"A mudança climática é real, está a acontecer agora mesmo. ( ) E a

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01-04-2016
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País: Portugal
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Âmbito: Femininas e Moda
Corte: 1 de 12
"A mudança climática
é real, está a acontecer
agora mesmo. ( ) E a
ameaça mais urgente
com que se depara
a nossa espécie e
temos de trabalhar
em conjunto e parar
de procrastinar.
Precisamos de
apoiar os líderes que,
em todo o mundo,
não falam pelos
grandes polAores,
mas, sim, por tlida a
humanidade, pelos
povos indígenas do
mundo, pelos milhões
e milhões de pessoas
desfavorecidas
que serão as mais
afetadas. Pelos filhos
dos nossos filhos e
por aquelas pessoas,
cujas vozes foram
abafadas pelas
políticas de ganância,"
Discurso de Leonardo DiCaprio
ao receber o Oscar como Melhor Ator
44k
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01-04-2016
Tiragem: 66500
Pág: 125
País: Portugal
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Âmbito: Femininas e Moda
Corte: 2 de 12
LJR0
[RFT
(
Com as celebrações do Dia da Terra à porta,
a 22 de abril, tentámos perceber qual será a realidade
ambiental no nosso País daqui por dez anos.
O cenário tem tons negros, mas, também, pinceladas mais
claras. Se é verdade que teremos cada vez mais fenómenos
meteorológicos extremos e que, em Portugal, perderemos
algumas praias, também é um Wto que seremos urna
sociedade com uma energia mais Impa, virada para o sol,
numa economia em que a eletricidade terá um peso cada
vez maior. Espreite o futuro/
por Susana Torrão
LEONARDO DICAPRIO
Conhecido ativista ambiental, o ator
criou em 1998. a Leonar 'DiCaprio
Foundation (leonardodi
org), através da qual apoia
inovadores em todo o mundO.
Desde 2010, com a proteção da
bindiversidade~servação dos
oceanosas alterações climáticas
e a preservação das áreas naturais
como principais áreas de atuação,
a fundaçao doou 30 milhões de
•
dólares em bolsas Para financiar
78 projetos em mais de 44 países.
O empenho de DiCaprio na causa
ambiental foi reconhecido peias
Nações Unidas, que o nomeou
Mensageiro da Paz para as
Alterações Climáticas, cargo que
o levou á Cimeira de Paris, em
meados de dezembrp passado.
e ao Fórum Mundiarem Davos.
em janeiro deste ano.
01$
io
AL&
,ffile.
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01-04-2016
pós muitas figas e expetativa,
Leonardo DiCaprio ganhou
o primeiro Óscar da carreira, com o filme O Renascido.
Na 88.8 edição dos Óscares, o próprio ator falou
de parte da experiência no filme, em que a
equipa, para produzir a longa-metragem
com luz natural, teve de percorrer os
hemisférios Norte e Sul em busca
de locais com neve para concluir as
gravações, que começaram no Canadá, América do Norte, e terminaram na
Patagónia, extremo sul da América do
Sul. De acordo com Leonard DíCaprio a
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Pág: 126
País: Portugal
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Period.: Mensal
Área: 20,00 x 26,50 cm²
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Corte: 3 de 12
dificuldade enfrentada durante a produção foi causada, em grande parte, pelos
impactos das mudanças no clima do planeta. "O Renascido fala sobre a relação
do homem com a natureza, um mundo
que teve em 2015 o ano mais quente já
registado. A nossa produção teve de se
mudar para a parte mais sul do planeta
só para achar neve. A mudança climática
é real. Está a acontecer agora", afirmou o
ator, na noite da gala.
A realização da cimeira do clima, em Paris,
e a aprovação dos 17 Objetivos para o
Desenvolvimento Sustentável - agenda
que substituiu os Objetivos do Milénio,
em setembro passado, em Nova Iorque,
1/ra111os ter•
'munindo e
11111 país 112(l.•1S
aI neaçados'
Francisco
Ferreira
'ríves:gedof
1::resicien!e c.ia Zero
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01-04-2016
fizeram de 2015 um ano fundamental no
que toca à mudança na forma como encaramos o ambiente.
