Gustavo Dix Junqueira Pinto AVALIAÇÃO DA EXPRESSÃO DO BIOMARCADOR PD-L1 EM TECIDO TUMORAL DE PACIENTES PORTADORES DE CARCINOMA DE PULMÃO E CORRELAÇÃO COM DADOS CLÍNICOS E DEMOGRÁFICOS Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação da Fundação PIO XII – Hospital de Câncer de Barretos para obtenção do título de Mestre em Ciências da Saúde. Área de Concentração: Oncologia Orientador: Prof. Dr. Sérgio Vicente Serrano Co-orientador: Prof. Dr. Luciano de Souza Viana Barretos, SP 2016 FICHA CATALOGRÁFICA Preparada por Martins Fideles dos Santos Neto CRB 8/9570 Biblioteca da Fundação Pio XII – Hospital de Câncer de Barretos P659a Pinto, Gustavo Dix Junqueira. Avaliação da expressão do biomarcador PDL1 em tecido tumoral de pacientes portadores de carcinoma de pulmão e correlação com dados clínicos e demográficos. / Gustavo Dix Junqueira Pinto. - Barretos, SP 2015. 78 f. : il. Orientador: Dr. Sérgio Vicente Serrano Co-Orientador: Dr. Luciano de Souza Viana Dissertação (Mestrado em Ciências da Saúde) – Fundação Pio XII – Hospital de Câncer de Barretos, 2015. 1. Carcinoma Pulmonar. 2. PD-L1. 3. Microambiente tumoral. 4. Pontos de checagem imunológico. 5. Biomarcadores. 6. Imuno-histoquímica . I. Autor. II. Serrano, Sérgio Vicente. III. Vianna, Luciano de Souza. IV. Título. CDD 616.994 “ “Esta dissertação foi elaborada e está apresentada de acordo com as normas da PósGraduação do Hospital de Câncer de Barretos – Fundação Pio XII, baseando-se no Regimento do Programa de Pós-Graduação em Oncologia e no Manual de Apresentação de Dissertações e teses do Hospital de Câncer de Barretos. Os pesquisadores declaram ainda que este trabalho foi realizado em concordância com o Código de Boas Práticas Científicas (FAPESP), não havendo nada em seu conteúdo que possa ser considerado como plágio, fabricação ou falsificação de dados. As opiniões, hipóteses e conclusões ou recomendações expressas neste material são de responsabilidade dos autores e não necessariamente refletem a visão da Fundação Pio XII – Hospital de Câncer de Barretos. Embora o Núcleo de apoio ao pesquisador do Hospital de Câncer de Barretos tenha realizado as análises estatísticas e orientado sua interpretação, a descrição da metodologia estatística, a apresentação dos resultados e suas conclusões são de inteira responsabilidade dos pesquisadores envolvidos” Agradecimentos Orientadores Sérgio Vicente Serrano e Luciano de Souza Viana, pelas informações valiosas Registro Médico Allini Mafra Biblioteca Martins Fideles dos Santos Neto Mirlene Girio Marques SAME (Serviço de Arquivo Médico e Estatística) Dante Ribeiro da Silva Guilherme Aleixo dos Santos Kleber Henrique Carvalho Pires Leonardo de Almeida Lima Robson dos Santos Fermiano Anatomia Patológica Fabiana Aparecida Oliveira Buzon Guilherme Gomes Ribeiro Letícia do Nascimento Braga Pereira Patrícia Cristina Silva Marconi Telemedicina Luige Cesar Salvi NEB (Núcleo de Epidemiologia e Bioestatística)/NAP (Núcleo de Apoio ao Pesquisador) Cleyton Zanardo de Oliveira Jamile Carolina Zaneti Marco Antônio de Oliveira Marcos Alves de Lima Tamira Cláudia de Souza Thais Talarico Hosokawa Secretaria da pós-graduação do Hospital de Câncer de Barretos Brenda Honda Morais Silvana Rodrigues Guitarrari Simone Neves Nogueira CEP (Comitê de ética e pesquisa) Bruna Aline Roque Alves Daniela Ribeiro Girardi Talitha Jacqueline Marsola EPIT Daniela Donadon CEPOM Renato José da Silva Oliveira Dedicatória Dedico este trabalho aos meus pais, Abílio e Maria da Graça, que estão sempre ao meu lado; à minha família e aos meus amigos, fontes de amor incondicional e eterno; aos meus colegas de trabalho Pedro e Josiane que souberam me compreender e apoiar; e aos meus pacientes, que enfrentam suas enfermidades com força e resignação. “e parecia-lhe que entrava enfim numa existência superiormente interessante, onde cada hora tinha o seu encanto diferente, cada passo condizia a um êxtase, e a alma se cobria de um luxo radioso de sensações!” Eça de Queirós SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO 1 1.1 Sinapse imunológica 4 1.2 “Checkpoints” imunes 6 1.3 Imunoterapia e mecanismos inibitórios de "checkpoint” 7 1.4 Expressão de PD-L1 e tipos de microambiente tumoral 10 2 OBJETIVOS 14 2.1 Objetivo geral 14 2.2 Objetivos específicos 14 3 MATERIAIS E MÉTODOS 15 3.1 Considerações éticas 15 3.2 Pacientes 15 3.2. 1 Critérios de inclusão 16 3.2.2 Critérios de exclusão 16 3.3 Variáveis analisadas 16 3.4 Construção dos blocos de TMA e lâminas 16 3.5 Técnica de imuno-histoquímica 17 3.5.1 Anticorpo primário 18 3.5.2 Análise da imuno-coloração 18 3.6 Análise mutacional dos genes EGFR e KRAS 19 3.7 Pesquisa do rearranjo do gene ALK 19 3.8 Análise estatística 20 4 22 RESULTADOS 4.1 Dados clínico-demográficos e moleculares 22 4.1.1 Dados demográficos 22 4.1.2 Dados Clínicos 22 4.1.3 Dados Moleculares 24 4.1.4 Correlação das informações clínico-demográficas e biomarcadores com sobrevida global 25 4.2 Expressão de PD-L1 28 4.2.1 Análise individual da expressão de PD-L1 em corte histológico convencional 29 4.2.2 Análise coletiva da expressão de PD-L1 em TMA ("Tissue microarray"). 32 4.3 Análise de concordância da expressão imuno-histoquímica de PD-L1 em análise individual versus análise coletiva (TMA) 33 4.4 Correlação da expressão de PD-L1 com outros biomarcadores (mutações nos genes KRAS, EGFR e rearranjo do gene ALK) - análise univariada 34 4.5 Correlação da expressão de PD-L1 com dados clínico-demográficos. (análise univariada) 35 4.5.1 Expressão de PD-L1 e dados demográficos 35 4.5.2 Expressão de PD-L1 e dados clínicos 37 4.5.3 Correlação da expressão de PD-L1 com dados clínico-demográficos - análise multivariada 38 4.6 Análise das curvas de sobrevida conforme a expressão de PD-L1 39 5 42 DISCUSSÃO 5.1 Achados clínico-demográficos e moleculares 42 5.2 Achados quanto a expressão de PD-L1 42 5.3 Análise de concordância entre a análise individual e a análise coletiva (TMA) da expressão imunohistoquímica do marcador PD-L1 em tecido tumoral 44 5.4 Correlação da expressão de PD-L1 com outros biomarcadores (mutações nos genes KRAS, EGFR e rearranjo do gene ALK). 45 5.5 Correlação da expressão de PD-L1 com dados clínico-demográficos 45 5.6 Análise das curvas de sobrevida conforme a expressão de PD-L1 46 6 47 CONCLUSÃO REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 48 ANEXOS 55 Anexo A. Ficha de coleta 55 Anexo B. Carta de aprovação do CEP 61 LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Formação da sinapse imunológica (Fonte: Piragyte et al, 2012) 5 Figura 2 - Checkpoints imunológicos: sinais estimulatórios (verde) e inibitórios (vermelho) (Fonte: Pardoll et al. 2012) 6 Figura 3 - Células constituintes do microambiente tumoral (Fonte: Sid P. P. Restifo, 2012) Kerkar, Nicholas 12 Figura 4 - Tipos de microambiente tumoral (Teng et al. 2015) 13 Figura 5 - Foto-micrografias das expressões imuno-histoquímicas do marcador PD-L1 na células tumoral no câncer de pulmão de células não pequenas (400x). A, Ausência de expressão do marcador PD-L1; B. Marcador PD-L1 negativo (<5% das células coradas); C. Marcador PD-L1 positivo (5% das células coradas); D. Controle positivo 30 Figura 6 - Foto-micrografias das expressões imuno-histoquímicas do marcador PD-L1 nas células apresentadoras de antígenos (APC) no câncer de pulmão de células não pequenas (400x). A. Ausência de expressão do marcador PD-L1; B. Marcador PD-L1 negativo (<5% das células coradas); C. Marcador PD-L1 positivo (5% das células coradas); D. Controle positivo 31 Figura 7 - Sobrevida Global Geral 40 Figura 8 - Sobrevida Global Conforme Expressão de PD-L1 em Célula Tumoral 41 Figura 9 - Sobrevida Global Conforme Expressão de PD-L1 em Célula Apresentadora de Antígeno 41 LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Critérios de concordância definidos por Landis & Koch (1977) para interpretação do índice de Kappa 20 Tabela 2 - Dados demográficos 22 Tabela 3 - Dados clínicos 23 Tabela 4 – Biomarcadores 25 Tabela 5 - Estimativa do risco relativo de óbito pela regressão de Cox simplificada 26 Tabela 6 - Regressão de Cox 28 Tabela 7 - Expressão de PD-L1 em corte histológico convencional (análise individual) 29 Tabela 8 - Expressão de PD-L1 em TMA (análise coletiva) 32 Tabela 9 - Análise da concordância da expressão imuno-histoquímica do marcador PD-L1 conforme tipo celular considerando as técnicas de análise individual e coletiva (TMA) 33 Tabela 10 - Expressão de PD-L1 em células tumorais e biomarcadores 34 Tabela 11 - Expressão de PD-L1 em Células Apresentadoras de Antígenos e biomarcadores 34 Tabela 12 - Expressão de PD-L1 em células tumorais e dados demográficos 35 Tabela 13 - Expressão de PD-L1 em células apresentadoras de antígenos e dados demográficos 36 Tabela 14 - Expressão de PD-L1 em células tumorais e dados clínicos 37 Tabela 15 - Expressão de PD-L1 em células apresentadoras de antígenos e dados clínicos 38 Tabela 16 - Análise multivariada: expressão de PD-L1 em células tumorais 39 Tabela 17 - Análise multivariada: expressão de PD-L1 em células apresentadoras de antígenos 39 Tabela 18 - Agrupamento TNM versus história oncológica pregressa (HOP) 42 Tabela 19 - Imunohistoquímica para PD-L1 em estudos Clínicos 43 LISTA DE ABREVIATURAS APC CCR CEP CRC CRPC CTLA-4 DNA EGFR EML4/ALK FISH INCA KRAS MHC MM CPCNP NSCLC PCR PD-1 PD-L1 PD-L2 RCC TCR TMA Células Apresentadora de Antígeno Carcinoma de Células Renais Comitê de Ética em Pesquisa Câncer colorretal Neoplasias de próstata resistentes à castração (Prostatic Neoplasms, castrationResistant) Antígeno CTLA-4 (Cytotoxic T lymphocyte antigen 4) Ácido Desoxirribonucleico Receptor do fator de crescimento epiodérmico(Epidermal growth ator receptor Echinoderm microtubule-associated protein-like 4 / anaplastic lymphoma kinase Hibridização In Situ Fluorescente (Fluorescence in situ hybridization) Instituto Nacional do Câncer Kirsten murine sarcoma vírus Complexo Principal de Histocompatibilidade (Major histocompatibility complex) Melanoma Maligno Carcinoma Pulmonar de Células não Pequenas (Non small cell lung câncer) Carcinoma Pulmonar de Células Não Pequenas(Non small cell lung cancer) Reação em Cadeia da Pilimerase (Polymerase chain reaction) Receptor de Morte Celular Programada 1 (Programmed Cell Death 1 Receptor ) (Programmed death-ligand 1) Programmed death-ligand 2) Câncer Renal Receptor de célula T (T cell receptor) Análise Serial de tecidos (Tissue Microarray Assay) RESUMO Pinto GDJ. Avaliação da expressão do biomarcador PD-L1 em tecido tumoral de pacientes portadores de carcinoma de pulmão e correlação com dados clínicos e demográficos. Dissertação (Mestrado). Barretos: Hospital de Câncer de Barretos; 2015. JUSTIFICATIVA: O câncer de pulmão é mundialmente a principal causa de morte relacionada a câncer em ambos os gêneros e o tabagismo é o seu principal fator etiológico. A descoberta dos checkpoints imunológicos corroboram com a hipótese de que ligantes presentes no tumor modulam os mecanismos de carcinogênese e a atividade imunológica do microambiente tumoral. Entre as moléculas corregulatórias mais estudadas destacam-se a PD-1 (programmed cell death 1), e seu ligante PD-L1 (programmed cell death ligand 1). O presente estudo busca aumentar o entendimento do microambiente tumoral de doentes operados com câncer de pulmão através da análise da expressão do marcador PD-L1 nas células tumorais e nas células apresentadoras de antígenos (APC). OBJETIVO: Avaliar a expressão de PD-L1 em tecido tumoral de pacientes portadores de carcinoma pulmonar de células não pequenas (CPCNP) e correlacionar as expressões com os dados clínicos e demográficos. MATERIAIS E MÉTODOS: Foram selecionados 177 doentes com CPCNP submetidos a ressecção cirúrgica da lesão primária no Hospital de Câncer de Barretos entre 2003 e 2014. A expressão de PD-L1 foi realizada por imuno-histoquímica tanto por análise individual quanto por análise coletiva ou TMA (tissue microarray). Os tumores foram classificados como PD-L1 positivo em células tumorais (≥5% de células coradas) ou PD-L1 negativo em células tumorais (<5% de células coradas) assim como as APC presentes no microambiente tumoral (APC PD-L1 positivo se ≥5% de células coradas e APC PD-L1 negativo se <5% de células coradas). RESULTADOS: Em cortes histológicos convencionais, houve maior expressão de PD-L1 em células tumorais (37,9%) que em APC (24,3%). O mesmo ocorreu no TMA (análise coletiva) com expressão de 32,8 % em células tumorais e 19,8% em APC. Não foi possível estabelecer correlação entre expressão de PD-L1 e outros biomarcadores conhecidos em função do número reduzido de pacientes avaliados. As técnicas de análise coletiva (TMA) e análise individual apresentaram fraca concordância durante a avaliação da imunoexpressão de PD-L1 tanto na célula tumoral (Kappa = 0,307 e p < 0,001) quanto nas APC (Kappa = 0,328 e p < 0,001). Doentes com história passada de tabagismo (passado versus ausência) e presença de