, restaurando ainda o ciclo biológico natural do solo,
fazendo com que se reduzam de maneira significativa as infestações de pragas, diminuindo
consequentemente as perdas e as despesas com agrotóxicos ( LONGO, 1987 ).
4.4. Relação carbono/ nitrogênio
A relação carbono/nitrogênio, representada pelos símbolos desses elementos químicos
C/N, é um índice que indica se a matéria orgânica está na forma de pré-composto,
bioestabilizada (semicurada) ou humificada (curada).
Para se obter a relação C/N sempre se divide o teor de carbono pelo de nitrogênio sendo que o
de nitrogênio passa a ser representado por uma unidade.
Assim, por exemplo, a palha de milho com 54% de carbono e 0,49% de nitrogênio tem
uma relação C/N igual a 110/1 (lê-se: cento e dez para um); o sangue seco tem 48% de C e
12% de N, relação C/N igual a 4/1; a serragem de madeira e o papel tem relação acima de
56
500/1. O húmus sempre tem relação em torno de 10/1 (entre 8/1 e 12/1). Composto
semicurado tem relação C/N em torno de 18/1 (13/1 e 20/1).
O pré-composto produzido pelas usinas da Prefeitura de São Paulo tem relação C/N
entre 23/1 e 30/1. Para início de compostagem a relação ideal é de 30/1 ou um pouco menor.
Relações C/N altas (40/1 ou maiores ainda) aumentam o tempo de compostagem.
4.6- Importância das Bactérias
As bactérias participam ativamente quase se exceção as transferências orgânicas de
capital importância para que o solo possa manter com sucesso os vegetais superiores , as
mesmas retém o monopólio na transformação em três enzimas básicas : oxidação do
nitrogênio (nitrificação), oxidação do enxofre e fixação do nitrogênio . Sob este angulo, são as
mais simples e numerosas de todas as formas de vida, e talvez, as de maiores conseqüências
(Brady, 1989).
Os microorganismos aeróbicos podem
fazer um trabalho mais completo de
compostagem que os anaeróbios, logo que os aeróbicos degradam os compostos de carbono
em gás carbônico e água que os tornam prontamente disponíveis para as plantas, este fato traz
vantagens aos vegetais, uma vez que podem utilizar esta energia para crescer mais rápido e
degradar mais matéria orgânica quando comparados aos anaeróbicos, além disto liberam
nutrientes para as plantas, como nitrogênio, fósforo, magnésio e outros ( Campbell, 1995).
5- Material e Métodos
A presente pesquisa foi
realizada
no Centro Tecnológico de Silvicultura,
Departamento de Ciências Florestais da Universidade Federal de Santa Maria.
Santa Maria encontra-se aos 290 41´ 25´´ de Latitude Sul e 530 48´42´´ de Longitude
Oeste, a uma altitude de aproximadamente 95 metros ( INEMET; 1931-1974).
Os materiais utilizados na presente pesquisa foram caixas de polietileno com volume
de 0,16m², demonstradas na figura 1.
A matéria prima base da pesquisa são barbantes provenientes de resíduos industrias
fumageiras.
57
Para a instalação da presente pesquisa foi utilizado o delineamento estatístico de
bloco ao acaso, com quatro tratamentos e três repetições.
Os parâmetros avaliados no resíduo orgânico serão grau de decomposição, relação
c/n, e análise de micros e macros nutrientes.
Figura 1 – Visão geral da área de compostagem
Tabela 1: Refere-se aos produtos usados na presente pesquisa *.
BACSOL AGRÍCOLA - É um produto composto de aproximadamente 206 tipos de
bactérias
e
microorganismos,
classificados
como:
risosféricos,
decompositores,
nitrogenadores, e predadores de pragas de solo. São ativadoras de nutrientes do solo,
melhorador do solo, defesas contra nematóides, defesa contra doenças fungicas do solo e
defesa contra algumas pragas. As bactérias, especificamente as quelatizantes de ferro, atuam
na liberação de fósforo, cálcio e outros elementos retidos nos colóides de ferro, aumentando a
disponibilização para as plantas. Os quelatizantes são ácidos orgânicos denominados
"sideróforos", produto metabólico da atividade microbiana nas risosferas da planta. Os
microorganismos do BACSOL decompositores de matéria orgânica aceleram o processo de
uma forma benéfica, aumentando a disponibilidade de elementos com Nitrogênio N, Fósforo
58
P, Potássio K, enxofre, entre outros. O BACSOL contém bactérias transformadoras de
nitrogênio, tanto fixador do nitrogênio do ar como os responsáveis pela nitrificação dos
nitrogênios dos adubos e matéria orgânica. O uso contínuo do BACSOL, em conjunto com
outras práticas de manejo, provocam mudanças significativas no solo, como a reestruturação
física, tornando-o mais poroso e criando condições favoráveis ao desenvolvimento dos
vegetais. O uso do BACSOL proporciona uma redução na adubação, dependendo da análise
de solo, de até 50% ou mais, causando assim uma redução significativa no custo de produção.
