1 RELATÓRIO DE FISCALIZAÇÃO RF-LIGHT-05/2009-SFE I

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RELATÓRIO DE FISCALIZAÇÃO
RF-LIGHT-05/2009-SFE
I - OBJETIVOS
Identificar e avaliar as causas das interrupções no sistema de distribuição subterrâneo da
Concessionária nos bairros Leblon, Lagoa, Ipanema e Copacabana no mês de novembro 2009;
Verificar a prestação de serviço adequado, satisfazendo às condições de regularidade, continuidade,
eficiência, segurança, modernidade das técnicas, dos equipamentos e da instalação e a sua conservação,
conforme estabelecido na Lei n° 8.987 de 13 de fevereiro de 1995, nas normas pertinentes e no Contrato de
Concessão no 001/96-ANEEL;
Avaliar a organização, métodos e processos, recursos humanos e materiais e técnicos da empresa;
Verificar o desempenho dos sistemas e dos equipamentos da instalação;
Identificar fatores que estão prejudicando ou possam vir a prejudicar a qualidade dos serviços de
distribuição de Energia Elétrica.
II - METODOLOGIA E ABRANGÊNCIA
Após análise dos relatórios previamente encaminhados pela Concessionária relativamente às
ocorrências no sistema subterrâneo de distribuição que atende aos bairros de Leblon, Lagoa, Copacabana e
Ipanema, a equipe de fiscalização solicitou, através das RD (Requisição de Documentos) nº. 001, 002, 003 e
004 as seguintes informações:
- Análise detalhada da ocorrência do dia 12/11/2009: Circuito Net 2 – SE Posto Seis;
- Análise detalhada da ocorrência do dia 23/11/2009: Circuito Leblon 2 – SE Leblon;
- Identificação completa dos Leblon 2 e NET2 (Pré-ocorrência):
a)
b)
c)
d)
Identificação dos cabos alimentadores (MT);
Bitola dos condutores (data de instalação/ ampacidade);
Transformadores (data de fabricação/instalação e potência);
Diagramas unifilares dos Leblon 2 e NET 2.
- Curvas de Carga (hora/hora => 24 h) para Leblon 2 e NET2 nos dias: 05/11, 11/11, 12/11, 16/11,
19/11 e 23/11;
- Análise detalhada para todas as ocorrências as atuações das proteções (sobrecarga ou defeito);
1
- Identificação completa da SE Leblon (evento 26/11- Pré-ocorrência):
a)
b)
c)
d)
Identificação dos cabos alimentadores e circuitos (MT);
Bitola dos condutores (data de instalação/ ampacidade);
Transformadores de MT (data de fabricação/instalação e potência);
Diagrama da subestação;
- Investimentos realizados na rede subterrânea no período 1998-2009;
- Cronograma físico das ações no sistema subterrâneo citadas no Relatório das ocorrências de
novembro 2009;
- Procedimentos para monitoramento de carga nos circuitos das redes subterrâneas;
- Procedimentos de manutenção preventiva e preditiva utilizados nas redes subterrâneas;
- Curvas de carga de todas as LDS (circuitos de 13.8 kV) envolvidas;
2009.
- Curvas de carga das subestações Leblon e Posto Seis no dia de maior solicitação em novembro
Os procedimentos técnicos utilizados foram:
- Análise dos relatórios das ocorrências nos dias 12, 23, e 30/11/2009;
- Análise das curvas de carga das subestações Leblon e Posto Seis;
- Análise das curvas de carga dos alimentadores de MT – LDS (Linhas de Distribuição Subterrâneas)
das subestações Leblon e Posto Seis;
- Inspeção nos Transformadores que foram substituídos (queimados) na oficina de Triagem e no pátio
da empresa reparadora em Duque de Caxias;
- Inspeção em 9 (nove) Câmaras de Transformação (CT´s);
- Entrevista com técnicos das áreas de operação e manutenção das redes subterrâneas de
distribuição;
- Pesquisa no Sistema SGD.
