ID: 63666684 01-04-2016 Tiragem: 66500 Pág: 124 País: Portugal Cores: Cor Period.: Mensal Área: 19,44 x 25,51 cm² Âmbito: Femininas e Moda Corte: 1 de 12 "A mudança climática é real, está a acontecer agora mesmo. ( ) E a ameaça mais urgente com que se depara a nossa espécie e temos de trabalhar em conjunto e parar de procrastinar. Precisamos de apoiar os líderes que, em todo o mundo, não falam pelos grandes polAores, mas, sim, por tlida a humanidade, pelos povos indígenas do mundo, pelos milhões e milhões de pessoas desfavorecidas que serão as mais afetadas. Pelos filhos dos nossos filhos e por aquelas pessoas, cujas vozes foram abafadas pelas políticas de ganância," Discurso de Leonardo DiCaprio ao receber o Oscar como Melhor Ator 44k ID: 63666684 01-04-2016 Tiragem: 66500 Pág: 125 País: Portugal Cores: Cor Period.: Mensal Área: 19,74 x 25,61 cm² Âmbito: Femininas e Moda Corte: 2 de 12 LJR0 [RFT ( Com as celebrações do Dia da Terra à porta, a 22 de abril, tentámos perceber qual será a realidade ambiental no nosso País daqui por dez anos. O cenário tem tons negros, mas, também, pinceladas mais claras. Se é verdade que teremos cada vez mais fenómenos meteorológicos extremos e que, em Portugal, perderemos algumas praias, também é um Wto que seremos urna sociedade com uma energia mais Impa, virada para o sol, numa economia em que a eletricidade terá um peso cada vez maior. Espreite o futuro/ por Susana Torrão LEONARDO DICAPRIO Conhecido ativista ambiental, o ator criou em 1998. a Leonar 'DiCaprio Foundation (leonardodi org), através da qual apoia inovadores em todo o mundO. Desde 2010, com a proteção da bindiversidade~servação dos oceanosas alterações climáticas e a preservação das áreas naturais como principais áreas de atuação, a fundaçao doou 30 milhões de • dólares em bolsas Para financiar 78 projetos em mais de 44 países. O empenho de DiCaprio na causa ambiental foi reconhecido peias Nações Unidas, que o nomeou Mensageiro da Paz para as Alterações Climáticas, cargo que o levou á Cimeira de Paris, em meados de dezembrp passado. e ao Fórum Mundiarem Davos. em janeiro deste ano. 01$ io AL& ,ffile. ID: 63666684 01-04-2016 pós muitas figas e expetativa, Leonardo DiCaprio ganhou o primeiro Óscar da carreira, com o filme O Renascido. Na 88.8 edição dos Óscares, o próprio ator falou de parte da experiência no filme, em que a equipa, para produzir a longa-metragem com luz natural, teve de percorrer os hemisférios Norte e Sul em busca de locais com neve para concluir as gravações, que começaram no Canadá, América do Norte, e terminaram na Patagónia, extremo sul da América do Sul. De acordo com Leonard DíCaprio a Tiragem: 66500 Pág: 126 País: Portugal Cores: Cor Period.: Mensal Área: 20,00 x 26,50 cm² Âmbito: Femininas e Moda Corte: 3 de 12 dificuldade enfrentada durante a produção foi causada, em grande parte, pelos impactos das mudanças no clima do planeta. "O Renascido fala sobre a relação do homem com a natureza, um mundo que teve em 2015 o ano mais quente já registado. A nossa produção teve de se mudar para a parte mais sul do planeta só para achar neve. A mudança climática é real. Está a acontecer agora", afirmou o ator, na noite da gala. A realização da cimeira do clima, em Paris, e a aprovação dos 17 Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável - agenda que substituiu os Objetivos do Milénio, em setembro passado, em Nova Iorque, 1/ra111os ter• 'munindo e 11111 país 112(l.