neurologia - Blog Elsevier Saúde

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Esta obra faz parte de uma série de manuais práticos que abrangem problemas veterinários específicos, utilizando
uma abordagem única, consistente e com base em casos clínicos. Os livros da série oferecem conhecimento
essencial, desde casos simples e rotineiros às mais complexas e desafiadoras situações, permitindo aos
clínicos veterinários aperfeiçoar suas habilidades e prática clínica, e auxiliando os estudantes que se encontram
próximos ao final da graduação, ao fornecer uma revisão imprescindível para os exames.
Nova abordagem, com base em casos clínicos, ajudando a relacionar a teoria básica com o mundo real
da prática clínica.
Cada caso descreve uma apresentação inicial, sinais clínicos, técnicas de exame, diagnósticos diferenciais,
opções de tratamento, dicas clínicas e informações relevantes para cuidados de enfermagem.
Ricamente ilustrado com imagens coloridas em todo o livro para que as informações mais importantes
sejam facilmente encontradas.
Diversos testes de autoavaliação e questões de múltipla escolha, com orientação.
Neurologia em Pequenos Animais enfatiza a importância da lógica e do exame clínico e neurológico completo, explicando
em detalhes como realizá-lo. São fornecidas informações essenciais de como interpretar os resultados dos exames
clínicos, simultaneamente a diversos exemplos de casos clínicos, incluindo aqueles com sinais clínicos neurológicos
na apresentação inicial, mas com patologias de base que provocam alterações em outros sistemas orgânicos. Os
casos neurológicos não são, de forma alguma, todos sem esperança; este livro mostra quando o tratamento é possível
e como alguns pacientes conseguem se recuperar e ter uma vida sem dor e relativamente normal.
FITZMAURICE
Classificação de Arquivo Recomendada
MEDICINA VETERINÁRIA
NEUROLOGIA VETERINÁRIA
VETERINÁRIA NA PRÁTICA
EM PEQUENOS ANIMAIS
SUSAN N. FITZMAURICE
Editor da Série: Fred Nind
SÉRIE CLÍNICA
VETERINÁRIA NA PRÁTICA
NEUROLOGIA EM PEQUENOS ANIMAIS
NEUROLOGIA
SÉRIE CLÍNICA
NEUROLOGIA
EM PEQUENOS ANIMAIS
Ideal para consulta no dia a dia da Clínica Veterinária
Nova abordagem com base em casos clínicos
www.elsevier.com.br
Ilustrações atuais e de alta qualidade
Série Clínica Veterinária na Prática
Neurologia em
Pequenos Animais
C0425.indd i
6/3/11 7:18:41 PM
Série Clínica Veterinária na Prática
Neurologia em
Pequenos Animais
Editor da Série: Fred Nind BVM&S, MRCVS
Susan N. Fitzmaurice
BVSc DipACVIM(Neurology) DipECVN MRCVS
Com a colaboração de
Edward Friend BVetMed CertSAS MRCVS
C0425.indd iii
6/3/11 7:18:41 PM
© 2011 Elsevier Editora Ltda.
Tradução autorizada do idioma inglês da edição publicada por Saunders – um selo editorial Elsevier
Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei 9.610 de 19/02/1998.
Nenhuma parte deste livro, sem autorização prévia por escrito da editora, poderá ser reproduzida ou transmitida sejam quais forem os
meios empregados: eletrônicos, mecânicos, fotográfi cos, gravação ou quaisquer outros.
ISBN: 978-85-352-4170-9
© 2010, Elsevier Limited. All rights reserved.
First published: 2010
This edition of Small Animal Neurology, fi rst edition, by Sue N. Fitzmaurice is published by arrangement with Elsevier Limited.
ISBN: 978-0-7020-2911-0
Capa
Interface/Sergio Liuzzi
Editoração Eletrônica
Thomson Digital
Elsevier Editora Ltda.
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NOTA
O conhecimento em veterinária está em permanente mudança. Os cuidados normais de segurança devem ser seguidos, mas, como as novas
pesquisas e a experiência clínica ampliam nosso conhecimento, alterações no tratamento e terapia à base de fármacos podem ser necessárias ou
apropriadas. Os leitores são aconselhados a checar informações mais atuais dos produtos, fornecidas pelos fabricantes de cada fármaco a ser
administrado, para verificar a dose recomendada, o método e a duração da administração e as contraindicações. É responsabilidade do veterinário,
com base na experiência e contando com o conhecimento do paciente, determinar as dosagens e o melhor tratamento para cada um
individualmente. Nem o editor nem o autor assumem qualquer responsabilidade por eventual dano ou perda a pessoas, animais ou a propriedade
originada por esta publicação.
O Editor
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
F582n
Fitzmaurice, Sue
Neurologia em pequenos animais / Susan N. Fitzmaurice ; editor da série Fred Nind ; com
contribuições de Edward Friend ; [tradução de Fernanda Fidelis Gonsales... et al.]. - Rio de
Janeiro : Elsevier, 2011.
il. - (Clínica veterinária na prática)
Tradução de: Small animal neurology, 1st ed
Apêndices
Inclui bibliografi a e índice
ISBN 978-85-352-4170-9
1. Neurologia veterinária - Manuais, guias, etc. 2. Animais domésticos - Doenças - Manuais,
guias, etc. I. Friend, Edward. II. Título. III. Série.
10-4357.
31.08.10
C0430.indd iv
14.09.10
CDD: 636.08968
CDU: 636.1.09:616.8
021383
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REVISÃO CIENTÍFICA
Ragnar Franco Schamall
Médico Veterinário
Professor de Neuroclínica e Neurocirurgia do Instituto Bioethicus, Botucatu, SP
Residência em Clínica Médica de Pequenos Animais na Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp),
Campus de Botucatu, SP
Mestre em Cirurgia pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
TRADUÇÃO
Ana Helena Pagotto (Apêndices)
Médica Veterinária, Técnica de Apoio à Pesquisa Científica do Instituto Butantan, SP
Doutora em Ciências pela Fundação Antonio Prudente, SP
Mestre em Ciências pela Fundação Antonio Prudente, SP
Danuza Pinheiro Bastos Garcia de Mattos (Caps. 54 a 56)
Professora Assistente do Departamento de Microbiologia e Parasitologia do Instituto Biomédico da Universidade Federal
Fluminense (UFF), RJ
Doutoranda em Medicina Veterinária pela UFF
Mestre em Ciências pelo Instituto Oswaldo Cruz (Fiocruz), RJ
Fabrizio Grandi (Caps. 37 a 49)
Médico Veterinário Patologista
Graduado pela Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (FMVZ-USP)
Residência no Serviço de Patologia Veterinária da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade Estadual
Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (FMVZ-Unesp), Campus de Botucatu, SP
Mestre pelo Departamento de Patologia da Faculdade de Medicina de Botucatu da Unesp, Botucatu
Felipe Gazza Romão (Caps. 23 a 36)
Mestrando em Clínica Veterinária pela Unesp, Botucatu
Residência em Clínica Médica de Pequenos Animais na Unesp, Botucatu
Fernanda Fidelis Gonsales (Caps. 1 a 3)
Médica Veterinária pela FMVZ USP
Ivo Hellmeister Canal (Caps. 65 a 67)
Médico Veterinário pela USP
Pós-graduado em Acupuntura Veterinária pelo Instituto Bioethicus
Diretor Clínico do Grupo POLIVET, Itapetininga, SP
Luiz Henrique de Araújo Machado (Caps. 73 a 75)
Professor Assistente Doutor da FMVZ-Unesp, Botucatu
Chefe de Serviço da Dermatologia Veterinária da FMVZ-Unesp, Botucatu
Maialu Bertelli Canal (Caps. 61 e 62)
Médica Veterinária pela USP
Grupo POLIVET, Itapetininga, SP
Maria Helena Lucatelli (Caps. 4 a 9)
Médica Veterinária pela USP
Residência em Clínica e Cirurgia de Pequenos Animais pela USP
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REVISÃO CIENTÍFICA
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Marie Odile Monier Chelini (Caps. 68 a 72)
Médica Veterinária
Mestre em Medicina Veterinária pela FMVZ USP
Doutora em Psicologia Experimental pelo Instituto de Psicologia da USP
Pós-doutoranda no Instituto de Psicologia da USP
Marina Godoy Gimeno (Caps. 16 a 22)
Médica Veterinária Patologista
Graduada pela FMVZ-USP
Residência no Serviço de Patologia Animal da FMVZ-USP
Pós-graduanda do Departamento de Patologia da Universidad de Zaragoza (UNIZAR), Zaragoza-Espanha
Natália Coelho Couto de Azevedo Fernandes (Caps. 57 a 60)
Médica Veterinária graduada pela Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP com Aprimoramento Profissional
em Patologia Animal no Hospital Veterinário (Hovet) da USP
Pedro Pinczowski (Caps. 10 a 15)
Doutorando do Departamento de Patologia Animal da UNIZAR, Espanha
Mestre em Patologia Animal pela Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, UNESP, Botucatu
Residência em Patologia Animal na Fundação de Ensino Octávio Bastos (UNIFEOB,) São João da Boa Vista, SP
Graduado em Medicina Veterinária pela FMVZ-Unesp, Botucatu
Raoní Bertelli Canal (Caps. 63 e 64)
Médico Veterinário pela USP
Médico Veterinário Adjunto do Grupo POLIVET, Itapetininga, SP
Renata Jurema Medeiros (Índice)
Doutoranda em Vigilância Sanitária pelo Instituto de Controle de Qualidade em Saúde da Fiocruz
Mestre em Medicina Veterinária pela UFF
Thaís Rosalen Fernandes (Caps. 50 a 53)
Médica Veterínária pela Universidade Anhembi Morumbi, SP
Residente 2 em Patologia Animal pela Unesp, Botucatu
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DEDICATÓRIA
Aos meus pais
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Agradecimentos
IX
Agradecimentos
Agradeço ao professor Brian Farrow, da Escola de Medicina
Veterinária da Universidade de Sidney, cujos ensinamentos
me inspiraram a aprender mais sobre neurologia, e ao professor Sheldon Steinberg, da Escola de Medicina Veterinária
da Universidade da Pensilvânia, meu supervisor de residência, que me permitiu realizá-la.
