UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE A EVOLUÇÃO CONTÁBIL MARIANA RODRIGUES PEREIRA DA SILVA. ORIENTADOR: LUCIANO GERARD RIO DE JANEIRO 2010 2 UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE A EVOLUÇÃO CONTÁBIL A apresentação Universidade da Cândido monografia Mendes à como condição prévia para a conclusão do curso de Pós-Graduação “Lato Auditoria e Controladoria. sensu” em 3 RESUMO Este trabalho oferece uma retrospectiva histórica sobre a evolução da Contabilidade no Brasil, tende a responder quais os benefícios que esta evolução trouxe para o Brasil? Trazendo assim, a história da contabilidade ( De 8000 a.C até os dias atuais), Os Princípios contábeis, a contabilidade no Brasil e seus principais pensadores, a comparação entre as duas principais escolas doutrinárias (Escola Européia e a Escola Norte-Americana), surgimento da profissão e a educação contábil no Brasil e suas perspectivas e o que os principais autores acham em relação ao futuro da contabilidade. O objetivo desse estudo é analisar como a contabilidade desenvolveu-se no Brasil, identificar as mudanças decorrentes à evolução contábil e Evidenciar o pensamento dos diversos pesquisadores sobre contabilidade, através de uma pesquisa descritiva, com utilização de consulta documental e bibliográfica, Buscando ilustrar a evolução da contabilidade no Brasil. Concluindo com esse trabalho que nas últimas décadas, graças aos avanços tecnológicos e aos sistemas informatizados que permitiram que o trabalho de registro de dados fosse feito de forma mais rápida, o contador moderno possui mais tempo para analisar as informações constantes nos relatórios gerados pela contabilidade. E, ainda, pode criar diversos relatórios que auxiliem o administrador, pois geralmente é o próprio proprietário que se encontra mergulhado nas rotinas operacionais e não tem tempo para controle e planejamento dos negócios. Palavras- chave: Evolução contábil, História da contabilidade, Contabilidade no Brasil, Profissão e a educação contábil no Brasil e Futuro da contabilidade. 4 METODOLOGIA Serão adotadas as técnicas de documentação direta e indireta, com utilização de consulta documental e bibliográfica, com o objetivo de avaliar a evolução contábil permitindo fazer inferência sobre o papel da teoria da contabilidade. A pesquisa é descritiva, baseada em fontes primárias e secundárias, trabalhos acadêmicos, periódicos editados por órgão de classe e obras históricas. Busca ilustrar a evolução da contabilidade no Brasil. Partindo da classificação dos gêneros da pesquisa observada pelo método dedutivo, e com a finalidade de se atingir o objetivo proposto nesta pesquisa, a metodologia do trabalho é de natureza teórica no que diz respeito aos seus fins. Será adotado o método histórico em virtude da natureza da pesquisa, que visa à investigação das teorias, conceitos, instituições e processos relacionados com o tema no passado e suas influências no momento atual. 5 SUMÁRIO INTRODUÇÃO....................................................................................................................6 CAPÍTULO I - A história da contabilidade ..........................................................................8 CAPÍTULO II – Princípios Fundamentais de Contabilidade...............................................15 CAPÍTULO III - A contabilidade no Brasil.........................................................................20 CAPÍTULO IV - Evolução contábil ....................................................................................32 CONCLUSÃO ....................................................................................................................43 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................................45 6 INTRODUÇÃO O desenvolvimento da Contabilidade sempre esteve associado à evolução da humanidade. Esta associação é ressaltada e abordada por estudiosos, sob distintas perspectivas. Hendriksen (1950) destaca que: [...]A Contabilidade, e sua principal e mais característica manifestação - a conta é tão antiga quanto é a civilização construída pelos homens... A história da Contabilidade é, em certo ponto, uma conseqüência da história da civilização, tanto em suas vicissitudes como nas mais altas manifestações da referida civilização, sobretudo no campo econômico[...] A contabilidade, foi evoluindo, adquirindo normas até chegar a dinâmica de controle atual, foi ganhando espaço no mercado de trabalho, surgindo o controle do desenvolvimento dessa ciência no seu aspecto profissional acompanhando os avanços do contexto sócio econômico e financeiro nas suas funções de controle e orientação da atividade contábil. O estudo da evolução da contabilidade torna-se relevante em virtude da necessidade de analisar se as mesmas acompanham a evolução que ocorre no cenário econômico - financeiro. Com o desenvolvimento da economia, detectou-se que a exigência por parte dos usuários por mais informações, diante da complexidade das transações; à necessidade de procedimentos contábeis; a falta de um referencial conceitual para a Contabilidade; infindáveis discussões sobre a adoção de princípios ou padrões; e o surgimento de diversas entidades da classe contábil, dificultou a harmonização das idéias, gerando consequentemente conflito de interesse. As constantes mudanças no cenário econômico - financeiro obrigam a contabilidade a rever seus conceitos e procedimentos adotados, e buscar a consolidação de um referencial teórico que possa atender ao objetivo da mesma. O problema de pesquisa consiste em responder os seguintes questionamentos 7 “A evolução contábil trouxe várias facilidades para o contador, quais os benefícios que esta evolução trouxe para o Brasil?” A importância desse estudo está na necessidade de se saber como e de que forma se processaram as suas evoluções ou decadência, a origem dos seus termos e das suas aplicações. Ao profissional da disciplina não é suficiente fazer lançamentos, balancetes, balanços, análises ou conhecer a nomenclatura contábil. É preciso indagar das suas origens, e que a consciência e a cultura contábil se solidifiquem com os conhecimentos históricos. 8 CAPÍTULO I HISTÓRIA DA CONTABILIDADE A contabilidade é uma ciência social que estuda o patrimônio das entidades observando os aspectos quantitativos e qualitativos devendo a contabilidade ser capaz de explicar as causas de suas mutações. Se distancia desta forma do direito, pois este observa o patrimônio sendo capaz de gerar diretos e obrigações; da economia, o qual observa o patrimônio sendo capaz de suprir a necessidade coletiva; e da administração, o qual observa o patrimônio como um fundo de recursos que quando bem administrados são capazes de gerar riqueza para os seus proprietários. Devido ao fato da contabilidade delimitar o seu objeto de estudo: patrimônio sob o aspecto quantitativo e qualitativo, conclui-se que a contabilidade é uma ciência social aplicada. A contabilidade hoje utilizada é uma herança dos antigos profissionais e usuários de contabilidade. Conhecer como se utilizava contabilidade no passado, faz-nos esclarecer o que nos fez chegar até aqui: o período da contabilidade científica. Na evolução da história contábil juntamente com as doutrinas podemos dividir em períodos, a saber: contabilidade antiga, contabilidade medieval, contabilidade moderna e a contabilidade científica. Cada período é marcado por um feito ou por uma obra literária ou até pela própria mudança na economia. Dentro de cada período contábil (antigo, medieval, moderno e científico) existiram pensadores doutrinários, o qual criaram ou defenderam as idéias de seus ancestrais. A chegada de cada escola doutrinária, seja ela criticando ou mesmo defendendo os assuntos já comentados fazia com que gradativamente a contabilidade evoluísse. Para a construção do conhecimento e evolução da ciência é necessário críticas. 9 Iudícibus (1993), destaca que: [...] em termos de entendimento da evolução histórica da disciplina, é importante reconhecer que raramente o “estado da arte” se adianta muito em relação ao grau de desenvolvimento econômico, institucional, e social das sociedades analisadas, em cada época. O grau de desenvolvimento das teorias contábeis e de suas práticas está diretamente associado, na maioria das vezes, ao grau de desenvolvimento comercial, social e institucional das sociedades, cidades ou nações[...] 1.1 OS PERÍODOS A história da contabilidade é dividida em períodos. Explanaremos de maneira mais aprofundada os períodos, as práticas contábeis e os pensadores mais importantes de cada período. 