Os microorganismos presentes no BACSOL atuam diretamente nas risosferas da planta
vivendo em simbiose com o meio, reestabelecendo a cadeia biológica natural, melhorando a
disponibilização, de nutrientes, defesas naturais do solo, decomposição de material orgânico
transformando-os em ácidos orgârnicos aproveitáveis e humus. O BACSOL é registrado e
certificado como produto orgânico pelo IBD - Instituto Bio Dinâmico de Botucatu - sendo
assim totalmente benéfico para o meio ambiente.
No quadro 1 são apresentados os tratamentos e as doses de Bacsol utilizadas na presente
pesquisa.
Quadro 1-Doses de Bacsol utilizadas na execução da pesquisa.
Tratamento
Descrição
T0
sem bacsol
T1
400g de bacsol / m³
T2
800g de bacsol / m³
T3
1200g de bacsol / m³
6 – Resultados e Discussão
Para obtenção dos resultados da presente pesquisa foram realizadas analise dos
seguintes itens, analise estatística e química dos tratamentos, os quais serão
separadamente como forma de facilitar a compreensão.
6.1-Análise estatística
discutidos
59
Para a obtenção dos resultados, foi usado o software estatístico STAT_ sistema para
análises estatísticas (V.2.0 ) UNESP- FCAV- CAMPUS DE JABOTICABAL
POLO
COMPUTACIONAL/Depto. DE Ciências Exatas.
6.2- Macro e micro nutrientes
6.2.1Macronutrientes (g Kg –1)
No Quadro 4 são apresentados os resultados da análise química dos macronutrientes
no final da pesquisa.
Quadro4 – Teores totais dos macronutrientes do substrato em gkg-1 .
TRAT
N
P
K
Ca
Mg
T0
9,71
0,70
3,71
11,53
2,88
T1
13,51
0,71
3,13
17,76
2,91
T2
16,10
1,04
4,86
19,99
4,27
T3
16,22
1,21
6,2
24,17
5,31
No quadro 4 são apresentados os resultados das análises feitas nos tratamentos , e
fica clara a superioridade do tratamento 3 onde para cada m³ de resíduo tem-se 800g de
bacsol, esse tratamento obteve melhor resultado em N-P-K, esses macro nutrientes são
considerados o tri – pé da fertilidade das plantas, assim sendo o tratamento descrito obteve
maior quantidade desses nutrientes além do Mg. Abaixo são descritos a imfluencia de cada
nutriente para a planta.
Com relação aos macronutrientes, os sintomas visuais de deficiência e as maiores
respostas à adubação têm sido observadas no campo, com mais freqüência, na seguinte
ordem: P > N > K > Ca > Mg. Normalmente, para solos mais arenosos e deficientes no
fornecimento de água, observa-se, mais freqüentemente, maiores respostas à adubação
(GONÇALVES, 2000).
O nitrogênio é um importante componente da clorofila, enzimas, proteínas
estruturais,
ácidos
nucléicos
e
outros
compostos
orgânicos
(HACSKAYLO, FINN & VIMMERSTED, 1969) e MAY (1984 e) Apud CARNEIRO
(1995).
60
O fósforo, sem duvida alguma é um dos elementos mais importantes para o bom
desenvolvimento das mudas , MALAVOLTA (1997) conclui que o fósforo possui um papel
fundamental na vida das plantas, por participar dos chamados compostos ricos em energia,
como o trifosfato de adenosina (ATP), sendo absorvido pelas raízes como H2PO4-,
encontrando-se no xilema em maior proporção nessa forma. O mesmo autor complementa
dizendo que o P, juntamente com o N, são os elementos mais rapidamente redistribuídos.
