pedagogia hospitalar: acompanhamento pedagógico em ambiente

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PEDAGOGIA HOSPITALAR: ACOMPANHAMENTO PEDAGÓGICO EM
AMBIENTE NÃO ESCOLAR JUNTO AO GRUPO DE APOIO A CRIANÇA COM
CÂNCER – GACC
Luciane Soraia Carmo dos Santos Freire1
Vanúbia Almeida de Miranda2
Katiania Barbosa de Oliveira3
Maria Rosemi Araújo do Nascimento4
RESUMO
O presente trabalho surgiu a partir de debates realizados junto à disciplina Pesquisa,
projetos e práticas educativas em ambientes não escolares do Curso de Pedagogia
do CIESA. Os objetivos para a realização da mesma: Compreender o papel do
pedagogo em ambiente não escolar, especificamente no GACC5 em
Manaus/Amazonas, Identificar as práticas pedagógicas realizadas por este
profissional, Verificar junto aos pais sua visão a cerca da importância do profissional
pedagogo no GACC e por fim analisar as políticas públicas existentes em
consonância a visão do gestor do grupo de apoio pesquisado. Com isto, este estudo
justifica-se pela relevância social que o mesmo trará para a comunidade local junto
ao grupo pesquisado e a comunidade científica. A Pedagogia Social e ou Pedagogia
em Ambiente em Ambientes não escolares permaneceu por um longo período,
negada, visto que este profissional anteriormente exercia sua prática profissional
apenas em ambiente escolar formal. Isto se dava ora por falta de políticas públicas
que efetivassem de forma obrigatória a presença deste profissional - nos diversos
âmbitos onde a prática pedagógica, psicológica e social fossem requeridas -, ora por
falta de abertura do mercado. É necessário compreender que quando se refere à
Pedagogia em ambiente hospitalar, frisa-se o fato de que os profissionais da área da
saúde estão preparados para cuidar das questões referentes às patologias clínicas
do sujeito, mas em sua formação a preparação que ocorre no curso de pedagogia
que é voltada para o desenvolvimento cognitivo, emocional e social do sujeito
inexiste e é neste momento que o pedagogo dá continuidade a formação da
criança/paciente em suas questões pedagógicas e de aprendizagem. O paciente
independente da gravidade do quadro clínico tem garantido os seus direitos a
educação escolar garantida a partir do estatuto da Criança e do Adolescente
hospitalizado, através da Resolução nº. 41 de outubro e 1995. Quantos aos
procedimentos metodológicos a pesquisa está fundamentada na abordagem teóricometodológica da psicologia sociohistórica. Assim esta pesquisa denominada por
qualitativa aqui está delineada por: observação participante, entrevistas semiestruturadas e análise documental.
Palavras-Chave: Pedagogia Hospitalar, Políticas Públicas, Sujeito, Ensino
Aprendizagem.
1
Graduanda do Curso de Pedagogia do Centro Universitário de Ensino Superior do Amazonas
(CIESA). E-mail: [email protected]
2
Graduanda do Curso de Pedagogia do Centro Universitário de Ensino Superior do Amazonas –
(CIESA). E-mail: [email protected]
3
Professora Ms. em Educação e orientadora da pesquisa do Centro Universitário de Ensino Superior
do Amazonas (CIESA). E-mail: [email protected]
4
Professora Ms. em Ensino de Ciências na Amazônia e coorientadora da pesquisa do Centro
Universitário de Ensino Superior do Amazonas (CIESA). E-mail: [email protected]
5
Grupo de Apoio a Criança com Câncer – GACC.
ABSTRACT
This work arose from discussions with the subject Research projects and educational
practices in non-school Education Course of the CIESA. The objectives to achieve
the same: Understand the role of educator in non-school environment, specifically in
the GACC in Manaus / Amazonas, identify pedagogical practices conducted by this
professional, check with parents about their vision of the importance of the
professional educator in the GACC and finally analyze existing public policies
consistent vision of the manager of the support group researched. With this, this
study is justified by the social relevance that it will bring to the local community with
the research group and the scientific community. Pedagogy and Social Pedagogy in
the Environment or in non-school environments remained for a long time, denied,
since it previously exercised his professional practice only in formal school
environment. This could be either due to lack of public policies that effect so required
the presence of this person - in the various areas where the pedagogical,
psychological and social be required - either for lack of market opening. You must
understand that when it comes to Pedagogy in a hospital environment, stresses the
fact that health professionals are prepared to take care of issues relating to clinical
pathologies of the subject, but in their training preparation that occurs in the course
of pedagogy that is focused on developing cognitive, emotional and social
development of the subject and is nonexistent at this point that the teacher continues
the training of the child / patient issues in their teaching and learning. The patient
regardless of the severity of the clinical picture has secured the rights guaranteed
schooling from the status of the Children's hospital, by Resolution No..And 41
October 1995. How to research methodological procedures is based on theoretical
and methodological approach of historical social psychology. So this qualitative
research called for here is lined with participant observation, semistructured
interviews and document analysis.