1.1.1 PERÍODO DA CONTABILIDADE ANTIGA OU EMPÍRICA – DE 8000 a.C. ATÉ 1202 DA ERA CRISTÃ. Segundo o historiador Frederico Melis, os primeiros vestígios de utilização da contabilidade foi aproximadamente há 8000 a.C. Os primórdios da civilização utilizavamse dos poucos recursos que continham para controlar os seus rebanhos e a produção agrícola por eles cultivadas. Alguns pesquisadores afirmam que quando o homem se deparou com a vontade de controlar o cultivo da terra e o seu rebanho, afim de controlar o acumulo de riquezas surgiu a contabilidade. A idéia de entesouramento de riquezas fez com que o homem criasse um método racional de acumulo de informações de seus bens e obrigações, pois seria inviável a memorização de tantas informações. Técnicas de registros foram criadas para controlar os bens e obrigações. Entre 8000 e 3000 a.C. foram utilizados como técnicas de registros fichas de barro. Estas fichas foram utilizadas em Israel, Iraque, Turquia, Síria, Mesopotânia e na antiga Pérsia, com o intuito de controlar os bens e as obrigações. As fichas de barro foram as primeiras evidências de um sistema contábil. O homem pré-histórico com a finalidade de controlar a produção agrícola, o seu rebanho de animais, as trocas de produtos agrícolas e de animais com outros homens que por sua vez viessem a deixar resíduos de créditos ou 10 débitos o fazia mediante a fichas de barro. As fichas de barro eram muito utilizadas, pois neste período não havia a escrita e tão pouco números arábicos ou romanos, e cada ficha de barro representava um animal ou um produto agrícola. Havia paridade de um por um, ou seja, para cada ficha de barro tinha-se um animal no rebanho ou representava a colheita agrícola. Com o surgimento das casas decimais, a paridade das fichas evoluíram. Algumas fichas poderiam valer não só um animal, mas dez ou cem, por exemplo. As fichas de barro representavam mercadorias ou até um direito para o seu possuidor. Cada animal era representado por uma ficha de barro e cada ficha de barro continha uma forma palpável e visível diferentes uma das outras para identificar o animal representado. Juntamente com as fichas de barro o homem utilizava tábuas de argila que serviam também para o controle dos bens. Estas tábuas, conhecidas como tábuas de Uruk ou de Jemdet-Nasr ou de Ur Arcaica, escrituravam as entradas e saídas dos bens. Segundo Schmidt (2000:22) os registros nas tábuas de argila demonstram fortes evidências do controle físico dos bens, visto que ainda não existia o conceito de valor e moeda. A tábua de Uruk, por exemplo, foi utilizada há 4000 a.C. Essas tábuas recebiam o desenho que representava o animal, assim como a conta: Imóveis atualmente representa o valor ou o numerário é identificada por uma escrita que representa ou simboliza a sua identificação através da leitura. As tábuas também eram identificadas por gravuras que representavam o animal ou o bem que queria controlar. Este fenômeno, conhecido como pictografia era utilizado para suprir a falta da escrita. Com o passar dos anos, os controles foram aumentando e aproximadamente em 3250 a.C. surgiram envelopes ou as caixas elaboradas com barro para melhor controlar as entradas e saídas da produção agrícola e os rebanhos de animais. Cada envelope ou caixa representava um bem e a quantidade de fichas depositadas dentro do mesmo representava a quantidade de bens, direitos a receber e até mesmo obrigações. Os envelopes ou caixas representam atualmente os razonetes, onde um valor do ativo por exemplo é debitado ao receber um valor. Porém, os envelopes e caixas de barro, ao receber um valor ou numerário recebia uma ficha de barro representando um valor de entrada. Alguns historiadores acreditam que a contabilidade surgiu juntamente com a escrita e que os primeiros sinais de escrituração contábil, foram feitas na tábua de Uruk. Para estes historiadores, a utilização das fichas barro não é o início da contabilidade. 11 O Egito adotou como obrigatório em 2000 a.C. livros e documentos comerciais e evoluiu bastante o seu sistema contábil quando também adotou a escrituração comercial em moeda corrente, o shat de ouro ou de prata. Porém, o documento mais evoluído e completo de contabilidade foi encontrado Grécia, no templo de Atenas, utilizado nos períodos de 454 a 406 a.C. Nele estavam registradas todos os contribuintes de impostos da Grécia. Durante os primeiros 100 anos da era Cristã as invasões ao norte da China deram início a uma série de guerras que duraram até o século V. Estas guerras envolvendo os países da Grécia, Índia, Egito e Pérsia fizeram com que a evolução cultural e humana ficassem paradas. A contabilidade como outras ciências sociais não evoluíram neste período. Ao final do século X, a Europa começa a se reestruturar após anos de invasões. A agricultura foi um dos maiores responsáveis pela retomada econômica. O comércio revendia o excesso das colheitas, estimulando assim os encontros de feiras livres, abrindo espaço também aos pequenos artesãos. Encerrada as invasões e com a retomada do crescimento econômico através do excesso de produção das lavouras sendo comercializados, a contabilidade tinha um novo desafio: auxiliar os comerciantes e artesãos uma forma de gerenciar o dinheiro e controlar os valores a receber e a pagar. Leonardo Fibonacci, matemático, nascido na Grécia e criado na Itália, encerra este primeiro período da contabilidade publicando livro Liber Abaci com apenas 3 exemplares manuscritos. Segundo Melis, a publicação de Fibonaci encerra a era da contabilidade antiga. 1.1.2 PERÍODO DA CONTABILIDADE MEDIEVAL OU SISTEMATIZAÇÃO DA CONTABILIDADE – DE 1202 ATÉ 1494. No início do século XII o comércio começa a ultrapassar barreiras locais e assim chega em outros lugares através das vias marítimas. A chamada revolução comercial fez com que as empresas fossem se tornando cada vez maior e a contabilidade deveria assumir um novo papel na sociedade: controlar e evidenciar a riqueza gerada pelas empresas, bem como os valores de créditos e débitos por ela gerada. Nota-se nos séculos XII e XIII o surgimento do capitalismo e o fim do feudalismo. O comércio expande as 12 fronteiras, as relações trabalhistas tomam um novo rumo (principalmente em alguns países da Europa) e a acumulação de riquezas parece se tornar algo mais comum e desejável entre os cidadãos. O comércio necessitava de informações precisas sobre os negócios, a contabilidade elabora técnicas de escrituração mais avançada: surge a partida dobrada. A data precisa do primeiro registro contábil através das partidas dobradas não é conhecida com exatidão, porém estima-se que em 1340 em Gênova, um funcionário público o desenvolveu. De acordo com alguns pesquisadores, as partidas dobradas surgiram em diversos locais ao mesmo tempo. Segundo Pelagallo, um manuscrito encontrado em Florença indicava registros contábeis através das partidas dobradas no ano de 1330. Na literatura pesquisada é consenso comum que as partidas dobradas foram criadas na Itália entre 1330 e 1340. Veneza, cidade Italiana, imortalizou a contabilidade com o método das partidas dobradas. Em 1494, o frei Luca Pacioli editou o livro: La Summa de Arithmetica, Geometria, Proportioni et Proportionalitá, o primeiro livro a enfatizar o sistema de partidas dobradas. Como já comentado, no século XIII já utilizava-se o método das partidas dobradas, antes mesmo de Pacioli, porém o que imortalizou Veneza como a cidade histórica da contabilidade e Pacioli como o criador da contabilidade foi a edição de seu livro na Itália, precisamente em Veneza, o primeiro a enfatizar o método das partidas dobradas. Com a chegada das máquinas gráficas na Inglaterra, Pacioli edita o primeiro livro, e não manuscrito de contabilidade. Alguns historiadores afirmam que Benedetto Cotrugli foi o primeiro pesquisador a desenvolver o sistema de partidas dobradas em 1458 em um manuscrito denominado Il Libro dell’arte di Mercatura, o qual foi impresso em 1573 com o nome de Della Mercatura de del Mercante Perfetto. Os méritos de patronagem da contabilidade para Pacioli representam um momento oportuno vivido por ele em Veneza: a chegada das máquinas gráficas na Europa. 1.1.3 CONTABILIDADE MODERNA OU LITERATURA DA CONTABILIDADE – DE 1494 A 1840 13 Com a edição do livro de Pacioli a contabilidade segue uma nova caminhada. O impacto deste livro ultrapassou barreiras e estendeu-se aos demais países europeus. Desta forma, a contabilidade começa a seguir critérios profissionais, embaçados em uma técnica. Este período sem muitos acontecimentos foi marcado pela grande divulgação dos métodos das partidas dobradas e a sua adoção mundial como técnica de escrituração. Com a edição do livro de Pacioli a contabilidade sistematiza os procedimentos contábeis concedendo aos usuários informações ordenadas e contínuas. Segundo Giannesi, a partir deste momento a contabilidade deixou de ser a arte de ter e contar e passou a ser uma ciência. A preocupação com os ativos de longo prazo fez com que a contabilidade repensasse alguns conceitos. Surge a depreciação dos ativos de longo prazo. A conta de capital foi também incorporada aos registros contábeis. Com isto, a conta de lucros e perdas previamente utilizada pela contabilidade antes da conta capital, começou a incorporar o seu saldo, ao saldo a conta capital. Este somatório representa o capital próprio da empresa, lucros gerados pelas operações da empresa, mais o capital investido pelos sócios da mesma. Foi neste período também que surgiu a idade da estagnação contábil. A estagnação contábil foi um período de pouco desenvolvimento mundial, afetando não só o crescimento da contabilidade como o crescimento de outros segmentos sociais. Alguns autores não concordam com o termo de estagnação contábil, pois se alguns fatores vieram a impedir o crescimento da contabilidade neste período, não pode-se afirmar que a contabilidade ficou estagnada, somente não evoluiu em grande escala, mas evoluiu. Esta corrente de pensamento denomina este período como o período de consolidação e não da estagnação contábil. Em 1840 Francesco Villa edita o livro La contabilità applicata alle amministrazioni private e pubbliche, o qual encerra o período da contabilidade moderna e inicia-se o período da contabilidade científica. Este não foi o primeiro ou único livro deste autor, mas segundo Melis, este livro inicia o período da contabilidade científica. 1.1.4 CONTABILIDADE CIENTÍFICA OU CONTEMPORÂNEA – DE 1840 ATÉ OS DIAS ATUAIS. 14 A publicação do livro de Francesco Villa em 1840, La contabilità applicata alle amministrazioni private e pubbliche marca uma nova era para a contabilidade. Segundo Melis, a contabilidade passa do período literário para se tronar científico. A gestão empresarial através do controle contábil torna-se relevante para o processo decisório nas empresas. A contabilidade a partir deste período deve servir como base gerencial nas empresas. A preocupação com os registros contábeis para auxiliar a administração e gestão das empresas marca este período. Na opinião de Antônio Tonzig, autor de livros desta época, a contabilidade e administração devem estar interadas uma à outra para melhor controle da entidade. É também neste período que surgem as principais escolas doutrinárias de contabilidade. Segundo Lopes de Sá (1995), as doutrinas contábeis são as formas de aparecer, evoluir, derivar ou extinguir as correntes do pensamento contábil. Dentre as escolas doutrinárias que surgiram neste período estão: a escola administrativa, personalista, controlista, norte-americana, matemática, neocontista, alemã, italiana, patrimonialista e a escola brasileira universalismo, apresentada pelo Professor Doutor Francisco D’Auria em 1949. 