Apreciei o enorme suporte dos enfermeiros veterinários
com quem eu trabalhei por muitos anos e os companheiros
veterinários dos centros de referência Wey e Vale. Agradeço
em particular ao Departamento de Patologia e Radiologia
do Centro Tecnológico em Saúde Animal, que proporcionou
uma assistência valorosa nos mais extravagantes casos neurológicos por muitos anos.
Nada disso seria possível sem as indicações provenientes
dos clínicos gerais: sou grata por me confiarem os animais
de seus clientes.
Agradeço ao Fred Nind por ter me convidado a escrever
algo resumido e prático sobre neurologia em pequenos
animais para a Elsevier Ltda., ao Edward Friend pela contribuição nos Capítulos 7 e 35, e, por último, ao Graeme, por
tudo.
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Introdução
XI
Introdução
A série Clínica Veterinária na Prática é uma nova coleção de
livros-texto veterinários, que, nos próximos anos, se tornará
uma minibiblioteca, abrangendo todos os principais assuntos na prática de pequenos animais.
Os leitores devem compreender que não é a intenção
dos autores abordar tudo o que se sabe sobre cada tópico.
Dessa maneira, os livros da série não são trabalhos de referência padrão. Na verdade, o objetivo é fornecer informações práticas sobre as situações mais comuns, de uma forma
acessível e com base em casos reais: desde os de rotina aos
que merecem ser encaminhados a centros de referência. Os
livros auxiliarão os clínicos com particular interesse em
determinado assunto ou os que se preparam para uma
qualificação como especialistas. Os casos encontram-se dispostos de acordo com os sinais apresentados e não pela
enfermidade subjacente, uma vez que é essa a maneira
como os colegas veterinários deparam-se na clínica.
Espera-se ainda que, por essa razão, os livros sejam do
interesse de estudantes de medicina veterinária dos últimos
períodos de curso e de enfermeiros veterinários.*
A educação profissional continuada é obrigatória para
muitos veterinários e uma prática recomendada para outros.
Esta Série representa um recurso de reciclagem economicamente viável, que pode ser compartilhado entre colegas e
utilizado em qualquer lugar. Além disso, permite aos profissionais muito ocupados o acesso rápido a informações
confi áveis acerca do diagnóstico e tratamento de casos
interessantes e desafiadores. Sua capa resistente foi desenvolvida para proteger contra alguns contaminantes que
podem ser encontrados em clínicas veterinárias; é esse o
local onde, espera-se, os livros serão utilizados.
Joyce Rodenhuis e Mary Seager foram a inspiração destas
obras. O editor e os autores de cada livro lhes são gratos
por sua perspicácia em comissionar esta série e por seu
incansável apoio e orientação durante toda a sua
produção.
NEUROLOGIA
Os casos neurológicos podem ser desafiadores, confusos e
até mesmo assustadores. Em muitos casos, lidamos com um
dos poucos órgãos em que o seu grave comprometimento
funcional não é compatível com a vida. É fácil pensar que
todos os casos neurológicos não têm esperança. Este livro
demonstra que isso nem sempre é verdade. Para muitos
pacientes, o tratamento está disponível e visa proporcionar
uma qualidade de vida aceitável.
Contudo, antes de selecionar o tratamento, deve ser
feito um diagnóstico. O diagnóstico neurológico sustenta-se
sobre a base de um completo e coerente exame clínico
neurológico. Sem isso, nem mesmo toda a magia dos aparelhos eletrônicos lhe dará o diagnóstico. Este livro o guiará
através dos processos básicos, indicando o tipo de auxílio
extra que a magia eletrônica pode proporcionar, e esperamos que esses casos neurológicos não sejam tão assustadores no final.
Mesmo naqueles casos em que é realizada a eutanásia,
você saberá pelo menos por que está fazendo isso.
Fred Nind
Editor da Série 2010
*Nota da Revisão Científica: Observe que em vários trechos deste
livro será feita menção ao enfermeiro veterinário; apesar de pouco
comum no Brasil, há cursos de formação desses profissionais.
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Nota da Autora
XIII
Nota da Autora
Se você não ler nada além disso, considere essas três
coisas:
1. O diagnóstico das afecções neurológicas é barato e
requer somente observação e interpretação (ou seja,
não há desculpas para não tentar).
2. A diferenciação de qual afecção é responsável pelos
sintomas neurológicos pode ser possível com base na
sintomatologia e histórico (ou seja, a resposta pode
estar na sua frente).
3. A imagem do sistema nervoso provavelmente nunca
substituirá o exame neurológico e a anmanese na
gestão dos casos (ou seja, você não pode depender
somente da tecnologia).
A maioria das pessoas não faz o primeiro item, não verifica
o segundo e coloca as suas esperanças no terceiro. Essas
pessoas são chamadas de clientes. Você conhece bem.
A intenção deste livro é tornar o reconhecimento e a
interpretação da sintomatologia neurológica mais fácil
para aqueles que trabalham na clínica geral. Ele está orde-
nado da forma que eu normalmente conduziria uma investigação de um caso. Primeiro, pergunte aos proprietários.
Segundo, examine o paciente. E, depois, localize a lesão.
Finalmente, se necessário, faça os testes diagnósticos complementares. As afecções neurológicas são apenas brevemente descritas, como exemplo da forma como os sintomas
clínicos podem se apresentar. Os testes diagnósticos estão
resumidos porque, se você tiver chegado até esse ponto
no gerenciamento de casos, deve procurar mais informações em livros-texto de radiologia e patologia clínica. Eu
tentei limitar a quantidade de informações sobre neuroanatomia, que afasta da neurologia clínica a maioria dos
veterinários, mas é difícil se livrar da terminologia específica sem correr o risco de deixar a mensagem pouco
clara.
A grande maioria dos diagnósticos é proveniente do
histórico e do exame clínico; portanto, compre este livro e
não uma máquina de ressonância magnética.
Susan Fitzmaurice, 2010
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Sumário
XV
Sumário
Agradecimentos
Introdução
Nota da autora
ix
xi
xiii
21 Epilepsia idiopática
22 Mudança de comportamento pós-ictal
104
109
5 FUNÇÃO DOS NERVOS CRANIANOS
1 O CASO NEUROLÓGICO
1 Obtendo um histórico
2 O exame neurológico
3 Localizando as lesões
3
6
34
23
24
25
26
27
47
52
59
28
29
30
31
32
33
34
35
36
2 ALTERAÇÃO NO ESTADO MENTAL
(CONSCIÊNCIA)
4 Alteração no estado mental (da consciência)
– introdução
5 Trauma craniano
6 Encefalopatia metabólica: insulinoma
7 Encefalopatia metabólica: encefalopatia
hepática
8 Encefalopatia metabólica: osmolalidade
9 Meningoencefalite granulomatosa
62
63
66
Cegueira
Controle do diâmetro pupilar
Alterações na função pupilar
Secreções
Alteração da posição e movimento
das pálpebras
Síndrome de Horner
Paralisia facial idiopática
Mandíbula caída
Doença da orelha média
Infecção intracraniana otogênica
Surdez
Espirros
Tosse
Mudanças na voz e na deglutição
115
119
121
125
127
131
135
138
141
143
146
150
152
158
6 MARCHA
3 ALTERAÇÃO COMPORTAMENTAL
10
11
12
13
14
15
Alteração comportamental − introdução
Perda dos hábitos de eliminação
Defecação: incontinência fecal
Psicológico
Cisto aracnoide intracraniano
Agressão
71
74
79
82
84
86
4 CONVULSÕES
16
17
18
19
20
Convulsões − introdução
Tumores cranianos
Meningioma
Hemorragia cerebral
Hidrocefalia
37
38
39
40
41
42
43
44
45
91
94
96
97
100
46
47
48
49
Marcha − introdução
NMS: empiema espinhal
NMS: infarto medular
NMS: malformação vertebral
NMS: doença do disco intervertebral
NMS: fratura da coluna vertebral
Paresia e paralisia do NMI − introdução
Paresia e paralisia do NMI: miastenia
grave adquirida
Paresia e paralisia dos NMI: avulsão de
plexo braquial
Paresia e paralisia dos NMI: flacidez da cauda
Ataxia: ataxia espinhal
Ataxia: ataxia cerebelar
Ataxia: ataxia vestibular
163
167
171
174
177
181
184
186
194
196
199
205
208
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xvi
SUMÁRIO
7 CLAUDICAÇÃO
50
51
52
53
Claudicação − introdução
Claudicação: compressão de raiz nervosa
Claudicação: tumores de raiz nervosa
Claudicação: isquemia
12 INCONTINÊNCIA URINÁRIA
213
214
218
221
73 Incontinência urinária – introdução
74 Ausência de tentativa de urinar
75 Vazamento e gotejamento urinário
293
295
297
APÊNDICES
8 POSTURA
54 Postura − introdução
55 Torcicolo
56 Colapso
227
229
232
9 EQUILÍBRIO
57
58
59
60
Equilíbrio − introdução
Perda do equilíbrio
Ataxia de tronco
Ventrofl exão do pescoço
241
244
247
250
10 PALPAÇÃO
61
62
63
64
65
66
67
Tônus muscular − introdução
Tremor
Tétano
Hipocalcemia
Trismo
Atrofi a bilateral dos músculos mastigatórios
Atrofi a unilateral dos músculos mastigatórios
255
258
260
264
266
268
270
Questões
Respostas
Apêndice 1
Abreviações
Apêndice 2
Líquido cefalorraquidiano e o sistema
ventricular
Apêndice 3
Coleta do LCR
Apêndice 4
Análise do LCR
Apêndice 5
Imagem do sistema nervoso
Apêndice 6
Neuropatologia
Apêndice 7
Encaminhamento de um paciente
Leituras sugeridas
Índice
301
307
309
310
312
314
315
319
325
327
329
11 DOR
68
69
70
71
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Dor − introdução
Dor no pescoço
Meningite em cães de grande porte
Doença retroperitoneal
Prurido
275
278
281
284
286
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3
Localizando as lesões
William de Occam (morto aproximadamente em 1350) foi o
pioneiro do método “KISS” (do inglês Keep It Simple, Stupid!)*
de resolução de problemas, partindo do princípio filosófico de
que o menor número de suposições devem ser feitas para
explicar alguma coisa. Essa filosofia é conhecida como navalha
de Occam, e é utilizada para localizar as lesões neurológicas.