BINKLEY (1993) Apud PEZZUTTI (1998) cita que o potássio é absorvido pelas
plantas como cátion K+ e ele permanece com essa forma para realizar todas sua funções nas
plantas. Uma das funções principais do potássio é de ativar muitas enzimas. O controle de
abertura e fechamento dos estômatos das folhas requerem o bombeio de K para o interior (ou
exterior) das células guardas, controlando também a turgescência das células.
6.2.2 Micronutrientes (mg Kg–1)
No Quadro 5 são apresentados os resultados da análise química dos micronutrientes
no final da pesquisa.
Quadro5 - Teores totais dos macronutrientes do substrato em gkg-1
TRAT
B
Cu
Fe
Mn
Zn
T0
12,36
9,98
741,1
29,4
14,65
T1
10,37
8,93
940,9
49,9
18,81
T2
25,86
9,38
1120,1
63,9
191,9
T3
35,96
7,40
1154,1
75,7
27,92
No quadro 5 são apresentados os resultados das análises feitas nos tratamentos , e
fica clara novamente a superioridade do tratamento 3 onde para cada m³ de resíduo tem-se
800g de bacsol, esse tratamento obteve melhor resultado em Cu – Fe - Mn, esses micro
nutrientes são de estrema importância para a fertilidade das plantas, assim sendo o tratamento
descrito obteve maior quantidade desses nutrientes. Abaixo são descritos a imfluencia de
cada nutriente para a planta.
61
Os micronutrientes são tão necessários para as plantas quanto os Macronutrientes ,
embora a planta não os necessitem em grandes quantidades , a falta de qualquer um deles no
solo pode limitar o crescimento das mesmas . Assim Ferri (19985) os definiu:
Boro é elemento essencial para a germinação dos grãos de pólen e para o
crescimento do tubo polínico e formação das sementes e das paredes celulares.
O Cobre disponível se refere a quantidade desse elemento no solo que pode ser
facilmente absorvido e assimilada pelas plantas , esse elemento participa da fotossíntese ,
atividades enzimáticas e formação de ATP.
Ferro, esse elemento é um catalisador que ajuda na formação da clorofila , age como
um carregador de oxigênio ajudando o sistema respiratório .
O manganês é absorvido pela raiz e funciona como ativador de diversas enzimas
,participa do transporte eletrônico da fotossíntese ,sendo essencial para a formação da
clorofila .
O zinco foi um dos primeiros micronutrientes reconhecido como essencial para as
plantas ,não é exigido com grande quantidade pelas plantas sendo suas principal funções
auxiliar na reação de diversas substâncias bem como a produção de clorofila.
6.2.3 : Razão carbono / nitrogênio
O Quadro 6 apresenta a razão carbono / nitrogênio do produto no final da pesquisa,
resultado obtido em análise realizada no laboratório de Ecologia Florestal da UFSM.
Quadro 6:No quadro 6 verifica-se os valores da relação c/n do resíduo urbano ao final da
pesquisa.
TRAT
C
C/N
T0
421,9
43,45
T1
372,7
27,5
T2
357,2
22,18
T3
372,7
22,9
62
A reação do solo é um importante fator na produção silvicultural, influindo na
disponibilidade de nutrientes às raízes das plantas, propiciando condições favoráveis ou de
toxidez; concorre, igualmente, para favorecer o desenvolvimento de microrganismos que
operam transformações úteis para melhorar as condições do solo, como também pode
concorrer para dar meio propicio a microrganismos causadores de doenças às plantas.
Relação C/N
A relação carbono nitrogênio da informação sobre estado de humificação da matéria
orgânica do solo. Sabendo-se que o húmus possui uma relação C/N que varia de 12:1 a 8:1
tendo por média 10:1, quando o resultado das análises desses elementos apresentarem
elevados teores de C, em relação aos de N (altas relações C/N), sabe-se que a matéria
orgânica desse solo não está completamente humificadas ou foram feitas adições recentes de
restos vegetais crus; inversamente, quando os teores de N forem elevados dando relações C/N
inferiores a 10:1, supõe-se que houve uma recente adubação nitrogenada. Uma nova tomada
de amostra de terra seguida de análise química após 30 a 60 dias da primeira coleta, dirá se
houve essas incorporações (C/N altera-se) ou se as condições são inadequadas para a
decomposição (C/N permanece inalterada).(KIEHL,1980)
Na figura 2 é apresentado o aspecto do produto na secagem em estufa.