15 CAPÍTULO II PRÍNCIPIOS FUNDAMENTAIS DE CONTABILIDADE A emissão de pronunciamento sobre princípios de contabilidade para a orientação dos contadores no exercício da sua profissão teve início nos Estados Unidos, na década de 30, após a quebra da bolsa de Nova Iorque. Desde então, houve uma maior preocupação com a uniformização de princípios que pudessem dar embasamento às normas e regras contábeis. No Brasil, desde que a lei 6.404/76 o incluiu como matéria legislativa a ser observada pelos agentes do mercado de capitais, os princípios são objeto de regulamentação dos órgãos reguladores oficiais. O CFC definiu uma primeira versão em 1981, seguida pela CVM que emitiu uma deliberação em 1986, classificando-os em postulados, princípios propriamente ditos e convenções. Em 1993, (Resolução CFC 750), ambas as entidades acordaram em declarar "Os princípios fundamentais da Contabilidade", o que não significa que são mais importantes do que os outros ou que existam somente os 7 (sete) definidos pela norma profissional citada. Os Princípios Fundamentais de Contabilidade devem ser obrigatoriamente observados no exercício da profissão contábil e constitui condição de legitimidade das Normas Brasileiras de Contabilidade (NBC). Além disso, na aplicação dos Princípios Fundamentais de Contabilidade a situações concretas, a essência das transações deve prevalecer sobre seus aspectos formais. A Resolução do CFC n.º 750-93, como já dito, define os Princípios, que estão revestidos de universalidade e generalidade, elementos que caracterizam o conhecimento científico, justamente com a certeza, o método e a busca das causas primeiras. Os Princípios Fundamentais de Contabilidade são: 1. Entidade 2. Continuidade 3. Oportunidade 4. Registro pelo valor original 5. Atualização monetária 16 6. Competência 7. Prudência 2.1 PRINCÍPIO DA ENTIDADE Este princípio reconhece o patrimônio como objeto da Contabilidade e afirma a autonomia patrimonial, ou seja, a necessidade de se diferenciar o patrimônio da empresa do patrimônio dos sócios, acionistas ou proprietários da mesma. A Contabilidade deve ter plena distinção e separação entre pessoa física e pessoa jurídica. Enfim, o patrimônio da empresa jamais se confunde com os dos seus sócios. 2.2 PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE Este princípio diz que a empresa deve ser avaliada e escriturada na suposição de que a entidade nunca será extinta. As Demonstrações Contábeis são estáticas, não podem ser desvinculadas dos períodos anteriores e subseqüentes, a vida da empresa é continuada going concern, até circunstância esclarecedora em contrário. Seus Ativos devem ser avaliados de acordo com a potencialidade que têm em gerar benefícios futuros para a empresa, na continuidade de suas operações, e não pelo valor que se poderia obter se fossem vendidos no estado em que se encontram. Caso ocorra situação desfavorável a entidade poderá ser investigada pelo conselho de contabilidade, podendo consequentemente ser encerrada, terminando suas atividades empresariais. Obs.: No Brasil, as punições sobre erros e fraudes contábeis se concentram nos administradores e contadores (incluído aqui também os auditores externos). Os contadores, além das sanções profissionais previstas nas normas do CFC - Conselho Federal de Contabilidade, poderão se haverem ainda com punições previstas nos Códigos Penal (Código Penal), Civil (Código Civil) e legislação tributária do Imposto de Renda. O Banco Central do Brasil é quem tem o poder de encerrar atividades das instituições financeiras que causem crimes contra o Sistema Financeiro Nacional. 17 2.3 PRINCÍPIO DA OPORTUNIDADE O princípio da oportunidade enfatiza a necessidade de apreensão, registro e relato de todas as variações no patrimônio de uma entidade, no momento em que elas ocorrerem, de forma integral. Assim, as modificações de elementos patrimoniais devem ser contempladas mesmo na hipótese de somente existir razoável certeza de sua ocorrência. A preocupação básica é que devem estar reconhecidas nos registros contábeis todas as variações patrimoniais de uma entidade, para que as informações contábeis espelhem com fidelidade a situação do patrimônio em determinado período – advém daí a necessidade da utilização sempre que possível de documentação hábil e comprobatória de todas as transações. 2.4 PRINCÍPIO DO REGISTRO PELO VALOR ORIGINAL Os elementos patrimoniais devem ser registrados pela contabilidade por seus valores originais, expressos em moeda corrente do país. Assim, os registros da contabilidade são efetuados com embasamento no valor de aquisição do bem ou pelo custo de fabricação (vide contabilidade de custos), incluindo-se, ainda, todos os gastos que foram necessários para colocar o bem em condições de gerar benefícios presentes ou futuros para a empresa; caso ela efetue transações em moeda estrangeira, os valores correspondentes devem ser convertidos à moeda nacional. Exemplo: o contador Sr. Manoel deve registrar os fatos contábeis de encerramento da empresa X, na data de sua ocorrência, de maneira íntegra e tempestiva, para que seus usuários, com base nessas informações, também registrem esses fatos nas suas empresas. 2.5 PRINCÍPIO DA ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA Refere-se ao ajuste dos valores dos componentes patrimoniais, devido à perda do poder aquisitivo num ambiente inflacionário. Portanto, a atualização monetária não representa uma avaliação e sim apenas um ajuste dos valores originais, mediante aplicação 18 de indicadores oficiais, que reflitam a variação do poder aquisitivo da moeda. Serve também para homogeneizar as diversas contas das mais variadas espécies. Hoje em dia no Brasil existe uma tensão no meio contábil, entre os órgãos reguladores (CFC e CVM) e a classe, por causa da resolução que admite a correção monetária apenas se a inflação passar de um determinado patamar. Na verdade, essa resolução atende ao padrão internacional. Sucede entretanto, que mesmo uma inflação baixa vai distorcer o real valor do patrimônio em poucos anos. A posição é antiga da classe contábil brasileira, que além de não observar o padrão internacional deixou de ter base legal com o advento do Plano Real (1994), que vetou a "correção monetária de balanços" (a denominação antiga do Princípio era "da Correção Monetária"). É um princípio em desuso que compete ao Art. 185 da Lei 4604/76 revogado pela Lei n.º 7730/89. Entretanto há uma resolução que orienta se a inflação superar 100%(em 3 anos) haveria a atualização. Porém, no âmbito da Contabilidade Gerencial e na Análise de Balanços em moeda constante, essa informação poderá continuar a ser processada e fornecida aos gestores internos, que podem decidir por comunicar seus resultados ao mercado, se a acharem relevantes. 2.6 PRINCÍPIO DA COMPETÊNCIA "As despesas e receitas devem ser contabilizadas como tais, no momento de sua ocorrência, independentemente de seu pagamento ou recebimento". Este princípio está ligado ao registro de todas as receitas e despesas de acordo com o fato gerador, no período de competência, independente de terem sido recebidas as receitas ou pagas as despesas. Assim, é fácil observar que o princípio da competência não está relacionado com recebimentos ou pagamentos, mas com o reconhecimento das receitas realizadas e das despesas incorridas em determinado período. • A receita é considerada realizada: • no momento em que há a transferência do bem ou serviço para terceiros, efetuando estes o pagamento ou assumindo o compromisso firme de fazê-lo no futuro (exemplo: venda a prazo); 19 • quando ocorrer a extinção de uma exigibilidade sem o desaparecimento concomitante de um bem ou direito (exemplo: perdão de dívidas ou de juros devidos); • pelo aumento natural dos bens ou direitos (exemplo: juros de aplicações financeiras); • • no recebimento efetivo de doações e subvenções. A despesa é considerada incorrida quando: • ocorrer o consumo de um bem ou direito (exemplo: desgaste de máquinas); • ocorrer o surgimento de uma obrigação (exigibilidade) sem o correspondente aumento dos bens ou direitos (exemplo: contingências trabalhistas); • deixar de existir o correspondente valor do bem ou direito pela sua transferência de propriedade para um terceiro (exemplo: a baixa de mercadorias do estoque quando da efetivação da venda). 2.7 PRINCÍPIO DA PRUDÊNCIA O princípio da prudência especifica que ante duas alternativas, igualmente válidas, para a quantificação da variação patrimonial, será adotado o menor valor para os bens ou direitos e o maior valor para as obrigações ou exigibilidade. Assim, quando se apresentarem opções igualmente aceitáveis diante dos outros princípios fundamentais de contabilidade será escolhido a opção que diminui o valor do Patrimônio Líquido. Baseia-se na premissa de "nunca antecipar Lucros e sempre prever possíveis Prejuízos. 20 CAPÍTULO III A CONTABILIDADE NO BRASIL O Brasil é um pais extremamente interessante para o estudo da evolução da contabilidade, principalmente para os demais países em desenvolvimento. Pode-se afirmar, sem medo de errar, que nossa legislação contábil, que nos refere às demonstrações contábeis que deve ser publicadas todo ano, e principalmente para as sociedades de capital aberto, é uma das mais aperfeiçoadas do mundo. Adicionalmente, devido ao fenômeno inflacionário, crônico entre nós vivido até 1994, desenvolvemos técnicas de correção avançadas, destacando-se a correção integral, que é um aperfeiçoamento dos ajustamentos pela variação do que pode aquisitivo da moeda (‘’Prisse Level Acconting’’), que hoje é adotado pelo IASC- comitê de normas contábeis internacional e ate pela ONU. A contabilidade brasileira pode ser dividida em dois estágios de desenvolvimento: anterior a 1964 e posterior a 1964. 