Gabriela Gomes Cardoso Rodrigues

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UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO - UNINOVE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTU SENSU
GABRIELA GOMES CARDOSO RODRIGUES
“EFEITO DA TOXINA URÊMICA INDOXIL SULFATO EM
CULTURA DE MIOBLASTOS C2C12 TRATADOS OU NÃO COM
LASER DE BAIXA POTÊNCIA”
SÃO PAULO
2015
UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO - UNINOVE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTU SENSU
GABRIELA GOMES CARDOSO RODRIGUES
“EFEITO DA TOXINA URÊMICA INDOXIL SULFATO EM
CULTURA DE MIOBLASTOS C2C12 TRATADOS OU NÃO COM
LASER DE BAIXA POTÊNCIA”
Dissertação
de
mestrado
apresentada de Pós- Graduação
em
Medicina
da
Universidade
Nove de Julho como requisito para
obtenção do título de Mestre.
Orientador: Prof. Humberto Dellê
SÃO PAULO
2015
Rodrigues, Gabriela Gomes Cardoso.
Efeito da toxina urêmica indoxil sulfato em cultura de mioblastos C2
C12 tratados ou não com laser de baixa potência. / Gabriela Gomes
Cardoso Rodrigues. 2015.
64 f.
Dissertação (mestrado) – Universidade Nove de Julho - UNINOVE,
São Paulo, 2015.
Orientador (a): Prof. Dr. Humberto Dellê.
1. Miopatia urêmica. 2. Doença renal crônica. 3. Toxinas urêmicas.
I. Dellê, Humberto. II. Titulo
CDU 616
“Talvez não tenha conseguido fazer o
melhor, mas lutei para que o melhor
fosse feito. Não sou o que deveria ser.
mas Graças a Deus, não sou o que
era antes.”
DEDICATÓRIA
Primeiramente à Deus, pela minha vida e pela paz e força nos
momentos em que me encontrei incapaz de prosseguir;
Ao meu esposo Marcos Antonio Rodrigues que sempre acreditou nos
meus sonhos, me apoiou, encorajou e incentivou a continuar mesmo quando
eu pensava em desistir e não deixou nossa união se abalar mesmo nos vendo
apenas aos finais de semana;
Aos meus avós Jandira Gomes de Lima e Dorival de Lima Cardoso
principais responsáveis pela minha vida e a quem devo meu caráter e sempre
acreditam no meu potencial.
AGRADECIMENTOS
À Universidade Nove de Julho, que aceitou me receber no programa de
Mestrado e acreditou no meu profissionalismo;
À minha mãe Sandra Ap. Gomes Cardoso que acreditou no meu sonho
e abriu a porta de sua casa, além de todo auxílio, amor e compreensão;
Ao professor Humberto Dellê, que muito me ajudou nos experimentos
em um primeiro momento, me acolheu de bom grado no segundo ano de
mestrado e soube entender minhas limitações e dificuldades;
Ao professor Fellype de Carvalho Barreto que foi meu primeiro
orientador e amigo que acreditou e me direcionou nessa dissertação;
À minhas co-orientadoras professora Raquel Agneli Mesquita Ferrari e
Kristianne Porta Santos Fernandes que sempre me auxiliaram e acreditaram no
meu trabalho;
A professora Maria Aparecida Dalboni por ceder seu laboratório e me
direcionar para o melhor entendimento do indoxil sulfato;
Ao Laboratório de Nefrologia da Unifesp e aos doutorandos Tárcisio e
Caren que me ajudaram para a obtenção dos resultados de citometria de fluxo;
Aos meus amigos de mestrado Adriano, Lucas, Adilson, Regiane, José,
Mozânia, Otávio e Fábio que me fizeram rir, chorar e continuar a lutar sempre
por pior que o momento fosse;
A meus amigos Beatriz Gasperazzo e Vinicius Cardoso que sempre
estiveram ao meu lado, ajudando nos experimentos e contribuindo com
conhecimento e pela paciência;
Aos Dellezinhos Camila, Rodrigo, Yves, Diego, Luiz e Chrisna por toda a
ajuda para obtenção dos resultados e pelas risadas;
A minhas alunas de iniciação cientifica Giulianna Sibillo e Renata Tarraf
por dedicação e auxilio;
E a todas as pessoas que direta ou indiretamente colaboraram para o
sucesso deste trabalho.
SUMÁRIO
Resumo
1. Introdução
1.1.Doença renal crônica...........................................................................................
10
1.2.Miopatia urêmica..................................................................................................
11
1.3.Toxinas urêmicas – indoxil sulfato........................................................................
13
1.4. Considerações gerais sobre o músculo esquelético
1.4.1. Células satélites...................................................... .......................................
16
1.4.2. Miogênese.....................................................................................................
18
1.4.3. Interleucina 6.................................................................................................
21
1.5. Estresse oxidativo................................................................................................
22
1.5.1. Óxido nítrico...................................................................................................
23
1.6. Terapia com laser de baixa potência (LBP)...............................................................
24
2.Objetivos.............................................................................. ..........................................
26
3. Material e Métodos
3.1. Células musculares esqueléticas (C2C12)...........................................................
27
3.2. Indoxil sulfato (IS).......................................................... .......................................
27
3.3. Cultivo Celular......................................................................................................
28
3.4. Condições de tratamento................................................................. .....................
29
3.5. Irradiação com laser de baixa potência................................................................
29
3.6. Ensaio de atividade mitocondrial (MTT)..............................................................
30
3.7. Ensaio de viabilidade e necrose por citometria de fluxo (PI)................................
31
3.8. Determinação da produção de nitrito com avaliação de estresse oxidativo
32
3.9. Avaliação de estresse oxidativo por DPPH..................................................
33
3.10. Análise da expressão de IL-6, Miogenina e MyoD por PRC em tempo
real......................................................................................................................... ...........
34
3.10.1. Extração de RNA total...............................................................................
34
3.10.2. Síntese de cDNA.......................................................................................
35
3.10.3. PCR em real time – qPCR.........................................................................
35
4. Análise estatística.........................................................................................................
36
5. Resultados
5.1. Análise da atividade mitocondrial por MTT.........................................................
37
5.2. Viabilidade celular e necrose amalisado por citometria de fluxo.........................
41
5.3. Análise de estresse oxidativo: mensuração de nitrito pelo método de Griess e
citometria de fluxo............................................................................. ................................
44
5.4. Avaliação sobre diferenciação
5.4.1. Cultura de células C2C12................................................................................
46
5.4.2. Expressão de IL-6............................................................................................
47
5.4.3. Expressão de miogenina e fator de diferenciação miogênica (MyoD)............
48
6. Discussão................................................................................................. ....................
49
7. Conclusão................................................................................................................. ...
53
8. Referências Bibliográficas............................................................................................
55
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1. (A) Célula satélite. (B) ilustração da localização da célula satélite em
relação à fibra muscular esquelética. Imagem através de microscopia eletrônica
na primeira descrição da célula satélite documentada na literatura cientifica 24.
Sp= célula satélite; bm= membrana basal; mp= fibra muscular
esquelética........................................................................................................ 17
Figura 2. Modelo das etapas de desenvolvimento do músculo esquelético.
Primeiramente ocorre a multiplicação celular mediada por fatores de
crescimento; na ausência de fatores de crescimento, as células começam a se
alinhar e cessam a multiplicação. Após esta etapa as células se fundem em
miotubos e a fibra muscular finalmente se forma e apresenta contração
espontânea 32.................................................................................................... 19
Figura 3. Esquema demonstrativo adaptado 35 dos principais eventos durante a
miogênese do músculo estriado esquelético. Para tanto, os mioblastos
proliferam-se e são induzidos a sofrerem diferenciação em miotubos e
posteriormente passam por uma fase de maturação com a formação das
miofibras........................................................................................................... 20
Figura 4. Viabilidade das células C2C12 após 24 horas de incubação, avaliada
através da atividade mitocondrial (ensaio MTT). a p<0,05 vs. Controle; b p<0,05
vs. IS 0,6; c p<0,05 vs. IS 53............................................................................. 39
Figura 5. Viabilidade das células C2C12 após 48 horas de incubação, avaliada
através da atividade mitocondrial (ensaio MTT). a p<0,05 vs. Controle; b p<0,05
vs. IS 0,6; c p<0,05 vs. IS 53; f p<0,05 vs IS 0,6 + LBP.................................... 39
Figura 6. Viabilidade das células C2C12 após 72 horas de incubação, avaliada
através da atividade mitocondrial (ensaio MTT). a p<0,05 vs. Controle....pág. 40
Figura 7. Representação dos resultados de viabilidade e necrose adquiridos
por citometria de fluxo....................................................................................... 41
Figura 8. Viabilidade das células C2C12 avaliada por citometria de fluxo após
72 horas de incubação com IS......................................................................... 42
Figura 9. Viabilidade das células C2C12 avaliada por citometria de fluxo após
72 horas de incubação com IS e com tratamento com LBP. * p<0,05 vs.