Figura 2- Secagem do barbante em estufa.
7- Conclusão
63
Após todas as análises realizadas e interpretação dos dados chegou-se às seguintes
conclusões :
- O tratamento 3(1200g bacsol / m³ de resíduo da industria fumageira)obteve melhor
rendimento em kg/m³;
- O mesmo tratamento obteve melhor relação C/N;
- O tratamento também apresentou maior quantidade de Macronutrientes, nutrientes
esses os mais exigidos pelas plantas;
- O mesmo tratamento ainda apresentou níveis maiores de Cu, Fe, Mn ,Zn.
8- BIBLIOGRAFIA
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66
CAPÍTULO 5
USO DO BACSOL NA PRODUÇÃO DE MUDAS DE ERVA - MATE Illex
paraguariensis
JUAREZ MARTINS HOPPE
MAURO VALDIR SCHUMACHER
FRANCO FREITAS QUEVEDO
RODRIGO THOMAS
GUILHERME IVANOV
TANIA DIAS
JUAREZ PEDROSO FILHO
1 INTRODUÇÃO
A utilização de mudas de alta qualidade é um dos fatores que determinam o sucesso de
plantios florestais. A obtenção dessas mudas é conseguida com a seleção do material genético,
o uso de sementes de boa qualidade e práticas culturais adotadas no viveiro (José, 2003).
A produção de mudas de árvores pode ser feita por sementes ou pela propagação
vegetativa. A propagação vegetativa é feita utilizando pedaços de galho, estacas e brotos da
base da árvore, folhas e raízes, dentre outras partes. Geralmente, requer estruturas caras e sua
execução é difícil. Ela é muito utilizada quando se multiplicam árvores altamente produtivas,
no desenvolvimento da chamada silvicultura clonal. A produção de mudas por sementes é
mais utilizada por ser mais simples que a propagação vegetativa e podendo ser usada para a
maioria das espécies produtoras de sementes (Ferreira, 2002).
Sementes de muitas espécies florestais germinam muito bem quando colocadas em
condições favoráveis de umidade, temperatura e oxigênio. Por outro lado, aquelas que não
germinam sob tais condições são chamadas de dormentes. A dormência representa um
problema ao viveirista porque a germinação ocorre irregularmente causando desuniformidade
no crescimento das mudas. Contudo, existem vários tratamentos para efetuar a quebra de
dormência das sementes e obter uma germinação mais rápida e uniforme (Nogueira, 2002).
De acordo com Sturion (2000), a utilização de sementes geneticamente melhoradas,
juntamente com técnicas silviculturais apropriadas, permite ganhos na produtividade de
espécies florestais.
67
De acordo com Carneiro (1995) é conhecido o fato de que, em condições favoráveis,
como as de viveiro, bons fenótipos podem ser produzidos até por pobres genótipos.
Para Santos (1995), o êxito de um reflorestamento depende diretamente das
potencialidades genéticas das sementes e da qualidade das mudas produzidas.
As bactérias participam ativamente quase sem exceção das transferências orgânicas
de capital importância para que o solo possa manter com sucesso os vegetais superiores , as
mesmas retém o monopólio na transformação em três enzimas básicas : oxidação do
nitrogênio (nitrificação), oxidação do enxofre e fixação do nitrogênio . Sob este angulo, são as
mais simples e numerosas de todas as formas de vida, e talvez, as de maiores conseqüências
(Brady, 1989).
Os microorganismos aeróbicos podem fazer um trabalho mais completo de
compostagem que os anaeróbios, logo que os aeróbicos degradam os compostos de carbono
em gás carbônico e água que os tornam prontamente disponíveis para as plantas, este fato traz
vantagens aos vegetais, uma vez que podem utilizar esta energia para crescer mais rápido e
degradar mais matéria orgânica quando comparados aos anaeróbicos, além disto liberam
nutrientes para as plantas, como nitrogênio, fósforo, magnésio e outros (Campbell, 1995).
Tendo em vista a grande importância das bactérias, foi lançado no mercado um
produto chamado Bacsol, que representa uma fonte alternativa para melhorar a qualidade de
mudas florestais. O Bacsol é um composto que contém uma gama de bactérias além de outros
microorganismos, classificadas como rizosféricos, decompositoras, nitrogenadoras e parasitas.
