UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” INSTITUTO A VEZ DO MESTRE PROCESSO DE SUBSTITUIÇÃO DE IMPORTAÇÃO: DE UMA ÓTIMA SOLUÇÃO ECONOMICA AO FRACASSO ESTRATÉGICO Por: Ana Carolina Santos Silva Orientador Prof. Carlos Cereja Rio de Janeiro 2011 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” INSTITUTO A VEZ DO MESTRE PROCESSO DE SUBSTITUIÇÃO DE IMPORTAÇÃO: DE UMA ÓTIMA SOLUÇÃO ECONOMICA AO FRACASSO ESTRATÉGICO Apresentação Candido de Mendes monografia como à requisito Universidade parcial para obtenção do grau de especialista em Gestão Empresarial. Por: . Ana Carolina Santos Silva AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus pela oportunidade adquirida a os mestres da casa pelos conhecimentos transmitidos, aos meu colegas de turma e pela diretoria do curso. DEDICATÓRIA Dedico as demais pessoas que participaram direta ou indiretamente na minha monografia e as pessoas que utilizam de uma boa estratégia como meio de resolução de problemas. RESUMO Essa monografia tem por objetivo explicar como um grande plano estratégico pode se tornar um fracasso sem o devido planejamento. O plano estratégico mencionado será o Processo de Substituição de Importação que teve de ser criado a partir da crise da economia cafeeira iniciada nas décadas finais do século XIX. O Processo de Substituição de Importação era vista na época como um avanço da industrialização, começando com os bens de consumo não duráveis (alimentos, tecidos, entre outros), indo em direção aos bens de consumo duráveis e de capital. Esse processo foi motivado pela condição vulnerável em que o Brasil, enquanto país agroexportador se encontrava, frente às crises externas. Fazeremos também uma breve analise sobre os governos de Vargas, Juscelino Kubitschek. Nesse intervalo de tempo, falaremos sobre a Administração Estratégia e o Planejamento Estratégico. METODOLOGIA O método utilizado neste trabalho foi à pesquisa bibliográfica, que é ações, métodos e técnicas que visa à obtenção de informação por meios de pesquisas através normais ou automáticos, de referências bibliográficas específicas. Esta pesquisa foi feita em livros, internet e outros documentos pertinentes. SUMÁRIO INTRODUÇÃO 08 CAPÍTULO I - Etapa Colonial: Portugal- Inglaterra 10 CAPÍTULO II – Governo Vargas 14 CAPÍTULO III – Governo Jucelino Kubitschek 16 CAPÍTULO IV - Administração Estratégica 19 CAPÍTULO V - Processo de Substituição de Importação 30 CONCLUSÃO 38 BIBLIOGRAFIA 40 WEBGRAFIA 42 ANEXOS 43 ÍNDICE 46 8 INTRODUÇÃO A crise de 1929 determinou a decadência da cafeicultura e a transferência do capital para a indústria, o que associado a presença de mão de obra e mercado consumidor vai justificar a concentração industrial no Sudeste, especificamente em São Paulo. Esta fase teve uma característica de quase exclusividade das indústrias de bens de consumo não duráveis, definindo o período chamado de Substituição de Importação. Sabemos que se queremos fazer uma determinada mudança ou implementar algo de novo em uma empresa, sendo publica ou privada ou em qualquer setor de nossas vidas, temos que ter uma boa estratégia. E sabemos também que com uma administração estratégia bem sucedida tudo tende ao sucesso. Viremos por meio desta pesquisa explicar o Processo de Substituição de Importação e demonstra que o mesmo foi e continua sendo uma boa tentativa de implementar o processo de industrialização. Os governos de Vargas e JK tentaram implementá-lo de maneiras diferentes, mas não tiveram bons resultados, ocasionando o mal desempenho das empresas que foram criadas.Queremos mostrar que para se implementar um processo estratégico, como foi o caso do PSI, primeiro devem-se analisar o ambiente, avaliando este ambiente a administração pode reagir adequadamente e intensificar o sucesso. Em segundo, devem-se estabelecer as diretrizes organizacionais, que é a missão, visão e os objetivos desse processo. Em terceiro, formular a estratégia, que determina cursos de ação apropriados para alcançar os objetivos. Em quarto, a implementação da estratégia, que é colocar todos os passos anteriores em práticas e por último, o controle estratégico que verifica se tudo esta ocorrendo perfeitamente e fazer as devidas atualizações. Mais não foi isso que aconteceu. Nos governos de Vargas e JK o PSI não teve um bom êxito, pois não foram verificadas as etapas da Administração Estratégica 9 anteriormente citadas, as coisas acabaram fugindo de controle e prejudicando o país, apesar de terem trazido alguns benefícios. Esta monografia tem por objetivo analisar cientificamente o que levou a implementar do Processo de Substituição de Importação e apresentar como uma estratégia bem sucedida pode se tornar um sucesso. E definir o motivo da criação do processo e conceituar a administração estratégica. A Substituição de Importação nada maia é do que produzir bens anteriormente importados e a administração estratégica um conjunto de orientações, decisões e ações estratégicas que determinam um plano para um maior desempenho da empresa no futuro. O Capitulo I apresenta as causas que ocasionou a criação do Processo de Substituição de Importação, o Capitulo II aborda de forma resumida o Governo de Vagas, o Capitulo III aborda o Governo de JK de forma resumida, apresentando como o Plano de Metas influenciou no Processo de Substituição de Importação, o Capitulo IV trata-se do que é Administração Estratégica, suas etapas e os processos do Planejamento Estratégico. E o Capitulo V aborda o que de fato foi esse processo, as suas características e dificuldades encontradas na sua implementação 10 CAPÍTULO I ETAPA COLONIAL: PORTUGAL - INGLATERRA O Brasil nasceu como um projeto colonial da metrópole portuguesa, por tanto, tinha uma grande dependência externa. A partir do inicio do século XVIII com a dependência econômica de Portugal ao capitalismo inglês e com base no Tratado de Methuen1, a colônia passou a servir aos dois países, e o ouro que era extraído servia para Portugal pagar suas dividas com a Inglaterra. [Q]o acordo comercial celebrado com a Inglaterra em 1703 desempenhou um papel básico no curso tomado pelos acontecimentos. Esse acordo significou para Portugal renunciar a todo desenvolvimento manufatureiro e implicou transferi para a Inglaterra o impulso dinâmico criado pela produção aurífera no Brasil. (FURTADO, 2008, p.66) A independência política do Brasil no inicio do século XIX, não conseguiu resolver esse problema, pois a Inglaterra foi assumindo de forma crescente o lugar de Portugal no comando da economia sobre o Brasil, situação que só tornou sólida durante o período da República Velha nas três primeiras décadas do século XX. Nessa época o eixo da economia brasileira que passou a ser a produção e a exportação de café, firmando a economia como agroexportadora, pois no final do século XVIII veio à decadência da mineração do ouro no Brasil e a Inglaterra, de certa forma, queria continua tirando vantagens financeiras do país. E nessa economia, cabia aos bancos ingleses ter os recursos financeiros para a produção, transporte e 1 Segundo Mendes (1991), trata - se de um tratado comercial firmado em 1703 entre Portugal e Inglaterra, através do qual Portugal dava preferência aos produtos industriais ingleses, enquanto a Inglaterra favorecia os vinhos e azeites portugueses. 