Trabalho completo: ENVIAR ATÉ DIA 06 DE ABRIL SE

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PLANTAS MEDICINAIS DE USO DA POPULAÇÃO DO ASSENTAMENTO DE REFORMA
AGRÁRIA EZEQUIAS DOS REIS, MUNICÍPIO ARAGUARI –MG1
Sérgio Macedo Silva2
Jureth Couto Lemos3
RESUMO: Desde tempos remotos, a humanidade faz uso das plantas como medicamento alternativo para
curar as enfermidades, e o efeito desses medicamentos é tão eficaz quanto o da medicina convencional. Por
isso é de grande importância conhecer a flora medicinal do assentamento, a fim de orientar as famílias sobre
o uso correto das mesmas, uma vez que são tão utilizadas pelas famílias ali assentadas. O Assentamento de
Reforma Agrária Ezequias dos Reis dista 40km da sede do município de Araguari (MG) e tem uma área
registrada de 2.208 ha. O objetivo deste trabalho é apresentar dados sobre as plantas medicinais do
assentamento, bem como saber a influência da fitoterapia no tratamento básico das doenças. O trabalho foi
realizado por meio de entrevistas informais, com a finalidade de catalogar as plantas mais usadas. Assim,
cerca de 90% das famílias pesquisadas usam as plantas medicinais, e dentre essas, 80% adquiriram esse
conhecimento com antepassados. Quanto ao uso, praticamente 90% fazem chás, 55% fazem tinturas e
xaropes. Quanto ao cultivo, 52,7% das famílias cultivam as plantas em quintais, mas 45% as buscam em
áreas de reserva. Além disso, 96% delas disseram recorrer às plantas antes de irem ao médico e acreditam
na cura das doenças quando usam os fitoterápicos. Enfim, espera-se conhecer melhor as farmácias-vivas do
assentamento a fim de propiciar melhorias na qualidade de vida das famílias ali assentadas.
INTRODUÇÃO
O uso das plantas faz parte da rotina da maioria das populações, desde aquelas que
ainda mantêm costumes antigos até o homem atual que tem acesso aos grandes avanços
tecnológicos. De acordo com a Organização Mundial de Saúde - OMS, 80% da humanidade
dependem
da
medicina
tradicional
para
tratamento
de
doenças.
Isto
corresponde
a
aproximadamente cinco bilhões de pessoas e, ainda 85% desta medicina tradicional envolvem o uso
de extratos vegetais (DAVID, NASCIMENTO & DAVID, 2004, apud FARNSWORTH, 1998).
Segundo a literatura, os chineses foram os pioneiros na adoção do uso de fitoterápicos
(ALMEIDA, 2003). E após várias décadas, a medicina alternativa ainda se destaca, já que o efeito
dos seus medicamentos apresenta a mesma eficiência quanto aos adotados pela medicina
convencional. Além disso, está havendo um crescente interesse por parte de pesquisadores de todo
o mundo em resgatar as terapêuticas naturais, já que, os trabalhos de pesquisa com plantas
medicinais dão origem a medicamentos num prazo menor, com custo inferior, sendo mais acessíveis
1
Este trabalho faz parte do Programa de Apoio Científico e Tecnológico aos Assentamentos da Reforma Agrária –
PACTo – MG/Triângulo Mineiro. É constituído por Projetos de três áreas: Produção, Saúde e Educação. O PACTo é
desenvolvido com recursos do CNPq, INCRA e UFU.
2
Aluno do Curso de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Uberlândia e bolsista do CNPq.
[email protected]
3
Profª. Ms. e Doutoranda da Escola Técnica de Saúde da Universidade Federal de Uberlândia. Avenida Amazonas s/n,
Bloco 4K, Sala 4k 08, Campus Umuarama. CEP: 38400-902. Orientadora da Pesquisa. [email protected]
à população que não possui condições financeiras para arcar com os elevados custos dos outros
medicamentos.
No entanto, o uso indevido dos fitoterápicos pode causar danos à saúde do consumidor,
porque eles possuem componentes ativos que podem interagir com outros medicamentos
administrados pelo enfermo (STASI, 1996). Assim, é de grande necessidade conhecer a flora
medicinal do assentamento, a fim de orientar as famílias sobre o uso correto das plantas medicinais.