Controle............................................................................................................ 42
Figura 10. Mortalidade por necrose das células C2C12 avaliada por citometria
de fluxo após 72 horas de incubação com IS. * p<0,05 vs. Controle............... 43
Figura 11. Mortalidade por necrose das células C2C12 avaliada por citometria
de fluxo após 72 horas de incubação com IS e com tratamento com
LBP................................................................................................................... 43
Figura 12. Curva padrão para ensaio de nitrito. Os valores mensurados no
sobrenadante das células C2C12 não atingiram os padrões da curva............ 44
Figura 13. Imagens de células C2C12 sem estímulo (A) e estimuladas com
soro de cavalo para diferenciação em miotubos. Aumento de 100X................ 46
Figura 14. Expressão de IL-6 em células C2C12 após 72 horas de incubação
com IS na concentração de 236 mg/l............................................................... 47
Figura 15. Expressão de miogenina em células C2C12 após 72 horas de
incubação com IS na concentração de 236 mg/l.............................................. 48
Figura 16. Expressão de MyoD em células C2C12 após 72 horas de incubação
com IS na concentração de 236 mg/l............................................................... 49
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. A classificação atual de solutos de retenção urêmica.................... 14
Tabela 2. Grupos e condições experimentais. Todo meio DMEM utilizado nos
ensaios continha SC 2 % e os mesmos parâmetros do laser........................ 29
Tabela 3. Parâmetros dosimétricos do LBP................................................... 30
Tabela 4. Seqüência de primers específicos para os genes.......................... 36
Tabela 5. Atividade mitocondrial avaliada pelo ensaio do MTT. Variação da
atividade mitocondrial em relação ao Controle. A análise estatística está
representada nos gráficos abaixo da tabela.................................................. 38
Tabela 6. Viabilidade celular e mortalidade avaliadas por citometria de
fluxo............................................................................................................... 41
Tabela 7. Análise do estresse oxidativo através de citometria de fluxo........ 45
LISTA DE ABREVIATURAS
AsGa – Arsento de Gálio
ATP – Adenosina trifosfato
cm2 – Centímetro quadrado
CS – Célula satélite
CTE – Cadeia de transporte de elétrons
DMEM – Meio Eagle Modificado por Dulbecco
DNA – Ácido desoxirribonucléico
DPPH – Determinação de atividade antioxidante
DRC – Doença renal crônica
ERO/ROS – Espécies reativas de oxigênio
EuTox – European Uremic Toxin Work Group
EDTA - Ácido etilenodiamino tetra-acético
FGF-23 – Fator de crescimento fibrótico 23
FRM – Fatores regulatórios miogênicos
G - Giros
IL- 1β – Interleucina um beta
IL – 6 – Interleucina seis
IL-8 – Interleucina oito
IS – Indoxil sulfato
J - Jaules
J/cm2– Joules por centímetro ao quadrado
l – litro
LBP – Laser de baixa potência
mg – Miligramas
ml – Mililitros
mM - Milimolar
mW - Miliwatts
MTT
-
3-[4,5-Dimethylthiazol-2yl]-2,5-diphenyltetrazolium
blue
MRF4 – Fator regulatório miogênico 4
MyoD – Proteína 1 de diferenciação miogênica
bromide;
Thiazolyl
Myf5 – Fator miogênico 5
nm - nanômetro
NADPH - Fosfato de dinucleotídeo de adenina e nicotinamida
NO – Óxido nítrico
PI – Iodeto de propídio
PTH - Hormônio da paratireóide ou paratormônio
RNA – Ácido ribonucléico
RT – Transcrição reversa
s – Segundos
SBN – Sociedade Brasileira de Nefrologia
SC – Soro de cavalo
SFB – Soro fetal bovino
TFG – Taxa de filtração glomerular
TGF – β – Fator de transformação do crescimento beta
TNF – α – Fator de necrose tumoral alfa
W/cm2 – Watts por centímetro quadrado
µL – Microlitros
°C – Graus Celsius
RESUMO
A doença renal crônica (DRC) é caracterizada pela perda progressiva e irreversível da
função renal e que frequentemente cursa com um quadro de fraqueza muscular, cujo
conjunto de sinais e sintomas é globalmente designado como miopatia urêmica.
Possíveis fatores predisponentes para a miopatia urêmica são as toxinas urêmicas.
Dentre as toxinas urêmicas, o indoxil sulfato (IS) é uma derivada do metabolismo do
triptofano presente em bactérias intestinais. Devido ao fato do tecido muscular
esquelético sofrer constante remodelação graças à diferenciação de mioblastos em
miotubos, é possível que toxinas urêmicas tenham um efeito deletério por influenciar
este processo, agravando a miopatia urêmica. A terapia a laser de baixa potência
(LBP) é considerada como um recurso bioestimulante amplamente utilizado no
tratamento de doenças crônicas e tem demonstrado efeitos positivos sobre a
modulação do processo de reparo muscular esquelético e também no processo da
inflamação. Entretanto, no contexto de DRC, o LBP não foi ainda explorado.
O objetivo do presente estudo foi avaliar dos efeitos do IS sobre a viabilidade celular,
sobre o estresse oxidativo e sobre a diferenciação celular em cultura de mioblastos
C2C12. Além disso, verificar a ação do LBP como forma de proteção às células.
Os mioblastos C2C12 foram cultivados em meio de cultura de DMEM, contendo 10%
de soro fetal bovino e foram induzidos ao processo de diferenciação por meio da
adição de 2% soro de cavalo. Três diferentes concentrações de IS foram usadas para
mimetizar as concentrações plasmáticas de indivíduo normal, paciente DRC com
uremia moderada e paciente DRC com uremia avançada (0,6 mg/l; 53 mg/l e 236 mg/l,
respectivamente), em diferentes períodos de incubação (24 h, 48 h e 72 h).
Posteriormente, as células foram submetidas ao tratamento com laser de baixa
potência AsGaAl 780 nm (potência de saída de 10 mW, tempo de aplicação de 20
segundos e densidade de energia de 0,5 J/cm 2). Como análise, foi utilizado o método
MTT para acessar a viabilidade das células, citometria de fluxo para avaliar a
viabilidade/mortalidade das células, bem como o estresse oxidativo, dosagem de nitrito
para avaliar a produção de óxido nítrico e PCR em tempo real para analisar a
expressão de IL-6, miogenina e MyoD (marcadores de inflamação e diferenciação
celular).
Os resultados demonstram que o IS na concentração máxima foi tóxico para as
células C2C12, pois diminuiu significativamente a viabilidade das células, tanto por
MTT como por citometria de fluxo, aumentando a porcentagem de necrose. Este efeito
foi presente nos três períodos de incubação. Com relação ao estresse oxidativo, não
foi possível nenhuma conclusão, provavelmente pelo tempo das amostras , porém não
descartamos a possibilidade do IS induzir este tipo de estresse. Embora o IS tenha
induzido morte às células C2C12, as remanescentes não tiveram alteração dos
marcadores de diferenciação celular. O tratamento com LBP sensibilizou as células ao
IS, diminuindo a viabilidade das células.
Concluímos que o IS age diretamente sobre mioblastos C2C12 com efeito tóxico,
podendo ser um dos responsáveis pela miopatia urêmica. O tratamento com LBP não
foi eficiente na indução de proteção às células.
Palavras-chave: Miopatia urêmica, Doença renal crônica, Toxinas urêmicas, Indoxil
Sulfato.
ABSTRACT
Chronic kidney disease (CKD) is characterized by progressive and irreversible loss of
renal function and often progresses with a muscular weakness, whose set of signs and
symptoms is generally referred to as uremic myopathy. Possible risk factors for the
uremic myopathy are the uremic toxins. Among uremic toxins, indoxyl sulfate (IS) is a
derivative of tryptophan metabolism by intestinal bacteria. Because skeletal muscle
tissue undergo constant remodeling due differentiation of myoblasts in myotubes, it is
possible that uremic toxins have a deleterious effect to influence this process,
exacerbating the uremic myopathy. Low level laser therapy (LLLT) is regarded as a
growth promoter feature widely used in the treatment of chronic diseases and has
shown positive effects on the modulation of skeletal muscle repair process and also in
the process of inflammation. However, in the context of CKD, the LLLT has not yet
been explored.
The aim of this study was to evaluate the effects of the IS on cell viability and on
oxidative stress on cellular differentiation in cultured C2C12 myoblasts. In addition, to
verify the action of the LLLT as a protective alternative to the cells.
The C2C12 myoblasts were cultured in DMEM culture medium containing 10% fetal
bovine serum and were induced to differentiation process by adding 2% horse serum.
Three different IS concentrations were used to mimic the plasma concentrations of
normal individual, CKD patients with moderate uremia and CKD patients with advanced
uremia (0.6 mg/l and 53 mg/l and 236 mg/l, respectively), at different times of
incubation (24 h, 48 h and 72 h). Subsequently, the cells were subjected to treatment
with LLLT GaAlAs 780 nm (output power 10 mW, 20 seconds application time and
energy density of 0.5 J / cm 2). In terms of analysis, we used MTT method to assess the
viability of the cells, flow cytometry to assess the viability/cell death and oxidative
stress, nitrite dosing to evaluate nitric oxide production and real-time PCR to analyze
IL-6, myogenin and MyoD expression (inflammation and cell differentiation markers).
The results demonstrate that the IS at the maximum concentration was toxic to C2C12
cells, because it significantly decreased cell viability by MTT and by flow cytometry and
by increasing the percentage of necrosis. This effect was present throughout the three
incubation periods. With respect to oxidative stress, was not any conclusion, probably
by the time the samples, but do not rule out the possibility of IS induce this type of
stress. Although the IS has induced death to C2C12 cells, the remaining had no
change in cell differentiation markers. Treatment with BPL the IS sensitized cells,
reducing cell viability.
We conclude that the IS acts directly on C2C12 myoblasts with toxic effect and may be
the one factor responsible for uremic myopathy. Treatment with LLLT was not effective
in protecting the cells.
Keywords: uremic myopathy, chronic kidney disease, uremic toxins, indoxyl sulfate.
