A SEMANA DE ACOLHIMENTO DO PROGRAMA PROSSEGUIR DO HUJBB SILVA, Érika Amorim da-SEDUC-PA [email protected] TAVERNARD, Edimeire Pastori de MagalhãesSEDUC-PA [email protected] ABE, Marta Santiago-SEDUC-PA [email protected] Eixo Temático: Pedagogia hospitalar Agência Financiadora: não contou com financiamento Resumo O Programa Prosseguir visa a garantir o direito à educação a alunos impossibilitados de frequentar regularmente a escola, em razão de tratamento de saúde que implique em internação hospitalar, prolongada. É ligado à Secretaria de Estado Educação do Pará, vinculado à Diretoria de Educação para a Diversidade e Inclusão e Cidadania e Coordenadoria de Educação Especial. Objetivando garantir a inclusão e continuidade do ensino – aprendizagem, na educação básica, a crianças, jovens e adultos em tratamento de saúde. Nessa perspectiva, “A semana de acolhimento“ foi planejada para motivar os alunos-pacientes, no início do ano letivo de 2011, por meio de diversas atividades as quais foram desenvolvidas ao longo da primeira semana de aula, dentre elas: apresentação de mágica, que contou com a participação do grupo de mágicos de Rafael Voltan, palestra sobre alimentos: cores e sabores, com a facilitadora Valéria Amaral (nutricionista); oficina de máscaras e colar havaiano, com a facilitadora Sttefane Trindade e, finalizando, a semana a visita do ônibus biblioteca do CENTUR-Centro Cultural do Pará, que fez apresentações com fantoches, distribuiu livros, proporcionando às crianças hospitalizadas momentos agradáveis de recreação e aprendizagem. A parceria entre educação e saúde é fundamental para o desenvolvimento humano, principalmente se for pautada na humanização, respeito, ética, motivação e sobretudo cooperação como referencial de responsabilidades social. Palavras-chave: Saúde. Educação. Brincar. Aprender. Introdução A Semana de Acolhimento promovida pelo Programa de Escolarização Hospitalar, que funciona na pediatria do Hospital Universitário João de Barros Barreto – HUJBB em 13102 convênio de cooperação técnica com a SEDUC – Secretaria de Estado de Educação do Pará, teve como foco principal recepcionar os alunos/pacientes com muito carinho para que desde o início do ano letivo percebessem que seriam amados e respeitados, uma vez que, embora temporariamente, fariam parte de uma comunidade onde todos têm importância para o bom andamento do processo ensino/aprendizagem e promoção da saúde e do bem estar, num espaço de inclusão e acolhimento. Corroborando com essa idéia, Milla (2009) vê na Pedagogia Hospitalar um ramo da educação que proporciona à criança e ao adolescente hospitalizado uma recuperação menos traumática, utilizando-se de atividades lúdicas, pedagógicas e recreativas, atendendo-lhes em suas necessidades sociais, físicas e psíquicas. Ainda segundo a autora, o trabalho conjunto dos profissionais de educação e saúde tende a fazer com que a criança e o adolescente hospitalizado superem as dificuldades ocasionadas pela doença, compreendendo-se, assim, a importância da pedagogia hospitalar, no sentido de integrar o doente ao seu novo modo de vida, de maneira que este ambiente transforme-se em acolhedor e humanizado. O Programa Prosseguir objetiva garantir a inclusão e continuidade do processo ensino – aprendizagem, na educação básica, a crianças, jovens e adultos em tratamento de saúde, de forma especializada e qualificada, atendendo às necessidades diferenciadas. Queremos ser reconhecidos pela sociedade como um programa de referência na área de escolarização hospitalar. Procuramos tratar nossos pacientes-alunos com humanização, ética e motivação. Para isso, desenvolvemos atividades voltadas para estimular a vontade de aprender. Exemplar nesse sentido foi a “Semana de Acolhimento”, que deu início ao ano letivo de 2011. Durante a primeira semana de aula foram realizados shows de mágica, oficina de máscaras, palestra sobre frutas (cores e sabores), visando à alimentação correta das crianças, e a visita da biblioteca itinerante do Centro Cultural do Pará (CENTUR), que fez apresentações com fantoches, jogos