18º Domingo do Tempo Comum - Família Salesiana

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18º Domingo do Tempo Comum
Ano C - 2016
Homilias Meditadas
Lectio Divina para a Família Salesiana
P. J. Rocha Monteiro, sdb
[email protected]
www.adma.salesianos.pt
1. Introdução
O tema deste Domingo é importante para Lucas: o desapego das riquezas e o perigo
que correm os que se deixam escravizar por elas. Como segunda leitura lemos o final
da carta aos Colossenses: um hino ao homem novo, ao cristão como homem pascal
que, pelo batismo, se torna participante do mesmo Corpo de Cristo.
Como primeira leitura aparece-nos um texto do livro do Coélet que apresenta um
drama existencial ao não descobrir o sentido da vida humana.
2. Co (Ecle) 1, 2; 2, 21-23
2.1 Texto
Vaidade das vaidades – diz Coélet – vaidade das vaidades: tudo é vaidade. Quem trabalhou com sabedoria, ciência e êxito, tem de deixar tudo a outro que nada fez. Também isto é vaidade e grande desgraça. Mas então, que aproveita ao homem todo o seu
trabalho e a ânsia com que se afadigou debaixo do sol? (…) Também isto é vaidade.
2.2. Superação da desilusão
Realista a reflexão deste sábio, baseada nas ideias filosóficas do helenismo (finais do
séc. III a. c.): “desilusões e mais desilusões, tudo é desilusão”. Uma pergunta impertinente: para que serve todo o criado, trabalhos, afetos, todo o agir humano? O pessimismo do autor do Coélet leva-o a não descobrir um verdadeiro sentido para a vida
humana.
Nos tempos modernos vai na mesma linha o existencialismo ateu, liderado por Jean
Paul Sartre. Esta dificuldade só será superada à luz da revelação de Jesus Cristo. Deus
preenche os abismos do homem.
3. Salmo 89 (90), 3-6.12-14.17 (R. 1)
3.1. A vida humana como efémera
Este Salmo 90 coloca-nos diante da situação de pecado e da fragilidade humana comparada com a eternidade e o poder de Deus. Com uma linguagem poética onde predominam imagens fortes das coisas criadas é mostrada ao homem a sua miséria. Só
lhe resta contemplar o abismo diante do Deus eterno que olha os filhos de Adão com
misericórdia.
4. Col 3, 1-5.9-11
4.1 Texto
Irmãos: Se ressuscitastes com Cristo, aspirai às coisas do alto, onde Cristo está sentado
à direita de Deus. Afeiçoai-vos às coisas do alto e não às da terra. Porque vós morrestes
e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus. Quando Cristo, que é a vossa vida,
Se manifestar, também vós vos manifestareis com Ele na glória. Portanto, fazei morrer
o que em vós é terreno: imoralidade, impureza, paixões, maus desejos e avareza, que
é uma idolatria. Não mintais uns aos outros, vós que vos despojastes do homem velho
com as suas ações e vos revestistes do homem novo. (…) O que há é Cristo, que é tudo
e está em todos.
4. 2. A vida cristã é vida de Cristo
Tendo terminado a leitura da primeira parte da carta aos Colossenses que falava da
graça e da justificação, agora é-nos apresentada a vida nova do cristão que passa a ser
outro Cristo. Abandona os vícios, a vida de pecado e “afeiçoa-se às coisas do alto, não
às coisas da terra”. É um texto maravilhoso de sentido pascal. Cristo sai vitorioso na
sua morte e partilha a sua vitória connosco.
5. Lc 12, 13-21
5.1 Texto
Naquele tempo, alguém, do meio da multidão, disse a Jesus: «Mestre, diz a meu irmão que reparta a herança comigo». Jesus respondeu-lhe: «Amigo, quem Me fez juiz
ou árbitro das vossas partilhas?». Depois disse aos presentes: «Vede bem, guardai-vos
de toda a avareza: a vida de uma pessoa não depende da abundância dos seus bens».
