PEDAGOGIA HOSPITALAR: ACOMPANHAMENTO PEDAGÓGICO EM AMBIENTE NÃO ESCOLAR JUNTO AO GRUPO DE APOIO A CRIANÇA COM CÂNCER – GACC Luciane Soraia Carmo dos Santos Freire1 Vanúbia Almeida de Miranda2 Katiania Barbosa de Oliveira3 Maria Rosemi Araújo do Nascimento4 RESUMO O presente trabalho surgiu a partir de debates realizados junto à disciplina Pesquisa, projetos e práticas educativas em ambientes não escolares do Curso de Pedagogia do CIESA. Os objetivos para a realização da mesma: Compreender o papel do pedagogo em ambiente não escolar, especificamente no GACC5 em Manaus/Amazonas, Identificar as práticas pedagógicas realizadas por este profissional, Verificar junto aos pais sua visão a cerca da importância do profissional pedagogo no GACC e por fim analisar as políticas públicas existentes em consonância a visão do gestor do grupo de apoio pesquisado. Com isto, este estudo justifica-se pela relevância social que o mesmo trará para a comunidade local junto ao grupo pesquisado e a comunidade científica. A Pedagogia Social e ou Pedagogia em Ambiente em Ambientes não escolares permaneceu por um longo período, negada, visto que este profissional anteriormente exercia sua prática profissional apenas em ambiente escolar formal. Isto se dava ora por falta de políticas públicas que efetivassem de forma obrigatória a presença deste profissional - nos diversos âmbitos onde a prática pedagógica, psicológica e social fossem requeridas -, ora por falta de abertura do mercado. É necessário compreender que quando se refere à Pedagogia em ambiente hospitalar, frisa-se o fato de que os profissionais da área da saúde estão preparados para cuidar das questões referentes às patologias clínicas do sujeito, mas em sua formação a preparação que ocorre no curso de pedagogia que é voltada para o desenvolvimento cognitivo, emocional e social do sujeito inexiste e é neste momento que o pedagogo dá continuidade a formação da criança/paciente em suas questões pedagógicas e de aprendizagem. O paciente independente da gravidade do quadro clínico tem garantido os seus direitos a educação escolar garantida a partir do estatuto da Criança e do Adolescente hospitalizado, através da Resolução nº. 41 de outubro e 1995. Quantos aos procedimentos metodológicos a pesquisa está fundamentada na abordagem teóricometodológica da psicologia sociohistórica. Assim esta pesquisa denominada por qualitativa aqui está delineada por: observação participante, entrevistas semiestruturadas e análise documental. Palavras-Chave: Pedagogia Hospitalar, Políticas Públicas, Sujeito, Ensino Aprendizagem. 1 Graduanda do Curso de Pedagogia do Centro Universitário de Ensino Superior do Amazonas (CIESA). E-mail: [email protected] 2 Graduanda do Curso de Pedagogia do Centro Universitário de Ensino Superior do Amazonas – (CIESA). E-mail: [email protected] 3 Professora Ms. em Educação e orientadora da pesquisa do Centro Universitário de Ensino Superior do Amazonas (CIESA). E-mail: [email protected] 4 Professora Ms. em Ensino de Ciências na Amazônia e coorientadora da pesquisa do Centro Universitário de Ensino Superior do Amazonas (CIESA). E-mail: [email protected] 5 Grupo de Apoio a Criança com Câncer – GACC. ABSTRACT This work arose from discussions with the subject Research projects and educational practices in non-school Education Course of the CIESA. The objectives to achieve the same: Understand the role of educator in non-school environment, specifically in the GACC in Manaus / Amazonas, identify pedagogical practices conducted by this professional, check with parents about their vision of the importance of the professional educator in the GACC and finally analyze existing public policies consistent vision of the manager of the support group researched. With this, this study is justified by the social relevance that it will bring to the local community with the research group and the scientific community. Pedagogy and Social Pedagogy in the Environment or in non-school environments remained for a long time, denied, since it previously exercised his professional practice only in formal school environment. This could be either due to lack of public policies that effect so required the presence of this person - in the various areas where the pedagogical, psychological and social be required - either for lack of market opening. You must understand that when it comes to Pedagogy in a hospital environment, stresses the fact that health professionals are prepared to take care of issues relating to clinical pathologies of the subject, but in their training preparation that occurs in the course of pedagogy that is focused on developing cognitive, emotional and social development of the subject and is nonexistent at this point that the teacher continues the training of the child / patient issues in their teaching and learning. The patient regardless of the severity of the clinical picture has secured the rights guaranteed schooling from the status of the Children's hospital, by Resolution No..And 41 October 1995. How to research methodological procedures is based on theoretical and methodological approach of historical social psychology. So this qualitative research called for here is lined with participant observation, semistructured interviews and document analysis. Keywords: Pedagogy