Enquanto, em Paris, se tentava chegar
a acordo sobre a melhor estratégia para
abrandar o aquecimento global - os vários
países estabeleceram a meta de 1,5°C no
aumento da temperatura global até ao final do século, algo que parece muito difícil
de cumprir, os cientistas declaravam 2015
como o ano mais quente desde que há registos. Em Portugal, viveu-se o dezembro
mais quente de sempre e, no outro lado
do mundo, em Pequim, a cidade paralisou
devido a níveis de poluição atmosférica
nunca antes vistos.
Entretanto, em fevereiro último, a Agência Europeia do Ambiente (AEA) divulgou um relatório onde ilustrava a situação
de fragilidade vivida nos ecossistemas
europeus - desde as áreas de pasto e floresta, passando pelas zonas húmidas -,
ameaçados pelo aumento da poluição, a
sobre exploração, o crescimento urbano e
os efeitos das alterações climáticas. Meses
antes, a AEA (eea.europa.eulpt) alertara
para a necessidade de uma melhor gestão
das bacias hidrográficas e leitos de cheia
dos rios europeus, como forma de o continente se adaptar a uma realidade onde
as cheias e inundações são cada vez mais
frequentes - 3563 cheias registadas em 37
países, entre 1989 e 2010, com 321 que
ocorreram em 2010.
O cenário, a que se somam a diminuição
das calotas polares e o recuo dos glaciares,
pode parecer catastrófico, mas é possível
mudá-lo, aproveitando a resiliência do clima.
O que muda em dez anos
Uma década é um intervalo curto para se
poder observar alterações numa realidade
que requer uma mudança radical e estruturante. Mesmo assim, Francisco Ferreira
acredita que, daqui por dez anos, teremos
mais impactos em termos de alterações
climáticas. "Já estamos a ter uma série
de consequências às quais temos de nos
adaptar, como as grandes chuvadas, o aumento de temperatura, que não precisam
de ser sucessivas, mas estão a ocorrer, e
a subida do nível do mar, que se dá quer
Tiragem: 66500
Pág: 127
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Área: 19,20 x 26,50 cm²
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Corte: 4 de 12
Especialistas
nacionais
Francisco Ferreira
Portugal
67 por cento das
zonas costeiras
estão em risco
pela expansão dos
nírel nacional,
oceanos quer pelo
degelo das calotes a oria cosei►(I
e das zonas terres- é. talvez. um dos
tre nos continenaveias em que
tes...Vamos ter um
mundo e um país
mais ameaçados",
assume.
A nível nacional,
a orla costeira é,
Plïlías que boje
talvez, um dos aspetos em que po- já são pequelias
deremos assistir Ie11(1('i'(lo
a mais alterações.
desapa1rcer
"Infelizmente, muito à custa de eventos meteorológicos extremos e da ondulação elevada, haverá zonas que estarão diferentes, muito provavelmente sem areia.
Praias que hoje já são muito pequenas,
tenderão a desaparecer", diz Francisco
Ferreira.
Em Portugal 67 por cento das zonas costeiras estão em risco com as alterações
dimáticas e há que decidir qual a melhor
solução para cada uma em termos de custo-benefício. "Isso tem de ser discutido
com as pessoas. Houve um programa para
o litoral que aponta as zonas de risco e dá
algumas ideias sobre o que se pode fazer:
em alguns casos passa por não construir
poderemos
assistir a mais
alterações.
Investigador da Faculdade
de Ciências e Tecnologia,
e presidente da nova ONG
do ambiente em Portugal,
a Zero AssociaçãoSistema
Terrestre Sustentável,
mostra-se confiante quanto
às metas estabelecidas
pelos Objetivos para
um Desenvolvimento
Sustentável. "A grande
diferença em relação aos
Objetivos do Milénio é que
estes últimos também são
claramente destinados aos
países desenvolvidos.
Nos 17 novos objetivos,
vários estão relacionados
com o ambiente - salvaguarda
dos ecossistemas marinhos,
dos ecossistemas terrestres,
em relação ao clima, energia
e, finalmente, uma aposta
essencial no consumo
sustentável", diz.