Esses microorganismos estão na forma de esporos que entram em intensa multiplicação em
contato com a umidade do solo. O produto possui propriedades ativadoras de nutrientes no
solo, além de propiciar defesa contra nematóides, pragas e doenças no solo.
A nutrição adequada das árvores é o pré-requisito para um crescimento satisfatório.
Nutrientes fazem parte de todos os tecidos das plantas e também são importantes na função de
catalisador, transportador, regulador de pressão osmótica, etc. (Andrae, 1978). Segundo o
mesmo autor, o abastecimento satisfatório se manifesta no crescimento bom e no aspecto
sadio das plantas.
Segundo Gonçalves (2000) as características da muda de boa qualidade estão
intrinsecamente relacionadas com seu potencial de sobrevivência e crescimento no campo
após o plantio, o que determinará a necessidade de replantio e demanda de tratos culturais de
manutenção do povoamento recém implantado.
68
Mudas com adequado teor nutricional constituem uma suposição de adequado
desenvolvimento e boa formação de sistema radicular, com melhor capacidade de adaptação
ao novo local, após o plantio (Carneiro, 1995).
É de suma importância o conhecimento das características do sistema radicular,
principalmente o das raízes finas das árvores, como quantidade, distribuição em profundidade,
e interação com o solo, para a definição e também tomada de decisões sobre práticas de
preparo de solo e fertilização. Também é de grande importância, além da aplicação dessas
práticas, o conhecimento da configuração do sistema radicular é extremamente importante
como fonte de subsídios úteis na explicação de processos ecofisiológicos básicos,
principalmente os que são relacionados com a nutrição mineral e o balanço hídrico das
árvores (Gonçalves, 2000).
Para o mesmo autor, cada sistema radicular tem sua forma e desenvolvimento único.
O desenvolvimento inicial, parece possuir forte controle genético, porém pode ser modificado
por algumas características do solo, como densidade, umidade, temperatura, textura, entre
outras, além de condições relacionadas às circunstâncias na qual se encontra a árvore, como
competição entre raízes, disponibilidade de fotoassimilados, densidade entre árvores, entre
outras,
Levando em consideração todos estes fatores anteriormente mencionados, a presente
pesquisa teve por objetivo testar diferentes doses do produto Bacsol no processo de produção
de mudas de acácia-negra, em conjunto com o produto comercial Orgasol usado para o
tratamento de sementes de espécies agrícolas e florestais.
ERVA MATE.
Nome popular: erva congonha, congonha, erva, orelha-de-burro, caá etc.
Nome científico: Ilex paraguariensis Saint Hilaire.
Família: Aquifoliaceae
Morfologia
Árvore de pequeno porte, perenifolia, sua altura é variável, cultivada varia de 3-5 m,
porém em floresta natural pode atingir até 25 m de altura, com tronco reto, bastante curto, o
DAP da árvore pode chegar até 70 cm, casca marrom, possui copa alongada com grande
superfície foliar.
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Fenologia
A erva-mate é uma espécie dióica. Floresce de setembro até dezembro: de setembro a
outubro no Rio Grande do Sul, setembro a novembro no Paraná e de setembro até dezembro
em Santa Catarina. Frutos maduros de dezembro até abril. A floração e a frutificação iniciam
gradativamente em árvores plantadas, aos 2 anos em árvores oriundas de propagação
vegetativa e aos 5 anos em árvores provenientes de sementes, em habitats adequados. A
dispersão das sementes se dá principalmente pelos sábias.
Dispersão
Esta espécie ocorre em regiões tropicais e temperadas da América do Sul, entre os
paralelos 18 e 30 graus de latitude Sul, ocorre além do Brasil na Argentina, Uruguai,
Paraguai, Colômbia, Bolívia, Peru e Equador.
No Brasil encontra-se em formações naturais e ambiente ecológico peculiar
determinado pelos grandes rios Paraná, Paraguai e Uruguai sempre em associações de
Araucaria angustifolia.
No Rio Grande do Sul a erva-mate se encontra dispersa pelo planalto meridional
principalmente na zona dos pinhais do planalto oriental penetra na floresta latifoliada do Alto
Uruguai. Apresenta-se rala na bacia do alto Ibicuí. Falta nas florestas da Serra Geral ou muito
rara ocorrendo de forma descontínua. A espécie reaparece no Escudo Riograndense, onde
existem alguns núcleos de pinhais. A área de ocorrência natural da erva-mate equivale a
450.000 Km2 ou 5% do território brasileiro.
Sítio
A erva-mate é uma espécie que tolera sombra em qualquer idade, mas é na fase adulta
que esta tolera mais luz.