história oncológica pregressa (presença versus ausência) apresentaram maior chance de expressão de PD-L1 em células tumorais (OR = 3,356 e p = 0,008; OR = 2,01 e p = 0,042, respectivamente). Doentes com história passada de tabagismo (passado versus ausência) apresentaram menor chance de expressão de PD-L1 em APC (OR = 0,383; p = 0,029). Doentes com expressão tumoral positiva de PD-L1 (células tumoral e APC) apresentaram mediana de sobrevida global semelhante aos doentes cujos tumores não expressaram PD-L1 (p = 0,253 e p = 0,795; respectivamente para tumor e APC). CONCLUSÃO: Houve maior frequência de expressão de PD-L1 em células tumorais que em APC. Não foi possível estabelecer correlação entre expressão de PD-L1 e biomarcadores por limitações no número de doentes da amostra. Não houve reprodutibilidade entre as técnicas de análise coletiva (TMA) e análise individual para avaliação da expressão de PD-L1 em células tumorais e APC. Doentes com história passada de tabagismo e história oncológica pregressa apresentaram maior chance de expressão de PD-L1 em células tumorais em relação aos que nunca fumaram e aos que não apresentavam história oncológica pregressa. Doentes com história passada de tabagismo apresentaram menor chance de expressão de PD-L1 em células apresentadoras de antígeno em relação aos que nunca fumaram. A expressão imuno-histoquímica de PD-L1 nas células tumorais e APC não se relacionou com a curva de sobrevida. PALAVRAS-CHAVE: 1. Carcinoma pulmonar; 2.PD-L1; 3.microambiente tumoral; 4.pontos de checagem imunológico; 5. biomarcadores; 6.imunohistoquímica. ABSTRACT Pinto GDJ . Evaluation of PD -L1 Biomarker expression in tumor tissue of patients with lung carcinoma and correlation with clinical and demographic data . Dissertation (Master`s Degree) . Barretos : Barretos Cancer Hospital ; 2016 . BACKGROUND: Lung cancer is the leading world cause of death regarding cancers, in both sexes, and smoking is the main etiological factor. The discovery of immune check-points corroborates the hypothesis that ligands present in the tumors modulate the mechanisms of carcinogenesis and the immune activity of the tumor microenvironment. Among the most studied co-regulatory molecules, PD-1 (programmed cell death 1), and its ligand PD-L1 (programmed cell death 1 ligand 1) are noteworthy. The present study aims to enhance the understanding of the tumor microenvironment of lung cancer patients who underwent surgery, by means of analysis of PD-L1 expression in tumor cells and antigen presenting cells (APC). AIM: To evaluate PD-L1 expression in tumor tissue of non small cell lung cancer patients and correlate it with clinical and demographic data. MATERIALS AND METHODS: A hundred and seventy seven patients who had underwent surgical resection of primary nonsmall cell lung cancer at Barretos Cancer Hospital between 2003 and 2014 were enrolled. The PD-L1 expression was carried out by means of immunohistochemistry, using conventional histological slides (individual analyses) and TMA (tissue microarray) for collective analyses. Tumors were classified as PD-L1 positive tumor cells (≥5% of dyed cells) or PD-L1 negative tumor cells (<5% of dyed cells) as well as APC present in the tumor microenvironment (APC PD-L1 positive if ≥5% of dyed cells and APC PD-L1 negative if <5% of dyed cells). RESULTS: In conventional histological individual analysis, there was a greater proportion of PD-L1 expression seen in tumor cells (37,9%) than in APC (24,3%). The same occurred in the collective analysis by TMA with a 32,8% expression in tumor cells and a 19,8% expression in APC. It was not possible to establish a correlation between PD-L1 expression and biomarkers due to the small number of patients evaluated. The techniques for collective analysis (TMA ) and individual analysis showed poor agreement for PD-L1 immunoexpression both in tumor cells (Kappa = 0,307 e p < 0,001) as in APC (Kappa = 0,328 e p < 0,001). In this study, patients with past history of smoking (past versus absence) and presence of previous cancer history (presence versus absence) were more likely to express PD-L1 in tumor cells (OR = 3,356 e p = 0,008; OR = 2,01 e p = 0,042). Patients with past history of smoking (past versus absence) were less likely to express PD-L1 in APC (OR = 0,383; p = 0,029). No difference was observed in overall survival between patients with positive tumor expression of PD-L1 (in tumor cell and APC) and negative expression of PD-L1. (p = 0,253 e p = 0,795; respectively for tumor cells and APC). CONCLUSIONS: Tumor cells presented higher expression of PD-L1 than APCs. It was not possible to establish a correlation between PD-L1 expression and other known biomarkers due to the small number of patients tested. Collective analysis by TMA for PD-L1 expression in tumor cells and APC did not reproduce the findings for separate individual analysis of tumor tissues.. Patients with past history of smoking and previous cancer history were more likely to express PD-L1 in tumor cells than those who never smoked and who had no previous cancer history. Patients with past history of smoking were less likely to express PD-L1 in APC compared to those who never smoked. The immunohistochemical expression of PD-L1 in tumor cells and APC did not correlate with survival. KEYWORDS : 1. Lung carcinoma; 2. PD-L1; 3. Tumor microenvironment; 4. Immune checkpoints; 5. Biomarkers; 6.Immunohistochemistry 1 1 INTRODUÇÃO De acordo com o GLOBOCAN (projeto instituído pela Agência Internacional para Pesquisa em Câncer – IARC/Organização mundial de Saúde), no ano de 2012, a incidência de câncer de pulmão no mundo foi de 1.82 milhão de novos casos com 1.6 milhão de mortes no mesmo ano (a principal causa de morte por câncer)1. Nos Estados Unidos da América, estima-se para o ano de 2015, 115.610 novos casos (14%) de câncer de pulmão em homens e 105.590 novos casos (13%) em mulheres. Esperase inclusive que seja a principal causa de morte por câncer tanto em homens (86.380 casos ou 28%) quanto em mulheres (71.660 casos ou 26%)2. No Brasil, segundo estimativas do INCA (Instituto Nacional do Câncer) para 2016, a taxa de incidência para tumores de traquéia, brônquio e pulmão é de 17.330 novos casos (8,1%) para homens e 10.890 casos (5,3%) para mulheres. O câncer de pulmão em homens é o segundo mais frequente nas regiões Sul e Centro-Oeste. Nas regiões Sudeste, Nordeste e Norte é o terceiro mais frequente. Para as mulheres é o terceiro mais frequente nas regiões Sul. Nas regiões Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste ocupa a quarta posição. Já na região Norte é o quinto mais frequente3. O câncer de pulmão de células não pequenas geralmente é diagnosticado em estádio avançado. Além da presença de uma variedade histológica bastante complexa, os mecanismos de carcinogênese são heterogêneo e doentes mesmo com estádio inicial apresentam altos índices de mortalidade. Fatores etiológicos conhecidos como tabagismo, predisposição genética e exposição ambiental justificam majoritariamente a incidência desta malignidade. O insucesso diante de ações terapêuticas padronizadas por anos, tais como quimioterapia, radioterapia e cirurgia levou a comunidade científica a investigar biomarcadores ou alterações genéticas envolvidas também na gênese tumoral sobretudo em sítios pulmonares. Foram detectadas mutações em genes como EGFR (receptor do fator de crescimento epidérmico), ALK-EML4 (echinoderm microtubule-associated protein-like 4/anaplastic lymphoma kinase) e KRAS (Kirsten rat sarcoma vírus), que propiciaram a descoberta de “drogas alvo” específicas para algumas dessas alterações. A mutação do gene EGFR promove ativação de vias como MAPK (mitogen-activated protein kinase) e PI3K (Fosfatidilinositol 3-quinase), através da auto-fosforilação dos 2 receptores de tirosina quinase responsáveis por proliferação celular, invasão e metástases. As principais drogas inibidoras desses receptores são o Erlotinibe e Gefitinibe 4. O rearranjo do gene ALK (anaplastic lymphoma Kinase) com o EML4 (echinoderm microtubule-associated protein-like 4/anaplastic lymphoma kinase) promove a ativação das vias PI3K, STAT3/5, RAS e PLCy responsáveis pela sobrevivência e proliferação da célula tumoral. A principal droga nesse caso é o crizotinibe5. As mutações do gene KRAS regulam o crescimento celular, diferenciação e apoptose através da interação com múltiplas vias de ativação incluindo MAPK (mitogen-activated protein kinase), STAT (transdutor do sinal de ativação de transcrição) e PI3K (Fosfatidilinositol 3-quinase)6. Ainda não há uma droga alvo efetiva para esta mutação. Todavia, mesmo após a descoberta e aprovação de “drogas-alvo”, um número elevado de pacientes continuou a falhar aos tratamentos disponíveis. Nos últimos anos cresceu o entendimento do papel do sistema imunológico na carcinogênese de vários tumores, incluindo o câncer de pulmão. Publicação recente na revista “Cell” incluiu conceitos de evasão tumoral e vigilância imunológica como mecanismos principais de carcinogênese7, 8. A capacidade do sistema imunológico em reconhecer e eliminar células tumorais é denominada vigilância imunológica. A evasão ou escape tumoral ocorre em 3 fases. Na primeira, também chamada de fase de eliminação, as células tumorais em potencial são identificadas e eliminadas. Na fase seguinte, ou de equilíbrio, ocorre o surgimento de algumas células tumorais variantes mais resistentes, as quais não são eliminadas com sucesso e então sofrem mutações adaptativas. O sistema imune acaba selecionando estas células resistentes através de um processo denominado “imunoedição” até que se inicie a fase final de escape. Nessa fase, as células tumorais acumularam mutações suficientes para escapar da vigilância imunológica. O tumor passa a crescer até tornar-se clinicamente detectável9, 10. Durante a fase de equilíbrio, existem diversos mecanismos tumorais de evasão imune. Alguns tumores podem perder a expressão de determinadas moléculas do complexo principal de histocompatibilidade (MHC) de classe I em decorrência de mutações ou instabilidade genética e então não podem ser removidos por linfócitos T 9, 10. Outros tumores podem escapar da vigilância imunológica por meio do recrutamento de células T reguladoras cuja função é imunossupressora. Há ainda tumores que produzem citocinas imunossupressoras como o TGF-beta (que provoca inibição de linfócitos T e induz o 3 desenvolvimento de células T reguladoras) e a interleucina 10 (que diminui o desenvolvimento de células dendríticas e a ativação de células T)9, 10. Outros mecanismos de escape imune são a criação, por alguns tumores, de barreiras físicas com colágeno e fibrina, ou ainda através do mascaramento antigênico, através do qual os antígenos de superfície celular tumoral são escondidos do sistema imunológico por moléculas do glicocálice, como mucopolissacarídeos contendo ácido siálico9, 10. Os primeiros estudos de imunologia relacionados ao câncer ocorreram no final do século XIX, quando o cirurgião americano William Coley relatou a diminuição de um sarcoma após a injeção de resíduos bacterianos em alguns sítios tumorais11. Muitos anos depois, em 1976, Morales e colaboradores realizaram o primeiro grande ensaio clínico com BCG (Bacilo Calmette-Guérin) intravesical em pacientes com câncer de bexiga em fase inicial, no qual reações imunoinflamatórias eram bem sucedidas no controle da doença 12. Em 1983 foi publicado estudo com aplicação de interleucina-2 endovenosa em pacientes com melanoma com o intuito de estimular a ativação e proliferação de linfócitos in vivo13.Dois anos mais tarde, em 1985, ocorreu um estudo com interferon alfa endovenoso e intramuscular para melanoma, com evidente atividade antitumoral14. O primeiro estudo com fator de necrose tumoral alfa recombinante (rTNF-alfa) em combinação com interferon recombinante gama (rIFN) e melfalan em pacientes com sarcoma e melanoma ocorreu em 1992, com resultados eficientes e mínima toxicidade 15. Dez anos mais tarde, 2002, foi publicado estudo de transferência de células T reativas em melanoma, que revelou a regressão tumoral e destruição autoimune dos melanócitos16. Em 2008 foi utilizado imiquimode (modificador tópico da resposta imune) para neoplasias intraepiteliais vulvares com respostas parciais em 81% dos pacientes tratados 17 até que em 2009 surgiu a primeira vacina contra as onco-proteínas do HPV-16 também com resultados satisfatórios para essa enfermidade18. Em 2010, imunoterapia celular autóloga com sipuleucel T proporcionou aumento de sobrevida global entre homens com câncer de próstata metastático resistente à castração19. No mesmo ano, uma nova droga chamada ipilimumabe foi aprovada para doentes com melanoma metastático também com benefício de sobrevida global. Tratava-se de um anticorpo específico ao antígeno CTLA-4 (Cytotoxic T lymphocyte antigen 4), um receptor proteico presente na superfície das células T, cuja interação com a proteína CD80 presente na célula tumoral ou na célula apresentadora de antígeno inibe a resposta imunológica 20. 