Hospital, Public Policies, Subject, Teaching Learning. OBJETIVO GERAL Conhecer a ação do pedagogo hospitalar no Grupo de Apoio a Criança com Câncer (GACC) na cidade de Manaus. OBJETIVOS ESPECÍFICOS Relatar as atividades realizadas pelo pedagogo hospitalar; Identificar as metodologias utilizadas pelo pedagogo hospitalar; Caracterizar as dificuldades encontradas pelo pedagogo em ambiente hospitalar; Destacar a relevante presença do pedagogo em ambiente hospitalar no GACC. PROBLEMA O pedagogo tem realmente desenvolvido seu papel como mediador do processo de ensino aprendizagem fora do ambiente formal junto aos hospitais? JUSTIFICATIVA É de suma importância a compreensão de que todas as crianças independentes de qualquer fator têm direito a educação e a cidadania, apesar da luta travada em relação a esses direitos, alguns avanços foram alcançados dentre eles o direito a educação quando o aluno se encontra afastada da escola por motivo de saúde. A proposta deste trabalho surge com o propósito conhecer a atuação do pedagogo frente à pedagogia no contexto hospitalar, onde se faz necessário o exercício de sua profissão junto às crianças afastadas do ambiente formal da escola por motivos de saúde (em nosso caso, crianças e jovens afastados da escola formal devido ao câncer), visto que o mesmo é habilitado para promover um trabalho como mediador e intercessor no auxilio de atividades ludo pedagógica às crianças e jovens em tratamento. O pedagogo sai do contexto de sala de aula – escola – e surge em outro ambiente que necessita de sua atuação. Entre esses ambientes existem o próprio hospital, casas de recuperação, casas de apoio a crianças enfermas bem como as residências desses alunos. Independente do local, sua função é mediar o processo de ensino e aprendizagem dessas crianças, não permitindo que as mesmas sejam excluídas do sistema educacional, ou discriminadas por algum motivo. Em meios aos exames, afastamento do ambiente familiar e escolar, é necessário a necessidade de desenvolver elos que ajudarão esses sujeitos a não se sentirem excluídos da sociedade, do convívio em grupo. Esse elo através do acompanhamento pedagógico hospitalar ou domiciliar será um diferencial na vida desses sujeitos, pois possibilita a continuidade de seus estudos no hospital ou em casa, e seu retorno à escola sem a perda das atividades e estudos decorrente deste período. É importante que se compreenda a função principal do pedagogo hospitalar que é o de assegurar a dignidade e uma melhora na qualidade de vida desses alunos/pacientes, proporcionando uma aprendizagem de qualidade, onde deverá ser respeitado o atendimento de acordo com as condições de cada educando no hospital, respeitando suas limitações, e buscando desenvolver atividades adaptadas e criativas, envolvendo o aluno/paciente no processo de ensino aprendizagem. INTRODUÇÃO A Pedagogia como ciência social ao longo dos tempos passou por grandes mudanças dentro dos seus aspectos históricos quanto a sua prática diária. Tais mudanças acrescentaram melhorias fazendo com que a Pedagogia ultrapassasse os muros das escolas. A partir da reformulação dos cursos de Pedagogia (CNE/2006) a vida escolar e a educação formal, deixam de ser o único campo da prática educativa. O Pedagogo ganha novo espaço: tudo que concerne à educação passa a ser o seu novo foco, a função do pedagogo torna-se abrangente. Esta nova visão da pedagogia vem oportunizando aos educadores sua inserção na área empresarial, hospitalar, ONGs e em outros setores do mercado de trabalho. Dentro deste contexto é importante ressaltar o campo da Pedagogia Hospitalar, que busca modificar situações e atitudes junto à criança, adolescentes e jovens que por alguma situação estão inseridas em hospitais, as quais não podem ser confundidas com o atendimento do seu estado de saúde. Portanto, se faz necessário ver a criança hospitalizada como protagonista de sua saúde e aprendizagem, passando de objeto a sujeito de seu desenvolvimento. MARCOS REFERENCIAIS E HISTÓRICOS DA PEDAGOGIA HOSPITALAR Em consequência da segunda Guerra Mundial, inúmeras crianças e adolescentes em idade escolar, foram mutiladas e feridas, o que motivou a permanência delas em hospitais por longos períodos. Diante dessa realidade surge então, a classe hospitalar criada por Henri Sellier em 1935 em Paris no intuito de tentar amenizar as tristes consequências da guerra e que oportunizasse a essas crianças, enquanto alunos, de prosseguir em seus estudos ali mesmo no hospital. Assim com incentivo de médicos, religiosos e voluntários, a classe hospitalar foi conquistando um espaço na sociedade, sendo difundida para vários países. No ano de 1939, foi criado em Suresnes, na França, o Centro Nacional de Estudos e de Formação para a Infância Inadaptada - C.N.E.F.E.I com o objetivo de formar professores para exercer a Pedagogia hospitalar em institutos especiais e em hospitais, já que para atuar nessa área exigia-se uma formação diferenciada da pedagogia formal (ESTEVES, 2000, p. 02). Ainda no ano de 1939, foi criado também o cargo de Professor Hospitalar, junto ao Ministério de Educação da França. Na Espanha, desde a década de 80, vem se expandindo a educação nos hospitais como modalidade de atendimento educacional. Em muitos países já percebem a necessidade da atuação do pedagogo em