INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE SAÚDE E SERVIÇOS CURSO TÉCNICO DE METEOROLOGIA PROF. ORIENTADOR (AS): MÁRCIA FUENTES E ELIANE S. BARETA GONÇALVES JÉSSICA MARIA BARTNIKOSKY LAUREN FONTOURA MARIANA MATTEVI IUCCIOLINO AMANDA TEIXEIRA ACÁCIO CORDIOLI OCORRÊNCIA DE TEMPESTADE NA MESORREGIÃO DA ILHA DE FLORIANÓPOLIS Florianópolis JULHO DE 2014 AGRADECIMENTOS Agradecemos primeiramente à nossa orientadora Márcia Fuentes por nos disponibilizar de seu tempo e seu conhecimento a fim de ajudar-nos a concluir nossa monografia. Prestigiamos à nossa professora de CEP Eliane Bareta,pelas suas orientações e sua dedicação com o grupo e com a turma. Agradecemos a Financiadora de Estudos e Projetos - FINEP (processo 04.12.0270.00) pelo suporte financeiro e a CASAN e ICMBio pelo interesse científico em conceder os espaços para instalação das estações meteorológicas móveis.Por final agradecemos a todos nossos familiares e colegas que nos apoiaram e acreditaram em nosso potencial para realizar esta monografia. RESUMO A presente monografia tem como objetivo analisar as tempestades do seu inicio ao seu termino , seus aspectos, e suas variações meteorológicas, procurando disponibilizar o maior número de dados por meio de um estudo de caso, direcionando-se principalmente às nuvens cumulunimbus (Cb), que iniciam e morrem na camada mais baixa da atmosfera, a troposfera, buscando abranjer o maior numero de informações, sobre sua formação e seus estagios. PALAVRAS-CHAVE: Tempestades. Variações. Comulunimbus. Aspectos. ABSTRACT The present dissertation aims to analyze storms from its beginning to its end, its aspects, and its variations, weather looking to provide the greatest number of data through a case study, targeting mainly the cumulunimbus clouds (Cb), that start and die in the lower layer of the atmosphere, the troposphere, seeking abranjer the largest number of information, about their training and their stages. KEYWORDS: Storms. Variations. Data. Comulunimbus, Aspects. LISTA DE FIGURAS 31 Figura 1- Supercélula em formação. 11 Figura 2- Formação de relâmpagos 12 Figura 3-Imagem de satélite micro escala passando por SP e MS. 13 Figura 4- Imagem de satélite de meso escala prestes à chegar em SC e PR. Figura 5- Nascimento de uma CB. 15 Figura 6- Estágio de cumulus 16 Figura 7- Nuvem em estágio de amadurecimento Figura 8- Dissipação de uma CB 18 Figura 9- Estagio de dissipação 18 Figura 10- Nuvem isolada 14 16 20 Figura 11- Tempestade multicelular 21 Figura 12- Imagem de satélite, nuvem multicelular atingindo Santa Catarina Figura 13- Imagem de uma supercélula. 21 23 Figura 14- Morfologia de uma tempestade de super célula no hemisfério sul. A frente da tempestade encontra-se na parte esquerda da figura e a traseira da tempestade na parte direita 24 Figura 15- Visão do topo da representação do radar em uma super célula clássica. 24 Figura 16- Visão do topo da representação do radar em uma super célula de alta precipitação 25 Figura 17- Visão do topo da representação do radar em uma super célula de baixa precipitação 25 Figura 18 - Disposição das estações 27 Figura 19 - Figura 26- Gráfico, variação de temperatura 28 Figura 20 - Gráfico, variação de pressão e precipitação 28 Figura 21 - Gráfico, variação de pressão Figura 22 - Gráfico UR%. 29 29 Figura 23 - Gráfico, variação do vento. 30 SUMÁRIO 31 1 INTRODUÇÃO......................................................................................................................9 1.1 Objetivos 9 1.1.1 Objetivo geral 9 1.1.2 Objetivos especificos 9 2 TEMPESTADES..................................................................................................................10 2.1 O que é uma tempestade........................................................................................10 2.2 Como se Forma............................................................................................................11 2.2.1 Umidade...............................................................................................................12 2.2.2 Instabilidade 12 2.2.3 Levantemento 12 2.3 Tempo de Duração.................................................................................................13 