1. INTRODUÇÃO
1.1 Doença renal crônica
A doença renal crônica (DRC) caracteriza-se pela perda progressiva da
função renal por um período igual ou superior a três meses, mensurada pela
taxa de filtração glomerular (TFG), e consequente acúmulo de diversos solutos
que são normalmente excretados pelo sistema urinário.1
Segundo a análise do National Health and Nutrition Examination
Survey (NHANES), feita entre os anos de 1999 e 2004 com adultos não
institucionalizados dos EUA, com idade média de 20 anos (n = 13.233), a
prevalência da DRC foi de 13% da população americana adulta.2
No Brasil, com dados coletados em 2009, acredita-se que cerca de 2,9
milhões de brasileiros teriam um terço ou menos da TFG dos indi víduos
normais.3 Em 2013, o número de pacientes em tratamento dialítico ultrapassou
100.000 mil, sendo um dado expressivo se considerado o alto índice de
mortalidade relacionado a DRC.3
Em termos de evolução com perda de qualidade de vida, o primeiro
estágio da DRC se dá pela instalação da doença, repercutindo nas células nos
tecidos do organismo. O segundo estágio seria os danos causados no
organismo onde surgem os sinais e sintomas característicos da doença. O
terceiro estágio é representado pela limitação funcional que afeta as atividades
de vida diária, e finalmente, o último estágio, onde a incapacidade na
realização das atividades funcionais é total.4
10
Os solutos ou toxinas urêmicas que não são excretados naturalmente
pelo sistema urinário interagem negativamente com as funções biológicas do
organismo, levando ao desenvolvimento dos diversos sinais e sintomas
presentes no paciente com DRC. O conjunto dessas manifestações é
denominado síndrome urêmica.5 Esses resíduos, nem todos identificados até o
momento, são chamados de “toxinas urêmicas” ou “solutos de retenção
urêmica”.5
As manifestações clínicas dessa síndrome são inespecíficas e podem
afetar qualquer órgão ou sistema. Assim, o paciente pode desenvolver desde
sintomas diretamente relacionados ao rim, como hipertensão arterial e
distúrbios
hidroeletrolíticos,
a
distúrbios
endocrinológicos,
neurológicos,
osteoarticulares, distúrbios minerais e ósseos e musculares.6
Dentre as disfunções relacionadas ao sistema muscular, a miopatia
urêmica é reconhecida como uma das mais incapacitantes e prevalentes no
paciente com DRC.7
1.2 Miopatia urêmica
A miopatia urêmica é uma doença estrutural e/ou funcional dos
músculos, consequente da DRC, estando associada a outros fatores.
Geralmente aparece quando a TFG é inferior a 25 ml/min e sua progressão
acompanha a piora da função renal. As manifestações clínicas dessa
desordem costumam ser mais severas nos estágios finais da DRC e dentre os
pacientes que necessitam de tratamento dialítico.7,8
11
A redução da capacidade física e funcional ocorre devido à
vasoconstrição e redução do fluxo sanguíneo muscular, com retenção de
solutos e outras toxinas urêmicas dentro do músculo. Esta situação favorece a
atrofia e fraqueza musculares (principalmente proximal), dificuldade na marcha,
mioclonias e baixa resistência à atividade física, embora a severidade dessas
manifestações seja extremamente variável.7,8
As fibras musculares estriadas esqueléticas normais são classificadas
como fibras de contração lenta (tipo I) e fibras de contração rápida (tipo II). As
do tipo I possuem altas concentrações de enzimas oxidativas e baixas
concentrações de enzimas glicolíticas e dos compostos ricos em fosfato.7
As fibras do tipo II de contração rápida (glicolítica-oxidativa) podem ser
divididas em dois grupos: IIa que apresentam altas concentrações de enzimas
oxidativas, enzimas glicolíticas e dos compostos ricos em fosfato; e as fibras IIb
que
apresentam
baixas
concentrações
de
enzimas
oxidativas,
altas
concentrações de enzimas glicolíticas e dos compostos ricos em fosfato.7,8
Os pacientes com DRC têm cerca de 50% da força muscular de
indivíduos saudáveis.9 Em casos extremos, a fraqueza muscular pode
comprometer inclusive a função respiratória.7,9
Os
mecanismos
fisiopatológicos
precisos
que
levam
ao
desenvolvimento da miopatia ainda não estão bem esclarecidos. Possíveis
fatores predisponentes responsáveis pela disfunção muscular apontados são:
anemia, miopatia por desuso, alterações do metabolismo energético, incluindo
metabolismo alterado de carboidratos, diminuição da utilização de lipídeos
como fonte energética, deficiência de carnitina, decréscimo do fluxo sanguíneo
muscular, neuropatia periférica e toxinas urêmicas.8
12
Em um estudo com músculo isolado de rato, Harrison et al.
demonstraram que toxinas urêmicas presentes no soro de pacientes renais
crônicos em hemodiálise causam, agudamente, fraqueza muscular, a qual
pode ser parcialmente revertida com o tratamento dialítico.10
Todavia, ainda
não existem na literatura estudos que tenham
investigado o efeito direto de uma toxina urêmica isoladamente sobre células
musculares estriadas esqueléticas (mioblastos).
1.3 Toxinas urêmicas – indoxil sulfato
Toxinas urêmicas são compostos que exercem ação biológica e que
são retidos no corpo de pacientes com insuficiência renal, enquanto que
deveriam ser normalmente excretados pelos rins saudáveis.11
As toxinas urêmicas podem ser subdivididas em:

Compostos pequenos, hidrossolúveis, não ligados a proteínas;

Compostos pequenos, lipossolúveis e/ou ligados a proteínas;

Moléculas maiores ou também conhecidas como moléculas médias.12
O Grupo Europeu de Estudo em Toxinas Urêmicas (EUTox) classifica
as toxinas de acordo com a retenção urêmica.12 Estão representadas na
Tabela 1.
13
Tabela 1. A classificação atual de solutos de retenção urêmica
Classificação
Pequenas
moléculas
hidrossolúveis
Molécul
as
Médias
Moléculas
se ligam
às
proteínas
Características
< 500 Da,
facilmente
removido
por qualquer
estratégia
> 500
Da,
de
diálise
removidos
apenas
através
membranas
difíceis
com poros
de
remover
grandes
com
qualquer
estratégia
de diálise
Protótipo
Toxicidade
Uréia,
creatinina
Não
necessariamen
te tóxico
β2 - M ,
leptina
Grande
variedade
de impactos
biológicos
Grande
variedade
de impactos
biológicos
Fenóis,
indóis
As exigência para um dado composto ser considerado uma toxina
urêmica são: (1) ser quimicamente identificado e medido de forma precisa, de
modo que os níveis plasmáticos e/ou corporais totais devem ser mais altos do
que em indivíduos não-urêmicos; (2) as altas concentrações deverão estar
correlacionadas as disfunções e sintomas específicos, que desaparecem à
medida que as concentrações são reduzidas - a atividade biológica desse
composto deve ser comprovada em estudos ex vivo, in vivo ou in vitro; e (3) as
concentrações experimentais dessa molécula nesses estudos devem ser
compatíveis com aquelas encontradas nos fluidos corporais ou tecidos de
pacientes urêmicos.11,13
O indol é um composto orgânico aromático, possui uma estrutura
bicíclica, que consiste em um anel benzênico acoplado a um anel de 5
membros com um nitrogênio.14 Pode ser produzido por bactérias da flora
intestinal como um produto da degradação do aminoácido triptofano ou
encontrado em vários vegetais. Pela sua ligação a proteínas, sua remoção na
diálise fica limitada.12
14
O IS (C8H7NO4S) é uma das mais bem conhecidas e estudadas toxinas
urêmicas. Ela é uma toxina de baixo peso molecular (213,21 Da) metabolizada
pelo fígado a partir do indol e é produzida por bactérias da flora intestinal como
um metabólito do triptofano.12,14 O IS é normalmente excretado pelos rins,
variando entre 50-70 mg/dia em pessoas saudáveis, e, na DRC, sua taxa
média de excreção urinária está diretamente relacionada ao declínio da TFG,
aumentando no plasma.15
Vários estudos têm mostrado um impacto do acúmulo de IS em
pacientes com DRC. Concentrações aumentadas de IS competem por ligação
protéica ou sua excreção com outras moléculas. O IS provavelmente medeia
sua toxicidade por indução direta de uma variedade de genes envolvidos no
processo inflamatório e fibrose.16
As principais vias descritas de lesão celular relacionadas ao IS são
produção de citocinas inflamatórias (como TNF-α, IL-6, TGF-β), indução de
estresse oxidativo e apoptose. Mais recentemente, foi também demonstrado
que o IS pode causar a hipermetilação de genes, sugerindo que modificações
epigenéticas induzidas por toxinas urêmicas possam ter um importante papel
no mecanismo fisiopatológico da síndrome urêmica.17
Estudos experimentais têm contribuído para elucidar o papel do IS na
síndrome urêmica. Já foram previamente descritos os efeitos deletérios do IS
na função endotelial, proliferação de célula muscular lisa, fibrose renal e
cardíaca, e função e diferenciação osteoclástica.18,19
Mas apesar dos inúmeros estudos na literatura sobre os efeitos do IS, o
papel dessa toxina na miopatia urêmica através da investigação dos
mecanismos de lesão em mioblastos ainda não foram descritos na literatura.