4 Consequentemente, os estudos passaram a se direcionar para outras estruturas com repercussão imunológica semelhante, como por exemplo a chamada PD-1 (Programmed Cell Death 1 Receptor), cuja interação com sua proteína ligante, a PD-L1; também acarreta uma diminuição da resposta imune. A suspeita de que a hiperexpressão ou aumento de função de PD-L1 pudesse ser um mecanismo da evasão do sistema imune do hospedeiro pelas células tumorais passou a ser aventada em diversos estudos. Em um deles, foram analisadas 196 amostras tumorais de pacientes com RCC, e observou-se que os pacientes cujos tumores tinham alta expressão de PD-L1 apresentaram risco 4,5 vezes maior de óbito e tinham doença com comportamento mais agressivo21. Em outro estudo semelhante observou-se que pacientes com câncer de ovário com expressão elevada de PD-L1 tiveram sobrevida significativamente menor do que aqueles com baixa expressão22. Além disso, observou-se redução da contagem de linfócitos T-CD8 (+), sugerindo um papel supressor de células T-CD8 (+) exercido por PD-L1. Em 2015 foi aprovada uma medicação chamada nivolumabe para tumores avançados de pulmão com aumento de sobrevida global. A medicação é um anticorpo humanizado IG4 com ação na proteína PD-1 (Programmed Cell Death 1 Receptor). Consolidava-se então uma nova etapa na imunoterapia relacionada ao câncer, cujo desenvolvimento tornou-se possível através do estudo da sinapse imunológica. É inicialmente a formação da sinapse imunológica que acarreta a resposta imune. 1.1 Sinapse imunológica Denomina-se sinapse imunológica ou agregado de ativação supramolecular (SMAC) a região de contato físico entre a célula T e a célula apresentadora de antígeno (APC), semelhante a um alvo. Na região central (c-SMAC) encontram-se o complexo TCR (receptor da célula T), co-receptores CD4 ou CD8, receptores para co-estimuladores (como o CD28), enzimas e outras proteínas. Na região periférica (p-SMAC) encontram-se moléculas de sinalização nas membranas plasmáticas com conteúdo lipídico, chamadas de rafts lipídicos ou microdomínios ricos em glicolipídeos. A sinalização entre o TCR e co-receptor estimulador é iniciada neste locais, quando os rafts induzem mudanças no citoesqueleto, coalescem e formam a sinapse. Externamente à p-SMAC encontra-se uma região distal ou D-SMAC, rica em actina e proteína CD45, responsáveis por finalizar alterações no citoesqueleto da célula T9, 10, 23. 5 A formação da sinapse imunológica é o gatilho para a sinalização mediada pelo receptor da célula T (TCR) acarretando estabilização de adesão, controle de endocitose e exocitose e liberação de grânulos ou citocinas 9, 10, 23. Em outras palavras, após a formação da sinapse imunológica originam-se sinais estimulatórios ou inibitórios do sistema imune decorrentes de moléculas co-estimulatórias, os chamados “checkpoints” imunológicos. (Figura 1) Figura 1 - Formação da sinapse imunológica (Fonte: Piragyte et al, 2012) 6 1.2 “Checkpoints” imunes A especificidade das células T em relação aos seus alvos é mediada pela interação de receptores em sua superfície (TCR) com complexos MHC associados a peptídeos antigênicos presentes na superfície de células apresentadoras de antígeno (APC) ou células tumorais. Porém, a resposta ao sinal de apresentação dos antígenos é regulada por uma série de receptores co-regulatórios (co-receptores) expressos na célula T que reconhecem ligantes adicionais presentes na superfície das APC ou células tumorais24. Estes co-receptores podem tanto induzir cascatas de sinalização intracelular positivas (estimulatórias) quanto negativas (inibitórias), assim modulando a atividade da célula T relacionada à proliferação, secreção de citocinas e lise celular. Estas moléculas do sistema imune que podem tanto estimular quanto inibir sinais são conhecidas por “check points imunológicos”. (Figura 2) Figura 2 - Checkpoints imunológicos: sinais estimulatórios (verde) e inibitórios (vermelho) (Fonte: Pardoll et al. 2012)25 7 Dentre as moléculas co-regulatórias da família B7-CD28, estudos recentes demonstram que as células tumorais e as células apresentadoras de antígenos modificam o microambiente tumoral através das atividades do receptor PD1 e seus ligantes (ex.: PD-L1)26, 27. PD-1 é uma proteína de membrana tipo I, de 268 aminoácidos e pertence à família de moléculas reguladoras de células T, chamada CD28/B728, sendo codificada pelo gene PDCD129. Possui um domínio extracelular IgV, seguido de uma região transmembrana e uma cauda intracelular, a qual contém dois sítios de fosforilação30, 31. Esta proteína é expressa na superfície de células T ativadas, células B e macrófagos, o que sugere que ela é capaz de inibir a resposta imune celular de maneira mais ampla31. A função de PD-1 ocorre primariamente em tecidos periféricos, onde as células T podem entrar em contato com os seus ligantes imunossupressores PD-L1 (B7-H1) e PD-L2 (B7-DC), os quais estão expressos por células tumorais, células do estroma, ou ambas 32-35. Foi demonstrado que a inibição da interação PD-1/ PD-L1 pode exacerbar a resposta de células T in vitro e mediar atividade antitumoral em modelos pré-clínicos34, 36. 1.3 Imunoterapia e mecanismos inibitórios de "checkpoint” Ao se constatar que o receptor das moléculas B7-1 e B7-2, denominado CTLA-4 (cytotoxic T lymphocyte antigen 4), possui atividade inibitória sobre a resposta imune (para evitar dano colateral a tecidos normais), esta molécula passou a ser vista como um possível alvo terapêutico37. Dessa forma, dois anticorpos monoclonais anti-CTLA-4, ipilimumabe (Yervoy, Bristol-Myers Squibb, Princteon, NJ) e tremelimumabe (Pfizer, New York, NY), demonstraram atividade antitumoral, com taxas de resposta objetiva de 10-15% em pacientes com melanoma metastático (MM) e carcinoma de células renais (CCR)38-40. Em março de 2011, o ipilimumabe foi aprovado para o tratamento de primeira linha de pacientes portadores de melanoma metastático, baseado em estudo fase III, no qual esta droga demonstrou aumento da sobrevida livre de progressão e global, comparado ao uso de vacina com o peptídeo gp100 ou de dacarbazina41. Porém, foram observados eventos adversos grau 3-5, relacionados à resposta imune, em 10-35% dos pacientes recebendo tratamento com bloqueio de CTLA-4, sendo os órgãos mais afetados: cólon, glândulas endócrinas e pele. A possibilidade da ocorrência destes eventos já era esperada pelos resultados do bloqueio de CTLA-4 em experimentos animais42. 8 Após a descoberta da PD-1 (programmed cell death 1) em 1992 por Ishida et al.28, e cinco anos após a descoberta de seus ligantes, PD-L1 e PD-L2 (programmed cell death 1 ligand 1 e 2)32, 43, 44, tornou-se evidente que a PD-1 tem um papel crucial na regulação da resposta imune. Ocorre uma menor ativação de linfócitos T, ou seja, uma diminuição da resposta imune quando a PD-1 presente em sua membrana celular se une aos seus ligantes PD-L1 e PD-L2, presentes nas membranas de células tumorais ou apresentadoras de antígenos. O mesmo pode ser observado quando a CTLA-4 presentes nos linfócitos se liga às proteínas B7-1 e B7-2 presentes nas células tumorais ou apresentadoras de antígenos. Atualmente, vários grupos têm desenvolvido tratamentos antagonistas do complexo PD-1 e seus ligantes para o tratamento de tumores30, 45-47 e doenças infecciosas e também agonistas para o tratamento de doenças autoimunes, alergias e rejeição a transplantes48-50. Em 2010, um estudo piloto com o uso de um anticorpo monoclonal anti-PD-1, denominado BMS-936558 (Bristol-Myers Squibb, Princteon, NJ), também chamado MDX1106, ONO-4538 ou nivolumabe posteriormente, observou evidência de atividade antitumoral, com perfil de segurança favorável dentre um total de 39 pacientes portadores de diversos tumores sólidos avançados51. Dois anos mais tarde, foram reportados os resultados de estudo fase I/II que analisou a segurança e a atividade do uso de doses escalonadas do anticorpo BMS-936558 no tratamento de 296 pacientes portadores de melanoma metastático (MM), câncer de pulmão de células não pequenas (NSCLC), câncer de próstata avançado resistente à castração (CRPC), câncer de células renais (RCC) e câncer colorretal (CRC)52. Dos 236 pacientes avaliáveis, foram observadas respostas objetivas em 14 dos 76 pacientes com NSCLC (18%), 28 dos 94 portadores de MM (28%) e 9 dos 33 pacientes com RCC (27%). Um dado interessante deste estudo foi obtido pela avaliação da imunoexpressão de PD-L1 nas amostras de tumores obtidas de 42 pacientes, antes do início do tratamento. Observou-se que dos 25 pacientes em cujas amostras foi constatada expressão positiva para PD-L1, 9 apresentaram resposta antitumoral, ao passo que nenhum dos 17 pacientes portadores de tumores com expressão negativa para PD-L1 tiveram resposta (P=0,006). Estes dados sugeriam inicialmente uma correlação entre a expressão de PD-L1 em células tumorais com resposta objetiva ao tratamento com bloqueio de PD-1. Estas observações estimularam o uso de bloqueadores da PD-L1 como potenciais agentes terapêuticos antitumorais. Assim, em 2012, foram publicados os resultados parciais 9 de um estudo para avaliação da segurança e atividade do anticorpo anti-PD-L1 denominado BMS-936559 (Bristol-Myers Squibb, Princteon, NJ).53 Foram tratados 207 doentes, portadores de NSCLC (75 doentes), MM (55 doentes), CRC (18 doentes), RCC (17 doentes), câncer de ovário (17 doentes), câncer de pâncreas (14 doentes), câncer gástrico (7 doentes) e câncer de mama (4 doentes). Respostas objetivas (regressão tumoral variando de 6% a 17%) foram observadas em nove de 52 doentes portadores de MM, em dois de 17 casos de RCC, em cinco de 49 doentes com NSCLC e em um de 17 casos de câncer de ovário. As respostas tiveram duração de 1 ano ou mais em 8 dos 16 doentes tratados e que foram seguidos por pelo menos um ano. Eventos adversos grau 3-4, considerados como sendo relacionados ao tratamento, ocorreram em 9% dos pacientes. Os autores concluíram que o bloqueio de PD-L1 foi capaz de induzir regressão tumoral em 6-17% dos pacientes com MM, NSCLC e RCC. Adicionalmente, foi observada estabilização da doença, entre 12% e 41% dos pacientes, após 24 semanas. Em 2013, uma série de estudos analisaram a segurança e atividade de outro anticorpo anti-PD-L1, denominado MPDL3280A ou atezolizumabe (F. Hoffmann-La Roche Ltd.), o qual foi desenvolvido por engenharia genética54. Nestes estudos, observou-se uma taxa de resposta global de 21% (29 de 140 pacientes avaliáveis), com a seguinte distribuição por sítio tumoral primário: taxa de resposta de 22% em pacientes com NSCLC (09 em 41 pacientes), 29% em casos de MM (11/38 pacientes) e 13% nos pacientes com RCC (6/47), sendo que os dados referentes aos pacientes com RCC são preliminares, devido ao curto seguimento. Nos 171 pacientes tratados até o momento foi observada uma incidência global de eventos adversos grau 3/4 de 43% (73/171 pacientes). Os principais eventos relatados foram: hiperglicemia (5%), fadiga (4%), elevação de ALT (3%), dispnéia (3%) e hipóxia (3%). Foi possível ainda mensurar a expressão de PD-L1 em 103 dos 140 pacientes avaliados, sendo observado aumento da expressão em 36 casos (35%) e baixa expressão em 67 casos (65%). Dos 36 pacientes com expressão positiva de PD-L1, 13 apresentaram resposta objetiva antitumoral (36%), ao passo que dos 67 casos PD-L1-negativos, houve resposta em somente nove pacientes (13%). Em comunicado recente, a mesma substância tem mostrado resultados promissores em câncer de pulmão55. Em março de 2015, o FDA (Food and Drug Administration; órgão regulatório e governamental americano para controle de medicamentos, alimentos, cosméticos, materiais biológicos e produtos derivados do sangue humano) aprovou o nivolumabe para utilização 10 em carcinoma escamoso avançado de pulmão após falha à primeira linha de tratamento. A aprovação foi decorrente de estudo que constatou melhores resultados de sobrevida global, sobrevida livre de progressão e taxa de resposta aos doentes que utilizaram nivolumabe em comparação ao docetaxel, independentemente do status de expressão de PD-L156. Recentemente, a aprovação foi estendida para carcinomas não escamosos de pulmão após um estudo ter também demonstrado melhora da sobrevida global57. Atualmente, ficou evidente que a manipulação de vias co-reguladoras que reprimem a resposta imune antitumoral é capaz de promover respostas antitumorais, numa variedade de neoplasias, mesmo quando administradas de forma isolada. O futuro próximo deverá trazer novas informações sobre a melhor forma de administrar esses novos agentes com menor toxicidade e melhores resultados, incluindo a combinação com outras formas de terapia. 