•1S aI neaçados' Francisco Ferreira 'ríves:gedof 1::resicien!e c.ia Zero ID: 63666684 01-04-2016 fizeram de 2015 um ano fundamental no que toca à mudança na forma como encaramos o ambiente. Enquanto, em Paris, se tentava chegar a acordo sobre a melhor estratégia para abrandar o aquecimento global - os vários países estabeleceram a meta de 1,5°C no aumento da temperatura global até ao final do século, algo que parece muito difícil de cumprir, os cientistas declaravam 2015 como o ano mais quente desde que há registos. Em Portugal, viveu-se o dezembro mais quente de sempre e, no outro lado do mundo, em Pequim, a cidade paralisou devido a níveis de poluição atmosférica nunca antes vistos. Entretanto, em fevereiro último, a Agência Europeia do Ambiente (AEA) divulgou um relatório onde ilustrava a situação de fragilidade vivida nos ecossistemas europeus - desde as áreas de pasto e floresta, passando pelas zonas húmidas -, ameaçados pelo aumento da poluição, a sobre exploração, o crescimento urbano e os efeitos das alterações climáticas. Meses antes, a AEA (eea.europa.eulpt) alertara para a necessidade de uma melhor gestão das bacias hidrográficas e leitos de cheia dos rios europeus, como forma de o continente se adaptar a uma realidade onde as cheias e inundações são cada vez mais frequentes - 3563 cheias registadas em 37 países, entre 1989 e 2010, com 321 que ocorreram em 2010. O cenário, a que se somam a diminuição das calotas polares e o recuo dos glaciares, pode parecer catastrófico, mas é possível mudá-lo, aproveitando a resiliência do clima. O que muda em dez anos Uma década é um intervalo curto para se poder observar alterações numa realidade que requer uma mudança radical e estruturante. Mesmo assim, Francisco Ferreira acredita que, daqui por dez anos, teremos mais impactos em termos de alterações climáticas. "Já estamos a ter uma série de consequências às quais temos de nos adaptar, como as grandes chuvadas, o aumento de temperatura, que não precisam de ser sucessivas, mas estão a ocorrer, e a subida do nível do mar, que se dá quer Tiragem: 66500 Pág: 127 País: Portugal Cores: Cor Period.: Mensal Área: 19,20 x 26,50 cm² Âmbito: Femininas e Moda Corte: 4 de 12 Especialistas nacionais Francisco Ferreira Portugal 67 por cento das zonas costeiras estão em risco pela expansão dos nírel nacional, oceanos quer pelo degelo das calotes a oria cosei►(I e das zonas terres- é. talvez. um dos tre nos continenaveias em que tes...Vamos ter um mundo e um país mais ameaçados", assume. A nível nacional, a orla costeira é, Plïlías que boje talvez, um dos aspetos em que po- já são pequelias deremos assistir Ie11(1('i'(lo a mais alterações. desapa1rcer "Infelizmente, muito à custa de eventos meteorológicos extremos e da ondulação elevada, haverá zonas que estarão diferentes, muito provavelmente sem areia. Praias que hoje já são muito pequenas, tenderão a desaparecer", diz Francisco Ferreira. Em Portugal 67 por cento das zonas costeiras estão em risco com as alterações dimáticas e há que decidir qual a melhor solução para cada uma em termos de custo-benefício. "Isso tem de ser discutido com as pessoas. Houve um programa para o litoral que aponta as zonas de risco e dá algumas ideias sobre o que se pode fazer: em alguns casos passa por não construir poderemos assistir a mais alterações. Investigador da Faculdade de Ciências e Tecnologia, e presidente da nova ONG do ambiente em Portugal, a Zero AssociaçãoSistema Terrestre Sustentável, mostra-se confiante quanto às metas estabelecidas pelos Objetivos para um Desenvolvimento Sustentável. "A grande diferença em relação aos Objetivos do Milénio é que estes últimos também são claramente destinados aos países desenvolvidos. Nos 17 novos objetivos, vários estão relacionados com o ambiente - salvaguarda dos ecossistemas marinhos, dos ecossistemas terrestres, em relação ao clima, energia e, finalmente, uma aposta essencial no consumo sustentável", diz. LliíS3 SMMICit Investigadora do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, também apresenta um discurso otimista. "Uma das coisas positivas nesta cimeira é que todos os países ficam obrigados a fazer um plano de combate às alterações climáticas, que tem de ser revisto de cinco