O objetivo é encontrar o foco da patologia. Desse modo,
todos os sintomas são avaliados e julgados, no sentido de
poderem ou não ser atribuídos a uma única lesão.
Uma vez que esse exercício intelectual esteja terminado,
o clínico deve listar todos os exames necessários para diagnosticar a doença real.
Se o local anatômico da lesão for desconhecido, os
exames não poderão ser aplicados de forma lógica, racional,
rápida e com custo-benefício conveniente (Tabela 3.1).
ETIOLOGIA DA LESÃO
O histórico proporciona informações importantes quanto à
natureza da doença de base. É errado supor que o histórico
possa ser substituído por diversos exames de sangue e
técnicas de imagem. De fato, esse é um dos piores erros
que o clínico pode cometer. A avaliação do tempo de aparecimento, o período de progressão, qualquer piora ou
melhora do quadro, bem como a duração dos sintomas, nos
fornecem as primeiras pistas sobre o diagnóstico e, consequentemente, um possível prognóstico.
Os processos patológicos possuem padrões de comportamento típicos e podem ser demonstrados de modo simplista através de gráficos. Essas são apenas as diretrizes. As
doenças possuem nuances e variações de aspecto clínico.
Os livros somente descrevem as apresentações frequentemente apresentadas (Fig. 3.1).
É importante considerar a natureza da doença de base
antes de planejar qualquer exame. Se todas as possibilidades
da doença de base (diagnósticos diferenciais) são uniformemente fatais no curto prazo, é justo informar esse fato ao
proprietário, que é quem está financiando a investigação.
Igualmente, se a suspeita etiológica pode ser solucionada
sem a necessidade de intervenção em curto período de
tempo, é importante mencionar isso ao proprietário, e, para
tanto, considere o uso do termo “negligência benigna”, ou
seja, espere e observe. Se esse animal não responder como
esperado, dentro do prazo estipulado, mais investigações
são certamente justificadas.
Categorias das doenças
1.
2.
3.
4.
5.
Malformação
Inflamação
Degeneração
Trauma
Tumor
Alguns proprietários querem saber, o mais rapidamente
possível, o que está acontecendo com o seu animal. O
clínico deve ser sincero na avaliação do benefício da investigação para o animal. O clínico deve ser capaz de explicar
ao proprietário o significado dos resultados anormais (ou da
ausência deles) nos exames necessários.
Como priorizar os exames diagnósticos
1. Utilidade
• Esse exame irá alterar o tratamento do animal?
• Esse exame fornecerá mais informações sobre a possível
doença de base do que as outras opções diagnósticas?
2. Morbidade
• Qual o risco para o animal na realização desse exame?
(Como esse risco pode ser atenuado?)
• Qual o risco para o animal se NÃO realizar esse
exame? (Existe outro método diagnóstico?)
• Qual é o maior risco?
3. Interferência
• Esse procedimento pode confundir o resultado de
exames futuros?
4. Custo
• O proprietário pode arcar com os custos que serão
derivados dos resultados desse exame? (Ou seja, este
exame altera o tratamento do animal?)
*Nota da Revisão Científica: A sigla KISS será mantida como no original. A tradução mais próxima para essa expressão seria “Mantenha
a coisa simples, seu burro!”. Ao longo do texto há outras referências a este “principio”.
34
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3 Localizando as lesões
A precisão do diagnóstico neurológico
Tabela 3.1 O processo de pensamento necessário para o
diagnóstico
Questão
Resposta
1. O que é anormal?
2. Qual sistema corpóreo é
responsável?
3. É o sistema nervoso?
4. Onde está a lesão?
Obtenha o histórico
Examine o animal
5. Qual poderia ser a lesão?
6. Qual a melhor forma de
diagnosticar?
7. Qual o melhor tratamento?
35
Efetue o exame neurológico
Interprete os achados do exame
físico
Considere a identificação do
paciente, seu histórico,
localização anatômica
Considere a localização
anatômica
Consulte livros e periódicos
O diagnóstico anatômico e etiológico baseado unicamente
no histórico e no exame físico é preciso, na maioria dos
casos. Em um estudo com pacientes neurológicos humanos,
os erros no diagnóstico clínico foram atribuídos à coleta
incompleta ou incorreta dos dados do histórico e achados
físicos, ao conhecimento insuficiente em relação ao espectro das manifestações clínicas associadas à doença do
paciente e à análise incorreta dos achados (raciocínio diagnóstico fraco).
Avaliação inicial incorreta reduz a eficiência do atendimento ao paciente e retarda o início do tratamento adequado. A tecnologia não pode ser admitida como panaceia
para as dificuldades diagnósticas, pois os resultados dos
exames podem ser negativos.
Segundos Minutos
/Va
sc
las
Infe
ia
cçã
o
op
Horas
Dias Semanas Meses
o
çã
ra
ne
ge
Ne
Distúrbios
paroxísticos
a
asi
opl
Ne
r
ula
Tra
um
a
Gravidade dos sinais clínicos
Interpretação dos sinais neurológicos
De
Anos
Tempo
Além do histórico inadequado, os principais obstáculos para
fechar diagnósticos são a incapacidade de examinar o
sistema nervoso e, mais frequentemente, a incapacidade de
interpretar os resultados dos exames.
O segredo do exame físico é seguir sempre uma rotina
e acostumar-se a reconhecer o normal e o anormal.
A interpretação dos resultados requer a compreensão
básica de como o sistema nervoso funciona. Felizmente,
existem características associadas a cada seção do
sistema nervoso (Quadros 3.1-3.9). Faça uma lista das
anormalidades, aplique a navalha de Occam e veja se os
déficits podem ser atribuídos a uma área do sistema
nervoso (Fig. 3.2).
Figura 3.1 Padrões temporais da doença neurológica.
Não se esqueça do básico... doenças
concomitantes
1. Os pacientes neurológicos podem ter afecções em
outros locais, por exemplo, artrites nos membros anteriores e ataxia de membros posteriores. O exame físico
é importante.
2. Animais podem ter novos déficits agudos e sintomatologia crônica não relacionada, por exemplo, perda
aguda de equilíbrio devida a uma doença vestibular
periférica e déficits proprioceptivos residuais não resolvidos, secundários à compressão de medula toracolombar devida a DDIV. Obter um histórico detalhado é
importante.
3. Uma lesão neurológica pode começar com um foco e
expandir-se, causando danos às estruturas adjacentes,
conferindo aspecto multifocal à doença, por exemplo,
uma extrusão de disco intervertebral levando à mielomalácia. A repetição do exame neurológico é
importante.
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Quadro 3.1 TELENCÉFALO: cérebro
●
●
●
●
●
●
●
●
Estado de alerta alterado
Comportamento alterado
Convulsões
Déficit visual contralateral
Alteração mínima da marcha
Marcha compulsiva, ritmada, em círculos
Déficit proprioceptivo contralateral
Paresia contralateral
6/2/11 8:44:54 PM
NEUROLOGIA EM PEQUENOS ANIMAIS
36
Cerebelo
(metencéfalo dorsal)
Cérebro
Medula espinhal
Cervical
Cervicotorácica
(intumescência)
Toracolombar
Lombossacra
(intumescência)
superior
Neurônio motor
Tálamo
Diencéfalo
Hipotálamo
Mesencéfalo
Ponte
(mesencéfalo
ventral)
Periférico Central
Bulbo
Neurônio motor
inferior
Sistema vestibular
Neurônio motor
inferior
Figura 3.2 As divisões do sistema nervoso.