1.4 Expressão de PD-L1 e tipos de microambiente tumoral Para o entendimento da expressão de PD-L1 no microambiente tumoral pulmonar, faz- se necessária inicialmente uma breve descrição dos tipos celulares envolvidos. (Figura 3) As células apresentadoras de antígenos (APC) capturam microrganismos e antígenos estranhos ao organismo e os apresentam aos linfócitos estimulando sua proliferação e diferenciação. As principais células apresentadoras de antígenos são os macrófagos, células dendríticas e linfócitos B. As células dendríticas originam-se na medula óssea e tem linhagem monocítica. Situam-se em órgãos e tecidos de barreira. Capturam antígenos por pinocitose e fagocitose através de longos prolongamentos citoplasmáticos. Ocorre ativação de sinais intracelulares e as mesmas se deslocam para os órgãos linfóides periféricos. Nessas estruturas, apresentam então os peptídeos derivados dos antígenos previamente fagocitados aos linfócitos 9, 10. Os macrófagos ou fagócitos mononucleares originam-se na medula óssea (progenitor mielóide) e chegam ao sangue incompletamente diferenciados, quando são chamados de monócitos. Ao atingirem os tecidos, maturam-se em macrófagos e sofrem diferenciação originando a micróglia no sistema nervoso central, as células de Küpffer no fígado, os osteoclastos nos ossos e os macrófagos alveolares no pulmão. Suas funções principais consistem no recrutamento de células para os locais de infecção e no reconhecimento de microrganismos, fagocitando-os e destruindo-os. Podem ainda produzir citocinas, importantes em respostas imunes naturais ou adquiridas9, 10. 11 Os linfócitos B ou células B são um tipo de linfócito originados na medula óssea (progenitor linfóide). Inicialmente, as células B progenitoras rearranjam seus genes de imunoglobulinas e geram receptores. Trata-se de uma fase independente de antígenos, mas dependente do contato com células do estroma medular. Ocorre então uma seleção negativa na qual células B que se ligam aos próprios antígenos (auto-reativas) são eliminadas. As células B já maduras que não reagem contra os próprios antígenos migram para os órgãos linfóides periféricos e são ativadas após encontro com antígenos estranhos. As células B ativadas então se proliferam e podem diferenciar-se em células plasmáticas secretoras de anticorpo e células B de memória de vida longa9, 10. Os linfócitos T originam-se na medula óssea (progenitor linfoide). São células da imunidade celular e portanto não produzem anticorpos. Reconhecem antígenos de microrganismos ou células infectadas, destruindo-os através de receptores de antígenos em suas membranas com especificidade restrita. Esse reconhecimento antigênico aplica-se apenas a peptídeos ligados a proteínas do hospedeiro que são codificadas pelos genes do complexo principal de histocompatibilidade (MHC) e que se expressam nas superfícies de outras células. Os principais tipos de linfócitos T são os auxiliares (T Helper ou CD4), os citotóxicos (T citolíticos ou CD8) e os reguladores (Treg)9, 10. Os linfócitos T auxiliares secretam citocinas (proteínas) que estimulam a proliferação e diferenciação de células T, células B, macrófagos e outros leucócitos9, 10. Já os linfócitos T citotóxicos destroem células com antígenos estranhos como células infectadas por exemplo e microrganismos9, 10. Os linfócitos T reguladores são células T auxiliares diferenciadas que estão aumentadas no microambiente tumoral, inibem a função dos linfócitos T CD4, T CD8, e células dendríticas. São responsáveis pela vigilância e tolerância imunológica (inibição de respostas imunológicas a antígenos próprios)9, 10. As células supressoras de origem mielóide ou MSDC (myeloid derived supressor cells) originam-se na medula óssea (progenitor mielóide) e se expandem em infecções crônicas e câncer. Inibem a resposta imune pelo uso competitivo de substratos necessários para a ativação da célula T tais como: arginina, cisteína e óxido nítrico favorecendo então a angiogênese, vasculogênese e metástase. Suas funções ainda não foram completamente elucidadas pela comunidade científica58, 59. 12 Figura 3 - Células constituintes do microambiente tumoral (Fonte: Sid P. Nicholas P. Restifo, 2012)60 Kerkar, O microambiente tumoral pode também ser classificado conforme o tipo de expressão de PD-L1 e a presença dos linfócitos intra-tumorais (TIL) em quatro tipos. 61. (Figura 4). O microambiente tipo I, denominado resistência imunológica adaptativa, ocorre quando existe expressão tanto de PD-L1 quanto de linfócitos intra-tumorais. Há evidências de que estes linfócitos sejam pré-existentes à expressão de PD-L1 e que foram desativados por ela. Esse padrão de resistência imunológica adaptativa está presente em 38% dos casos de melanoma avançado. . O microambiente tipo II, denominado ignorância imunológica ou pouca resposta imune detectável, ocorre quando há ausência de expressão de PD-L1 e de linfócitos intratumorais . Quarenta e um por cento dos pacientes com melanoma apresentam esse padrão de microambiente e esses tumores têm pior prognóstico. O microambiente tipo III, denominado indução intrínseca, apresenta o biomarcador PD-L1 constitutivamente expresso nas células tumorais apesar da sinalização oncogênica, sem a presença de linfócitos intra-tumorais. Tal fato impede de se considerar a expressão de 13 PD-L1 como fator preditivo de resposta a terapias imunes. Este tipo de microambiente tumoral está presente em apenas 1% dos casos de melanoma e em outros tumores como carcinoma de pulmão não pequenas células. O microambiente tipo IV, denominado tolerância imune, caracteriza-se pela presença de linfócitos intra-tumorais sem expressão de PD-L1 pois apresenta outras vias supressoras dominantes devido à heterogeneidade proporcional de células mielóides e linfóides. Figura 4 - Tipos de microambiente tumoral (Teng et al. 2015)61 O presente estudo busca aumentar o entendimento do microambiente tumoral em pacientes submetidos a ressecção pulmonar para o tratamento de câncer de pulmão de células não pequenas através da análise da expressão do marcador PDL-1 nas células tumorais e nas células apresentadoras de antígenos por imuno-histoquímica e da avaliação da possível relação dessa expressão com dados clínicos e demográficos. 14 2 OBJETIVOS 2.1 Objetivo geral Avaliar a expressão de PDL-1 em tecido tumoral de pacientes portadores de carcinoma pulmonar de células não pequenas, submetidos a tratamento cirúrgico e correlacionar os achados com dados clínicos, demográficos e moleculares. 2.2 Objetivos específicos 2.2.1. Analisar os dados clínicos, demográficos e moleculares de uma população de pacientes brasileiros submetidos a ressecção pulmonar para o tratamento de câncer de pulmão de células não pequenas. 2.2.2. Avaliar a expressão de PD-L1 nas células tumorais e nas células apresentadoras de antígenos de doentes com câncer de pulmão de células não pequenas. 2.2.3. Avaliar o grau de concordância entre a expressão de PD-L1 na células tumorais e nas células apresentadoras de antígenos de pacientes portadores de carcinoma pulmonar de células não pequenas, através de imuno-histoquímica por TMA ("Tissue microarray") ou análise coletiva e corte histológico convencional (análise individual). 2.2.4. Correlacionar a expressão de PD-L1 em tecido tumoral de pacientes portadores de carcinoma pulmonar com outros biomarcadores (mutações nos genes KRAS, EGFR e rearranjo do gene ALK), quando disponíveis nos arquivos médicos do hospital. 2.2.5. Correlacionar a expressão de PD-L1 em tecido tumoral de pacientes portadores de carcinoma pulmonar de células não pequenas com dados clínico-demográficos. 2.2.6. Avaliar comparativamente as curvas de sobrevida conforme a expressão de PDL1 em tecido tumoral de pacientes portadores de carcinoma pulmonar de células não pequenas. 15 3 MATERIAIS E MÉTODOS Desenho do estudo: Estudo de coorte com coleta de dados retrospectivo. Número total de centros: 1 (Hospital de Câncer de Barretos). Cronologia: - Consulta aos arquivos da cirurgia torácica, patologia e sistema de informática do hospital para identificação dos pacientes submetidos a procedimentos cirúrgicos pulmonares entre 2003 e 2014. - Seleção dos casos com câncer primário de pulmão com histologia de células não pequenas submetidos a ressecção cirúrgica da lesão primária. - Seleção dos blocos adequados para confecção do TMA ("Tissue microarray") e lâminas para reações de imuno-histoquímica. - Leitura da lâmina de TMA (análise coletiva) e lâmina de corte histológico convencional (análise individual) com posterior análise dos resultados e correlações estatísticas. 3.1 Considerações éticas O estudo foi aprovado Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) do Hospital de Câncer de Barretos em 15/05/2014 sob o número 799/2014 (Anexo A). O delineamento deste estudo seguiu os princípios da declaração de Helsinki e sua condução obedeceu aos princípios das boas práticas clínicas. 3.2 Pacientes Foram obtidos dados e amostras de tecido tumoral de 177 casos (total de doentes maiores de 18 anos com câncer primário de pulmão de células não pequenas submetidos a ressecção cirúrgica da lesão primária entre os anos 2003 e 2014, com material disponível no arquivo do Departamento de Anatomia Patológica do Hospital de Câncer de Barretos). Entre 2003 e 2014 foram realizadas 1056 intervenções cirúrgicas. Foram excluídos da amostra pacientes submetidos a metastasectomias, ressecção de tumores do mediastino (timomas, teratomas e tumores germinativos por exemplo), ressecção de tumores de parede 16 torácica, ressecção de tumores pleurais (mesoteliomas), ressecção de tumores pulmonares com tipo histológico neuroendócrino e pacientes com idade inferior a 18 anos. 3.2. 1 Critérios de inclusão Foram incluídas amostras tumorais de doentes com idade igual ou superior a 18 anos, e ambos os sexos, com carcinoma pulmonar de células não pequenas (adenocarcinoma, carcinoma adenoescamoso, carcinoma epidermóide, carcinoma indiferenciado) submetidos a pneumectomia, lobectomia, segmentectomia ou nodulectomia no Hospital do Câncer de Barretos, no período de 2003 a 2014 com disponibilidade de lâminas e blocos de parafina para análise histopatológica. 3.2.2 Critérios de exclusão Foram excluídos os casos em que o material disponível (lâminas e blocos) não apresentavam qualidade adequada para os testes propostos. Foram excluídos pacientes com histologia de células pequenas ou componente neuroendócrino. 3.3 Variáveis analisadas Foi utilizado um formulário para coleta de dados clínicos, demográficos e anatomo- patológicos (Anexo A). Os dados de expressão imuno-histoquímica do marcador PD-L1 foram transcritos diretamente pelo patologista envolvido com o estudo para uma planilha de Excel. Foi criado um banco de dados em Software SPSS (v.21.0) com as características dos doentes, incluindo-se os dados do formulário e planilha. 3.4 Construção dos blocos de TMA e lâminas Os blocos de TMA foram confeccionados com uso de aparelho Beecher™ (Beecher Instruments, Silver Spring, MD, USA), conforme especificações do fabricante, seguindo-se as seguintes etapas: marcação da área selecionada no respectivo bloco de parafina; utilização do aparelho para criar espaço vazado (“casela”) no bloco receptor; extração de dois cilindros ou “punchs” teciduais por bloco doador com 1mm de diâmetro da respectiva área de interesse previamente selecionada; 17 transferência do cilindro tecidual obtido do bloco doador para a “casela” previamente criada no bloco receptor; progressão, em frações de milímetros, a novas posições dentro do bloco receptor, de modo a criar coletânea de amostras teciduais seguindo disposição matricial; avaliação da qualidade do bloco final para armazenamento. Para adesão dos cortes dos blocos de TMA nas lâminas foi utilizado sistema de fitas adesivas (Instrumedics Inc, Hackensak, NJ, USA). As amostras foram cortadas com espessura de 4 µm, sendo usado pequeno rolo para pressionar o corte na fita. A fita com o corte histológico aderido foi então colocada sobre lâmina revestida por resina (parte do kit do sistema de fita adesiva), e pressionada com o mesmo rolo, para melhor aderência do corte. Em seguida, as lâminas com os cortes histológicos aderidos às fitas foram colocadas em luz ultravioleta por 20 minutos, passando após por solução solvente TPC por mais 20 minutos. As lâminas foram secadas e as fitas adesivas retiradas. As lâminas sofreram banho de parafina, e então foram encaminhadas para estocagem em condições ideais de refrigeração. Durante a construção do bloco de TMA foi preparado mapa em planilha Excel com a localização e identificação das amostras de tecidos objetivando orientar a leitura posterior das reações imuno-histoquímicas. Tais dados foram transcritos para o banco de dados. Foram obtidas lâminas a partir de cortes dos blocos de parafina das amostras histológicas originais (cortes histológicos convencionais) e do bloco de TMA confeccionado acima com (tissue microarray) para que cada paciente pudesse ser avaliado imuno- histoquimicamente pelas duas técnicas. Para a construção das lâminas , após separação dos blocos e lâminas originais, foram obtidos cortes histológicos com 4 µm de espessura de cada bloco. Estes cortes foram corados pela técnica da hematoxilina-eosina, revisados para a confirmação do diagnóstico e os achados histopatológicos foram reavaliados por um patologista do Hospital de Câncer de Barretos. 