2
III - INFORMAÇÕES DA FISCALIZAÇÃO
A fiscalização foi realizada no período de 1º a 04 de dezembro de 2009 pela seguinte equipe técnica:
- MIGUEL GUSTAVO SILVA GIFFONI – SFE/ANEEL - Coordenador
- JESUS ROBERTO FERRER DE FRANCESCO – SFE/ANEEL
- MAURO CÉSAR NORONHA MACHADO – SFE/ANEEL
- LUIZ ROGÉRIO GOMES – SFE/ANEEL
Consultor Técnico
- Miguel Ângelo Henley Gomes Silva - DATAMAG
IV - INFORMAÇÕES DO AGENTE
Empresa: LIGHT Serviços de Eletricidade S.A.
Endereço: Av. Marechal Floriano, 168, Centro, Rio de Janeiro – RJ, CEP: 20080-002
Telefone: (0XX21) 2211 7202
V - CONSTATAÇÕES
V.1 - Técnica
Constatação (C.1) – Suprimento
O suprimento às redes de distribuição subterrâneas que alimentam os bairros de Copacabana,
Lagoa, Leblon e Ipanema é realizado através das subestações Leblon e Posto Seis, ambas com potência
instalada de 120 MVA.
A equipe de fiscalização inspecionou as referidas subestações em 02/12/2009 constatando que as
mesmas encontram-se em adequado estado de conservação e não apresentam sobrecarga. A análise das
curvas de carga nos dias de máxima solicitação em novembro de 2009 mostra que a ponta de carga ocorre
às 15h00min (em ambas as subestações), coincidente com o início da interrupção em 23/11/2009.
Apesar de as subestações não apresentarem sobrecarga, nota-se que o fator de carga é elevado,
respectivamente 0,81 e 0,87.
3
hora
1:00
2:00
3:00
4:00
5:00
6:00
7:00
8:00
9:00
10:00
11:00
12:00
13:00
14:00
15:00
16:00
17:00
18:00
19:00
20:00
21:00
22:00
23:00
0:00
Fcarga
SE Leblon SE Posto 6
27/11/2009 23/11/2009
(A)
(A)
1.936
2.717
1.728
2.585
1.656
2.488
1.615
2.433
1.595
2.397
1.607
2.425
1.682
2.506
1.961
2.743
2.313
3.051
2.552
3.232
2.631
3.277
2.725
3.314
2.737
3.372
2.780
3.404
2.797
3.412
2.706
3.356
2.678
3.323
2.620
3.222
2.484
3.134
2.488
3.116
2.417
3.088
2.407
3.071
2.205
3.011
1.991
2.825
0,81
0,87
SE Leblon
Fachada do prédio da SE Leblon
Relé digital – Circuito LDS 9640
4
Verificação do carregamento das LDS
Transformador de força 40 MVA 138/13,8 kV
SE Posto Seis
Fachada do prédio da SE Posto seis
Painéis de controle e proteção dos LDS
Fica assim constatado que as duas subestações, SE Leblon e SE Posto Seis, estão em boas
condições de carregamento e operam em condições satisfatórias.
Constatação (C.2) – Ocorrências no Sistema Subterrâneo
Foi solicitado através da Requisição de Documentos (RD) nº. 001 o detalhamento das principais
ocorrências que ocasionaram a presente fiscalização. Uma descrição sucinta dos eventos é apresentada a
seguir:
1) Ocorrência do dia 12/11/2009: Sistema reticulado NET 2 – SE Posto Seis
a) Indisponibilidade inicial do circuito: LDS 9043. No cenário do evento já havia um circuito
indisponível para Operação (circuito LDS 9043) desde o dia 08/11/2009. A causa da indisponibilidade foi uma
falha no cabo subterrâneo com atuação da proteção 50 N (falha de isolamento fase-terra). Segundo a
Concessionária, “foi realizado teste dielétrico no cabo e constatado o defeito”.
