Especialização em Gestão Pública Programa Nacional de Formação em Administração Pública A GESTÃO ESCOLAR E O CONTROLE DA DENGUE NA 13ª REGIONAL DE SAÚDE DE CIANORTE - PR TAPEJARA 2011 MÁRCIO APARECIDO TORELLI A GESTÃO ESCOLAR E O CONTROLE DA DENGUE NA 13ª REGIONAL DE SAÚDE DE CIANORTE - PR Trabalho de Conclusão de Curso do Programa Nacional de Formação em administração Pública, apresentado como requisito parcial para obtenção do título de especialista em Gestão Pública, do Departamento de Administração da Universidade Estadual de Maringá. Orientador: Profº Dr. Álvaro José Periotto. TAPEJARA 2011 MÁRCIO APARECIDO TORELLI A GESTÃO ESCOLAR E O CONTROLE DA DENGUE NA 13ª REGIONAL DE SAÚDE DE CIANORTE - PR Trabalho de Conclusão de Curso do Programa Nacional de Formação em administração Pública, apresentado como requisito parcial para obtenção do título de especialista em Gestão Pública, do Departamento de Administração da Universidade Estadual de Maringá. Orientador: Profº Dr. Álvaro José Periotto. Professor(a)................................................................, Dr.(a). orientador(a) Assinatura Professor(a)................................................................, Dr.(a). orientador(a) Assinatura Professor(a)................................................................, Dr.(a). orientador(a) Assinatura RESUMO Atualmente a sociedade brasileira vive às voltas com um grave problema de saúde pública: a Dengue. Diante de mudanças demográficas globais ocorridas em todo mundo como a urbanização descontrolada, o crescimento espantoso da população, o aumento do uso descontrolado da água, recursos humanos e financeiros limitados e o aumento da densidade da população do Aedes aegypti facilitando a transmissão do vírus se tornaram questões relevantes para o avanço da doença. Este estudo objetiva Num segundo momento serão tecidas algumas considerações acerca do controle da dengue na 13ª Regional de Saúde de Cianorte – PR, expondo de forma sucinta o que foi realizado e os resultados obtidos com estas realizações. Concluiu-se que além da participação ativa de diferentes setores da administração pública, torna-se necessária a participação efetiva do morador na eliminação de criadouros já existentes, ou possíveis locais para a reprodução do mosquito. Palavras-chave: saúde pública, dengue, ações participação, gestão escolar. SUMÁRIO INTRODUÇÃO........................................................................................................ 6 1 A DENGUE EM DISCUSSÃO............................................................................ 7 1.1 O CONCEITO DE DENGUE............................................................................ 7 1.2 HISTÓRICO DO DENGUE............................................................................... 9 2 CONSIDERAÇÕES ACERCA DO CONTROLE DA DENGUE EM MUNICÍPIOS PERTENCENTES A 13ª REGIONAL DE SAÚDE – CIANORTE.... 10 2.1 GESTÃO ESCOLAR, O SANEAMENTO E A EDUCAÇÃO SANITÁRIA COMO FORMA DE PREVENÇÃO......................................................................... 13 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................... 20 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................... 21 INTRODUÇÃO A dengue é uma doença viral transmitida pela picada fêmea do mosquito Aesdes aegypti e do mosquito Aedes albopictus, e que se apresenta freqüentemente, associada a outros sintomas, tão preocupantes quanto a própria febre. Sendo uma infecção cujo aspecto inclui desde formas clínicas inoperantes, até quadros evolutivos graves de hemorragias e choque podendo levar o paciente ao óbito, encontra-se aqui a justificativa para a preocupação com este estudo. Esta questão tornou-se particularmente prejudicial ao controle do dengue porque, na maioria dos países, os sistemas sanitários estão muito inadequados, bem como o sistema para detectar a transmissão Em conseqüência, pode-se haver uma avançada epidemia antes que seja detectada. As questões são sempre as mesmas: o que fazer diante de uma possível ameaça de epidemia? Como botar ordem no caos? De quem é a culpa? É sabido que todo dia aumenta a quantidade de resíduos sólidos que produzimos, seja ele, doméstico, comercial, hospitalar, industrial ou agrícola e que pode ainda causar outros problemas à saúde pública, pois se torna um ambiente favorável para o desenvolvimento do mosquito-transmissor da dengue e merece uma série de reflexões. De início, as questões que levavam a este estudo eram: Como esta se dando as