3.5 Técnica de imuno-histoquímica Cortes dos blocos foram montados em lâminas de vidro revestidas com silano (3- Aminopropiltrietoxisilano) e secados por 30 minutos a 37°C. O corte foi desparafinizado em xilol e reidratado através de uma série de alcoóis graduados. A atividade da peroxidase endógena foi bloqueada pela incubação dos cortes em banho de metanol contendo peróxido 18 de hidrogênio a 3% por 20 minutos, seguida de lavagem em água destilada. O corte foi inicialmente submetido ao epítopo recuperado pelo calor induzido, usando tampão citrato (pH 9,0) em panela de pressão (Eterna®, Nigro) destampada. As lâminas foram mergulhadas e então lacrada a panela com a válvula de segurança aberta. Após a saída do vapor saturado, a válvula de segurança foi abaixada e aguardou-se a pressurização total. Após 4 minutos desse sinal, a panela ainda fechada foi deixada sob água corrente, destampada, e as lâminas foram lavadas em água corrente e destilada. Em seguida, foi realizado o bloqueio da peroxidase endógena com H2O2 3% (água oxigenada 10 vol.) com 3 trocas de 10 minutos cada. As lâminas foram novamente lavadas com água corrente e destilada, seguida de solução salina tamponada com fosfatos (PBS) 10mM ph 7,4 por 5 minutos. Posteriormente, o anticorpo primário foi aplicado e as lâminas foram incubadas durante a noite a 8°C. 3.5.1 Anticorpo primário O anticorpo primário foi importado do fabricante ABCM INC (Cambridge, MA, USA): anticorpo primário anti-PD-L1 (CD274), isotipo IgG de coelho, policlonal, 1:400 (referência: ab58810). 3.5.2 Análise da imuno-coloração Como ponto de partida, um teste preliminar foi realizado para identificar a melhor concentração de anticorpos e para escolher os controles positivos utilizando os dados de diluição fornecidos pelo fabricante. Depois de lavar o anticorpo primário com solução salina tamponada com fosfatos (PBS), as lâminas serão incubadas com polímero livre de biotina em sistema de visualização Advance™ (DAKO, Glostrup, Dinamarca) por 30 minutos. Uma solução recém-preparada de 1 gota de 3,30-diaminobenzidina tetrahidrocloreto (DAB, Sigma, D-5637, EUA) com 1 ml de substrato (DAKO™, Glostrup, Dinamarca) foi aplicada por 5 minutos em cada lâmina. A solução DAB foi removida por lavagem com água destilada. As lâminas foram contra-coradas com hematoxilina, desidratadas em etanol, apuradas em xilol e montadas usando Entelan ™.62, 63 A expressão tecidual do marcador PD-L1 foi categorizada dicotomicamente em negativa (quando menos de 5% das células expressavam PD-L1) ou positiva (quando mais de 19 5% das células expressavam PD-L1)64 e também em grupos quanto à porcentagem de células coradas e a intensidade dessa coloração, para melhor descrever a amostra. 3.6 Análise mutacional dos genes EGFR e KRAS Os dados referentes a pesquisa de mutações nos genes de EGFR e KRAS foram agrupados conforme presença e ausência de mutação quando disponíveis nos registros hospitalares do Hospital de Câncer de Barretos. A técnica utilizada para realizar esses testes no laboratório de diagnóstico molecular consistiu em extrair o DNA das amostras de tecido parafinado utilizando lâminas com três cortes de 10 µm, com a área tumoral previamente demarcada pelo patologista com o kit QIAmp DNA micro (Qiagen, Hilden, Germany) seguindo o protocolo do fabricante65. A análise das mutações foi feita usando primers específicos para as regiões dos éxons 18, 19, 20 e 21 do gene EGFR e éxon 2 (códons 12 e 13) do gene KRAS66, 67 com a reação em cadeia da polimerase (PCR) realizada com os seguintes parâmetros de ciclagem: 96°C por 15 minutos, seguido de 40 ciclos de desnaturação de 96°C por 45 segundos, anelamento de 56,5°C por 45 segundos, extensão de 72°C por 45 segundos e extensão final de 72°C por 10 minutos realizados em termociclador Veriti (Applied Biosystems, Carlsbad, USA). Após a PCR os produtos amplificados foram purificados com EXOSAP-IT (Affymetrix, USB) e submetidos a sequenciamento direto com BigDye® Terminator v3.1 Cycle Sequencing Kit (Applied Biosystems)66. A reação de sequenciamento foi purificada com BigDye XTerminator purification kit (Applied Biosystems) e aplicada no sequenciador ABI 3500 xL Genetic Analyzer (Applied Biosystems) seguindo as orientações do fabricante. A análise foi efetuada no software Genetic Analyzer ABI PRISM 3500 e SeqScape version 2.7 (Applied Biosystems). 3.7 Pesquisa do rearranjo do gene ALK Os dados referentes à pesquisa de rearranjo do gene ALK (2p23) foram agrupados conforme presença e ausência de rearranjo quando disponíveis nos registros hospitalares do Hospital de Câncer de Barretos. A técnica utilizada para realizar esses testes no laboratório de diagnóstico molecular foi a de hibridização in situ (FISH) a partir de material biopsiado ou de ressecção cirúrgica (5µm), com região tumoral previamente marcada, seguida de fixação em estufa a 60°C e posterior desparafinização a 80°C. 20 O protocolo de hibridização in situ fluorescente contou com uma etapa prévia à hibridização, seguida da hibridização (18-24 horas) propriamente dita com Vysis ALK Break Apart Fish Probe Kit, marcando-se em Spectrum Orange (LSI 3’) e Spectrum Green (LSI 5’) seguida de uma pós-hibridização para remoção de marcações inespecíficas. Posteriormente, realizou-se análise com software Apllied Spectral Imaging FISH View 7.0 em microscópio Nikon ECLIPSE 50i. Foram elegíveis para análise núcleos interfásicos íntegros e livres de sobreposição, sendo classificados como positivos para presença do rearranjo ALK os casos com frequência (cutoff) ≥ 15%68, 69. 3.8 Análise estatística Os dados foram descritos em função da média, desvio padrão, mínima, máxima e quartis para as variáveis quantitativas e tabelas de frequência para as variáveis qualitativas. A concordância entre a técnica de análise coletiva ou TMA (tissue microarray) e análise individual foi feita utilizando-se o coeficiente Kappa para avaliar a reprodutibilidade e os critérios de Landis & Koch para interpretação deste índice.(Tabela 1) Tabela 1- Critérios de concordância definidos por Landis & Koch (1977) para interpretação do índice de Kappa Índice de Kappa <0,00 0,00 - 0,20 0,21 - 0,40 0,41 - 0,60 0,61 - 0,80 0,81 - 1,00 Grau de concordância Pobre Muito leve Leve Moderado Substancial Quase perfeito A correlação entre as características clínicas e demográficas e a expressão do marcador PD-L1 na célula tumoral e nas APC foi determinada utilizando-se o teste de QuiQuadrado (ou Exato de Fisher) para as características qualitativas. Para verificar a associação conjunta entre co-variáveis e o marcador PD-L1 foram selecionadas as que obtiveram p-valor menor que 0,2 no teste anterior, e posteriormente, ajustadas no modelo de Regressão Logística Múltiplo. Para modelagem, foi retirada uma característica (variável) por vez priorizando a que possuía maior p-valor, até atingir um conjunto de variáveis significativas. Para a sobrevida global, foi considerado o tempo entre a data de diagnóstico até a data do óbito por qualquer motivo (sendo este o evento de interesse) ou a última 21 informação objetiva para indivíduos que não foram a óbito. Para comparar cada característica e verificar a relação das características com a sobrevivência de forma simples (apenas uma por vez), foi utilizada a regressão de Cox Simples. Para a relação conjunta entre as variáveis, foram selecionadas as que que obtiveram p-valor menor que 0,2 na análise simples, e ajustadas no modelo de Regressão de Cox Múltiplo. E prosseguiu-se com a modelagem conforme a mesma descrição na regressão logística. Para se estimar a curva de sobrevida global para a expressão de PD-L1, foi utilizada também a técnica de Kaplan-Meier. Para análise de sobrevida foi considerada apenas a sobrevida global, por se tratar de um estudo retrospectivo e de não ter havido uma padronização no tempo de seguimento destes doentes no passado. Neste estudo considerou-se a significância estatística de 0,05 e o software SPSS 21.0 foi utilizado para as análises estatísticas. 22 4 RESULTADOS 4.1 Dados clínico-demográficos e moleculares 4.1.1 Dados demográficos Em relação às características demográficas, observa-se na Tabela 2, que a maior parte dos doentes selecionados tinha mais de 60 anos (96 casos; 54,2%), era do sexo masculino (111 casos; 62,7%), de raça branca (140 casos; 79,1%), com ECOG 0 (86 casos; 48,6%), relatava passado de tabagismo (79 casos; 44,6%) e sem relato de etilismo (96 casos; 54,2%). Tabela 2 - Dados demográficos Variável Idade Categoria < 60 anos > 60 anos N 81 96 (%) 45,8 54,2 Sexo Feminino Masculino 66 111 37,3 62,7 Raça Branco Não Branco Ignorado 140 32 5 79,1 18,1 2,8 ECOG 0 1 Outros Ignorado 86 46 6 45 48,6 26 3,38 25,4 Tabagismo Ausente Ativo Passado Ignorado 39 57 79 2 22 32,2 44,6 1,1 Etilismo Ausente Ativo Passado Ignorado 96 45 18 18 54,2 25,4 10,2 10,2 4.1.2 Dados Clínicos O tipo histológico mais frequente foi o adenocarcinoma (115 casos; 65%) com grau de diferenciação II (81 casos; 45,8%). Em sua maior parte, os tumores apresentaram agrupamento TNM menor que III, sendo, respectivamente, estádio I e II observados em 62 23 doentes (35,0%) e 53 doentes (29,9%). O tipo de cirurgia mais realizada foi lobectomia (147 casos; 83,1%). Quimioterapia adjuvante foi realizada em 34 casos (19,2%). Quanto ao seguimento, 56 casos (31,6%) apresentaram recidiva, 36 casos (20,3%) foram submetidos a tratamento quimioterápico paliativo e 32 casos (18,1%) foram submetidos à radioterapia paliativa. No momento da coleta dos dados, 77 doentes (43,5%) encontravam-se vivos sem doença. Tabela 3 - Dados clínicos Variável História oncológica pregressa Categoria Ausente Presente Ignorado n 112 64 16 10 16 4 9 16 1 (%) 63,3 36,1 9 5,6 9 2,3 5,1 9 0,6 Tipo histológico Adenocarcinoma Carcinoma escamoso Outros 115 57 5 65 32,2 2,8 Grau de diferenciação Grau I Grau II Grau III Ignorado 5 81 50 41 2,8 45,8 28,2 23,2 Agrupamento TNM I II III IV 62 53 43 19 35 29.9 24,3 10,7 Tipo de Cirurgia Nodulectomia Segmentectomia Lobectomia Pneumectomia 4 12 147 14 2,3 6,8 83,1 7,9 Tratamento sistêmico Não Sim Ignorado 121 55 21 34 3 1 68,4 31 11,9 19,2 1,7 0,6 Sim Nao 23 154 Mama e ginecologia Urologia Digestivo Pulmão Pele Outros QT* neoadjuvante QT* adjuvante QT* + RxT** Radioterapia adjuvante 13 87 continua 24 Variável continuação Categoria N (%) Recidiva Ausente Presente 120 56 18 38 1 67,8 31,6 14,1 20,9 0,6 Ignorado 134 36 16 8 12 7 75,7 20,3 9 4,5 6,8 4 Radioterapia paliativa Sim Não Ignorado 32 138 7 18,1 77,9 3,9 Status Vivo sem doença Vivo com doença Óbito por câncer Óbito por outras causas Perda de seguimento 77 13 39 36 12 43,5 7,3 22 20,3 6,8 Local Distância Ignorado Quimioterapia paliativa Não Sim Uma linha Duas linhas Três linhas (*)Quimioterapia (**)Radioterapia 4.1.3 Dados Moleculares Três biomarcadores foram analisados de acordo com a disponibilidade dos resultados no banco de dados da instituição. O biomarcador mais testado foi o gene EGFR (56 casos; 31,6%) e a sua forma selvagem (wild type) foi a mais comumente encontrada (45 casos; 25,4%). Sua mutação esteve presente em 11 casos (6,2%), em sua maior parte nos éxons 19 e 21 (4 casos; 2,3%). O rearranjo do gene ALK foi pesquisado em 9 doentes (5,1%) e foi positivo em 4 casos (2,3%). A mutação do gene KRAS foi pesquisada 24 pacientes (13,5%) e esteve presente em 11 casos (6,2%) exclusivamente no códon 12.(Tabela 4) 25 Tabela 4 - Biomarcadores Variável Rearranjo do gene ALK Categoria Ausente Presente Não realizado N 5 4 168 (%) 2,8 2,3 94,9 Mutação do gene EGFR Ausente Presente Éxon 18 Éxon 19 Éxon 20 Éxon 21 45 11 2 4 3 4 5 116 25,4 6,2 1,1 2,3 1,7 2,3 2,8 65,5 Códon 12 Códon 13 13 11 11 0 3 150 7,3 6,2 6,2 0 1,7 84,7 Inconclusivo Não realizado Mutação do gene KRAS Ausente Presente Inconclusivo Não realizado 4.1.4 Correlação das informações clínico-demográficas e biomarcadores com sobrevida global As seguintes variáveis demonstraram diferenças de risco relativo de óbito, com significância estatística: sexo (feminino versus masculino), p = 0,018 (HR = 1,877; IC 95% 1,113 a 3,166); história oncológica pregressa (não versus sim), p = 0,001 (HR = 0,379; IC 95% 0,212 a 0,679); agrupamento TNM (I/II/ III/IV), p = 0,004; quimioterapia adjuvante (não versus sim), p = 0,046 (HR = 0,473; IC 95% 0,227 a 0,985); quimioterapia neoadjuvante (não versus sim), p = 0,027 (HR = 1,868; IC 95% 1,074 a 3,248); radioterapia paliativa (não versus sim), p = 0,011 (HR 1,806; IC 95% 1,143 – 2,852).