Keywords: Pedagogy Hospital, Public Policies, Subject, Teaching Learning.
OBJETIVO GERAL
Conhecer a ação do pedagogo hospitalar no Grupo de Apoio a Criança com
Câncer (GACC) na cidade de Manaus.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
 Relatar as atividades realizadas pelo pedagogo hospitalar;
 Identificar as metodologias utilizadas pelo pedagogo hospitalar;
 Caracterizar as dificuldades encontradas pelo pedagogo em ambiente
hospitalar;
 Destacar a relevante presença do pedagogo em ambiente hospitalar no
GACC.
PROBLEMA
O pedagogo tem realmente desenvolvido seu papel como mediador do
processo de ensino aprendizagem fora do ambiente formal junto aos hospitais?
JUSTIFICATIVA
É de suma importância a compreensão de que todas as crianças
independentes de qualquer fator têm direito a educação e a cidadania, apesar da
luta travada em relação a esses direitos, alguns avanços foram alcançados dentre
eles o direito a educação quando o aluno se encontra afastada da escola por motivo
de saúde.
A proposta deste trabalho surge com o propósito conhecer a atuação do
pedagogo frente à pedagogia no contexto hospitalar, onde se faz necessário o
exercício de sua profissão junto às crianças afastadas do ambiente formal da escola
por motivos de saúde (em nosso caso, crianças e jovens afastados da escola formal
devido ao câncer), visto que o mesmo é habilitado para promover um trabalho como
mediador e intercessor no auxilio de atividades ludo pedagógica às crianças e
jovens em tratamento.
O pedagogo sai do contexto de sala de aula – escola – e surge em outro
ambiente que necessita de sua atuação. Entre esses ambientes existem o próprio
hospital, casas de recuperação, casas de apoio a crianças enfermas bem como as
residências desses alunos. Independente do local, sua função é mediar o processo
de ensino e aprendizagem dessas crianças, não permitindo que as mesmas sejam
excluídas do sistema educacional, ou discriminadas por algum motivo.
Em meios aos exames, afastamento do ambiente familiar e escolar, é
necessário a necessidade de desenvolver elos que ajudarão esses sujeitos a não se
sentirem excluídos da sociedade, do convívio em grupo.
Esse elo através do acompanhamento pedagógico hospitalar ou domiciliar
será um diferencial na vida desses sujeitos, pois possibilita a continuidade de seus
estudos no hospital ou em casa, e seu retorno à escola sem a perda das atividades
e estudos decorrente deste período.
É importante que se compreenda a função principal do pedagogo hospitalar
que é o de assegurar a dignidade e uma melhora na qualidade de vida desses
alunos/pacientes, proporcionando uma aprendizagem de qualidade, onde deverá ser
respeitado o atendimento de acordo com as condições de cada educando no
hospital, respeitando suas limitações, e buscando desenvolver atividades adaptadas
e criativas, envolvendo o aluno/paciente no processo de ensino aprendizagem.
INTRODUÇÃO
A Pedagogia como ciência social ao longo dos tempos passou por grandes
mudanças dentro dos seus aspectos históricos quanto a sua prática diária. Tais
mudanças acrescentaram melhorias fazendo com que a Pedagogia ultrapassasse os
muros das escolas.
A partir da reformulação dos cursos de Pedagogia (CNE/2006) a vida escolar
e a educação formal, deixam de ser o único campo da prática educativa. O
Pedagogo ganha novo espaço: tudo que concerne à educação passa a ser o seu
novo foco, a função do pedagogo torna-se abrangente.
Esta nova visão da pedagogia vem oportunizando aos educadores sua
inserção na área empresarial, hospitalar, ONGs e em outros setores do mercado de
trabalho. Dentro deste contexto é importante ressaltar o campo da Pedagogia
Hospitalar, que busca modificar situações e atitudes junto à criança, adolescentes e
jovens que por alguma situação estão inseridas em hospitais, as quais não podem
ser confundidas com o atendimento do seu estado de saúde. Portanto, se faz
necessário ver a criança hospitalizada como protagonista de sua saúde e
aprendizagem, passando de objeto a sujeito de seu desenvolvimento.