3.1 PRIMEIRA FASE (ANTES DE 1964) Uma das primeiras manifestações contábeis brasileiras ocorreu no reinado de D. João VI. Quando da instalação de seu governo provisório, em 1808, co9mo relata Gomes (19569.19), foi publicado um alvará obrigando os contadores Gerais da Real Fazenda a aplicarem o método das partidas dobradas na escrituração mercantil. Os estudos do comércio tiveram seus passos iniciais na obra de Visconde de Cairu (José da Silva Lisboa) publicada em 1804, intitulada Princípios de Economia Política. Em 1809, cairu tornou-se o primeiro a apresentar um sistema de direito comercial e a realizar os primeiros estudos de economia política no Brasil. Analisando a evolução contábil no Brasil, percebe-se que, desde o início, fica patente a interferência da legislação, que sempre acompanhou a contabilidade nacional em seus meandros. Para Iudícibus (1994, p.34), um dos motivos dessa atuação do governo foi que “... devido à intolerância, até um passado recente, de nossas associações de contadores, o governo teve de tomar a iniciativa...”. 21 Uma das primeiras grandes manifestações da legislação, como elemento propulsor do desenvolvimento contábil brasileiro, foi o código comercial de 1850. Esse código instituiu a obrigatoriedade da escrituração contábil e da elaboração anual da demonstração do balanço geral, composto dos bens, direitos e obrigações das empresas comerciais. O Código Comercial Brasileiro não normatizou os procedimentos contábeis, apenas determinou que as empresas deveriam seguir uma ordem uniforme de contabilidade e escrituração e ater os livros para esse fim necessários. A instituição do Código Comercial no Brasil foi coincidente com um novo período de desenvolvimento contábil em nível mundial. Em 1839, foi instituída a primeira cátedra de contabilidade na Itália, na cidade de Pavia. Em 1840, Villa havia publicado uma obra que marcou um novo período da história da contabilidade. Em termos de formação do profissional brasileiro, uma das primeiras manifestações foi a criação do Instituto Comercial do Rio de Janeiro, em 1856. A partir de 1863, esse instituto passou a oferecer a disciplina de Escrituração Mercantil como forma de qualificar seus alunos para a prática do registro contábil. Nesse contexto puramente escriturário da contabilidade brasileira, Veridiano de Carvalho publicou Manual Mercantil, em 1880, uma das primeiras e mais importantes colaboração para a divulgação das partidas dobradas no Brasil. No final do século XIX, coube ao grêmio dos Guarda-livros de São Paulo a iniciativa de criar um curso regular que oficializasse a profissão contábil. O objetivo da escola de comércio era o de “... aliar ao desenvolvimento agrícola o início da expansão industrial, com a necessidade de habilitar e criar especialistas para, internamente, preencher as rotineiras tarefas de contabilidade e controle de finanças e, externamente, dotar São Paulo de elementos capazes de articular o desenvolvimento dos negócios, ampliando fronteiras de atuação” (Penteado, 1992, p.20). Desse modo surgiu, em 20 de abril de 1902, a escola prática de comércio, sua fundação contou com a cooperação de diversas personalidades e instituições, valendo citar, entre eles: o Conde de Álvares Penteado, João Pedro da Veiga Filho, Rodolfo Miranda, Antônio de Lacerda Franco, Conde de Prates, Herrmann Burchard, Cristiano Peregrino Viana, Conde Astrúbal do Nascimento, Prado Chaves e Cia., Procópio Malta, Hipólito da Silva, Gabriel Cotti, Duprat e Cia., Alexandre Siciliano, José Weissohn, Banco Alemão, 22 Banco Comércio e Indústria, Banco União de São Paulo, Banco de Crédito Real e Banco de São Paulo. Essa hoje seria classificada como 2º grau profissional. O decreto federal n.º 1.339, de 9 de janeiro de 1905, reconheceu oficialmente os cursos de guarda-livros e de perito-contador mantidos pela Escola Prática de Comércio e os diplomas expedidos por ela. Em 1º de dezembro de 1905, seu nome foi alterado pela Escola de Comércio de São Paulo. Em 5 de janeiro de 1907, a instituição adotou a denominação de Escola de Comércio Álvares Penteado, em homenagem a um de seus fundadores e colaboradores. A Escola de Comércio Alvares Penteado foi responsável pela formação de muito dos primeiros professores de contabilidade de destaque no cenário nacional, como é o caso de Francisco D’Auria e Frederico Herrmann Júnior. Em 1919, foi criado o Instituto Paulista de Contabilidade, por iniciativa de alguns formando da Álvares Penteado, que foi transformado em Sindicato dos Contabilistas de São Paulo. As primeiras duas décadas do século XX também marcaram a implantação do imposto de renda no Brasil. A base de cálculo inicial era o chamado lucro real apurado pela contabilidade das empresas, que coincidia com o lucro contábil. O Diário Oficial da União de 9 de julho de 1931 publicou o Decreto n.º 20.158, de 30 de junho de 1931, que organizou o ensino comercial e regulamentou a profissão de contador. Mas somente em 1945 a profissão contábil foi considerada uma carreira universitária com a criação das faculdade de ciências contábeis. De 1901 a 1940, foi amplamente discutida a padronização de balanços. Para uma corrente de pensadores brasileiro, a padronização representação coroamento da contabilidade, ao passo que, para outros, a padronização representava apenas um aspecto, sendo necessária a adoção de procedimentos padrão para elaboração dos balanços. O ano de 1946 foi marcado por dois grandes acontecimentos para a contabilidade brasileira. Em 26 de janeiro foi fundada a faculdade de ciências Econômicas e Administrativas da Universidade de São Paulo, onde foi instituído o curso de ciências contábeis e atuariais. Esse centro de estudos contábeis contou inicialmente com alguns egressos da Alvares Penteado, como foi o caso de Francisco D’Auria. A partir da criação dessa faculdade a contabilidade passou a ter um centro de pesquisas eminentemente nacional, que contribui, e continua contribuindo, para o desenvolvimento contábil nacional. 23 Além disso, o ano de 1946 ficou marcado pela criação do conselho Federal e dos Conselhos Regionais de Contabilidade pelo Decreto - Lei n.º 9.295 de 27 de maio. A partir da legislação, especialmente do imposto de renda, no desenvolvimento dos procedimentos contábeis brasileiros, ficou cada vez mais evidente ao longo dos anos. Em termos mundiais, a contabilidade brasileira é reconhecida por sua contribuição no campo do tratamento da contabilidade em períodos de inflação alta, a chamada Escola da Correção Monetária. A correção monetária dos ativos fixos foi introduzida em 1958, por meio da Lei nº 3.470, que facultou ás empresas a utilização de índices de correção monetária fixadas bianualmente pelo Conselho Econômico Nacional. Portanto, era possível corrigir os ativos fixos somente ao final de cada dois anos. Essa lei introduziu a expressão correção monetária no Brasil. A contabilidade, nessa primeira fase, mesmo que modestamente presenciou contribuições de alguns iluminados tratadistas contábeis nacionais, que colaboraram para o desenvolvimento e a consolidação da contabilidade como um ramo de conhecimento autônomo. Entre os tratadistas dessa primeira fase, destaca-se Carlos de Carvalho, que, em seu livro Estudos de Contabilidade, de 1915, definiu-a como sendo “...A Ciência que tem por objetivo o estudo dos livros, documentos, cálculos e contas por meio dos quais se registram e classificam os atos e fatos administrativos, cujos efeitos sobre o patrimônio é la em cima apor em evidência, dando normas para a representação gráfica dos mesmos” (Carvalho Apud Aloe, 1967, p.46). Essa conceituação apresentada por Carvalho no início do século traduz sua visão contista de contabilidade, demonstrando sua precocupação com as regras e os princípios da escrituração. Nesse período, estavam afloranso, na Itália e na Alemanha algumas das principais escolas de pensamento contábil mundial. Além de Carlos de Carvalho, destacaram-se nessa primeira fase de desenvolvimento contábil, entre tantos, Francisco D’Auria e Frederico Herrmann Júnior. Outros pensadores contábeis nacionais mereceriam fazer parte deste seleto elenco, mas como em todo trabalho histórico, deve existir um processo eletivo de alguns em detrimento de outros não menos importantes. Essa primeira fase de desenvolvimento da contabilidade nacional foi marcada por dois aspectos relevantes: a intervenção da legislação no desenvolvimento de procedimentos contábeis e a influência doutrinária das escolas Italianas. 24 3.2 SEGUNDA FASE ( PÓS-1964) A Segunda etapa do desenvolvimento da contabilidade brasileira teve início em 1964, ano em que o professor José da Costa Bouzinhas introduziu um novo método da contabilidade. Como afirma Iudícibus (1966, p.2), “ o prof. Bouzinhas teve atuação destacada e decisiva liderando a mudança de orientação didática do ensino da contabilidade geral, da metodologia anterior a 1964 para a que vigorou a partir desta data. O professor Bouzinhas adotou o método didático Norte-americano baseado no livro introductory accounting, de Finney & Miller. A partir dessa mudança de orientação didática, a influência dos autores italianos e as escolas de pensamentos italianas foi sendo substituída pelos autores Norte-americana. Uma consequência direta dessa mudança de enfoque foi a elaboração do livro contabilidade introdutória, de 1971, por professores de departamento de Ciências contábeis e atuariais da Faculdade de Ciências econômicas e administrativas da Universidade de São Paulo ( FEA-USP). Esse livro passou a ser adotado em quase todas as Faculdades de contabilidade no Brasil, influenciando os profissionais brasileiros. A partir de 1964, os professores do referido departamento começaram a desenvolver várias pesquisas e de certa forma, a dominar o cenário nacional de pesquisas contábeis. Em 16 de Julho de 1964, foi expedida a Lei n.