(Tabela 5) 26 Tabela 5 - Estimativa do risco relativo de óbito pela regressão de Cox simplificada Variáveis Categorias HR Idade <60 anos 1 >60 anos 1,477 Sexo Raça ECOG Tabagismo Etilismo História oncológica prévia Tipo Histológico Grau Histológico categorizado Agrupamento TNM Simplificado Categorizado I.C. 95% 0,931 2,344 Valor de P 0,098 Feminino Masculino 1 1,877 1,113 3,166 Não Branco Branco 1 1,373 0,738 0,738 0 1 1 1,001 0,575 1,744 Nunca Ativo Passado 1 1,954 1,674 0,984 0,869 3,878 3,228 0,155 0,056 0,124 Nunca Ativo Passado 1 1,022 0,82 0,579 0,323 1,804 2,084 0,906 0,941 0,677 Não Sim 1 0,379 0,212 0,679 Adenocarcinoma Carcinoma Escamoso Outros 1 1,031 2,54 0,634 0,782 1,679 8,25 Grau I e II Grau III 1 1,339 0,806 2,226 I II III IV 1 1,489 2,517 3,357 0,797 1 1,59 2,779 4,753 7,085 0,018 0,318 0,997 0,001 0,299 0,901 0,121 0,26 0,004 0,212 0,004 0,001 continua 27 Variáveis continuação Categorias Tratamento Sistêmico Adjuvante Não Sim 1 0,473 0,227 0,985 Não Sim 1 1,868 1,074 3,248 Não Sim 1 1,575 0,483 5,138 Não Sim 1 1,317 0,808 2,146 Não Sim 1 0,753 0,394 1,441 Não Sim 1 0,638 0,275 1,477 Não Sim Ausente Presente 1 1,806 1 0,5 1,143 2,852 0,041 6,135 Ausente Presente 1 0,854 0,236 3,086 Ausente Presente 1 0,671 0,188 2,4 Tratamento Sistêmico Neoadjuvante Tratamento Sistêmico Concomitante à Radioterapia Tratamento Sistêmico Paliativo 1ª Linha Tratamento Sistêmico Paliativo 2ª Linha Tratamento Sistêmico Paliativo 3ª Linha Radioterapia Paliativa Rearranjo do gene ALK Mutação do gene EGFR Mutação do gene KRAS HR I.C. 95% Valor de P 0,046 0,027 0,451 0,269 0,391 0,294 0,011 0,588 0,809 0,539 Após a regressão de Cox, finalizou-se com as seguintes variáveis: sexo, idade, história oncológica pregressa, agrupamento TNM, quimioterapia adjuvante. (Tabela 6) Doentes do sexo masculino têm 2,237 vezes a chance de óbito dos doentes do sexo feminino (p=0,007). Doentes com mais de 60 anos têm 2,39 vezes a chance de óbito dos doentes com menos de 60 anos (p=0,003). Doentes com história oncológica pregressa têm 0,352 vezes a chance de óbito dos doentes sem história oncológica pregressa (p=0,001). Pacientes com estádio IV têm 4,355 vezes a chance de óbito dos pacientes com agrupamento TNM I (p=0,001). Pacientes submetidos a quimioterapia adjuvante têm 0,351 vezes a chance de óbito dos pacientes que não receberam quimioterapia adjuvante (p=0,014), ou seja, possuem menor risco de evento, com significância estatística. 28 Tabela 6 - Regressão de Cox Variável Sexo Idade História oncológica pregressa Agrupamento TNM Tratamento sistêmico adjuvante 4.2 Categoria Feminino Masculino HR 1 2,237 I.C. 95% 1,252 3,996 <60 anos >60 anos 1 2,39 1,339 4,264 Não Sim 1 0,352 0,188 0,659 I II III IV 1 1,035 3,898 4,355 0,519 1,941 1,866 2,066 7,828 10,166 Não Sim 1 0,351 0,153 0,807 P 0,007 0,003 0,001 0,922 <0,001 0,001 0,014 Expressão de PD-L1 Após a confecção da lâmina de TMA (análise coletiva) e dos cortes histológicos convencionais (análise individual), seguida das reações imuno-histoquímicas, constatou-se a marcação de PD-L1 em dois tipos celulares principais, morfologicamente distintos: células tumorais e células apresentadoras de antígeno. As células tumorais apresentavam cromatina grosseira, núcleos aumentados com cariotecas irregulares e citoplasmas amplos com bordos mal-definidos. Já as células apresentadoras de antígenos apresentavam cromatina frouxa, núcleos menores com dobras; sem atipias e citoplasma com morfologias variadas por vezes exibindo prolongamentos dendríticos. A expressão foi considerada positiva quando 5% ou mais das células apresentavam cora e negativa quando menos de 5% das células apresentavam cora, independente da intensidade64. Problemas na cora impedindo a classificação com negativo ou positivo foram considerados inconclusivos. 29 4.2.1 Análise individual da expressão de PD-L1 em corte histológico convencional A tabela 7 contém os resultados das expressões do marcador PD-L1 por imunohistoquímica, em corte histológico convencional (análise individual). Observa-se expressão positiva em 67 casos (37,9%) nas células tumorais e em 43 casos (24,3%) nas células apresentadoras de antígenos, ou seja, maior expressão em células tumorais. Tabela 7 - Expressão de PD-L1 em corte histológico convencional (análise individual) Tipo celular Célula tumoral Tipo de avaliação Intensidade Porcentagem (3 categorias) Porcentagem (2 categorias) Intensidade Célula apresentadora de antígeno Porcentagem (3 categorias) Porcentagem (2 categorias) Graduação Ausência de células coradas n % 97 54,8 Fraco 52 29,3 Moderado 16 9 Forte 1 0,6 Ignorado*** 11 6,2 Ausência de células coradas 97 54,8 Até 10% 6 3,4 Entre 11% e 50% 33 18,6 Mais de 50% 30 16,9 Ignorado*** 11 6,2 Positivo* 67 37,9 Negativo** 99 55,9 Ignorado*** 11 6,2 Ausência de células coradas 123 69,5 Fraco 25 14,1 Moderado 15 8,5 Forte 3 1,7 Ignorado*** 11 6,2 Ausência de células coradas 123 69,5 Até 10% 3 1,7 Entre 11% e 50% 15 8,5 Mais de 50% 25 14,1 Ignorado** 11 6,2 Positivo* 43 24,3 Negativo** 123 69,5 Ignorado*** 11 6,2 (*) Mais de 5% de células coradas (**) Menos de 5% de células coradas (***) Problemas na cora impedindo a classificação com negativo ou positivo 30 Nas figuras 5 e 6, observam-se fotomicrografias da expressão imunohistoquímica de PD-L1 de cortes histológicos convencionais (individuais) em células tumorais e células apresentadoras de antígenos respectivamente. A B C D Figura 5 - Foto-micrografias das expressões imuno-histoquímicas do marcador PD-L1 na células tumoral no câncer de pulmão de células não pequenas (400x). A, Ausência de expressão do marcador PD-L1; B. Marcador PD-L1 negativo (<5% das células coradas); C. Marcador PD-L1 positivo (5% das células coradas); D. Controle positivo. 31 A B C D Figura 6 - Foto-micrografias das expressões imuno-histoquímicas do marcador PD-L1 nas células apresentadoras de antígenos (APC) no câncer de pulmão de células não pequenas (400x). A. Ausência de expressão do marcador PD-L1; B. Marcador PD-L1 negativo (<5% das células coradas); C. Marcador PD-L1 positivo (5% das células coradas); D. Controle positivo. 32 4.2.2 Análise coletiva da expressão de PD-L1 em TMA ("Tissue microarray"). A tabela 8 contém os resultados das expressões do marcador PD-L1 por imunohistoquímica, em TMA (análise coletiva). Observa-se expressão positiva em 58 casos (32,8%) nas células tumorais e em 35 casos (19,8%) nas células apresentadoras de antígenos, ou seja, maior expressão em células tumorais Tabela 8 - Expressão de PD-L1 em TMA (análise coletiva) Tipo celular Célula tumoral Tipo de avaliação Intensidade Porcentagem (3 categorias) Porcentagem (2 categorias) Intensidade Célula apresentadora de antígeno Porcentagem (3 categorias) Porcentagem (2 categorias) Graduação Ausência de células coradas Fraco Moderado Forte Ignorado*** Ausência de células coradas Até 10% Entre 11% e 50% Mais de 50% Ignorado*** Positivo* Negativo** Ignorado*** Ausência de células coradas Fraco Moderado Forte Ignorado*** Ausência de células coradas Até 10% Entre 11% e 50% Mais de 50% Ignorado*** Positivo* Negativo** Ignorado*** (*) Mais de 5% de células coradas (**) Menos de 5% de células coradas (***) Problemas na cora impedindo a classificação com negativo ou positivo n 99 38 16 4 20 99 0 1 57 20 58 99 20 122 24 6 5 20 122 4 5 26 20 35 122 20 % 55,9 21,5 9 2,3 11,3 55,9 0 0,6 32,2 11,3 32,8 55,9 11,3 68,9 13,6 3,4 2,8 11,3 68,9 2,3 2,8 14,7 11,3 19,8 68,9 11,3 33 4.3 Análise de concordância da expressão imuno-histoquímica de PD-L1 em análise individual versus análise coletiva (TMA) A análise da concordância da expressão imuno-histoquímica do marcador PD-L1 considerando os dois métodos imuno-histoquímicos empregados (análise individual e coletiva ou TMA) conforme o tipo celular está detalhada na Tabela 9. Conforme observado, encontrou-se grau leve de concordância entre os métodos com índice de Kappa de 0,307 (p < 0,001) quando se avaliou a expressão imuno-histoquímica de PD-L1 em células tumorais em cortes histológicos convencionais (análise individual) e de TMA (análise coletiva). Resultado semelhante foi observado durante a análise da concordância da expressão de PD-L1 em células apresentadoras de antígenos (APC) conforme os métodos de cortes histológicos convencionais (análise individual) e de TMA (análise coletiva) com índice de Kappa de 0,328 (p < 0,001). Tabela 9 - Análise da concordância da expressão imuno-histoquímica do marcador PD-L1 conforme tipo celular considerando as técnicas de análise individual e coletiva (TMA) Tipo celular Kappa Erro padrão assintóticoa p valor Sig. Aprox. Célula apresentadora de antígeno 0,328 0,089 <0,001 Célula tumoral 0,307 0,079 <0,001 Uma vez que os métodos de avaliação da expressão imuno-histoquímica de PD-L1 (análise individual versus coletiva ou TMA) não foram reprodutíveis, para todas as análises (univariadas e multivariadas) adiante, para a correlação da expressão PD-L1 e co-variáveis (dados clínicos, demográficos e com outros biomarcadores), utilizou-se a expressão do biomarcador PD-L1 em corte histológico convencional separadmente (análise individual). 34 4.4 Correlação da expressão de PD-L1 com outros biomarcadores (mutações nos genes KRAS, EGFR e rearranjo do gene ALK) - análise univariada Dos vinte e quatro doentes com tumores que expressaram positivamente o marcador PD-L1 submetidos a pesquisa de mutação no gene do EGFR, 23 casos (95,8%) resultaram em ausência de mutação e a mutação foi detectada em apenas um tumor classificado como PDL1 positivo (4,2%) (p = 0,014). Tabela 10 - Expressão de PD-L1 em células tumorais e biomarcadores Variável Rearranjo do gene ALK Mutação do gene EGFR Mutação do gene KRAS Negativo Categorias Positivo n (%) N (%) Ausente 1 33,3 4 80 Presente 2 66,7 1 20 Ausente 19 67,9 23 95,8 Presente 9 32,1 1 4,2 Ausente 8 57,1 5 50 Presente 6 42,9 5 50 P 0,464 0,014 0,999 Conforme observado na tabela 11, a correlação entre a expressão de PD-L1 pela célula apresentadora de antígeno e biomarcadores não foi estatisticamente significativa. Tabela 11 - Expressão de PD-L1 em Células Apresentadoras de Antígenos e biomarcadores Variável Negativo Positivo Categorias n (%) n (%) Rearranjo do gene ALK Ausente 4 80 1 33,3 Mutação do gene EGFR Mutação do gene KRAS Presente 1 20 2 66,7 Ausente 32 84,2 10 71,4 Presente 6 15,8 4 28,6 Ausente 11 50 2 100 Presente 11 50 0 0 P 0,464 0,428 0,482 35 4.5 Correlação da expressão de PD-L1 com dados clínico-demográficos. (análise univariada) 4.5.1 Expressão de PD-L1 e dados demográficos Conforme observado na tabela 12 , doentes cujos tumores apresentaram expressão positiva de PD-L1 em células tumorais eram ex-tabagistas em sua maior parte (36 casos, 55,4%) ou tabagistas ativos (20 casos, 30,8%) com valor de p de 0,044. Tabela 12 - Expressão de PD-L1 em células tumorais e dados demográficos Variável Idade Sexo Raça ECOG Tabagismo Etilismo Categorias Negativo Positivo n (%) n (%) < 60 43 43,4 30 44,8 > 60 56 56,6 37 55,2 Feminino 39 39,4 21 31,3 Masculino 60 60,6 46 68,7 Não branco 18 18,8 11 16,7 Branco 78 81,2 55 83,3 0 48 62,3 31 70,5 1 29 37,7 13 29,5 Nunca 29 29,3 9 13,8 Ativo 31 31,3 20 30,8 Passado 39 39,4 36 55,4 Nunca 57 63,3 34 58,6 Ativo 25 27,8 14 24,1 Passado 8 8,9 10 17,2 P 0,864 0,289 0,734 0,367 0,044 0,312 36 Conforme observado na tabela 13, a correlação entre a expressão de PD-L1 pela célula apresentadora de antígeno e dados demográficos não foi estatisticamente significativa. Tabela 13 - Expressão de PD-L1 em células apresentadoras de antígenos e dados demográficos Variável Negativo Positivo Categorias n (%) n (%) Idade < 60 50 40,7 23 53,5 > 60 73 59,3 20 46,5 P 0,144 Sexo Feminino Masculino 41 82 33,3 66,7 19 24 44,2 55,8 0,202 Raça Não branco Branco 21 98 17,6 82,4 8 35 18,6 81,4 0,888 ECOG 0 1 57 31 64,8 35,2 22 11 66,7 33,3 0,845 Tabagismo Nunca Ativo Passado 23 38 60 19 31,4 49,6 15 13 15 34,9 30,2 34,9 0,084 Nunca Ativo Passado 67 29 14 60,9 26,4 12,7 24 10 4 63,2 26,3 10,5 0,934 Etilismo 37 4.5.2 Expressão de PD-L1 e dados clínicos Conforme observado na tabela 14, a correlação entre a expressão de PD-L1 pela célula tumoral e dados clínicos não foi estatisticamente significativa. Tabela 14 - Expressão de PD-L1 em células tumorais e dados clínicos Negativo Positivo n (%) n (%) Não 68 68,7 36 54,5 Sim 31 31,3 30 45,5 Adenocarcinoma 68 68,7 40 59,7 Carcinoma escamoso 28 28,3 25 37,3 Outros 3 3 2 3 I e II 50 62,5 31 64,6 III 30 37,5 17 35,4 I 36 36,4 23 34,3 II 27 27,3 23 34,3 III 26 26,3 14 20,9 IV 10 10,1 7 10,4 Não 86 86,9 61 91 Sim 13 13,1 6 9 Não 63 64,9 48 72,7 Sim 34 35,1 18 27,3 Vivo sem doença 39 39,4 34 50,7 Vivo com doença 8 8,1 3 4,5 Óbito por câncer 24 24,2 14 20,9 Óbito por outras causas 22 22,2 11 16,4 Perda de seguimento 6 6,1 5 7,5 Variável História oncológica pregressa Tipo histológico Grau de diferenciação Agrupamento TNM Tratamento sistêmico neoadjuvante Recidiva Status Categorias P 0.065 0,412 0,813 0,756 0,407 0,296 0,567 Conforme a tabela 15, dentre os doentes cujos tumores tiveram expressão positiva de PD-L1 pela célula apresentadora de antígeno, a maior parte apresentou adenocarcinoma como tipo histológico (35 casos, 81,4%) com significância estatística (p=0,022) 38 Tabela 15 - Expressão de PD-L1 em células apresentadoras de antígenos e dados clínicos Variável Negativo Categorias n (%) História oncológica pregressa Não 79 64,8 Tipo histológico Grau de diferenciação Agrupamento TNM simplificado categorizado Tratamento sistêmico neoadjuvante Recidiva Status Positivo n (%) 25 58,1 Sim 43 35,2 18 41,9 Adenocarcinoma 73 59,3 35 81,4 Carcinoma escamoso 46 37,4 7 16,3 Outros 4 3,3 1 2,3 I e II 61 59,8 20 76,9 III 41 40,2 6 23,1 I 42 34,1 17 39,5 II 41 33,3 9 20,9 III 27 22 13 30,2 IV Não 13 10,6 4 9,3 111 90,2 36 83,7 Sim 12 9,8 7 16,3 Não 80 66,1 31 73,8 Sim 41 33,9 11 26,2 Vivo sem doença 51 41,5 22 51,2 Vivo com doença 9 7,3 2 4,7 Óbito por câncer 28 22,8 10 23,3 Óbito SOE 25 20,3 8 18,6 Perda de seguimento 10 8,1 1 2,3 P 0,440 0,022 0,106 0,416 0,270 0,357 0,610 4.5.3 Correlação da expressão de PD-L1 com dados clínico-demográficos - análise multivariada Doentes com passado de tabagismo tiveram maior chance de terem tumores com expressão positiva do marcador PD-L1 nas células tumorais quando comparados com os tumores dos doentes que nunca fumaram (OR = 3,356; IC 95% 1,368 a 8,230; p = 0,008). A chance de expressão positiva de PD-L1 em células tumorais, de doentes com história oncológica pregressa foi 2,01 vezes o valor da mesma que em doentes sem história oncológica pregressa (OR = 2,01; IC 95% 1,025 a 3,944; p = 0,042).