em cinco anos. Se forem feitos planos mais ligados à mitigação dos efeitos das alterações climáticas, alguns países mais emissores tenderão a reduzir as suas emissões, existirão projetos ao nível de mecanismos compensatórios e, dentro dessa estratégia, poderá haver uma maior aposta nos transportes públicos eficientes", afirma. ID: 63666684 01-04-2016 Tiragem: 66500 Pág: 128 País: Portugal Cores: Cor Period.: Mensal Área: 20,00 x 22,89 cm² Âmbito: Femininas e Moda Corte: 5 de 12 mais esporões, lundus ern manter os que de bacias de retenção da água a montanexistem e, nf anuis ainda, passa mesmo te das ribeiras, pela renaturalização dos por sensibilizar as pessoas para o perigo. rios e das ribeiras que se encanaram nas É uma questão de segurança das pessoas cidades, e por planos de drenagem que permitam um bom escoamento das águas. e de razoabilidade dos custos", diz. Luísa Schmidt sublinha a necessidade "São as chamadas medidas cie adaptação de ser criada uma estratégia para toda que (levem ser pensadas a nível macro do mento e ordenamento do territóa orla costeira: "É, preciso uma política pia pública virada especificamei 'te para o li- rio", (117 Luísa Schmidt. toral. I lá 90 e tal instituições que mandam no tral, não há uma visão integrada". O futuro começa agora alerta. Ias, entretanto, Itã boas práticas ik.ranle este ceiMrio, iM que trabalhar em curso em diversos pomos do País que o quanto antes para que as metas aprepoderão ser replicadas. Caso dos muni- sentadas em Paris na redução das emiscípios de Almada, Gaia e Espinho, onde sões sejam mais apertadas e rest rim ivas. É tkin vindo a decorrer trabalhos de c( so- que, somadas as intenções dos diferentes países, o resultado final conduzirá a um Srl() 1)rO(111:idOS. lidação e naturalização das dunas. de 3"C da temperatura média aumento leidos questão a Schmidt, Luísa Para 11(1 tos de cheia é outro aspeto fundamental. do planeta (em comparação com a da Era criodo poro "Tem de se fazer urna gestão das barra- Pré-industrial), quando o objetivo é de isso gens, uma gestão da água mais atenta às não ultrapassar os '2.°C ou, idealmente, Luísa Schmidt, questões das cheias. Ent Portugal, está a ficar nos 1.5"C de subida da temperatura ser desenvolvido o < limAdaPT.Local [ver média. "O importante é que, daqui a dez do Instituto caixa! e uma questão que está sempre em anos, na Europa, em Portugal e à escala CIF C,encias Sociais a das inundações e das global, esteja em curso urna transição para cia Universidade cima da mesa é passa pela criação aquilo que foi acordado em Paris - um solução A diz. cheias", de Lsboa tiniu espécie WI•()Ituyto de indusiriol onibienie: kr . se pode reoprorehor Iodo o (1,pio que se Ill .se podcin reupwrehor iodos Os irsíditos (Me 1 LM* ' 011•10.1..111, , . a. • .• s•••••• Areqr• • •-•• • fiel •/... ••1,!,1111• • "1"111I, . ,1 • • iltse: 11• Sob * • ele, ...MA*. Ao 1•••••• 1 K.1 e, w • , LH — • SI e ele s: 7 »Ir • Me e 11. . •III.. IRA Lf,o.t IMW s 111, • III. t,01111111' 11 •• s. t rr› s r o • • 4 • ' - • • ^1211..121~• .— -4•10.1.• • • • • 9• • ..00` F 1 i •, • ' ID: 63666684 01-04-2016 Tiragem: 66500 Pág: 129 País: Portugal Cores: Cor Period.: Mensal Área: 20,00 x 22,99 cm² Âmbito: Femininas e Moda Corte: 6 de 12 balanço neutro de emissões na segunda conseguirmos falar na palavra 'crescer' metade do século XXI. 