Espécie que ocorre principalmente nas submatas de canelas, em solos úmidos,
compactos e pouco inclinados, onde aparece em grande abundância. Esta espécie sempre está
associada a Araucaria angustifolia e às canelas.
A espécie regenera-se com facilidade quando o estrato arbóreo superior e
principalmente, os estratos arbustivos e herbáceos são raleados
Raramente pode ser encontrada ainda ao longo dos rios na zona da mata pluvial da
Encosta Atlântica.
Após o desbaste de submatas de pinhais, observa-se um grande número de plantas
novas de erva-mate, formando com o passar do tempo os ervais.
70
A espécie ocorre em altitudes que geralmente se encontram na faixa de 400 a 800
metros. A precipitação média anual é em torno de 1500 mm, variando de 1100 a 2300 mm.
Nos locais onde a espécie aparece, o clima predominante é o Cfb, seguido pelo Cfa. A ervamate aparece naturalmente em solos de baixa fertilidade natural, em solos com baixos teores
de nutrientes trocáveis e alto teor de alumínio. Prefere solos profundos, raramente aparecendo
em solos litólicos. Para a realização de plantios de erva-mate, devem ser evitados solos
úmidos não permeáveis. Prefere solos úmidos e bem drenados, a espécie não ocorre em solos
hidromórficos.
Silvicultura
Os ervateiros distinguem 4 tipos de erva-mate:
1) erva-mate com folhas pequenas, coriáceas e talo branco;
2) erva-mate com folhas pequenas, coriáceas e talo roxo;
3) erva-mate com folhas grandes, membranáceas e talo branco;
4) erva-mate com folhas grandes, membranáceas e talo roxo.
A propagação da erva-mate pode ser feita por sementes, por estaquia e cultivo in vitro.
A coleta das sementes pode ser realizada no chão e na própria árvore. Os frutos maduros
apresentam uma coloração violeta-escuro.
A separação das sementes é feita esmagando-se os frutos previamente macerados
durante algumas horas.
As semente da erva-mate são bastante duras, uma vez que o tegumento é quase
impermeável a água, logo a germinação é difícil. A germinação é conseguida com o lento
amolecimento dos grãos em contato com a areia média levemente umedecida durante um
período de cinco a seis meses. A este processo chama-se estratificação. A germinação da
erva-mate inicia-se entre 40 a 180 dias após a semeadura
A erva-mate pode ser propagada por meio de estaquia, e o período mais favorável é
nos meses de novembro a maio, sendo que o corte das estacas deve ser feito pela parte da
manhã. Deve-se preferir material herbáceo das posições basais e médias. A estaca deve
possuir de 1 a 3 folhas, o meio de enraizamento deve ser areia fina e solo pobre. Dependendo
do hormônio utilizado (AIA ou AIB) o período de enraizamento será de 77 a 120 dias. No
71
CNPF de Curitiba utilizando-se AIB, concentração de 5000 e 8000 ppm obteve-se 62 e 47 %
de enraizamento aos 120 dias.
A multiplicação pode ser feita mediante cultura in vitro. Para isto são utilizados desde
segmentos nodais até gemas e ápices meristemáticos, tanto de origem apical como axilar.
No caso de estratificação, os grãos são distribuídos a granel e cobertos por terra
peneirada e esta deve ser mantida úmida. Neste processo após um mês da semeadura
aparecem as primeiras plântulas. Quando as plântulas tiverem 4 a 6 folhas começa-se a
repicagem. O espaçamento mais utilizado é o de 3 x 7 m.
Utilização
A erva-mate já era conhecida pelos aborígenes antigos da América do Sul. Também
era utilizada pelos Incas, conforme descobertas arquelógicas.
Os aborígenes brasileiros chamavam a erva-mate de caá cujas folhas empregavam para
prevenir doenças e fadiga. A erva-mate possui qualidade estimulante e tônica.
Foram os jesuítas espanhóis que espalharam o uso da erva-mate entre os civilizados.