Quadro 3.2 DIENCÉFALO: tálamo, pituitária
Quadro 3.6 MIELENCÉFALO: bulbo
●
●
●
●
●
●
●
●
●
●
●
Estado de alerta alterado
Comportamento alterado
Convulsões
Défi cits visual e de refl exo pupilar à luz
Alteração mínima da marcha
Marcha compulsiva, ritmada, em círculos
Défi cit proprioceptivo contralateral
Paresia contralateral
Alteração de temperatura, apetite e sede
Disfunção endócrina
●
●
●
●
Quadro 3.7 APARELHO VESTIBULAR
●
●
Quadro 3.3 MESENCÉFALO
●
●
●
●
●
●
●
●
Estado de alerta alterado
Défi cit de refl exo pupilar à luz
Nervos cranianos III, IV
Principal alteração da marcha: ataxia/paresia-paralisia
Défi cit proprioceptivo contralateral
Paresia contralateral
●
●
●
●
●
●
●
●
●
Estado de alerta alterado
Nervo craniano V
Principal alteração da marcha: ataxia/paresia-paralisia
Défi cit proprioceptivo ipsilateral
Paresia ipsilateral
Quadro 3.5 METENCÉFALO DORSAL: cerebelo
●
●
●
●
●
●
C0015.indd 36
Alerta
Défi cit ipsilateral de ameaça (não cego)
Dilatação pupilar ipsilateral ou contralateral
±Sintomas vestibulares
Principal alteração da marcha: ataxia, tremores
Preservação da força
±Alteração do estado de alerta
Nistagmo espontâneo
Alteração postural: rolar, cair, encostar-se, inclinar a cabeça
Principal alteração da marcha: ataxia
±Déficit proprioceptivo ipsilateral
±Paresia/paralisia ipsilateral
Quadro 3.8 MEDULA ESPINHAL: NMS
●
Quadro 3.4 METENCÉFALO VENTRAL: ponte
±Alteração do estado de alerta
Nervo craniano VI-XII
Principal alteração da marcha: ataxia/paresia-paralisia
Déficit proprioceptivo ipsilateral
Paresia ipsilateral
●
●
●
●
Principal alteração da marcha: ataxia/paresia-paralisia
Fraqueza ipsilateral
Déficit proprioceptivo ipsilateral
Reflexos medulares normais/aumentados
Tônus muscular normal/aumentado
Mínima atrofia muscular
±Ausência de sensibilidade caudal à lesão
Quadro 3.9 NMI: corno ventral, raiz nervosa ventral, nervo,
junção neuromuscular, músculo
●
●
●
●
●
Principal alteração da marcha: paresia-paralisia
Fraqueza ipsilateral
±Diminuição dos reflexos medulares
±Diminuição do tônus muscular
Grave atrofia muscular
6/2/11 8:45:02 PM
3 Localizando as lesões
37
Tabela 3.2 Função do nervo craniano
Nervos cranianos
Componentes
Função
Olfação
Visão
Movimento do globo ocular
Elevação da pálpebra dorsal
Constrição pupilar
Movimento do globo ocular
Músculos da mastigação
Face, olhos, mandíbula, cavidade oral
Movimento do globo ocular
Músculos da expressão facial
Lágrimas e glândulas salivares
Paladar
Orelha média, vasos sanguíneos da cabeça, palato
Equilíbrio
Audição
Faringe
Glândulas salivares
Faringe
Seios e corpo carotídeo
Paladar
Faringe, laringe, esôfago, vísceras
Faringe, laringe, vísceras
Paladar
Conduto auditivo externo
Músculos trapézio, esternocefálico, braquiocefálico
Língua
I
II
III
Olfatório
Óptico
Oculomotor
Sensitivo
Sensitivo
Motor
IV
V
Troclear
Trigêmeo
VI
VII
Abducente
Facial
Motor
Motor
Sensitivo
Motor
Motor
Sensitivo
VIII
Vestibulococlear
Sensitivo
IX
Glossofaríngeo
Motor
Sensitivo
X
Vago
Motor
Sensitivo
XI
XII
Acessório
Hipoglosso
Motor
Motor
Veja na Tabela 3.2 as funções dos nervos cranianos e na
Tabela 3.3 os reflexos medulares.
Movimentos voluntários do membro anterior
(Tabela 3.4)
Resumo
• Ciático [L6,7, S1,(2)]: flexão do joelho, tarsos, dígitos e
extensão do coxal, tarsos e dígitos
• Femoral [L4,5,6]: flexão do coxal e extensão do joelho.
A ação de um músculo pode variar de acordo com a posição
do membro (Fig. 3.3).
Resumo
• Nervo
•
•
radial C7, 8, T1, (2): extensão do membro
anterior
Nervo musculocutâneo C6,7,8: flexão do cotovelo
Nervos ulnar e mediano C8, T1,(2): flexão dos carpos e
dígitos.
Movimentos voluntários do membro
posterior
(Tabela 3.5)
A Figura 3.4 mostra os nervos periféricos do membro
posterior.
C0015.indd 37
DOR REFERIDA
O fenômeno da injúria tecidual ocorrendo em determinada
região, porém aparentando ter-se originado de um local
distante, é conhecido como dor referida. Áreas saudáveis e
lesadas compartilham a inervação segmentar. A dor referida
em estruturas somáticas a partir de lesões viscerais é bem
reconhecida em seres humanos, provavelmente devido às
habilidades de comunicação do paciente. Isso é raramente
considerado em medicina veterinária.
Um exemplo comum de dor referida em pequenos animais
é a claudicação originada da compressão ou infiltração de
6/2/11 8:45:08 PM
NEUROLOGIA EM PEQUENOS ANIMAIS
38
Tabela 3.3 Reflexos medulares
Reflexo
Nervo sensitivo
Músculo
Nervo(s)
periférico(s)
Segmento medular
Refl exo do bíceps
Musculocutâneo
Musculocutâneo
C6,7,8
Refl exo do tríceps
Extensor do carpo
radial
Reflexo flexor/retirada
do membro anterior
Radial
Radial
Bíceps braquial
Músculo braquial
Tríceps braquial
Extensor do carpo radial
Radial
Radial
C7,8, T1,2
C7,8, T1,2
Flexores do membro anterior
Nervos axilar,
musculocutâneo,
mediano, ulnar,
parte do radial
C6,7,8, T1,2
Quadríceps femoral
Tíbial cranial
Gastrocnêmio
Coxal, joelho, flexores tarsais
Femoral
Fibular
Tibial
Ciático
L4,5,6
L6,7, (S1)
(L6),7, S1
L6,7, S1
Esfíncter anal externo
Esfíncter anal e flexores da
cauda
Cutâneo do tronco
Pudendo
Pudendo, caudal
S1,2,3
S1-3, Cd 1 à última
caudal
C8, T1
Refl exo patelar
Tíbial cranial
Gastrocnêmio
Reflexo flexor/retirada
do membro posterior
Refl exo anal
Refl exo perineal
Ulnar: lateral do dedo V
Radial: dorso do dígito III, IV
Musculocutâneos: medial,
2 cm distal ao cotovelo
Axilar: lateral, 2 cm caudal
ao ombro
Femoral
Fibular
Tibial
Dígito lateral: ciático
Dígito medial: femoral
Pudendo
Pudendo
Refl exo cutâneo do
tronco
Segmentos dos nervos
espinhais
uma raiz de nervo que o inerva. Extrusões discais cervicais
lateralizadas e tumor da raiz do nervo são os diagnósticos
mais comuns nos membros anteriores. A compressão de
L7-S1 e a discoespondilite são os dois problemas comuns que
resultam em claudicação por dor referida (ou sinal de lesão
na raiz) dos membros posteriores.
Tumores cerebrais podem produzir dor no pescoço. Acredita-se que seja uma forma de dor referida, pois não é
encontrada meningite nesses casos.
A dor visceral inicia espasmos reflexos do músculo abdominal denominado “guarda”. Os músculos abdominais e
epaxial tornam-se rígidos, na tentativa de limitar o movimento durante a dor na coluna. Esses mecanismos protetores não são classificados como dor referida.
Diferenciação entre lesões de tronco
encefálico e da medula espinhal (Fig. 3.5)
1. tronco encefálico consiste em bulbo, ponte, mesencéfalo e tálamo.
2. sistema ativador reticular ascendente (SARA) percorre o
tronco encefálico em direção ao cérebro. Se ele estiver
lesionado, o estado de alerta é diminuído.
3. Os nervos cranianos II ao XII são originados no tronco
encefálico e numerados de rostral para caudal.
C0015.indd 38
Nervo torácico lateral
4. As lesões caudais ao núcleo rubro mesencefálico causam
fraqueza ipsilateral e déficits de propriocepção.
5. As lesões rostrais ao núcleo rubro mesencefálico causam
fraqueza contralateral e déficits de propriocepção.
6. Algumas, é difícil diferenciar entre as lesões bulbares e
as da medula cervical.
Localização das lesões medulares
1. A força e a propriocepção são afetadas caudalmente à
lesão.
2. As reações posturais distinguirão os membros normais
dos membros anormais.
3. Presença ou ausência de reflexos medulares em
membros anormais indica o nível de segmentação da
lesão (Fig. 3.6):
• Reflexos intactos em membros paralisados: a lesão é
rostral a esses segmentos. Paralisia de NMS.
• Ausência de reflexos em membros paralisados: a
lesão está nos segmentos testados. Paralisia de NMI.
4. Algumas das lesões em medula cervical de C1-5 causam
paresias mais graves nos membros anteriores do que
nos membros posteriores. Isso é conhecido como síndrome medular central, porém as lesões extradurais,
6/2/11 8:45:08 PM
3 Localizando as lesões
39
Tabela 3.4 Movimentos músculos, nervos e segmentos medulares do membro anterior
Movimento
Músculo
Nervo
Segmento medular
Avançar o membro anterior,
elevá-lo, empurrá-lo, puxá-lo e
movimentar o ombro para a
frente e para trás
Trapézio
Omotransverso
Romboide
Serrátil ventral
Cleidomastoideo
Peitoral superficial
Supraespinhoso
Deltoide
Redondo maior
Redondo menor
Subescapular
Infraespinhoso
Peitoral profundo
Supraespinhoso
Infraespinhoso
Subescapular
Bíceps braquial
Músculo braquial
Coracobraquial
Extensor radial do carpo
Pronador redondo
Tríceps braquial
Ancôneo
Flexor radial do carpo
Flexor digital superficial
Flexor ulnar do carpo
Flexor digital profundo
Músculos entre os tendões
flexores
Músculos palmares interósseos
Extensor radial do carpo
Extensor ulnar do carpo
Extensor digital comum
Extensor digital lateral
Extensor longo do polegar
Extensor próprio do indicador
Acessório, nervo craniano XI
Nervos medulares cervicais
Medula espinhal cervical
(C5),6,7
Supraescapular
Axilar
(C6),7,8
Peitoral caudal
Supraescapular
C8, T1
(C5),6,7
Subescapular
Musculocutâneo
C6,7
C6,7,8
Radial
Mediano
Radial
C7,8, T1,(2)
C8, T1,(2)
C7,8, T1,(2)
Mediano
C8, T1,(2)
Ulnar
Mediano/Ulnar
C8, T1,(2)
Ulnar
Radial
C7,8 T1,(2)
Radial
C7,8 T1,(2)
Flexão do ombro
Extensão do ombro
Flexão do cotovelo
Extensão do cotovelo
Flexão carpal e dos dedos
Extensão carpal
Extensão dos dedos
como a extrusão de disco intervertebral, são as causas
mais frequentes.