15
1.4 Considerações gerais sobre o músculo esquelético
1.4.1 Células Satélites
O músculo estriado esquelético é responsável pela sustentação e
movimentação corporal devido a sua capacidade de contração. É composto,
principalmente, pelas células musculares que dão sustentação e por células
nervosas com papel de inervar este tecido e garantir sua função contrátil,
transformando a força em movimento. Este tecido possui alta capacidade
adaptativa e regenerativa garantida pela presença de
pequenas células
mononucleares progenitoras musculares conhecidas como células satélites
(CS).20,21
As CS fazem parte de uma população de células com grande
atividade mitogênica para o crescimento muscular pós-natal e estão envolvidas
no reparo de fibras musculares danificadas e na manutenção do músculo
esquelético adulto saudável. São mitoticamente quiescentes e não expressam
marcadores de diferenciação.22
Estão localizadas na periferia do músculo esquelético maduro, entre
a lâmina basal e o sarcolema (Figura 1). Após uma lesão muscular, as CS
participam diretamente do processo de reparo uma vez que, juntamente com o
processo inflamatório, são ativadas e se diferenciam em mioblastos. Estes
proliferam, diferenciam-se e se fundem para reestabelecerem a região
danificada com novas fibras musculares funcionais.21,23
16
Figura 1. (A) Célula satélite. (B) ilustração da localização da célula satélite em
relação à fibra muscular esquelética. Imagem através de microscopia eletrônica
na primeira descrição da célula satélite documentada na literatura cientifica.
24.Sp= célula satélite; bm= membrana basal; mp= fibra muscular esquelética.
Há evidências de que as CS constituem uma população bastante
heterogênea, pois algumas células podem sofrer diferenciação imediata,
enquanto outras primeiramente proliferam, gerando uma célula filha para
diferenciação e outra para uma futura proliferação.25
Yablonka-Reuveni e River
26
demonstraram em um estudo recente
que apenas 50% das CS que proliferam entram em fase final de
diferenciação, expressando a proteína miosina do desenvolvimento.26
O processo de reparo muscular com ativação das CS em resposta
ao dano sofrido requer a ação coordenada de vários tipos celulares,
incluindo células do infiltrado inflamatório e do tecido local.27 Segundo Shin
et al28 o processo de reparo pode ser dividido em 4 fases sendo:
amplificação da lesão, proliferação, diferenciação inicial e diferenciação
terminal.28 A progressão das fases acontece pela interação entre moléculas
das células músculo-progenitoras e células do infiltrado inflamatório.28
17
Durante a fase de amplificação, as citocinas TNF-α, IL-1β, IL-6 e IL-8
secretadas pelos miócitos danificados fazem o papel de recrutar mais
neutrófilos, além de regular sua função proteolítica dada por enzimas e
espécies reativas de oxigênio (ERO) e a ação de citocinas pró-inflamatórias,
juntamente com macrófagos M1.28 Neste mesmo momento, a resposta Th1 dos
macrófagos também promove a proliferação dos mioblastos até a fase final da
inflamação quando há predominância da população de macrófagos M2, que
induzem a diferenciação e a fusão dos mioblastos para formar novas fibras
musculares.27
1.4.2 Miogênese
A formação do músculo esquelético, mais conhecida como miogênese, é
um processo complexo que envolve a expansão de células musculares
mononucleadas progenitoras ao longo da via miogênica até se tornarem
mioblastos que se fundem para formar miotubos e, finalmente, desenvolvem-se
em fibras do músculo esquelético maduro (Figura 2). Este processo pode ser
novamente ativado após uma lesão muscular, porém as células participantes
são as CS.29,30,31
18
Figura 2. Modelo das etapas de desenvolvimento do músculo esquelético.
Primeiramente ocorre a multiplicação celular mediada por fatores de
crescimento; na ausência de fatores de crescimento, as células começam a se
alinhar e cessam a multiplicação. Após esta etapa as células se fundem em
miotubos e a fibra muscular finalmente se forma e apresenta contração
espontânea.32
Durante os períodos de crescimento e/ou regeneração muscular, as CS
são ativadas e seus núcleos podem diferenciar-se em novos mionúcleos e
incorporar-se à fibra pré-existente ou reparar lesões da fibra muscular. A
morfologia das CS quiescentes difere-se das ativadas por apresentarem alta
relação núcleo/citoplasma, com poucas organelas, núcleo menor quando
comparado com os núcleos adjacentes da fibra muscular e aumento da
heterocromatina nuclear comparada à do mionúcleo. Quando ativadas, ocorre
redução da heterocromatina, aumento na relação citoplasma/núcleo e aumento
no número de organelas intracelulares.33
Nos diferentes estágios da miogênese, as células expressam distintos
fatores regulatórios miogênicos envolvidos no processo de ativação, proliferação e diferenciação das CS (Figura 3), em parte, pelos fatores regulatórios
miogênicos, sendo a MyoD e o myogenic factor 5 (Myf5) relacionadas com a
proliferação, e a miogenina e o myogenic regulatory factor 4 (MRF4) com a
diferenciação celular. A deficiência na proliferação e diferenciação das células
satélites dificulta a regeneração e promove atrofia muscular.34
19
Figura 3. Esquema demonstrativo adaptado 35 dos principais eventos durante a
miogênese do músculo estriado esquelético. Para tanto, os mioblastos
proliferam-se e são induzidos a sofrerem diferenciação em miotubos e
posteriormente passam por uma fase de maturação com a formação das
miofibras.
A expressão destes fatores também é regulada por moléculas de
sinalização presentes na matriz extracelular, além de fatores envolvidos no
contato célula-célula.36
O MyoD desempenha um papel importante na ativação e proliferação
dos mioblastos e controla a diferenciação de células na linhagem miogênica.
As CS MyoD negativas apresentam uma capacidade de diferenciação
reduzida e retardada, sendo assim um excelente marcador de CS ativadas.37
É possível detectar sua expressão apenas doze horas após um traumatismo
muscular, juntamente
com as
outras proteínas relacionadas com a
diferenciação celular como a miogenina.38
20
A miogenina tem se mostrado mais importante para a diferenciação
e é um fator regulador da miogênese que se encontra expresso em CS
ativadas e mioblastos.39
1.4.3 Interleucina 6
Em uma lesão do músculo esquelético, as células satélites são
ativadas para iniciar a proliferação e diferenciação, levando a fibras musculares
a se regenerarem. As respostas inflamatórias são componentes importantes da
reação do hospedeiro à uma lesão muscular e desempenham um papel crucial
na regeneração muscular posterior e após a lesão. Existe um grande número
de células inflamatórias infiltradas no local da lesão.40
Múltiplos fatores, incluindo a sinalização endógena que controla a
auto-ativação das CS, a proliferação e diferenciação, e a interação entre CS e
o microambiente são mediados por citocinas inflamatórias, porém os
mecanimos envolvidos neste controle não são completamente elucidados.40
A interleucina-6 (IL-6) é e uma glicoproteina de peso molecular entre 22
a 27 kDa, sendo uma citocina que pode atuar na resposta imune inata como na
adaptativa. É sintetizada por monócitos, células endoteliais, fibroblastos e
outras células em resposta a microrganismos e também à estimulação por
outras citocinas, principalmente interleucina-1 (IL-1) e a fator de necrose
tumoral (TNF-α).41
É um importante marcador inflamatório, pois está envolvida em uma
série de atividades imunológicas e normalmente é expressa em baixos níveis,
21
exceto
durante
um
processo
infeccioso,
trauma
ou
outros
fatores
estressantes.42
Essa interleucina é um dos importantes mediadores de indução e
controle da síntese e liberação de proteínas de fase aguda pelos hepatócitos
durante estímulos dolorosos, que após algum tipo de lesão, as concentrações
plasmáticas de IL-6 são detectáveis em 60 minutos, com pico entre 4 e 6 horas,
podendo persistir por 10 dias.43
1.5 Estresse oxidativo
O estresse oxidativo pode ocorrer pelo excesso de produção de
radicais livres e/ou pela deficiência dos mecanismos antioxidantes.44,45
Radicais livres são moléculas que contenham um ou mais elétrons
não emparelhados e capazes de reduzir outras moléculas fornecendo elétrons
para elas. Esses radicais também podem ser gerados por outras células do
organismo, induzidas por fatores externos como
toxinas, drogas, produtos
químicos, agentes poluidores ambientais ou em várias outras situações
patológicas
onde
são
causados
danos
aos
diferentes
componentes
celulares.46,47
Os efeitos do estresse oxidativo dependem da produção e das variações
de espécies reativas do oxigênio (ERO), como radicais livres e peróxidos. Uma
célula é normalmente capaz de superar os efeitos do estresse oxidativo se as
variações no equilíbrio redox forem pequenas, restabelecendo o equilíbrio
intracelular. Entretanto, se as variações forem de grande escala podem levar à
morte celular, apoptose e até necrose.48
22
Essas ERO ocorrem em repouso e durante a contração muscular como
um subproduto da respiração mitocondrial. A fraqueza muscular resulta em
uma mudança adaptativa em relação a diminuição do metabolismo oxidativo no
músculo esquelético, assim como alterações na perfusão muscular devido ao
deficit de oxigênio do capilar para a mitocôndria.49
O estresse oxidativo inibe a diferenciação de miócitos, reduzindo a
expressão de fatores reguladores miogénicos e proteínas sarcoméricas,
promovendo atrofia muscular.50
1.5.1 Óxido Nítrico
O óxido nítrico (NO, do inglês nitric oxide) constitui uma das menores e
mais simples moléculas biossintetizadas. É um radical livre, gasoso, inorgânico,
incolor, que possui sete elétrons de nitrogênio e oito de oxigênio, tendo um
elétron desemparelhado.51
O NO é sintetizado a partir de L-arginina, O2 e NADPH, pela enzima
óxido nítrico síntase e é produzido no músculo esquelético em resposta à lesão
e reparação. Também pode ser estimulado por componentes da parede celular
bacteriana, sendo uma substância importante a ser considerada em quadros de
infecções musculares.52,53,54
O processo de fusão de mioblastos durante a miogênese requer a
produção de NO, porém, o envolvimento desta substância na diferenciação
destas células e sua influência na resposta imune específica e não-específica
ainda permanecem pouco elucidados.55
23
O NO possui um papel importante na função imune, regulação do tônus
vascular, plasticidade neuronal e sinalização intracelular. Evidências recentes
demonstraram que o NO participa da fisiologia muscular modulando os
processos de vasodilatação, metabolismo e contração. A produção excessiva
de NO sobre o músculo esquelético pode induzir lesão oxidativa e morte celular
por apoptose, resultando em distrofia muscular, caquexia e envelhecimento.56
1.6 Terapia com laser de baixa potência (LBP)
A palavra laser originou-se da abreviação de “Light Amplification by
Stimulated Emission of Radiation”, a qual significa “Amplificação da Luz por
Emissão Estimulada por Radiação”.57,58 A luz laser se originou da teoria do
físico Albert Einstein, que em seu artigo “Zur Quantum Theories der Strahlung”
de 1917 demonstrou os princípios físicos da emissão estimulada dos lasers e
os classificou em “alta potência” (com potencial destrutivo) e em “baixa
potência” (sem potencial destrutivo).59
A ação do laser consiste na absorção da luz pelos tecidos, resultando
em modificações no metabolismo celular. Quando o laser é aplicado nos
tecidos, a luz é absorvida por fotorreceptores localizados nas células, sendo
capaz de modular as reações bioquímicas específicas dentro da célula e
estimular uma série de reações em cadeia mitocondrial, resultando em síntese
de ATP.60,61,62
O efeito de bioestimulação pelos fótons de luz depende da combinação
de parâmetros como comprimento de onda, potência, intensidade e também do
tipo celular ou tecido alvo.63,64,65,66 Estas biomodulações são, também,
24
dependentes da densidade de energia entregue ao meio. Doses entre 1 e 3
J/cm2 exibem um efeito anti-inflamatório e circulatório, de 2 a 4J/cm2 efeito
analgésico e aplicações compreendidas entre 3 e 6J/cm 2apresentam efeito
regenerativo. Contudo, segundo Yoo
67,
a densidade de energia a ser aplicada
deve ser calculada com foco no efeito desejado.