3 CICLO DE VIDA DAS TEMPESTADES 15 3.1 Nascimento(Estado De Cumulus) 15 3.2 Estágio Maduro 3.3 Dissipação 16 17 4 PADÃO ORGANIZACIONAL(TIPO DE NUVENS) 19 4.1 Isoladas 19 31 4.2 Multicelular 20 4.3 Nuvem de Supercélula 4.3.1 Tipos de supercélula 5 ESTUDO DE CASO 26 5.1 Área de estudo 26 22 24 5.2 Estações Utilizadas e dados obtidos 5.3 A escolha do caso 27 5.4 Resultados das oscilações verificadas 9 CONCLUSÃO 31 REFERÊNCIAS 32 27 28 1 INTRODUÇÃO 9 Quando se fala de tempestades muitos se assustam, mas poucos sabem exatamente o que ocorre dentro de uma. Existem vários tipos de nuvens, porém todas se distinguem da maior e mais violenta de todas: a Cumulonimbus, (Cbs), capazes de gerar chuva, trovoadas, raios, rajadas de vento e granizo. Por vezes, estas tempestades convectivas podem se tornar severas. A (Cb), como toda nuvem, tem um ciclo de vida, que se inicia no seu nascimento, passando pelo amadurecimento e depois se dissipando. Apesar desses três estágios uma (Cb) é classificada por nuvem isolada, tempestade multicelular e tempestade de uma supercélula, sendo este último o mais raro, porém mais violento dentre os outros. Infelizmente a previsibilidade das tempestades no Brasil é muito precária, porém já evoluiu bastante desde os últimos anos. Por outro lado há equipamentos suficientes para entender uma tempestade por meio de seus estágios, sua formação e seus respectivos dados meteorológicos. 1.1 Objetivos 1.1.1 Objetivo geral Identificar oscilações meteorológicas durante a ocorrência de tempestades 1.1.2 São objetivos específicos deste trabalho: a) explicar oque é uma tempestade; b) entender como se forma e o que causa uma tempestade; c) identificar o tempo de duração de uma tempestade; d) explicar os padrões organizacionais (tipos de tempestade); e) elaboração de um estudo de casos de tempestades; f) avaliar imagens e gráficos de uma tempestade. 2 TEMPESTADES 10 O que é uma tempestade?; como se forma?; qual seu tempo de duração?. essas entre outras perguntas que iremos analisar neste capitulo, irão ajudar-nos a classificar uma tempestade e suas variações. 2.1 O que é uma tempestade Um cúmulo-nimbo ou, em latim cumulonimbus , é um tipo de nuvem caracterizada por um grande desenvolvimento vertical. Tipicamente, surge a partir do desenvolvimento de cúmulos que, por ação de ventos convectivos ascendentes, ganham massa e volume e passam a ser cumulus congestus e, no auge de sua evolução, torna-se um cúmulo-nimbo, quando atingem mais de quinze quilômetros de altura. Uma de suas principais características é o formato de bigorna que se forma em seu topo, resultado dos ventos da alta troposfera. Tipicamente produzem muita chuva, principalmente durante os meses mais quentes do ano. Nuvens isoladas possuem ciclo de vida médio de uma hora. Classificam-se em dois tipos principais, cuja diferença é o seu formato superior, enquanto que características peculiares ganham denominações especiais. Este tipo de nuvem, frequentemente, ocorre em todos os estados brasileiros. Elas podem ocorrer a qualquer hora, dia ou noite ao longo de todo o ano. A ocorrência de tempestades com trovoadas são mais comuns nos meses mais quentes, no período final da tarde. A cada momento, aproximadamente 1.800 Cbs estão em desenvolvimento em torno do planeta, associados a descargas atmosféricas (raios) que atingem a Terra 100 vezes a cada segundo. . 11 Figura 1- Super célula em formação. Fonte: Variações de super células 2.2 Como se forma A formação de uma tempestade se da por meio de três fazes, que são, umidade, instabilidade e levantamento que veremos mais adiante, se formando sempre por convecção das massas de ar. Figura 2- Formação de relâmpagos 12 Fonte: SEED Ciências 2.2.1 Umidade “A presença de umidade na atmosfera é necessária para a formação da nebulosidade e de precipitação. O sol, além de aquecer o solo e o ar sobre ele, provoca a evaporação da umidade do solo, lagos, rios e oceanos, aumentando assim a umidade do ar. 2.2.2 Instabilidade O aquecimento do ar nos níveis próximos ao solo associado ao aumento da umidade desestabiliza a massa de ar. O ar quente é menos denso (mais leve) que o ar frio, então, existindo ar frio e seco acima, a tendência será de troca de ar, com o ar frio descendo e o ar quente subindo. Isto é instabilidade. 