Raízes dos nervos sacrais
• Redução/ausência do tônus do esfíncter anal e urinário,
e do reflexo perineal
Síndrome da cauda equina
A cauda equina descreve a aparência das raízes nervosas
que percorrem caudalmente o canal medular, antes de sua
saída através do forame intervertebral adequado. A síndrome da cauda equina descreve os sintomas clínicos resultantes da lesão nessa área anatômica.
• Atonia de bexiga
• Redução/ausência da sensibilidade de pele no períneo.
Raízes dos nervos caudais (coccígeos)
• Redução/ausência
do tônus da cauda, movimento e
sensibilidade.
Raízes do nervo ciático
• Diminuição do reflexo de retirada do flexor (em especial
da fl exão do jarrete)
• Pseudo-hiper-reflexia do reflexo patelar
• Sustentação do peso da superfície dorsal da pata
• Atrofi a do glúteo e do grupo de músculos caudais
coxa
• Sensibilidade reduzida nos dermátomos associados.
C0015.indd 39
LESÕES FOCAIS COM SINTOMAS
MULTIFOCAIS
da
Crânio
Veja na Tabela 3.6 os déficits múltiplos de nervos
cranianos.
6/2/11 8:45:08 PM
4
Alteração do estado
mental (da consciência)* —
introdução
INTRODUÇÃO
Essa é a razão mais comum de consulta veterinária. Os
proprietários afirmam que o animal “não é mais o mesmo”
ou que está “diferente do normal”. Quando perguntado a
respeito de detalhes, a próxima observação costuma ser
inespecífica: letargia, depressão. Isso não deve ser surpresa,
já que muitas doenças resultam em estado mental menos
reativo, sonolência ou aparente indiferença a estímulos.
O estado de alerta é promovido pelo sistema ativador
reticular ascendente (SARA), uma rede de neurônios que se
projetam do tronco encefálico para o córtex cerebral. Lesões
no SARA alteram o nível de consciência.
DICA CLÍNICA
Nem todos os animais letárgicos têm doença
cerebral.
Sinais presentes no caso
Alguns animais são descritos como portadores de expressão
vaga, olhar fi xo e perdido. Isso pode sinalizar redução no
estado de alerta. Midríase, cegueira, ausência de piscadas
e postura cervical rígida podem criar a mesma impressão.
Surdez e intolerância a exercícios alteraram a capacidade de
resposta do animal a comandos.
O que é consciência?
Consciência é o estado de percepção de si mesmo e do
ambiente. O primeiro é antropomorfizado pelos proprietários, enquanto o último é usado pelos veterinários para
julgar o nível de capacidade de resposta mental. Esse estado
de percepção baseia-se no estado de alerta do animal.
A consciência é graduada pelo nível reduzido de função,
de alerta a comatoso. O termo semicomatoso tem sido
usado em textos, mas uma vez que o coma é definido como
*Nota da Revisão Cientifi ca: No Brasil, é mais utilizada a expressão
“Alterações da consciência”. Porém, neste texto, optamos por uma
tradução mais fi el ao original “mental state”.
C0020.indd 47
ausência total de respostas a estímulos, o uso do prefixo
“semi” pode causar confusão.
Descrevendo o estado mental
1. Alerta
• Consciente; capaz de responder a estímulos sensoriais. Uma afirmação mais útil seria descrever a qual
estímulo o animal responde e se a resposta é normal
ou apropriada.
2. Obtuso/deprimido/letárgico
• Interação com o ambiente ou interesse por ele leve a
moderadamente reduzidos
• Responde lentamente a estímulos verbais
• Aumento nas horas de sono.
3. Torpor**
• Não responde, a menos que seja acordado por estímulo nocivo
• Aparenta estar em sono profundo, para o qual retorna
assim que cessa o estímulo.
4. Coma
• Totalmente sem resposta a qualquer estímulo. Não é
possível acordá-lo
• Graduado de acordo com uma escala para monitorar
a progressão da doença causadora.
Delírio: Nos humanos é caracterizado por desorientação,
medo, irritabilidade, agitação e má percepção dos estímulos
sensoriais, que pode ser episódico e intercalado por intervalos de lucidez. Resulta de uma diminuição generalizada
da função cerebral e ocorre nos distúrbios metabólicos ou
tóxicos ou na doença cerebral multifocal. Pode preceder
ou seguir o torpor/coma.
Demência: É uma redução insidiosa e persistente na qualidade da consciência ou capacidade de compreensão, em
paciente alerta. O termo é geralmente aplicado, em seres
humanos, aos pacientes portadores de problemas crônicos
que apresentam pequena probabilidade de melhora, p. ex.,
degeneração, trauma, tumor.
**Nota da Revisão Científica: O termo torpor também é conhecido
como estupor.
47
6/2/11 8:53:35 PM
NEUROLOGIA EM PEQUENOS ANIMAIS
48
Localizando a lesão
Músculos respiratórios expiratórios
O torpor e o coma resultam de um ou dos dois seguintes:
• Diminuição da função cerebral difusa, bilateral
• Lesão do SARA, no tronco encefálico rostral, na porção
média da ponte e estendendo-se rostralmente até o
tálamo.
• Usados na respiração forçada. Os músculos intercostais
DICA CLÍNICA
Torpor e coma usualmente resultam de doença
cerebral aguda ou subaguda
Uma lesão no tronco encefálico compacto danifica uma
proporção maior do SARA, com efeito mais profundo na
consciência do que faria uma lesão do mesmo tamanho no
cérebro, a qual remove somente uma pequena fração das
fi bras agora dispersas.
DICA CLÍNICA
É mais comum que o coma seja resultado de lesões
no tronco encefálico do que de doença cerebral
Cinco observações ajudam a especificar a área de
disfunção:
1. Estado de consciência
2. Padrão respiratório
3. Tamanho e reatividade das pupilas
4. Movimentos oculares e respostas oculovestibulares
5. Respostas motoras musculares esqueléticas.
PADRÃO RESPIRATÓRIO
Respiração normal
A respiração mantém a oxigenação normal e o equilíbrio
ácido-básico. Anormalidades podem alterar o estado mental,
a capacidade de exercitar-se e a produção de voz.
Músculos respiratórios inspiratórios
• Diafragma: responsável pela maior mudança no volume
•
torácico durante a respiração leve. É inervado pelo
nervo frênico, que se origina de segmentos medulares
e raízes dos nervos C5-7, encontrados em nível vertebral C4-C6
Os músculos intercostais externos elevam as costelas
inferiores. São inervados pelos nervos espinhais
segmentares.
Cada grupo de músculos isoladamente pode fornecer ventilação adequada no repouso. A maior parte do trabalho da
respiração é movimentar os tecidos elásticos da parede
torácica e dos pulmões.
C0020.indd 48
internos e os músculos abdominais contraem a caixa
torácica caudalmente, diminuindo o volume intratorácico. A pressão intra-abdominal aumenta, empurrando
o diafragma cranialmente.
Estímulo para a respiração
A respiração espontânea é produzida por descarga rítmica
dos neurônios motores no bulbo. Ela é estimulada por alterações nas concentrações de CO2 ou H+ e O2 no sangue
arterial e no líquido cefalorraquidiano (LCR)/líquido extracelular (LEC) cerebral.
Essas alterações químicas são detectadas pelos corpos
aórticos, que são coleções de células especializadas próximas ao arco aórtico, e pelos corpos carotídeos, encontrados associados à bifurcação da carótida bilateralmente.
Células quimiorreceptoras também estão presentes no
bulbo.
O metabolismo celular aumentado eleva a concentração
de CO2 e, consequentemente, a concentração de H+ que,
por sua vez, estimula a respiração por meio dos quimiorreceptores, particularmente aqueles do bulbo.
A acidose dos corpos cetônicos estimula a respiração
causando hiperventilação.
A perda de HCl nos vômitos diminui a ventilação, permitindo que o CO2 (e o H + ) aumente.
A hipóxia (baixa PaO2 ou liberação de O2 diminuída na
estase vascular) também aumenta a ventilação por meio de
estímulo aos corpos aórticos e carotídeos.
Aferentes do corpo carotídeo se projetam no bulbo via
IX nervo craniano, e os aferentes do corpo aórtico, via X
nervo craniano.
Vias motoras autonômicas do bulbo descem para
inervar os músculos respiratórios. O controle voluntário
da respiração é mediado pelo cérebro, e vias descendentes desviam-se do bulbo e inervam os músculos
respiratórios.
O centro pneumotáxico na ponte e os sinais aferentes
do nervo vago durante a expansão ou esvaziamento
pulmonar modificam as descargas bulbares espontâneas.
O movimento das articulações estimula a respiração.
Isso é usado durante a anestesia para combater a
parada respiratória durante a indução. Estender e flexionar cuidadosamente os membros pode estimular a inspiração.
Respiração anormal
A Figura 4.1 mostra os padrões respiratórios.
