AVALIAO DE CULTIVARES DE MILHO EM UBERABA, MG

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AVALIAÇÃO DE CULTIVARES DE MILHO EM UBERABA, MG
Vilmondes José da Silva Júnior(1), Wilson Jesus da Silva(2)
(1)
(2)
Bolsista PIBIC FAPEMIG/EPAMIG, [email protected];
Pesquisador EMBRAPA/EPAMIG - Uberaba, [email protected]
Introdução
Independentemente da tecnologia aplicada, as condições climáticas em
que a cultura é submetida constituem preponderante fator de produção. Dentre
os elementos de clima conhecidos para se avaliar a viabilidade e a estação
para a implantação das mais diversas atividades agrícolas, a temperatura e a
precipitação pluviométrica são as mais estudadas (FANCELLI; DOURADO
NETO, 2004).
O meio ambiente da cultura é complexo e difícil de ser conhecido, por seu
dinamismo e variações constantes. Porém, o importante papel que exerce no
crescimento, no desenvolvimento e na produção de grãos de milho não permite
que o meio ambiente seja desprezado, quando se quer maximizar a produção.
O rendimento dos grãos de milho está intimamente ligado aos fatores de
meio ambiente, principalmente os meteorológicos.
Com o objetivo de determinar a influência dos elementos meteorológicos
na produção de grãos, torna-se necessário associar os estudos agroclimáticos
com o crescimento e o desenvolvimento da planta de milho (SILVA et al.,
2006).
Material e Métodos
O experimento foi realizado no ano agrícola 2006/2007, na Fazenda
Experimental Getúlio Vargas (FEGT), da EPAMIG, no município de Uberaba,
MG. A área situa-se nas seguintes coordenadas, latitude 19° 43′ 28″ S, e
longitude 47° 57′ 40″ W e 706 m de altitude, onde o clima segundo Köppen, é
classificado como Aw, tropical com verão quente úmido, e inverno frio e seco.
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A cultura foi conduzida de acordo com a tecnologia disponível na
Fazenda. Utilizou-se o espaçamento de 0,80 m. A calagem foi dispensada.
Para adubação de semeadura foram utilizados 450 kg/ha da fórmula 25-10-4,
para adubação de cobertura utilizaram-se 250 kg/ha da fórmula 20-00-20 e o
sistema plantio direto para a semeadura. No ato da semeadura foi depositado
um número maior de sementes para que posteriormente realizasse o desbaste,
a fim de garantir a população final desejada.
A área experimental foi constituída de quatro linhas de 107 m de
comprimento, ocupando 342,4 m². A área foi composta por 36 parcelas. As
parcelas foram constituídas por duas linhas de 5 m espaçadas de 0,80 m, com
8 m² por parcela. Foram avaliadas 36 cultivares de milho de diferentes ciclos de
empresas produtoras de sementes.
As medidas realizadas para fenologia foram: comprimento e largura
mediana de cada folha expandida, para determinar a área foliar; número de
folhas; diâmetro do segundo internódio e altura da planta. Com os dados de
área foliar e a área ocupada pela planta determinou-se o índice de área foliar.
Para realizar as avaliações fenológicas, os dados meteorológicos (temperatura
máxima e mínima do ar e radiação solar global) foram obtidos na estação
climatológica principal de Uberaba (convênio EPAMIG/INMET), coletados
diariamente segundo normas da Organização Meteorológica Mundial (OMM).
As medidas e avaliações na planta foram realizadas, com intervalo de
sete dias, da emergência à floração masculina. Para determinar a soma
térmica necessária a cada estádio de desenvolvimento, aplicou-se o método de
Arnold (1959 apud SILVA et al., 2007), utilizando-se a seguinte equação:
em que:
d
= mero de dias;
Tmax = temperatura máxima diária do ar em °C;
Tmin = temperatura mínima diária do ar em °C;
Tb
= temperatura base do ar em °C.
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A temperatura base utilizada foi de 10°C, abaixo dela o crescimento e o
desenvolvimento do milho são inibidos a partir da semeadura (FANCELLI;
DOURADO NETO, 2004). Para cada estádio de desenvolvimento foi determinado
o acúmulo da radiação global e os graus-dia (GD). Para calcular a área foliar
(AF), foi realizada a medição do comprimento (C) e da largura mediana da
folha (L), multiplicando-se por um fator de correção de 0,75 determinado por
McKee (1964 apud VOLPE, 1986), achando-se, assim, a área de cada folha e,
conseqüentemente, de toda a planta.
em que:
n = número de folhas (i variando de 1 a n).
Conhecendo-se a área foliar determinou-se o índice de área foliar (IAF),
pela equação: IAF= AF/AT em que: AT= área do terreno ocupada pela planta.
O diâmetro do 2o internódio foi medido com paquímetro. A unidade utilizada foi
centímetros. A altura da planta também foi medida em centímetros. Para a
identificação de cada estádio fenológico, considerou-se o número de folhas
completamente expandidas por planta. A folha só é totalmente expandida
quando há o aparecimento da lígula, assim determinando cada estádio de
desenvolvimento da planta. Os dados de crescimento e desenvolvimento das
plantas analisados foram confrontados com os dados meteorológicos
acumulados (GD e radiação solar global) em regressão obtendo-se modelos de
crescimento.