hospitais, pois uma vez que o paciente encontra-se em fase de formação como também em idade escolar, torna-se evidente a necessidade de um pedagogo que o acompanhe nos demais aspectos, como educativo, social e afetivo. Já no Brasil, segundo FONSECA, (2003, p, 45) [...] a Classe Hospitalar, surgiu na cidade do Rio de Janeiro em agosto de 1950, no Hospital Menino Jesus, na qual permanece atuando com a modalidade de atendimento educacional até nos dias de hoje. Ainda na década de 50, surgiu a primeira classe hospitalar em São Paulo no Hospital da Santa Casa de Misericórdia. Estes primeiros atendimentos pedagógicos hospitalares não dispunham de uma sala ou espaço específico, por isso, era realizado na própria enfermaria do Hospital. Somente em 1997, o Serviço Social de Assistência a Pacientes Internados e o Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina entraram com um pedido na Secretaria de Educação para a criação do Projeto Classe Hospitalar nos moldes atuais. Segundo Fonseca, de 1950 até 1980 existia apenas 01 classe hospitalar no Brasil. Sendo que de 1981 a 1990, passou a existir 08 classes, porém de 1991 a 1998, este número aumentou para 30 classes hospitalares, talvez em consequência do ECA - Estatuto da Criança e Adolescente Lei nº 8.069 oficializado na década de 90. No ano de 2000, eram 67 classes, no entanto, números mais recentes, divulgados pelo Censo Escolar de 2006 do Ministério da Educação, em parceria, com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira INEP revelam um total de 279 classes hospitalares públicas no Brasil, sendo 160 destas Estaduais e 119 Municipais (1999, p.117, 118). A PEDAGOGIA HOSPITALAR E SEU PAPEL DENTRO DA LEI No Brasil, a legislação reconheceu através do estatuto da Criança e do Adolescente Hospitalizado, através da Resolução nº. 41 de outubro de 1995, no item 9, [...] a criança “Direito de desfrutar de alguma forma de recreação, programas de educação para a saúde, acompanhamento do currículo escolar durante sua permanência hospitalar”. A criança/paciente quando hospitalizada encontra-se muitas das vezes deslocada isto pelo fato de não está com outras crianças e na escola, tornando o processo de cura lento e desgastante, por isso se faz necessário que a mesma possa ter o direito de desfrutar de alguma forma de recreação, programas de educação para a saúde, no intuito que o seu desenvolvimento cognitivo não seja interrompido. A proposta da nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (MEC,1996) para a criança hospitalizada é a de que a criança disponha de todas as oportunidades possíveis para que os processos de desenvolvimento e aprendizagem não sejam suspensos. Para reforçar esse direito a LDBEN nº. 9. 394/96, por meio da Resolução Nº. 02/2001 – CNE – instituiu diretrizes nacionais para a Educação Especial na Educação Básica no qual em seu artigo 13 assegura dentre outras ações o atendimento educacional para aluno hospitalizado, Os sistemas de ensino, mediante ação integrada com os sistemas de saúde, devem organizar o atendimento educacional especializado para alunos impossibilitados de frequentar as aulas por motivo de internação hospitalar, atendimento ambulatorial ou permanência prolongada em domicílio. Fala-se em educação mais ampla, uma nova visão globalizada, desta maneira é necessário que o desenvolvimento e o processo de aprendizagem de crianças/pacientes ocorram de fato. Neste contexto não há como as classes hospitalares estarem de fora, pois são parceiros fundamentais para que não haja a evasão escolar. Trabalhar a criança/ paciente é fazer com que o mesmo possa resgatar a sua autoestima, sua afetividade e principalmente a vontade de dar continuidade no querer aprender. Contudo a efetivação deste direito não ocorre, o que vemos são crianças que em sua maioria dependendo do caso, perdem o ano escolar ou ficam com grandes lacunas no processo de ensino aprendizagem. Um dos maiores fatores que prejudicam ainda mais é a falta de conhecimento das leis. Os Hospitais, Institutos de recuperação vinculados à saúde não compreendem a importância do trabalho que deve ser realizado pelo Pedagogo Hospitalar, estes por sua vez consideram desnecessário este profissional no hospital. Desta maneira nos questionamos, a Educação é um direito de todos. As crianças hospitalizadas também estão incluídas ou excluídas deste direito? A Constituição Federal de 1988 em seu art. 206 responde este questionamento, A Educação é um direito de todos é dever do Estado e da família, deverá ter o apoio da sociedade, visando o desenvolvimento da pessoa, seu preparo para exercer a cidadania e sua qualificação para o trabalho. Portanto, sendo a educação um direito de todos, a criança hospitalizada está apta a receber esse direito e o Estado deve cumprir todas as medidas para o seu cumprimento. Segundo dados do Censo Escolar de 2006 do Ministério da Educação, em parceria, com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira INEP revelam um total de 279 classes hospitalares públicas no Brasil, sendo 160 destas Estaduais e 119 Municipais. O que se revela a partir dos dados do MEC é que nossa realidade necessita que esse atendimento pedagógico seja ampliado, alcançando todas as crianças que estão hospitalizadas, visto que as políticas públicas relacionadas ao mesmo carecem ser