º 4.357, que tornou obrigatória a correção monetária e do capital das pessoas jurídicas. Essa lei como comenta Franco (1965, p. 4), “... foi recebida com muita reserva e até com algumas críticas, em virtude de seus objetivos nitidamente fiscalistas”. Apesar das críticas iniciais, a lei trouxe para a contabilidade brasileira um instrumento que resolveu, pelo menos em parte, as enormes distorções causadas pela inflação causada nos relatórios contábeis. Além disso, ela instituiu a depreciação de valor corrigido no imobilizado, representando melhor a realidade dos bens das empresas. No ano de 1965, houve a regulamentação do mercado de capitais no Brasil pela lei nº4.728, que também criou a figura do Auditor independente. Vale destacar a demora da regulamentação dessa lei no que se refere ao auditor independente que somente ocorre em 1972, pela resolução nº220 no Banco Central do Brasil. O ano de 1966 também ficou marcado por uma das maiores contribuições nacionais, a chamada Escola de Correção Monetária. Nesse ano, o professor Sérgio de Iudícibus defendeu a sua tese de doutoramento no departamento de contabilidade e atuarias 25 da FEA-USP, intitulada contribuição à teoria dos ajustamentos contábeis, que foi uma das primeiras grandes contribuições da contabilidade Nacional à comunidade contábil nacional. No ano de 1967 o decreto nº61.083 marcou uma nova participação legal no desenvolvimento das práticas contábeis brasileiras. Esse decreto, como afirma Silva(1960, p.23), “... criou uma série de distorção no entendimento de muitos profissionais, pela exclusiva falta de distinção entre a contabilidade para fins financeiros ou comerciais e a contabilidade para fins fiscais...”, ao autorizar para determinados casos, a utilização de depreciação acelerada. Como naquela época o lucro real era representado pelo lucro contábil e não existiam registros específicos para fins de imposto de renda, esse procedimento passou a ser realizado dentro do sistema contábil causando uma série de distorções como a alteração do resultado e a redução do valor do imobilizado. A contabilidade brasileira teve um novo estímulo legal em 1972, quando o Banco Central do Brasil baixou a Resolução nº220 e as circulares nºs178 e 179. A circular nº178 obrigou o registro dos Auditores independentes do Banco Central do Brasil determinando que o registro seria exclusivamente de contadores. A circula nº179 tratou dos Princípios e normas de contabilidade, tendo oficializado a expressão Princípios de contabilidade geralmente aceitos. O Cons4elho Federal de Contabilidade, pela resolução CFC nº321- 72, passou a adotar as seguintes conceituação: “ Princípios de contabilidade geralmente aceitos não normas resultantes do desenvolvimento da aplicação prática dos Princípios técnicos emanados na contabilidade, de uso predominante no meio em que se aplicam, proporcionando interpretações uniformes das demonstrações contábeis. O ano de 1972 também foi marcado pôr duas grandes contribuições acadêmicas para o desenvolvimento da contabilidade brasileira. Nesse ano, os professores Stephen Charles Kanitz e Elizeu Martins defenderam suas teses de doutoramento junto ao departamento de contabilidade e atuaria da FEA-USP. O ano de 1976 marcou uma nova fase para o desenvolvimento da contabilidade brasileira com a publicação em 15 de dezembro da nova Lei das Sociedades por Ações. Como afirma Silva (1960, p.28) “... mantendo a tradição, está Lei incorpora normas e práticas contábeis das mais sadias, representando um dos maiores avanços para a área de contabilidade, incorporando definitivamente as tendências das escolas Americanas...”. 26 Ainda em 1976, Stephen Charles Kanitz deu uma Grande contribuição acadêmica para a contabilidade nacional com indicadores contábeis e financeiros de previsão de insolvência: a experiência da pequena e média empresa brasileira apresentado como tese de livre-docência à Faculdade de contabilidade e atuaria da FEA-USP. Em 1939, uma nova contribuição para a escola brasileira de correção monetária foi dada por Elizeu Martins com sua tese de livre-docência apresentada à Faculdade de contabilidade e atuaria da FEA-USP, intitulada aspecto do lucro e alavancagem financeira no Brasil. Em 1981, o Conselho Federal de contabilidade emitiu a Resolução CFC nº52981, que disciplinou as normas brasileiras de contabilidade (NBC), uma vez que a resolução CFC nº321-72 somente aprovou as normas dos procedimentos de auditoria. As NBC classificam-se em técnicas e profissionais as técnicas estabelecem conceitos doutrinários e fixam regras ou critérios de contabilidade; As profissionais fixam regras de procedimento de ordem profissional. Os fatos relatados traduzem muito bem o entrelaçamento da evolução na contabilidade brasileira com os dispositivos legais, com raras exceções, como é o caso dos trabalhadores dos professores antes mencionados e de outros aqui não-destacados, mas que também contribuíram para o desenvolvimento da contabilidade. O início dos anos 80 ficou marcado pelo aparecimento em nível nacional, de um povo expoente contábil: José Carlos Marion. Sua primeira grande contribuição acadêmica foi a dissertação apresentada, em 1982, na Faculdade de contabilidade e atuaria da FEA-USP, intitulada contribuição à contabilidade da pecuária bovina de corte. Nesse trabalho, Marion procurou disciplinar os procedimentos contábeis em relação às operações efetuadas pelas empresas pecuárias, considerando alguns princípios de grande relevância para a contabilidade da pecuária, bem como para as disposições do imposto de renda pertinentes. Em 29 de dezembro de 1993, o CFC baixou a resolução CFC nº750, que trata novamente, os princípios fundamentais de contabilidade. O CFC considerou que a Revolução da década de 80 na área de contabilidade deveria ser trazida na atualização dos princípios fundamentais de contabilidade apresentados na resolução CFC nº530-81. Dessa feita o CFC determinou que os princípios fundamentais de contabilidade, de acordo com o artigo 3º, são os seguintes: da entidade, da continuidade, da oportunidade, do registro pelo valor original, da atualização monetária, da competência e da prudência. 27 Os resultados de longos anos de pesquisa empregados pela escola de correção monetária brasileira não serão certamente sepultados com uma determinação legalista. Os usuários das informações contábeis que já utilizaram as demonstrações em moeda de poder aquisitivo constante continuarão, sem dúvida, a Ter na correção integral um dos principais instrumentos informativos para a tomada de decisões. Embora não exista uma escola de pensamento contábil brasileira, pode-se afirmar que a escola de correção monetária nacional contribuiu sobremaneira para o desenvolvimento da contabilidade mundial. 3.3 PRINCIPAIS PENSADORES CONTÁBEIS BRASILEIROS É preciso fazer, para efeito de registro nestas linhas uma seleção dos mais destacados pensadores contábeis nacionais. Os pensadores selecionados da primeira fase (até 1964) foram Carlos de Carvalho, Francisco D’Auria e Frederico Herrmann Júnior. Da Segunda fase (após 1964), por representarem um número muito significativo de colaboradores do desenvolvimento da contabilidade brasileira, não será destacado nenhum em especial, mas apenas referenciados alguns dos principais. Como não poderia deixar de ser, não serão nominados todos os que de alguma forma tiveram uma participação realmente importante. Alguns dos principais pensadores contábeis da Segunda fase são: Sérgio de Iudícibus, Horácio Berlinck, Eliseu Martins, Verediana de Carvalho, Tavares da Costa, João Batista da Silva Sobrinho, Atílio Amatuzze, Clodomiro Furquim de Almeida, Américo Matheus, Florentino, Modesto de Carvalhosa, José C.S.Mascarenha, Cibilis da Rocha Viana, A . F . de Lacerda Alves, Mílton Improta, Stephen Charles Kanitz, Pedro Pedreschi Arnaldo Antunes, Mário Alves Marquez, Hilário Franco, Antônio Lopes de Sá, José Carlos Marion, Erymá Carneiro, José Amado Nascimento, Armando Aloe e José da Costa Bolsinhas. 3.3.1 CARLOS DE CARVALHO Carlos de Carvalho nasceu na cidade de Rio Claro, Estado de São Paulo, em 12 de agosto de 1866. Suas atividades profissionais tiveram início na exatoria da Receita 28 Federal na cidade de São Carlos (SP), onde passou a exercer, mais tarde, as mesmas atividades para o Estado de São Paulo. Em 1905, ocorreu dos fatos importantes para a vida profissional de Carvalho: a encampação da estrada de ferro sorocabana e a valorização do café pelo convênio de Taubaté. Ele foi convidado pelo governo estadual para acompanhar essas duas operações e para iniciar a reforma do sistema de escrituração contábil do Tesouro do Estado. Nomeado diretor da contabilidade dessa repartição, implantou o sistema de partidas dobradas em toda sua divisão. A escrituração do Estado de São Paulo, na opinião de Aloe (1954, p.24), tornou-se modelar, graças ao talento e a capacidade de trabalho de carvalho e de seus competentes e dedicados colaboradores. Após esse sucesso, escreveu vários livros e artigos sobre contabilidade e outras disciplinas, na tentativa de iniciar, como ele próprio determinou, o ciclo científico dos estudos de contabilidade no Brasil. Carlos de Carvalho morreu em Santos (SP) em 02 de janeiro de 1920, com apenas 53 anos de idade. 3.3.2 FRANCISCO D‘AURIA Francisco D’Auria nasceu em São Paulo em 16 de julho de 1884, diplomou-se na Segunda turma da Escola de Comércio Álvares Penteado, na primeira década deste século. Em 1905, ingressou na Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo mediante concurso público. As principais atividades de D’Auria, após seu ingresso na Secretaria da Fazenda, podem ser resumidas nas seguinte: a) Membro da comissão de partidas dobradas do Tesouro Nacional; b) Fundador e diretor da Revista Brasileira de Contabilidade (na primeira fase, de 1912 a 1921, em São Paulo, e na Segunda, de 1929 a 1933, no Rio de Janeiro); c) Diretor da Contabilidade do Tesouro do Estado de São Paulo; d) Fundador e primeiro presidente do Sindicato dos Contabilistas de São Paulo; e) Contador Geral da República, entre outros. 29 Ele possuía uma maneira própria de escrever seus trabalhos. Todos foram escritos à mão, para após serem datilografados por seus acessores. D’Auria escreveu 23 livros sobre contabilidade e matérias afins. D’Auria participou ativamente de congressos nacionais e internacionais de contabilidade, pronunciou várias conferências sobre contabilidade, administração pública e outros assuntos correlacionados. Ele ficou, também, conhecido como um especialista na área de finanças e matemática. Francisco D’Auria morreu em São Paulo, com 74 anos de idade, em 06 de fevereiro de 1958. 