Resultados e Discussão
Analisando o desenvolvimento e crescimento médio das cultivares em
relação ao IAF correlacionado com os GD e radiação solar global, as plantas
de milho evidenciaram quatro fases de desenvolvimento e crescimento. A
média das cultivares apresentou crescimento de IAF inicial muito lento, quando
os GD e a radiação solar foram da emergência até aproximadamente 360 GD e
6246 W/m2 de radiação solar, caracterizando a primeira fase, em que as
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plantas apresentavam em média quatro folhas expandidas, com duas semanas
e meia, contrariando Fancelli e Dourado Neto (2004). Esses autores afirmam
que as plantas de milho apresentam quatro folhas expandidas com duas
semanas após a emergência.
Na segunda fase as plantas tiveram um crescimento de IAF mais rápido,
porém ainda lento, quando estas apresentavam de 360 até aproximadamente
460 GD e de 6.246 a 8.006 W/m2. Nesta fase a planta exibia em média seis
folhas expandidas.
Na terceira fase, apresentando de 460 até aproximadamente 660 GD e de
8.006 a 11.430 W/m2, as plantas exibiram grande expansão das folhas,
contribuindo assim para grande aumento do IAF, mas, no entanto, houve
pequeno número de novas folhas expandidas,
passando de seis da fase
anterior para sete nesta fase, com variação de 200 GD e 3.424 W/m2.
Na
quarta
e
última
fase,
quando
apresentava
de
660
até
2
aproximadamente 870 GD e de 11.430 a 14.868 W/m , as plantas tiveram
grande crescimento de IAF e grande incremento no número médio de folhas
por planta, passando de 7 para 12 folhas expandidas, quando houve variações
de 210 GD e 3.438 W/m2.
Magalhães
(2003),
Essa fase de 7 a 12 folhas expandidas, para
representa
os
estádios
fenológicos
V7
a
V12,
respectivamente.
Ao realizar as análises, constataram-se entre as 36 cultivares, dois grupos
de curvas de crescimento de IAF. Quando o IAF foi correlacionado com
radiação solar global, foram obtidos praticamente os mesmos modelos de
curvas do IAF correlacionados com GD para as cultivares. A cada sete dias,
determinou-se o número de folhas das 36 cultivares, cujo número médio foi de
3,47; 4,96; 6,16; 6,62; 7,14; 9,23 e 12,66, apresentando um grande aumento no
número de folhas após o estádio V9 (MAGALHÃES et al., 2002; FANCELLI;
DOURADO NETO, 2001; SILVA et al., 2006).
Algumas cultivares apresentavam informações da empresa produtora de
sementes, como tendo ciclos superprecoces, porém, nas condições ambientais
do local, tiveram os seus ciclos até o florescimento masculino como precoces,
ocorrendo florescimento masculino com aproximadamente 870 GD e 14.868
W/m2 de radiação solar global. Já outras cultivares que tinham seu ciclo
precoce, se comportaram como tardias, as quais tiveram seu florescimento
masculino com aproximadamente 1.077,62 GD e 19.235 W/m2.
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Conclusões
Os graus-dias e radiação solar global apresentaram comportamentos
semelhantes quanto ao crescimento e desenvolvimento das plantas de milho.
As cultivares apresentaram ciclos diferentes do informado pelas
empresas produtoras de sementes.
Referências
DURÃES, F. O. M.; CARNEIRO, N. P.; PAIVA, E. Fisiologia do milho. Sete
Lagoas: Embrapa Milho e Sorgo, 2002. 23p. (Embrapa Milho e Sorgo. Circular
Técnica, 22).
FANCELLI, A. L. Milho: Fisiologia da produção e produtividade. In:______.
Milho: tecnologia e produtividade. Piracicaba ESALQ, 2001. p. 25-47.
_______; DOURADO NETO, D. Ecofisiologia e fenologia. In: ______.
Produção de milho. Guaíba: Agropecuária, 2004. cap. 1, p.21-54.
MAGALHÃES, P. C. Aspectos fisiológicos da cultura do milho irrigado. In:
RESENDE, M.; ALBUQUERQUE, P. E. P. de; COUTO, L. (Ed.). A cultura do
milho irrigado. Sete Lagoas: Embrapa Milho e Sorgo, 2003. p. 33-54.
SILVA, W. J. da; PAES, J. M. V.; ZITO, R. K. Potencial de rendimento de
grãos de milho precoce, semi precoce e super precoce em função dos
graus-dia. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE AGROMETEOROLOGIA, 15.,
2007, Aracaju. Anais... Aracajú, SE: Sociedade Brasileira de Agrometeorologia,
2007.
_______; SANS, L. M. A.; MAGALHÃES, P. C.; DURÃES, F. O. M. Exigências
climáticas do milho em sistema plantio direto. Informe Agropecuário. Cultivo
do millho no Sistema Plantio Direto, Belo Horizonte, v. 27, n. 233, p. 14-25,
jul./ago. 2006.
VOLPE, C.A. Eficiência no uso da água, resistência estomática e
parâmetros aerodinâmicos da cultura de milho (Zea mays L.). 1986. 204p.
Tese (Doutorado em Agronomia) – Escola Superior de Agricultura “Luiz de
Queiroz”, Universidade de São Paulo, Piracicaba, 1986.
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