Adicionalmente, a terapia a LBP é considerada como um recurso
bioestimulante em tecidos por meio de seus efeitos biológicos, tais como
analgésicos, anti-inflamatórios e cicatrizantes. Irradiação por laser de baixa
potência são amplamente utilizados no tratamento de doenças crônicas e
também como terapia de reabilitação.58
A fototerapia tem demonstrado efeitos positivos sobre a modulação do
processo de reparo muscular esquelético e, também, no processo da
inflamação, especificamente sobre as CS. Diversos comprimentos de onda são
pesquisados, mas os principais se encontram na porção óptica do espectro
iniciando com o vermelho até o infravermelho (400 nm a 1 mm).54,55 O laser
infravermelho pode ser usado in vitro para estimular a função celular por
promover um aumento no número de células e estimular a síntese de RNA,
causando também a diferenciação das células.68,69
Ferreira et al
62
e Mesquita-Ferrari et al 66 avaliaram o efeito do LBP nos
comprimentos de onda de 660 nm e 780 nm utilizando diversos parâmetros e
não evidenciaram alteração da proliferação de mioblastos da linhagem C2C12,
cultivados sem a indução de diferenciação. Estudos ainda têm mostrado que
este recurso é capaz de influenciar a proliferação de fibroblastos
osteoblastos
65
70,
e células epiteliais.71
25
2. OBJETIVOS
O objetivo central do presente estudo foi analisar o efeito do IS sobre
células C2C12, a fim de verificar um possível efeito tóxico do IS sobre estas
células, propondo um possível mecanismo envolvido na miopatia de pacientes
com DRC. Adicionalmente, analisar o possível efeito protetor do LBP sobre
estas células.
Mais especificamente, os objetivos foram:
- Avaliar o efeito do IS sobre a atividade celular e a viabilidade das células
C2C12 irradiadas ou não com LBP;
- Avaliar o efeito do IS sobre o estresse oxidativo em células C2C12 irradiadas
ou não com LBP;
- Avaliar o efeito do IS sobre a expressão gênica da citocina pró-inflamatórias
IL-6 pelas células C2C12;
- Avaliar o efeito do IS sobre a diferenciação das células C2C12 utilizando
como marcadores os fatores regulatórios miogênicos (miogenina e MyoD).
26
3. MATERIAL E MÉTODOS
O presente estudo foi realizado no laboratório de cultivo celular da
Universidade Nove de Julho (UNINOVE) e os ensaios de Citometria de Fluxo
foram realizados no laboratório de Nefrologia da Universidade Federal de São
Paulo (UNIFESP).
3.1 Células musculares esqueléticas (C2C12)
Os mioblastos utilizados foram da linhagem C2C12 (células satélites de
camundongo) ATCC CRL-1772™, gentilmente doadas pelo professor José
Ernesto Belizário, do Instituto de Ciências Biomédicas – USP/SP. As células
foram cultivadas no meio de cultura Eagle modificado por Dulbecco (DMEM,
Vitrocell Embriolife, Campinas, SP, Brasil) contendo 10% de soro fetal bovino
(SFB) (Vitrocell Embriolife, Campinas, SP, Brasil).
3.2 Indoxil sulfato (IS)
O IS, classificado como toxina urêmica pelo EUTox, foi adquirido
comercialmente (3-IS, Sal Potássico, Sigma-Aldrich, St. Louis, MO), sendo
mantido refrigerado a - 20oC até o momento de sua diluição, preparada no
momento de sua utilização. A pesagem e a diluição da solução mãe a 5.000
µM ou (1,26 mg/ml) formam feitas no momento dos experimentos.
Foram pesados 22,68 mg de IS e depois dissolvidos em 18ml de DMEM
estéril. Após a diluição da solução mãe, eram feitas as diluições para atingir os
valores referentes a IS 0,6 mg/l (2,3 µM), IS 53 mg/l (210,5 µM) e IS 236 mg/l
(939,1 µM).
27
3.3 Cultivo Celular
Os mioblastos foram mantidos em estufa (HEPA Class 3110, Thermo
Electron Corporation, Marietta, OH, EUA) a 37ºC, numa atmosfera úmida
contendo 5% de CO2. A monitorização do crescimento celular foi feita a cada
24 horas, utilizando-se microscópio invertido de fase (Eclipse TE 2000U,
Nikon, Melville, NY, EUA).
O subcultivo foi realizado quando a monocamada celular tornava-se
subconfluente para a perpetuação da linhagem celular, sempre em fluxo
laminar (Linha 400, Pachane, Piracicaba, SP, Brasil). Para tanto, o
sobrenadante foi removido, as células lavadas com tampão PBS1X (NaCl
140mM; KCl 2,5mM; Na 2HPO4 8mM; KH2PO4 1,4mM; pH 7.4) e tratadas com
solução de tripsina 0,25% durante 4 minutos a 37C. Após incubação, foi
realizada
nova
lavagem
com
meio,
centrifugação
a
1.200
rpm
(aproximadamente 300 g) a 20C por 5 minutos (Centrífuga Excelsa 4-280R,
Fanem, São Paulo, SP, Brasil) e posteriormente ressuspensão em 1ml de
meio DMEM. A viabilidade das células foi avaliada por contagem com corante
vital azul de Trypan (0,4%), sendo consideradas para os ensaios as culturas
com viabilidade maior que 95%.
Os mioblastos foram avaliados na condição de indução de diferenciação
pela adição de 2% soro de cavalo (SC) em meio de cultura DMEM (Vitrocell
Embriolife, Campinas, SP, Brasil), conforme estudos prévios.31,72
Todos os experimentos foram realizados com as C2C12 estimuladas com
soro de cavalo 2%.
28
3.4 Condições de tratamento
As culturas de mioblastos C2C12 foram tratadas com o IS na
concentração basal de 0,6 mg/L 2,3µM (semelhante a encontrada em
indivíduos não urêmicos), na concentração de 53 mg/L 210,5µM (semelhante
a urêmica moderada) e na concentração de 236 mg/L 939,1µM (semelhante a
urêmica máxima descrita). Como protocolo, as células foram cultivadas e
submetidas de acordo com as condições apresentadas na Tabela 2.
Tabela 2. Grupos e condições experimentais. Todo meio DMEM utilizado nos
ensaios continha SC 2 % e os mesmos parâmetros do laser.
GRUPOS
CONDIÇÕES
Controle
DMEM sem IS + SC 2%
IS 0,6
DMEM + IS 0,6 mg/l + SC 2%
IS 53
DMEM + IS 53 mg/l + SC 2%
IS 236
DMEM + IS 236 mg/l + SC 2%
Controle + LBP
DMEM sem IS + LBP+ SC 2%
IS 0,6 + LBP
DMEM + IS 0,6 mg/l + SC 2% + LBP
IS 53 + LBP
DMEM + IS 53 mg/l + SC 2% + LBP
IS 236 + LBP
DMEM + IS 236 mg/l + SC 2% + LBP
3.5 Irradiação com laser de baixa potência (LBP)
Utilizou-se o laser com meio ativo de arseneto de gálio e alumínio
(AsGaAI), da marca DMC ®, modelo Twin Laser com os parâmetros descritos
na Tabela 3.
29
Tabela 3. Parâmetros dosimétricos do LBP.