5
b) Desligamento pela proteção do 2º. circuito (LDS 9009) e dos 4 (quatro) transformadores das
Câmaras de Transformação (CTs) a ele pertinentes, às 20h25min do dia 12/11/2009. O circuito foi desligado
por atuação do relé 50 N (falha de isolamento fase-terra).
Portanto, a falha no circuito LDS 9009 caracterizou-se como uma segunda contingência no sistema
reticulado NET 2 da SE Posto Seis.
c) Desligamento pela proteção do 3º. e 4º. circuitos (LDS 9306 e LDS 9127).
O circuito LDS 9306 desarmou às 20h33min do dia 12/11/09, pela atuação dos relés 50, fases A e C,
caracterizando-se como a terceira contingência naquele sistema primário (13.8 kV).
Meia hora depois, mais precisamente às 21h03min do dia 12/11/2009, houve o desligamento do
circuito LDS 9127 pela atuação do relé 50 N, ou seja, caracterizando-se como a quarta contingência no
sistema NET 2 do Posto Seis.
Por fim, às 21h05 a Concessionária decidiu desligar completamente o sistema subterrâneo NET 2 da
SE Posto Seis por questões de segurança operacional.
2) Ocorrência do dia 23/11/2009: Sistema reticulado Leblon 2 – SE Leblon
a) Indisponibilidade inicial do circuito: LDS 9370
Do mesmo modo que a ocorrência anterior, novamente havia um circuito indisponível para operação
(LDS 9370) desde a data de 19/11/2009. A causa da indisponibilidade foi uma falha no cabo subterrâneo com
atuação da proteção 50 N (falha de isolamento fase-terra). Segundo a Concessionária, “foram substituídas a
emenda de transição trifásica e a emenda de derivação de chumbo, além do defeito na chave à óleo.”
b) Desligamento pela proteção do 2º. circuito (LDS 9739) às 22h50min do dia 22/11/2009. Foram
encontrados defeitos nos Transformadores das CTs - 3484 e 1498. O circuito foi desligado pela atuação do
relé 50 N (falha de isolamento fase-terra).
Portanto, a falha no circuito LDS 9739 caracterizou-se como a segunda contingência no sistema
reticulado Leblon 2 da SE Leblon.
c) Desligamento pela proteção do 3º. circuito (LDS 9640) às 15h50min do dia 23/11 pela atuação do
relé 50 N (falha de isolamento fase-terra). Após essa terceira contingência o sistema subterrâneo Leblon 2 da
SE Leblon foi desligado pela Concessionária por medida de segurança operacional.
3) Ocorrência do dia 30/11/2009: (Circuito subterrâneo radial – LDS 1776 – SE Leblon)
a) Indisponibilidade inicial do circuito: LDS 1806
Ressalta-se que a carga alimentada pelo circuito LDS 1806 encontrava-se transferida para o circuito
LDS 1776, por motivos de manutenção.
6
b) Desligamento pela proteção do circuito radial (LDS 1776) às 23h17min do dia 30/11/2009 pela
atuação da proteção 50 N;
c) As 00h01min do dia 01/12/2009 parte do circuito LDS 1776 foi energizado;
d) As 00h23min do dia 01/12/2009 foi restabelecido o último trecho do circuito LDS 1776;
e) As 00h36min do dia 01/12/2009 foi iniciado o processo de restabelecimento do circuito LDS 1806
através do circuito de recurso LDS 1776;
f) As 00h50min do dia 01/12/2009 foi restabelecido mais um trecho do circuito LDS 1806;
g) As 01h00min do dia 01/12/2009 foi restabelecido o último trecho atendido pelo circuito LDS 1806,
através do circuito LDS 1776;
h) Segundo a Concessionária, foi identificado furto de bóia que acarretou a inundação da CT (Câmara
Transformadora) impedindo assim o restabelecimento de um trecho de cabo de média tensão.
