Com o fim das obras olímpicas, cerca de 30 mil têm empregos

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23/02/2016 ­ 05:00
Com o fim das obras olímpicas, cerca de 30 mil têm empregos ameaçados
Por Robson Sales, Cristian Klein e Heloisa Magalhães
A proximidade da Olimpíada vem provocando apreensão na indústria da construção civil do Rio de Janeiro, principalmente entre os trabalhadores ocupados em
obras diretamente ligadas aos Jogos de 2016.
A Associação de Empresas de Engenharia do Rio de Janeiro prevê que, com os fim das construções das estruturas olímpicas e do Metrô, cerca de 30 mil a 35 mil
trabalhadores ficarão sem emprego na cidade do Rio de Janeiro.
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Construção Pesada (Sitraicp), Nilson Duarte Costa, estima que são cerca de 25 mil operários
ameaçados de perder o emprego. O sindicalista tem programada uma reunião com o secretário nacional do Trabalho, José Lopes Feijoó, em 1º de março, em Brasília,
para discutir saídas às demissões em massa. No dia seguinte, haverá um encontro em São Paulo reunindo todos os sindicatos em nível nacional ligados à construção,
preocupados com a retração da economia brasileira. Costa defende que o governo federal continue a financiar novas extensões do metrô do Rio, estimule a retomada
das obras do Comperj e volte a apoiar estaleiros prejudicados com a redução das encomendas do setor de petróleo.
Para o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Civil do Rio (Sintraconst), a crise econômica que diminuiu a oferta de vagas de emprego no
segmento ­ e também em outros setores ­ foi menos contundente no Rio em função das obras olímpicas. "Com o término dessas construções, o setor deve sentir o baque
mais forte", afirmou a entidade, por meio de nota.
O Rio de Janeiro é a região metropolitana com a menor taxa de desemprego, de 5,1%, entre as seis áreas urbanas analisadas pela Pesquisa Mensal de Emprego (PME),
do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Parte desse bom resultado vem da construção civil, que registrou, em dezembro, 20 mil trabalhadores a mais
que no mesmo mês do ano anterior, um aumento de 5,3%.
Além da construção civil, a Olimpíada movimenta uma cadeia de serviços e abre vagas em outros setores da economia. Pelo levantamento da agência de fomento Rio
Negócios, os Jogos estão gerando 16 mil empregos diretos e quase 30 mil indiretos, em áreas como call centers, centros de distribuição e hotelaria.
A Prefeitura do Rio sabe que 2017 será um ano delicado e aposta que a iniciativa privada ainda terá fôlego para continuar investindo na cidade. O plano "Pra frente
Rio" prevê investimentos de cerca de R$ 26 bilhões e a ampliação de projetos que constam na matriz olímpica de políticas públicas. É uma carteira de obras para
depois dos Jogos, na tentativa de manter aquecida a economia carioca no pós­2016. Entre as dez propostas do programa estão levar o VLT para a zona sul e ampliar
os corredores de ônibus BRT. Quase todo o planejamento é baseado em recursos privados.
"Queremos fazer uma operação, como a do Porto Maravilha, na região da Vargem Grande e da Vargem Pequena. Já estamos com um PMI [Procedimento de
Manifestação de Interesse] na rua", diz o prefeito Eduardo Paes. "Vai ter uma desmobilização, mas não é uma coisa que chegou junho e demitiu todo mundo, não é
muito assim. A ideia é que a gente retome esse ciclo. Claro que vai depender muito do próximo prefeito", afirmou.
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