Meio ativo
AsGaAl
Comprimento de onda (nm)
780
Densidade de energia (J/cm2)
5
Energia total (J)
3.57
Potência (mW)
10
Densidade de Potência (W/cm2)
0.357
Área do feixe/Área irradiada (cm2)
0,028
Modo de aplicação
Pontual
Tempo de irradiação (s)
20
3.6 Ensaio de atividade mitocondrial por MTT
Para determinar a atividade mitocondrial, utilizou-se a avaliação através
do ensaio do MTT, uma técnica indireta baseada na análise colorimétrica da
habilidade da enzima mitocondrial succinato desidrogenase (encontrada
somente em células viáveis). Ao clivar enzimaticamente os anéis de tetrazólio
do MTT, formam-se cristais azuis escuros de formazana, os quais são
impermeáveis às membranas celulares, ficando, então, retidos no interior das
células viáveis.73,74 A posterior lise celular faz com que estes sais de formazana
sejam liberados. O número de células viáveis é diretamente proporcional a
concentração de cristais de azul de formazana formados.
Para os ensaios, após o tratamento com o IS, os mioblastos foram
semeados em placas de cultura de fundo chato de 96 poços (TPP)
(1X104/poço), mantidos em DMEM suplementado com 2% de soro de cavalo.
30
A atividade mitocondrial foi avaliada após 24 horas, 48 horas e 72 horas
(n=6). Os tempos foram escolhidos na tentativa de mimetizar os peródos em
que os pacientes realizam a diálise. Após o período de cultivo, foi realizada a
lavagem dos poços com 200μL de PBS 1X. Em seguida, foram adicionados
50μL
de
MTT
(0,5μg/mL
em
tampão)
(3-[4,5-Dimethylthiazol-2yl]-2,5-
diphenyltetrazolium bromide; Thiazolyl blue – SIGMA) e realizada uma
incubação de 3h a 37°C em estufa de CO2.
Terminado
o
tempo
de
incubação, esta
solução
foi
removida
cuidadosamente e foram adicionados 100μL de Isopropanol para ressuspender
e solubilizar o precipitado. Por fim, foi realizada a leitura da absorbância a 620
nm com auxílio de um leitor de placas (Anthos 2020, Eugendorf, Austria).
Todos
os
experimentos
foram
repetidos
seis
vezes, de
forma
independente. Cada amostra foi feita em triplicata. Os resultados estão
apresentados na forma de porcentagem em relação ao controle.
3.7 Ensaio de necrose por Citometria de Fluxo (PI)
O marcador nuclear fluorescente iodeto de propídio (PI) é utilizado para
distinguir células apoptóticas de células necróticas. O iodeto de propídio é uma
molécula que se intercala no DNA celuar, desde que a membrana celular esteja
permeável. Tal propriedade deve-se ao fato de que marcadores de DNA de
elevado peso molecular, como o PI, não são passíveis de penetrar na célula
intacta em decorrência do seu tamanho, bem como não marcam células
apoptóticas sem que estas apresentem alterações na permeabilidade da
membrana plasmática, como ocorre nos estágios finais da apoptose.
Os tubos com 1x106 células estimuladas ou não com IS e tratadas ou
31
não com LBP foram centrifugados por 10 minutos, a 300 g e com a temperatura
de 10ºC. O sobrenadante foi desprezado e as células ressuspendidas em 100
L de EDTA 3 mM (Sigma, St. Louis, MO, USA), acrescidos de 20 µl de iodeto
de propídeo (PI) na concentração de 8µg/ml (diluído 6X). A mistura foi
posteriormente incubada por 20 minutos em ambiente escuro. Em seguida, foi
adicionado a cada tubo 300 µl de EDTA 3 mM para parar a reação e leitura no
citômetro de fluxo.
A detecção de necrose foi realizada em Citômetro de Fluxo BD.
Facscanto, através do software Facs Diva; da mesma forma foram adquiridos
10.000 eventos para cada ensaio.
Foi analisado histogramas onde a
intensidade de iluminescência foram expressas através da média geométrica
de intensidade de fluorescência em FL-1 para todos os tubos estimulados e
não estimulados (por IS) e tratados e não tratados (por laser de baixa
potência).
3.8 Determinação da produção de nitrito como avaliação indireta de NO
A produção de óxido nítrico foi determinada por meio da mensuração de
nitritos nos sobrenadantes das culturas celulares segundo o ensaio de DING et
al.75 Brevemente, alíquotas de 50 l do sobrenadante das culturas foram
incubadas com igual volume de reagente de Griess (1% de sulfanilamida, 0,1%
de dihidrocloreto de N-1-naftilenodiamina e 2,5% de ácido orto-fosfórico) à
temperatura ambiente por 10 minutos.
A absorbância foi determinada em um leitor de ELISA, com filtro de
540nm, contra branco constituído por meio de cultura e reagente de Griess
volume a volume. Os resultados foram expressos em M de NO2- com base em
32
curva padrão com concentrações conhecidas de nitrito de sódio (NaNO 2) em
meio de cultura.
3.9 Avaliação de estresse oxidativo por DCFH
O metabolismo oxidativo foi estudado através da produção das espécies
reativas de oxigênio (ERO). Para isso, utilizamos o reagente 2’, 7’diclorofluoresceína diacetato (DCFH-DA, Sigma, St. Louis, MO, USA). Esse
reagente possui a propriedade de penetrar rapidamente nas células por
difusão. Uma vez no espaço intracelular, reage com ERO gerado pelo
metabolismo
oxidativo
intracelular
formando
o
DCFH
(2’,
7’-
diclorofluoresceína), que é um componente fluorescente e impermeável à
membrana celular. No citômetro de fluxo, a luz emitida por esse composto é
captada pelo canal de fluorescência respectivo ao comprimento de onda de
525 a 550 nm. Nos ensaios, foram medidas a produção de ERO espontânea
(sem estímulo) e após estímulo (doses de IS) e com ou sem tratamento (LBP).
Os tubos com 5x105 cel/mLforam incubados por 30 minutos com DCFH
a 0,3 mM, em banho-maria com agitação à 37ºC. Em seguida foi adicionado a
cada tubo, 1 mL de EDTA 3 mM (Sigma, St. Louis, MO, USA) para parar a
reação. Os tubos foram centrifugados novamente, por 10 minutos, a 500 g e
com a temperatura de 4ºC. O sobrenadante foi desprezado e as células
ressuspendidas em 500 L de EDTA EDTA 3 mM e levado para leitura no
citômetro de fluxo.
A detecção de ERO foi realizada em Citômetro de Fluxo BD. Facscanto,
através do software Facs Diva; da mesma forma foram adquiridos 10.000
eventos após a construção de histogramas onde a produção de ERO foram
33
medidas através da média geométrica de intensidade de fluorescência em FL-1
para todos os tubos estimulados (por IS) e tratados (por laser de baixa
potência).
3.10 Análise da expressão gênica de IL – 6, miogenina e MyoD por PCR
em tempo real
Para esta expressões, as células C2C12 foram cultivadas em placas de
6 wells (TPP, Nova Iorque, EUA). Após confluência de 70 %, as células foram
estimuladas com soro de cavalo 2 %, sendo que metade recebeu IS na
concentração de 236 mg/l. Após 72 horas de incubação, foram encaminhadas
para extração de RNA.
3.10.1 Extração de RNA total
RNA total foi extraído das células em cultura utilizando-se o kit Paris
(Invitrogen, Califórnia, EUA), seguindo-se o protocolo sugerido pelo fabricante.
A quantificação do RNA foi feita em espectrofotômetro (NanoDrop,Thermo
Scientific, EUA), medindo-se a densidade óptica nos comprimentos de onda
260 e 280 nm. Foi feito o cálculo da concentração de RNA, expresso em
µg/mL, a partir da absorbância à 260nm. A leitura de 1 OD corresponde a uma
solução pura de RNA em fita-simples na concentração de 40 µg/mL. A leitura a
280 nm foi utilizada para determinar a contaminação das amostras com
proteínas. A análise foi feita baseando-se na razão entre as absorbâncias a
260 e 280nm e o valor aceitável foi de 1,7 a 2,0.
Qualquer resíduo de DNA contaminante foi removido através DNase I
(Invitrogen), na concentração de 1uni/µg RNA na presença de 20 mM Tris-HCl,
34
pH 8.4, contendo 2 mM MgCl2 por 15 minutos a 37 °C, seguido de incubação a
95ºC durante 5 minutos para inativação da enzima. Logo após a quantificação,
serão realizadas as reações de transcrição reversa (RT), para a síntese do
cDNA.
3.10.2 Síntese de cDNA
Todos reagentes utilizados para a reação de síntese do DNA
complementar (cDNA) foram da marca Promega (Promega, San Luis Obispo,
EUA). Um microlitro de oligo dT primer (500µg/ml) foi misturado com 11 µl de
uma solução de RNA a 0,1 µg/µl. Esta solução foi aquecida a 70ºC por 10
minutos e resfriada em gelo por 5 minutos. Em seguida, foi acrescentado 4µl de
tampão [5X] (Tris-HCl 250 mM pH=8,3, cloreto de potássio 375 mM, cloreto de
magnésio 15 mM) , 2µl de DTT 0,1M, 1 µl de dNTP Mix (10mM de dATP,
dGTP, dCTP e dTTP) e 1µl (200u) da enzima transcriptase reversa M-MLV
(Moloney Murine Leukemia Virus). A reação foi realizada a 42ºC por 50
minutos, passando posteriormente por um período de 15 minutos a 70ºC para a
inativação da enzima.
O cDNA foi mantido em freezer a –20ºC até a realização da reação em
cadeia da polimerase (PCR).
3.10.3 PCR em tempo Real - qPCR
Para a qPCR foi utilizado o fluoróforo SYBR Green (Applied
Biosystems, Foster City, CA). A reação foi montada da seguinte maneira: a
1,0 μl de cDNA, foram adicionados 0,5 μl de primer 1 (10 μM), 0,5 μl de primer
2 (10μM), 10 μl de Master Mix 2X (Applied Biosystems) e água suficiente para
35
20 μl de reação. As condições dos ciclos térmicos foram: 95 ° C durante 10
minutos, seguido por 40 ciclos a 95 ° C durante 15 s e 60 ° C durante 1 minuto.