ações preventivas no município de Tapejara? Que medidas são tomadas para evitar que o Aedes aegypti se reproduza? Estão sendo tomadas medidas para se evitar a proliferação do mosquito e para combater a continuidade do ciclo evolutivo do mesmo? Se estas medidas estão sendo tomadas, em que grau elas estão acontecendo? Como está se dando a participação da sociedade? As escolas estão sendo envolvidas? Quem são os envolvidos? A quem se objetiva atingir? No entanto, observou ao iniciar o estudo que, o município de Tapejara – PR segue as mesmas ações desencadeadas pela 13ª Regional de Saúde de Cianorte – PR, da qual faz parte, e, por esta razão, optou-se por estudar a gestão escolar e o controle da dengue na 13ª Regional de Saúde de Cianorte. Assim, sendo, este estudo pretende discutir algumas questões sobre a dengue, levantando, num primeiro momento o conceito de dengue, seu período de incubação e o histórico do dengue a nível mundial e brasileiro, discutindo também acerca do saneamento e da educação sanitária como forma de prevenção e algumas atitudes preventivas. Num segundo momento serão tecidas algumas considerações acerca do controle da dengue na 13ª Regional de Saúde de Cianorte – PR, expondo de forma sucinta o que foi realizado e os resultados obtidos com estas realizações. 1 A DENGUE EM DISCUSSÃO Segundo Paulino (2003), a dengue é causada por um vírus transmitido pela picada fêmea de dois tipos de mosquito: do Aesdes aegypti e do Aedes albopictus, este último conhecido pelo nome de “tigre asiático”. No Brasil, um mosquito escuro, pequeno e delgado, que possui hábitos diurnos e vive dentro ou nas proximidades das habitações humanas e, conhecido como Aedes Aegypti é o transmissor da dengue (BRASIL, 2002b). O Aedes aegypti apresenta na região dorsal do tórax um desenho em forma de lira prateada e o Aedes albopictus tem no dorso em estria longitudinal mediana prateada (daí o nome popular de “tigre asiático” e é mais silvestre, reproduzindo-se não apenas em água paradas também em rios) (BRASIL, 2002b). 1.1 O CONCEITO DE DENGUE A infecção por dengue é a causadora de uma doença cujo aspecto inclui desde formas clínicas inoperantes, até quadros evolutivos graves de hemorragias e choque podendo levar o paciente ao óbito. De acordo com Brasil (2002a, p.6), os sintomas da dengue comum são: Dengue clássica: a primeira manifestação é a febre, geralmente alta (39ºC a 40º C), de inicio abrupto, associada a cefaléia, prostação, mialgia, astralgia, dor retro-orbritária, exantenama maculopapular acompanhado ou não de prurido. Anorexia, vômito, náuseas e diarréia podem ser observadas. Deve-se observar que não existe apenas uma forma de dengue. De acordo com Paulino (2003): Existem dois tipos de dengue – a clássica e a hemorrágica, - e quatro variedades de vírus causadores da doença. A pessoa infectada por uma dessas variedades adquire imunidade para o resto da vida em relação à variedade de vírus que adquiriu, mas não em relação às três outras variedades. Assim, caso uma pessoa seja infectada por uma variedade à qual não tem imunidade, normalmente se desenvolve a dengue clássica sem maior gravidade. Entretanto, existe uma pequena possibilidade de a doença evoluir para a dengue hemorrágica, em que ocorrem alterações no sistema de coagulação do sangue capazes de provocar a morte entre 30% e 40% dos casos de pessoas que não recebem tratamento adequado; em indivíduos tratados adequadamente, o índice de mortalidade cai para menos de 5% (PAULINO, 2003, p.158). A febre hemorrágica da dengue (DHF) é caracterizada por quatro manifestações clínicas principais: febre elevada, fenômenos hemorrágicos, hepatomegalia e, em casos severos, sinais de falha circulatória. Para Brasil (2002, p.6), “no final do período febril podem surgir manifestações hemorrágicas como epistaxe, patéquias, gengivorragia, metrorragia e outros. Em casos mais raros podem existir sangramentos maiores como hematêmese, melena ou hematúria”. Vê-se então que a febre hemorrágica do dengue (DHF) envolve o sangramento interno e é associado às vezes com choque severo (a síndrome de choque do dengue – DSS), e ocorre mais freqüentemente nas crianças e nos jovens. Segundo Brasil (2002), a presença de manifestações hemorrágicas não é exclusiva da febre hemorrágica da dengue e quadro com plaquetopenia pode ser observado, com ou sem essas manifestações, sendo importante diferenciar esses casos de dengue clássica com manifestações hemorrágicas e plaquetopenia dos casos de febre hemorrágica da dengue. A