Hipoventilação mecânica
A hipoventilação ocorre a com fraqueza muscular esquelética
causada por doença do neurônio motor inferior (NMI), por
exemplo, polirradiculoneurite, botulismo ou doença do
6/2/11 8:53:35 PM
4 Alteração do estado mental (da consciência)* — introdução
Normal (em repouso)
Anormal
1 Respiração periódica (Cheyne-Stokes)
49
neurônio motor superior (NMS), como a extrusão de disco
cervical. O animal é fisicamente incapaz de ventilar por si,
e o movimento da parede torácica é mínimo ou ausente.
A preservação do movimento diafragmático com a perda
da função muscular abdominal e intercostal pode produzir
ventilação paradoxal, na qual o tórax retrai na inspiração
e expande durante a expiração.
Cães incapacitados de expandir o tórax não podem latir
ou tossir.
Lesões na medula cervical cranialmente aos segmentos
C5-7 enfraquecem o diafragma e os músculos intercostais;
lesões graves, como aquelas que obliteram as vias da dor,
produzem paralisia respiratória e morte.
O grau de hipoventilação é julgado pela pressão parcial
arterial de CO2 (PaCO2).
Respiração periódica (respiração de
Cheyne-Stokes)
2 Respiração agrupada (ofegos)
3 Hiperventilação neurogênica central
A lesão cerebral pode produzir hipersensibilidade à PCO2
arterial. Segue-se hiperventilação, reduzindo a PCO2 arterial.
Como resultado, ocorre apneia. A hipóxia então estimula os
quimiorreceptores carotídeos e aórticos, e a respiração reinicia. À medida que o CO2 endógeno aumenta, o padrão
se repete.
A fase de hiperventilação dura mais tempo que a apneia.
A respiração regular ocorre em suave progressão, terminando em suave diminuição.
A respiração periódica, com um ciclo mais curto, menos
regular, desenvolve-se com aumentos graves na PIC e a
resultante isquemia do tronco encefálico (respiração agrupada ou ofegos).
Ocorre com uma lesão que pode estar localizada em
qualquer lugar entre os hemisférios cerebrais até a ponte
superior. Também pode ocorrer no sono, hipóxia, uremia e
insuficiência cardíaca congestiva grave.
Hiperventilação com lesão no
tronco encefálico
4 Respiração apnêustica
5 Respiração atáxica (respiração com frequência e profundidade
irregulares)
A hiperventilação rápida, regular e uniformemente profunda
ocorre com lesões rostrais no tronco encefálico. Também
acompanha complicações pulmonares de lesão cerebral que
causam hipóxia sistêmica ou acidose metabólica: aspiração,
congestão, infecção ou edema pulmonar neurogênico.
Respiração apnêustica
A ventilação pausa na inspiração completa e novamente no
final da expiração. Ocorre com lesões de ponte.
Respiração atáxica
Figura 4.1 Padrões respiratórios.
C0020.indd 49
Um padrão imprevisível de movimentos respiratórios profundos e não profundos ocorre aleatoriamente, com pausas
irregulares. É vista em lesões dos centros respiratórios bulbares (central), por exemplo, trauma, herniação ou hemorragia cerebelar.
6/2/11 8:53:35 PM
11
Perda dos hábitos de
eliminação e aprendizado
prévio
APRESENTAÇÃO INICIAL
Alteração comportamental: perda dos hábitos de eliminação.
INTRODUÇÃO
Casos ocasionais de micção e defecação dentro da casa
pelos animais de estimação são geralmente justificados
pelos donos como “acidentes”. Caso altere o padrão de
comportamento aprendido durante a vida tornam-se anormais. A perda dos hábitos de eliminação é sinal precoce
comum de disfunção cerebral. Causas médicas, como incapacidade do reservatório (bexiga ou reto) ou incompetência
do esfíncter e desordens de ansiedade, devem ser
descartadas.
RESENHA IDENTIFICAÇÃO DO PACIENTE
andou normalmente, mas com tendência a andar em círculos
para a direita. O saltitamento e o posicionamento proprioceptivo do lado esquerdo estavam lentos. O reflexo de ameaça
estava ausente em ambos os olhos. O reflexo pupilar era
normal. O tamanho pupilar era normal, assim como o exame
de fundo de olho.
DIAGNÓSTICO NEUROANATÔMICO
Cérebro direito demonstrado pela alteração de comportamento, apatia, andar em círculos para a direita e déficits de
reações posturais do lado esquerdo. A perda bilateral do
reflexo de ameaça pode estar relacionada ao estado apático
do gato.
Gato doméstico de pelo curto de 11 anos.
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
SINAIS PRESENTES NO CASO
Perda dos hábitos de eliminação.
HISTÓRICO
O gato estava urinando e defecando em diferentes lugares
dentro da casa nos últimos três meses. Períodos de não
responsividade, mantendo-se sentado e quieto, com o olhar
fi xo em nada, ocorreram na mesma fase. Nenhuma alteração foi encontrada nos exames de sangue. A função tireoidiana estava normal. A pressão sanguínea estava normal.
EXAME CLÍNICO
O gato lançou-se da caixa de transporte e sentou-se imóvel,
visivelmente não responsivo ao ambiente. Quando persuadido,
• Meningioma
• Outras neoplasias cerebrais.
O longo curso e a apresentação como alteração de comportamento são bastante típicos de lesão intracraniana lentamente expansiva em gatos.
Urina encontrada em casa
Perda de consciência associada à micção ocorre mais comumente em convulsões do que em síncopes. Também depende
do volume da bexiga no momento do evento. Encontrar
poças de urina dentro da casa, feitas por cães que eram
treinados para não fazê-lo, pode ser o primeiro sinal notado
pelo dono de atividade convulsiva. A perda dos hábitos de
eliminação, com padrão de micção aparentemente aleatório, é uma alteração de comportamento comumente
causada por doença cerebral.
74
C0055.indd 74
6/2/11 9:37:39 PM
11 Perda dos hábitos de eliminação e aprendizado prévio
Figura 11.1 Meningioma no lado direito.
DICA CLÍNICA
Melhor do que perguntar se o animal é treinado para
não defecar ou urinar em casa (a resposta será sim),
pergunte se o animal urinou dentro de casa
recentemente.
75
Figura 11.2 Note o desvio da foice cerebral para a esquerda
e a compressão dos ventrículos laterais. A cápsula à direita é
usada como marcador.
ventrículos e compressão dos vasos sanguíneos. Essa fase de
expansão pode ser mal interpretada, pois os sinais são inespecíficos: letargia e depressão. Os proprietários relacionam
esses sinais à idade avançada do animal de estimação.
DICA CLÍNICA
Idade avançada não é doença.
Fraqueza ou dor podem impedir o animal de sair de casa
ou ir a uma caixa de areia para urinar. Os gatos podem
somente conseguir abrir a portinhola da casa em uma
direção.
Polidipsia/poliúria podem impedir que o animal treinado
consiga segurar grande volume de urina pelo tempo
habitual.
DESENVOLVIMENTO DO CASO
RM: grande massa captadora de contraste, de base ampla
e periférica, localizada no lado direito (Fig. 11.1).
DIAGNÓSTICO
A remoção cirúrgica da massa confirmou o diagnóstico de
meningioma e resultou em surpreendente melhora do
estado mental do gato, que retornou ao normal. Nenhuma
convulsão foi notada após a cirurgia. O gato permaneceu
normal por anos após a cirurgia (Fig. 11.2).
Tumores cerebrais
O que há de errado com meu animal?
Os sinais clínicos dependem da localização da lesão e da
velocidade instalação da doença. Aumento gradual
da pressão intracraniana é compensado pelo colapso dos
C0055.indd 75
O início súbito de sinais clínicos geralmente é resultado de
alterações secundárias, como edema, hemorragia, compressão do tronco cerebral ou bloqueio do sistema
ventricular.
A apresentação varia de convulsões a alteração de comportamento a colapso, pois a maioria dos tumores cerebrais
ocorre no cérebro (telencéfalo). Os gatos geralmente são
levados para consulta devido a alteração de comportamento
e estado mental alterado, enquanto os cães apresentam,
mais comumente, convulsões.
A fase interictal pode estar normal. Um questionamento
pode revelar mudanças nos hábitos de eliminação ou uma
sutil mudança na personalidade. Tumores no lobo frontal
frequentemente se apresentam devido a convulsões, com
fase interictal normal: podem passar meses até que uma
alteração de personalidade se desenvolva.
Neoplasias intracranianas podem ter como primeira
apresentação uma dor no pescoço. Letargia/depressão associadas podem ser confundidas com aquelas causadas por
dor intensa.
A incidência geral de tumores cerebrais na população
canina é citada como 0,01-3%. Para contextualizar isso, a
incidência de convulsões na população canina, por qualquer
causa, é em torno de 3%. Todos os clínicos gerais veem
alguns poucos casos novos de convulsões por ano, de forma
que parece razoável assumir que um número proporcional
de cães com tumores cerebrais também deverá ser visto
(essa comparação entre convulsões e tumores não implica
6/2/11 9:37:39 PM
NEUROLOGIA EM PEQUENOS ANIMAIS
76
que um cause o outro; ela foi feita para dar uma ideia da
proporção de ocorrência clínica). Dessa forma, tumores
cerebrais não são incomuns.
… mas ele é tão jovem!
A neoplasia está na lista de diagnósticos diferenciais para
qualquer caso de doença cerebral. O grau de suspeita é
maior em animais idosos, com idade de 9,4 anos ±3,4
anos e em animais braquicefálicos com mais de dois anos.