LliíS3 SMMICit
Investigadora do Instituto
de Ciências Sociais da
Universidade de Lisboa,
também apresenta um
discurso otimista. "Uma
das coisas positivas nesta
cimeira é que todos os
países ficam obrigados a
fazer um plano de combate
às alterações climáticas, que
tem de ser revisto de cinco
em cinco anos. Se forem
feitos planos mais ligados
à mitigação dos efeitos das
alterações climáticas, alguns
países mais emissores
tenderão a reduzir as suas
emissões, existirão projetos
ao nível de mecanismos
compensatórios e, dentro
dessa estratégia, poderá
haver uma maior aposta
nos transportes públicos
eficientes", afirma.
ID: 63666684
01-04-2016
Tiragem: 66500
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Corte: 5 de 12
mais esporões, lundus ern manter os que de bacias de retenção da água a montanexistem e, nf anuis ainda, passa mesmo te das ribeiras, pela renaturalização dos
por sensibilizar as pessoas para o perigo. rios e das ribeiras que se encanaram nas
É uma questão de segurança das pessoas cidades, e por planos de drenagem que
permitam um bom escoamento das águas.
e de razoabilidade dos custos", diz.
Luísa Schmidt sublinha a necessidade "São as chamadas medidas cie adaptação
de ser criada uma estratégia para toda que (levem ser pensadas a nível macro do
mento e ordenamento do territóa orla costeira: "É, preciso uma política pia
pública virada especificamei 'te para o li- rio", (117 Luísa Schmidt.
toral. I lá 90 e tal instituições que mandam
no tral, não há uma visão integrada". O futuro começa agora
alerta. Ias, entretanto, Itã boas práticas ik.ranle este ceiMrio, iM que trabalhar
em curso em diversos pomos do País que o quanto antes para que as metas aprepoderão ser replicadas. Caso dos muni- sentadas em Paris na redução das emiscípios de Almada, Gaia e Espinho, onde sões sejam mais apertadas e rest rim ivas. É
tkin vindo a decorrer trabalhos de c( so- que, somadas as intenções dos diferentes
países, o resultado final conduzirá a um
Srl() 1)rO(111:idOS. lidação e naturalização das dunas.
de 3"C da temperatura média
aumento
leidos
questão
a
Schmidt,
Luísa
Para
11(1
tos de cheia é outro aspeto fundamental. do planeta (em comparação com a da Era
criodo poro
"Tem de se fazer urna gestão das barra- Pré-industrial), quando o objetivo é de
isso gens, uma gestão da água mais atenta às não ultrapassar os '2.°C ou, idealmente,
Luísa Schmidt, questões das cheias. Ent Portugal, está a ficar nos 1.5"C de subida da temperatura
ser desenvolvido o < limAdaPT.Local [ver média. "O importante é que, daqui a dez
do Instituto caixa! e uma questão que está sempre em anos, na Europa, em Portugal e à escala
CIF C,encias Sociais
a das inundações e das global, esteja em curso urna transição para
cia Universidade cima da mesa é
passa pela criação aquilo que foi acordado em Paris - um
solução
A
diz.
cheias",
de Lsboa
tiniu
espécie
WI•()Ituyto
de
indusiriol
onibienie:
kr
. se pode
reoprorehor
Iodo o (1,pio
que se
Ill .se podcin
reupwrehor
iodos Os
irsíditos (Me
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ID: 63666684
01-04-2016
Tiragem: 66500
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País: Portugal
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Period.: Mensal
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Âmbito: Femininas e Moda
Corte: 6 de 12
balanço neutro de emissões na segunda conseguirmos falar na palavra 'crescer'
metade do século XXI. 'I'ermos uma so- ou 'investir-, refere o ambientalista, para
ciedade neutra em termos de carbono é quem ()sucesso) ncicombat e às alterações
o verdadeiro desafio que já discutimos climáticas passa por uma mudança do
paradigma &conna Zero e que adiasumei da sociedade
mos que Portugal
ocidental. "É muidevia discutir mui- 1111 que trabalhar
II) difícil que uma
10 seri:muue para
O quaillo antes
pessoa seja feliz se
2030", diz Francistiver ft any e não tico Ferreira.
