VI Seminário Latino-Americano de Geografia Física II Seminário Ibero-Americano de Geografia Física Universidade de Coimbra, Maio de 2010 Diagnóstico da qualidade ambiental na Estância Turística de Presidente Epitácio – São Paulo – Brasil Ricardo dos Santos, FCT/UNESP – campus de Presidente Prudente [email protected] Antonio Cezar Leal, FCT/UNESP – campus de Presidente Prudente [email protected] Introdução A maior parte dos pesquisadores e especialistas sobre a questão ambiental considera que o panorama atual é resultante de vários acontecimentos no mundo, como, por exemplo, o crescimento populacional, o processo acelerado de industrialização e urbanização e uma utilização intensa e inadequada dos recursos naturais, que eclodiram no que se denominou de crise ambiental mundial a partir de evidentes alterações no ambiente, sentidas em toda parte. O processo de urbanização em nível mundial foi intensificado após a Revolução Industrial ocorrida inicialmente na Inglaterra em meados do século XVIII, embora o crescimento populacional das cidades não tenha se dado uniformemente em toda a Europa em detrimento dos espaços rurais, conforme esclarece Sposito (2005). Alguns autores como Ribeiro (2002) chegam a afirmar que os problemas ambientais tomaram proporções tão alarmantes no mundo que chegariam a ameaçar a segurança ambiental internacional. Diante disso, ficou claro que o modelo de desenvolvimento econômico adotado no mundo estava provocando um possível esgotamento de recursos naturais, que poderia comprometer a vida no planeta e a qualidade ambiental. A esse respeito, Amorim (1993, p. 21) destaca que esse processo resultou numa “[...] oposição entre crescimento econômico, preservação ambiental e qualidade de vida”. Essas transformações no espaço mundial foram gradativamente gerando novas e diversificadas paisagens em pouco tempo, onde a paisagem natural cede lugar a uma paisagem construída. Neste aspecto, destaca-se o processo de globalização que tem uniformizado costumes, culturas e paisagens em todo o mundo. Esse cenário que retrata um meio ambiente que atingiu níveis de degradação intensos e em um ritmo tão acelerado, passou a comprometer significativamente todos os tipos de vida no planeta. Por este motivo, o meio ambiente tem sido objeto 1 Tema 3 – Geodinâmicas: entre os processos naturais e socioambientais de preocupação mundial, sobretudo no agravamento de problemas como poluição atmosférica e crescente depredação da natureza em todo o planeta. Isso acabou por gerar situações gravíssimas como alterações nos ecossistemas naturais terrestres e aquáticos e no sistema atmosférico, ameaçando a vida. Desse modo, ao abordar o tema qualidade ambiental, é imprescindível fazer-se menção à qualidade de vida. Oliveira apud Machado (1997) salienta que a qualidade ambiental está intimamente ligada a qualidade de vida pelo fato de que vida e meio ambiente são inseparáveis, no sentido de que há uma interação e um equilíbrio entre ambos, que pode variar de escala em tempo e lugar. As condições do ambiente, físicas ou sociais, interferem na possibilidade de satisfação das necessidades, desejos e aspirações dos indivíduos. Assim, a qualidade ambiental de uma sociedade, bem como sua organização interna, incidem sobre a qualidade de vida (Barbosa, 1996). É neste contexto que se insere a presente pesquisa, evidenciando a grande importância da realização de um diagnóstico ambiental como um importante instrumento de planejamento ambiental e direcionamento de políticas públicas no contexto da administração das cidades, sejam elas de pequeno, médio ou grande porte. Para tanto, é fundamental considerar sempre nas abordagens das dimensões sociais, políticas e econômicas, a questão ambiental. Objetivos, referencial teórico e procedimentos metodológicos Essa pesquisa, em nível de mestrado, desenvolvida junto ao Programa de PósGraduação em Geografia da Faculdade de Ciências e Tecnologia da UNESP – Universidade Estadual Paulista, campus de Presidente Prudente, São Paulo, Brasil, com o apoio da Secretaria Estadual da Educação, foi desenvolvida com os objetivos principais de diagnosticar a qualidade ambiental na área urbana da Estância Turística de Presidente Epitácio, São Paulo, Brasil, e de contribuir para o planejamento ambiental e melhoria da qualidade de vida da população do município. O município de Presidente Epitácio está localizado na Bacia Hidrográfica do Rio Paraná, à margem esquerda desse rio, na porção oeste do Estado de São Paulo, Brasil (Figura 1). Com uma área de 1.281,78 km², o município pertence à região denominada Pontal do Paranapanema. 