11 comercialização do café e aos industriais ingleses fornecer produtos manufaturados para o Brasil, isso ocorria por causa do acordo feito entre Portugal e Inglaterra. A expansão cafeeira da segunda metade do século XIX, momento no qual se modificou as bases do sistema econômico, estabeleceu uma etapa de mudança na economia. Foi nas tensões internas da economia cafeeira na sua etapa de crise que acabou surgindo os elementos de um sistema econômico autônomo, com a capacidade de gerar seu próprio crescimento, terminando-se então a etapa da economia brasileira. 1.1 - O Esgotamento do Modelo Agroexportador Desde a Independência, a economia brasileira dependia do bom desempenho das exportações, que na época se limitavam a algumas poucas commodities2 agrícolas, notadamente o café plantado na região Sudeste, o que caracterizava a economia brasileira como agroexportadora. O café foi o produto base da economia, gerando uma crise de superprodução devido à importância que a produção e a exportação de café assumiram na economia brasileira, desde 1840. As conseqüências da crise do café foram muito graves, essa situação provocou uma forte queda dos preços no mercado mundial. No final do século XIX, o Brasil já era o principal produtor de café, responsável por três quartos das exportações mundiais. No mercado cafeeiro o país atuava como um produtor semimonopolista, com grandes vantagens comparativas [Q ] (REGO, 2005, p.72) 2 Segundo Martins (2008), são produtos “in natura” cultivados ou de extração mineral, que podem ser estocados por certo tempo sem perda sensível de suas qualidades, como suco de laranja congelado, soja, trigo, bauxita, prata ou ouro. Atualmente também são consideradas commodities produtos de uso comum mundial como lotes de camisetas brancas básicas ou lotes de calças jeans. 12 Os cafeicultores da época ficaram tão preocupados com o ocorrido, que forçaram o governo adotar uma política de garantia dos preços, mas por falta de opção, o governo teve que utilizar de recursos públicos disponíveis. Com esses recursos, o governo adquiria e armazenava a produção anual de café sem colocação no mercado. A partir dos primeiros anos do século XX o café passou a enfrentar a recuperação, os produtores comprometiam-se a não aumentar suas lavouras, já que havia superprodução. E essa decisão foi ajustada na Convenção de Taubaté, em São Paulo no ano de 1906, através do Acordo de Taubaté entre os cafeicultores e o governo. O objetivo desse acordo era impedir a queda ainda maior dos preços, mas acabou se tornando um adiamento da solução do problema. A política de valorização do café para ser eficiente, deveria ter desenvolvido um mecanismo que impedisse o continuo aumento da produção. Contudo, a defesa do nível de preços não só incentivou a produção interna ainda mais como também constituiu um estímulo fabuloso para os concorrentes exteriores. (Ibid, p. 73) Apesar das dificuldades financeiras encontradas, principalmente o governo do estado de São Paulo, cumpriu com a sua parte no acordo. Os fazendeiros continuaram a ampliar suas fazendas de café, pois tinham preço e compradores garantidos por intermédio do governo. 1.2 - A Crise de 1929 Em 1929, os EUA sofreram um grande abalo econômico, conhecido como a Grande Depressão ou a Crise de 1929. Essa crise ocasionou a Quebra da Bolsa de Nova York, devido à superprodução da indústria americana. Isso não só levou a desvalorização de seus produtos, mas 13 como também, de seu mercado financeiro e de sua moeda. Devido à grande dependência econômica da maioria dos países do ocidente com relação aos EUA, e essa crise se transformou em uma crise mundial. Essa quebra causou altas taxas de desemprego, quedas do produto interno bruto e na produção industrial e em praticamente, toda atividade econômica em diversos países no mundo. A crise abalou seriamente a economia norte-americana e a economia brasileira não escapou das conseqüências da crise. O café brasileiro que já vinha sendo produzido com excesso desde a década de 1910 perdia com a crise americana seu principal consumidor fazendo com que seus preços declinassem o que repercutiu na queima do café em excesso. Os EUA como principal comprador de café suspendeu as compras e com isso, o preço do café despencou, gerando milhares de desempregados no país. Por causa do acordo feito por Portugal, a colônia (Brasil) foi liderada por muitos anos pela Inglaterra, que trouxe a produção e a exportação de café, transformando a economia do país em agroexportadora. Desde então, o café se tornou o produto base da economia, ocasionando, uma crise de superprodução, que levou o governo a adotar uma política de garantia dos preços. O país mal tinha se recuperado da crise quando houve a Quebra da Bola de Nova York em 1929-30, que fez o Brasil perder seu principal consumidor. A indústria brasileira se tornou o principal motivo de crescimento do país a partir da Grande Depressão dos anos 1930. A crise na economia cafeeira foi um grande estimulo para o aprofundamento da industrialização, o avanço da industrialização foi por meio do Processo de Substituição de Importação, iniciando com os bens de consumo não-duráveis, como alimentos, tecidos entre outros e até os bens de consumo duráveis e de capital. 