2.2.3 Levantamento Este é o gatilho para o início de ascensão do ar e o princípio da tempestade. São exemplos de levantamentos: a) Ar movendo-se para cima de uma montanha (levantamento orográfico); b) Ar colidindo com uma frente (levantamento frontal). Frente é a zona de transição entre duas massas de ar diferentes; onde as massas colidem, o ar menos denso (quente ou mais úmido) ascende sobre o outro; c) Ar frio soprando do oceano ou lago podem formar frente de brisa marítima, caso o ar frio colida com o ar mais quente sobre o continente e d) A corrente descendente fria que sai do Cb forma “frentes de rajadas”, as quais podem vir a causar o desenvolvimento de novos Cbs”. (redemet) 13 2.3. Tempo de duração As tempestades de trovoadas são consideradas fenômenos que ocorrem entre a micro e a mesoescala, com escala espacial relativamente pequena (2-20km) e em curtos intervalos de tempo (minutos a hora). As nuvens cumulonimbus podem se organizar em sistemas maiores (como as linhas de instabilidade, os complexos convectivos de mesoescala, os aglomerados convectivos) com escala espacial entre 20-200km e tempo de duração entre horas a dias. Figura 3-Imagem de satélite micro escala passando por SP e MS. Fonte: CPTEC Fonte: CPTEC Figura 4- Imagem de satélite de meso escala prestes à chegar em SC e PR. 14 Fonte: CPTEC 3 CICLO DAS TEMPESTADES As tempestades de convecção têm sua formação em três fases, Nascimento, Maturidade e Dissipação,(com duração de tipicamente 15 a 30 minutos cada): 3.1 Nascimento (estagio de cumulus) As correntes ascendentes de ar levam à formação de uma nuvem Cumulonimbus. Surgem as primeiras cargas de água, mas ainda não ocorrem relâmpagos. No topo da nuvem o 15 processo de crescimento de cristais de gelo começa a produzir grandes partículas de precipitação. (Frediani) A nuvem continua a crescer na atmosfera instável enquanto estiver sendo alimentada por ar ascendente da superfície. Desta forma, uma nuvem cúmulos pode apresentar um extenso desenvolvimento vertical em apenas alguns minutos, desenvolvendo-se aproximadamente a partir de 7 km de altura, neste estágio não há ocorrência de trovões e relâmpagos. (ICESS) Figura 5- Nascimento de uma CB. Fonte: Something special do vale da Serra Figura 6- Estagio de cumulus 16 Fonte: redmet 3.2. Estágio Maduro O crescimento vertical atinge o seu máximo e o topo da nuvem fica achatado com a forma característica de uma bigorna (ou anvil). Figura 7- Nuvem em estágio de amadurecimento Fonte: Redmet A segunda fase e mais perigosa, é quando a nuvem encontra-se em seu estágio de 17 MATURIDADE. As correntes ascendentes (na vertical) podem chegar a velocidades próximas a 40 nós. Em seu topo, os ventos em altos níveis (nahorizontal) começam a formar sua “bigorna ou cabeleira”, chegando, por vezes, a estende-la até 100 milhas a favor do vento. Nesta fase, as correntes ascendentes podem transportar até 8.000 toneladas de água por minuto. O vapor d'água condensa ao colidir nas gotículas da nuvem, as quais aumentam de tamanho à medida que vão sendo levadas para cima. Neste momento, também podem ocorrer correntes descendentes, em virtude de algumas gotículas caírem ao se tornarem mais pesadas, vencendo as correntes ascendentes. Na descida, podem passar por camadas de ar não saturadas e alguma evaporação pode ocorrer. Evaporação é um processo de resfriamento (seu corpo se resfria quando o suor em sua pele é evaporado), portanto, este processo causa um maior resfriamento da parcela de ar que está em sua volta, dando início a um afundamento do ar, intensificando, assim, as correntes descendentes. (redmet) Um CB é considerado em seu estágio de maturidade, quando estiver com correntes ascendentes e descendentes.Usualmente isto dá-se quando o ar ascendente encontra uma inversão de temperatura estável (por exemplo, o ar mais quente da tropopausa - divisa entre a troposfera e a estratosfera). Os ventos predominantes em altitude começam a espalhar Cirrus a partir do topo da nuvem. As bases dianteiras ficam mais baixas e os relâmpagos começam a ocorrer em toda a extensão da nuvem. 