2 VI Seminário Latino-Americano de Geografia Física II Seminário Ibero-Americano de Geografia Física Universidade de Coimbra, Maio de 2010 -52 ° -22°30’ BRASIL MA TO D O G RO SU SS O L CAMPINAL MINAS GERAIS 20° S PRESIDENTE EPITÁCIO PARANÁ 24° S IC NT LÂ AT O N EA OC 0 52° W O 100Km 48° W -22° ESCALA GRÁFICA 01 5 1 0 Km Org. Ricardo dos Santos Des. Maria S. Akinaga Botti Fonte: Prefeitura da Estância Turística de Presidente Epitácio/SP / 2006 Figura - Estância Turística de Presidente - SãoEpitácio Paulo Figura 1 –1 Localização da Estância Turística deEpitácio Presidente O município de Presidente Epitácio localiza-se no denominado “relevo do Planalto rebaixado do Paraná”, representado pelas colinas esculpidas sobre os arenitos do Grupo Bauru, e na área denominada de planície fluvial do Rio Paraná, que é constituída por terraços e pela planície de inundação. A área urbana está localizada nos terraços superiores e intermediários, sendo considerada uma área de convergência de águas, com destaque para uma área relativamente plana (CESP, 1994) (Foto1). 3 Tema 3 – Geodinâmicas: entre os processos naturais e socioambientais Foto 1: Vista parcial da cidade de Presidente Epitácio – destaque para o relevo relativamente plano às margens do Rio Paraná Autor: Mário Cesar Iralla – (Orinho), 2004 Na realização desta pesquisa, foram valorizadas e utilizadas metodologias de diagnóstico da qualidade ambiental, da qualidade de vida e do planejamento ambiental utilizadas por pesquisadores como Amorim (1993), Almeida et al (1999), Alves (2001), Barbosa (1996), Carmo (1995), Herculano (2000), Leal (1995), Mazetto (1996), Jannuzzi (2003), Santos (2004), Rodriguez; Silva; Cavalcanti, (2007), Rodriguez; Silva (2009), Keinert; Karruz (2002), Vitte (2009) entre outros. Embora não há ainda na atualidade um consenso com relação a uma definição e uma metodologia referente a esses conceitos, a maior parte dos pesquisadores concordam com a utilização de uma abordagem que contemple a dimensão objetiva e subjetiva. Assim, no diagnóstico da qualidade ambiental e da qualidade de vida, nesta pesquisa foi considerada uma concepção que contemplasse indicadores objetivos ou quantitativos (padrões de qualidade mesuráveis como condição socioeconômica, meios de consumo coletivo) e indicadores subjetivos ou qualitativos (algumas questões referentes à percepção da população). No diagnóstico da qualidade ambiental, assim como no diagnóstico da qualidade de vida, não existe consenso quanto ao número de indicadores a serem selecionados para a sua análise. Segundo Dacanal (2004), a qualidade ambiental está relacionada a padrões de qualidade mínimos dos recursos ambientais como ar, água, solo, seres vivos em geral, infra-estrutura, alimentação, emprego, escolaridade, áreas verdes, densidade de ocupação, entre outros. Para Mauro et al apud Leal (1995, p. 101), a 4 VI Seminário Latino-Americano de Geografia Física II Seminário Ibero-Americano de Geografia Física Universidade de Coimbra, Maio de 2010 qualidade ambiental deve ser considerada na análise da qualidade de vida urbana, ou seja, como um dos seus indicadores, e pode ser “avaliada através de índices de espaços verdes, de espaços livres, de água e ar puros ou poluídos, etc.”. Para que a pesquisa fosse viabilizada, foram realizados levantamento bibliográfico, coleta de dados e informações em órgãos públicos e diagnóstico da qualidade ambiental e da qualidade de vida, incluindo realização de trabalhos de campo, aplicação de 715 questionários com moradores, abordando indicadores objetivos ou quantitativos e indicadores subjetivos ou qualitativos. A quantidade de questionários considerados suficientes como instrumento de medida foi encontrada através da utilização de uma metodologia estatística baseada em cálculos propostos por Bolfarine; Bussab (2005), Cochran (1977) e Scheaffer; Mendenhall; Ott (1996) para obter uma amostra. Os questionários foram distribuídos entre as pequenas áreas geográficas delimitados pelo número de domicílios ou estabelecimentos, denominados de setores censitários, divisão territorial criada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) para a coleta de dados e informações. Ressalta-se que o Projeto desta pesquisa, bem como o questionário utilizado para o diagnóstico com a população (entrevistas) foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da FCT/UNESP – campus de Presidente Prudente (Processo N° 276/2008) mediante a um parecer, estando portando de acordo com as normas estabelecidas pelo Ministério da Saúde do Brasil através da Resolução do Conselho Nacional de Saúde N° 196/96 no que se refere à pesquisa com seres humanos. Diagnóstico da qualidade ambiental e da qualidade de vida em Presidente Epitácio Após análise dos dados coletados em campo, considerando a opinião da população e também as observações do pesquisador, nota-se que há vários problemas socioambientais identificados na área urbana do município de Presidente Epitácio e que tal situação necessita da intervenção do poder público, em nível municipal, estadual e federal e de mobilização da população para evitar uma possível diminuição da qualidade ambiental e de vida da população. Entre os problemas socioambientais identificados estão: o desemprego; ausência de áreas de lazer e de áreas verdes em bairros; deposição irregular de lixo, sobretudo na periferia; ausência ou inadequada arborização; alagamentos em algumas ruas; intensificação de problemas decorrentes da formação do lago da Usina Hidrelétrica Engenheiro Sérgio Motta (também 5 Tema 3 – Geodinâmicas: entre os processos naturais e socioambientais conhecida como UHE Porto Primavera), como processos erosivos nas margens fluviais, desmatamento e perda de áreas públicas, entre outros. Ressalta-se que a UHE Engenheiro Sérgio Motta foi iniciada em 1998 e Presidente Epitácio foi o município do Estado de São Paulo mais atingido por suas obras. Segundo informações do Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), realizado no ano 2000, a população de Presidente Epitácio na área urbana era de 36.355 pessoas (92,5 %) e a rural de 2.943 (7,5 %), perfazendo um total de 39.298 de habitantes. Em 2007, a população total estimada segundo dados do IBGE era de 39.403 habitantes. Embora Presidente Epitácio seja considerado uma cidade pequena, apresenta diversos problemas que necessitam de um planejamento eficaz que possa gerir todos os desafios do presente e evitar outras situações que possam contribuir para a diminuição da qualidade ambiental e de vida da população. Um dos problemas apresentados na pesquisa é o desemprego. Entre os entrevistados, 34,0% se declararam realizar atividades formais; 23,6% atividades informais; 15,3% se declararam desempregados e 27,1% declararam ter renda e não estar trabalhando, correspondendo às pessoas afastadas do trabalho por motivo de doença, ou aguardando aposentadoria, os aposentados e pensionistas. Nota-se um expressivo número de pessoas que se declararam realizar atividades informais, ou seja, em vários momentos essas pessoas ficam na situação de desempregadas, somando-se aos que se declararam desempregados, o total fica em torno de 38,9% do total dos entrevistados que não possuem um emprego fixo ou estão a procura. Percebe-se também um significativo número de pessoas que disseram ter renda, mas não estão trabalhando, que é composta em sua maioria por pessoas aposentadas. Essa situação sinaliza também para uma tendência ao envelhecimento da população. Outra situação apontada pela população refere-se à ausência de áreas de lazer e de áreas verdes em alguns bairros. Ao serem questionadas com relação à quantidade de áreas de lazer nos bairros, identificou-se que 34,9% dos entrevistados classificaram como suficiente, 27,4% como insuficiente, 30,7% como razoável e 7,1% como inexistente ou não souberam responder. Entre as queixas da população, estão a distância de vários bairros em relação às diversas áreas de lazer existentes na cidade, como por exemplo, a Orla fluvial, o Pier turístico e o Parque Figueiral, e consequentemente, ausência de áreas destinadas a este fim nos bairros. Com relação às áreas verdes (praças, parques), essa foi uma das maiores reivindicações da população (32,4%), após serem questionadas em relação aos equipamentos públicos não oferecidos nos bairros que sua família sente mais falta, em 6 VI Seminário Latino-Americano de Geografia Física II Seminário Ibero-Americano de Geografia Física Universidade de Coimbra, Maio de 2010 detrimento de escolas (7,2%), creches (16,8%), postos de saúde (18,1%), posto policial (22,4%). Ainda 33,7% disseram não sentirem falta de nada, e 3,3% expressaram a necessidade de outras áreas de lazer públicas. Outro problema bastante comum em alguns bairros da cidade, sobretudo na periferia, é