14 CAPITULO II GOVERNO DE VARGAS Getúlio Dornelles Vargas foi o presidente que mais tempo governou o Brasil, durante dois mandatos. De origem gaúcha, ele nasceu na cidade de São Borja, em 19/04/1882 e faleceu no Rio de Janeiro, em 21/08/1954. Vargas foi presidente do Brasil entre os anos de 1930 a 1945 e de 1951 a 1954. Entre 1937 a 1945 instalou a fase de ditadura, o chamado Estado. Vargas assumiu, após comandar a Revolução em 1930, que derrubou o governo de Washington Luís. Seus quinze anos de governo seguintes caracterizaram-se pelo nacionalismo e populismo. Sob seu governo foi promulgada a Constituição de 1934. Fechou o Congresso Nacional em 1937 instalou o Estado Novo e passou a governar com poderes ditatoriais. Sua forma de governo passou a ser centralizadora e controladora. Vargas criou o Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP) para controlar e censurar manifestações contrárias ao seu governo. Perseguiu opositores políticos, principalmente partidários do comunismo. Entregou Olga Benário, esposa do líder comunista Luis Carlos Prestes, para o governo nazista. Após Vargas descobriu que Olga e Prestes estavam planejando uma revolta contra o seu governo. Vargas criou a Justiça do Trabalho (1939) instituiu o salário mínimo, a Consolidação das Leis do Trabalho, também conhecida por CLT. Os direitos trabalhistas também são frutos de seu governo: carteira profissional, semana de trabalho de 48 horas e as férias remuneradas. Vargas investiu muito na área de infra-estrutura por causa da implementação do Processo de Substituição de Importação causada pela crise 1929, criando a Companhia Siderúrgica Nacional (1940), a Vale do Rio Doce (1942), e a Hidrelétrica do 15 Vale do São Francisco (1945). Em 1938, criou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Saiu do governo em 1945, após um golpe militar. O segundo mandato de Vargas foi marcado por importantes iniciativas nas áreas sociais e econômica. O Processo de Substituição de Importação teve um papel importante no surgimento da indústria de base no Brasil. Foi na era de Getúlio Vargas que este processo teve seu auge e foi quando surgiu a Cia. Siderúrgica Nacional. Atualmente este processo só teria espaço se houvesse uma profunda reforma tributária que deixasse nossos produtos com preços mais competítiveis. (MENDONÇA, 2002, p.25) Para o desenvolvimento e crescimento da indústria nacional seria preciso importar tecnologia que não era fabricada aqui e após um determinado período criar incentivos para o desenvolvimento da indústria nacional e o crescimento do mercado interno (aumento do poder aquisitivo e do número de postos de trabalho) para se promover um novo processo de substituição de importações. Por mais que Getúlio Vargas tenha sido um ditador e governado com medidas controladoras e populistas, o mesmo foi um presidente marcado pelo investimento no Brasil. Além de criar obras de infra-estrutura e desenvolver o parque industrial brasileiro, por causa do Processo de Substituição Importação, tomou medidas favoráveis aos trabalhadores. E foi nessa área que Vargas deixou sua marca registrada. O Processo de Substituição de Importação tinha tudo para dar certo, por causa de um erro estratégico, causou uma serie de prejuízos. 16 CAPITULO III GOVERNO DE JUSCELINO KUBITSCHEK Na eleição presidencial de 1955, o Partido Social Democrático (PSD) e o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) se aliaram, lançando como candidato Juscelino Kubitschek para presidente e João Goulart (Jango) para vice-presidente. A União Democrática Nacional (UDN) e o Partido Democrata Cristão (PDC) disputaram com a candidatura de Juarez Távora. Concorreram os candidatos Adhemar de Barros e Plínio Salgado. Mas Juscelino Kubitschek conseguiu vencer as eleições de 1955, tendo Jango como vice- presidente e ele assumiram o governo no dia 31 de janeiro de 1956, ficando no poder até 31 de janeiro de 1961, quando passou o cargo para Jânio Quadros. 4.1 Plano de Metas O governo de Juscelino Kubitschek entrou para a história como a gestão presidencial na qual se registrou o mais expressivo crescimento da economia brasileira. O lema desse governo foi “Cinqüenta Anos de Progresso em Cinco Anos de Governo”. Para atingir esse objetivo, o governo federal elaborou o Plano de Metas, que visava um crescimento econômico acelerado a partir da expansão do setor industrial, com investimento na produção de aço, alumínio, metais não ferrosos, cimentos, álcalis, papel e celulose, borracha, construção naval, maquinaria pesada e equipamento elétrico. 17 O Plano de Metas foi um marco na reelaboração qualitativa das relações entre Estado e economia no país. Integravam - se pela primeira vez, sob o controle do governo, as atividades do capital público e do privado (nacional e estrangeiro), através de um planejamento que definia os recursos privados bem como as estratégias para dirigir os recursos privados para essas áreas. O Estado adquiria novas funções e esferas de atuação econômica que passavam desde a sua definição como banqueiro do capital privado (por meio das agências públicas de financiamento do crédito industrial) até o seu papel de proprietário. (MENDONÇA, 2002, p. 59) Os objetos do Plano de Metas, resumidamente, foram em dois níveis. Em curto prazo, acelerar o processo de acumulação, pelo aumento da produtividade dos investimentos daqueles já realizados e aqueles por realizar e em médio prazo, que buscava atingir a elevação, o aumento do nível de vida da população. 4.2 Os Principais Problemas do Plano de Metas O problema do Plano de Metas foi o financiamento, pois os investimentos públicos, na ausência de uma reforma fiscal apropriados com as metas e os gastos estipulados, tiveram que se sustentar principalmente da emissão monetária. Do ponto de vista externo, viu-se uma queda no saldo em transações correntes e o crescimento da dívida externa. A concentração de renda aumentou pelo desestímulo a agricultura e investimento de capital na indústria. Apesar das rápidas transformações, o Plano de Metas aprofundou todas as oposições existentes no Processo de Substituição de Importação, tornando os limites claros do modelo dentro do esboço institucional. 18 A política econômica desenvolvimentista de Juscelino apresentou pontos positivos e negativos o Brasil. A entrada de multinacionais gerou empregos, mas deixou o país mais dependente do capital externo. O investimento na industrialização deixou de lado a zona rural, prejudicando o trabalhador do campo e a produção agrícola. 19 CAPÍTULO IV ADMINISTRAÇÃO ESTRATÉGICA A administração estuda as necessidades da organização, suas diretrizes, sua cultura, seus processos, seus recursos e seu capital, possibilitando a realização de seu objetivo de forma estruturada. A administração também pode ser compreendida como uma combinação que integra e coordena os processos e recursos da empresa para alcançar os resultados. A estratégia é um conjunto de ações interligadas, destinadas a resolver um determinado problema. De acordo com Serra (2004, p.4): “a palavra estratégia, em grego antigo, significa a qualidade do gerente [Q] freqüentemente a estratégia está ligada a dois ou mais competidores disputando o mesmo objetivo.” A administração estratégica integra o planejamento estratégico e a administração em um único processo, sendo que o primeiro torna-se uma atividade contínua em que os administradores são encorajados a pensar estrategicamente, focando na visão estratégica de longo prazo, assim como questões táticas e operacionais a curto prazo.