3.3 Dissipação Este estágio se inicia quando as correntes descendentes frias atingem o solo, a chuva resfria o ar nos níveis mais baixos e nenhuma nova fonte de instabilidade está presente. Segundo Pinto (2000), neste estágio as correntes de ar descendentes inibem novas correntes ascendentes dentro da nuvem, a partir disso a nuvem começar a se dissipar, prevalecendo assim as correntes de ar descendentes. (redmet) Neste estágio a intensidade das chuvas e dos relâmpagos são inapreciáveis. A altura 18 do topo da nuvem de tempestade neste estagio tende a diminuir até que a nuvem seja totalmente dissipada. Os ventos nos níveis superiores espalham cristais de gelo, e a ultima parte que resta da nuvem é a bigorna, assumindo uma forma semelhante a das nuvens Altostratus e Cirrustratus (representada na figura 7) Figura 8- Dissipação de uma CB Fonte: NOAA Figura 9- Estagio de dissipação Fonte: Redme 4 PADRÃO ORGANIZACIONAL (TIPO DE NUVENS) As nuvens de tempestade podem se apresentar de quatro modos: isoladas, cachhos multicélulas, linha de instabilidade e supercélula. Tempestades ocorrem mais sobre os continentes do que sobre os oceanos, e são normalmente mais frequentes durante à tarde (máxima ocorrência entre 16 e 18 horas locais), embora 19 ocorram em todas as horas do dia. Sobre as montanhas, o máximo de ocorrência tende a acontecer mais cedo, em torno da uma hora da tarde.(tempojoãopessoa) “A frequência de tempestades em um dado local depende de vários fatores, entre eles a topografia, a latitude, a proximidade de massas de água, a continentalidade e a presença de diferentes sistemas meteorológicos. Uma pequena percentagem das tempestades que ocorrem todo ano é considerada como tempestades severas.” (Tempojoãopessoa) 4.1 Isoladas Quando a nuvem é única e de forma isolada dentro de uma determinada área.Uma nuvem cumulonimbus, representada na figura 10 por uma única célula de CB, possui característica muito própria como ser formada em sua parte superior por gelo e por espalharse em forma de bigorna alisada, fibrosa ou estriada, enquanto na sua parte inferior estas nuvens possuem forma de torres montanhosas de bulbos. 20 Figura 10- Nuvem isolada Fonte: querência 4.2 Multicelular Quando existem vários CB's dentro de uma determinada área e sem uma disposição organizada. As tempestades multicelulares são divididas em dois tipos: aglomerado multicelular e linhas de instabilidade. As tempestades multicelulares aglomeradas são um grupo de células em diferentes estágios se movendo em conjunto. As linhas de instabilidade são tempestades em linhas, geralmente acompanhadas de rajadas de vento e fortes chuvas. Essas tempestades tendem a passar rapidamente e podem ter centenas de quilômetros de comprimento e de largura apenas entre 10 e 20 quilômetros. (NOOA National Severe Storms Laboratory) Figura 11- Tempestade multicelular 21 Fonte: Ácacio Cordióli Figura 12- Imagem de satélite, nuvem multicelular atingindo Santa Catarina Fonte: CPTEC A imagem acima mostra que nuvens com desenvolvimento vertical foram explodindo em convecção, chegando a alturas onde os topos atingiam temperaturas de até -80ºC, como mostra a animação de imagens de satélite no canal realçado. 4.3. Nuvem de supercélula 22 Tempestades supercelulares são consideradas as maiores tempestades e embora sejam mais raras, elas são mais violentas (figura 13). Elas duram em geral de 2 a 6 horas e são, basicamente, caracterizadas por uma forte corrente de ar ascendente (com velocidades em alguns casos maiores que 150 km/h). São diferenciadas por sua vorticidade que ocasiona os tornados. O vórtice do tornado é visível como uma nuvem em forma de funil que se estende na base da nuvem. Também é característica de uma supercélula o granizo em tamanhos grandes, estes que são causados devido às correntes de ar ascendentes extremamente fortes que incentivam o crescimento de granizo. São de capazes de se manterem sozinhas como uma só entidade por horas. A rotação do ar elevando-se dentro deste mesociclone favorece a formação de tornados. (INPE) Figura 13- Imagem de uma super célula. 