'I'ermos uma so- ou 'investir-, refere o ambientalista, para ciedade neutra em termos de carbono é quem ()sucesso) ncicombat e às alterações o verdadeiro desafio que já discutimos climáticas passa por uma mudança do paradigma &conna Zero e que adiasumei da sociedade mos que Portugal ocidental. "É muidevia discutir mui- 1111 que trabalhar II) difícil que uma 10 seri:muue para O quaillo antes pessoa seja feliz se 2030", diz Francistiver ft any e não tico Ferreira. ver acesso saúde "Olhar o ambiene. á yducaçao. Ias te para daqui a dez jii está mais do anos, mais cio que .sejain mais lemonstrado ler grandes resulta(wiludirs ivslriliITIS que, partir de uni dos, é começarmos determinado pataa ter resultados nas decisões que temos de tomar já. Têm de mar - chiei-ente consoante o país - não faz syr decisões estruturais, mas, também, grande ferynça ter 500, 5000 oiti cinco mais profundas - vivemos numa si ide- millulc s. I' este é 11111 desafio que não é dade em que as pessoas, 05 países é os para dez une >ti: transformar os ideais à esresponsáveis políticos ficam felites se cala do indivíduo e da sociedade, sobre o que as pessoas querem e o que as deixa satisfeitas. Trabalhar cada vez mais horas? O consumo pelo consumo? Ou conseguirmos ter outro tipo de qualidade de vicia e de felicidade, porque percebemos para que as metas apresentadas em Paris 17FTITT ! Ires airkiclos liara celebrar o[lia Lia Terra O dia da Terra comemora-se a 22 de abril, que este ano calha a uma sexta-feira... 1.Se decidir ir sair à noite, prefira os transportes públicos, a bicicleta ou... vá a pé. 2.Desafie os seus amigos para ir até ao parque mais próximo e organize uma limpeza 3.Pense duas vezes antes de deitar para o lixo as coisas que já não quer. Algumas poderão ser recicladas e reutilizadas ou doadas. ID: 63666684 01-04-2016 Tiragem: 66500 Pág: 130 País: Portugal Cores: Cor Period.: Mensal Área: 20,00 x 24,83 cm² Âmbito: Femininas e Moda Corte: 7 de 12 Coma local, sim 01.1 nao? 5 apps para uma vida mais sustentável A tecnologia fornece à sociedade inúmeras maneiras de obter informação, bem como de agir a favor de uma vida mais sustentável. Com o tema do aquecimento global na ordem do dia em todo o mundo, é mais visível (e urgente) do que nunca despertar a atenção. As pessoas podem sentir-se pouco capazes e sem recursos na tentativa de salvar o planeta. É ai que a tecnologia chega! Existem imensas aplicações úteis e o conhecimento está cada vez mais acessível. A combinação vencedora de sustentabilidade e tecnologia levou à criação de algumas aplicações que ajudam as pessoas a viver uma vida mais (com mais sentido e) sustentável. ZERO CARBON 1. IRECYCLE 2. HOWGOOD 3. ZERO CARBON 4. GREEN TIPS 8 TRICKS 5. JOUI.EBUG Esta aplicação avisa como, onde e quando reciclar através da sua localização. Também é urna plataforma educacional que informa sobre o que pode ser reciclado, especialmente para artigos que com requisitos específicos. HowGood é uma aplicação que permite digitalizar o código de barras na loja para procurar a informação do produto, informando se o produto é bom para a sua saúde e para o ambiente. Sinta-se útil e em conta ao fazer download desta app que funciona quase como urna pulseira fitness, mas, em vez de contar a quantidade de exercício e de calorias, regista se as suas tarefas têm impacto na emissão total de carbono. Neste altura crucial da sociedade, "ser verde' está in. Green Tips & Tricks é uma app que ajuda os seus usuários a ter uma vida eco-friendly, um estilo de vida sustentável e saudável, ensinando corno ser mais sustentável e amigo do ambiente. Trabalhar em prol de um estilo de vida mais sustentável pode tornar-se divertirdo. Cada vez que faz algo que prova ser útil à sustentabilidade, a app recompensa-a com pins e pontos. Também pode contabilizar o quanto poupa todos os anos. GETT YIMAGES Para ser sustentável o consumo local tem de ser justo e respeitador do ambiente. Não faz sentido comprar uma garrafa de comércio justo vinda do Chile ou do Brasil, devido às emissões produzidas no transporte. Será mais correto comprar uma marca local. O inverso também é verdade: se para produzir determinado produto localmente forem gastas grandes quantidades de energia, eventualmente será mais sustentável optar por um produto importado. ID: 63666684 01-04-2016 Tiragem: 66500 Pág: 