O equipamento utilizado foi o 7500™ Real-Time PCR System (Applied
Biosystems, Califórnia EUA). As análises foram realizadas em triplicata para
cada ponto de dados. O mRNA dos genes alvo foram quantificados como um
valor relativo em comparação com uma referência interna, beta-actina
(housekeeping). Os primers utilizados são apresentados na tabela 4.
Tabela 4. Seqüência de primers específicos para os genes relacionados.
Gene alvo
Primer forward (5'-3')
Primer reverse (5'-3')
MyoD
GGA GAC ATC CTC AAG CGA TGC
GGA GAC ATC CTC AAG CGA TGC
Miogenina
ACT ACC CAC CGT CCA TTC AC
TCG GGG CAC TCA CTG TCT CT
IL-6
ACTTCACAAGTCGGAGGCTT
TGCAAGTGCA TCA TCGTTGT
4. ANÁLISE ESTATÍSTICA
Os resultados obtidos foram expressos em média e erro padrão. Os dados
foram analisados estatisticamente através da análise de variância (ANOVA),
com pós-teste Newman-Keuls, para verificar diferenças entre mais de dois
grupos estudados, ou test T-student (paramétrico) ou Mann – Whitney (não
paramétrico) para comparação entre dois grupos. A significância de p< 0,05 foi
adotada.
36
5. RESULTADOS
5.1 Análise da atividade mitocondrial por MTT
A atividade mitocondrial das células C2C12 foi avaliada através do
ensaio MTT, a fim de analisarmos de maneira indireta a viabilidade dessas
células após incubação com IS e tratamento com LBP. Para tanto, as células
C2C12 foram incubadas com 3 diferentes concentrações de IS, sendo
avaliadas em 3 períodos diferentes (24, 48 e 72 horas). Os resultados estão
apresentados na forma de tabela (Tabela 5) e na forma de gráficos (Figuras 4,
5 e 6).
Como demonstrado na Tabela 5 e nas Figuras 4, 5 e 6, a concentração
de 236 mg/l reduziu significativamente a atividade mitocondrial das células
C2C12, em todos os períodos analisados, sugerindo uma redução significativa
na viabilidade celular. As concentrações de 0,6 mg/l e 53 mg/l não foram
tóxicas para as células.
O tratamento das células C2C12 com LBP não preveniu a toxicidade
do IS. Vale a pena salientar que houve uma redução significativa da atividade
mitocondrial com a concentração de IS de 53 mg/l em 24 horas quando
associado ao LBP (Figura 4).
37
Tabela 5. Atividade mitocondrial avaliada pelo ensaio do MTT. Variação da
atividade mitocondrial em relação ao Controle. A análise estatística está
representada nos gráficos abaixo da tabela ( p< 0,05).
24 h
48 h
72 h
Controle
100,0 ± 1,5 %
100,0 ± 1,2 %
100,0 ± 8,0 %
IS 0,6
101,0 ± 2,8 %
98,2 ± 4,8 %
92,1 ± 7,0 %
IS 53
100,9 ± 2,9 %
93,5 ± 8,2 %
94,6 ± 10,1 %
IS 236
84,4 ± 4,7 %
67,9 ± 7,9 %
63,6 ± 9,7 %
Controle + LBP
88,9 ± 13,3 %
93,9 ± 9,5 %
100,4 ± 9,2 %
IS 0,6 + LBP
91,5 ± 8,2 %
93,8 ± 6,5 %
91,8 ± 10,2 %
IS 53 + LBP
80,2 ± 5,2 %
83,5 ± 5,9 %
73,0 ± 9,5 %
IS 236 + LBP
78,1 ± 4,7 %
65,6 ± 7,1 %
66,4 ± 10,1 %
38
Atividade Mitocondrial 24 horas
Figura 4. Viabilidade das células C2C12 após 24
horas de incubação, avaliada através da atividade
mitocondrial (ensaio MTT, n=6 cada grupo). a p<0,05
vs. Controle; b p<0,05 vs. IS 0,6; c p<0,05 vs. IS 53.
Atividade Mitocondrial 48 horas
Figura 5. Viabilidade das células C2C12 após 48
horas de incubação, avaliada através da atividade
mitocondrial (ensaio MTT, n=6 cada grupo). a p<0,05
vs. Controle; b p<0,05 vs. IS 0,6; c p<0,05 vs. IS 53; f
p<0,05 vs IS 0,6 + LBP.
39
Atividade Mitocondrial 72 horas
Figura 6. Viabilidade das células C2C12 após 72
horas de incubação, avaliada através da atividade
mitocondrial (ensaio MTT, n=6 cada grupo).
a
p<0,05
vs. Controle.
40
5.2 Viabilidade celular e necrose analisadas por citometria de fluxo
A viabilidade celular e a necrose foram avaliadas através do ensaio por
citometria de fluxo, onde células não-viáveis em estágio necrótico são
marcadas por PI. As células C2C12 foram incubadas com a concentração
máxima de IS (236 mg/l) no período de 72 horas, pois os testes de MTT já
haviam demonstrado toxicidade com essa concentração de IS.
Conforme demonstrado na Tabela 6 e nas Figuras 8, 9, 10 e 11, o IS
na concentração de 236 mg/l diminuiu a viabilidade das células C2C12 após 72
horas, aumentando significativamente a mortalidade. O tratamento das células
com LBP intensificou a perda de viabilidade e o aumento da mortalidade.
Tabela 6. Viabilidade celular e mortalidade avaliadas por citometria de fluxo na
concentração de IS 236 mg/l no período de 72 horas.
Viabilidade celular
Mortalidade por necrose
Controle
97,7 ± 0,4 %
7,9 ± 0,4 %
Controle + LBP
*90,8 ± 1,0 %
*8,9 ± 1,0 %
IS 236
88,9 ± 1,4 %
11,6 ± 0,8 %
IS 236 + LBP
*85,9 ± 2,9 %
*13,2 ± 2,7 %
* p<0,05 IS
236 + LBP x
Controle LBP.
Figura 7. Representação dos resultados de
viabilidade e necrose adquiridos por citometria de
fluxo.
41
Figura 8. Viabilidade das células C2C12 avaliada
por citometria de fluxo após 72 horas de incubação
com IS (n=4).
Figura 9. Viabilidade das células C2C12 avaliada
por citometria de fluxo após 72 horas de incubação
com IS e com tratamento com LBP (n=4). * p<0,05
vs. Controle.
42
Figura 10. Mortalidade por necrose das células
C2C12 avaliada por citometria de fluxo após 72
horas de incubação com IS (n=4). * p<0,05 vs.
Controle.
Figura 11. Mortalidade por necrose das células
C2C12 avaliada por citometria de fluxo após 72
horas de incubação com IS e com tratamento com
LBP (n=4).
43
5.3 Análise do estresse oxidativo: mensuração de nitrito pelo método de
Griess e citometria de fluxo
Para avaliarmos o estresse oxidativo das células C2C12 incubadas com
IS, foi realizada a técnica de Griess, que visa mensurar o nitrito contido nas
amostras nos tempos de 24 e 72 horas, refletindo a quantidade de óxido nítrico
presente no fluido. Nesta etapa, não obtivemos sucesso. Os níveis baixos de
nitrito
nos
sobrenadantes
não
permitiram a detecção adequada pelo
espectrofotômetro, mesmo a curva padrão apresentando-se com boa qualidade
(Figura 12).
Figura 12. Curva padrão para ensaio de nitrito.
Os valores mensurados no sobrenadante das
células C2C12 não atingiram os padrões da
curva nos tempos de 24 e 72 horas.
Como não obtivemos resultados a partir do método de Griess, tentamos
avaliar o estresse oxidativo através de citometria de fluxo.
Infelizmente, de três experimentos que foram realizados com as células
C2C12, apenas um forneceu resultados interessantes com 72 horas de
44
incubação (Tabela 7). Novos experimentos serão realizados para esclarecer o
possível papel do IS na indução de estresse oxidativo nas células C2C12.
Tabela 7. Análise do estresse oxidativo através de citometria de fluxo (n=1).
72 h
Controle
1,4 %
IS 0,6
3,4 %
IS 53
4,0 %
IS 236
13,1 %
Controle + LBP
2,3 %
IS 0,6 + LBP
3,2 %
IS 53 + LBP
5,5 %
IS 236 + LBP
15,0 %
45
5.4 Avaliação sobre a diferenciação
5.4.1 Cultura de células C2C12
A Figura 13 (A) ilustra a cultura de células C2C12 com soro fetal bovino
10%, onde podemos observar uma subconfluência de aproximadamente 70%.
A Figura 13 (B) representa a cultura de células C2C12 após indução dos
mioblastos em miotubos, utilizando o soro de cavalo a 2%. As células
adquiriram aspecto mais alongado e fusiforme.
(
(
A
B
Figura 13. Imagens de células C2C12 sem estímulo
)
)
(A) e
estimuladas com soro de cavalo para
diferenciação em miotubos (B). Aumento de 100X.
46
5.4.2 Expressão de IL-6
Para analisar o efeito do IS sobre a expressão de IL-6, foi realizada PCR em
tempo real. Como demonstrado na Figura 14, embora tenha havido uma
diminuição da expressão de IL-6 (n=3) com a incubação com IS, não houve
diferença significativa. A expressão relativa de IL-6 no Controle foi de 1,00 ±
0,29 e no IS 236 foi de 0,13 ± 0,50.
Figura 14. Expressão de IL-6 em células C2C12
após
72
horas
de
incubação
com
IS
na
concentração de 236 mg/l (n=3).