E disse-lhes esta parábola: «O campo dum homem rico tinha produzido excelente
colheita. Ele pensou consigo: ‘Que hei de fazer, pois não tenho onde guardar a minha colheita? Vou fazer assim: Deitarei abaixo os meus celeiros para construir outros
maiores, onde guardarei todo o meu trigo e os meus bens. Então poderei dizer a mim
mesmo: Minha alma, tens muitos bens em depósito para longos anos. Descansa, come,
bebe, regala-te’. Mas Deus respondeu-lhe: ‘Insensato! Esta noite terás de entregar a tua
alma. O que preparaste, para quem será?’. Assim acontece a quem acumula para si, em
vez de se tornar rico aos olhos de Deus».
5.2.A vida não depende dos bens
A Bíblia e a filosofia desconfiam da felicidade que se alcança através da acumulação
de bens. A riqueza abusiva abre desertos e sufoca afetos distanciando as pessoas e gerando solidões. A parábola é bem expressiva: o raciocínio do homem rico, a partir do
amontoar de bens, leva-o à escravidão e à morte. Jesus dirá: o verdadeiro sentido da
vida é “tornar-se rico aos olhos de Deus”.
6. Meditação
Senhor, faz que com passo livre nos movamos dos limiares da aurora até ao poente.
Como teus filhos, sejamos livres: porquê preocupar-nos com riquezas, com a glória
e com o poder dos grandes? Podemos ter e perder o teto e as vestes, o pão e o ouro,
mas os nossos corações permanecem firmes e serenos. Por isso, andamos ignorando
o medo, compondo salmos em nome de todo o criado. Anunciamos a luz de Cristo
ressuscitado, arrojamos o coração para lá das coisas. A nossa riqueza é o mistério de
Deus. Giovanni Vannucci
7.Oração
Tu és santo, Senhor, Deus único, que fazes maravilhas, (...) Tu és bom, todo o bem, o
soberano bem, Senhor Deus, vivo e verdadeiro! Tu és caridade, amor! Tu és sabedoria!
Tu és humildade! Tu és paciência! Tu és formosura! Tu és mansidão! Tu és segurança!
Tu és descanso! Tu és gozo e alegria! Tu és a nossa esperança! Tu és justiça e temperança! Tu és toda a nossa riqueza e saciedade! Tu és beleza! (...) Tu és a nossa vida
eterna, o Senhor grande e admirável, o Deus omnipotente, o misericordioso Salvador!
S. Francisco de Assis
8.1. Contemplação
O horizonte divino.
Temos consciência de sermos como a erva
que “de manhã floresce e viceja, de tarde, murcha e seca”.
«Na luz da graça de Deus, um reflexo de eternidade cai também
sobre a vida e sobre a obra do homem.
Da parte de Deus, a fragilidade recebe subsistência, a miséria torna-se glória,
aquilo que parecia sem sentido, alcança significado...
É como se a estrela de outro mundo viesse fazer luz sobre o fluir dos nossos dias».
Artur Weiser (1893-1978)
8.2 Poema
Homem sábio
Ensinai-nos a contar os nossos dias…
Contar dias contar semanas contar meses
É o nosso viver.
Contar anos, conter séculos, contar milénios
É o nosso desaparecer.
Contar espaço contar lugares contar países
É o nosso conhecer.
Contar pais, familiares, contar amigos
É o nosso ser.
Contar dores, traições, contar mortes
É o nosso empobrecer.
Contar a vida, realizações, contar êxitos
É o nosso engrandecer.
para chegarmos à sabedoria do coração. Sl 90
Saber contar é segredo do sábio;
Saber soletrar o amor
É descobrir Deus.
É acreditar.
Só quem acredita
Sabe daqui e da eternidade.
Moisés, vou passar diante de ti.
Vou-te mostrar a minha beleza,
Mas tu não poderás ver a minha face. Ex33,20
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