Historicamente, a Reforma Agrária no Brasil apresenta grande relevância e repercussão
social, haja vista o acúmulo de problemas e conflitos sociais. Entre muitos desafios, o Programa
PACTo-MG despontou o de prover os assentamentos de infra-estrutura e condições satisfatórias de
sustentação social e econômica (PACTO, 2003). Nesse sentido, a saúde dessa população se torna
um fator primordial para que possivelmente ocorram melhores condições sociais e econômicas. E,
sabe-se que os assentamentos de Reforma Agrária não apresentam condições ideais de
saneamento ambiental assim como carência de atendimento médico e odontológico. Daí a
necessidade de se enquadrar os assentamentos no atendimento de saúde local ou regional. Por
isso, este trabalho teve como objetivo conhecer as plantas medicinais utilizadas pela população do
assentamento Ezequias dos Reis no Município de Araguari – MG, bem como saber a influência dos
fitoterápicos no tratamento básico das doenças e como são utilizados.
METODOLOGIA
Materiais e Métodos
O Assentamento Ezequias dos Reis dista 40 Km do município de Araguari com área
registrada de 2.208,2005 ha. O número de famílias assentadas é de 58. A vegetação predominante
na região é o cerrado, estando presentes também o cerradão e em menor proporção, matas
caducifólias. Tem-se também como vegetação variante do cerrado, uma boa parte de campo
cerrado. O assentamento apresenta uma grande área já inteiramente antropizada com a formação
de pastagens de braquiária e andropógon. Apresenta também grandes áreas de preservação
permanente devido à existência de veredas, cuja faixa de preservação é de 80 metros, assim como
a faixa de preservação permanente às margens da represa de Itumbiara (100 metros) (cf. FIGURA
1).
787000
788000
789000
790000
791000
792000
793000
FAZENDA BEIJA FLOR
Planta Geral - 2002
3
1
22
21
20
19
14
17
4
5
79 6 80 0 0
7 9 6 80 0 0
27
2
9
15
28
26
24
29
25
32
33
6
7
11
79 6 7 00 0
31
8
12
16
23
30
7 9 67 0 0 0
13
18
10
34
35
39
36
40
Estradas
41
37
42
7 96 6 0 0 0
38
44
Planta Geral
46
Lotes
45
Reserva Legal
48
47
7 9 6 50 0 0
50
53
52
51
700
57
0
700
Metros
1400 Meters
58
79 6 4 00 0
7 9 64 0 0 0
55
56
Represa
79 6 50 0 0
Área Comunitária
49
54
79 6 6 0 00
Drenagem
43
N
794000
79 69 0 0 0
7 9 6 9 00 0
7 9 7 0 0 00
786000
797 0 0 0 0
785000
LAGEO/IG/UFU
785000
786000
787000
788000
789000
790000
791000
792000
793000
794000
Figura 1- Mapa do Assentamento Ezequias dos Reis.
Fonte: BRASIL, 2003.
Para desenvolvimento da pesquisa primeiramente buscou-se conhecer a área do
assentamento e realizar a apresentação do projeto para os assentados. A pesquisa sobre o uso de
plantas medicinais foi realizada em forma de entrevistas informais em visitas aos lotes, considerando
toda a ideologia de um levantamento etnobotânico. Nesse sentido se questionou quanto ao nome
popular das plantas, parte usada (seca ou fresca), se faz cultivo ou se faz coleta no campo ou em
área de reserva (STASI, 1996) (cf. QUADRO 1 e FIGURA 2 e 3).
Dentro da produção dos fitoterápicos, foram questionados aspectos quanto à indicação,
extração da parte a ser usada, formas de uso (chás, xaropes, garrafadas e compressas), interno ou
externo, preparo e dosagem, solvente (água ou álcool) e possível validade. Entre esses aspectos,
também se questionou sobre o uso de fitoterápicos associados a algum alopático e quanto à
freqüência da produção dos fitoterápicos (cf. QUADRO 1).