7
9
Área das Ocorrências
8
10
11
8 SE Leblon (13,8 kV); SE Posto Seis (13,8 kV)
9 Rede Subterrânea 13,8 kV
10 Rede Secundária Interligada (220 V)
11
Câmaras Transformadoras (CTs)
8
Acesso às Câmaras Transformadoras(CTs)
Constatação (C.3) – Manutenção
I – Inexistência de Manutenção (Preventiva e Preditiva);
Através da RD nº. 002 foi solicitado que a Concessionária apresentasse os procedimentos de
manutenção preditiva / preventiva utilizados pela empresa na rede subterrânea, incluindo sua periodicidade.
Em resposta a empresa apresentou os seguintes documentos:
- IS-001-06 “Manutenção Preventiva e Corretiva em Protetores Network”;
- PTL 0303DT/99-R0 – Instalação, Operação e Manutenção Preventiva de Chaves de Manobra a
Óleo da Rede de Distribuição Subterrânea;
- PTL 0368DT/08-R0 – “Inspeção e Reparos em Câmaras Transformadoras”.
Primeiramente, foi constatado que tais documentos continham apenas procedimentos genéricos de
inspeção e manutenção, sendo os principais descritos a seguir:
a) Chaves de manobra à Óleo:
- verificação da presença de ruídos;
- exame visual do tanque;
- inspeção visual para verificação de vazamentos;
- verificação de acessórios.
9
b) Câmaras de Transformação:
- verificação de vazamentos de óleo;
- verificação de Infiltração de água;
- verificação de temperatura e pressão;
- execução de limpeza total da câmara (paredes e pisos).
Entretanto, em diligência ao setor de manutenção subterrânea da Concessionária, foi constatado que
tais procedimentos tinham pouca efetividade prática pelas seguintes evidências:
- Não há gestão sistematizada de manutenção da rede subterrânea;
- Não há cadastramento dos equipamentos onde se possa identificar o histórico de intervenções em
transformadores e demais equipamentos;
- Não há rotina de inspeção sistematizada;
- Planilhas de inspeção não preenchidas ou preenchidas incompletamente;
- Não há manutenção preventiva, somente corretiva, ou seja, a Concessionária somente atua após a
falha do equipamento ou reclamação do consumidor;
- A Concessionária não emprega nenhuma técnica preditiva na rede subterrânea (análise
cromatográfica, físico-química, termovisão, etc.), onde se possa predizer uma possível falha nos
equipamentos e circuitos da rede subterrânea;
Inspeção nas Câmaras de Transformação Subterrâneas (CT´s)
Foram inspecionadas 9 (nove) câmaras de transformação (CT´s) tendo sido constatado:
- Transformadores operando a temperaturas elevadas;
- Transformadores em final de vida útil;
- Transformadores em mau estado de conservação;
- Vazamento de resina asfáltica na caixa de MT (13,8 kV);
- Vazamento de óleo em cabos de MT e BT;
- Corrosão em radiadores e tanque;
- Furto de malha de terra e de condutores de BT.
10
A seguir são evidenciadas algumas das constatações citadas:
Transformador em CT subterrânea (em operação)
Radiadores de Trafo em precário estado
de conservação (em operação)
Vazamento de óleo em cabos de BT
Vazamento em Transformador de
CT (em operação)
Vazamento de resina asfáltica na
caixa de MT
11
Terminações de 13,8 kV com sujeira e vazamentos de óleo
Cabos de papel
vazamento de óleo
impregnado
com
Equipamentos e cabos energizados em precário
estado de conservação e expostos diretamente no
solo
Portanto, as constatações acima comprovam que em matéria de gestão da manutenção e
conservação dos ativos a rede subterrânea da Concessionária fica aquém de padrões minimamente
aceitáveis de manutenção e conservação.
12
Não-Conformidade (N.1)
A LIGHT não está cumprindo o disposto no art. 132 do Decreto nº. 41.019 de 26 de fevereiro de 1957,
que trata da conservação dos ativos, e estabelece:
Decreto nº. 41.019, de 26 de fevereiro de 1957
[...]