As propriedades principais da erva-mate são: estimulante, diurético, estomáquico,
sudorífico. A cafeína que esta espécie contém atua em casos de cólicas renais, neurastenia,
depressões nervosas e fadigas cerebrais em geral.
Em função de sua importância social e folclórica a erva-mate foi escolhida com árvore
símbolo do estado do Rio Grande do Sul.
Pragas e Doenças
Cinco insetos podem ser considerados pragas que realmente causam danos a ervamate: Ceroplastes grandis conhecido como cochonilha-de-cera, Gyropsyla spegazziniana ou
ampola da erva-mate, Thelosia camina ou lagarta-da-erva-mate, Hedypathes betulynus
conhecido como broca do tronco da erva-mate e a Hylesia sp. As plantas da erva-mate estão
sujeitas a doenças fúngicas como: o tombamento das plântulas (damping off), antracnose,
mancha da folha ou pinta preta, etc.
2. MATERIAL E MÉTODOS
A presente pesquisa foi realizada no Centro Tecnológico de Silvicultura,
pertencente ao Departamento de Ciências Florestais da Universidade Federal de Santa
Maria, RS.
72
Santa Maria encontra-se aos 290 41´ 25´´ de Latitude Sul e 530 48´42´´ de Longitude
Oeste, a uma altitude de aproximadamente 95 metros.
No experimento , o substrato utilizado foi Turfa Fertil@ gardem Plus em tubetes
cilíndricos com estrias de 150 cm³ de capacidade. A análise química do substrato pode ser
observada no quadro 1.
QUADRO 1: Análise química do substrato Turfa Fértil Gardem Plus utilizada na produção de
mudas de Erva Mate.
Elementos*
N
P
K
Ca
Mg
C
S
B
Cu
( g Kg –1 )
7,32
0,34
0,92
Fe
Mn
Zn
13,6
14,8
( mg Kg –1 )
14,25 1,83
222,1
0,12
12,58
3,16
391,3
*Refere-se aos teores totais
Na tabela 1 são descritas as características do produto utilizado na presente pesquisa,
o Bacsol é um composto que contém uma gama de bactérias além de outros microorganismos,
são Bactérias rizosféricos, decompositoras, nitrogenadoras, parasitas. Esses microorganismos
estão na forma de esporos que entram em intensa multiplicação em contato com a umidade do
solo e do substrato.
Tabela 1: Refere-se aos produtos usados na presente pesquisa *.
Bacsol
•
Ativador de nutrientes do solo
•
Melhorador de solo
•
Na defesa contra nemátoides
•
Defesa contra doenças fúngicas do
solo
•
Defesa contra pragas
* fonte catalogo Bacsol e orgasol.
Foi utilizado o delineamento de blocos ao acaso com 4 tratamentos e 3 repetições
(Quadro 2), sendo cada parcela constituída por 55 mudas das quais foram avaliadas as 15
centrais, sendo experimento conduzido por 90 dias.
73
QUADRO 2: Descrição dos tratamentos testados.
Tratamentos
Descrição
T0
Testemunha(somente substrato turfa fértil)
T1
200g de Bacsol por m³ de substrato
T2
400g de Bacsol por m³ de substrato
T3
600g de Bacsol por m³ de substrato
T4
800g de Bacsol por m³ de substrato
Foi utilizado o delineamento de blocos ao acaso com 4 tratamentos e 3 repetições,
sendo cada parcela constituída por 150 mudas das quais foram avaliadas as 30 centrais.
A análise estatística foi realizada pelo software ESTAT- Sistema para Análise
Estatística (V.2.0), desenvolvido pelo Polo Computacional do Departamento de Ciências
Exatas da UNESP-FCAV- Campus Jaboticabal.
3.RESULTADOS E DISCUSSÃO
Certamente os índices morfológicos são os mais utilizados para a avaliação da
qualidade de mudas, devido a sua fácil visualização e obtenção de dados. Está avaliação
mesmo quando realizada empiricamente, através da simples observação das mudas,
proporciona sucesso na maioria dos plantios florestais.
Vale lembrar, que estes dados, apresentados no quadro3, quando associados aos
parâmetros fisiológicos trazem maior confiabilidade para classificação de qualidade das
mudas a serem levadas a campo.
