A atualidade do desenvolvimento regional no Brasil e no Estado do Rio de Janeiro Hipólita Siqueira (IPPUR/UFRJ) [email protected] Por que discutir a atualidade do desenvolvimento regional? • Questão regional no Brasil ficou associada (indevidamente) à questão do Nordeste e da Sudene; • anos 1970, grandes projetos de investimento do período militar (criação de novas regiões; estudos de Rosélia Piquet) • Planejamento regional e seus resultados insatisfatórios (aumento das desigualdades regionais: internas às macrorregiões > enclaves de exportações e “ilhas de maior dinamismo”) • Autoritarismo e Centralização: políticas de “de cima para baixo” • Globalização/Internacionalização econômica (ETNs e capitais financeiros) > predomínio das escalas globais e locais (novidade do desenvolvimento local: com base exclusiva em fatores locais); deslegitimação dos estudos e das políticas com base nas escalas nacionais e regionais Problemática das Escalas Espaciais • Temática clássica: • Conceito de Região Homogênea, Polarizada, de Planejamento (Disciplinas da Economia e Geografia) • Teorias da localização e teorias do desenvolvimento desequilibrado • Temática atual: internacionalização e múltiplas escalas espaciais do desenvolvimento (desigual); e escala de atuação das políticas públicas • “várias” escalas regionais, macro, meso, micro > Brasil: UFs e metropolitanas. • Atuação do setor público: consórcios intermunicipais, RMs, mesorregiões da fronteira, do semiárido etc. • Problemas políticos da construção de escalas “supralocais”: conflituosidade da relações inter-federativas Retomada do Desenvolvimento Regional no Brasil • Década 2000: reatualização temática; renovação dos estudos com criação de dezenas de novos cursos de PPGs em Desenvolvimento Regional (no RJ: UFRRJ, UFF e UCAM); • Maior interesse do setor público/gestores nos processos “territoriais” (institucionalidade, programas, políticas etc. p, ex. Territórios da Cidadania, PNDR, Lei de Consórcios Públicos, expansão da criação de RMs) • Impactos espaciais das políticas setoriais: grandes projetos de investimento em IE (rodovias, ferrovias e portos), de setores de base (petróleo, naval); sociais: Bolsa Família, interiorização do ensino público superior Interpretações e Desafios Questão central para a dinâmica regional e urbana em suas distintas escalas: transição para um novo regime de desenvolvimento “pós-neoliberal”? • Interpretações do modelo econômico nacional: “Neodesenvolvimentismo”; “socialdesenvolvimentismo”; “neoextrativismo” • Fortes tendências de desindustrialização (desadensamento das cadeias produtivas) e de reprimarização – boom de preços das commodities agrícolas e minerais e “efeito China”+ “financeirização” • Plataforma de exploração de recursos naturais; de valorização financeira? Dinâmica regional no Brasil • Relevantes impactos dos estímulos ao mercado interno e dos programas sociais sobre a Região Nordeste, por conta do grande percentual relativo de pobreza e de população com rendimentos na faixa de 1 salário mínimo (Tania Bacelar de Araujo). • Interiorização da dinâmica produtiva; • Urbanização: dinamização de municípios de porte médio; • Interiorização do ensino superior: criação de IFs e Universidades Federais Dinâmica regional no Brasil • Entretanto, boa parte do dinamismo econômico regional, sobretudo do Norte (minérios) e Centro-Oeste (grãos), esteve baseada em setores exportadores de commodities minerais e agrícolas (intensivos em escala, não difusores de progresso tecnológico e de elevada relação capital/trabalho). Sudeste: Rio de Janeiro, Espírito Santo • Problema: fortalecimento de “enclaves” extrativistas para exportação • Grandes projetos de investimento, especialmente de extração do petróleo e de infraestrutura para exportação de commodities (corredores logísticos envolvendo rodovias, ferrovias e portos) > retomada de tendência histórica de concentração de atividades econômicas no litoral brasileiro. “Relitorialização” urbana e regional Estado do Rio de Janeiro • Retomada do interesse de pesquisas urbanas e regionais sobre o ERJ • Petróleo e suas implicações produtivas, fiscais e espaciais • Rio cidade dos megaeventos internacionais • “Estado em transição”; • Fim do “Rio de todas as crises”? Estado do Rio de Janeiro • Hipótese de pesquisa: • No contexto da região Sudeste, núcleo central de comando da acumulação no País, a dinâmica econômica, espacial e do trabalho no Estado do Rio de Janeiro (ERJ) é reveladora das contradições do modelo brasileiro, tanto no passado como no presente. • Título sugestivo do livro de Lessa: “O Rio de Todos os Brasis” Revisionismo e novos questionamentos • Relativização da tese de “esvaziamento econômico” fluminense; importância dessa UF no período “nacional-desenvolvimentista”; GPIs e papel na matriz industrial e energética (desde a CSN/Volta Redonda; petróleo/NF; Reduc/RMRJ); porém seletividade espacial. • Questão da integração territorial entre duas UFs distintas em termos econômicos, fiscais • Há uma “questão regional” no ERJ? Interior vs metrópole? Interna à RMRJ/Baixada? Tendências e Desafios urbanos e regionais ERJ • Intensificação das atividades extrativistas, com aumento da produção e perspectivas de expansão das atividades de extração de petróleo e gás, de grandes projetos de investimentos (corredores logísticos e setores intensivos em recursos naturais e de elevada relação capital/trabalho), • Atração de megaeventos internacionais (Copa de 2014 e Jogos Olímpicos 2016, dentre outros) e de grandes projetos urbanos concentrados na cidade do Rio de Janeiro. (zona sul e zona oeste vs zona norte?) • Problemática metropolitana: mobilidade urbana e criação de novas centralidades periféricas; questões sociais • Problemática da articulação de um sistema produtivo: “estrutura produtiva oca”? Tendências e Desafios urbanos e regionais ERJ • Internacionalização sem promoção de um desenvolvimento integrado na escala intraestadual. • Relitorialização; Modelo intensivo em RNs; Plataforma de Exportação • Rio no centro da disputa geopolítica internacional: fortes pressões dos interesses geopolíticos e de grandes transnacionais do petróleo e gás. Tendências e Desafios urbanos e regionais ERJ • Articulação entre dinâmica cíclica nacional e estadual: boom das commodities e dinâmica do mercado interno • Dependência das receitas do petróleo e crise fiscal • Questões do modelo político: impactos da Operação Lava-Jato na Petrobrás sobre seu plano de investimentos > demissões em setores articulados; cidades do NF e RMRJ Tendências e Desafios urbanos e regionais ERJ • Necessidade de inclusão da centralidade do trabalho nas discussões • Dependência de recursos naturais não-renováveis para exportação > dinâmica cíclica do emprego • Temática metropolitana: trabalho e mobilidade urbana; problemas de desigualdade social • GPIs: articulados por vários consórcios empresariais, compreendendo cadeias complexas de subcontratação > tendências de fragmentação das ocupações no âmbito do mercado interno de trabalho > no âmbito espacial (entre o município de trabalho e moradia) • Articulação de questões ambientais e laborais: empreendimentos instalados em áreas de grande vulnerabilidade e envolvem elevados riscos de acidentes de trabalho e ambientais