Durante as visitas, questionou-se se o morador cultivava plantas em quintais ou hortas e
se nos era permitido conhecer a forma de cultivo dessas plantas, o que enriqueceu nossa pesquisa
com a descoberta de diversidades de plantas. Vale ressaltar que ainda não se pôde conhecer as
plantas buscadas em matos ou na reserva, devido às visitas que nesse primeiro momento, terem
sido restritas apenas aos lotes, o que será efetuado mais adiante quando da necessidade de coletar
amostras para identificação e confirmação de espécies no laboratório.
Parte da pesquisa foi dedicada à organização de um banco de dados acompanhada de
literaturas específicas (MING, JUNIOR, & SACHEFFER, 1994: ALMEIDA, 1998; FURLAN, 1999).
Esse banco de dados irá propiciar uma estatística dos dados e permitir a seleção de algumas
espécies de plantas para coleta e identificação em laboratório (BRASIL, 2001; SIGRIST, 2004 ).
QUADRO 1
Modelo de entrevista informal aplicada à população do assentamento Ezequias dos Reis, Município
de Araguari-MG. Fevereiro de 2005.
Assentamento: ............................................Lote: ........
Informante: .................................................................
NOME DA
INDICAÇÕES PARTE PREPARO E
PLANTA
USADA
Data:.....................
USO DE
DOSAGEM ALOPÁTICO
FOTOS: PACTo
Organizado por SILVA, S. M. 2005.
FIGURA 2 - Coleta de dados no Assentamento Ezequias dos Reis, Araguari.
Fevereiro, 2005.
CULTIVO
FOTOS: PACTo
FIGURA 3 - Coleta de dados no Assentamento Ezequias dos Reis, Araguari.
Fevereiro, 2005.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Foi realizada a coleta de dados no Assentamento Ezequias dos Reis durante o mês de
fevereiro de 2005, mantendo-se os métodos de levantamento etnobotânico. Como se pode observar
no QUADRO 2 e no QUADRO 3, há uma diversidade de plantas medicinais usadas em diversas
situações pela população local.
QUADRO 2
Plantas medicinais utilizadas pela população do assentamento Ezequias dos Reis, Município de
Araguari-MG. Fevereiro de 2005.
NOME DA PLANTA
INDICAÇÕES
PARTE USADA
PREPARO E DOSAGEM
Crista de galo
Celosia cristata
Algodãozinho
Gossypium arboreum
Perdiz
Croton Perdicipes
Infecção geral
Raiz
Infecção geral
Raiz
Infecção geral
Raiz
Carobinha
Jacaranda caroba.
Quina
Cinchona Calisaya
Pau-Terra
Qualea grandiflora
Infecção geral
Raiz
Má-digestão
Cascas
Colher as raízes e colocar em
1L de vinho branco.
Colher as raízes e colocar em
1L de vinho branco.
Colher as raízes e colocar em
1L de vinho branco. Banho de
assento
Colher as raízes e colocar em
1L de vinho branco.
Fazer o tanto que irá tomar.
Hemorróidas
Entre cascas
Tosse
Raiz
Guiné
Petiveria alliacea
primeiro fazer o chá e em
seguida fazer banho de
assento
Chá - Fazer o tanto que irá
tomar
Sucupira preta
Bavichia virgilioides
Açafrão
Curcuma sp
Espinheira santa
Maytenus ilicifolia
Gervão
Stachytarpheta
cayenensis
Fedegoso
Senna macranthera
Garganta
Fava
Cura feridas, garganta
Raízes
Estômago
Folha
Gripe
Folhas
Gripe
Folhas
Gripe
folhas
Inflamação, verme, machucado e
dor
Folhas e sementes
Infecção urinária e pedra nos rins
Folha
Chá - Fazer o tanto que irá
tomar
Chá - Fazer o tanto que irá
tomar
Chá - Fazer o tanto que irá
tomar
Chá das ervas: gervão,
fedegoso e fumo bravo- fazer
o tanto que irá tomar
Chá das ervas: gervão,
fedegoso e fumo bravo- fazer
o tanto que irá tomar
Chá das ervas: gervão,
fedegoso e fumo bravo- fazer
o tanto que irá tomar
Chá ou banho para ferida:
álcool, sal e urina do
indivíduo.