Os jovens não são imunes: tumores cerebrais primários
foram relatados em cães tão jovens como de três meses
de idade. A idade de início da doença foi a mesma para
tumores cerebrais primários e secundários. O meningioma
é o tumor cerebral mais comum em gatos, ocorrendo em
adultos com mais de cinco anos de idade, algumas vezes
com apresentação intracraniana multifocal.
Figura 11.3 RM de múltiplos meningiomas em gato
doméstico macho adulto de pelo curto (imagem ponderada
em T1 + contraste).
… mas ele está tão bem!
Tumores cerebrais primários são comuns. Eles raramente
metastatizam para fora do SNC. Animais acometidos geralmente estão bem, embora um estudo sobre tumores cerebrais primários caninos tenha relatado que 23% dos cães
acometidos possuíam evidências de neoplasias malignas
não relacionadas em outros locais; 58% de cães com
adenoma pituitário possuíam neoplasia extracraniana
encontrada no exame post mortem.
Isso significa que:
1. O tratamento com sucesso de tumor cerebral pode ser
frustrado por doenças em outros locais.
2. Tumores encontrados em locais extracranianos podem
não estar relacionados à enfermidade intracraniana.
3. Exames de imagem do tórax e do abdome devem ser
realizados antes de se iniciar um tratamento específico
para o tumor cerebral. Infelizmente, radiografias torácicas subestimam a frequência de metástases
pulmonares.
O que pode ser?
A RM obteve 100% de sucesso na detecção de massas
intracranianas em um estudo de tumores encefálicos
caninos. A TC foi menos sensível: por volta de 90%. Os
radiologistas podem prever o tipo histológico dos tumores,
como o diferencial mais provável, em somente 71% dos
casos.
O LCR pode estar normal (10%), demonstrar pleocitose
mista (58%) ou dissociação albuminocitológica (30%) nos
tumores encefálicos primários caninos. Células atípicas no
LCR foram encontradas em casos de linfomas do SNC. Esses
fatos demonstram que:
1. O clínico pensava que o benefício da coleta do LCR era
maior que o risco em potencial de uma herniação.
2. Os resultados do LCR são raramente específicos.
3. Células neoplásicas raramente aparecem no LCR.
C0055.indd 76
As neoplasias podem ser focais ou multifocais no encéfalo.
O tipo de tumor é suspeitado com base na espécie, raça,
localização anatômica, aspecto da RM e (raramente) LCR
(Fig. 11.3 e Tabela 11.1). A histopatologia é necessária para
o diagnóstico definitivo.
Há quanto tempo está ali?
Os sinais clínicos podem estar presentes até três anos antes
do diagnóstico. O tempo médio foi de 26 dias em cães. A
rapidez do início dos sinais clínicos foi similar para tumores
cerebrais primários e secundários, embora uma fonte
informe que tumores secundários possuem progressão mais
rápida. A localização do tumor influencia a taxa de progressão. Meningiomas crescem devagar, o que é parcialmente responsável pela longa duração dos sinais clínicos,
em gatos afetados, antes do diagnóstico (Fig. 11.4).
É maligno?
Malignidade demonstra um processo progressivo que resultará em morte. Os tumores cerebrais, sem levar em consideração suas características citológicas, são malignos. A
expansão do tumor dentro do crânio causará, eventualmente, aumento fatal da pressão intracraniana e morte.
Quais são as opções de tratamento?
Terapia de suporte
Os tumores aumentam os fluidos extracelulares do cérebro
através de alguns mecanismos.
1. Vasogênico. Lesão estrutural e desequilíbrios metabólicos
do endotélio capilar e neovascularização por vasos desprovidos de tight-junctions aumentam a permeabilidade
6/2/11 9:37:55 PM
11 Perda dos hábitos de eliminação e aprendizado prévio
77
Tabela 11.1 Categorização dos tumores intracranianos
Primário
Secundário: extensão
local
Secundário: propagação
à distância
Cão
Gato
Meningioma (45%)
Astrocitoma (17%)
Oligodendroglioma (14%)
Tumores do plexo coroide (7%)
Linfoma primário do SNC (4%)
Tumores do crânio, invasão a partir do nariz, tumores
pituitários, tumor de bainha de nervos cranianos
Hemangiossarcoma, linfoma, carcinoma metastático
(mama, pulmão, saco anal, próstata, rim, tireoide,
bexiga), melanoma
Meningioma: tumor encefálico felino mais comum
Glioma: raro
Tumor pituitário, tumor de bainha de nervos cranianos,
tumores de tecido circundante (sarcoma, carcinoma)
Metastático (carcinoma mamário, linfoma)
3. Hidrocefalia. A obstrução do sistema ventricular causa
aumento retrógrado na pressão ventricular. Isso altera
o gradiente de difusão do fluido intersticial e também
produz edema periventricular.
Tratamento: desvio do LCR, diminuição da produção do
LCR (prednisolona, fluidos hiperosmolares, furosemida).
Figura 11.4 Tumores de crescimento lento podem alcançar
grande tamanho antes de causarem sinais clínicos. Tamanho
comparativo entre um meningioma e um crânio felinos.
da barreira hematoencefálica. O fluido intersticial aumentado (edema) distribui-se pelo caminho de menor resistência, a substância branca. A formação e a distribuição
são diretamente influenciadas pela pressão arterial
sistêmica.
Tratamento: glicocorticoides, fluidos osmolares e excisão
cirúrgica. Evite a hipertensão.
2. Compressão. Obstrução do fluxo do fluido intersticial
ao sistema ventricular. Isso explica os efeitos dos tumores
que não alteram a barreira hematoencefálica.
Tratamento: excisão cirúrgica.
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Doses anti-inflamatórias de prednisolona 0,25-0,5 mg/kg
VO a cada 12 horas são altamente eficazes na redução do
edema vasogênico e, portanto, da pressão intracraniana.
Uma melhora clínica é percebida em alguns dias.
Pode ser preferível aguardar a melhora do estado mental
produzida pelos esteroides antes de iniciar o tratamento
com anticonvulsivantes. Os efeitos colaterais de sedação e
ataxia podem ser confundidos com piora da doença intracraniana. Caso a frequência de convulsões diminua após a
administração de esteroides, será devido à redução do
edema, mais do que uma ação anticonvulsivante direta.
Se a frequência de convulsões for alta, necessitando de
anticonvulsivantes, tente começar com uma dose baixa
de fenobarbital, aumentando gradativamente, nas 2-3
semanas seguintes, até a dose normal de 2-3 mg/kg VO a
cada 12 horas.
O tratamento de suporte não invasivo para animais com
tumores cerebrais é limitado ao controle do edema e das
convulsões. É de pouco benefício para o animal colocar um
desvio ventricular se não for planejado um tratamento definitivo do tumor.
A expectativa de vida somente com tratamento de
suporte é em torno de 1-4 meses após o diagnóstico. Nos
casos de tumores metastáticos e tumores nasais que se
estendem ao cérebro, apenas tratamentos de suporte são
fornecidos.
6/2/11 9:38:00 PM
38 NMS: empiema espinhal
38
167
NMS: empiema espinhal
APRESENTAÇÃO INICIAL
A infl amação da medula e de seus revestimentos meníngeos apresenta-se como ataxia, paresia e dor espinhal,
juntamente com sinais menos específicos de letargia, febre (37-39,5 °C) e anorexia.
INTRODUÇÃO
A doença medular focal é uma apresentação incomum
de doença inflamatória do SNC. Qualquer segmento está
sob risco, porém a inflamação da medula cervical é mais
comumente relatada. Cães com menos de três anos de
idade, raças de caça e toys apresentam maior risco de
desenvolver meningomielite. O início dos sinais é altamente variável, podendo durar dias até mais de uma
semana. A melhora clínica sem o tratamento não é
comum.
O diagnóstico de meningomielite é realizado através de:
• Análise do LCR: aumente as chances diagnósticas
coletando amostras, tanto craniais quanto caudais à
localização da lesão. Pleocitose é encontrada na
maioria dos casos. A inflamação tecidual ocorre em
certo grau em outras condições, como compressão,
infarto e neoplasia. A tendência geral é que a doença
inflamatória do SNC tenha maior pleocitose quando
comparada a outras condições. Porém, as variações
impedem que isso seja uma regra completamente
confiável.
• RMN: pode estar normal. A captação de contraste pelo
parênquima e/ou das meninges é altamente sugestivo de
meningomielite. A medula pode estar edemaciada.
• Mielograma: acredita-se que seja contraindicado na
doença inflamatória devido ao risco de o agente contrastante piorar a inflamação. É contraindicado nas
doenças inflamatórias do SNC previamente diagnosticadas, uma vez que não contribui em nada para o diagnóstico ou tratamento. É utilizado somente em
emergência, se o principal diagnóstico diferencial for
uma lesão extradural que necessite de cirurgia. Pode
estar normal ou apresentar padrão intramedular.
• Sorologia: títulos positivos indicam exposição a um orga•
nismo, mas não indicam necessariamente presença ou
ausência de doença clínica causada pelo organismo.
PCR do LCR.
IDENTIFICAÇÃO DO PACIENTE
Buldogue inglês, macho, um ano de idade.
SINAIS APRESENTADOS NO CASO
Relutância ou impossibilidade de caminhar. Dor.
HISTÓRICO DO CASO
O cão mostrou dor por dois dias, inquieto, vocalizando e
gritando quando se movimentava ou quando seu pescoço
era tocado. Após isso, ficou apático e em decúbito. A temperatura era 39,5 °C (normal: 37,5-39 °C). Duas semanas
antes de tornar-se enfermo, o cão foi mordido no pavilhão
auricular esquerdo. A ferida foi tratada com limpeza e antibióticos, e cicatrizou com o tempo.
