COLÓQUIO Arquivo Municipal de Lisboa UM ACERVO PARA A HISTÓRIA II 18, 19 e 20 de março de 2015 - TEATRO ABERTO Painel VI – CONSTRUIR A CIDADE: O TEJO COMUNICAÇÃO O “Marco dos Navios” e a caracterização do Bloqueio Continental em Lisboa (1806-1812) António José Barata Alves Caetano O Prof. Jorge Borges de Macedo, no seu livro O Bloqueio Continental, lamentou o desconhecimento que havia acerca do movimento marítimo no porto de Lisboa, no período de 1806 a 1812, que utilizara para efectuar a análise. Nesse livro fundamental para caracterizar os efeitos, no nosso país, do Bloqueio decretado por Napoleão em 1806, o eminente historiador só pudera utilizar informação estatística referente ao movimento de navios na cidade do Porto. Borges de Macedo tinha consciência de o tráfego marítimo na capital do norte ter características diferentes daquele que demandava Lisboa e, ainda, de ser essencial, para bem poder avaliar o impacte do Bloqueio em Portugal, conhecer o movimento de navios na capital, por ser o porto de maior expressão. A enorme importância que o porto de Lisboa tinha, na época, tanto no abastecimento nacional e no escoamento das nossas produções e das reexportações coloniais, como no apoio logístico às esquadras mundiais que cruzavam o Atlântico, justifica o grande interesse pelo conhecimento do respectivo tráfego. Porém, não conseguia encontrar qualquer fonte estatística que permitisse obter esse conhecimento. A comunicação que me proponho apresentar destina-se a revelar que essa fonte existe no Arquivo Municipal de Lisboa /Histórico, e consiste na série de volumes referentes a um imposto municipal, cobrado sobre as embarcações que entravam no porto de Lisboa, denominado “Marco dos Navios (MN)”. O exaustivo levantamento da informação referente a cada navio entrado no porto de Lisboa, naquele período, permitiu constituir uma “base de dados” relativa a mais de dez mil viagens, de que resultou poder ser complementado o trabalho do Mestre e asseverar o efeito devastador do Bloqueio decretado por Napoleão sobre a Economia Portuguesa. Nisto consiste o objecto da Comunicação. Por ironia da História, o bloqueio naval ao porto de Lisboa foi efectuado por esquadra britânica, apostada em impedir o abastecimento das tropas francesas do general Junot, estacionadas em Lisboa. Isso abrangeu o movimento marítimo da capital, com todo o efeito perverso sobre o conjunto da economia, já que as exportações representaram 65% e as importações 80% do total nacional, em média, no período. NOTAS CURRICULARES Nasceu em Lisboa. Licenciatura de Economia pelo ISCEF (Universidade Técnica de Lisboa), atual Instituto Superior de Economia e Gestão, em 1955, com 17 valores (bom com distinção) e prémios escolares, como o de melhor aluno (ex-aequo). Dos primeiros economistas formados depois de 1954 a fazer estudos económico-financeiros e de viabilidade económica, em empresas. Iniciou-se como primeiro chefe de secção de Estudos Económicos da TAP. Responsável pela estruturação económica e financeira da Indústria Siderúrgica Portuguesa (1956-1959). Representante de Portugal no Comité do Aço (ONU). Professor de Geografia Económica Portuguesa no ISCEF (1959-1968). Diretor de investigação no Centro de Economia e Finanças (Instituto Gulbenkian de Ciência). Diretor português do Projeto Regional do Mediterrâneo (OCDE), sobre ajustamento do Sistema de Ensino às necessidades de pessoal científico e técnico. Atividade profissional em empresas, tendo dirigido companhias de seguros em Portugal, Brasil e Macau. Introdutor do Seguro de Crédito em Portugal, através da fundação da COSEC (1969). Participou, ainda, na criação de VIDA PREVIDÊNCIA PRIVADA (Brasil, 1981), atual Bradesco Vida e Previdência, líder do mercado brasileiro; do montepio MONAF (1985) e do banco BANIF (1988). Presidente da Comissão Nacional de Garantias de Crédito (1985-1990), que decidia sobre o aval do Estado no seguro de crédito à exportação, e de órgãos sociais da Associação Portuguesa de Seguradores. Último cargo: presidente da Companhia de Seguros FIDELIDADE. Consultor de empresas portuguesas, da Autoridade Monetária e Cambial de Macau e da ICEA (Madrid). Bibliografia publicada desde 1955 sobre Teoria e Política Económica, Comércio Internacional, Estrutura e Desenvolvimento Económico, Economia Regional, Economia do Ensino, Fiscalidade, Seguros e História Económica. Desde 1995 consagrado à pesquisa de História Económica e Social sobre fontes primárias, como Investigador não vinculado a qualquer Instituição. História de Portugal e do Brasil no Antigo Regime, Guerra Peninsular e período liberal português. História de Lisboa e Seguros no século XIX. Adepto da Cliometria. Biografia do Conde do Farrobo (1801-1869). Pensamento Económico de Claudio Adriano da Costa (1795-1866) e de D. Rodrigo de Souza Coutinho (1755-1812). No domínio da História Económica e Social: cinco livros publicados, um artigo em livro de homenagem, um artigo em livro de coletânea, lições em Seminários Universitários, oito artigos em revistas da especialidade e vinte e três comunicações apresentadas em Congressos, inseridas nos respetivos Anais. Prémio EDP – ACADEMIA DE MARINHA de Política e Comércio (exaequo) em 2013. Membro da Associação Portuguesa de História Económica e Social (APHES), da Sociedade de Geografia de Lisboa (Secção de História) e da Academia de Marinha (Classe de História Marítima).