ver acesso saúde
"Olhar o ambiene. á yducaçao. Ias
te para daqui a dez
jii está mais do
anos, mais cio que
.sejain mais
lemonstrado
ler grandes resulta(wiludirs ivslriliITIS
que, partir de uni
dos, é começarmos
determinado pataa ter resultados nas
decisões que temos de tomar já. Têm de mar - chiei-ente consoante o país - não faz
syr decisões estruturais, mas, também, grande ferynça ter 500, 5000 oiti cinco
mais profundas - vivemos numa si ide- millulc s. I' este é 11111 desafio que não é
dade em que as pessoas, 05 países é os para dez une >ti: transformar os ideais à esresponsáveis políticos ficam felites se cala do indivíduo e da sociedade, sobre o
que as pessoas querem e o que as deixa
satisfeitas. Trabalhar cada vez mais horas?
O consumo pelo consumo? Ou conseguirmos ter outro tipo de qualidade de
vicia e de felicidade, porque percebemos
para
que as metas
apresentadas em
Paris
17FTITT
!
Ires airkiclos
liara celebrar
o[lia Lia Terra
O dia da Terra
comemora-se a
22 de abril, que
este ano calha a
uma sexta-feira...
1.Se decidir ir sair
à noite, prefira os
transportes públicos,
a bicicleta ou... vá a pé.
2.Desafie os seus
amigos para ir até
ao parque mais
próximo e organize
uma limpeza
3.Pense duas vezes
antes de deitar para
o lixo as coisas
que já não quer.
Algumas poderão
ser recicladas
e reutilizadas
ou doadas.
ID: 63666684
01-04-2016
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Pág: 130
País: Portugal
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Corte: 7 de 12
Coma
local, sim
01.1 nao?
5 apps para uma vida mais sustentável
A tecnologia fornece à sociedade inúmeras maneiras de obter informação, bem como de agir a favor de uma vida
mais sustentável. Com o tema do aquecimento global na ordem do dia em todo o mundo, é mais visível (e urgente)
do que nunca despertar a atenção.
As pessoas podem sentir-se pouco capazes e sem recursos na tentativa de salvar o planeta. É ai que a tecnologia
chega! Existem imensas aplicações úteis e o conhecimento está cada vez mais acessível. A combinação
vencedora de sustentabilidade e tecnologia levou à criação de algumas aplicações que ajudam as pessoas a viver
uma vida mais (com mais sentido e) sustentável.
ZERO
CARBON
1. IRECYCLE
2. HOWGOOD
3. ZERO CARBON
4. GREEN TIPS 8 TRICKS
5. JOUI.EBUG
Esta aplicação
avisa como, onde
e quando reciclar
através da sua
localização.
Também é urna
plataforma
educacional que
informa sobre o que
pode ser reciclado,
especialmente
para artigos que
com requisitos
específicos.
HowGood é uma
aplicação que
permite digitalizar
o código de barras
na loja para procurar
a informação do
produto, informando
se o produto é bom
para a sua saúde
e para o ambiente.
Sinta-se útil e em
conta ao fazer
download desta
app que funciona
quase como urna
pulseira fitness,
mas, em vez de
contar a quantidade
de exercício e de
calorias, regista se
as suas tarefas têm
impacto na emissão
total de carbono.
Neste altura crucial
da sociedade,
"ser verde' está
in. Green Tips &
Tricks é uma app
que ajuda os seus
usuários a ter uma
vida eco-friendly,
um estilo de vida
sustentável e
saudável, ensinando
corno ser mais
sustentável e amigo
do ambiente.
Trabalhar em prol
de um estilo de vida
mais sustentável
pode tornar-se
divertirdo. Cada vez
que faz algo que
prova ser útil
à sustentabilidade,
a app recompensa-a
com pins e pontos.
Também pode
contabilizar
o quanto poupa
todos os anos.
GETT YIMAGES
Para ser
sustentável
o consumo
local tem de
ser justo
e respeitador
do ambiente.
Não faz
sentido
comprar uma
garrafa de
comércio
justo vinda
do Chile ou do
Brasil, devido
às emissões
produzidas
no transporte.
Será mais
correto
comprar uma
marca local.
O inverso
também
é verdade: se
para produzir
determinado
produto
localmente
forem gastas
grandes
quantidades
de energia,
eventualmente
será mais
sustentável
optar por
um produto
importado.