Art. 132. A operação e a conservação deverão ser aparelhadas e organizadas de modo a
assegurar a continuidade e a eficiência dos fornecimentos, além da segurança das
pessoas e a conservação dos bens e instalações nelas empregados. (grifos nosso)
Prazo para regularização: 15 dias
Constatação (C.4) – Operação
II – Sobrecarga nos Transformadores e Alimentadores de MT (13.800 Volts)
Foram solicitadas os dados das curvas de carga dos alimentadores do circuito Leblon 2 para o
período entre 05 e 23/11/2009 (data da grande interrupção).
As curvas de carga foram confrontadas com a capacidade de condução de corrente dos condutores
dos alimentadores (LDS) fornecidas pela Concessionária e, aos registros das temperaturas máximas
ocorridas no Rio de Janeiro obtidas no site do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet.gov.br).
Foi solicitado também na RD nº. 001 as curvas de Carga (hora/hora em 24 hs) dos circuitos
reticulados (NET) das SE Leblon e Posto Seis dos dias 05/11, 11/11, 12/11, 16/11, 19/11 e 23/11. Para os
circuitos da SE Leblon é mostrado o desempenho a seguir:
Circuito Net 2 (Leblon 2) – SE Leblon: Período 05 a 23/11/2009
13
Pela análise das curvas de carga solicitadas, pôde-se comprovar que o circuito LDS 9640 é o mais
carregado, com a corrente em diversos períodos superando o valor de ampacidade do cabo de 120 mm2:
Identificação do Leblon 2 - SE Leblon (Resposta da Light à RD nº. 001 de 01/12/2009).
Nº. do cabo
9114
9640
9739
9010
9450
9220
9580
9370
Bitola
Ampacidade (A)
120 mm²
206
120 mm²
206
120 mm²
206
120 mm²
206
120 mm²
206
120 mm²
206
120 mm²
206
120 mm²
206
Após análise das temperaturas máximas ocorridas no Rio de Janeiro pelo site do INMET – Instituto
Nacional de Meteorologia (inmet.gov.br) foi constatado que as curvas de carga solicitadas correspondem aos
dias em que a temperatura ambiente apresentou valores elevados conforme a tabela a seguir:
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Data
05/11/2009
11/11/2009
12/11/2009
16/11/2009
19/11/2009
23/11/2009
θ
minima
21,1 °C
21,1 °C
21,1 °C
19,2 °C
19,4 °C
24,3 °C
θ
máxima
40,2 °C
40,2 °C
32,0 °C
30,9 °C
39,8 °C
37,6 °C
UR
41,00%
41,00%
70,00%
68,00%
38,00%
54,00%
Chuva (mm)
7,1
7,1
13,5
43,4
0
0
A análise das curvas de carga e da tabela de temperaturas máximas nos dias considerados mostra
que o sistema subterrâneo naquela região não suportou ao aumento de carga devido às altas temperaturas
registradas. Existem estudos que comprovam que a carga na área Rio é fortemente influenciada pela
temperatura ambiente1.
Análise do carregamento do circuito de média tensão LDS 9640 (13.8 kV)
M.A.H.G. Silva; Uma contribuição para a análise da influência da temperatura ambiente no consumo de Energia Elétrica. XV
SEMINÁRIO NACIONAL DE DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA - SENDI 2002.
1
15
Portanto, pela análise das curvas de carga apresentadas pela Concessionária foi constatado que tal
circuito operou no limite (ou acima do limite) da capacidade em diversos dias anteriores à ocorrência do dia
23/11. Tal fato aliado as altas temperaturas da cidade, a idade avançada de muitos circuitos e alimentadores,
a indisponibilidade prévia de circuitos, a inexistência de um controle de carregamento e a inexistência de
manutenção nesses circuitos, deram causa ao desligamento desse circuito na ocorrência do dia 23/11/2009.