Banho ou chá
Rins e dor no corpo
Folha
Banho ou chá
Estômago, labirintite
Folha e ramos
Infecção, dores, mal-estar, gripe.
Cascas
Chá de losna e quina - fazer o
tanto que irá tomar
Xarope
Infecção, dores, mal-estar, gripe.
Cascas
Xarope
Infecção, dores, mal-estar, gripe.
Cascas
Xarope
Infecção, dores, mal-estar, gripe.
Cascas
Xarope
Infecção, dores, mal-estar, gripe,
cérebro e memória.
Cascas
Xarope e garrafada
Infecção, dores, mal-estar, gripe.
Cascas
Xarope
Infecção, dores, mal-estar, gripe,
tabagismo
Gripe
Cascas, folhas
Pindaíba
Duguetia lanceolata
Infecção
Folhas
Hortelanzinho
Menth sp
Infecção
Folhas
Salsa de Paredão
Mentha pulegium
Infecção
Folhas
Chapéu de couro
Cynara Scollimus
Infecção
Folhas
Veludo branco
Croton campestris
Babosa
Aloe vera
Infecção vaginal
Cascas
Infecção, queda de cabelo, dor de
estômago.
Folhas
Infecção
Folhas
Infecção, colesterol e ressaca.
Raiz e casca
Infecção
Raiz
Terramicina
Alternanthera dentata
Infecção, machucado, dor de
cabeça e tontura
Raiz, folhas e ramos
Jenipapo
Genipa americana L.
Camomila
Matricaria chamomilla
Dor
Semente, folha e raiz
Calmante
Flores
Fumo bravo
Solanum alatirameum
Erva de Santa Maria
Chenopodium
ambrosioides
Pata de vaca
Bauhinia foticata
Congonha de Burro
Villaresia congonha
Losna
Artemísia absinthium
Manga
Mangifera indica L
Boldo
Colerus barbatus
Capitão
Hydrocotile umbelata
Piqui
Caryocar brasiliense
Mamacadela
Brosimum
guadichaudii
Angico
Piptadenia colubrina
Assa-peixe
branco
Vernonia Polyanthes
Erva cidreira
Cymbopogon citratus
Salsaparrilha
Smilax sp
Guatambu
Ouratea spectabilis
João da Costa
Echistes peltata
Folhas
Xarope ou usar o sumo com
mel
Colher as raízes ou folhas e
colocar em 1L de vinho
branco.
Colher as raízes ou folhas e
colocar em 1L de vinho
branco.
Colher as raízes ou folhas e
colocar em 1L de vinho
branco.
Colher as raízes ou folhas e
colocar em 1L de vinho
branco.
Colher as raízes ou folhas e
colocar em 1L de vinho
branco.
Colher as cascas e colocar
em 1L de vinho branco.
Colher as raízes ou folhas e
colocar em 1L de vinho
branco ou fazer o chá
Colher as raízes ou folhas e
colocar em 1L de vinho
branco.
Colher as raízes ou folhas e
colocar em 1L de vinho
branco ou fazer o chá da
casca
Colher as raízes ou folhas e
colocar em 1L de vinho
branco.
Colher as raízes ou folhas e
colocar em 1L de vinho
branco ou chá das folhas.
Chá - Fazer o tanto que irá
tomar
Chá das flores
Limão
Citrus aurantifolium
Gripe
Fruto
Articunzinho
Annona glabra
Cana de macaco
Costus spiralis
Transagem
Plantago media
Rins
Casca, folha
Rins
Folhas
Chá das folhas
Infecção, desentoxicante, baixar a
pressão.
Folhas
Dor de ouvido, estômago.
Folhas
Infecção e feridas,
Cascas
Chá conjugado com outras
ervas antibióticas, tomar em
jejum.
Fritar no óleo e pingar no
ouvido ou ingerir as folhas
frescas.
Xarope ou garrafada, banho
de assento.
Baixar a pressão
Folhas
Chá das folhas
Baixar a pressão
Folhas
Chá das folhas
Dor na coluna, rins.