analisadas, redirecionadas e fiscalizadas. Outro documento que fortalece o direito dos alunos hospitalizados é o Decreto Lei n. 1044/69 que estabelece, Os alunos que se encaixam na condição daqueles que necessitam de tratamento especial, tem direito a exercícios domiciliares, com acompanhamento da escola, sempre que compatíveis com seu estado de saúde e condições do estabelecimento. Mesmo com tantas leis que estabelecem à necessidade e a importância da educação à criança/paciente, nota-se que é preciso maior esclarecimento desse direito para a comunidade, secretarias de educação e saúde. No entanto, apesar da não efetivação desses direitos a Educação brasileira mostra-nos que avanços estão sendo vivenciados. Cumpre às classes hospitalares e ao atendimento pedagógico domiciliar elaborar estratégias e orientações para possibilitar o acompanhamento pedagógico educacional do processo de desenvolvimento e construção do conhecimento de crianças, jovens e adultos matriculados ou não nos sistemas de ensino regular, no âmbito da educação básica e que encontram-se impossibilitados de frequentar escola, temporária ou permanentemente e, garantir a manutenção do vínculo com as escolas por meio de um currículo flexibilizado e/ou adaptado, favorecendo seu ingresso, retorno ou adequada integração ao seu grupo escolar correspondente, como parte do direito de atenção integral MEC, SEESP, (2002, pág.13). Este documento tem como objetivo incentivar a criação do atendimento pedagógico em ambiente hospitalar e domiciliar. Cabe à classe hospitalares e ao atendimento pedagógico domiciliar elaborar estratégias de ensino aprendizagem para que a criança/paciente ao retorno à escola não apresente grandes lacunas em seu aprendizado. Segundo Santo e Mugiatti, no Brasil somente na década de 90, foram criadas leis específicas para a “Classe Hospitalar”, por meio das quais houve um olhar direcionado a esta necessidade (2009, p. 67). Até então, as classes hospitalares eram regidas pela Constituição Federal de 1988 e pela LDB 9.394/96, apenas com base na ideia de que a educação é para todos. Dentre essas leis específicas podemos citar: o ECA, em especial, o artigo 9, que trata-se do direito à educação: “Direito de desfrutar de alguma forma de recreação, programa de educação para a saúde” e a lei dos Direitos das Crianças e Adolescentes Hospitalizados, através da Resolução n 41 de 13/10/1995. Essas leis visam a proteger a infância e a juventude, sendo um instrumento de tentar garantir uma sociedade mais justa. PERSPECTIVAS E DESAFIOS DA PEDAGOGIA HOSPITALAR NA ATUALIDADE A Hospitalização Escolarizada consiste no atendimento ao escolar hospitalizado de forma específica, considerando o seu problema de saúde e sua situação de escolaridade. O Atendimento Pedagógico Domiciliar é aquele no qual são realizados procedimentos pedagógicos na casa do paciente que não necessita de hospitalização, porém ainda precisa se ausentar da escola por intervenção médica. A Classe Hospitalar consiste no atendimento conjunto de diversos escolares que estão tendo acompanhamento no hospital. Qual o papel do pedagogo Hospitalar? A função do professor de Classe Hospitalar não é de apenas adquirir espaços lúdicos com ênfase no lazer pedagógico, para que a criança esqueça, por alguns momentos, que está doente ou em um hospital. O professor deve estar no hospital para cooperar com o processo efetivo de construção da aprendizagem das crianças (CECIM, 1999, p.43). O pedagogo irá desenvolver seu trabalho com outros profissionais da saúde, por isso deverá utilizar competências e habilidades em conjunto com esses profissionais. Além de que é importante ressaltar a formação como fator primordial neste processo, o foco deste profissional deverá está voltado para o aprendizado do aluno/paciente visando sua emancipação humanização do mesmo. Quando se comenta sobre um ambiente hospitalar infantil logo se imagina a criança como um paciente frágil que não consegue se defender e não tem condições de manter seus estudos devido à enfermidade. É necessário modificar essa mentalidade. De acordo com Amaral e Silva (2007, p.1): A criação de classes escolares em hospitais é resultado do reconhecimento formal de que crianças hospitalizadas, independentemente do período de permanência na instituição ou de outro fator qualquer, têm necessidades educativas e direitos de cidadania, onde se inclui a escolarização. Percebe-se claramente que independente do ambiente em que a criança se encontra, a educação tem sempre o poder de transformar e modificar e possibilitar o desenvolvimento do aluno. No ambiente hospitalar não é diferente. Assim de acordo com Fonseca, apesar de limitações que podem decorrer de sua situação médica, a criança internada têm interesses, desejos e necessidades semelhantes aos de qualquer jovem saudável. E está provado que o contato com os semelhantes contribui para o desenvolvimento social dos pequenos enfermos, que ajustam melhor à vida no hospital. Há casos em que a doença chega até ser esquecida, o que acelera a recuperação e a reintegração á vida normal (1999). É de fundamental importância que o pedagogo hospitalar analise a dinâmica de seu trabalho para que a aprendizagem seja adquirida, considerando os alunos/pacientes envolvidos. De acordo com MATOS E MUGIATTI (2009, p.85), é necessário que o