educativos sobre a cultura brasileira e amazônica e distribuiu livros para os alunos-pacientes. Como bem lembra Freinet, o saber é construído com o fazer, esta tese foi mais uma vez vitoriosa, pois os alunos construíram conhecimentos de forma lúdica e prazerosa, como evidenciamos abaixo. Apresentação do mágico 13103 Foi pensando na construção do conhecimento e no despertar da criatividade e interação da criança hospitalizada que o referido Programa resolveu convidar para abrir a Semana de Acolhimento o grupo de mágicos de Rafael Voltan (colaboradores do Programa), que trouxe inúmeras atrações, como tirar diversos lenços coloridos de um cone que nos parecia vazio, utilizar cartas de baralho, fazendo o participante escolher uma dentre tantas para depois adivinhar qual foi a escolhida, fazer objetos do público presente desaparecer e aparecer em outro lugar. Estas e outras mágicas despertaram o interesse e a curiosidade de todos, e cada número apresentado contou com a participação das crianças, seus acompanhantes e dos professores, proporcionando-lhes momentos de muita alegria e interação, pois, conforme Vygotski (1988), brinquedos e brincadeiras são indispensáveis quando se trata da criação de situação imaginária, uma vez que o imaginário se desenvolve apenas quando dispomos de experiências que se reorganizam. Ainda segundo o autor, dispor de tais imagens é fundamental para proporcionar à criança a instrumentalização necessária para a construção de seu conhecimento e sua socialização; brincando ela se movimenta em busca de parceiros e exploração de objetos; interage com seus pares; expressa-se por meio de variadas linguagens; descobre regras e toma decisões. Fotos: profª. Marta Abe Oficina de máscara Como nossa semana de acolhimento ocorreu no período próximo ao Carnaval, consideramos necessário oportunizar aos acompanhantes uma oficina de máscaras. Para tal evento, convidamos a Professora Sttefane Trindade, a qual nos mostrou, passo a passo, como proceder na confecção de algo que nos parecia tão complicado. Utilizando o material fornecido, os acompanhantes das crianças internadas embarcaram nesta aventura tão estimulante e prazerosa que é a criação de máscaras a partir de modelos pré-existentes. 13104 A facilitadora utilizou máscaras de plástico brancas para servir de molde. Em seguida, solicitou que as cobrissem com papel laminado. O passo seguinte consistiu na colagem de jornal até alcançar a espessura adequada. Após a secagem da cola, utilizou-se papel ofício branco numa segunda colagem. Em seguida, após nova secagem, utilizou-se tinta PVA para uniformizar a cor branca, para então se iniciar o processo de criação propriamente dito. O resultado ficou além do esperado, deixando facilitadora e acompanhantes satisfeitos e felizes. A professora Sttefane agradeceu imensamente o convite e elogiou a iniciativa por parte das organizadoras do evento. Palestra cores e sabores FOTOS:Professora Edimeire Tavernard Pesquisas ao longo dos anos demonstram a importância da alimentação na vida das pessoas, especialmente das crianças, posto que uma criança mal nutrida, com alimentação pouco variada, pode se tornar fraca, irritadiça, desanimada, sem vontade de andar, brincar, pensar, estudar, enfim, realizar qualquer atividade que demande esforço muscular e cerebral. Já uma criança bem alimentada e nutrida, dificilmente adoece, uma vez que seu sistema imunológico está preparado para lutar contra as doenças. Foi com base nesse conhecimento e no trabalho desenvolvido dentro do HUJBB, no decorrer de aproximadamente dois anos, que percebemos a dificuldade que as crianças têm de alimentar-se durante o período de internação, seja por falta de apetite em decorrência do estado de adoecimento seja pela diferença entre os alimentos que elas costumavam consumir em suas casas e os do hospital que fogem um pouco à sua realidade. Dessa forma, propusemos à Dra. Valéria Amaral, nutricionista da pediatria, que elaborasse uma conversa com as crianças internadas, de uma forma objetiva e acessível, a fim de lhes explicar a importância dos alimentos, principalmente as frutas, para o restabelecimento da saúde. 