23 Fonte: Laaldeaglobal Segundo Nascimento, uma típica tempestade do tipo supercélula no hemisfério Sul se desloca de noroeste para sudeste ou de leste para oeste. O que diferencia a super célula dos outros tipos de tempestades é que ela possui uma profunda e persistente corrente vertical ascendente de vento rotante, chamado de mesociclone, este que de todas as estruturas morfológicas indicadas na figura 14 é a característica mais importante de uma tempestade de supercélula. O meio ambiente é um fator importante na organização de uma supercélula. Ventos são provenientes de diferentes direções para causar a rotação. E, como a precipitação é produzida na exaustão, os fortes ventos de altos níveis sopram a precipitação na direção do vento. Figura 14- Morfologia de uma tempestade de supercelula no hemisfério sul. A frente da tempestade encontra-se na parte esquerda da figura e a traseira da tempestade na parte direita 24 Fonte: Nascimento, Ernani 4.3.1. Tipos de supercélulas Clássica (figura 15), as quais são difíceis de definir com precisão, são visivelmente identificadas por uma “parede” de nuvens bem definida, uma base livre de chuva, uma corrente descendente na parte traseira, e áreas distintas e separadas de corrente ascendente e descendente. Figura 15- Visão do topo da representação do radar em uma super célula clássica. Fonte: NOAA Supercélula de alta precipitação (figura 16), estas frequentemente se formam em ambientes com alto grau de umidade atmosférica e nos níveis médios com ventos fracos com relação à tempestade. A corrente vertical ascendente tende a se tornar encoberta pela chuva o que dificulta a visualização das características nos baixos níveis, incluindo a parede de nuvens e o tornado. 25 Figura 16- Visão do topo da representação do radar em uma super célula de alta precipitação Fonte: NOAA Já as supercélulas de baixa precipitação (figura 17), são formadas em ambientes com baixa umidade atmosférica e este tipo de tempestade supercélula não está associada a muita precipitação, porém, é caracterizada por formação de grandes granizos. Por fim, as supercélulas miniaturas são versões menores das clássicas e geralmente ocorrem no inverno. Figura 17- Visão do topo da representação do radar em uma super célula de baixa precipitação Fonte: NOAA 5 ESTUDO DE CASO O objetivo principal deste estudo de caso foi identificar as oscilações meteorológicas, medidas em uma mesorede de estações automáticas, durante a passagem de uma tempestade. Foram avaliados os dados de três estações instaladas na ilha de Florianópolis durante o verão 2013/2014. Para tal foi escolhido a tarde do dia 15 de Janeiro de 2014, quando uma tempestade em linha foi observada na região. 5.1 Área de estudo 26 A área de estudo, aqui denominada mesorregião da Ilha de Santa Catarina, contempla a ilha quanto e uma parte continental representada pela estação meteorológica instalada no bairro Coqueiros. O período analisado contempla desde 16 de dezembro de 2013 até 27 de março de 2014 e faz parte da campanha de verão do projeto CT-INFRA. As estações foram instaladas nas seguintes posições: Tabela 01 – Poisções das estações Localização Casan da Lagoa do Peri Reserva ecológica do Coordenadas geográficas 27º 43’ 45,3”S / 48º 30’ 29,7” W Carijós IFSC - Campus 27º 28’ 23,4”S / 48º 29’ 28,8” W Continente 27º 35’ 59,7”S / 48º 34’ 17,4”W Figura 18 - Disposição das estações 27 Fonte: Google earth 5.2 Estações Utilizadas e dados obtidos Os dados foram obtidos através de estações móveis equipadas com um multisensor WXT520, os quais mediram a precipitação em mm, pressão atmosférica em hPa, temperatura em ºC, umidade relativa em porcentagem, direção do vento em graus, a variação do vento em graus e a intensidade em m/s. Estes dados foram coletados a cada minuto o que viabilizou o estudo desta tempestade. 5.3 A escolha do caso Para a elaboração deste estudo de caso escolhemos a data do dia 15 de Janeiro de 2014, por este dia ter apresentado o maior volume de precipitação em um minuto. A partir deste critério identificamos esta como a tempestade mais intensa registrada em toda a campanha. 5.4 Resultados das oscilações verificadas Figura 19- Gráfico, variação de temperatura. 