MARCOS REFERENCIAIS E HISTÓRICOS DA PEDAGOGIA HOSPITALAR
Em consequência da segunda Guerra Mundial, inúmeras crianças e
adolescentes em idade escolar, foram mutiladas e feridas, o que motivou a
permanência delas em hospitais por longos períodos. Diante dessa realidade surge
então, a classe hospitalar criada por Henri Sellier em 1935 em Paris no intuito de
tentar amenizar as tristes consequências da guerra e que oportunizasse a essas
crianças, enquanto alunos, de prosseguir em seus estudos ali mesmo no hospital.
Assim com incentivo de médicos, religiosos e voluntários, a classe hospitalar
foi conquistando um espaço na sociedade, sendo difundida para vários países. No
ano de 1939, foi criado em Suresnes, na França, o Centro Nacional de Estudos e de
Formação para a Infância Inadaptada - C.N.E.F.E.I
com o objetivo de formar
professores para exercer a Pedagogia hospitalar em institutos especiais e em
hospitais, já que para atuar nessa área exigia-se uma formação diferenciada da
pedagogia formal (ESTEVES, 2000, p. 02).
Ainda no ano de 1939, foi criado também o cargo de Professor Hospitalar,
junto ao Ministério de Educação da França. Na Espanha, desde a década de 80,
vem se expandindo a educação nos hospitais como modalidade de atendimento
educacional. Em muitos países já percebem a necessidade da atuação do pedagogo
em hospitais, pois uma vez que o paciente encontra-se em fase de formação como
também em idade escolar, torna-se evidente a necessidade de um pedagogo que o
acompanhe nos demais aspectos, como educativo, social e afetivo.
Já no Brasil, segundo FONSECA, (2003, p, 45) [...] a Classe Hospitalar, surgiu
na cidade do Rio de Janeiro em agosto de 1950, no Hospital Menino Jesus, na qual
permanece atuando com a modalidade de atendimento educacional até nos dias de
hoje. Ainda na década de 50, surgiu a primeira classe hospitalar em São Paulo no
Hospital da Santa Casa de Misericórdia. Estes primeiros atendimentos pedagógicos
hospitalares não dispunham de uma sala ou espaço específico, por isso, era
realizado na própria enfermaria do Hospital. Somente em 1997, o Serviço Social de
Assistência a Pacientes Internados e o Departamento de Pediatria da Faculdade de
Medicina entraram com um pedido na Secretaria de Educação para a criação do
Projeto Classe Hospitalar nos moldes atuais.
Segundo Fonseca, de 1950 até 1980 existia apenas 01 classe hospitalar no
Brasil. Sendo que de 1981 a 1990, passou a existir 08 classes, porém de 1991 a
1998, este número aumentou para 30 classes hospitalares, talvez em consequência
do ECA - Estatuto da Criança e Adolescente Lei nº 8.069 oficializado na década de
90. No ano de 2000, eram 67 classes, no entanto, números mais recentes,
divulgados pelo Censo Escolar de 2006 do Ministério da Educação, em parceria,
com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira INEP
revelam um total de 279 classes hospitalares públicas no Brasil, sendo 160 destas
Estaduais e 119 Municipais (1999, p.117, 118).
A PEDAGOGIA HOSPITALAR E SEU PAPEL DENTRO DA LEI
No Brasil, a legislação reconheceu através do estatuto da Criança e do
Adolescente Hospitalizado, através da Resolução nº. 41 de outubro de 1995, no item
9,
[...] a criança “Direito de desfrutar de alguma forma de recreação,
programas de educação para a saúde, acompanhamento do currículo
escolar durante sua permanência hospitalar”.
A criança/paciente quando hospitalizada encontra-se muitas das vezes
deslocada isto pelo fato de não está com outras crianças e na escola, tornando o
processo de cura lento e desgastante, por isso se faz necessário que a mesma
possa ter o direito de desfrutar de alguma forma de recreação, programas de
educação para a saúde, no intuito que o seu desenvolvimento cognitivo não seja
interrompido.