Quadro-3-Desempnho das mudas nos diferentes parâmetros analisados
TRATAMENTO
ALTURA
DIÂMETRO
T1
3,2 c
1,7 ab
T2
3,6 c
1,8 ab
T3
6,1 a b
2,4 a
T4
8,6 a*
2,6 a*
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O desempenho das mudas no viveiro é muito importante para o sucesso dos projetos
de implantação de povoamentos florestais. Este fato justifica o interesse sempre mostrado na
qualificação de indicadores para a sobrevivência e crescimento inicial, após o plantio,
Carneiro (1995).
O mesmo autor afirma ainda que a caracterização da qualidade e acompanhamento
das mudas desde a semeadura até, pelo menos, o completo estabelecimento do povoamento,
geram informações sobre as quais as práticas de classificação podem ser baseadas.
A seguir serão apresentados os resultados dessa pesquisa, que foi dividida em dois
experimentos.
3.1 Experimento
De acordo com a figura 1 o tratamento 4, apresentou a melhor média de crescimento
em altura, atingindo x cm de altura, ao passo que as mudas produzidas com sementes sem
aplicação de bacsol (T0) apresentaram o pior desempenho.
Figura 1: Resultados da altura das das mudas de Erva Mate, aos 100 de idade.
Altura em metros
G a n h o e m a ltu r a d o s d ife r e n te s tr a ta m e n to s
10
8
6
4
2
0
T1
T2
T3
T4
T ra ta m e n to s
Bacon apud Carneiro (1995) relacionou uma série de pesquisas de diversos autores
que mostraram uma correlação positiva entre altura da parte aérea das mudas e altura das
árvores 1 a 3 anos depois do plantio.
Para Mayer apud Carneiro (1995), a altura da parte aérea, tomada isoladamente,
constitui-se por muito tempo no único parâmetro para avaliação da qualidade da muda.
Recomenda-se entretanto que os valores dessa característica só podem ser analisados, quando
75
combinados com os outros parâmetros, tais como diâmetro, peso: relação das raízes/peso da
parte aérea, etc.
Observando a figura 2, verifica-se que os tratamentos 4 apresentaram melhores
resultados para o parâmetro diâmetro de colo, enquanto que o tratamento T0 apresentou o pior
resultado.
Schimidt-Vogt apud Carneiro (1995), citou alguns trabalhos em os autores chegaram à
conclusão de que existe estreita correlação entre o diâmetro de colo com a sobrevivência,
mas, sobretudo, com ritmo de crescimento das mudas após o plantio.
Figura 2: Resultados do diâmetro de colo médio das mudas de Erva Mate, aos 100 dias de
idade.
Diâmetro em mm
Ganho em diâmetro dos diferentes tratamentos
3
2,5
2
1,5
1
0,5
0
T1
T2
T3
T4
Tratamentos
O parâmetro diâmetro de colo, em geral, é o mais observado para indicar a capacidade
de sobrevivência da muda a campo (Daniel, 1997).
Schimidt – Vogt e Gürth apud Carneiro (1995),confirmaram uma existência clara de
superioridade de mudas mais espessas, em relação as de menores espessuras. Esta
superioridade foi mais nítida, quando se tratou de mudas de maiores alturas da parte aérea.
Chegando a conclusão que as plantas mais altas, com menores diâmetros, tiveram menor
desempenho de crescimento.
Abetz & Prange apud Carneiro (1995) pesquisando mudas de Picea abies observaram
que, mudas com espessas dimensões de diâmetro de colo, venceram mais rapidamente a
concorrência com a vegetação, após o plantio.
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Kartelev apud Santos (1995) afirmou que o diâmetro de colo de mudas de Pinus
sylvestris constitui-se na principal característica que definiu sua qualidade: com o aumento do
seu valor, aumentou a freqüência de raízes, a formação de botões e a lignificação dos tecidos
das mudas, na figura 1 e representado a diferença dos tratamentos aplicados.
Figura 1- Visaõ dos resultados dos diferentes tratamentos aplicados
T1
T2
T3
T4
4. CONCLUSÃO
— Fazendo uma análise conjunta dos resultados, até o presente momento, verifica-se
um efeito positivo da aplicação de Bacsol nos sustratos utilizados.
— O tratamento 4(800g de Bacsol/m³ de substrato), apresentou o melhor resultado em
todos os parâmetros avaliados.
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regionais/ organizado por Antonio Paulo Mendes Galvão. Brasília: Embrapa Comunicação
para Transferência de Tecnologia; Colombo, PR: Embrapa Florestas, 2000, 351p.
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