131 País: Portugal Cores: Cor Period.: Mensal Área: 20,00 x 26,50 cm² Âmbito: Femininas e Moda Corte: 8 de 12 Conhece oCimadapt que os nossos objetivos têm de ser diferentes", questiona. A resposta pode estar num relatório divulgado recentemente pela Agência Europeia do Ambiente e que aponta a Economia Circular como o modelo que mais vantagens - económicas e ambientais - traria à Europa. Uma economia mais elétrica e renovável Para que Portugal consiga atingir as suas metas de neutralidade de emissões, é essencial, na opinião de Francisco Ferreira, que se aumente o investimento em energias renováveis - sobretudo na energia solar -, e que se aumente a eficiência energética e se reduzam os consumos. "Na produção de eletricidade, já conseguimos, como 2014, atingir 66 por cento de produção renovável. E isso foi à custa de termos tomado essas opções políticas no início do século, quando fomentámos o aumento do investimento em energia eólica. Para atingir o desafio de ter 100 por cento de energias renováveis, temos de fazer essa aposta, que passa não apenas pela eletricidade, mas também pelo aquecimento e, sem dúvida, pela eletri- ficação da nossa economia", diz o presidente da Zero. Em Portugal, o setor que mais contribui para o aquecimento global e alterações climáticas é o setor dos transportes - à escala mundial está nos 14 por cento -, seguido de perto pela produção de energia. O País tem uma dependência energética do exterior de 70 por cento - com a importação de petróleo, gás, carvão -, a qual é necessária reduzir, apostando, simultaneamente, em fontes de energia com impacto ambiental e pegada carbónica muito menores. "Isto prende-se com medidas que têm de ser tomadas à escala do Governo, da União Europeia, mas, também, das pessoas", diz Francisco Ferreira. Luísa Schmidt - que também antecipa um boom no setor da energia solar, já anunciado pela queda dos preços dos painéis fotovoltaicos -, defende que as políticas públicas terão de passar por medidas de incentivo à utilização de energias renováveis, área em que as autarquias podem ter um papel ativo. Outro dos vetores essenciais em termos de política pública passa pela criação de uma rede de Em Portugal há 26 municípios que preparam há um ano um futuro mais sustentável. Integrados na iniciativa ClimAdaPT Local, estão a desenvolver um trabalho que lhes permita criar Estratégias Municipais de Adaptação às Alterações Climáticas (EMAAC), que possam depois ser introduzidas nas ferramentas de planeamento municipal. Além da criação destas 26 EMAAC, o ClimAdaPT Local tem como objetivo a formação de 52 técnicos municipais nesta área, a criação de uma Plataforma para a Adaptação Municipal às Alterações Climáticas e construir uma rede de municípios com estratégias pensadas para fazer face às mudanças no clima. Os resultados desta iniciativa coordenada pelo Climate Change, Impacts, Adaptation and Modelling, da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, deverão ser apresentados em junho. ► Saiba mais em climadapt-local.pt ID: 63666684 Em 2004, os portugueses produziram mais lixo, totalizando 4,5 milhões de toneladas 01-04-2016 VLH ES :E T \ELA:AS 0 Continua a ser a região de Lisboa e Vale do Tejo a produzir mais lixo (37 por cento do total) Tiragem: 66500 Pág: 132 País: Portugal Cores: Cor Period.: Mensal Área: 20,00 x 23,28 cm² Âmbito: Femininas e Moda Corte: 9 de 12 transportes eficaz. "Em Portugal, as pessoas não estão servidas por uma rede de transportes eficiente, basta pensar na rede de metro em Lisboa, que cresceu, mas devia ter aumentado mais. É necessária uma rede muito mais eficaz a esse nível e, se fosse preciso, taxar as viagens de avião. Percebo que para as ilhas é diferente, mas para a ligação Lisboa-Porto devia haver uma taxa, que era o que pretendia a fiscalidade verde", alerta. Outra forma de caminhar para