dengue com complicações pode ser compreendida como: [...] todo caso que não se enquadre nos critérios de FHD e quando a classificação de dengue clássica é insatisfatória dado o potencial de risco. Nessa situação a presença de um dos itens a seguir caracteriza o quadro: alterações neurológicas; disfunção cardiorrespiratória; insuficiência hepática; plaquetopenia igual ou inferior a 50.000/mm³; hemorragia digestiva; derrames cavitórios; leucometria global igual ou inferior a 1.000/mm³; óbito. (BRASIL, 2002, p.7). Sabe-se, entretanto que, manifestações clínicas menos freqüentes incluem as neurológicas e psíquicas tanto em adultos como em crianças caracterizadas por delírio, sonolência, como depressão, irritabilidade, psicose maníaca, demência, amnésia e outros sinais meníngeos, paresias, paralisia e encefalite, que surgem no decorrer do período febril ou mais tardiamente, na convalescença. (BRASIL, 2002a). O ciclo normal da infecção do dengue é considerado na relação mosquito-ser humano, uma vez que o mosquito se alimenta do sangue humano. A alimentação em um ser humano infectado pelo vírus, o mosquito fêmea pode transmitir o vírus do dengue após um período de incubação de 8 -10 dias quando surge a infecção. A disseminação do vírus resulta da infecção das glândulas salivares que fazem do mosquito um agente infeccioso. Sobre a disseminação do vírus e a incubação da doença, Paulino (2003) afirma: O período de incubação do vírus da dengue é de alguns dias. A dengue clássica manifesta-se por febre súbita, com duração de quatro a cinco dias, acompanhada de fortes dores musculares e nas articulações ósseas – daí o nome popular de “quebra osso”. Surgem manchas avermelhada no corpo, dores de cabeça e nítida sensação de cansaço; Além disso, o doente pode manifestar fotofobia (aversão à luz), lacrimação, inflamação na garganta a e sangramento na boca e no nariz. Depois de mais ou menos uma semana essas manifestações desaparecem gradualmente. Em sua forma mais simples, a dengue não é mortal, mas em pessoas desnutridas debilitadas pode levar à morte. (PAULINO, 2003, p.157) De acordo com este mesmo autor, nos casos mais graves ocorrem hemorragias intestinais, vômitos e inflamação do fígado, sintomas característicos da dengue hemorrágica. 1.2 HISTÓRICO DO DENGUE Silva (2008, p. 166) cita Andries (2006), que relata que: [...] o primeiro relato de caso de doença semelhante a dengue, foi registrado numa enciclopédia chinesa da dinastia Chin (265 a 420 anos a.C.). Por achar que a doença estava associada a insetos, eles a denominaram de veneno da água. Em relação à primeira epidemia de dengue no mundo, há divergência entre os autores. Para alguns, os primeiros relatos sobre a dengue ocorreram na Ilha de Java em 1779 e, posteriormente, em 1780, nos Estados Unidos. Com relação ao continente europeu, Silva (2008, p. 166) afirma que “Outros autores acreditam que a primeira epidemia da doença aconteceu em 1784 no continente europeu e, outros, preferem acreditar que o primeiro registro de casos aconteceu em Cuba, em 1782”. Silva (2008, p.166) ainda cita Teixeira (2000) afirmando: Na América a Dengue tem sido relatada há mais de 200 anos, sendo registrada no Caribe e Costa Atlântica dos Estados Unidos (1827), Havana, Nova Orleans (1848 a 1850), Cuba, Panamá, Porto Rico, Ilhas Virgens, Venezuela (1879 a 1880). Porém, a primeira epidemia de Dengue comprovada laboratorialmente nas Américas aconteceu em 1963/1964 na Venezuela e Região do Caribe, associada ao Sorotipo DEN3. Durante muito tempo os países do continente americano não desenvolviam programas de prevenção à dengue, pois todos os esforços estavam voltados para impedir a reurbanização da febre amarela, pois o mosquito Aedes aegypti, não estava evidenciado com a dengue, o que acorreu apenas em 1906, quando foram publicadas por Bancrof, as primeiras evidências de que a transmissão da dengue estava relacionada com o Aedes aegypti. Sabe-se que em 1970 somente o vírus Den-2 estava atuando nas Américas, embora o Den-3 pudesse ter tido uma distribuição focal na Colômbia e em Porto Rico. Em 1977, o Den-1 foi introduzido e causou epidemias principais sobre toda a região durante um período de dezesseis anos. O Den-4 apareceu em 1981 causou epidemias difundidas similares. Também em 1981, uma nova tensão de Den-2 no sudeste da Ásia causou a primeira epidemia principal de DHF nas Américas, mais precisamente em Cubana. Esta tensão espalhou-se rapidamente sobre toda a região e causou infestação de DHF na Venezuela, na Colômbia, no Brasil, na Guiana Francesa, no Suriname e em Porto Rico. Por volta de 1977, dezoito países na região do continente americano tinham relatado casos confirmados de DHF e o DHF são agora endêmicos em muitos desses países (VASCONCELOS, 1999). 