3.3.3 FREDERICO HERRMANN JÚNIOR Frederico Herrmann Júnior nasceu em São Paulo, em 3 de setembro de 1896, tendo sido registrado com o nome de Frederico Herrmann. O complemento de seu sobrenome “Júnior” apareceu muitos anos depois. Herrmann Júnior iniciou sua vida profissional ao lado de seu pai João Frederico Herrmann na antiga casa Bromberg, onde passaram a chama-la de Herrmann Júnior para não confundi-lo como pai. No ano de 1917, ele concluiu o curso de perito-contador da Escola de Comércio Alvares Penteado. No ano seguinte, 1918, iniciou suas atividades docentes, na própria Alvares Penteado, a convite do professor Horácio Berlinck. Herrmann Júnior foi um dos fundadores do Sindicato dos Contabilistas de São Paulo (anteriormente chamado de Instituto Paulista de Contabilidade) esse é o presidente nos anos de 1924, 1928 e 1932. Em 1932, publicou o livro Tratado de Contabilidade Industrial, iniciando a carreira de um dos mais importantes escritores contábeis nacionais. Trabalhou na organização e na reorganização da contabilidade de várias empresas, como, por ex., Mappinn, Cia. Brasileira de Material Ferroviária, Indústrias Klabin, Empresas Elétricas Brasileira, Caixa Econômica Federal, Cia. Siderúrgica Nacional e Cia Vale do Rio Doce. Além dessas atividades, fundou um escritório que prestava serviços na área de contabilidade, auditoria, e organização. 30 Em 1936, Herrmann Júnior publicou o livro Contabilidade Teórica (1978, p.19), que passou a se chamar contabilidade superior a partir da segunda edição, em 1946. No prefácio dessa obra, Horácio Berlinck Afirma que é “completamente novo e fundado em notável conhecimento dos textos doutrinários, o livro do professor Herrmann Júnior é o primeiro que, no Brasil, estuda, em fase dos princípios científicos, a inclusão da contabilidade no quadro geral das ciências. Herrmann Júnior faleceu prematuramente em São Paulo, em 18 de maio de 1946. 3.4 CORRENTES CIENTÍFICAS E NEOPATRIMONIALISMO A ciência da Contabilidade se construiu com a cooperação de muitos pensadores, todos intelectuais de grande valor e que conseguiram através de suas escolas fazer com que elas se proliferassem em movimentos coordenados e liderados por idéias fundamentais e características. As mais expressivas correntes científicas surgiram na França, Itália, Alemanha, Portugal e Espanha, mas, com maior intensidade na Itália, Alemanha e França (desde o século XIX). Tais correntes foram as do Contismo, Materialismo, Personalismo, Reditualismo, Aziendalismo, Controlismo, Neocontrolismo e Patrimonialismo. Tais movimentos qualificaram as nações referidas perante a comunidade científica internacional e construíram parte importante da História da Contabilidade. No Brasil a primeira corrente que surgiu, com repercussão internacional, foi a do Neopatrimonialismo. Trata-se de um esforço intelectual que está em marcha e como todo trabalho cientifico em permanente pesquisa e progresso. A corrente científica do neopatrimonialismo é constituída por estudiosos, professores, universitários qualificados e profissionais. Tem muitos milhares de adeptos dos quais quase duas centenas estão ligadas pela internet. Está ramificada em todos os Estados do Brasil, em vários paises da América e Europa. Nada exige como custos de seus participantes. Mantém os mesmos unidos sob a liderança do Prof. Antônio Lopes de Sá. Do componente só é exigido o compromisso que se expressa no trinômio de “imensa dedicação”: à Contabilidade, à Ciência e à Pátria. 31 Difundir as idéias em reuniões, salas de aulas, seminários, congressos, conferências, artigos, livros, teses, trabalhos práticos, trabalhos universitários, pesquisas, entrevistas, correspondências, páginas na Internet, tem sido a forma de cooperar com o engrandecimento de tal doutrina e isto tem sido praticado por todos os componentes. Esta doutrina derivou-se da Teoria Geral da Contabilidade, de autoria do prof. Antônio Lopes de Sá, nascida da fusão de diversas teorias que este elaborou desde os na os 60 do século XX. Foi lançada na Universidade de Sevilha, na Espanha, em 1987. A obra que lança as bases da corrente foi editada em 1992 pelo Centro Universitário da UNA e a seguir pelo Ministério de Economia e Fazenda da Espanha, em Madri. O Neopatrimonialismo é a primeira corrente de doutrina científica de origem brasileira e fundamenta-se em metodologia própria. Entende que a visão contábil deve ser holística. Adota como método ampliar a indagação aos “fatos que fazem acontecer as transformações da riqueza”, além do observar o que aconteceu e do que poderá acontecer. Fundamenta-se em axiomas e teoremas que guiam toda a doutrina neopatrimonialista. Possui metodologia própria que a distingue das demais e do próprio patrimonialismo científico de Vincenzo Masi e que tomou como ponto de referência. Tal filosofia da Contabilidade guia hoje o Centro Universitário da UNA, de Belo Horizonte e possui ainda como adeptos os Centros de Pesquisas de outras instituições como a da Universidade do Grande Rio, Fundação Visconde de Cairú, da Bahia, Universidade de Unijui e outras. O movimento tem ainda a sustenta-lo a política da Academia Brasileira de Ciências Contábeis e o evento internacional do PROLATINO e que já tem a sua VI edição aprazada. O sistema dos Conselhos de Contabilidade têm apoiado as iniciativas da corrente através do PROLATINO, com todo o amparo do Conselho Federal de Contabilidade. Todos os artigos do professor Antônio Lopes de Sá, tão logo escritos e antes de serem publicados são enviados aos componentes cadastrados na corrente, assim como noticias de natureza cultural. Vários colegas da corrente adotam o mesmo processo e difundem o que escrevem entre os componentes. 32 CAPÍTULO IV EVOLUÇÃO CONTÁBIL A contabilidade, no Brasil, tem todas as condições para formar entre as mas avaliadas do mundo, faltando um maior investimento na área educacional e de pesquisa. As entidades mas atuantes no campo contábil tem sido, tradicionalmente o CFC- conselho federal de contabilidade (de cuja normas técnicas trataremos mas adiantes), o IBRACON- instituto brasileiros de contadores e a CVM- comissão de valores mobiliados. Assinam talvez os melhores pronunciamento e contribuições mas recente para a contabilidade, com a deliberação CVM n.º 29, de 05\02 de 1986, reconhecendo o pronunciamento do IBRACON sobre a estrutura conceitual básica de contabilidade , a instrução CVM nº64, de 1987 instituindo a correção integral. O Banco Central e a Receita Federal também tem tido atuação nas legislação contábeis, bem com outras entidades em suas esfera de atuação, sem esquecer legislação comercial propriamente dita, como a lei n.º 6.404 de 1976, sobre as sociedades coração que, em sua parte contábil, mostrou grande avanço. 4.1 DECADÊNCIA E REERGUIMENTO CONTÁBIL No século XVIII se evidencia uma fase de estagnação e decadência da contabilidade na maioria dos países, notadamente no país que mais se esmerou no aperfeiçoamento da disciplina que é a Itália. Os mestres nessa época, pareceram cansados, indiferentes as pesquisas e procura de evolução, mas felizmente surgem os notáveis Vergani, Breglia. E a situação adquiri novas formas. Em França, para colaborar no reerguimento da contabilidade, surge De La Porte. O reerguimento e a volta da contabilidade como matéria científica se acentua com Geovanni Rossi (1845/1921), estabelecendo a “teoria matemática das partidas dobradas”. 33 Mais tarde em França surgem os seguidores de Rossi destacando-se Leautey e Guibault que apoiam e revigoram os fundamentos da teoria matemática das contas, dando a disciplina formas modernas. Na Itália ainda é Rossi que fundamentam os critérios e as normas seguras dos balanços de previsão, o balanço orçamentário, possivelmente baseado nos fundamentos teóricos da Pietra. Com Rossi se concretiza as formas de extrações e apresentações de balanços finais. Entre o século XVIII e XIX, Jones (inglês), Parini (italiano), Gerisher (austríaco), é adotado o sistema contábil de Oldcasttle associado ao italiano, nos Estados Unidos, com profundas raízes do processo britânico de Gerisher e Jackson. Naquela época já era grande o surto industrial o comércio Norte americano e, tomando-se por base que os processos contábeis aplicados nos Estados Unidos tendiam e tendem o mais para a objetividade, aquele país iniciou o tratado da mecanização da contabilidade sem preocupações de forma doutrina. Mesmo na forma de Roy B. Kester, nota-se a sua maior tendência para os assuntos de natureza prática, muito embora se encontre algo de doutrina em suas obras. Analisando-se as obras americanas, como a de Kester, e outros, notamos uma forma inglesa americana, com acentuadas influências dos processos italianos. Na Irlanda, o processo entra em uso no ano 1837, através do princípio de Oldcastle, também em harmonia com o processo Italiano, este, sempre preocupado em criar novidade e formar doutrina. Como tradição, sendo a Itália o principal país a ditar normas internacionais de contabilidade teórica e prática. É o que ainda acontece em nossos dias. Muito embora alguns países tenham adquirido as bases italianas, não passaram das bases e tentaram evoluir por conta própria dando na realidade da ciência das contas, um emaranhado de formas e secionando a disciplina. Em 1725, daí para frente, EDMOND DEGRANGES- pai, dá ao mundo a sua obra intitulada “ The English Sistem By Single Or Double Entry” _ tratado de partidas simples e dobradas, e cria as cinco contas gerais. Vem daí as bases da sua famosa “ Teoria Personalista das contas”, firmando a personalidade do proprietária da azienda. Degranges nessa obra estabelece a “ Chave da contabilidade” e o seu aciona usando a seguinte expressão: “ Tudo o que entra DEVE, e tudo o que sai tem de HAVER”. 