pedagogo hospitalar reflita sobre a sua prática nesse ambiente, [...] a necessidade da existência de uma práxis e uma técnica pedagógica nos hospitais, confirma-se a existência de um saber voltado à criança/adolescente num contexto hospitalar envolvido no processo ensino-aprendizagem, instaurando-se a um corpo de conhecimento de apoio que justifica a Pedagogia Hospitalar. Neste contexto é necessária que o pedagogo, os pais e a sociedade como um todo mude o conceito de que crianças internadas em hospitais não têm condições nem deve se preocupar com o processo educativo visto que estão enfermas. Ao trabalhar em ambiente hospitalar o professor deve compreender a dinâmica que ocorre no hospital e a rotina que constitui a vida do aluno/paciente, de modo que possa elaborar uma abordagem adaptada aos interesses, necessidades e limites do aluno/paciente incluindo-o assim nos conteúdos próprios de cada série correspondente. Deve ainda ter conhecimento prévio sobre as doenças e condições de cada aluno/paciente que ficará sobre sua responsabilidade envolvendo conhecimentos das necessidades clínicas e afetivas que envolvem o aluno, de modo que consiga adequar e adaptar o ambiente para o desenvolvimento da rotina educativa. O pedagogo hospitalar deve ser capaz de trabalhar com a diversidade humana e com diversas experiências culturais, buscando em sua prática identificar as necessidades individuais de cada educando propondo assim procedimentos didáticos pedagógicos necessários ao processo de ensino aprendizagem dos alunos. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Este trabalho se realizou aproximando as reflexões tomadas a partir de um referencial teórico já apresentado, por grandes estudiosos da área culminando assim em pesquisa bibliográfica como também de campo. Quantos aos procedimentos metodológicos a pesquisa está fundamentada na abordagem teórico-metodológica da psicologia sócio histórica. Assim esta, denominada por qualitativa utilizou em seus procedimentos: entrevistas semiestruturadas, questionário com questões abertas e fechadas e análise documental. Nossa pesquisa foi realizada no GAAC e envolveu em sua totalidade 04 sujeitos, dentre eles 01 (UM) Coordenador (a), 01 (UM) Diretor (a) 01 (UM) Pedagogo (a) e 01 (UM) Mãe. No primeiro momento tínhamos a pretensão de pesquisarmos a visão de 05 (CINCO) pais, no entanto a instituição apesar de se mostrar aberta a nossa proposta de trabalho disponibilizou para a pesquisa apenas 01 (UMA). RESULTADOS: A PRÁXIS PEDAGÓGICA EM AMBIENTE HOSPITALAR Neste momento apresentamos os resultados deste trabalho, onde primeiramente trazemos informação a respeito da instituição pesquisada e os seus respectivos sujeito envolvidos nesta. Pedagoga/Professora, Coordenadora, Mãe. Esclarecemos ainda que o sujeito denominado como Diretora surge através de informações coletadas a partir de conversa informal. Durante a realização deste trabalho percebemos que a maior dificuldade encontrada no GACC em seus funcionários de maneira geral não diz respeito a dificuldades financeira, mas sim, o não saber lidar com a perda, com a dor, segundo relatos coletados, muitos profissionais desistem por abalo emocional, os voluntários não conseguem prosseguir por muito tempo, sentem-se emocionalmente abalados quando perdem alguma criança. É importante ressaltar algumas dificuldades encontradas na realização desta pesquisa, dentre elas, o acesso as informações e o contato com os sujeitos pretendidos para realização desta pesquisa. CONHECENDO UM POUCO O GRUPO DE APOIO A CRIANÇA COM CÂNCER GACC Foi fundado em Manaus – AM, no dia 23 de Maio de 1999, GACC, sendo uma sociedade civil sem fins lucrativos, administrado por uma equipe de voluntários e funcionários, visando o atendimento a crianças e adolescentes com câncer e seus familiares. O objetivo do Grupo é atender necessidade social das crianças, adolescentes e seus familiares, oferecendo atendimento psicológico, pedagógico, educacional, de lazer a todas as crianças em tratamento na FCECON e demais entidades afins. O Grupo de Apoio tem como finalidade colaborar com a FCECON e com outras instituições, através de atendimentos sociais, psicológicos e nutricionais às crianças e adolescentes com câncer. Atualmente o GACC possui pacientes cadastrados dentre as várias Faixas de 0 a 18 anos. Hoje existem oito pacientes residindo na casa, vindos do interior de outros estados e até de outros países como Guiana Inglesa. O tempo de tratamento e de assistência pode chegar até dez anos. O GACC se divide em dois locais. Um prédio com a parte administrativa e a outra A Casa Lar. Atualmente o GACC está construindo uma nova casa com sala de informática, sala de aula, brinquedoteca, sala de música e dança buscando dar qualidade de vida aos pacientes. O GACC mantém-se basicamente de doações, onde estas recebidas são todas documentadas para não haver dúvidas quanto à idoneidade da instituição. EDUCAÇÃO HOSPITALAR E PRÁTICA PEDAGÓGICA NA CONCEPÇÃO DA PEDAGOGA Neste momento o objetivo proposto era conhecer o pensamento, as ideias e principalmente o trabalho realizado por este profissional na instituição pesquisada. A princípio questionou-se quanto à formação. Em sua resposta a pedagoga informou-nos que fez Licenciatura em Pedagogia, Especialização em Psicopedagogia e que atualmente