47
5.4.3 Expressão de miogenina e fator indutor de diferenciação miogênica
(MyoD)
Para analisar o efeito do IS sobre a diferenciação das células C2C12 em
miotubos, o presente estudo verificou a expressão de miogenina e MyoD. As
células C2C12 foram incubadas (n=3) com soro de cavalo 2 % para a indução
da diferenciação e receberam IS na concentração de 236 mg/l. Conforme
demonstrado nas Figuras 15 e 16, não houve alteração da expressão destes
fatores indutores de miogênese com tratamento com IS após 72 horas. A
expressão relativa para miogenina foi 1,00 ± 0,46 no Controle e 1,07 ± 0,37 no
IS 236 e a expressão relativa para MyoD foi 1,00 ± 0,21 no Controle e 0,76 ±
0,33 no IS 236.
Figura 15. Expressão de miogenina em células
C2C12 após 72 horas de incubação com IS na
concentração de 236 mg/l (n=3).
48
Figura 16. Expressão de MyoD em células C2C12
após
72
horas
de
incubação
com
IS
na
concentração de 236 mg/l (n=3).
49
6. DISCUSSÃO
A miopatia urêmica é uma das muitas complicações crônicas do
paciente com DRC. Acredita-se que seja resultado de múltiplos fatores
associados, porém a ideia de que as toxinas urêmicas podem exercer um papel
fundamental na fisiopatologia deste distúrbio é plausível. Neste contexto, o IS,
uma das mais bem conhecidas toxinas urêmicas, pode exercer um papel
importante na miopatia urêmica. Neste sentido, o presente estudo teve como
objetivo avaliar o efeito direto do IS sobre mioblastos C2C12 a fim de verificar
um possível efeito tóxico sobre estas células.
Os mioblastos C2C12 são importantes representantes de células
satélites com capacidade mitótica e de diferenciação em miotubos, garantindo
uma renovação do tecido muscular esquelético. Se toxinas urêmicas forem
tóxicas para este tipo celular, é provável que esta manutenção do tecido
muscular esquelético seja comprometida, o que levaria a uma diminuição da
massa muscular esquelética, bem como da atividade funcional deste tecido.
Um indivíduo perde massa muscular devido ao envelhecimento, por conta de
doença (miopatia), ou pela inatividade física. Além da redução da massa
muscular, a redução da capacidade física e funcional ocorre devido à
vasoconstrição e redução do fluxo sanguíneo muscular, com retenção de
solutos e toxinas como o IS dentro do músculo, resultando na diminuição da
tolerância ao exercício, ao sedentarismo e conseqüentemente na redução das
atividades da vida diária.76,77
No estudo foram utilizadas três concentrações diferentes de IS, na
tentativa de mimetizar as condições de normalidade, de DRC moderada e de
DRC
avançada.
Vale
salientar
que
essas
concentrações
tornam-se
50
extrapoladas, pois correspondem a IS na forma livre, sem fração ligada à
albumina como ocorre no plasma dos pacientes com DRC. O IS é uma toxina
ligada a albumina sérica, dificultando sua passagem através dos capilares
sanguíneos. A intenção do presente estudo foi avaliar a forma livre do IS.
Nossos resultados demonstraram que o IS na concentração de 236 mg/l
foi tóxico para as células C2C12, pois houve uma diminuição significativa da
atividade mitocondrial, avaliada pelo MTT, representando uma perda da
viabilidade celular. Esta perda de deve à diminuição do número de células após
incubação com IS, fato confirmado pela citometria de fluxo que acusou
aumento da porcentagem de células necróticas com a incubação com IS. Falase de morte celular quando as suas funções orgânicas e processos do
metabolismo cessam. A necrose ocorre devido lesão celular irreversível na
membrana
celular ou inabilidade
de
restaurar a
função
mitocondrial,
geralmente causada por agentes químicos tóxicos ou resposta imunológica
danosa e deve ser diferenciada da apoptose que é a morte celular natural e
programada pela natureza, não seguida de autólise que serve ao equilíbrio do
organismo.
Os mecanismos pelos quais o IS torna-se tóxico para as células não
foram completamente elucidados, porém acredita-se que estejam relacionados
ao aumento de citocinas pró-inflamatórias e ao aumento do estresse
oxidativo.78 Kim e colaboradores demonstraram que o IS quando adicionado à
cultura de osteoblatos induziu a produção de espécies reativas do oxigênio e
de citocinas pró-inflamatórios, tendo um efeito deletério para este tipo celular.79
Por este motivo, uma das nossas propostas do presente estudo foi avaliar o
51
estresse oxidativo das células C2C12 após incubação com IS, bem como a
expressão de IL-6.
Nas análises de estresse oxidativo, tanto nos ensaios de ERO
(citometria de fluxo) como de síntese de NO (reagente de Griess), não
expressaram valores mensuráveis para avaliação. Apenas um experimento foi
realizado com sucesso e aponta para um aumento de estresse oxidativo
quando o IS está presente. Nossa proposta era demonstrar um possível
mecanismo do IS em induzir morte celular. Experimentos serão realizados para
demonstrar esse efeito. Com relação à expressão de IL-6, não houve alteração
da expressão com a adição de IS na concentração máxima, analisada por PCR
em tempo real.
Além do efeito citotóxico direto do IS sobre as células C2C12, o estudo
teve como objetivo verificar se o IS poderia ter efeito sobre a diferenciação das
células C2C12 remanescentes em miotubos. Por esse motivo, utilizamos PCR
em tempo real para analisarmos a expressão de miogenina e MyoD, fatores
fundamentais e que servem como marcadores da diferenciação. Nossos
resultados demonstram que o IS na concentração máxima não influenciou a
expressão destes marcadores, demonstrando que o IS não influencia a
diferenciação destas células. Apesar de possuir um efeito tóxico sobre as
células, não interferiu no processo de diferenciação em miotubos.
Embora o IS tenha sido tóxico somente na dose máxima, devemos levar
em consideração que no paciente há muitas outras condições lesivas, além de
muitas outras toxinas urêmicas que podem agir em sinergismo ao IS na
indução de toxicidade.
52
A literatura tem sugerido que a terapia com LBP é uma alternativa eficaz
para o tratamento de doenças crônicas e também como terapia de reabilitação
devido aos efeitos analgésicos, anti-inflamatórios e cicatrizantes.56
Segundo Szymanska et al
80,
a radiação com LBP pode influenciar as
células através da absorção da energia emitida pelos fotorreceptores
localizados no interior das células. Sugere-se que, dentre tais fotorreceptores,
as mitocôndrias, que fornecem energia para as células, contém uma série de
enzimas que participam nas reações redox da cadeia respiratória, tornando-se
o principal mecanismo das reações metabólicas ocorridas em uma célula, além
do citocromo c oxidase e superóxido dismutase- NADH, que demonstraram
alteração após emissão de fótons, alterando o nível de oxidação e alterando a
fluência dos elétrons de uma molécula, capazes de aumentar a síntese de DNA
e RNA.80,81
No entanto, os resultados evidenciam que o tratamento dessas células
com o LBP em curto prazo não alterou a atividade mitocondrial, estresse
oxidativo, quando comparadas às células que não receberam tratamento.
Nos resultados de viabilidade celular e necrose o LBP apresentou um
efeito deletério aumentando a mortalidade e diminuição da viabilidade celular.
A dose do laser escolhida foi baseada na literatura mostrando, em
cultura celular, um efeito benéfico do laser vermelho em doses baixas como a
utilizada de 5 J/cm2, mas não demonstraram eficácia na proteção e nem na
reversão dos quadros contra a toxina IS e aparentemente teve um efeito ruim
induzindo a morte celular por necrose.
Ferreira et al
60
e Mesquita-Ferrari et al
64
avaliaram o efeito do LBP no
comprimento de onda de 780 nm utilizando outros parâmetros e não
53
evidenciaram alteração da proliferação de mioblastos da linhagem C2C12,
cultivados sem a indução de diferenciação. Pode ser um dos fatores
contribuintes para os resultados a indução de diferenciação associada a uma
toxina.
Efeitos
biológicos
do
LBP
dependem
também
de
sua
monocromaticidade, influência e fase de crescimento celular em que as células
que receberam a irradiação.81
Futuros experimentos in vitro serão realizados, pois a principal ação do
laser consiste na absorção da luz pelos tecidos, resultando em modificações no
metabolismo celular. Assim poderemos investigar se o IS foi o principal indutor
da queda na viabilidade celular causando alto índice de necrose nas células
musculares no processo de diferenciação, assim como o estresse oxidativo,
citocinas inflamatórias e fatores miogênicos e comprovar os efeitos benéficos
do LBP descritos na literatura.
54
7. CONCLUSÃO
Dentro das condições experimentais, para os mioblastos C2C12
induzidos à diferenciação celular na presença da toxina urêmica IS tratados ou
não com LBP, podemos concluir que:
1) O IS foi tóxico para células C2C12 na concentração urêmica máxima
descrita no valor de 236 mg/l;
2) O IS foi tóxico em todos os tempos (24, 48 e 72 horas) na concentração
de 236 mg/l e o LBP não apresentou efeito protetor nem reparador,
tendo ainda um efeito em sensibilizar as células ao efeito tóxico do IS;
3) Não foi possível avaliar os efeitos sobre estresse oxidativo tanto de ERO
como NO, porém ainda não descartamos a possibilidade do IS induzir
estresse oxidativo nas células C2C12;
4) O IS não alterou a expressão da citocina pró-inflamatória IL-6 em células
C2C12;
5) O IS não alterou a diferenciação das células utilizando como marcadores
os fatores regulatórios miogênicos miogenina e MyoD.
55
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