34 Indubitavelmente , tal raciocínio é próprio das partidas dobradas, mas, coube a DEGRANGES fazer a evidenciação de modo definitivo. Tal raciocínio passou a servir de base aos métodos didáticos, facilitando extraordinariamente a compreensão da disciplina. Com aquela simples exposição, degranges define a contabilidade como ciência profundamente lógica, do mesmo modo que Gitti a evidencia como sendo uma ciência de rigorosidade matemática impecável. Do postulado de Gitti e do raciocínio seguro de Degranges, se tornaram fáceis as interpretações lógicas e filosóficas da contabilidade. Conforme fizemos situação, são cinco as contas estabelecidas por Degranges, na sua teoria personalista das contas, a saber: 1- Mercadorias gerais; 2- Caixa; 3- Cambiais ativas; 4- Cambiais passivas; 5- Lucros e perdas; Esses processos, de Degranges, receberam, de parte dos italianos, a denominação de “Cinquecontiste” teoria das cinco contas, por serem estas os grupos fundamentais. Degranges, pesquisador profundo não para ai. Procura outros meios de racionalização das contas e dos livros, criando o diário-razão e que os ingleses denominam “Skeleton Accounts”. Em 1804, os Estados Unidos da América do Norte reproduzem a obra de Degranges. 4.2 O BRASIL E A EVOLUÇÃO DA EDUCAÇÃO Somente no início do século XIX surgiu o ensino superior no Brasil, criado por motivos de interesses utilitários e imediatistas, sem nenhuma preocupação com modelo de ensino. 35 Nesse contexto, Sampaio, 1991, p. 42, destaca que: [...]A independência política, em 1822, não implicou uma mudança de formato do ensino superior nem tampouco uma ampliação do sistema. Os novos dirigentes não vislumbraram qualquer vantagem na criação de universidades, prevalecendo o modelo de formação para profissões, em faculdades isoladas. Na verdade, o processo de emancipação não foi além de uma transferência formal de poder. A sociedade pós-colonial permaneceu escravocrata até o final do século XIX, atrelada a uma economia baseada largamente na exportação de produtos, com uma vida urbana restrita a poucos núcleos de assentamento – tradicionais e/ou decadentes – e a alguns centros administrativos e exportadores. Neste contexto tiveram origem os dois cursos de Direito (São Paulo e Olinda, 1827) [...] A criação das Universidades no Brasil, teve como argumentos a liberdade de ensinar e do livre exercício de qualquer atividade profissional, pois, com as universidades preservou o profissionalismo originário das escolas isoladas. Embora tenha ocorrido demora para a criação das universidades brasileiras em relação às argentinas, isso não influenciou no desenvolvimento profissional, que pode ser equiparado quanto às qualificações e à competência. 4.3 A PROFISSÃO CONTÁBIL NO BRASIL A formação profissional do Contador, no Brasil, iniciou no século XVIII, com o surgimento da Aula de Comércio, que mais tarde corresponderia à Academia, que, por sua vez, hoje se denomina Faculdade, ou Escola Superior (RODRIGUES, 1985, p. 34). O curso superior de Ciências Contábeis foi instituído pelo decreto-lei n.º 7.988, de 22-09-45. No Brasil, a Profissão Contábil tem primazia no reconhecimento como profissão liberal, reunidos por Contadores e Técnicos em Contabilidade, regulamentada pelo decreto-lei n° 9.295, de 27 de maio de 1946 e resoluções complementares, segundo 36 disposições expressas no art. 12 do decreto-lei n.º 9.295-46, só pode exercer a profissão contábil quem possuir seu registro (inscrição profissional) no CRC da sua jurisdição. 4.4 PERSPECTIVAS DA CONTABILIDADE E DA PROFISSÃO CONTÁBIL NO BRASIL Do ponto de vista puramente financeiro, em termo de mercado de trabalho para o contador, as perspectivas são excelentes. Na verdade, ainda estamos na limiar de uma era em que será reconhecida toda importância da função contábil dentro das entidades. O numero de bons profissionais, com ampla visão de administração financeira, é ato escasso, no momento, que os poucos que a possui e, portando, tem condições de assumir posições de controladores, diretores financeiros, chefes de departamento de contabilidade e de custos, auditores internos e externos, tem obtido remuneração e satisfaço profissional muito grandes. Isto somente poderá evoluir com o vasto campo de aperfeiçoamento introduzido pela legislação recente, embora, o nível médio dos profissionais que terão de operar os dispositivos ainda seja relativamente fraco, mas com sinais evidentes de progresso. Entretanto, um progresso constante, duradouro, equilibrado e que dependa de algo mais que meras adaptações de princípios norte-americanos de contabilidade somente será possível se ocorrerem as seguintes circunstância: 1. nossas entidades representativas de contadores necessitarão realmente continuar um trabalho de profundidade sobre pesquisa de princípios contábeis. É verdade que isto exige recursos, difíceis de serem obtidos, ainda mais considerando-se o reduzido número de sócios ou membros; 2. será necessário que nossos técnicos de contabilidade se dirijam, em massa, para os bons cursos de Ciências Contábeis, a fim de obterem uma formação realmente completa. Os bons cursos de Ciências contábeis, diga-se de passagem, são escassos; 3. nossas instituições de pesquisa, principalmente as universidades, precisam dedicar fundos e esforços à pesquisa contábil, no sentido de treinar, manter e atualizar seu corpo docente, com boa participação de docentes que se 37 dediquem integralmente à universidade. Entramos, então, em um campo delicado e que tem merecido a atenção de professores, estudiosos e pesquisadores. A longo prazo, muito pouco será possível realizar em nível de qualidade internacional, sem um corpo de pesquisadores de alto gabarito, adequadamente remunerados. A única instituição que até alguns anos tinha condições de manter esse corpo era a Universidade de São Paulo. Hoje, entretanto, nota-se a progressiva perda de talentos docentes e de pesquisas na área contábil (e em outras). Este problema, diga-se de passagem, embora esta talvez o sinta mais do que outras áreas devido ao atrativo que o mercado oferece aos mais bem dotados. É claro que não desejamos nem seria viável ou razoável que todos os melhores talentos permanecessem na universidade em tempo integral. Entretanto, é preciso dar condições mínimas aos que dispõem de verdadeiro talento para a pesquisa pura e publica e ampliada para a docência. Eles são verdadeiros pólos reprodutores e incentivados de processos para a produção. As fundações de apoio como a fipecafi, no caso da contabilidade, tem ajudado bastante em manter pesquisadores em tempo integral, mas recentemente tem enfrentado resistências de setores importantes para a USP. Assim, temos todas as possibilidades de progredir, pois fomos expostos às duas grandes tendências contábeis, aprendemos os pontos fortes e as fraquezas de cada uma delas e temos condições se houver muito esforço e recursos, de solidificar uma verdadeira escola Brasileira de contabilidade. 4.5 A EVOLUÇÃO DA CONTABILIDADE NO SÉCULO XIX E INÍCIOS DO SÉCULO XX 4.5.1 GRANDES MESTRES A contabilidade, que até meados do século XIX era tida e tratada como um método de escrituração, passa a receber roupagem científica a partir das obras de renomados escritores como Francesco Villa (1840), Francesco Marchi (1867), Giuseppe Cerboni (1886). 38 4.5.2 O MAIOR MESTRE Fechando o século de forma ciclópica surge o vulvo de Fábio Besta (1891 La ragioneiria - apenas o primeiro volume) os três volumes da obra completa somente aparecem em 1909-1910. Besta, apenas para ficarmos nos autores italianos, sem dúvida os mais famosos da época, define contabilidade como.... a Ciência do controle Econômico das Entidades... talvez ainda hoje a mais concisa e, ao mesmo tempo, perfeita e abrangente definição de nossa disciplina, antecipando em pelo menos uns 30 a 40 anos as modernas noções e conceitos de controladoria. O século XIX caracteriza-se como uma fase de grande progresso da disciplina, na qual pelo menos nas intenções e, em parte, nas realizações, esse campo de conhecimento se transforma em algo de interesse para uma melhor administração das entidades e digno de uma metodologia científica. 4.5.3 CORRENTES EUROPÉIAS RECENTES O século XX é ainda mas profícuo no surgimento de grandes autores e doutrinas contábeis, já que besta havia deixado uma base muito sólida, encerrando o século XIX e abrindo o XX. Surgem grandes autores e correntes liderados por gino Zappa, vicenzo Masi mas recentemente, aldo Amaduzzi, na Itália; na Alemanha, schalembach e fritz se salientam, incursionando inclusive nos problemas das variações de preços; na Holanda e em outros países nomes de vulto também surgem. 4.5.4 CORRENTES AMERICANAS RECENTES Nos Estados Unidos aparecem Hatfield, Paton, Littleton, Moonitz, Anthony, Horngren, Edwards e bell, apenas para ficarmos com alguns dos autores que marcam a primeira metade do século XX com suas obras de grande impacto. Obras que se inserem de forma válida no contexto da avaliação de entidades, divisões aspectos micro e macro da contabilidade; enfim, no vasto campo de estudos e aplicação abrangido por essa disciplina. 39 Essa citação é parcial, não só no que se refere aos nomes de autores, como a de países Hoje em dia fervilham, principalmente nas grandes universidades as pesquisas contábeis, levando a disciplina a fronteiras avançadas nunca antes imaginadas. Observou-se que, à medida que o desenvolvimento se intensificou com os passar dos anos e, principalmente, a partir do século XX, novas situações se apresentaram, exigindo respostas mais rápidas e consistentes da Contabilidade e de seus profissionais. Este processo continua nos dias atuais, cuja intensidade é ainda maior, em função da velocidade e do impacto que as mudanças atualmente causam. Na verdade, o desafio de adaptação à realidade é permanente e cada vez maior, e o sucesso da Contabilidade e de seus profissionais em grande parte está ligado à capacidade de percepção e de oferecimento de respostas aos desafios que lhes forem apresentados. Este dinamismo marca o desenvolvimento da sociedade, e por conseqüência da Contabilidade e de seus profissionais. O surgimento de novos eventos econômico - financeiros, ou a reestruturação de outros que não tenham seus termos contemplados no conjunto de terminologia contábil, constituem um obstáculo para a divulgação das informações atreladas a esses eventos. Por esses motivos, o estudo da evolução da contabilidade torna-se relevante em virtude da necessidade de analisar se as mesmas acompanham a evolução que ocorre no cenário econômico-financeiro. 