está terminando curso de libras e braile. Tendo em vista a pouca abertura do mercado para o pedagogo em ambiente não escolar perguntamos: - Como ocorreu sua inserção profissional no GAAC? Fiz processo seletivo junto a Secretaria Estadual de Educação e Cultura do Estado do Amazonas (SEDUC) e Algum tempo depois fui selecionada para atuar no GACC apenas no período vespertino, pois pela manhã as crianças estão fazendo quimioterapia. Como vimos de acordo com a fala da pedagoga, apenas a professora/pedagoga é remunerada pela SEDUC/AM. Este fato segundo sujeitos pesquisados é uma das ações de contrapartida realizada pelo governo do Estado Amazonas. Quanto à atuação deste profissional fora do âmbito escolar, assim perguntamos: - De que maneira você analisa a atuação do Pedagogo Hospitalar? Há uma grande diferença, tenho que trabalhar o meu emocional, olhar a criança sem pena, trabalhar a autoestima e a confiança da criança em si mesma, fazendo com que a criança não se sinta excluída da sociedade, auxiliar o aluno para que o mesmo não se sinta atrasado e perdido em seu regresso a escola formal. Incluir a questão ética profissional, o aluno me ver como referencial. Aqui é demonstrado uma das principais dificuldades encontradas pelos profissionais do GAAC, incluindo os voluntários. Como vimos na fala da pedagoga é importante ser trabalhado o emocional e a preparação destes profissionais para enfrentar essa barreira que faz parte de sua rotina de trabalho como também este ser capaz de orientar o ensino e aprendizado do aluno/paciente ao retornar a escola. Com o propósito de identificar uma visão crítica a cerca das políticas públicas direcionadas ao atendimento educacional hospitalar questionamos: - Em sua visão o governo de forma geral tem apoiado a inserção do pedagogo em ambientes fora da escola? Sim, através da SEDUC não existe só no GACC, mas também em outros setores, tenho um amigo que trabalha no Dagmar Feitosa, tem treinamento, formação continuada. A SEDUC colabora através dessa parceria, tudo que eu preciso a SEDUC fornece. Frente à resposta dada pela pedagoga, constatamos que a mesma trás em sua concepção uma visão ingênua quanto ao que chamamos de apoio. Em sua fala percebemos um sentimento de gratidão, uma visão mecanicista de formação. Para a pedagoga o fato da secretaria de educação local disponibilizar a professora (isto inclui o pagamento) é suficiente, ou muito importante. Matos e Mugiatti vêm contribuir com esta visão, Infelizmente, neste país, a criança e o adolescente hospitalizados, em fase escolar, sofrem ainda o pejo da alienação. Alienação na escola, pois “esta não foi feita para doentes...” Talvés até alguém conteste que o seu lugar é o hospital. E sua escolarização? ( 2009, p. 163). Na verdade o que se vê na prática é um serviço que é ofertado, uma contrapartida que não é suficiente. É notória ainda a escassez desses profissionais em hospitais na cidade de Manaus. O que encontramos foi uma realidade de alguns hospitais com brinquedoteca, espaço lúdico, até mesmo educativo, porém o profissional que encontramos lá não era o Pedagogo. Ainda questionamos sobre sua visão quanto à relevância de seu trabalho no GAAC. É muito importante para os alunos/pacientes, pois dou apoio pedagógico, o que é fundamental para a continuidade do processo de ensino aprendizagem dos alunos, assim eles não perdem o conteúdo, e podem continuar seus estudos ao retornar para seus lares. É claro a visão que este profissional tem sobre seu trabalho, a importância, relevância social e principalmente educacional para as crianças que se encontram no GAAC. Como veremos este pensamento é compartilhado por demais sujeitos desta pesquisa. Para finalizar este momento da pesquisa solicitamos que a profissional explicasse como ocorre sua práxis pedagógica no GAAC. Em sua fala esta respondeu que Trabalho de forma diversificada, os conteúdo são programados, tenho um histórico de cada criança, a aula é feita em conjunto, mas respeitando a individualidade de cada aluno, sua série, e, sobretudo, respeitando as limitações de cada aluno/paciente. Cada dia é um novo desafio. Na fala do sujeito é perceptível a sensibilidade em sua práxis pedagógica, o pedagogo hospitalar necessita conhecer o quadro clínico de seus alunos/pacientes para melhor trabalhar e orientar os processos educativos desenvolvidos na instituição. Segundo o sujeito são elaborados planos de aula para cada série de acordo com a faixa etária do aluno paciente. As avaliações ocorrem no GAAC em seguida é encaminhado um relatório contendo os resultados das avaliações para que o aluno posteriormente continue avançando em seus estudos. EDUCAÇÃO HOSPITALAR E PRÁTICA PEDAGÓGICA NA VISÃO DA COORDENADORA Dando prosseguimento aos resultados desta pesquisa direcionamos os trabalhos agora a coordenação do GACC. Inicialmente consideramos pertinente indagarmos sobre O que é o GAAC e qual sua missão? Temos a consciência de que o mesmo é um grupo de apoio sem fins econômicos, administrado por uma equipe de voluntários e funcionários para combater o câncer Infanto juvenil possuindo já 13 anos de luta. A missão do GACC é garantir a criança e ao adolescente dentro do mais avançado padrão científico o direito de alcançar as chances de cura com qualidade de vida, nisto incluso o apoio educacional, respeitando-se