13105 A Dra. Valéria, então, elaborou uma pequena palestra intitulada: Alimentação – cores e sabores. Nela, a nutricionista enfatizou para as crianças que os alimentos, assim como os remédios, vão ajudá-las a se recuperarem mais rapidamente e ressaltou a importância de alimentar-se para não ficar fraca, a ponto de não querer participar de nenhuma atividade e, ainda, adiar sua saída do hospital. Valéria apresentou as frutas: maçã, banana, uva, ameixa, laranja, mamão, explicando o valor nutricional e as características de cada fruto às crianças presentes, logo em seguida convidou-as a degustação, uma vez que havia uma mesa tão farta que parecia um pomar. As crianças se encantaram com a explicação e se fartaram com as frutas, mesmo que fossem um pouco diferentes das de seu cotidiano. Visita da biblioteca intinerante do centur ao programa de escolarização hospitalar do HUJBB. Foto: professora Érika Amorim- março de 2011 A articulação dos aspectos afetivos e intelectuais, internos e externos, individuais e coletivos no processo de aprendizagem carece de novas matrizes, novas formas de dinâmicas que permitam esta interação. (FAGALI & VALE. P. 15, 2009 ) A educação em todas as esferas precisa ser dinâmica sempre, contudo quando se trata de educação especial, escolarização hospitalar, no caso aqui relatado, o processo ensinoaprendizagem precisa articular de forma diferenciada matrizes que possibilitem aos alunos diversas maneiras de aprender, pois para esse público tão específico algumas atividades são ainda inacessíveis. Ir a biblioteca é algo normal para alunos que frequentam uma escola, contudo, quando a escola é no hospital, fica bem complicado. Tentando preencher essa lacuna, convidamos a Gerência de Promoção da leitura do Centro Cultural do Pará (CENTUR) que trouxe o serviço 13106 de biblioteca itinerante para fazer uma visita a Escola Hospitalar do HUJBB. O resultado foi muito significativo para toda a comunidade hospitalar, pois a presença do ônibus-biblioteca no pátio do hospital despertou a curiosidade de todos. Assim, tanto alunos-pacientes como seus acompanhantes, médicos, enfermeiros e outros profissionais do hospital visitaram a biblioteca e participaram da programação, que iniciou com apresentação de fantoches que irradiaram alegria nas crianças hospitalizadas, as quais, por um momento, esqueceram suas enfermidades. Em seguida, houve uma rodada de jogos educativos que estimulou e ampliou o horizonte intelectual dos alunos e, para finalizar, foram distribuídos kits com livros da literatura brasileira, obras ilustradas de Machado de Assis, José de Alencar, Eneida de Moraes, Monteiro Lobato, além, é claro, da visita ao acervo da biblioteca. Consideramos um sucesso a visita da biblioteca ao hospital, pois boa parte dos nossos alunos são do interior do Pará e muitos nunca tinham visitado uma biblioteca, nem assistido uma apresentação teatral. Assim, a alegria das crianças diante dos livros que ganharam nos permitiu conjecturar que a “articulação dos aspectos afetivos e intelectuais, internos e externos” são extremamente significativos no campo do ensino-aprendizagem. Considerações finais Ante o exposto, consideramos que o programa de escolarização hospitalar vem contribuir sobremaneira, não só para a inclusão e continuidade do processo ensinoaprendizagem do aluno/paciente, mas também à elevação de sua autoestima, o que, “por tabela” ocasiona a melhora na sua condição de saúde bio-psico-social desse aluno, proporcionando seu retorno à rotina diária, por meio da alta hospitalar. REFERÊNCIAS FAGALI, Eloísa Quadros. VALE, Zélia Del Rio do. Psicopedagogia Institucional Aplicada. A aprendizagem escolar dinâmica e construção na sala de aula. Petrópolis, RJ: Vozes, 2009. p.15. FREINET, Célestin, Educação pelo trabalho. São Paulo: Martins Fontes,1998. MILLA, Kassiana. Pedagogia Hospitalar. Publicado em 2009. Disponível no site www.kassi10milla.tripod.com (acesso em 24/08/2011). VYGOTSKI, L. S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 2. Ed,1988