(BULGACOV, 2007, p.8) Administração estratégica é um conjunto de orientações, decisões e ações estratégicas que determinam um plano para um maior desempenho da empresa no futuro. Ela também é uma administração que de forma estruturada uni um conjunto de premissas, normas e funções para elevar harmonicamente o processo de planejamento da situação futura desejada. Segundo Certo (2005, p.3): “a administração estratégica é definida como um processo continuo 20 e interativo que visa manter uma organização como um conjunto apropriadamente integrado a seu ambiente.” A ocupação da administração estratégica é com o futuro da organização, buscando como resultado a permanência por meio da inovação e diversificação visando o desenvolvimento como atitudes pró-ativas e com atitude de desenvolvimento ou de crescimento e tudo isto sem traumas ou conflitos, promovendo a mudança de maneira amigável. O seu foco é a estruturação da organização com o objetivo de dar as condições exigidas no planejamento estratégico, que levará a organização a níveis de maior competitividade, e como conseqüências, vantagens no mercado. No cenário externo estão os atores com os quais a organização se relaciona: clientes, concorrentes, fornecedores, os agentes de governança e, outros que a influenciam como: a sociedade, tecnologias, elementos conjunturais (economia, política, meio-ambiente...), eventos e processos sobre os quais a organização não tem ‘governabilidade’, mas que necessita conhecer o como, o porquê e o quando dos acontecimentos que provocam ameaças ou possibilitam oportunidades para organização. No cenário interno temos a inteligência organizacional, o conhecimento que a organização tem de si mesmo, suas forças e fraquezas e, neste sentido, se consegue implementar programas de aprendizagem e desenvolvimento de seu capital humano, posto que se traduz, nesta era do conhecimento como o ativo de maior relevância, pois é o responsável por agregar valor. Seu grande foco é a estruturação da organização com o objetivo de estabelecer as condições exigidas no esforço de um planejamento estratégico que promoverá a organização a níveis de maior competitividade e conseqüentemente, vantagens no mercado de inserção. Começando com as premissas básicas (negócio, missão, visão,), diretrizes, políticas, passando pela análise do ambiente externo (oportunidades, ameaças,...) e do ambiente interno (forças e fraquezas), análise dos FCS (fatores críticos de sucesso), 21 definição do indicadores de desempenho e resultado, pois não maximizamos o que não conhecemos, enfim todas as variáveis relevantes para a formulação do plano estratégico. Atualmente, o Project Management Institute (PMI) é tido como o maior programa em eficácia no desenvolvimento e o Balanced Scorecard (BSC) é a ferramenta mais utilizada na implementação e monitoramento do projeto. O administrador estratégico é responsável por criar um clima organizacional adequado para a implementação do plano a partir do envolvimento da alta-administração, obtendo sintonia com todos os envolvidos no processo, o que somente ocorrerá com uma clara comunicação. 4.1 - O Processo da Administração Estratégica Para se colocar em pratica um projeto, dentro da administração estratégica, deve-se passar por um processo, uma serie de etapas. Essas etapas básicas são: (1) análise do ambiente; (2) estabelecimento da diretriz organizacional; (3) formulação da estratégica; (4) implementação da estratégia e (5) controle estratégico. Agora será analisada cada uma das etapas. Etapa 1: Análise do Ambiente - é o processo de monitorar o ambiente organizacional para identificar os riscos e as oportunidades presentes e futuras. Assim, o ambiente organizacional encerra todos os fatores, tanto internos como externos da organização, que podem influenciar o progresso obtido através da realização de objetivos da organização. Etapa 2: Diretrizes Organizacionais - é a determinação da meta da organização. Nela utilizam-se dois indicadores principais de direção para os 22 quais uma organização é levada: a missão e os objetivos organizacionais. A missão organizacional é a finalidade de uma organização ou a razão de sua existência. Os objetivos são as metas das organizações. Há outros dois indicadores de direção que, atualmente, as empresas estabelecem: a visão, que é o que as empresas aspiram a ser ou se tornar, e os valores, que expressam a filosofia que norteia a empresa e a que a diferencia das outras. Etapa 3: Formulação da Estratégia - é definida como um curso de ação, que visa a obtenção dos objetivos organizacionais. Formular as estratégias é projetar e selecionar estratégias que levem à realização dos objetivos organizacionais. Sua perspectiva central é saber lidar satisfatoriamente com a concorrência. Assim que o ambiente tenha sido analisado e a diretriz organizacional estipulada, a administração é capaz de traçar cursos alternativos de ação em um esforço conhecido para assegurar o sucesso da organização. Etapa 4: Implantação da Estratégia - nesta etapa colocam-se em ação as estratégias desenvolvidas anteriormente. Sem a implementação efetiva da estratégia, as organizações são incapazes de obter os benefícios da realização de uma análise organizacional, do estabelecimento de uma diretriz organizacional e da formulação da estratégia organizacional. Etapa 5: Controle Estratégico - é um tipo especial de controle organizacional que se concentra na monitoração e avaliação do processo de administração estratégica no sentido de melhorá-lo e assegurar um funcionamento adequado. Se Getúlio Vargas e Juscelino Kubitschek tivessem seguido passo a passo as etapas, anteriormente citadas, o Processo de Substituição de Importação teria um êxito de 100% em vez de 50%. E dessa forma as empresas que foram criadas teriam obtido um maior êxito. 23 4.2 - Planejamentos Estratégicos O planejamento estratégico é uma das mais importantes funções administrativas, e é através dele que o gestor e a sua equipe estabelecem as características que irão direcionar a organização da empresa a liderança e o controle das atividades. O planejamento estratégico pode ser definido como o desenvolvimento de processos, técnicas e atividades administrativas, os quais proporcionam uma situação viável de avaliar as implicações futuras de decisões presentes em função dos objetivos empresariais que facilitarão a tomada de decisão no futuro, de modo mais rápido, coerente, eficiente e eficaz. (OLIVEIRA, 2007, p. 5) O objetivo do planejamento estratégico é fornecer aos gestores e as suas equipes uma ferramenta que faça o detalhamento das informações para a tomada de decisão, os ajudando a atuar de forma pró-ativa e antecipando se as mudanças que ocorrem no mercado. O planejamento tende a reduzir as dúvidas que aparecem no processo decisório, conseqüentemente, provoca o aumento na possibilidade de alcanças os objetivos, desafios e metas estabelecidas pela empresa. 