a neutralidade de emissões é a oposta na floresta, que deve ser planeada. Para Luísa Schmidt, é essencial que se invista muito mais na prevenção dos incêndios e não tanto no seu combate. Ao mesmo tempo, é urgente implantar um plano de ordenamento florestal, nomeadamente com a criação de um cadastro florestal nacional, de forma a poder responsabilizar as centenas de milhares de pequenos proprietários florestais do País. "Já há muitas ideias, como os PROF Planos Regionais de Ordenamento Florestal -, mas que não atingiram as metas, porque a estratégia para as florestas não foi aplicada", lamenta Schmidt. Portugal e Espanha continuam a ser os países da Europa com maior biodiversidade, uma riqueza que está a ser ameaçada pelo aquecimento global. Francisco Ferreira mantém-se moderadamente otimista. "Não tenho dúvidas que vamos atingir novos equilíbrios, que serão tão estáveis e resilientes quanto mais tempo dermos para que a mudança climática aconteça e, de preferência, com uma magnitude tão baixa quanto possível", afirma. Mas,àescalaglobal, há, para Luisa Schmidt, duas sombras que pairam sobre esta viragem: o lobby do petróleo e as eleições ENTREVISTA LUSA SCHMIDT 7 LOSRAV AS OR AB TA\T NO A._E\ITE_,i0 E ALGARVE. QUE CONTINUAM A SER A REGIÃO COM MAIS LIXO S D _OS 1 É no Algarve que se 'egista a maioPercentagem de recona Portuud ano 2100 As projeções feitas para 2100 apontam para que o aumento de temperatura média possa atingir 4 a 7 graus em algumas regiões portuguesas. Com um clima mais seco mas com precipitações mais intensas e curtas e uma orla costeira com um perfil diferente de hoje, no futuro o País poderá ver o desaparecimento de uma das suas principais indústrias: o turismo. "%h/vivos unia levo! .indusiria no anily Investigapoa do Instituto de Ciências Sociais da Unversida de Lisboa, Luí&-. Schmidt dedica-se na décadas à nvestiga na área. da Sociologia do Ambiente ID: 63666684 01-04-2016 Tiragem: 66500 Pág: 133 País: Portugal Cores: Cor Period.: Mensal Área: 19,81 x 23,04 cm² Âmbito: Femininas e Moda Corte: 10 de 12 ram no Congresso e, se os republicanos de paradigma na sociedade. Embora o cidaganharem, haverá um retrocesso a esse dão comum possa e deva contribuir através nível". Mesmo depois de terem baixado de mudanças nos hábitos de consumo ou significativamente as suas emissões - mui- de um comportamento mais "verde", sem mitigar os efeitos to graças à aposta maciça na produção de medidas políticas as coisas não podem gás de xisto -, os EUA continuam a ser o ser alteradas. Dez anos é um intervalo de das alterações segundo maior emissor de Gases do Efeito tempo curto e, por exemplo, no que toca à climáticas e mudanças Estufa, logo a seguir à China. cimeira de Paris, só em 2025 deveria entrar ambiemais em vigor; espera-se que entre em 2020. Ou Afinal o que vai acontecer seja, espera-se que, daqui por dez anos, norte-americanas. "O petróleo está cada Ao longo destes dez anos, importante é estejamos já a tomar medidas para reduzir vez mais barato e o fortíssimo lobby das adoptar medidas que possam mitigar os emissões - optar pela energia solar que, energias fósseis tenderá sempre a tentar efeitos das alterações climáticas e mudanças tudo indica, terá um boom nos próximos manter a sua posição. Os planos de mitiga- ambientais (que obrigam os países a reduzir anos, por exemplo, ou avançar com uma ção vão obrigar os países a reduzir os seus os seus níveis de emissões) ou medidas de politica de floresta e ordenação do território níveis de emissões e já havia uma grande adaptação (toda a questão de renaturalizar mais eficaz. esperança que está agora a ser posta entre os leitos de cheia ou de escolher quais as Contudo, à escala global, independenteparêntesis, se não gorada, por causa das opções a tomar na faixa litoral). mente das medidas tomadas pelos difereneleições presidenciais norte-americanas. É essencial também uma maior aposta tes países, caso os republicanos ganhem Barack Obama tinha-se comprometido na energia elétrica (proveniente de fontes as eleições nos EUA (2.