28 Fonte: Ácacio Cordioli Neste gráfico podemos analisar que a temperatura teve uma variação de 11°C do inicio ao fim da tempestade, tendo sua maior no IFSC com 31°c as 16:00 horas, e a menor na reserva dos carijós com 20°c as 18:00 horas. A partir das 17:00 horas todas baixaram suas temperaturas drasticamente, se mantendo constante até as 18:00 horas. (Figura 19) Figura 20- Gráfico, variação de pressão e precipitação. Fonte: Ácacio Cordioli De acordo com o gráfico vimos que a pressão começou em 1012,4 hpa as 17:00 horas e a precipitação com 0mm no mesmo horário, logo após um período de 28 minutos percebe-se que a pressão aumenta indo para 1014,2 hpa e junto com ela a precipitação chega a 1,5mm seu máximo durante a tempestade. (Figura 20) Figura 21- Gráfico, variação de pressão. 29 Fonte: Ácacio Cordioli Como visto a pressão teve uma variação de 3,3hpa nas três estações, chegando no seu máximo as 17:04 no IFSC com 1014,3 e seu mínimo na reserva dos carijós com 1010,9hpa, havendo diferença no padrão de oscilação das três estações. (Figura 21) Figura 22- Gráfico UR%. Fonte: Ácacio Cordioli Tivemos uma diferença de 35% no índice de saturação nas três estações, onde o máximo e mínimo registrado foi o da Reserva dos Carijós com 58% as 16:24 horas e 93% as 18:00 horas. Todas tiveram um aumento na oscilação a partir das 16:45, e mantiveram estáveis a partir das 17:15 horas. (Figura 22) Figura 23- Gráfico, variação do vento. 30 Fonte: Ácacio Cordioli As 16:24 horas o IFSC apresentou uma oscilação com sentido de S/W com 200°, a Reserva dos carijós com sentido de N/E com 80° e a CASAN com sentido SW/W com 260°, o que se percebe é que a partir das 17:14 horas as variações oscilam de maneira desordenada com predominância de norte e sul, tendo IFSC com maiores variações. (Figura 23) Observou-se que a tempestade atuou de forma diferente em cada um dos pontos de coleta na Mesorregião da Ilha de Santa Carina (MISC), atingindo primeiro o ponto mais sul, depois o central e por fim o norte. As análises mostram que o núcleo mais intenso de convecção, que atingiu as estações do centro e norte da MISC, foi o mesmo e isso refletiu no padrão de chuva, vento e pressão muito similar entre estes pontos, apresentando máximos e mínimos pronunciados, igualmente defasados no tempo o que denotou a presença de mesoalta e mesobaixa. No entanto, o núcleo associado à tempestade registrada no sul da MISC apresentou comportamento distinto com distribuição de chuva mais uniforme e variações não pronunciadas das variáveis medidas. 6 CONCLUSÃO As analises deste estudo nos possibilitou chegar à conclusão de que a partir das oscilações das variáveis, pressão atmosférica, precipitação, direção e intensidade do vento, umidade e temperatura, uma Linha de Instabilidade (LI) ocorreu na tarde do dia 15 de Janeiro de 2014, onde o núcleo de convecção que atingiu a região sul da MISC foi distinto do que atingiu os demais pontos de coleta. O uso do SMM (sistema meteorológico móvel) mostrou 31 que a alta frequência de obtenção de dados aliado a pequena distancia entre os sítios foi um diferencial na observação de sistemas desta natureza, uma vez que viabilizou distinguir o padrão de atuação da Linha de Instabilidade. REFERÊNCIAS PINTO, Osmar Jr. Tempestades e relâmpagos no Brasil. São José dos Campos - SP: Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, 2000 PORTER, Daniel. O céu em desequilíbrio, o nascimento de uma tempestade; Schlumberger Excellence in Education Development (SEED), Inc. 2014. Disponível em: http://www.planetseed.com/pt-br/relatedarticle/relampagos-o-nascimento-de-uma-tempestade. Acesso em: 15/04/2014 Dicionário Larousse Ilustrado da Língua Portuguesa. São Paulo: Larousse, 2004. Pq,978.(vide verbete "cúmulo-nimbo".) CARVALHO, Leila. Tempestades e previsão de tempo severo. Cap. 11; Agosto 2005. Disponível em: http://www.icess.ucsb.edu/gem/tempestades.htm.Acesso em: 15/04/14 HAMES, Paulo. Paulo tempo, Massa de ar quente e úmido; 2014.Disponível em: http://wwwpaulotempo.blogspot.com.br/2011/01/massa-de-ar-quente-e-umido-. Acesso em:18/04/14 HOUSE, Robert. University of Washington mesoescale group. 1964 a 2014. Disponível em: http://www.atmos.washington.edu/MG/houze_publist.html. Acesso em: 18/04/14 DARRON, Diego. 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