2 CONSIDERAÇÕES ACERCA DO CONTROLE DA DENGUE EM MUNICÍPIOS PERTENCENTES A 13ª REGIONAL DE SAÚDE – CIANORTE Como a infestação pelo Aedes aegypti havia se alastrado pôr todo o território nacional, em 1996 a comunidade científica brasileira, convocou do Conselho Nacional de Saúde e um comitê de especialistas da Organização Pan-americana de Saúde (OPAS) que discutiu amplamente a questão, considerando factível a elaboração do PLANO DIRETOR DE ERRADICAÇÃO DO AEDES aEGYPTI (PEAa), para o Brasil, que originou o PEAa, proposta de estratificação de risco dos Municípios, que privilegiava o repasse de recursos onde as condições epidemiológicas fossem mais graves, através de convênio (para contratações de recursos humanos adicionais para o controle do vetor, e outras demandas). Até a assinatura do convênio com o Ministério da Saúde (20/03/98), as ações de controle do Aedes aegypti eram de atribuição exclusiva da FUNASA, sediado em Cianorte, o qual atendia a onze Municípios e estas ações eram executadas por funcionários vinculados àquela instituição. De acordo com Plano de Contingência para controle do Aedes aegypti da 13ª Regional de Saúde – Cianorte (2004), cujo objetivo geral é desencadear ações permanentes de controle de infestação pelo Aedes aegypti de forma integrada entre as diversas secretarias, autarquias e empresas municipais, assim como os movimentos organizados da sociedade civil e demais órgãos governamentais, para eliminar a circulação do vírus de dengue nos municípios da 13ª regional de saúde de Cianorte, foi constatado a presença do vetor da dengue (Aedes aegypti) em Cianorte e em outros dez municípios pertencentes a 13ª regional de saúde em 1991 pela equipe da FUNASA. Em 1992 a própria FUNASA fez o mapeamento das sublocalidades e até 1988 o trabalho de levantamento de índice e tratamento eram realizados pelas equipes da FUNASA, quando então iniciou o convênio plano PEAa. Este mesmo plano esperava alcançar resultados como manter a menos de 1% da infestação predial em todos os Municípios, em todos os meses do ano; evitar o aparecimento de surtos de dengue, a partir do primeiro semestre de 2004 e evitar casos de dengue hemorrágico na região. Segundo o Plano de Contingência para controle do Aedes aegypti da 13ª Regional de Saúde – Cianorte (2004), o número de imóveis dos Municípios atualizados em 2003 é de 42.974 e desde 1.998, as equipes de controle de dengue estavam trabalhando numa distribuição feita no Distrito Regional da Funasa, a qual difere da organização geográfica da área de abrangência das unidades básicas de saúde. Considera-se fundamental esta uniformização, tanto para que as equipes de controle de dengue e do Programa de Saúde da Família troquem informações, quanto para que sejam criados vínculos com as comunidades, para favorecer o bom desempenho dos trabalhos. Semanalmente cada supervisor regional deve seguir o plano de executar supervisão direta e indireta de trabalho dos servidores lotados nas equipes das respectivas regiões de responsabilidade dos coordenadores e agentes, de forma a assegurar a avaliação trimestral dos mesmos sendo resguardado o sigilo dos deslocamentos para o campo para avaliação mais fidedigna. A implementação da supervisão será acompanhada pela equipe dirigente. Os imóveis particulares fechados ou abandonados podem manter focos geradores de mosquitos que são ilhas de infestação nas cidades. Assim, tornam-se prioritárias as visitas aos mesmos para obtenção do controle da situação e, para isso, em diversos casos é solicitada autorização judicial para viabilizar o trabalho de eliminação e controle de focos, através de documento que embasa legalmente o ingresso de agentes para a execução do trabalho necessário. Segundo Mônica Prado, consultora em Comunicação Social da OPAS (apud Plano de Contingência para controle do Aedes aegypti da 13ª Regional de Saúde – Cianorte, 2004): (...) dados da América Latina mostram que 90% dos indivíduos conhecem o vetor e a doença, o que mostra que a estratégia de difusão de informação, implantada pela maioria dos países durante 15 (quinze) anos, foi um êxito. Entretanto, os mesmos dados revelam que 80% desses mesmos indivíduos não praticam em seu cotidiano qualquer ação, seja em suas casas, seja na