(Tabela 16) 39 Tabela 16 - Análise multivariada: expressão de PD-L1 em células tumorais I.C. 95% Variável Tabagismo Categoria História oncológica pregressa OR LI LS P Nunca 1 Ativo 2,236 0,864 5,79 0,097 0,03 Passado 3,356 1,368 8,23 0,008 1,025 3,944 Não 1 Sim 2,01 Constante 0,22 0,042 <0,001 Após a regressão logística, a variável tabagismo foi a única variável que manteve significância estatística quanto a diferença de expressão do marcador PD-L1 nas células apresentadoras de antígeno. Doentes com passado de tabagismo tiveram menor chance de terem tumores com expressão positiva do marcador PD-L1 nas células apresentadoras de antígeno quando comparados com os tumores dos doentes que nunca fumaram (OR = 0,383; IC 95% 0,162 a 0,908; p = 0,029). A chance de expressão positiva do marcador PD-L1 nas células apresentadoras de antígeno também foi menor para os doentes com tabagismo ativo comparativamente com doentes que nunca fumaram, mas sem significância estatística (OR = 0,525; IC 95% 0,212 a 1,297; p = 0,169). (Tabela 17) Tabela 17 - Análise multivariada: expressão de PD-L1 em células apresentadoras de antígenos Variável Categoria Tabagismo Nunca 1 Ativo 0,525 0,212 - 1,297 0,162 Passado 0,383 0,162 - 0,908 0,029 Constante 0,652 OR I.C. 95% P 0,090 0,198 4.6 Análise das curvas de sobrevida conforme a expressão de PD-L1 A mediana de sobrevida global dos doentes incluídos nesse estudo foi de 45,0 meses (IC 95% 33,23 a 56,83). Considerando as expressões do marcador PD-L1 na célula tumoral, em cortes histológicos convencionais (análise individual) observou-se maior mediana de sobrevida global para os doentes com tumores positivos para PD-L1, entretanto essa diferença não foi estatisticamente significante (98,75 meses versus 41,51 meses, com valor 40 de p de 0,254). Também não foi observado diferença estatisticamente significante entre as medianas de sobrevida global quando se comparou a expressão do marcador PD-L1 nas células apresentadoras de antígenos, cortes histológicos convencionais (análise individual) (49,50 meses para os doentes com APC PD-L1 positivo versus 41,51 meses nos doentes com APC PD-L1 negativo, valor de p de 0,795). (Figuras 7,8 e 9) Figura 7 - Sobrevida Global Geral 41 Figura 8 - Sobrevida Global Conforme Expressão de PD-L1 em Célula Tumoral Figura 9 - Sobrevida Global Conforme Expressão de PD-L1 em Célula Apresentadora de Antígeno. 42 5 DISCUSSÃO 5.1 Achados clínico-demográficos e moleculares Observou-se no estudo a presença de 64 pacientes (36,1%) com história oncológica pregressa, número superior ao esperado. Foram excluídos inicialmente pacientes cujos tumores torácicos se mostraram metastáticos por exames anátomo-patológicos. Quando isso não era possível, considerou-se a evolução e o julgamento médico, que inadvertidamente, pode ter considerado um tumor metastático como segundo primário de pulmão. Pela regressão de Cox, observou-se que doentes com história oncológica prévia apresentavam menor chance de óbito em relação aos que não a apresentavam. Possivelmente, esses doentes foram submetidos a exames de seguimento, o que aumentou a chance de detecção de outros tumores primários em fase inicial e sua chance de cura. Sessenta e quatro doentes (36,4%) incluídos nesse estudo apresentavam história oncológica pregressa. Na Tabela observa-se que doentes com passado oncológico apresentaram uma tendência para maior proporção de estadiamento mais precoce (agrupamento 0, I ou II) quando comparado com doentes sem passado oncológico, mas sem significância estatística (71,9% versus 60,7%, respectivamente; p = 0,144).(Tabela 18) Tabela 18 - Agrupamento TNM versus história oncológica pregressa (HOP) Agrupamento TNM 0-I-II III-IV N 68 44 Não (%) 60,7% 39,3% Outros Tumores 46 18 N Sim (%) 71,9% 28,1% 114 62 N Total 64,8% 35,2% (%) Total 112 100,0% 64 100,0% 176 100,0% 5.2 Achados quanto a expressão de PD-L1 De acordo com o presente estudo, a positividade na expressão de PD-L1 em células tumorais foi de 37,9% dos casos, um pouco inferior a estudo publicado recentemente que foi de 53,1% de positividade70. Há um viés ao se comparar positividades entre estudos diferentes. Existem diferentes plataformas (DAKO, ROCHE, VENTANA) para avaliação da expressão de PD-L1 com diferentes anticorpos (28-8, 22C3, SP263, SP142 e MIH1, dentre outros). 43 Essa avaliação pode ocorrer de maneiras distintas: por distribuição e proporção contínua de células PD-L1 positivas em qualquer intensidade71, por porcentagem de expressão (immunohistochemistry score) de qualquer intensidade (mais de 1% de células coradas: Score 1, mais de 5% de células coradas: Score 2, mais de 10% células coradas: score 3)56, por score combinado exibindo uma porcentagem para cada intensidade 72, por graduação na cora de membrana e/ou citoplasma (ex: Aqua Fluorescent Techniques) e concentração de proteínas no TMA73. Não há uma padronização quanto a um cutoff para positividade. Alguns estudos utilizaram 1%, 5%, 50% ou mais para considerar a expressão de PD-L1 positiva74. Percebe-se então a extrema dificuldade em se padronizar critérios de positividade para PDL1, o que envolve desde a maquinaria para as reações químicas até a diluição dos reagentes bem como a interpretação das leituras o que dificulta o estabelecimento de qualquer relação entre os estudos. Conforme a Tabela 19, podemos observar diferentes estudos com diferentes cutoffs para positividade de PD-L1. Tabela 19 - Imunohistoquímica para PD-L1 em estudos Clínicos CUTOFF para positividade Porcentagem de Anticorpo Anti-PD-L1 de expressão em amostras tumorais superfície tumoral expressando PD-L1 28/ago 5% 49% Referência R&D B7-H1 NR 52% MIH1 > 10% > 1% vs > 5% vs High Score 50% Grosso et al. J.C.O., 2013 Gatalica et al. C.E.B.P., 2014 Konish et al. C.C.R., 2014 21% (somente CEC) Marti et al. C.C.R., 2014 5H1 SP142 5% 60% NR 1% 50% 22C3 ≥ 50% 25% 28/ago ≥ 1%, ≥5%, ≥10% SP142 ≥ 1%, ≥5%, ≥10% 53%, 36%, 25% (somente CEC) 68%, 37%, 16% SP142 ≥ 1%, ≥5%, ≥10% 56%, 28%, 13% Gettinger et al.J.C.O., 2014 Sun et al.J.C.O.,2014 Garon et al. N.E.J.M., 2015 Brahmer et al. N.E.J.M., 2015 Spira et al. J.C.O. , 2015 Herbest et al. Nature, 2014 Outra questão importante a ser discutida é a viabilidade do biomarcador para mensuração e análise no tecido. Garon EB, et al, observaram que ocorre deterioração de PD-L1 em amostras tumorais cortadas há mais de 6 meses antes da cora 71. No presente estudo, a cora foi feita menos de um mês depois dos cortes. 44 Estudo recente evidenciou que as células do microambiente tumoral, incluindo células do tumor, linfócitos e células apresentadoras de antígeno expressam PD-L1 de forma não uniforme.74 Smyth, et al. (2015) afirmam que um tratamento bem sucedido deve se basear justamente na estratificação do microambiente tumoral na medida que não deve se restringir unicamente aos checkpoints imunes mas também a abordagens adjuvantes relacionadas a potenciais tipos celulares envolvidos84. O microambiente tumoral apresenta uma gama variada de tipos celulares distintos representados principalmente por células supressoras de origem mielóide, macrófagos, células dendríticas, linfócitos T além das células cancerosas60. Há claramente um consenso de que o microambiente tumoral é uma estrutura complexa e dinâmica na medida que sua apresentação pode variar para um dado intervalo de tempo. O surgimento de células tumorais acarreta mudanças imunológicas drásticas que se iniciam cronologicamente com uma indução intrínseca à expressão de PD-L1 seguida de tolerância e resistência imune adaptativa com variações quantitativas dos diversos tipos celulares anteriormente descritos61. 5.3 Análise de concordância entre a análise individual e a análise coletiva (TMA) da expressão imuno-histoquímica do marcador PD-L1 em tecido tumoral As análises do presente estudo mostraram uma concordância leve pobre entre as duas metodologias de imuno-histoquímica (individual e coletiva), para a avaliação da expressão de PD-L1 em tumores pulmonares. A literatura médica já apontou para a relevância que a heterogeneidade tumoral pulmonar possa ter quanto à expressão do biomarcadores em pequenas biópsias quando comparadas a peças cirúrgicas75. Amostras pequenas e isoladas de uma determinada região tumoral, colhidas por biópsias ou punchs para confecção de TMA por exemplo, podem não representar a expressão de PD-L1 para a totalidade de um tumor. Tal expressão não pode ser generalizada, em decorrência de sua intrínseca variabilidade regional. A possibilidade de que essa avaliação seja feita através de uma lâmina de imuno-histoquímica que englobe um tumor em sua maior área possível, oriunda dos maiores diâmetros assim representados, parece nos fornecer uma descrição mais representativa da real expressão de PD-L1 em tumores de pulmão. 45 5.4 Correlação da expressão de PD-L1 com outros biomarcadores (mutações nos genes KRAS, EGFR e rearranjo do gene ALK). Há indícios de que mutações nos genes EGFR e rearranjo do gene ALK possam influenciar a expressão de PD-L170, 76, 77. D`Incecco et al. (2015), Ota et al. (2015), Azuka et al. (2014) e Abkay et al. (2013) demonstraram correlação entre expressão de PD-L1 e a mutação do gene EGFR. D`Incecco et al. (2015) e Ota et al. (2015) ainda identificaram correlação da expressão de PD-L1 com rearranjo do gene ALK. Todavia, Zhang et al. (2014) não demonstraram correlação entre expressão de PD-L1 e mutação de EGFR ou rearranjo do gene ALK. Não foi demonstrada associação entre mutação do gene KRAS e expressão de PD-L1 nos estudos de Zhang et al. (2014) e D`Incecco et al. (2015). No presente estudo, na análise univariada, dentre os doentes cujos tumores apresentavam expressão positiva para PD-L1, a maior parte não apresenta a mutação do gene EGFR, com significância estatística. Tal resultado não foi confirmado pela análise multivariada. Devido ao número reduzido de pacientes testados para mutação do genes KRAS e rearranjo do gene ALK, não foi possível estabelecer uma relação entre estes genes e a expressão de PD-L1. A pesquisa de mutação do gene EGFR se iniciou em 2012 no Hospital de Câncer de Barretos para casos isolados, passando a fazer parte da rotina no ano de 2013. Já a pesquisa de mutação do gene KRAS foi realizada apenas para alguns casos no ano de 2012 e a partir de então deixou de ser realizada. A pesquisa de rearranjo do gene ALK se iniciou no segundo semestre de 2013 para casos isolados por FISH e passou a fazer parte da rotina para doentes portadores de adenocarcinoma sem mutação de EGFR em 2015 por imuno-histoquímica. 5.5 Correlação da expressão de PD-L1 com dados clínico-demográficos No presente estudo, tumores de doentes com passado de tabagismo apresentaram maior chance de expressar positivamente o marcador PD-L1 nas células tumorais e maior chance de expressar negativamente esse marcador nas células apresentadoras de antígenos. Apesar de já ser descrito a influência do tabagismo na expressão de PD-L1 na célula tumoral78. Essa é a primeira vez que se demonstra a possível influência do tabagismo na expressão de PD-L1 na células apresentadora de antígeno. Foram comparados tabagistas 46 ativos e ex-tabagistas com não tabagistas (categoria de referência após a regressão logística). Observou-se na regressão logística que doentes com história oncológica pregressa apresentaram maior expressão de PD-L1 em células tumorais. Não há relatos na literatura associando expressão de PD-L1 e história oncológica pregressa. Vale a pena ressaltar que alterações da expressão do marcador PD-L1 também podem ocorrer relacionadas à exposição prévia a quimioterápicos, fato já demonstrado em carcinomas uroteliais ou mesmo pulmonares.79, 80 O número restrito de doentes submetidos à quimioterapia neoadjuvante impediu esse tipo de analise no presente estudo. 