4.6 O CENÁRIO ATUAL DA CONTABILIDADE Nas últimas décadas, graças aos avanços tecnológicos e aos sistemas informatizados que permitiram que o trabalho de registro de dados fosse feito de forma mais rápida, o contador moderno possui mais tempo para analisar as informações constantes nos relatórios gerados pela contabilidade. E, ainda, pode criar diversos relatórios que auxiliem o administrador, pois geralmente é o próprio proprietário que se encontra mergulhado nas rotinas operacionais e não tem tempo para controle e planejamento dos negócios. A economia está passando por mudanças profundas, levadas pelas novas situações advindas do processo de globalização. Operações que envolvem fusões e 40 aquisições de empresas, derivativos, etc. Têm sido constantes nesse processo. A cada dia essas transações tornam-se mais complexas. O desenvolvimento contábil, acompanha de perto o desenvolvimento econômico. Com a ascensão econômica do colosso norte-americano, o mundo contábil volta sua atenção para os estados unidos, principalmente a partir de 1920, dando origem ao que alguns chamam de Escola Contábil Norte-americana. O surgimento das gigantescas corporations, principalmente em início do século atual, aliado ao formidável desenvolvimento do mercado de capitais e ao extraordinário ritmo de desenvolvimento que aquele país experimentou e ainda experimenta, constitui um campo fértil para o avanço das teorias e práticas contábeis norte-americanas. Não podendo esquecer, que os Estados Unidos herdaram da Inglaterra uma excelente tradição no campo da auditoria, criando lá sólidas raízes. No início do século XX presenciou a queda da chamada Escola Européia (mais especialmente a italiana) e a ascensão da chamada Escola Norte- americana no mundo contábil. Abaixo apresenta alguns motivos que levaram à mudança do cenário internacional da contabilidade. Hoje em dia, entretanto, a tendência é rumo à harmonização internacional das normas contábeis, adotando o modelo IASC (international accounting committee), de inspiração anglo. 41 QUADRO1 . COMPARAÇÃO ENTRE AS PRINCIPAIS ESCOLAS DOUTRINÁRIAS Algumas razões da queda da escola Européia ( Algumas razões da ascensão da Escola Norteespecificamente italiana) 1. americana Excessivo Culto à personalidade: Grandes 1. Ênfase ao usuário da informação contábil: mestres e pensadores da contabilidade ganharam Contabilidade é apresentada como algo útil para a tanta notoriedade que passaram a ser visto como tomada “oráculos” da verdade contábil. de decisão, evitando de endeusar demasiadamente a contabilidade; Atendendo os usuários é o grande objetivo 2.Ênfase a uma contabilidade Teórica: as mentes 2. Ênfase à contabilidade Aplicada: principalmente privilegiadas produziam trabalhos excessivamente à Contabilidade Gerencial. Ao contrário dos teóricos, apenas pelo gosto de serem teóricos, europeus, não havia uma preocupação com a teoria difundindo-se idéias com pouca aplicação prática. das contas, ou querer provar que a Contabilidade é uma ciência. 3. Pouca importância à Auditoria: principalmente 3. Bastante Importância à Auditoria: como na legislação italiana, o grau de confiabilidade e a herança dos ingleses e transparência para os importância da auditagem não eram enfatizados. investidores das Sociedades anônimas (e outro usuários) nos relatórios contábeis, a auditoria é muito enfatizada. 4. Queda do nível das principais faculdades: 4. Universidades em busca de qualidade: grandes principalmente as faculdades italianas, quantias para as pesquisas no campo contábil, o superpovoadas de alunos. professor em dedicação exclusiva, o aluno em período integral valorizaram o ensino nos Estados Unidos. FONTE: IUDÍCIBUS, S, MARION, J.C ( 2002, Pág 36) 4.7 O FUTURO DA CONTABILIDADE Nos 500 anos desde que pacioli escreveu seu livro, a contabilidade propriamente dita tem permanecido virtualmente constante. Pacioli se sentiria muito confortável com os sistemas contábeis que encontramos hoje. Sem dúvida, vários instrumentos financeiros o surpreenderiam, mas, uma vez que lhe fosse explicado que simplesmente representam novas formas de crédito a serem lançados no lado direito do balanço, ele não teria dificuldade alguma. 42 Enquanto isso, porém, o mundo sofreu uma revolução informacional que deveria Ter afetado a contabilidade de maneira dramática. Entretanto, tal como aconteceu na revolução industrial, tem havido uma defasagem entre as invenções e as aplicações. Os autores de livros-textos ainda explicam como os débitos ficam à esquerda e o crédito à direita, e ensinam aos alunos a técnica de subtração por oposição que se tornou obsoleta em aritmética três séculos atrás. A partir daí, os programadores procuram refletir fielmente essas idéias medievais nas telas dos computadores modernos. A contabilidade ainda está para tirar proveito das novas invenções que prometem revolucionar a divulgação financeira como hoje a conhecemos. Em lugar de razonetes, haverá bases de dados das quais os dados financeiros serão apenas uma parte. Os administradores terão acesso imediato a essas bases de dados usando rotinas de busca apoiadas por sistemas especialistas. Uma versão simplificada dessas bases de dados será transmitida por linha telefônica aos usuários para a transferência a seus discos compactos, que conterão algum pacote genérico de análises, incluindo menus que lhes permitam produzir o tipo de demonstração financeira que desejam. As empresas não precisarão escolher um método de reconhecimento de receita, por exemplo, mas serão capazes de oferecer uma variedade de métodos aos acionistas para suas análises. Gráfico dinâmicos de todos os tipos estarão disponíveis, permitindo aos usuários que acompanhe visualmente o crescimento da empresa numa tela. Haverá inclusão de hipertextos para que os usuários possam buscar o nível de informação básica apropriado para a análise que desejam fazer. Terá havido uma verdadeira revolução na contabilidade quando toda essa informação for acessível aos investidores. Tudo o que é necessário para transformá-la em realidade é aplicar a tecnologia disponível. 43 CONCLUSÃO A contabilidade, foi evoluindo, adquirindo normas até chegar a dinâmica de controle atual, foi ganhando espaço no mercado de trabalho, surgindo o controle do desenvolvimento dessa ciência no seu aspecto profissional acompanhando os avanços do contexto sócio econômico e financeiro nas suas funções de controle e orientação da atividade contábil. Observou-se que, à medida que o desenvolvimento se intensificou com os passar dos anos e, principalmente, a partir do século XX, novas situações se apresentaram, exigindo respostas mais rápidas e consistentes da Contabilidade e de seus profissionais. Este processo continua nos dias atuais, cuja intensidade é ainda maior, em função da velocidade e do impacto que as mudanças atualmente causam. Na verdade, o desafio de adaptação à realidade é permanente e cada vez maior, e o sucesso da Contabilidade e de seus profissionais em grande parte está ligado à capacidade de percepção e de oferecimento de respostas aos desafios que lhes forem apresentados. Este dinamismo marca o desenvolvimento da sociedade, e por conseqüência da Contabilidade e de seus profissionais. Por esses motivos, o estudo da evolução da contabilidade torna-se relevante em virtude da necessidade de analisar se as mesmas acompanham a evolução que ocorre no cenário econômico-financeiro. Nas últimas décadas, graças aos avanços tecnológicos e aos sistemas informatizados que permitiram que o trabalho de registro de dados fosse feito de forma mais rápida, o contador moderno possui mais tempo para analisar as informações constantes nos relatórios gerados pela contabilidade. E, ainda, pode criar diversos relatórios que auxiliem o administrador, pois geralmente é o próprio proprietário que se encontra mergulhado nas rotinas operacionais e não tem tempo para controle e planejamento dos negócios. A contabilidade, no Brasil, tem todas as condições para formar entre as mas avaliadas do mundo, faltando um maior investimento na área educacional e de pesquisa. As entidades mas atuantes no campo contábil tem sido, tradicionalmente o CFC- conselho federal de contabilidade (de cuja normas técnicas trataremos mas adiantes), o IBRACON- instituto brasileiros de contadores e a CVM- comissão de valores 44 mobiliados. Assinam talvez os melhores pronunciamento e contribuições mas recente para a contabilidade, com a deliberação CVM n.º 29, de 05\02 de 1986, reconhecendo o pronunciamento do IBRACON sobre a estrutura conceitual básica de contabilidade , a instrução CVM nº64, de 1987 instituindo a correção integral. Assim, temos todas as possibilidades de progredir, pois fomos expostos às duas grandes tendências contábeis, aprendemos os pontos fortes e as fraquezas de cada uma delas e temos condições se houver muito esforço e recursos, de solidificar uma verdadeira escola Brasileira de contabilidade. 45 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS FRANCO, Hilário. Contabilidade Geral. 23º ed. São Paulo: Atlas, 1996. HENDRIKSEN, E. S., VAN BREDA, M. Teoria da contabilidade. São Paulo: Atlas, 1999. IUDÍCIBUS, S. de. Teoria da contabilidade. 7º. Ed. São Paulo: Atlas, 2004. IUDÍCIBUS, S, MARION, J.C. Introdução à teoria da contabilidade. 3º.Ed. São Paulo: Atlas, 2002. LEITE, Carlos. Ed. Barros. A evolução das ciências contábeis. Rio de Janeiro: FGV, 2005. SÁ, Antônio Lopes de. História Geral e das doutrinas da Contabilidade. São Paulo: Atlas, 1997. SCHMIDT, P. História do pensamento contábil. Porto Alegre: Bookman, 2000. TOLSTOI, C. Klein. História da contabilidade. Rio de Janeiro: Aurora, 1954. SÁ, Antônio Lopes de. Correntes científicas e o neopatrimonialismo. Disponível em: < http:// www.lopesdesa.com.br> Acesso em: 20 de abril de 2010, 16:30:30 SÁ, Antônio Lopes de.Princípios contábeis. Disponível em: < http:// www.guiacontabil.hpg.ig.com.br/artigos.htm> Acesso em: 15 de maio de 2010, 14:20:30