a deposição irregular de lixo, entulhos e animais mortos em terrenos baldios. Tais problemas requerem um trabalho continuo de Educação Ambiental envolvendo sistema educacional, entidades, instituições e a população local para evitar ou diminuir esses problemas, que podem provocar doenças para a população através de vetores como ratos, baratas, aranhas e outros insetos. Requer, também, outras ações de gestão da Prefeitura Municipal. A arborização em Presidente Epitácio tem-se constituído com um dos maiores problemas ambientais na cidade, sendo possível identificar no espaço urbano, uma ausência de arborização em alguns bairros, sobretudo no centro da cidade (Foto 2), além da poda realizada sem os devidos cuidados e cortes de árvores sem reposição. Em outros espaços, nota-se uma inadequada arborização, sem diversificação de espécies, fato que pode ocasionar algum tipo de desequilíbrio ecológico. Quando a população foi questionada a esse respeito, notou-se que a possibilidade de uma adequada arborização na cidade foi associada ao aumento de “sujeira”, destruição de calçadas, problemas na fiação de eletricidade, entre outros. Por outro lado, um significativo número de entrevistados (45,0%) considerou a quantidade de árvores nos bairros como insuficiente e razoável. Foto 2: Ausência de arborização no centro da cidade Autor: Ricardo dos Santos, 2009 7 Tema 3 – Geodinâmicas: entre os processos naturais e socioambientais Pesquisadores sobre o assunto, como por exemplo, Rodrigues et al. (2002), Aguirre Júnior e Lima (2007), são unânimes em afirmar os diversos benefícios de uma adequada arborização para o espaço urbano: redução da temperatura; sombreamento, ocasionando um microclima mais agradável, além da conservação do asfalto; retenção da poeira em suspensão; purificação do ar; redução da velocidade do vento; influências positivas no balanço hídrico, favorecendo a infiltração da água no solo e provocando a evapo-transpiração mais lenta; abrigo à fauna; amortecimento de ruídos; efeitos benéficos psicossocial nas pessoas; exerce função estética, entre outras vantagens. Um problema bastante comum também em alguns bairros de Presidente Epitácio é o alagamento após as chuvas (Foto 3), sendo a situação mais crítica nas ruas sem pavimentação, ocasionando diversos problemas para a população. Isso ocorre em razão das baixas declividades em grande parte da cidade, dificultando o escoamento das águas. Essa situação pode ser resolvida com pavimentação das ruas, precedida de implantação de galerias pluviais para a drenagem adequada das águas. Foto 3: Alagamento de rua após chuvas em bairro de Presidente Epitácio Autor: Ricardo dos Santos, 2008 Os serviços de saúde foram considerados pela população como insuficientes, alegando problemas na qualidade do atendimento, médicos insuficientes para adequado atendimento, fato que obriga a muitos procurarem assistência fora do 8 VI Seminário Latino-Americano de Geografia Física II Seminário Ibero-Americano de Geografia Física Universidade de Coimbra, Maio de 2010 município. A segurança também foi apontada pela maioria da população como razoável. Como já foi mencionando, alguns problemas em Presidente Epitácio foram intensificados em decorrência da formação do lago da UHE Engenheiro Sérgio Motta. Dentre os diversos impactos provocados pela construção da usina hidrelétrica, podemos destacar: a transformação de um trecho do rio em lago, acarretando alterações na fauna, na flora, na atividade pesqueira, no turismo, na navegação e na qualidade da água; inundação de ecossistemas naturais, relativamente preservados com conseqüente perda da biodiversidade; inundação de recursos produtivos, com destaque para os depósitos de argila utilizados pelas cerâmicas e olarias; elevação do nível freático; intensificação de processos erosivos a jusante e de assoreamento a montante da hidrelétrica (CESP, 1994). Em Presidente Epitácio, entre os diversos problemas provocados, os processos erosivos nas margens fluviais (Foto 4) em decorrência do desmatamento e da ausência de proteção de encostas, aliados aos solos com alta suscetibilidade à erosão, tem se constituído como um dos mais preocupantes problemas que ainda não foram solucionados. Foto 4: Voçoroca às margens do rio Paraná próximo de uma área residencial Autor: Ricardo dos Santos, 2008 Com o enchimento do reservatório, as perdas que o município teve em termos de território chegaram a 21.000 ha., o que representa 20% de sua