5.6 Análise das curvas de sobrevida conforme a expressão de PD-L1 Não foi verificada significância estatística quanto à expressão de PD-L1 e sobrevida global conforme previamente descrita. Outros estudos revelam não haver aparentemente um valor preditivo nem prognóstico quanto à expressão de PD-L171, 81, 82. Porém, em metaanálise publicada recentemente, após analisarem 5 estudos com 877 pacientes portadores de carcinoma de pulmão de células não pequenas, Zhou et al. (2015) concluíram que a expressão de PD-L1 pode estar relacionada a um pior prognóstico83. Primeiramente, apenas um dos estudos incluiu pacientes ocidentais sendo os demais de origem chinesa. Variações quanto a escolha de cutoffs distintos para positividade de expressão e o tipo de amostra tecidual podem ter contribuído para resultados discrepantes. 47 6 CONCLUSÃO Neste estudo observa-se que, numa população brasileira de pacientes portadores de câncer de pulmão de células não pequenas, o padrão de expressão de PD-L1 foi heterogêneo, representado por dois tipos celulares distintos: celula tumoral (maior frequência) e célula apresentadora de antígenos (menor frequência). Devido ao baixo número de casos para os quais a pesquisa de mutação dos genes do EGFR, KRAS, e rearranjo do gene ALK havia sido realizada, a interpretação da correlação entre a expressão desses biomarcadores e a expressão de PD-L1 foi prejudicada. As técnicas de TMA (análise coletiva) e cortes histológicos convencionais (análise individual) apresentaram baixo grau de concordância quando se avaliou a imuno-expressão do marcador PD-L1 nas células tumorais e nas células apresentadoras de antígeno em doentes com câncer de pulmão de células não pequenas. Tumores de pacientes ex-tabagistas apresentaram maior expressão de PD-L1 nas células tumorais quando comparados aos que nunca fumaram. Contrariamente, extabagistas apresentaram menor expressão de PD-L1 nas APC quando comparados aos que nunca fumaram. Doentes com história oncológica pregressa apresentaram maior chance de expressão de PD-L1 em relação aos que não apresentavam história oncológica pregressa. Também não foi observada correlação entre o padrão de expressão de PD-L1 e a sobrevida nesta população. 48 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. Organazation IAfRoCWH. Globocan 2012: Estimated Cancer Incidence, Mortality and Prevalence Worldwide in 2012. [Internet] 2012 [cited 09/12/2015];Available from: http://globocan.iarc.fr/Pages/fact_sheets_cancer.aspx. 2. Siegel RL, Miller KD, Jemal A. Cancer statistics, 2015. CA Cancer J Clin. 2015;65(1):5-29. 3. Ministerio da Saúde. Estimativas 2016/2017 por Tipos de Câncer . [Internet] Rio de Janeiro, Rio de Janeiro: Instituto Nacional do Câncer; 2015 [cited 07/12/2015];Available from: http://www.inca.gov.br . 4. da Cunha Santos G, Shepherd FA, Tsao MS. EGFR mutations and lung cancer. Annu Rev Pathol. 2011;6:49-69. 5. Chiarle R, Voena C, Ambrogio C, Piva R, Inghirami G. The anaplastic lymphoma kinase in the pathogenesis of cancer. Nat Rev Cancer. 2008;8(1):11-23. 6. Cox AD, Der CJ. Ras history: The saga continues. Small GTPases. 2010;1(1):2-27. 7. 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Ficha de coleta Avaliação da expressão dos biomarcadores PD-1 e PDL-1 em tecido tumoral de pacientes portadores de carcinoma de pulmão e correlação com dados clínicos, demográficos e outros biomarcadores Pesquisador: Gustavo Dix Junqueira Pinto Ficha 1: Dados clínicos, demográficos e outros biomarcadores DADOS PESSOAIS E HISTÓRIA MÉDICA Nº de identificação 1 1 2 3 4 5 6 7 Registro hospitalar 2 Iniciais 3 Sexo 1- Feminino; 2- Masculino; 99- Ignorado Data de nascimento DD/MM/AAAA Naturalidade Cidade-Estado; 99- Ignorado Procedência Cidade-Estado; 99- Ignorado 4 5 6 7 Estado civil 8 1- Solteiro; 2- Casado; 3- Divorciado; 4- Viúvo; 5- Amasiado; 99- Ignorado Raça 9 9 1- Branco; 2- Pardo;3- Negro; 4- Indígena; 5- Oriental; 99- Ignorado Escolaridade 1- Analfabeto; 2- Fundamental incompleto; 3- Fundamental completo; 4-Ensino 10 10 médio incompleto; 5- Ensino médio completo; 6- Superior incompleto; 7Superior completo; 8- Pós graduado; 99- Ignorado Profissão 8 11 12 13 14 15 16 11 Descrever; 99-Ignorado Comorbidades 0- Não; 1- Diabetes; 2- HAS; 3- Cardiopatia; 4- AVE; 5- Outra(s); 99- Ignorado Se outra comorbidade, detalhar: Descrever; 88- Não se aplica; 99- Ignorado Outros tumores 0- Não; 1- Sim; 99- Ignorado Se sim, sítio: 1- Mama e gineco; 2- SNC; 3- TGI; 4- Uro; 5- Pele; 6- Outros; 88- Não se aplica; 99- Ignorado Se outra, qual? Descrever; 88- Não se aplica; 99- Ignorado 12 13 14 15 16 ___/___/_____ 56 HÁBITOS PESSOAIS 17 18 19 20 21 22 23 24 25 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 Tabagismo? 0- Não; 1- Presente; 2- Passado; 99- Ignorado Se tabagismo (passado ou presente), qual a quantidade? Em maços/ano; 88- Não se aplica; 99- Ignorado Se ex-tabagista, quanto tempo abstinente? Em anos; 88- Não se aplica; 99- Ignorado Etilismo? 0- Não; 1- Presente; 2- Passado; 99- Ignorado Se ex-etilista, quanto tempo abstinente? Em anos; 88- Não se aplica; 99- Ignorado DADOS CLÍNICOS Data do diagnóstico DD/MM/AAAA ECOG 0 a 4; 99- Ignorado Tipo histológico 0- Adenocarcinoma; 1- Carcinoma escamoso; 2- Carcinoma adenoescamoso; 99- Ignorado Grau histológico 1- GI (diferenciado); 2- GII (moderadamente diferenciado); 3- GIII (pouco diferenciado);99- Ignorado Estadiamento T (AJCC 2010) 0- Tx; 1- T0; 2- Tis; 3- T1a; 4- T1b; 5- T2a; 6- T2b; 7- T3; 8- T4; 99- Ignorado Estadiamento N (AJCC 2010) 0- N0; 1- N1; 2- N2; 3- N3; 4- Nx; 99- Ignorado Estadiamento M (AJCC 2010) 0- M0; 1- M1a; 2- M1b; 99- Ignorado Agrupamento TNM simplificado 0- Carcinoma oculto; 1- TNM 0; 2- IA; 3- IB; 4- IIa; 5- IIB; 6- IIIA; 7- IIIB; 8- IV; 99Ignorado Procedimento cirúrgico 0- Não; 1- Biópsia; 2- Nodulectomia; 3- Lobectomia; 4- Pneumectomia; 5Segmentectomia; 99- Ignorado Registro da peça cirúrgica Número; 88- Não se aplica; 99- Ignorado Data do procedimento cirúrgico DD/MM/AAAA MUTAÇÃO ENCONTRADA ALK 0- Ausente; 1- Presente ; 3- Não realizado; 4- Inconclusivo; 99- Ignorado EGFR EXON 18 0- Ausente; 1- Presente ; 3- Não realizado; 4- Inconclusivo; 99- Ignorado EGFR EXON 19 0- Ausente; 1- Presente ; 3- Não realizado; 4- Inconclusivo; 99- Ignorado 17 18 19 20 21 22 ___/___/_____ 23 24 25 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 ___/___/_____ 57 37 38 39 40 41 EGFR EXON 20 0- Ausente; 1- Presente ; 3- Não realizado; 4- Inconclusivo; 99- Ignorado EGFR EXON 21 0- Ausente; 1- Presente ; 3- Não realizado; 4- Inconclusivo; 99- Ignorado KRAS CODON 12 0- Ausente; 1- Presente ; 3- Não realizado; 4- Inconclusivo; 99- Ignorado KRAS CODON 13 0- Ausente; 1- Presente ; 3- Não realizado; 4- Inconclusivo; 99- Ignorado TRATAMENTO SISTÊMICO ADJUVANTE Tratamento sistêmico adjuvante 0- Não; 1- CDDP + Gencitabina; 2- Carboplatina + Paclitaxel; 3Esquema SWOG (CDDP + Etoposídeo); 4- CDDP + Vinorelbina; 5Carboplatina +Etoposídeo; 6 - Carboplatina + Gencitabina 7Docetaxel; 8- Gencitabina; 9- Vinorelbina; 10- Paclitaxel; 11CDDP;12- Carboplatina 13- Erlotinine 14- Gefitinibe; 15- Protocolo de pesquisa; 16- Outro; 99- Ignorado Se outro esquema ou se for protocolo de pesquisa, detalhar: 42 37 38 39 40 41 42 Descrever; 88- Não se aplica; 99- Ignorado 43 Data de início 43 ___/___/_____ 44 DD/MM/AAAA TRATAMENTO SISTÊMICO NEOADJUVANTE Tratamento sistêmico neoadjuvante 0- Não; 1- CDDP + Gencitabina; 2- Carboplatina + Paclitaxel; 3Esquema SWOG (CDDP + Etoposídeo); 4- CDDP + Vinorelbina; 545 Carboplatina +Etoposídeo; 6 - Carboplatina + Gencitabina 745 Docetaxel; 8- Gencitabina; 9- Vinorelbina; 10- Paclitaxel; 11CDDP;12- Carboplatina 13- Erlotinine 14- Gefitinibe; 15- Protocolo de pesquisa; 16- Outro; 99- Ignorado Se outro esquema ou se for protocolo de pesquisa, detalhar: 46 46 Descrever; 88- Não se aplica; 99- Ignorado Data de início 47 47 DD/MM/AAAA Data de término 48 48 DD/MM/AAAA TRATAMENTO SISTÊMICO CONCOMITANTE À RADIOTERAPIA Tratamento sistêmico concomitante à radioterapia 0- Não; 1- CDDP + Gencitabina; 2- Carboplatina + Paclitaxel; 3Esquema SWOG (CDDP + Etoposídeo); 4- CDDP + Vinorelbina; 549 Carboplatina +Etoposídeo; 6 - Carboplatina + Gencitabina 749 Docetaxel; 8- Gencitabina; 9- Vinorelbina; 10- Paclitaxel; 11CDDP;12- Carboplatina 13- Erlotinine 14- Gefitinibe; 15- Protocolo de pesquisa; 16- Outro; 99- Ignorado 50 Se outro esquema ou se for protocolo de pesquisa, detalhar: 50 ___/___/_____ 44 DD/MM/AAAA Data de término ___/___/_____ ___/___/_____ 58 Descrever; 88- Não se aplica; 99- Ignorado 51 52 53 54 55 56 57 Data de início 51 ___/___/_____ 52 DD/MM/AAAA TRATAMENTO SISTÊMICO PALIATIVO DE PRIMEIRA LINHA Tratamento sistêmico paliativo de 1ª linha 0- Não; 1- CDDP + Gencitabina; 2- Carboplatina + Paclitaxel; 3Esquema SWOG (CDDP + Etoposídeo); 4- CDDP + Vinorelbina; 5Carboplatina +Etoposídeo; 6 - Carboplatina + Gencitabina 753 Docetaxel; 8- Gencitabina; 9- Vinorelbina; 10- Paclitaxel; 11CDDP;12- Carboplatina 13- Erlotinine 14- Gefitinibe; 15- Protocolo de pesquisa; 16- Outro; 99- Ignorado Se outro esquema ou se for protocolo de pesquisa, detalhar: 54 Descrever; 88- Não se aplica; 99- Ignorado Data de início 55 DD/MM/AAAA Data de término 56 DD/MM/AAAA TRATAMENTO SISTÊMICO PALIATIVO DE SEGUNDA LINHA Tratamento sistêmico paliativo de 2ª linha 0- Não; 1- CDDP + Gencitabina; 2- Carboplatina + Paclitaxel; 3Esquema SWOG (CDDP + Etoposídeo); 4- CDDP + Vinorelbina; 5Carboplatina +Etoposídeo; 6 - Carboplatina + Gencitabina 757 Docetaxel; 8- Gencitabina; 9- Vinorelbina; 10- Paclitaxel; 11CDDP;12- Carboplatina 13- Erlotinine 14- Gefitinibe; 15- Protocolo de pesquisa; 16- Outro; 99- Ignorado Se outro esquema ou se for protocolo de pesquisa, detalhar: ___/___/_____ DD/MM/AAAA Data de término 58 ___/___/_____ ___/___/_____ 58 Descrever; 88- Não se aplica; 99- Ignorado 59 Data de início 59 ___/___/_____ 60 DD/MM/AAAA TRATAMENTO SISTÊMICO PALIATIVO DE TERCEIRA LINHA Tratamento sistêmico paliativo de 3ª linha 0- Não; 1- CDDP + Gencitabina; 2- Carboplatina + Paclitaxel; 3Esquema SWOG (CDDP + Etoposídeo); 4- CDDP + Vinorelbina; 561 Carboplatina +Etoposídeo; 6 - Carboplatina + Gencitabina 761 Docetaxel; 8- Gencitabina; 9- Vinorelbina; 10- Paclitaxel; 11CDDP;12- Carboplatina 13- Erlotinine 14- Gefitinibe; 15- Protocolo de pesquisa; 16- Outro; 99- Ignorado Se outro esquema ou se for protocolo de pesquisa, detalhar: 62 62 Descrever; 88- Não se aplica; 99- Ignorado ___/___/_____ 60 DD/MM/AAAA Data de término 59 63 64 65 66 67 68 69 70 71 72 73 74 75 76 77 78 79 80 81 Data de início DD/MM/AAAA Data de término DD/MM/AAAA RADIOTERAPIA DE 1ªSÉRIE Radioterapia 1ª série 0- Não; 1- Tu primário+linfonodos; 2- Osso; 3- SNC; 4- Tórax (adjuvância); 5Outro; 99- Ignorado Radioterapia 1ª série - se outro Descrever; 88- Não se aplica; 99- Ignorado Data do início radioterapia 1ª série DD/MM/AAAA Data de término radioterapia 1ª série DD/MM/AAAA RADIOTERAPIA DE 2ªSÉRIE Radioterapia 2ª série 0- Não; 1- Tu primário+linfonodos; 2- Osso; 3- SNC; 4- Outro; 99- Ignorado Radioterapia 2ª série - se outro Descrever; 88- Não se aplica; 99- Ignorado Data do início radioterapia 2ª série DD/MM/AAAA Data de término radioterapia 2ª série DD/MM/AAAA RADIOTERAPIA DE 3ªSÉRIE Radioterapia 3ª série 0- Não; 1- Tu primário+linfonodos; 2- Osso; 3- SNC; 4- Outro; 99- Ignorado Radioterapia 3ª série - se outro Descrever; 88- Não se aplica; 99- Ignorado Data do início radioterapia 3ª série DD/MM/AAAA Data de término radioterapia 3ª série DD/MM/AAAA DADOS DO DESFECHO 1ª recidiva ou progressão 1ª recidiva 0- Não; 1- Local/regional; 2- Pulmão contra-lateral; 3- Osso; 4- SNC; 5- Fígado; 6- Outro; 99- Ignorado Se outro local, detalhar: Descrever; 88- Não se aplica; 99- Ignorado Data da 1ª recidiva DD/MM/AAAA 2ª recidiva ou progressão 2ª recidiva 0- Não; 1- Local/regional; 2- Pulmão contra-lateral; 3- Osso; 4- SNC; 5- Fígado; 6- Outro; 99- Ignorado Se outro local, detalhar: 63 ___/___/_____ 64 ___/___/_____ 65 66 67 ___/___/_____ 68 ___/___/_____ 69 70 71 ___/___/_____ 72 ___/___/_____ 73 74 75 ___/___/_____ 76 ___/___/_____ 77 78 79 80 81 ___/___/_____ 60 Descrever; 88- Não se aplica; 99- Ignorado 82 83 84 85 86 87 88 Data da 2ª recidiva DD/MM/AAAA 3ª recidiva ou progressão 3ª recidiva 0- Não; 1- Local/regional; 2- Pulmão contra-lateral; 3- Osso; 4- SNC; 5- Fígado; 6- Outro; 99- Ignorado Se outro local, detalhar: Descrever; 88- Não se aplica; 99- Ignorado Data da 3ª recidiva DD/MM/AAAA Status Status 1- Vivo sem doença; 2- Vivo com doença; 3- Óbito por CA; 4- Óbito SOE; 5Perda de seguimento 80 Data do último status DD/MM/AAAA Data do óbito DD/MM/AAAA 82 ___/___/_____ 83 84 85 ___/___/_____ 86 87 ___/___/_____ 88 ___/___/_____ 61 Anexo B. Carta de aprovação do CEP 62 63