A proposta da nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
(MEC,1996) para a criança hospitalizada é a de que a criança disponha de todas as
oportunidades
possíveis
para
que
os
processos
de
desenvolvimento
e
aprendizagem não sejam suspensos.
Para reforçar esse direito a LDBEN nº. 9. 394/96, por meio da Resolução Nº.
02/2001 – CNE – instituiu diretrizes nacionais para a Educação Especial na
Educação Básica no qual em seu artigo 13 assegura dentre outras ações o
atendimento educacional para aluno hospitalizado,
Os sistemas de ensino, mediante ação integrada com os sistemas de
saúde, devem organizar o atendimento educacional especializado
para alunos impossibilitados de frequentar as aulas por motivo de
internação hospitalar, atendimento ambulatorial ou permanência
prolongada em domicílio.
Fala-se em educação mais ampla, uma nova visão globalizada, desta maneira
é necessário que o desenvolvimento e o processo de aprendizagem de
crianças/pacientes ocorram de fato. Neste contexto não há como as classes
hospitalares estarem de fora, pois são parceiros fundamentais para que não haja a
evasão escolar.
Trabalhar a criança/ paciente é fazer com que o mesmo possa resgatar a sua
autoestima, sua afetividade e principalmente a vontade de dar continuidade no
querer aprender. Contudo a efetivação deste direito não ocorre, o que vemos são
crianças que em sua maioria dependendo do caso, perdem o ano escolar ou ficam
com grandes lacunas no processo de ensino aprendizagem.
Um dos maiores fatores que prejudicam ainda mais é a falta de conhecimento
das leis. Os Hospitais, Institutos de recuperação vinculados à saúde não
compreendem a importância do trabalho que deve ser realizado pelo Pedagogo
Hospitalar, estes por sua vez consideram desnecessário este profissional no
hospital. Desta maneira nos questionamos, a Educação é um direito de todos. As
crianças hospitalizadas também estão incluídas ou excluídas deste direito?
A Constituição Federal de 1988 em seu art. 206 responde este
questionamento,
A Educação é um direito de todos é dever do Estado e da família,
deverá ter o apoio da sociedade, visando o desenvolvimento da
pessoa, seu preparo para exercer a cidadania e sua qualificação para
o trabalho.
Portanto, sendo a educação um direito de todos, a criança hospitalizada está
apta a receber esse direito e o Estado deve cumprir todas as medidas para o seu
cumprimento.
Segundo dados do Censo Escolar de 2006 do Ministério da Educação, em
parceria, com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio
Teixeira INEP revelam um total de 279 classes hospitalares públicas no Brasil,
sendo 160 destas Estaduais e 119 Municipais.
O que se revela a partir dos dados do MEC é que nossa realidade necessita
que esse atendimento pedagógico seja ampliado, alcançando todas as crianças que
estão hospitalizadas, visto que as políticas públicas relacionadas ao mesmo
carecem ser analisadas, redirecionadas e fiscalizadas. Outro documento que
fortalece o direito dos alunos hospitalizados é o Decreto Lei n. 1044/69 que
estabelece,
Os alunos que se encaixam na condição daqueles que necessitam de
tratamento especial, tem direito a exercícios domiciliares, com
acompanhamento da escola, sempre que compatíveis com seu
estado de saúde e condições do estabelecimento.
Mesmo com tantas leis que estabelecem à necessidade e a importância da
educação à criança/paciente, nota-se que é preciso maior esclarecimento desse
direito para a comunidade, secretarias de educação e saúde. No entanto, apesar da
não efetivação desses direitos a Educação brasileira mostra-nos que avanços estão
sendo vivenciados.
Cumpre às classes hospitalares e ao atendimento pedagógico
domiciliar elaborar estratégias e orientações para possibilitar o
acompanhamento pedagógico educacional do processo de
desenvolvimento e construção do conhecimento de crianças, jovens e
adultos matriculados ou não nos sistemas de ensino regular, no
âmbito da educação básica e que encontram-se impossibilitados de
frequentar escola, temporária ou permanentemente e, garantir a
manutenção do vínculo com as escolas por meio de um currículo
flexibilizado e/ou adaptado, favorecendo seu ingresso, retorno ou
adequada integração ao seu grupo escolar correspondente, como
parte do direito de atenção integral MEC, SEESP, (2002, pág.13).
Este documento tem como objetivo incentivar a criação do atendimento
pedagógico em ambiente hospitalar e domiciliar.