comunidade, que permita a redução de criadouros e da população de mosquitos. Assim, o desafio da comunicação, educação e mobilização social em dengue é fomentar no indivíduo e na comunidade a incorporação de práticas de conduta que permitam, a longo prazo, um impacto na questão social relacionada à dengue. De acordo com o projeto COMUNICAÇÃO PARA IMPACTAR NA MODIFICAÇÃO DE CONDUTA (COMBI) da Organização Mundial da Saúde (apud Plano de Contingência para controle do Aedes aegypti da 13ª Regional de Saúde – Cianorte, 2004), torna-se necessário transformar todas as pessoas que trabalham com o controle do mosquito em educadores, através de uma efetiva interação com a comunidade, as quais devem ser divulgadas e discutidas, de forma a contribuir para a motivação de todos trabalhadores e, portanto, à efetividade das ações e como estratégia deu-se treinamentos cujos objetivos centrais destes, de acordo com o Plano de Contingência para controle do Aedes aegypti da 13ª Regional de Saúde – Cianorte, 2004, citam-se: a) Conscientização da necessidade da incorporação das ações preconizadas na portaria, no dia-a-dia de trabalho das equipes. b) Sensibilização para o risco epidemiológico da ocorrência de formas graves e necessidade de evitá-las. c) Conhecimento do quadro clínico e dos sinais de alerta dos suspeitos de dengue, para melhor assistência. d) Implementação das notificações de casos suspeitos. e) Integração com as equipes do controle do Aedes aegypti. 2.1 GESTÃO ESCOLAR, O SANEAMENTO E A EDUCAÇÃO SANITÁRIA COMO FORMA DE PREVENÇÃO O saneamento básico e a educação sanitária são fatores importantes no combate à dengue. Segundo consta no Manual Rio Limpo (2002, p.10): A preocupação com o meio ambiente tem sido crescente desde a Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente, realizada em Estocolmo, em 1972, onde foi escrito um relatório que avaliou o estado do Meio Ambiente no planeta. De lá para cá, diferentes setores do conhecimento vêm se preocupando cada vez mais em assegurara a melhoria da qualidade de vida no planeta. Geralmente, as ocupações irregulares em áreas públicas e particulares ocorrem pela população com menor poder aquisitivo e de forma rápida, uma vez que, os ocupantes são impulsionados pela busca de novas oportunidades de vida ou expulsos dessas mesmas áreas por crises econômicas e sociais. O que se observa é a formação de favelas – símbolo de má qualidade de vida. A ocupação de fundos de vale, associados à má disposição de esgoto e lixo agravam os problemas de saúde, fecham um circulo viciosos que resultam num ambiente insalubre. É sabido que todo dia aumenta a quantidade de resíduos sólidos que produzimos, seja ele, doméstico, comercial, hospitalar, industrial ou agrícola. Há 150 anos havia um bilhão de habitantes no mundo e apenas 5% moravam em cidades. Estatisticamente, hoje somos mais de 6 bilhões e 50% moram em cidades. No Brasil, segundo o Manual Rio Limpo, “89% da população vive em cidades. O mundo está em franco processo de industrialização e o aumento de consumo é crescente. Tudo tem uma embalagem e todos os produtos geram resíduos” (p. 93). E ainda: A quantidade e a composição do lixo está diretamente ligada ao poder aquisitivo da população. Os mais ricos geram mais lixo e com maior quantidade de produtos recicláveis, pelo uso maior de embalagens. Os mais pobres produzem menor quantidade de lixo e composto basicamente por materiais orgânicos. (MANUAL RIO LIMPO, 2002, p. 93) Segundo observações contínuas do referido manual, percebe-se que o lixo é composto, numa média de 40% por papel ou papelão, plástico, vidro, metais, madeira além de outros produtos. De acordo com o Manual Rio Limpo (2002, p. 95): Enquanto os resíduos se encontram no ambiente, estão acumulando outros resíduos, proliferando organismos patogênicos, obstruindo a passagem das águas, causando desequilíbrio na cadeia alimentar e nas populações de diversas espécies. Entre essas espécies estão os vetores, que encontram no lixo as condições de abrigo e alimento necessários à sua multiplicação. Estes organismos são responsáveis dos agentes patogênicos, causando problemas sanitários em grandes áreas. Deste modo, para evitar ou minimizar os problemas que os resíduos oferecem à saúde pública e ao ambiente, o poder público executa ou procura executar a contratação de coleta periódica dos resíduos na grande maioria das cidades. Em muitos locais de difícil acesso a coleta não é realizada, o que traz sérios problemas à população. Segundo LUCCI (1997, p.232): A