Não-Conformidade (N.2)
A LIGHT não está cumprindo o disposto no art. 132 do Decreto nº. 41.019 de 26 de fevereiro de 1957,
no que trata da operação voltada a assegurar a continuidade e eficiência do fornecimento, e estabelece:
Decreto nº. 41.019, de 26 de fevereiro de 1957
[...]
Art. 132. A operação e a conservação deverão ser aparelhadas e organizadas de modo a
assegurar a continuidade e a eficiência dos fornecimentos, além da segurança das
pessoas e a conservação dos bens e instalações nelas empregados. (grifos nosso)
Contrato de Concessão nº. 001/96
[...]
CLÁUSULA SEGUNDA - CONDIÇÕES DE PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS
Primeira Subcláusula - A CONCESSIONÁRIA obriga-se a adotar, na prestação dos
serviços, tecnologia adequada e a empregar equipamentos, instalações e métodos
operativos que garantam níveis de qualidade, continuidade e confiabilidade
estabelecidos pelo PODER CONCEDENTE para os serviços de energia elétrica. (grifos
nosso)
Prazo para regularização: 15 dias
16
Constatação (C.5) – Redes de Distribuição Subterrânea
III – Utilização de ativos superados na rede subterrânea
A equipe de fiscalização procedeu inspeção nos transformadores avariados que foram substituídos
durante as interrupções, tendo constatado que algumas unidades apresentavam data de fabricação de quase
50 anos em operação e em condições precárias.
Transformador
LP 31794
LP 9891
LP 13906
LP 27094
Potência (kVA)
500 kVA
500 kVA
500 kVA
500 kVA
Fabricante
Siemens
Brown Boveri
Brown Boveri
Coemsa
Ano
Fabricação
ND
06/1961
06/1967
1975
de
Transformador LP 31794
Transformador LP 9891
17
Transformador LP 13906
Transformador LP 27094
Não-Conformidade (N.3)
A LIGHT não está cumprindo o disposto no art. 6º. §§ 1º. e 2º. da Lei nº. 8.987, de 13 de fevereiro de
1995, no que trata da operação voltada a assegurar a continuidade e eficiência do fornecimento, e
estabelece:
Lei nº. 8.987, de 13 de fevereiro de 1995
[...]
Art. 6º. Toda concessão ou permissão pressupõe a prestação de serviço adequado
ao pleno atendimento dos usuários, conforme estabelecido nesta Lei, nas normas
pertinentes e no respectivo contrato.
18
§ 1º Serviço adequado é o que satisfaz as condições de regularidade, continuidade,
eficiência, segurança, atualidade, generalidade, cortesia na sua prestação e modicidade
das tarifas.
§ 2º A atualidade compreende a modernidade das técnicas, do equipamento e das
instalações e a sua conservação, bem como a melhoria e expansão do serviço. (grifos
nosso)
Contrato de Concessão nº. 001/96
CLÁUSULA SEGUNDA - CONDIÇÕES DE PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS
Primeira Subcláusula - A CONCESSIONÁRIA obriga-se a adotar, na prestação dos
serviços, tecnologia adequada e a empregar equipamentos, instalações e métodos
operativos que garantam níveis de qualidade, continuidade e confiabilidade
estabelecidos pelo PODER CONCEDENTE para os serviços de energia elétrica. (grifos
nosso)
Prazo para regularização: 15 dias
Determinação (D.1)
A Concessionária deverá apresentar à ANEEL/SFE, face às Não-Conformidades verificadas, e, em
função do período de crescimento da demanda que se aproxima (verão com grande afluência de turistas na
cidade), um Plano Emergencial, com cronograma de ações de curto prazo para identificação e eliminação dos
pontos vulneráveis em seus sistemas subterrâneos.
Prazo para cumprimento: 15 dias
Constatação (C.6) – Redes de Distribuição Subterrânea
IV – Inexistência de Planejamento, Gestão e Controle da Demanda Incremental por Unidade
Transformadora
Foi constatado que não há na Concessionária uma gestão do controle da carga por Unidade
Transformadora com fins de se prever uma situação de sobrecarga, ou ultrapassagem dos limites de
capacidade dos circuitos/equipamentos. Em consulta ao módulo SGD do Sistema SAP, foi verificado que o
mesmo prevê as informações de carregamento, porém não são alimentadas.