4.2.1- Processo de Planejamento Passo a Passo Passo 1 - O Diagnóstico Estratégico O diagnóstico estratégico é o primeiro passo do processo de 24 planejamento e é através dele que a organização irá se equipar das informações que irão lhe dar uma direção estratégica. O diagnóstico estratégico é como se fosse um radar ligado 24 horas por dia, sempre pronto para atrair e manter atualizado o conhecimento da organização em relação ao ambiente e a si próprio, visando identificar e monitorar as variáveis competitivas que afetam a sua performance. É com base no diagnóstico estratégico que a empresa irá se antecipar às mudanças e preparar-se para agir em seus ambientes internos e externos. Mas para isso deve- se saber utilizar: 1) A análise externa: ambiente geral e o ambiente de negócio Toda organização, seja ela privada ou pública consiste em um sistema aberto, em freqüente interação com o meio ambiente. Para sobreviver, as organizações precisam de insumos (recursos humanos, recursos financeiros e materiais), que são transformados em bens e serviços, os quais são colocados no mercado, visando o atendimento de uma determinada necessidade. O atendimento dessa necessidade produz resultados que retroalimentam as organizações. A relação com o meio externo constitui em um fator-chave da própria existência das organizações. Pode-se dividir o ambiente organizacional em dois grandes grupos: o macroambiente ou ambiente geral e o microambiente, ou Indústria. O macroambiente é composto por variáveis que vão influenciar a empresa indiretamente. Por exemplo, alguns indicadores econômicos tais como inflação, índices de preços e taxa de desemprego vão influenciar a empresa, através da sua ação sobre o ambiente da indústria, agindo sobre o poder de compra dos clientes. Uma política governamental que incentive a 25 abertura de mercado em um determinado setor irá provocar o aumento da concorrência, ampliando a competitividade nesse setor. O macroambiente pode ser caracterizado, portanto, como o conjunto de aspectos estruturais capazes de influenciar as diferentes empresas. A influência desses aspectos pode variar de organização para organização. Para analisar o macroambiente, é importante que o gestor levante as seguintes informações: 1. Socioculturais: preferências, tendências populacionais, cultura, nível educacional, estilo de vida, distribuição etária e geográfica da população-alvo da empresa; 2. Legais: leis, impostos, taxas aplicáveis ao setor; 3. Políticos/governamentais: políticas governamentais de incentivo e/ou restrição, influências políticas e de demais grupos de interesse; 4. Econômicos: juros, câmbio, renda, nível de emprego, inflação, índices de preços; 5. Tecnológicos: pesquisa e desenvolvimento de produtos na área, avanços tecnológicos e custos envolvidos. Além de analisar os aspectos levantados do macroambiente, é necessário que o gestor considere as características do microambiente. O Microambiente corresponde a sistemas próximos à empresa e que interagem com ela de maneira forte e permanente. Abrange os fornecedores de insumos, os clientes, os competidores e os órgãos governamentais ou regulamentadores. O microambiente influencia permanentemente a empresa e esta também procura influenciá-lo, tendo, quase sempre, alguma capacidade para isso. Fatores que compõem o Micro ambiente: 26 1) Consumidores: usuários dos produtos e serviços da organização. 2) Fornecedores: são os supridores de recursos, capital, mão-de-obra, materiais, equipamentos, serviços e informações, entre outros. 3) Concorrentes: produzem bens ou serviços iguais, semelhantes ou sucedâneos, visando aos mesmos consumidores ou usuários; competem pelos mesmos recursos junto aos mesmos fornecedores. 4) Regulamentadores: entidades que impõem controles, limites e restrições à ação da organização: governo, meios de comunicação de massa, sindicatos, associações empresariais e de classe e organizações não governamentais, por exemplo. A interação do sistema organizacional com o ambiente no qual ele atua cria, nesse sistema, subsistemas específicos, que interagem, cada um deles, com setores específicos. Passo 2 - Definição das Diretrizes Organizacionais O monitoramento ambiental fornece elementos essenciais para que o gestor determine o rumo a ser seguido pela organização. Este rumo é explicitado através das diretrizes organizacionais formadas pela missão, pela visão e pelos objetivos da organização. A missão da organização consiste na sua razão de ser e determina a sua identidade Segundo Thompson e Strickland (2000), para definir bem uma missão é preciso que se considerem três elementos: 1) As necessidades do consumidor, ou o que está sendo atendido, 2) Os grupos de consumidores, ou quem está sendo atendido, 3) As tecnologias usadas e funções executadas, ou como as necessidades dos consumidores estão sendo atendidas. Tendo as necessidades dos clientes como foco, a missão é definida dentro de um horizonte de longo prazo. Essa missão deve ser comunicada para todos da organização. Uma missão bem definida prepara a organização para o futuro, pois estabelece uma visão comum entre os membros quanto aos rumos da empresa e transmite a identidade e a finalidade da empresa para os seus diferentes participantes. A visão consiste num macro objetivo, que expressa onde e como à organização pretende estar no futuro. A visão atua como um elemento motivador, energizando a empresa e criando um ambiente propício ao surgimento de novas idéias. Toda visão tem um componente racional, que é produto da análise ambiental e outro componente são os gestores. Por isso, todo processo de planejamento é composto também de certa dose de feeling, onde aos fatos e dados são adicionados à capacidade empreendedora e visionária daqueles que estão planejando. A formulação da visão não é exclusividade da alta gerência da organização. Ela pode ser estabelecida em qualquer nível hierárquico, individualmente ou de forma coletiva. Para que ela funcione melhor é preciso, entretanto, que ela seja difundida. Portanto, é correto afirmar que a visão é mais consistente quando a organização consegue incorporá-la em seus diferentes níveis, fazendo com que estes, busquem alcançá-la no longo prazo. Segundo Certo (2005), “para concretizar a missão e a visão da empresa, é necessário definir claramente os objetivos a serem alcançados. Os objetivos são resultados que a empresa busca atingir, podendo ser de longo, médio ou curto prazo. 