disposição final do lixo é uma das grandes dores de cabeça de todo prefeito, especialmente nas cidades grandes, onde a coleta alcança milhares de toneladas todos os dias. Existem soluções simples, baratas ecológicas e socialmente interessantes, mas são vários os fatores que conspiram a que não sejam conhecidas e aplicadas estas soluções. Segundo o Ministério do Meio Ambiente e Recursos Hídricos e Amazônia Legal, existem, para cada material em tempo estimado e provável para sua decomposição, conforme demonstra o quadro abaixo: Quadro 1: Tempo de decomposição médio de algum material encontrado no lixo MATERIAL TEMPO DE DECOMPOSIÇÃO Jornal 2 a 6 semanas Embalagem de papel 1 a 4 meses Cascas de frutas 3 meses Ponta de cigarros 3 meses Pano De 6 meses a 1 ano Chiclete 5 anos Madeira pintada 13 anos Lata de alumínio 100 a 500anos Pilha 100 a 500 anos Saco ou copo de plástico 200 a 400 anos Garrafa, frasco de vidro ou plástico, 1 milhão de anos indeterminado borracha FONTE: MANUAL RIO LIMPO, 2002. É de consenso que a limpeza dentro e fora de casa é importante, pois, torna o ambiente mais salubre e esteticamente agradável, evita a disseminação de animais nocivos, vetores de doenças ou das próprias doenças, evita acidentes, evita o entupimento de galerias e de águas pluviais e cursos d’água, causa de enchentes. O acúmulo de resíduos pode ainda causar outros problemas à saúde pública, pois se torna um ambiente favorável para o desenvolvimento do mosquitotransmissor da dengue – e de ratos, que através da urina transmitem a leptospirose. O maior problema é quando isso ocorre nas proximidades de rios e represas, podendo vir a contaminar a água, causando sérias doenças como verminoses, cóleras, hepatite, etc. De acordo com a Secretaria de Estado da Saúde – Departamento de Vigilância Sanitária (2004), ao ser constatada a presença de resíduos sólidos expostos às intempéries nos quintais domiciliares, terrenos baldios e fundos de vale, nestas áreas de risco, será procedida a remoção e destinação adequada, processo que será feito com a imprescindível participação da comunidade. O armazenamento, coleta e disposição final dos resíduos sólidos visando ao êxito no combate vetorial compreende os aspectos de redução, reciclagem ou reutilização, coleta de resíduos e disposição final. No entanto, cabe ao coordenador geral, juntamente com os supervisores regionais organizar a agenda dos mutirões, sempre priorizando os locais de maior risco epidemiológico (trabalho integrado com a equipe de vigilância epidemiológica), sendo necessária a execução dos mutirões com a participação de todos os órgãos públicos relacionados com esta área. Nas áreas de risco social a situação é acentuadamente pior, principalmente nas denominadas “erosões” onde a população deposita lixos domésticos e recicláveis. Por isso, enquanto ainda não existe adequada conscientização da população para todo o processo de cuidado com os resíduos sólidos, há necessidade de executar o contínuo monitoramento ambiental, com periódica remoção destes resíduos, para que não se transformem em criadouros do mosquito. Atualmente, nos municípios pertencentes a 13ª Regional de Saúde – Cianorte e, e que são áreas de risco social, e cuja estimativa populacional é de 128.000 pessoas, corre o risco de contrair dengue. Nestas localidades, os levantamentos de índice de infestação por Aedes aegypti (LIA) resultam índices elevados nos meses mais quentes, sendo seus criadouros encontrados predominantemente em materiais inservíveis espalhados em terrenos e quintais, seguido pelos vasilhames encontrados destampados destinados à coleta de água de chuva (por falta de abastecimento regular, ou para economia de tarifa de água). É sabido, segundo Plano de Contingência para controle do Aedes aegypti da13ª Regional de Saúde – Cianorte (2004) que existem localidades de risco social onde os agentes comunitários de saúde têm melhor aceitação do que os agentes de controle de dengue, para a execução dos trabalhos, devido ao vínculo já existente com a comunidade. Ressalta-se que estes profissionais recebem orientação sobre a atenção ao cuidado ambiental e necessidade de repasse das situações mais difíceis às equipes de controle de dengue nas reuniões. Além disto, a nova territorialização das equipes de controle de dengue, com menos rodízios de área de trabalho, pretende justamente levar à maior vinculação com a comunidade e estas, portanto, devem discutir conjuntamente os problemas encontrados. As campanhas de mobilização