Fome Historic Desastre

Propaganda
Desatres Históricos: Fome
Historic Desastre: the hungry
Zander Barreto Miranda¹, Raul Ribeiro de Carvalho², Érica Alcoforado de Miranda³, Rafael
Soares do Nascimento4, Liz Tavares Ordones Lemos5
¹Professor Associado, MTA, Faculdade de Veterinária, UFF;
²Professor Adjunto, MZO, Faculdade de Veterinária, UFF.
³ Discente Graduação Medicina Veterinária, UNIPLI.
4
Discente Pós Graduação UFF
5
Discente do curso de Zootecnia da UFLA
Palavras Chaves: fome, ambiente, saúde
Introdução
A fome como um dos elementos da insegurança alimentar possui grande quantidade de
material procurando entender sua origem e propor soluções. Neste quadro, há muito já se
entende que em situações comuns da sociedade ela é produto de ordem econômica e
política, onde a ausência ou baixa renda veta o acesso do consumidor à alimentação. Por
outro lado, novos hábitos culturais têm alterado a tradição alimentar favorecendo a ingestão
de alimentos desbalanceados para a saúde humana propiciando excessos de peso na
população, ampliando as questões da insegurança alimentar. No entanto, se hoje a
produção, em quantidade de alimentos, é suficiente para a alimentação mundial, isso ainda
não ocorre devido a diversos fatores de acesso a eles. Esta produção elevada de alimentos,
porém, se realiza através de um manejo ambiental muito das vezes danoso à natureza e à
saúde do consumidor. Este relacionamento alimentos-saúde-ambiente é permanente e
interdependente podendo promover ou não bem estar social e qualidade de vida. Este
estudo objetiva compreender esta relação e a participação técnica-política dos profissionais
da área de alimentos.
Material e métodos
Foram utilizados textos de diversos autores, interdisciplinares, em uma revisão de literatura
ampla que pudesse construir o debate na clarificação desta relação alimentos-ambientesaúde, e da participação política que técnicos de diversas áreas efetuam no processo.
Resultados e discussão
A necessidade de produzir alimentos não deve comprometer o equilíbrio ambiental e
garantir que todos tenham acesso a eles. Estes são pressupostos básicos do conceito de
desenvolvimento sustentável que se apresenta como o modelo que deve ser perseguido no
processo produtivo e no campo dos direitos humanos, entre eles a segurança alimentar.
(CARVALHO, 2010). A promoção da saúde e identificação do que concerne à idéia de
cidades/municípios saudáveis, segundo Mckeown e Lowe (1989) foram o desenvolvimento
econômico e uma melhor qualidade de sua nutrição. Sen (1981) pontua que, a história de
muitos casos de escassez de alimentos é uma história de má administração centralizada
face ha uma exaurida, mas ainda adequada disponiblidade de alimentos. A existência da
fome no Brasil não é, efetivamente, um problema de insuficiência de produção de alimentos.
Ainda que o país esteja longe de maximizar o uso de seu potencial agrícola, face à
existência de extensões improdutivas ou subutilizadas e pequenas propriedades com
baixíssima produtividade pela total falta de apoio, o montante produzido, em grande parte
exportado, é mais do que suficiente para alimentar bem toda sua população. A grande
limitação está decididamente no acesso a esse alimento que, colocado no mercado, é
apenas acessível a quem disponha de renda (MARTINS, M.L.R, 1996, CARVALHO, 2010).
A cidadania, expressa pelas diversas condições sociais ideais para o bem estar – social do
cidadão, deve ser entendida como uma possibilidade real de acesso deste cidadão à
educação escolar; condições mínimas de saúde pública, como água tratada, sistema
sanitário e coleta de lixo; local adequado de moradia, dentro de padrões internacionais
mínimos; acesso ao local de trabalho e educação; através de transporte satisfatório e
seguro; rede hospitalar e assistência médica e odontológica dentro da média considerável
razoável pela Organização Mundial de Saúde. A Alimentação nutricionalmente adequada é
um direito do cidadão, e a garantia da Segurança Alimentar (GALEAZZI, 1996). A
alimentação do brasileiro tem-se revelado, desde Castro (2007) com qualidades nutritivas
bem precárias, apresentando, nas diferentes regiões do país, padrões dietéticos mais ou
menos incompletos e desarmônicos. Numas regiões, os erros e defeitos são mais graves e
vive-se num estado de fome crônica; noutras, são mais discretos e tem-se a subnutrição. A
Segurança Alimentar, ou a insegurança alimentar, nasce do patamar da ética na política.