ID: 63666684
01-04-2016
Tiragem: 66500
Pág: 131
País: Portugal
Cores: Cor
Period.: Mensal
Área: 20,00 x 26,50 cm²
Âmbito: Femininas e Moda
Corte: 8 de 12
Conhece
oCimadapt
que os nossos objetivos têm de ser diferentes", questiona. A resposta pode estar
num relatório divulgado recentemente
pela Agência Europeia do Ambiente e
que aponta a Economia Circular como o
modelo que mais vantagens - económicas
e ambientais - traria à Europa.
Uma economia mais
elétrica e renovável
Para que Portugal consiga atingir as suas
metas de neutralidade de emissões, é essencial, na opinião de Francisco Ferreira,
que se aumente o investimento em energias renováveis - sobretudo na energia
solar -, e que se aumente a eficiência
energética e se reduzam os consumos.
"Na produção de eletricidade, já conseguimos, como 2014, atingir 66 por cento
de produção renovável. E isso foi à custa
de termos tomado essas opções políticas
no início do século, quando fomentámos
o aumento do investimento em energia
eólica. Para atingir o desafio de ter 100
por cento de energias renováveis, temos
de fazer essa aposta, que passa não apenas pela eletricidade, mas também pelo
aquecimento e, sem dúvida, pela eletri-
ficação da nossa economia", diz o presidente da Zero.
Em Portugal, o setor que mais contribui
para o aquecimento global e alterações
climáticas é o setor dos transportes - à
escala mundial está nos 14 por cento -,
seguido de perto pela produção de energia. O País tem uma dependência energética do exterior de 70 por cento - com
a importação de petróleo, gás, carvão -,
a qual é necessária reduzir, apostando,
simultaneamente, em fontes de energia
com impacto ambiental e pegada carbónica muito menores. "Isto prende-se
com medidas que têm de ser tomadas à
escala do Governo, da União Europeia,
mas, também, das pessoas", diz Francisco
Ferreira.
Luísa Schmidt - que também antecipa um boom no setor da energia solar,
já anunciado pela queda dos preços dos
painéis fotovoltaicos -, defende que as
políticas públicas terão de passar por medidas de incentivo à utilização de energias
renováveis, área em que as autarquias
podem ter um papel ativo. Outro dos
vetores essenciais em termos de política
pública passa pela criação de uma rede de
Em Portugal há
26 municípios
que preparam há
um ano um futuro
mais sustentável.
Integrados
na iniciativa
ClimAdaPT
Local, estão a
desenvolver um
trabalho que
lhes permita
criar Estratégias
Municipais de
Adaptação às
Alterações
Climáticas
(EMAAC), que
possam depois
ser introduzidas
nas ferramentas
de planeamento
municipal.
Além da
criação destas
26 EMAAC,
o ClimAdaPT
Local tem
como objetivo
a formação de
52 técnicos
municipais nesta
área, a criação de
uma Plataforma
para a Adaptação
Municipal às
Alterações
Climáticas
e construir
uma rede de
municípios com
estratégias
pensadas para
fazer face às
mudanças no
clima.
Os resultados
desta iniciativa
coordenada
pelo Climate
Change, Impacts,
Adaptation and
Modelling, da
Faculdade de
Ciências da
Universidade de
Lisboa, deverão
ser apresentados
em junho.
► Saiba mais em
climadapt-local.pt
ID: 63666684
Em 2004, os
portugueses
produziram mais
lixo, totalizando
4,5 milhões
de toneladas
01-04-2016
VLH ES :E
T
\ELA:AS
0
Continua a ser a região
de Lisboa e Vale do
Tejo a produzir mais
lixo (37 por cento do
total)
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País: Portugal
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Period.: Mensal
Área: 20,00 x 23,28 cm²
Âmbito: Femininas e Moda
Corte: 9 de 12
transportes eficaz. "Em Portugal, as pessoas não estão servidas por uma rede de
transportes eficiente, basta pensar na rede
de metro em Lisboa, que cresceu, mas
devia ter aumentado mais. É necessária
uma rede muito mais eficaz a esse nível e,
se fosse preciso, taxar as viagens de avião.