área total, incluindo a 9 Tema 3 – Geodinâmicas: entre os processos naturais e socioambientais supressão de grande parte da Reserva Estadual Lagoa São Paulo, que foi alagada em 85% de sua área, onde abrigava diversas espécies da fauna e da flora, inclusive algumas em extinção, além da relocação de inúmeras famílias de ilhéus e ribeirinhos; elevação do nível da água subterrânea ocasionando rachaduras e infiltrações em algumas casas; alterações na ictiofauna, provocando o surgimento de novas espécies de peixes com pouco valor comercial, situação que afetou muitas famílias que viviam da pesca; perda do antigo Parque Figueiral que foi transferido para outra área mais distante, entre outros. Convém ressaltar que apesar desses prejuízos, o município foi beneficiado com diversas obras compensatórias, recebendo investimentos infra-estruturais e financeiros que contribuíram com a melhoria da qualidade de vida da população. A população ao ser questionada com relação à qualidade de vida na cidade referiu-se como ótima (7,4%); boa (38,5%), razoável (42,5%), ruim (6,5%), péssima (4,6%) e não souberam responder (0,4%). Tal situação sinaliza que a cidade necessita de melhorias para contribuir com a qualidade ambiental e de vida da população. Conclusão Os estudos envolvendo a qualidade ambiental têm sido cada vez mais necessários no contexto atual, sobretudo pelo nível de degradação ambiental que muitas sociedades estão atingindo, comprometendo assim, a qualidade de vida das populações. Por outro lado, há também significativas parcelas da sociedade que necessitam ainda serem sensibilizadas e conscientizadas com relação ao tema. É importante destacar a respeito do próprio Estatuto da Cidade (Lei Federal n° 10.257, de 10 de julho de 2001) que ao fazer menção à garantia de segurança e bemestar social da população como papel a ser desempenhado pelas cidades, o documento cita também o equilíbrio ambiental, afirmando a necessidade de se garantir aos cidadãos o direito às cidades sustentáveis. Neste contexto, emerge a relevância das questões ambientais que necessitam cada vez mais de atenção, seja por parte das autoridades, seja por parte da população. Portanto, ao se priorizar a qualidade ambiental, garante-se conseqüentemente a qualidade de vida da população. Em Presidente Epitácio, pode se concluir que a população em geral considera sua qualidade de vida na cidade como razoável (3), em uma escala de péssima (1) a ótima (5), a partir dos aspectos ambientais, lazer, segurança, oferta de equipamentos públicos e serviços de saúde analisados. Assim, pode-se afirmar que os problemas socioambientais foram ocasionados pela forma como ocorreu o processo de produção 10 VI Seminário Latino-Americano de Geografia Física II Seminário Ibero-Americano de Geografia Física Universidade de Coimbra, Maio de 2010 da cidade, desprovida de um planejamento que considerasse as características naturais da área povoada, além de não ter sido considerada sua localização em terraços e várzeas da planície fluvial do Rio Paraná, bem como as características do solo com alta suscetibilidade à erosão. Há que se destacar também a ausência de conscientização ambiental na cidade, necessitando de intervenções educativas para reverter a situação. Outros fatores como a formação do lago da UHE Engenheiro Sérgio Motta, também provocaram significativas transformações na paisagem do município e impactos na qualidade de vida da população. Essa situação exige, por conseguinte, um planejamento ambiental que considere simultaneamente aspectos sociais e ambientais, com participação social. 11 Tema 3 – Geodinâmicas: entre os processos naturais e socioambientais Bibliografia Aguirre Junior, J. H. de.; Lima, A. M. L. P. 2007. Uso de árvores e arbustos em cidades brasileiras. In: Revista da Sociedade Brasileira de Arborização Urbana. Piracicaba, v. 2, n° 4, dez. p. 50-66. Almeida, J.R. de et al. 1999. Planejamento Ambiental: caminho para participação popular e gestão ambiental para o nosso futuro comum. Uma necessidade, um desafio, Thex Editora, Rio de Janeiro. Alves, A. O. 2001. Diagnóstico dos impactos ambientais provocados pelo processo de urbanização na microbacia do córrego da Colônia Mineira – Presidente Prudente/SP. 164 f. Trabalho de conclusão de curso (Graduação em Geografia) Faculdade de Ciências e Tecnologia, Universidade Estadual Paulista, Presidente Prudente. Amorim, M. C. de C. T. 1993. 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