27 Para que os objetivos exerçam sua função devem ser: 1) Específicos, indicando claramente o que se quer alcançar; 2) Passíveis de serem alcançados, para não causar desânimo na equipe; 3) Flexíveis, de forma que possam ser modificados, caso haja necessidade; 4) Mensuráveis e conter prazos, pois quanto mais quantificados, mais fácil será a sua mensuração.” A definição clara dos objetivos é fundamental, pois eles serão a referência no momento da avaliação do processo de planejamento, um objetivo mal formulado pode comprometer todo o processo. O planejamento estratégico, através da definição de objetivos consistentes, vai muito além da lucratividade, buscando estabelecer resultados de longo, médio e curto prazo, em diferentes dimensões do desempenho da empresa. Passo 3 - O Estabelecimento do Mix Estratégico Definidos os objetivos, a empresa necessita estabelecer os caminhos para alcançá-los e esta é a finalidade da estratégia. Segundo Mintzberg,” não existe uma única definição de estratégia.” Sintetizando os diferentes significados atribuídos ao conceito de estratégia ao longo do tempo, este autor ressalta cinco definições que ele denomina os 5 Ps da estratégia: 1. Plano: a estratégia consiste numa linha de conduta ou um guia de ação intencional, que conduz os diferentes níveis e áreas da empresa. As estratégias são formuladas antes das ações, às quais elas se aplicam, sendo desenvolvidas conscientemente e intencionalmente. 28 2. Padrão: a estratégia pode surgir de uma persistência no comportamento e indicar um padrão de rotina. Segundo essa definição, a estratégia pode surgir das próprias ações cotidianas, de forma intencional ou não. 3. Piège (armadilha): a estratégia age como uma manobra particular para eliminar ou enfraquecer o concorrente, sendo utilizada como um instrumento para lidar com a competição que a empresa enfrenta na sua Indústria. 4. Posição: a estratégia é uma forma de localizar a empresa no seu meio ambiente, melhorando sua posição competitiva. Nessa concepção a estratégia permite definir o local (dentro do ambiente mais amplo) onde a empresa vai concentrar os seus recursos, visando manter ou melhorar sua posição. 5. Perspectiva: a estratégia reflete os conceitos, os valores e a perspectivas partilhadas pelos membros da organização. Nessa definição, a estratégia é também influenciada pela forma como a empresa e seus membros percebem o ambiente. A personalidade e a cultura da empresa serão então determinantes para a definição da estratégia. Estas definições mostram que a estratégia pode ser fruto de um processo deliberado,conduzido pela presidência e diretoria da empresa, de forma sistemática, como também pode surgir de um processo emergente sendo formulada a partir da prática, através de um processo contínuo de aprendizado. Uma empresa onde reconhecidamente as estratégias são emergentes é a 3M, cuja visão é descrita como.ser reconhecida como a empresa mais criativado mundo. Essa visão tem se consolidado graças a uma forma de gestão que estimula o envolvimento dos trabalhadores na formulação das estratégias da organização. É importante que a organização saiba adaptar sua estratégia às condições internas e externas identificadas no diagnóstico 29 e além de formular coerentemente seu mix estratégico, seja capaz de colocá-lo em prática, de norma a atingir os objetivos previstos. 30 CAPÍTULO V PROCESSO DE SUBSTITUIÇÃO DE IMPORTAÇÃO Os efeitos da Quebra da Bolsa de Nova York sobre a agricultura cafeeira e as mudanças geradas pela Revolução de 1930 3que modificaram o eixo da política econômica, que assumiu um caráter mais nacionalista e industrialista. Em 1931, Getúlio Vargas, falou sobre a idéia de implantar indústrias de base. Com isso, o país poderia reduzir sua importação, estimulando a produção nacional de bens de consumo. As grandes dificuldades causadas pela II Guerra Mundial ao comércio internacional favoreceram a estratégia de substituição de importação, pois no inicio da II Guerra o crescimento do Brasil diminuiu porque o país não conseguia importar os equipamentos e maquinas que precisava, isso destacou a importância de possuir uma industria de Bens de Capital. Já os autores da segunda posição interpretam a “Revolução” de 30 como a verdadeira revolução burguesa brasileira, entendendo à como a ascensão da burguesia industrial ao aparelho do Estado. Em conseqüência dessa “tomada de poder”, seria efetivamente implementada a industrialização no país, único meio capaz de superar o dilema ou impasse criado pela coexistência dos setores arcaicos (a agroexportação identificada ao feudalismo) e moderno (o pólo urbano- industrial capitalista) na sociedade brasileira. (MENDONÇA, 2002, p.17) O Processo de Substituição de Importação representa substituir algum produto importado, por outro, produzido nacionalmente. O PSI nada mais foi do que um projeto estratégico, voltado para a industrialização de um 3 Segundo Fausto (1995), essa Revolução foi liderada por Vargas e teve quatro pontos básicos: garantir o direito ao voto, proteção à economia nacional, proteção ao trabalho e ensino público. O objetivo desse movimento, conforme declarado por Vargas seria “readquirir a liberdade, para restaurar a pureza ao regime republicano para a reconstrução nacional.” 31 determinado país. A industrialização feita a partir desse processo era uma industrialização voltada para dentro, que visava atender ao mercado interno. O desenvolvimento econômico e a progressiva afirmação de um novo perfil sociopolítico da sociedade brasileira impunham novas demandas à política exterior. A década de 50 se abria com o incremento da urbanização e da industrialização, a afirmação de uma burguesia industrial, de segmento médios urbanos, de uma jovem classe operaria e outros trabalhadores urbanos e rurais. O sistema político tinha de responder à crescente participação popular enquanto as contradições da sociedade brasileira constituíam um terreno fértil para os conflitos sócios. Assim, Vargas viu-se na contingência de retomar o projeto de desenvolvimento industrial por Substituição de Importações, incrementando a indústria de base. (VIZENTTNI, 2005, p. 17) A crise do café mostrou a vulnerabilidade e a inviabilidade da monocultura exportadora como sustento da economia brasileira, precisando de criação de novas fontes de riquezas. A indústria era tida como setor preferido e defendido por aqueles que desejavam a modernização do país, tirando-o do atraso colonial que ainda estava. 