Percebo que para as ilhas é diferente, mas
para a ligação Lisboa-Porto devia haver
uma taxa, que era o que pretendia a fiscalidade verde", alerta.
Outra forma de caminhar para a neutralidade de emissões é a oposta na floresta,
que deve ser planeada. Para Luísa Schmidt,
é essencial que se invista muito mais na
prevenção dos incêndios e não tanto no
seu combate. Ao mesmo tempo, é urgente
implantar um plano de ordenamento florestal, nomeadamente com a criação de
um cadastro florestal nacional, de forma
a poder responsabilizar as centenas de
milhares de pequenos proprietários florestais do País. "Já há muitas ideias, como os
PROF Planos Regionais de Ordenamento Florestal -, mas que não atingiram as
metas, porque a estratégia para as florestas
não foi aplicada", lamenta Schmidt.
Portugal e Espanha continuam a ser os
países da Europa com maior biodiversidade, uma riqueza que está a ser ameaçada
pelo aquecimento global.
Francisco Ferreira mantém-se moderadamente otimista. "Não tenho dúvidas
que vamos atingir novos equilíbrios, que
serão tão estáveis e resilientes quanto
mais tempo dermos para que a mudança climática aconteça e, de preferência,
com uma magnitude tão baixa quanto
possível", afirma.
Mas,àescalaglobal, há, para Luisa Schmidt,
duas sombras que pairam sobre esta viragem: o lobby do petróleo e as eleições
ENTREVISTA LUSA SCHMIDT
7
LOSRAV AS
OR AB TA\T
NO A._E\ITE_,i0 E ALGARVE.
QUE CONTINUAM A SER A
REGIÃO COM MAIS LIXO
S D _OS
1
É no Algarve que se 'egista a maioPercentagem de recona
Portuud
ano 2100
As projeções
feitas para 2100
apontam para
que o aumento
de temperatura
média possa atingir
4 a 7 graus em
algumas regiões
portuguesas.
Com um clima mais
seco mas com
precipitações mais
intensas e curtas
e uma orla costeira
com um perfil
diferente de hoje,
no futuro o País
poderá ver o
desaparecimento
de uma das
suas principais
indústrias:
o turismo.
"%h/vivos
unia levo!
.indusiria
no anily
Investigapoa
do Instituto
de Ciências
Sociais
da Unversida
de Lisboa, Luí&-.
Schmidt
dedica-se
na décadas
à nvestiga
na área.
da Sociologia
do Ambiente
ID: 63666684
01-04-2016
Tiragem: 66500
Pág: 133
País: Portugal
Cores: Cor
Period.: Mensal
Área: 19,81 x 23,04 cm²
Âmbito: Femininas e Moda
Corte: 10 de 12
ram no Congresso e, se os republicanos de paradigma na sociedade. Embora o cidaganharem, haverá um retrocesso a esse dão comum possa e deva contribuir através
nível". Mesmo depois de terem baixado de mudanças nos hábitos de consumo ou
significativamente
as suas emissões - mui- de um comportamento mais "verde", sem
mitigar os efeitos
to graças à aposta maciça na produção de medidas políticas as coisas não podem
gás de xisto -, os EUA continuam a ser o ser alteradas. Dez anos é um intervalo de
das alterações
segundo maior emissor de Gases do Efeito tempo curto e, por exemplo, no que toca à
climáticas e mudanças Estufa, logo a seguir à China.
cimeira de Paris, só em 2025 deveria entrar
ambiemais
em vigor; espera-se que entre em 2020. Ou
Afinal o que vai acontecer
seja, espera-se que, daqui por dez anos,
norte-americanas. "O petróleo está cada Ao longo destes dez anos, importante é estejamos já a tomar medidas para reduzir
vez mais barato e o fortíssimo lobby das adoptar medidas que possam mitigar os emissões - optar pela energia solar que,
energias fósseis tenderá sempre a tentar efeitos das alterações climáticas e mudanças tudo indica, terá um boom nos próximos
manter a sua posição. Os planos de mitiga- ambientais (que obrigam os países a reduzir anos, por exemplo, ou avançar com uma
ção vão obrigar os países a reduzir os seus os seus níveis de emissões) ou medidas de politica de floresta e ordenação do território
níveis de emissões e já havia uma grande adaptação (toda a questão de renaturalizar mais eficaz.