A figura a seguir representa a tela do SGD onde constam os campos para controle de carregamento.
19
Portanto, num quadro onde a empresa não domina o controle sobre a demanda atual e futura de seu
mercado de energia elétrica, - com as diversas variáveis inerentes ao processo como temperatura,
sazonalidades, crescimento vegetativo - é de se esperar que a empresa fique a mercê de desligamentos
intempestivos e seja surpreendida com o aumento da demanda na sua área de atuação.
Não-Conformidade (N.4)
A LIGHT não está cumprindo o disposto, na Segunda Subcláusula da CLÁUSULA QUARTA do
Contrato de Concessão nº 001/96 que dispõe que:
Contrato de Concessão nº. 001/96
[...]
CLÁUSULA QUARTA
Segunda Subcláusula - A CONCESSIONÁRIA obriga-se a estabelecer novas instalações
e a ampliar e modificar as existentes, de modo a garantir o atendimento da atual e futura
demanda de seu mercado de energia elétrica, observadas as normas e recomendações
dos órgãos gerenciadores do Sistema Elétrico Nacional e do PODER CONCEDENTE, que
sejam de caráter geral e aplicáveis a outras concessionárias dos serviços públicos de
energia elétrica. (grifos nosso)
Prazo para regularização: 15 dias
20
Constatação (C.7) – Redes de Distribuição Subterrânea
Quadro Resumo dos Eventos:
Ocorrência do dia 09/11/2009 - NET 2 – SE Posto Seis
Evento
Circuito
data
hora
relé
1º
LDS 9043
8/nov
18:25
50 N
2º
LDS 9009
12/nov
20:25
50 N
3º
LDS 9306
12/nov
20:33
50 A, C
4º
LDS 9127
12/nov
21:03
50 N
tipo
Sobrec. Inst. de
Neutro
Causa
Defeito em cabo subterrâneo de
13.8 kV
Sobrec. Inst. de
Neutro
Defeito em cabo subterrâneo de
13.8 kV e em 4 Transformadores
Sobrec. Instantâneo
Sobrec. Inst. de
Neutro
Sobrecarga
Defeito em cabo subterrâneo de
13.8 kV
Ocorrência do dia 23/11/2009 - NET 2 – SE Leblon
Evento
Circuito
data
hora
relé
tipo
Causa
1º
LDS 9370
19/nov
02:12
50 N
Sobrecorrente Inst. de Defeito em cabo subterrâneo de
Neutro
13.8 kV
2º
LDS 9739
22/nov
22:50
50 N
Sobrecorrente Inst. de Defeito em 3 Transformadores das
Neutro
CTs 3484 e 1498
3º
LDS 9640
23/nov
15:50
50 N
Sobrecorrente Inst. de Defeito em cabo subterrâneo de
Neutro
13.8 kV
Dos eventos mostrados anteriormente, ficam evidentes as seguintes conclusões:
I – Indisponibilidade inicial de circuitos de 13,8 kV devido a falhas anteriores, acarretando
elevação da carga nos demais. Tal fator ocasionou, em todos os casos analisados, a perda do 2º. circuito (por
falha em cabo de 13.8 kV ou no Transformador) quando este assumiu parcela da carga do circuito
indisponível;
II - Alto índice de atuação da proteção fase-neutro (50 N) dos alimentadores de média tensão
(13.800 Volts). Tal freqüência demonstra a fragilidade da suportabilidade do isolamento de tais circuitos e
transformadores das CTs.
III – Observou-se que após a perda do 2º. circuito, ocorrem desligamentos cascata nos circuitos
de média tensão (13.8 kV), fruto da sobrecarga gerada nos circuitos restantes.
É importante notar que as principais ocorrências tiveram início com uma indisponibilidade inicial de
circuito, levando a uma elevação da carga nos demais circuitos/transformadores de 13.8 kV.