o direito que a criança e o adolescente tem no que tange a educação. É clara a missão do GACC, segundo a coordenadora, este visa o atendimento com qualidade de vida a criança hospitalizada, buscando trabalhar todos os aspectos necessários ao desenvolvimento, inclusive o aspecto cognitivo do aluno/paciente. De acordo com Fontes (2004, p.7), [...] a abordagem pedagógica pode ser entendida como instrumento de suavização dos efeitos traumáticos da internação hospitalar e do impacto causado pelo distanciamento da criança de sua rotina, principalmente no que se refere ao afastamento escolar. O período de hospitalização é transformado, então, num tempo de aprendizagem, de construção de conhecimento e aquisição de novos significados, não sendo preenchido apenas pelo sofrimento e o vazio do não desenvolvimento afetivo, psíquico e social. Ficou claro que o GACC acredita que o tratamento de câncer Infanto juvenil pode ser minimizado desde que o hospital possa oferecer além do medicamento, carinho, humildade, solidariedade e apoio extra-hospitalar. Quanto ao atendimento perguntamos: - Qual o público atendido pelo GAAC e de que maneira é feita a seleção das crianças e adolescentes atendidas? O público alvo atendido pelo GACC são as crianças vindas do interior com câncer e seus familiares, mais as crianças com câncer da capital bem como seus familiares. Atualmente o grupo atende 346 pacientes. A seleção de crianças e adolescentes atendidos pelo grupo é realizada através de oncologistas e pediatras que encaminham a assistente social que verifica a necessidade de acompanhamento por parte da criança e direciona para o GACC. O grupo atende crianças oriundas do Amazonas, Pará, Roraima e também dos países: Guina Inglesa e Venezuela. Como vimos na fala do sujeito a FCECON ao diagnosticar crianças com câncer direciona estas ao Grupo – através de avaliação feita por um assistente social e psicólogo do GAAC - e este por sua vez realiza triagem a fim de identificar as crianças que necessitarão habitar no lar e as demais que receberão atendimento. - Quais os serviços de apoio que a instituição oferece e quais profissionais envolvidos na prática? O grupo é formado por duas psicólogos sendo que uma atua junto ao FCECON- e a outra junto ao GACC elaborando projetos e duas assistentes sociais, onde uma trabalha com as visitas domiciliares e projetos sociais e a outra com a parte burocrática e visitas ao hospital. Também contamos com uma nutricionista e acompanha também nas visitas domiciliares. É de suma importância esta equipe de trabalho, pois busca atender a criança e o adolescente em todas as suas necessidades, minimizando assim seu período de permanência hospitalar. A doença e a dor são os fatores condicionantes do stress mais universais para as crianças, pois todas elas passam por inúmeras situações dessa natureza. “A hospitalização pode ter efeitos diferenciados dependendo da idade, da causa da hospitalização, da eficiência dos profissionais envolvidos e também da maneira com que os pais a gerenciam” (2000, p.22). A criança/paciente está em fase de desenvolvimento, e deve manter uma rotina o mais normal possível para que suas reações psicológicas sejam minimamente afetadas. No decorrer da entrevista nos foi informado sobre existência de alguns projetos e a necessidade de criação de novos para atender as necessidades dos pacientes e da família. Neste contexto perguntamos: Qual a relevância social do GAAC para a comunidade local? Existe a necessidade de criação de projetos para atender as necessidades dos pacientes e da família, projetos esses que educam e melhoram a qualidade de vida. O GACC ainda divulga os trabalhos de artesanato realizados pelos pacientes e familiares através de feiras promovidas o qual promove a geração de renda. Na fala da coordenadora percebemos que a relevância social do grupo está em contribuir com a qualidade de vida da criança e família, para isto trabalha a criação de projetos. Neste contexto os pais precisam também de apoio, pois se vêem perdidos com relação à doença ou muitas vezes não tem condições de cuidarem e manterem as crianças enfermas devido às dificuldades de informações e financeiras. - Como você vê a atuação do Pedagogo em Ambiente hospitalar, considera necessário? É de suma importância o trabalho pedagógico junto às crianças e adolescentes do GACC, pois as auxiliam em seu desenvolvimento cognitivo, intelectual e motor das crianças, ajudando assim a minimizar o tratamento. Quando a criança desvia o foco da doença ela se sente melhor e estimulada. Percebe-se claramente que a criança/paciente age normalmente, não são diferentes no desenvolvimento cognitivo pelo fato de estarem enfermas. Na realidade o acompanhamento pedagógico se desenvolve permitindo uma situação normalizadora no cotidiano do aluno/paciente. Segundo Fonseca, Também vemos a peculiaridade da educação no ambiente hospitalar como sendo a de assegurar a manutenção dos vínculos escolares, de devolver a criança para a sua escola de origem com a certeza de que poderá reintegrar-se ao currículo e aos colegas sem prejuízos pelo afastamento temporário ou, ainda, de demonstrar, na prática, que o lugar da criança (mesmo com uma doença crônica, ou sobre tratamento de saúde, ou em uso de suporte terapêutico) é na escola, aprendendo e compondo