° maior emissor de com uma série de metas que não passa- limpas) e, essencialmente, uma mudança GEE) tudo isto pode ser posto em causa. I1111)ai-1mile é adoptar medidas que possam Os portugueses estão mais alerta para questões ambientais? o caminho a seguir. Governos, empresas e cidadãos estão preparados? Nos inquéritos que temos feito, verificamos que sim e, tam- Essa é que é a grande questão bém, que há uma necessidade da sustentabilidade: não vai de maior informação sobre ser possível manter o mesmo questões ambientais. Ao nível modelo de consumo - ocidendos resíduos, as pessoas estão tal - para toda a população muito mais sensíveis, as taxas mundial, porque não há recurde separação são muito mais sos para isso, e a tecnologia já altas do que há uns anos. E, em não vai a tempo de multiplicar Portugal há ainda uma valori- esses recursos. Não é sequer zação muito grande das águas uma questão de ser possível limpas, com uma grande sensi- transitar para uma economia bilidade à questão dos rios e do circular, vai ser necessário. Os mar. A geração mais nova, com países nórdicos já estão a investodo o movimento surfista, está tir muito nisso. É necessário o muito atenta às questões am- envolvimento da sociedade bientais na orla costeira e, no empresas, ONG, IPSS, pessoas geral, a questões relacionadas - e implica uma governação com a proteção da natureza. integrada. Mas isto implicaria Os mais velhos preocupam-se diretrizes europeias. A Europa com questões de saúde, como devia ser exemplar nesse pona qualidade do ar. to de vista. Há países que já o fazem, caso da Coreia do Sul. A transição para uma economia circular Mas as pessoas é apontada como estão preparadas para abdicar do seu estilo de vida? meras declarações de boas intenções ou têm efeitos práticos? É possível às pessoas mudar - necessitam é de condições e Os Objetivos do Milénio não de evidência sobre as matérias. se cumpriram, mas eram uma Um exemplo disso é o do saco referência - havia sempre a nede plástico que deixaram de cessidade de os referir e um usar. Neste aspeto, a fiscalida- certo mau-estar por não os ter de verde é muito importante cumprido. E os objetivos de e é necessário que seja mais desenvolvimento sustentável eficaz. A verdade é que devia vão no mesmo sentido. apostar-se na economia circu- Tem de se encarar muito serialar, que pressiona muito menos mente estes objetivos porque os recursos naturais. E hoje, o que estamos a viver agora a nível tecnológico, é possível - o próprio problema dos refazer milagres. Há uma espécie fugiados e dos fluxos migrade revolução industrial do am- tórios - tem a ver com o facto biente: já se pode reaproveitar de os países ocidentais não tetoda a água que se gasta, já se rem criado condições de vida podem reaproveitar todos os nos países de origem dessas resíduos que são produzidos. pessoas. Os Objetivos para o Há tecnologia criada para isso. Desenvolvimento Sustentável são fundamentais para reequiAgendas como librar um pouco este mundo os Objectivos do em que vivemos. Milénio ou agora os Mas, para isso, é fundamental 17 Objetivos para o que o papel da ONU seja mais Desenvolvimento forte e com uma governança sustentável são mais ágil. ID: 63666684 01-04-2016 1'? i Tiragem: 66500 Pág: 12 País: Portugal Cores: Cor Period.: Mensal Área: 12,26 x 12,53 cm² Âmbito: Femininas e Moda Corte: 11 de 12 Futuro verde cinza _ Como vai ser o futuro ambiental no nosso país, daqui a 10 anos? ID: 63666684 01-04-2016 Tiragem: 66500 Pág: 1 País: Portugal Cores: Cor Period.: Mensal Área: 4,80 x 3,15 cm² Âmbito: Femininas e Moda Corte: 12 de 12 bem-estar O CONCEITO ESTA A MUDAR SIGA-O