social são realizadas com palestras em escolas com atividades de orientação aos alunos para que repasse à população próxima às escolas, empresas, teatros, mobilização em praça pública, onde são realizados mutirões educativos e de limpeza, com remoção de dezenas de toneladas de lixo, num trabalho conjunto da Autarquia Municipal de Saúde. Até recentemente acreditava-se que a difusão de informações levaria à mudança de comportamento das pessoas. Atualmente, sabe-se que a informação não leva à prática, por si. Até meados da década de noventa os programas de erradicação do Aedes aegypti estavam embasados apenas na ação governamental. Esta cultura de assistencialismo e paternalismo resultou na falta de empoderamento da população nas ações de prevenção de dengue, seguindo os eixos principais do saneamento ambiental, da educação, da comunicação e da informação. Entretanto, a prática, foi centrada no combate químico e eliminação de criadouros dos mosquitos nos domicílios. Diante da necessidade de tornar as ações contra dengue mais abrangentes e duradouras, com enfoques intersetorial, multisetorial e de participação comunitária, o Programa Nacional de Controle da Dengue – 2002 (apud Plano de Contingência para controle do Aedes aegypti da 13ª Regional de Saúde – Cianorte, 2004), determinou aos Municípios que organizassem seus Comitês Municipais de Mobilização contra Dengue. Embora as ações contra dengue devam ser tecnicamente embasadas e planejadas, é imprescindível a participação da comunidade para sua sustentabilidade e efetividade e, considerando-se o porte do Município, há necessidade de descentralização e democratização de ações. Assim, estará sendo formada uma rede de pessoas integradas, o que possibilitará melhor organização e articulação dos trabalhos, cuja estratégia deverá ser definida em reunião dos Comitês Municipais de Mobilização contra Dengue, específica para esta finalidade na qual será imprescindível a participação dos representantes dos conselhos regionais de saúde, federação dos moradores e representantes dos movimentos religiosos e outras secretarias municipais. Segundo o Plano de Contingência para controle do Aedes aegypti da 13ª Regional de Saúde – Cianorte (2004), a comunicação para a saúde visa à modificação do comportamento humano e dos fatores ambientais relacionados com esse comportamento que, direta ou indiretamente, promovem saúde, previnem doenças e protegem os indivíduos dos danos. Entretanto, para que haja comunicação efetiva, há que reconhecer as diferenças de motivação dos vários grupos populacionais preparando estratégia específica para atingir cada grupo. Dengue é uma “doença democrática” que atinge a todas as classes sociais e econômicas e, portanto, a comunicação deve ser prevista a todos e, portanto, deve ser planejada. Assim, enquanto que a comunicação por rádio tem grande penetração nas classes sócio-culturais mais baixas, os artigos em revistas e jornais atingem os formadores de opinião e a televisão fecha o círculo de comunicação. Conforme a OMS (apud Plano de Contingência para controle do Aedes aegypti da 13ª Regional de Saúde – Cianorte, 2004), é imprescindível o trabalho de prevenção com crianças e adolescentes utilizando-se o estudo e criação dos materiais educativos adequados à prevenção de para as diversas faixas etárias e criando-se personagens infantis que vivenciem ações inseridas em histórias e jogos de locais como nas Feiras Livres, Centros Comunitários, etc., pois ocorrem efeitos em curto prazo, pelo poder de influência dos mesmos no ambiente familiar, e também em longo prazo, ao tornarem-se adultos mais conscientes. São, portanto, agentes ativos em seus lares e comunidades. Além da participação ativa de diferentes setores da administração pública, torna-se necessária a participação efetiva do morador na eliminação de criadouros já existentes, ou possíveis locais para a reprodução do mosquito. De acordo com Brasil (2002, p. 21) “para prevenir e controlar a dengue, a melhor maneira é impedir que o mosquito se prolifere, interrompendo seu ciclo de reprodução, ou seja, impedindo que os ovos sejam depositados em locais com água limpa e parada”. Brasil (2002) aponta algumas medidas para a prevenção da dengue, que se vê a seguir: Cuidados dentro de casa: não deixar acumular água em pratos de vasos de plantas e xaxins. Ao lavá- los, passar plano, esponja ou bucha para eliminar completamente os ovos do mosquito; lavar os bebedouros de aves e animais com uma escova, esponja ou bucha, e