Sementes, folhas
Verme
Fruto
Cansaço
Folhas e ramos
Chá
Calmante
Folhas e frutos
Chá
Coração
Raiz
Chá
Estimulante, tonificante,
analgésico e antiinflamatório.
Seiva do caule (leite)
Rins
Folhas e raizes
Rins
Casca
Chá da casca
Cólica, gripe
Folhas
Chá das folhas
Gripe
Folha
Chá
Dor de ouvido
Folha
Chá e pingar no ouvido
Dor no corpo e machucado
Folha
Dor e bursite
Casca
Chá da folha ou fazer
cataplasma
Fazer em 1L de vinho branco
Dor e bursite, gripe.
Casca
Fazer em 1L de vinho branco
ou chá feito com mel
Infecção
Casca
Fazer em 1L de vinho branco
Gripe, dor de cabeça.
Folhas, sementes
Gripe
Folhas
Gripe
Folhas
Pressão
Folhas
Xarope: bater as folhas com
mel ou fazer o chá
Xarope: bater as folhas com
mel
Xarope: bater as folhas com
mel
Chá
Rins
Casca
Chá
Rins
Casca
Chá da casca
Gripe
Folhas
Chá das folhas
Rins
Folha
Chá
Estômago
Folhas
Chá por infusão
Cólica
Flores
Chá
Bálsamo
Myroxylon baisamum
Barbatimão
Stryphnodendron
rotundifolium
Alecrim do campo
Rosmarinus officinalis
Chuchu
Sechium edule
Abacate
Persea americana Mill.
Lobeira
Solanum lycocarpum
Erva cidreira de ramo
Lippia alba
Maracujá
Passiflora edulis Sims.
Anil
Indigofera suffruticosa
Peão roxo
Jatropha gossypifolia
Esporão
Strychnos brasiliensis
Cascara sagrada
Rhamnus purshiana
Mentrasto
Ageratum conyzoides
Eucalipto
Eucaliptus
globulus
Labil.
Fortuna
Bryophyllum calycinum
Arnica
Solidago microglossa
Romã
Punica granatum
Jatobá
Hymenaea
stigonocarpa
Pau de óleo – Copaíba
Copaifera langsdorfii
Laranja
Citrus sinensis
Vique
Mentha arvensis
Sabugueiro
Sambucus Nigra
Sangra d’água
Croton urucurana
Embaúba
Cecropia
pachystachya
Lixeira
Ouratea spectabilis
Alfavaca
Ocimum basilicum L.
Labiatae –
Panacéia
Solanum cernuum
Papo de peru
Aristolochia gigantea
Artemijo
Xarope do fruto com alho: ferver com
açúcar e com um dente de alho ou 5
limões galegos, água e açúcar. Deixar
15 dias em repouso no sol.
Chá
Colocar a semente em 1L de
vinho e deixar em repouso ou
chá das folhas
Comer a polpa do fruto
Colher a seiva do caule e
colocar em 1L de vinho ou
pinga.
Chá
Chrysanthemum
parthenium
Funcho
Foeniculum vulgare
Jambolão
Eugênia cumini (L.)
Druce.
Graviola
Annona muricata
Mangaba
Hancornia speciosa
Alcanfor
Artemisia
camphorata
Cólicas
Flor e semente
Chá
Estômago
Folha
Chá por infusão
Estômago ou intestino preso
Folha
Chá por infusão
Infecção
Raiz
Pressão alta e enjôo
Folhas
Colocar em 1L
branco
Chá por infusão
de
vinho
Organizado por SILVA, S. M. 2005.
Assim pôde-se perceber que grande parte da população do assentamento Ezequias dos
Reis faz o uso de plantas medicinais quando necessitam, o que se torna um hábito, já que essa
população é carente e não tem atendimento médico-hospitalar no assentamento. Com isso, as
plantas medicinais tornam-se de extrema importância para essa população no que tange ao
atendimento básico.
Observou-se também que, ainda hoje, a transmissão do conhecimento popular sobre o
uso de plantas é necessário, para que novas gerações também herdem essa cultura que é milenar e
tão importante, não só para o homem do campo, mas para o homem urbano.