5.1 - Características do Processo de Substituição de Importação De acordo com ABREU (1990), o Processo de Substituição de Importação enquanto modelo de desenvolvimento pode ser caracterizado pelos seguintes fatos: 32 Ø Estrangulamento Externo - queda do valor das exportações com manutenção da demanda interna, mantendo a demanda, por importações, gerando a escassez de divisas; Ø Desvalorização da taxa de câmbio - aumento da competitividade e a rentabilidade da produção doméstica, dando o encarecimento dos produtos importados; Ø O aumento de renda e conseqüentemente a demanda. Percebe-se que o setor dinâmico do PSI era o estrangulamento externo, recorrente e relativo. Que funcionou como estimulo e limite ao investimento industrial. Esse investimento, substituindo as importações, passou a ser uma peça chave para determinar o crescimento econômico. Conforme o investimento e a produção cresciam em um determinado setor, criava pontos de estrangulamento em outro. A demanda pelos bens desses outros setores era atendida pelas importações. Com o passar do tempo, esses bens passaram a ser objeto de novas ondas de investimentos no Brasil, substituindo as importações ditaria a seqüência dos setores dos investimentos industriais, que foi a seguinte: v Bens de Consumo Leve; v Bens de Consumo Duráveis; v Bens Intermediários; v Bens de Capital. Percebendo-se que o Processo de Substituição de Importação se caracterizava pela idéia de “construção nacional”, ou seja, alcançar o desenvolvimento e a autonomia com base na industrialização, de modo a 33 superar as restrições externas e a tendência à especialização na exportação de produtos primários. 5.2 - As Principais Dificuldades na Implementação do Processo de Substituição no Brasil Durante as três décadas, esse processo foi implementado, modificando fundamentalmente as características da economia brasileira, industrializando-a e urbanizando-a. Mais isso, foi feito com inúmeros transtornos e algumas dificuldades. As principais dificuldades foram: 5.2.1 Tendência ao Desequilíbrio Externo Que aparecia por varias razões: • Valorização Cambial - visava estimular e baratear o investimento industrial, que significava uma transferência de renda da agricultura para a indústria, o chamado “confisco cambial”, que desestimulou as exportações de produtos agrícolas; • Indústria sem Competitividade - devido ao protecionismo, que visava atender ao mercado interno, sem grandes possibilidades no mercado internacional; • Indústria sem Competitividade - devido ao protecionismo, que visava atender ao mercado interno, sem grandes possibilidades no mercado internacional; • Elevada Demanda por Importação - devido ao investimento industrial e ao aumento de renda. 34 Como a geração de divisas estava sendo dificultado, o Processo de Substituição de Importação, colocado como um projeto nacional, só se tornaria viável com recursos de capital estrangeiro. 5.2.2 Aumento da Participação do Estado Caberia ao Estado às seguintes funções: • Adequação do arcabouço institucional a indústria. Isso foi feito através da Legislação Trabalhista que visava à formação e a regulamentação do mercado de trabalho urbano, definindo os direitos e deveres dos trabalhadores e a relação emprego-empregador. Criaram-se também mecanismos para direcionar capitais da atividade agrícola para a indústria. Além disso, foram criadas agencias estatal e uma burocracia para administrar processo. Destacando-se os seguintes órgãos: o DASP (Departamento Administrativo do Setor Publico), o CTEF (Conselho Técnico de Economia e Finanças), a CPF (Comissão de Financiamento da Produção), a CPA (Comissão de Política Aduaneira), o BNDE (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico), entre outros; • A geração de infra - estrutura básica e as suas principais áreas foram os transportes e a energia; • O fornecimento de insumo básico - o Estado devia atuar de forma a complementar o setor privado, em áreas onde a necessidade de capital e riscos envolvidos inviabilizavam a presença da atividade privada. Foi criado o Setor Produtivo Estatal (SPE), a CSN (Companhia siderúrgica Nacional), a CVRD (Companhia Vale do Rio Doce), a CNA (Companhia Nacional de Álcalis), a Petrobrás e varias hidroelétrica. 35 Esta grande participação estatal gerava uma tendência ao déficit público e focava o recurso ao financiamento inflacionário na ausência de fontes de financiamento. 5.2.3 Aumento do Grau de Concentração de Renda O Processo de Substituição de Importação era o concentrador em termos de renda em função de: • Êxodo rural por causa do desincentivo a agricultura, com falta de investimento no setor, associado à estrutura fundiária, que não gerava empregos o suficiente no setor rural, e a legislação trabalhista, restrita ao trabalhador urbano, era um forte estimulo para vir à cidade; • Caráter capital intensivo do investimento industrial, que não permitia uma grande geração de emprego no setor urbano. Esses dois pontos geravam mão-de-obra em abundância, e conseqüentemente, baixa salários. Por outro lado, o protecionismo (ausência de concorrência) deixava os preços elevados e altos margens de lucro para as indústrias. 5.2.4 Escassez de Fontes de Financiamento Foi a dificuldade de financiamento dos investimentos, dando um grande volume de poupança necessário para viabilizar os investimentos em especial os estatais. Deve-se a: • Ausência de uma reforma tributaria ampla. A arrecadação continuava centrada nos impostos de comércio exterior e era difícil ampliar a base tributária; 36 • Quase inexistência de um sistema financeiro em conseqüência da “Lei da Usura”, que desestimulava a poupança. Na escassez de fontes de financiamento, não restava alternativa de financiamento ao Estado, que teve que usar as poupanças compulsórias, os recursos da recém criada Previdência Social, dos ganhos no mercado de câmbio com a introdução das taxas de câmbio múltiplas, além do financiamento inflacionário e do endividamento externo. Foi na economia brasileira que o Processo de Substituição de Importação ofereceu um maior desenvolvimento industrial, mas, no entanto, o avanço da industrialização por substituição de bens de consumo duráveis seria continuadamente bloqueada pelos estrangulamentos cambiais, que dificultavam a importação dos bens de produção necessários para o desenvolvimento. 