trocar a água, pelo menos, uma vez por semana. Cuidados fora de casa: Limpar as calhas e a laje das casas. Se tiver piscina, lembrar de que a água deve estar sempre tratada; Manter as caixas d’água, poços, latões e filtros bem fechados; Guardar garrafas vazias de boca para baixo; Eliminar a água acumulada em plantas como bambus, bananeiras, bromélias, gravatás, babosa, espada-de-São-Jorge, entre outras; Guardar pneus em locais onde não sejam alcançados pela água das chuvas; Verificar nos terrenos baldios se existem pneus, latas ou qualquer outro objeto que possa acumular água; Identificar na vizinhança a existência de casas desocupadas e localizar os donos para verificar se existem criadouros do Aedes aegypti; Cuidados com o lixo: Manter o lixo tampado e seco; Tampar garrafas plásticas descartáveis, antes de jogá-las no lixo; Separar copos descartáveis, tampinhas de garrafas, latas, embalagens plásticas, enfim, tudo o que acumula água. Colocar em saco plástico, fechar bem e jogar no lixo. Estas medidas contribuem para evitar a reprodução do mosquito da dengue para tornar os ambientes mais saudáveis e, segundo Brasil (2002, p. 24), “a acomodação e o destino do lixo é um problema que hoje atinge toda a população, tanto nas áreas urbanas quanto rurais” e ao orientar os moradores para selecionar os recipientes e guardá-los de forma adequada, se estará contribuindo para evitar que sejam jogados em rios ou deixados a céu aberto, trazendo outros problemas para a comunidade. CONSIDERAÇÕES FINAIS O controle da dengue exige, sem dúvida, um grande esforço das autoridades de saúde, mas torna-se necessário também envolver outros setores da administração de um município, a exemplo da limpeza urbana, saneamento, educação, turismo, entre outros. É importante lembrar que, para se reproduzir, o mosquito transmissor da dengue se utiliza de todo tipo de recipientes que as pessoas costumam usar nas atividades do dia a dia. Estes recipientes costumam se juntar a céu aberto, nos quintais das casas, em terrenos baldios e mesmo em lixões. Por esta razão, é necessário que as ações para o controle da dengue exijam não só a participação ativa de diferentes setores da administração pública, mas também a participação efetiva de cada morador na eliminação de criadouros já existentes, ou de possíveis locais para reprodução do mosquito. A gestão escolar no sentido de contribuir para a ampliação destas ações é de fundamental importância a curto, médio e longo prazo, pois, de imediato ajudar a resolver problemas já instalados e com o tempo a conscientização fará nascer uma política de educação entre as pessoas em que a preocupação com o meio ambiente e com a preservação da vida através da preservação do meio ambiente e da saúde humana se dará de forma tão intensa que nem mesmo será percebida por aqueles que a praticam, uma vez que esta estará incorporada aos hábitos e às atitudes comuns dos homens. REFERÊNCIAS BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. Departamento de Atenção Básica. Coordenação de Qualificação em Atenção Básica. Dengue é fácil prevenir. Brasília: Ministério da Saúde, 2002(a). BRASIL. Ministério da Saúde. Guia de vigilância epidemiológica. 5. ed. Brasília, DF: FUNASA, 2002(b). BRASIL. Fundação Nacional de Saúde. Dengue: diagnóstico e manejo clínico. Brasília: Fundação Nacional de Saúde, 2002 (c). INSTITUTO DE SAÚDE DO PARANÁ. 13ª Regional de Saúde – Cianorte. Plano de Contingência para controle do Aedes aegypti. Cianorte: 13ª Regional de Saúde, 2004. LUCCI, Elian Alabi. Geografia: O homem no espaço Global. São Paulo: Saraiva, 1997. MINISTERIO DE SALUD. Dengue. Costa Rica: Departamento de entomologia médica,2002,http://medent.usyd.edu.au/fact/dengue.Acessado em maio de 2004. NOVA, ENCICLOPÉDIA BARSA. Macropédia. V.. São Paulo: Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda, 1997. PAULINO, Wilson Roberto. Biologia. São Paulo. Ática, 2003. SEMA - Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos – RIO LIMPO: a intervenção da escola no curso do rio. Curitiba: Sema, 2001. SILVA, Jesiel Souza. A Dengue no Brasil e as Políticas de Combate ao Aedes Aegypti: da tentativa de erradicação às políticas de controle. HYGEIA, Revista Brasileira de Geografia Médica e da Saúde. 3(6):163-175, Jun/2008 VASCONCELOS, Pedro Fernando da Costa. Estudo de epidemias de dengue: uso e significados dos inquéritos soro-epidemiológicos transversais. Tese (Doutorado em Medicina) Faculdade de Medicina. Universidade Federal da Bahia. Salvador- BA, 1999.