experiências educacionais mediadas pelo mesmo professor que as demais crianças (2003, p. 08). Assim percebe-se claramente a importância da permanência do pedagogo em ambiente hospitalar, com isto o aluno/paciente não se sente excluído da sociedade, mas participante. Questionada sobre o apoio que o governo tem dado à inserção do pedagogo em ambientes hospitalar? Existe o apoio que a SEDUC – Secretaria de educação e Cultura está fornecendo, a mesma está apoiando com o auxilio de uma professora. O problema é não vê a importância do professor dentro do hospital, ainda faz falta, pois é por um período de tratamento depois volta para o convívio social normalmente então precisa de acompanhamento. O governo deveria apoiar, mas não apenas fornecendo os profissionais mais nas outras necessidades como material pedagógico, caderno, livros, computadores, para montar uma tele sala para os alunos do ensino médio, pois facilitaria construindo um Pólo para a aprendizagem. Hoje já vamos com projetos prontos atrás de profissionais, pois não gostam de investir por acharem que não vale a pena investir nas crianças com câncer. A preocupação deve ser independente do tempo de vida, o que importa é a qualidade de vida para a criança/paciente. A compreensão da importância do acompanhamento pedagógico no período da internação é compartilhada por este, pois a criança/paciente ao retornar em seu convívio social não se sente prejudicado no aspecto escolar. Segundo Amaral e Silva (2008, p.01), A despeito da justiça social dessa iniciativa, verificamos que, em nosso país, a escolarização de crianças e adolescentes hospitalizados não tem merecido atenção suficiente, por parte do poder público, seja em nível municipal, estadual ou federal. Na verdade, a ampliação dessa modalidade de educação ainda é incipiente em nosso país. Compreende-se que o governo deve direcionar ações ao aluno/paciente, visto que isso só contribuirá para diminuir a permanência do mesmo no hospital, diminuindo assim com o índice de evasão escolar. EDUCAÇÃO HOSPITALAR E PRÁTICA PEDAGÓGICA NA VISÃO DOS PAIS Neste segundo momento, damos continuidade a nossa pesquisa, agora direcionando o foco aos pais. Em conversa com a mãe, a partir da pergunta: De que maneira ouve a inserção de filho no GACC? A mesma nos informa que: Por não ser do Estado do Amazonas e sim do Pará, vim fazer o tratamento de minha filha que está com câncer - de sarcoma de Huine -, na Fundação CECON. Lá conheci o GACC. Minha filha queria muito estudar, sempre me pediu para que eu a colocasse em uma escola, por este motivo eu fui ao GACC, pois sabia que nele ela poderia continuar seus estudos e não ficaria atrasada no seu ano letivo. É importante salientar que a criança hospitalizada deve ser auxiliada em todos os aspectos quer sejam emocionais, afetivo e principalmente familiar. Em seus estudos, Mugiatti, “Tratando-se dos familiares, as relações se referem ao incentivo, á participação, ao dispêndio dos melhores cuidados à criança e ao adolescente hospitalizado”. (2009, p.124). Continuando com os trabalhos perguntamos sobre seus afazeres no cotidiano do GACC. Respondeu-nos: Eu não fico parada, ajudamos nas tarefas do dia a dia, e eu irei fazer o curso de corte e costura, aqui no GACC, nós não ficamos apenas cuidando de nossas crianças, ele oferece cursos para podermos ganhar uma renda a mais. É interessante a importância que o GACC trabalha em prol da família da criança/paciente, seja emocional, afetivo e financeiro é transformar a situação familiar em todos os aspectos. Outra pergunta que não poderia deixar de ser mencionada: Você acha que seu filho se sente melhor, se relaciona melhor com os outros a partir deste trabalho realizado no GAAC? Por quê? Respondeu-nos: Sim, minha filha gosta muito de ficar aqui, o GACC nos trata muito bem, aqui minha filha fica com outras crianças, brinca, estuda, ela melhorou muito quando viemos para cá, até com sua alimentação, pois quando ela fica com as crianças a alimentação é mais divertida. Segundo estudos de Vygostky (1998, p.177): [...] embora as crianças dependam de cuidado prolongado, elas participam ativamente do próprio aprendizado nos contextos da família e da comunidade. Vygotsky em seus estudos nos mostra que as crianças dependem de cuidado prolongado quer sejam sadias ou não. Elas participam do próprio aprendizado, que ocorre entre família e comunidade. Com isto se faz necessário salientar que a socialização e interação da criança/paciente é primordial, pois trabalhar a mesma neste ponto de vista favorece para o seu desenvolvimento e por consequência o processo de ensino aprendizagem. BIBLIOGRAFIA AMARAL, Daniela Patti; SILVA, Maria Teresinha Pereira. Formação e Prática Pedagógica em Classes Hospitalares: Respeitando a cidadania de crianças e jovens enfermos. Disponível em< http://www.smec.salvador.ba.gov.br. Acesso em 23 maio de 2012. AMORIM, Neusa da Silva. A pedagogia hospitalar enquanto prática inclusiva. Porto Velho, 2011. Brasil. Ministério da Educação. Classe hospitalar e atendimento pedagógico domiciliar: estratégias e orientações. / Secretaria de Educação Especial. – Brasília: MEC; SEESP, 2002. BRASIL. Estatuto da Criança e do Adolescente. Lei Federal 8.069 de 13 de Julho de 1990. São Paulo, 1995. ________. 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