Quando nós trazemos este debate, no âmbito da universidade, colocamos a mesma
questão: “a ética na produção do conhecimento e na produção da ciência”. Este é o grande
desafio: não permitir que as nossas propostas ampliem os milhões de famintos através da
própria produção do conhecimento que provoca mais exclusão (SPOSATI,1996). A
aproximação dos homens através dos diversos canais de comunicação, possibilitando a
informação mais específicas do problema. A globalização acentuou a percepção das
desigualdades dos povos, sendo retratada de forma concreta que a vida para dois terços da
humanidade tornou-se um sofrimento e de privação cotidianas, com reflexos diretos na
alimentação, saúde e no meio ambiente. Neste patamar, as desigualdades alinhadas a
outros fatores, são referências para criar condições apropriadas, que fizeram despontar para
ressurgência de doenças, as doenças emergentes, frutos do desequilíbrio dos principais
fatores condicionantes alimentação, saúde e meio ambiente, sendo o quadro desafiador
para os pesquisadores (DASZAK et al., 2000; BARCELLOS; SABROZA, 2001)..
Conclusões
A construção de uma sociedade comprometida com a cidadania requer uma análise crítica
dos diversos segmentos, governos, entidades civis, iniciativa privada e a sociedade. É na
amplitude do debate, que deve-se buscar os estudos concretos sobre a produção da
pobreza, da fome, do desequilíbrio do meio ambiente e a saúde. É necessário à avaliação e
reorganização dos projetos que se encontram dispersos em diferentes segmentos, promover
sua articulação de forma ampliada, de modo a manter a hegemonia, racionalizando de modo
manter–se mais eficiente. O descaso para as condições humanas, passa ser uma questão
de ética e de bioética, o significado das questões do alimento, ambiente e de saúde tem
dimensões políticas e filosóficas. Neste quadro se integra o cenário do ciclo da pobreza,
gerado pela falta de alimentação como precursora da menor força de trabalho e doenças,
com reflexos nas populações mais carentes. O movimento social, com relação aos três
eixos temáticos confere uma preocupação das academias, em particular dos cientistas
sociais, sociólogos, médicos veterinários, médicos, nutricionistas, geógrafos, entre outros,
proeminentes neste debate. Entendemos que a universidade desempenha um papel
estratégico, na condução dos problemas apresentados, quer pelos marcos históricos, pelo
compromisso com a ética, ampliados nos processos técnicos, científicos e sociais. Este
desafio deve permitir uma maior amplitude nas discussões “extra muros” de modo a criar
uma consciência crítica sobre os mecanismos de produção, possibilitando o crescimento da
cidadania. O compromisso de todos deve ser com a vida.
Referências Bibliogáficas
BARCELLOS, C; SABROZA, P. C. The place venid the case: leptospirosis risks and a
associated environmental conditions in flood-related outbreak in Rio de Janeiro. Caderno de
Saúde Pública, 17, suplemento 2001, 59-68, 2001.
CARVALHO, Raul R. de. Segurança alimentar: aspectos sociais, políticos e
econômicos no consumo de carnes no Estado do Rio de Janeiro, Brasil. 2010. 131f.
Tese (Doutorado em Medicina Veterinária - Higiene Veterinária e Processamento
Tecnológico de Produtos de Origem Animal). Niterói, Faculdade de Veterinária. UFF.
CASTRO, J. Geografia da Fome. 7ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2007. 318p.
DASZAK, P; CUNNINGHAM, A. A & HYATT, A. D. Emerging Infectious Disease of Wildlife –
threats to biodiversity an Human Heath. Sicence.
GALEAZZI, M. A. Segurança Alimentar e os Problemas Estruturais de Acesso. In
GALEAZZI, M. A. Segurança Alimentar e Cidadania. Campinas: Ed. Mercado das Letras,
1996. .p.113–156. 325 p.
MARTINS, M.L.R. Construindo a Cidadania – O Papel da Cidade. In: GALEAZZI, M. A.
Segurança Alimentar e Cidadania. Campinas: Ed. Mercado das Letras, 1996. .p.109 –117.
325 p.
MCKEOWEN, T; LOWE, C.R. Introducción a la Medicina Social. 4 ed. Mexico: Ed. Siglo
XXI, 1999.
SEN, A. Poverty and Famines. An Essay on Entitlement an Deprivation. Clarendeon Press.
1981.
SPOSATI, A. Segurança Alimentar e os Problemas Estruturais de Acesso. In: GALEAZZI, M.
A. Segurança Alimentar e Cidadania. Campinas: Ed. Mercado das Letras, 1996. 325 p.
Autor a ser contatado: Zander B. Miranda. Faculdade de Veterinária – UFF. E-mail:
[email protected]
Download