esperança que está agora a ser posta entre os leitos de cheia ou de escolher quais as
Contudo, à escala global, independenteparêntesis, se não gorada, por causa das opções a tomar na faixa litoral).
mente das medidas tomadas pelos difereneleições presidenciais norte-americanas. É essencial também uma maior aposta tes países, caso os republicanos ganhem
Barack Obama tinha-se comprometido na energia elétrica (proveniente de fontes as eleições nos EUA (2.° maior emissor de
com uma série de metas que não passa- limpas) e, essencialmente, uma mudança GEE) tudo isto pode ser posto em causa.
I1111)ai-1mile é adoptar
medidas que possam
Os portugueses
estão mais alerta para
questões ambientais?
o caminho a seguir.
Governos, empresas
e cidadãos estão
preparados?
Nos inquéritos que temos feito, verificamos que sim e, tam- Essa é que é a grande questão
bém, que há uma necessidade da sustentabilidade: não vai
de maior informação sobre ser possível manter o mesmo
questões ambientais. Ao nível modelo de consumo - ocidendos resíduos, as pessoas estão tal - para toda a população
muito mais sensíveis, as taxas mundial, porque não há recurde separação são muito mais sos para isso, e a tecnologia já
altas do que há uns anos. E, em não vai a tempo de multiplicar
Portugal há ainda uma valori- esses recursos. Não é sequer
zação muito grande das águas uma questão de ser possível
limpas, com uma grande sensi- transitar para uma economia
bilidade à questão dos rios e do circular, vai ser necessário. Os
mar. A geração mais nova, com países nórdicos já estão a investodo o movimento surfista, está tir muito nisso. É necessário o
muito atenta às questões am- envolvimento da sociedade bientais na orla costeira e, no empresas, ONG, IPSS, pessoas
geral, a questões relacionadas - e implica uma governação
com a proteção da natureza. integrada. Mas isto implicaria
Os mais velhos preocupam-se diretrizes europeias. A Europa
com questões de saúde, como devia ser exemplar nesse pona qualidade do ar.
to de vista. Há países que já o
fazem, caso da Coreia do Sul.
A transição para uma
economia circular
Mas as pessoas
é apontada como
estão preparadas
para abdicar do seu
estilo de vida?
meras declarações
de boas intenções ou
têm efeitos práticos?
É possível às pessoas mudar
- necessitam é de condições e Os Objetivos do Milénio não
de evidência sobre as matérias. se cumpriram, mas eram uma
Um exemplo disso é o do saco referência - havia sempre a nede plástico que deixaram de cessidade de os referir e um
usar. Neste aspeto, a fiscalida- certo mau-estar por não os ter
de verde é muito importante cumprido. E os objetivos de
e é necessário que seja mais desenvolvimento sustentável
eficaz. A verdade é que devia vão no mesmo sentido.
apostar-se na economia circu- Tem de se encarar muito serialar, que pressiona muito menos mente estes objetivos porque
os recursos naturais. E hoje, o que estamos a viver agora
a nível tecnológico, é possível - o próprio problema dos refazer milagres. Há uma espécie fugiados e dos fluxos migrade revolução industrial do am- tórios - tem a ver com o facto
biente: já se pode reaproveitar de os países ocidentais não tetoda a água que se gasta, já se rem criado condições de vida
podem reaproveitar todos os nos países de origem dessas
resíduos que são produzidos. pessoas. Os Objetivos para o
Há tecnologia criada para isso. Desenvolvimento Sustentável
são fundamentais para reequiAgendas como
librar um pouco este mundo
os Objectivos do
em que vivemos.
Milénio ou agora os
Mas, para isso, é fundamental
17 Objetivos para o
que o papel da ONU seja mais
Desenvolvimento
forte e com uma governança
sustentável são
mais ágil.
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01-04-2016
1'? i
Tiragem: 66500
Pág: 12
País: Portugal
Cores: Cor
Period.: Mensal
Área: 12,26 x 12,53 cm²
Âmbito: Femininas e Moda
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Futuro verde cinza
_ Como vai ser o futuro ambiental
no nosso país, daqui a 10 anos?
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