Portanto, tais eventos demonstram que, na situação atual, os circuitos/ equipamentos de média
tensão ali instalados não suportam a sobrecarga ocasionada por uma contingência simples em conjunção
com a ponta de carga do sistema e altas temperaturas.
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Ressalta-se o fato de que, se em condição normal os circuitos já operavam perto do seu limite de
carregamento, esta condição ficou agravada pela indisponibilidade inicial, pelas altas temperatura nas datas
dos eventos, pela ponta de carga do sistema metropolitano (20 às 23 h) e pela precária condição de
conservação/manutenção de circuitos e transformadores em diversos pontos da rede subterrânea daquela
região.
Assim, tais pontos formam ilhas de vulnerabilidade, levando a uma conseqüente atuação em cascata
da proteção, à medida que uma segunda contingência acontece.
Após a análise de todas as ocorrências, constatações feitas in loco, nas câmaras subterrâneas e no
departamento de manutenção da Concessionária, podemos concluir que os desligamentos ocorridos em
novembro/2009 nos sistemas subterrâneos do Leblon, Copacabana e Ipanema não tiveram causa devida a
um só fator, mas uma congregação de fatores que foram:
I– Sobrecarga nos transformadores e cabos condutores de MT;
II – Inexistência de Manutenção (Preventiva e Preditiva);
III – Utilização de equipamentos superados em idade avançada (superados e depreciados);
IV – Inexistência de gestão do carregamento (alimentadores e transformadores).
VI - CONCLUSÃO
Na presente fiscalização foram encontradas anormalidades que não se coadunam com a definição de
prestação do serviço adequado (Lei nº. 8.987/95). Dentre as constatações destacam os seguintes pontos:
No aspecto da Manutenção:
- Não há gestão sistematizada de manutenção da rede subterrânea;
- Não há cadastramento dos equipamentos onde se possa identificar o histórico de intervenções em
transformadores e demais equipamentos;
- Não há rotina de inspeção sistematizada;
- Planilhas de inspeção não preenchidas ou preenchidas incompletamente;
- Não há manutenção preventiva, somente corretiva, ou seja, a Concessionária somente atua após a
falha do equipamento ou reclamação do consumidor;
- A Concessionária não emprega nenhuma técnica preditiva na rede subterrânea (análise
cromatográfica, físico-química, termovisão, etc.), onde se possa predizer uma possível falha nos
equipamentos e circuitos da rede subterrânea;
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No aspecto Operacional:
- Verificou-se que diversos circuitos operam no limite de sua capacidade nominal. Assim, numa
simples, ou no máximo, dupla contingência alguns circuitos (alimentadores e transformadores) entram em
regime de sobrecarga;
- Não há gestão sistematizada pela Concessionária sobre a carga incremental na rede subterrânea.
No aspecto dos investimentos na rede subterrânea:
- Constatou-se que existem diversos equipamentos superados e depreciados em operação na rede
subterrânea, alguns deles com quase 50 anos de operação. Tal fato aliado à ausência de manutenção e às
altas temperaturas da cidade, corroboraram para a consumação dos eventos. Portanto, preocupa o destino
que a Concessionária tem dado aos recursos provenientes da depreciação, destinados à substituição dos
ativos.
Assim, a situação requer a tomada de medidas urgentes pela Concessionária, uma vez que se
aproxima o período de veraneio na cidade, com altas temperaturas e densa população flutuante, visando a
identificação e a conseqüente eliminação dos pontos vulneráveis no curto prazo, para após implantar um
plano de investimentos em médio/longo prazo na rede subterrânea.
VII - EQUIPE DE FISCALIZAÇÃO
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MIGUEL GUSTAVO SILVA GIFFONI
Coordenador
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JESUS ROBERTO FERRER DE FRANCESCO
_______________________________________________________
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LUIZ ROGÉRIO GOMES
MAURO CÉSAR NORONHA MACHADO
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