Também durante a pesquisa os assentados relataram como preparam as plantas
medicinais para serem utilizadas para combater algumas doenças (cf. QUADRO 3)
QUADRO 3
Receitas fornecidas pela população do assentamento Ezequias dos Reis, Município de Araguari-MG,
durante a coleta de dados. Fevereiro de 2005.
Garrafada para infecção
Crista de galo (raízes), mamacadela (raízes), guatambu
(raízes), João da costa (raízes), manjericão (folha),
congonha (raízes), terramicina (raízes e folhas), erva de
santa Maria (folhas) algodãozinho (raízes), perdiz(raízes),
erva cidreira (raízes), pindaíba (folhas) e carobinha (raízes).
Colocar em 1L de vinho branco. Depois, deve-se enterrar o
litro de vinho por 15 dias e, quando pronto, tomar duas
vezes ao dia. Validade de um ano e medida diferente para
Garrafada
para
reumatismo,
infecção, artrose e câncer.
crianças.
Tirar 3 colheres da seiva do caule de peão-roxo e colocar
em um litro de pinga de engenho e deixar por tempo
indeterminado armazenado. Não expor ao sol. Deve-se
tomar uma xícara pequena três vezes ao dia e não tem
Xarope para Infecção, dores, mal-
validade.
Colocar as cascas das árvores: mexerica, manga, boldo,
estar, gripe, pneumonia
capitão, pau-terra, piqui, mamacadela, sucupira preta,
angico e assa-peixe branco, misturar com muito açúcar e
Chá para os rins.
colocar para ferver. Conservar na geladeira.
Pegar as folhas de vique, hortelã pimenta, dipirona, levante,
poejo, mentrasto, terramicina, erva cidreira. Lavar bem as
folhas e jogar 1 litro de água quente por cima das folhas e
Chá para os rins.
deixar esfriar. Devem-se tomar várias vezes ao dia.
Usar as folhas de: sofre dos rins quem quer, cana de
macaco, abacate, esporão, embaúba (casca), lixeira
(casca), quebradinha e articunzinho. Ferver as ervas e
deixar esfriar para tomar.
Organizado por SILVA, S. M. 2005.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Apesar do trabalho ainda não estar concluído, pode-se perceber que é importante realizar
atividades coletivas onde a população possa colocar suas experiências, a fim de disseminar os
saberes populares. E, ainda há muito que se pesquisar e interar com essas pessoas que vivem
distante do conhecimento acadêmico e de atendimento médico.
Futuramente, novas ações serão realizadas com palestras sobre cultivo e produção de
plantas medicinais com pesquisadores da área, realizando orientações quanto às formas de
produção e consumo, assim como valorizar ainda mais a fitoterapia no assentamento.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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ALMEIDA, S. P., et al. Cerrado, espécies vegetais úteis. Planaltina, Embrapa, 1998. 457 p.
DAVID, J. P. L.; NASCIMENTO, J.A.P., DAVID, J.M. Produtos Fitoterápicos: uma perspectiva de
negócio para a indústria, um campo pouco explorado pelos farmacêuticos. Infarma. v.16, nº 9-10,
p.71-76, 2004.
FURLAN, M. R. Cultivo de plantas medicinais. Cuiabá: Sebrae, 1999. 17 p.
MING, L. C., JUNIOR, C.C., SACHEFFER, M.C. Cultivo de plantas medicinais condimentares e
aromáticas. Jaboticabal: Unesp, 1994. 151 p.
STASI, L. C. D. Plantas medicinais: arte e ciência. São Paulo: Unesp, 1996. 230 p.
BRASIL. Instituto Brasileiro do Meio Ambiente. Plantas medicinais do Brasil: aspectos legais da
legislação
e
comércio
–
2001.
Disponível
em:
<http://www2.ibama.gov.br/flora/plantasmedicinais.htm.> Acesso em 12 de junho, 2004.
SIGRISt, S. R. Plantas Medicinais, aromáticas e condimentares. Ciências Agrárias, Universidade de
São Paulo. Disponível em:<www.ciagri.usp.br/planmedi/>. Acesso em 12 de junho, 2004.
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