5.3 Existe Relação do Fracasso do Processo de Substituição de Importação com a Falta de Estratégia de Importação O fracasso do Processo de Substituição de Importação esta relacionado com a estratégia de importação, ou com falta de uma estratégia consistente? O fracasso desse processo estava relacionado com a falta de estratégia consistente. Esse processo foi posto em prática sem uma estratégia administrativa aprofundada. Após a crise de 1929, o governo teve que tomar medidas rápidas para não prejudicar ainda mais o país. Até 1929, o país só vivia da exportação de café e foi com a crise que o governo percebeu a deficiência do Brasil em não ter industrias nacionais se suprisse com as suas necessidades, por isso que Vargas, no seu governo, tentou implantar o processo. Essa primeira tentativa não teve êxito, pois Vargas iniciou o projeto sem ter o capital 37 intelectual e financeiro para administrar as empresas que tiveram de ser criadas. A segunda tentativa também não foi bem sucedida, como a tentativa de Vargas, não houve uma estratégia consistente, pois o Plano de Metas aprofundou todas as oposições existentes no Processo de Substituição de Importação, mas só no papel, mas no ultimo instante JK retirou uma parcela dos recursos financeiros, do mesmo, para a construção de Brasília, como esta construção não estava nos planos de governo, ocasionou a falta de recursos financeiros para as demais empresas e para o país. Assim, a conseqüência lógica do Processo de Substituição de Importação foi à necessidade de avanço e aprofundamento do próprio processo, para que o país passasse a produzir internamente também os bens de produção. Se Vargas e JK tivessem seguido passo a passo o processo da administração estratégia o projeto teria tido êxito em vez de ser um projeto fracassado. 38 CONCLUSÃO Com este estudo pôde-se perceber que ao iniciar um projeto sem ter uma estratégia, ou seja, sem ter um planejamento estratégico coerente leva ao fracasso. Usei o Processo de Substituição Importação como um exemplo de projeto com uma estratégia fracassada. Ele tinha tudo para dar certo, mas sem um planejamento adequado, ocasionou, um grande prejuízo para as empresas publicas e privadas que tiveram de ser criadas. Sabemos que para introduzir um projeto deve-se haver um estudo, um planejamento daquilo que queremos implementar ou mudar, mas isso não ocorreu com esse projeto nos governos de Vargas e de Juscelino Kubitschek que gerou grandes problemas para o país. Vargas iniciou o projeto sem ter pessoas capacitadas para administrar as empresas que foram criadas e sem ter recursos financeiro suficientes, mas Vargas só percebeu quando o projeto já estava em prática, como isso, teve que utilizar recursos financeiros não disponíveis para que as empresas recém criadas não quebrassem. Isso mostra uma total falta de estratégia, o mesmo esqueceu um dos itens mais importantes, as pessoas. São elas que levaram os projetos ao sucesso juntamente com uma boa estratégia que as façam chegar ao objetivo. Juscelino Kubitschek era um visionário, ele pensava muito além da realidade do país na época. JK perdeu o seu foco quando decidiu construir Brasília, pois a mesma não estava no seu plano de governo. Com esta construção Kubitschek deixou de lado a industrialização do país e ainda aumentou a divida externa, ocasionado a falta de confiabilidade dos bancos internacionais no Brasil. Um crescimento ocorrer mediante planejamento representativos setores da econômico e estratégico, que sociedade em social somente pode envolva torno de amplos e prioridades e objetivos consensuais. Coordenação de esforços, consenso e persistência no 39 alcance de objetivos de médio e longo prazos é um dos requisitos essenciais para um crescimento verdadeiramente sustentável. Mas esse esforço não será bem sucedido sem amplo e comprometido apoio de todos. A intenção deste estudo foi mostrar à importância da administração estratégica e como se deve utilizar-la para chegar aos objetivos organizacionais.Temos que ter uma boa administração estratégica independendo se a organização for pública ou privada. Podemos perceber com esse estudo que sem uma boa estratégia não atingiremos ao sucesso esperado. Assim, esse trabalho teve a intenção de apresentar como um grande plano/projeto pode se tornar um fracasso sem uma estratégia e um planejamento competente. 40 BIBLIOGRAFIA ABREU, Marcelo de Paiva. A Ordem do Progresso: Cem Anos de Política Econômica Republicana 1889-1989. 12° ed. Rio de Janeiro: Campus, 1990. ANSOFF, Igor. Implantando a Administração Estratégica. 2°ed. São Paulo: Atlas, 2009. BELMIRO, Luiz Alberto G.Administração Estratégica. 2ª Ed. Rio de Janeiro: LTC, 2008. BOSCHI, Renato Raul. O Plano Collor: Analise Política e Econômica. Rio de Janeiro: IUPERJ, 1990. BRITO, Paulo. Economia Brasileira: Plano Econômico e Políticas Econômicas Básicas. São Paulo: Atlas, 2004. BULGACOV, Sergio, Administração Estratégica: Teoria e Pratica. São Paulo: Atlas, 2007. CERTO, Samuel C. Administração Estratégica: Planejamento e Implementação da Estratégica. 2ª ed. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2005. CONY, Carlos Heitor. JK: Como Nasce Uma Estrela. 2°ed. Rio de Janeiro: Record, 2002. 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THOMPSON e STRICKLAND. Planejamento Estratégico: Implementação e Execução. São Paulo: Pioneira,2000. Elaboração, 42 WEBGRAFIA ARAÚJO, Adriene Pereira de. Getúlio Vargas. Disponível em:< http://www.badaueonline.com.br/dados/imagens/getulio.jpg.> Acesso em 2 de outubro de 2010. ARAUJO, Rubens de. Juscelino Kubitschek, Disponível em:< www.senado.gov.br/.../cultura_poesia.aspx.> Acesso em 13 de outubro de 2010. CANCIAN, Renato. Governo Vargas(1951 – 1954). [2007]. Disponível em : < http://educacao.uol.com.br/historia-brasil/ult1689u62.jhtm.>Acesso em 5 de outubro de 2010. __________________ Governo Juscelino Kubitschek (1956-1961) [2007]. Disponível em :<http://educacao.uol.com.br/historiabrasil/ult1689u62.jhtm.>Acesso em 5 de outubro l de 2010. DUNKLEY,Jamie. The Wall Street Crash of 1929. Disponível http://www.telegraph.co.uk/finance/3253999/Oct-24-1929-Wall-Stcrash.html.>Acesso em 2 de outubro de 2010. em:< MARTINS, Alessandro. O que são Commodities. 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Anexo 1 >> Conteúdo de revistas especializadas; Anexo 2 >> Etapas de um Projeto na Administração Estratégica; 44 ANEXO 1 Fonte: Jornal Brooklyn Daily Eagle (1929) 45 ANEXO 2 Feedback Fonte: Autoria do Pesquisador,2010 46 ÍNDICE INTRODUÇÃO 8 CAPÍTULO I ETAPA COLONIAL: PORTUGAL – INGLATERRA 10 1.1 - O Esgotamento do Modelo Agroexportador 11 1.2 1.2 - A Crise de 1929 12 CAPITULO II GOVERNO DE VARGAS 14 CAPITULO III GOVERNO DE JUSCELINO KUBITSCHEK 16 4.1 - Plano de Metas 16 4.2 - Os Principais Problemas do Plano de Metas 17 CAPITULO IV ADMINISTRAÇÃO ESTRATÉGICA 19 4.1 - O Processo da Administração Estratégica 21 4.2 - Planejamentos Estratégicos 23 4.2.1- Processo de Planejamento Passo a Passo 23 CAPITULO V PROCESSO DE SUBSTITUIÇÃO DE IMPORTAÇÃO 30 5.1 - Características do Processo de Substituição de Importação 31 5.2 - As Principais Dificuldades na Implementação do Processo de Substituição no Brasil 33 47 5.2.1 - Tendência ao Desequilíbrio Externo 33 5.2.2 - Aumento da Participação do Estado 34 5.2.3 - Aumento do Grau de Concentração de Renda 35 5.2.4 - Escassez de Fontes de Financiamento 35 5.3 - Existe Relação do Fracasso do Processo de Substituição de Importação com a Falta de Estratégia de Impostação 36 CONCLUSÃO 38 BIBLIOGRAFIA 40 WEBGRAFIA 42 ANEXOS 43 ÍNDICE 46