EXAME CLÍNICO
O cão apresentava-se quieto e permanecia em decúbito
esternal. Quando mantido de pé, não gritou nem tentou
mover-se. Os testes de saltitamento e propriocepção foram
negativos em todos os membros. Quando colocado em
decúbito lateral, o cão pôde lentamente endireitar-se sem
auxílio. Os reflexos medulares estavam normais em todos os
membros. Os NC estavam normais. Os músculos do pescoço
estavam tensos e resistentes à flexão.
167
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6/3/11 1:23:33 AM
168
NEUROLOGIA EM PEQUENOS ANIMAIS
DICA CLÍNICA
A doença inflamatória, em geral, causa sinais
neurológicos multifocais, portanto reavalie o animal
frequentemente em busca de outros déficits
neurológicos.
LOCALIZAÇÃO NEUROANATÔMICA
A lesão estava localizada nos segmentos medulares cervicais
C1-5.
Figura 38.1 Imagens ponderadas em T1 e T1 com contraste,
sagitais. Compressão dorsal da medula ao nível do atlas.
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
• Discoespondilite
• Hemorragia ou doença inflamatória foram considerados
•
mais prováveis de ocorrer em cão dessa idade, com dor
e febre
Malformação vertebral, com ou sem malformação
medular, era uma possibilidade.
DESENVOLVIMENTO DO CASO
A hematologia mostrou monocitose de 2,09 (intervalo 0,20,72 × 109/l). Havia elevação moderada das enzimas musculares: AST 150 (N = 0-45 UI/l), ALT 403 (0-40 UI/l), CK 455
(0-400 UI/l).
O tempo de sangramento bucal foi de dois minutos e 30
segundos (normal <4 minutos). O TP foi de 15 segundos
(12-17) e o TTPA de 94 segundos (71-102).
Os títulos para Toxoplasma e Neospora foram
negativos.
A RM da coluna cervical revelou captação de contraste
dos músculos epaxiais, ao nível das vértebras C1 e C2,
aprofundando-se entre C1-2 e comprimindo a medula
dorsalmente (Fig. 38.1). Havia também captação de contraste pelas meninges. Suspeitou-se de discoespondilite
em C1.
O LCR não foi coletado da cisterna magna, pois isso
signifi caria passar a agulha diretamente pela área afetada
pela doença. O LCR poderia ter sido coletado da região
lombar, porém não o foi.
Foi realizado acesso cirúrgico dorsal, e um material macio
de cor bege foi encontrado dorsalmente ao arco de C1. O
material foi removido cirurgicamente. A avaliação histopatológica revelou miosite com edema e fibrose. A população
de células infl amatórias era mista. Não foram encontrados
organismos infectantes ou corpos estranhos. O cultivo da
biópsia tecidual revelou crescimento acentuado de Streptococcus sp beta-hemolítico sensível à amoxicilina/ácido
clavulânico.
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DIAGNÓSTICO
Celulite aguda, secundária a corpo estranho ou seio
dermoide infectado. A disseminação hematógena era
possível devido à ferida causada pela mordedura
prévia.
O empiema epidural espinhal, ou seja, a coleção de
pus no espaço extradural, é raro em pequenos animais.
Os sinais mais comumente apresentados são dor espinhal, febre e fraqueza, que pioram rapidamente. Leucocitose e neutrofilia são comuns. Aumento na concentração
proteica e contagem de células nucleadas no LCR também
são relatados. A compressão extradural medular pode ser
focal ou multifocal, sendo os segmentos T3-L3 os mais
afetados. A maior eficiência diagnóstica (culturas positivas) é conseguida a partir do cultivo de amostras do local
da cirurgia ou do sangue. Cães de qualquer raça ou idade
podem ser acometidos. As características da RM no
empiema epidural são aquelas relacionadas a inflamação
e edema: hiperintensidade ou intensidade de sinal misto
nas imagens ponderadas em T2 e hipointensidade nas
ponderadas em T1. Uma pequena área de ausência de
sinal pode representar hemorragia, que pode ser vizualizada como hipointensa nas sequências GRE ou corpos
estranhos.
O seio dermoide é criado quando há a separação
incompleta entre o tubo neural e a pele da linha média
dorsal, o que permite a formação de trato semelhante a
um tubo, revestido por folículos pilosos e glândulas. A
abertura do seio é pequena e caracterizada por um tufo
piloso. O seio, quando infectado, é doloroso e pode causar
déficits neurológicos de acordo com a localização nas
regiões cervical, torácica cranial ou sacrococcígea. Podem
estar localizado em ambas as extremidades da crista dorsal
da raça Rhodesian ridgeback, e já foi relatado em cães de
raças pequenas e grandes. O tratamento consiste na
excisão cirúrgica.
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38 NMS: empiema espinhal
TRATAMENTO
A descompressão da medula espinhal não foi realizada
conjuntamente com a biópsia cirúrgica devido à quantidade excessiva de material ao redor da medula e ao potencial risco de piora da condição neurológica secundária a
trauma medular ou desestabilização vertebral. O cão apresentou rápida melhora clínica com o tratamento com antibióticos IV pós-operatórios e voltou a andar após alguns
dias. O alívio da dor foi obtido pela aplicação IM de metadona a cada quatro horas e pôde ser interrompido logo
após o início da antibioticoterapia e melhora dos sinais
neurológicos.
ACOMPANHAMENTO
Ataxia de membros pélvicos e déficits proprioceptivos dos
membros torácicos estavam presentes uma semana após a
operação. Foram resolvidos dentro de um mês, enquanto
ainda eram administrados antibióticos ao cão. Outra RM
estava prevista para oito semanas após a operação, no
intuito de monitorar a resolução das lesões. Se não fosse
observada melhora clínica, a descompressão cirúrgica da
medula teria de ser realizada.
INFECÇÃO BACTERIANA DO SNC
A meningite bacteriana é rara em pequenos animais. Os
animais não são acometidos por tipos especiais de bactéria
com predileção pelo sistema nervoso, como ocorre em
humanos.
A extensão de uma otite média interna é razoavelmente comum, e é visível na RM como uma área de
169
captação de contraste ao redor do tronco cerebral. Os
animais afetados não demonstram consistentemente
sinais de meningite. O histórico típico está relacionado a
uma otite externa crônica, com início agudo de sinais
neurológicos (doença vestibular periférica com ou sem
paralisia facial e síndrome de Horner), localizados na
orelha interna e média. Paresia ipsilateral e déficit proprioceptivo são incomuns. A osteotomia de bula timpânica e antibioticoterapia sistêmica resolvem a extensão
para o encéfalo na maioria dos casos.
Infecções epidurais causadas por feridas por mordedura que penetram o crânio ou a cauda são relatadas.
A drenagem cirúrgica de um local com abscedação,
seguida por antibioticoterapia específica ou amplo
espectro por 6-8 semanas, contribui para um prognóstico excelente.
A febre está inconsistentemente presente. Aproximadamente metade dos casos apresenta leucocitose periférica
ou leucopenia ou trombocitopenia. O LCR é anormal em
90% dos casos, com neutrófilos tóxicos e degenerados,
além de aumento na concentração proteica total. Infelizmente, as culturas bacterianas são geralmente negativas,
mesmo nos casos de infecção bacteriana comprovada. Não
existem recomendações específicas para melhorar essa
baixa eficiência do exame. Cultura de sangue e urina
também é desapontadora em termos diagnósticos. Todas
as amostras são enviadas para processamento, porém o
tratamento é iniciado empiricamente. As infecções por
Gram-negativos são mais comuns. Microrganismos únicos
ou múltiplos podem estar presentes (Tabela 38.1). Antibióticos intravenosos são administrados até observar-se
melhora clínica, em geral em 3-5 dias, sendo seguidos por
antibióticos orais até a resolução, que ocorre em aproximadamente duas semanas.
Tabela 38.1 Infecção bacteriana sistêmica com envolvimento do SNC
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Microrganismo
Sinais neurológicos
Outros sinais
Diagnóstico
Tratamento
Leptospirose (Leptospira
interrogans)
Meningite benigna. Raros
Rim, fígado, pulmão, olho,
coagulopatia
Penicilina, doxiciclina
(zoonose em potencial)
Borreliose (Borrelia
burgdorferi)
Não são bem
documentados
Articulação, rim
IgG/IgM
Microscopia de campo
escuro com urina fresca
PCR
Difícil. Anticorpos comuns,
doença incomum
PCR do LCR
Micobacteriose
(tuberculose clássica)
SNC, ocasionalmente
Pele, pulmão, TGI, osso,
olho
Microrganismos
álcool-ácido resistentes
em tecidos e exsudatos
Cultura
Listeriose (L.
monocytogenes)
Brucelose (B. canis)
Raros
Meningoencefalite
Raros
Uveíte, meningite,
discoespondilite
−
−
Mínimos em animais
castrados apesar da
bacteremia crônica
Anticorpos
Cultura sanguínea
Doxiciclina
Amoxicilina
Cefalosporinas de terceira
geração
Eutanásia (zoonose em
potencial)
Difícil. Gentamicina e
minociclina (zoonose)
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170
NEUROLOGIA EM PEQUENOS ANIMAIS
Tratamento
1. Antibióticos
• Empírico: cefalosporinas de terceira geração (Gram-negativos) associadas a metronidazol (anaeróbicos)
• Cefotaxima 25-50 mg/kg IV a cada oito horas
• Metronidazol 10 mg/kg IV lento a cada oito horas
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• Empírico: alta dose IV de aminopenicilinas (aeróbios e
anaeróbios Gram-positivos, alguns Gram-negativos)
• Ampicilina 22 mg/kg IV a cada seis horas.
2. Corticosteroides
Dose anti-inflamatória de prednisolona VO ou dexametasona IV. Curto prazo.
6/3/11 1:23:34 AM
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