Cabe à classe hospitalares e ao atendimento pedagógico domiciliar elaborar
estratégias de ensino aprendizagem para que a criança/paciente ao retorno à escola
não apresente grandes lacunas em seu aprendizado.
Segundo Santo e Mugiatti, no Brasil somente na década de 90, foram criadas
leis específicas para a “Classe Hospitalar”, por meio das quais houve um olhar
direcionado a esta necessidade (2009, p. 67). Até então, as classes hospitalares
eram regidas pela Constituição Federal de 1988 e pela LDB 9.394/96, apenas com
base na ideia de que a educação é para todos.
Dentre essas leis específicas podemos citar: o ECA, em especial, o artigo 9,
que trata-se do direito à educação: “Direito de desfrutar de alguma forma de
recreação, programa de educação para a saúde” e a lei dos Direitos das Crianças e
Adolescentes Hospitalizados, através da Resolução n 41 de 13/10/1995. Essas leis
visam a proteger a infância e a juventude, sendo um instrumento de tentar garantir
uma sociedade mais justa.
PERSPECTIVAS E DESAFIOS DA PEDAGOGIA HOSPITALAR NA ATUALIDADE
A
Hospitalização
Escolarizada
consiste
no
atendimento
ao
escolar
hospitalizado de forma específica, considerando o seu problema de saúde e sua
situação de escolaridade. O Atendimento Pedagógico Domiciliar é aquele no qual
são realizados procedimentos pedagógicos na casa do paciente que não necessita
de hospitalização, porém ainda precisa se ausentar da escola por intervenção
médica. A Classe Hospitalar consiste no atendimento conjunto de diversos escolares
que estão tendo acompanhamento no hospital.
Qual o papel do pedagogo Hospitalar?
A função do professor de Classe Hospitalar não é de apenas adquirir
espaços lúdicos com ênfase no lazer pedagógico, para que a criança
esqueça, por alguns momentos, que está doente ou em um hospital.
O professor deve estar no hospital para cooperar com o processo
efetivo de construção da aprendizagem das crianças (CECIM, 1999,
p.43).
O pedagogo irá desenvolver seu trabalho com outros profissionais da saúde,
por isso deverá utilizar competências e habilidades em conjunto com esses
profissionais. Além de que é importante ressaltar a formação como fator primordial
neste processo, o foco deste profissional deverá está voltado para o aprendizado do
aluno/paciente visando sua emancipação humanização do mesmo.
Quando se comenta sobre um ambiente hospitalar infantil logo se imagina a
criança como um paciente frágil que não consegue se defender e não tem condições
de manter seus estudos devido à enfermidade. É necessário modificar essa
mentalidade. De acordo com Amaral e Silva (2007, p.1):
A criação de classes escolares em hospitais é resultado do
reconhecimento
formal
de
que
crianças
hospitalizadas,
independentemente do período de permanência na instituição ou de
outro fator qualquer, têm necessidades educativas e direitos de
cidadania, onde se inclui a escolarização.
Percebe-se claramente que independente do ambiente em que a criança se
encontra, a educação tem sempre o poder de transformar e modificar e possibilitar o
desenvolvimento do aluno. No ambiente hospitalar não é diferente. Assim de acordo
com Fonseca, apesar de limitações que podem decorrer de sua situação médica, a
criança internada têm interesses, desejos e necessidades semelhantes aos de
qualquer jovem saudável. E está provado que o contato com os semelhantes
contribui para o desenvolvimento social dos pequenos enfermos, que ajustam
melhor à vida no hospital. Há casos em que a doença chega até ser esquecida, o
que acelera a recuperação e a reintegração á vida normal (1999).
É de fundamental importância que o pedagogo hospitalar analise a dinâmica
de seu trabalho para que a aprendizagem seja adquirida, considerando os
alunos/pacientes envolvidos.
De acordo com MATOS E MUGIATTI (2009, p.85), é necessário que o
pedagogo hospitalar reflita sobre a sua prática nesse ambiente,
[...] a necessidade da existência de uma práxis e uma técnica
pedagógica nos hospitais, confirma-se a existência de um saber
voltado à criança/adolescente num contexto hospitalar envolvido no
processo ensino-aprendizagem, instaurando-se a um corpo de
conhecimento de apoio que justifica a Pedagogia Hospitalar.
Neste contexto é necessária que o pedagogo, os pais e a sociedade como um
todo mude o conceito de que crianças internadas em hospitais não têm condições
nem deve se preocupar com o processo educativo visto que estão enfermas.
Ao trabalhar em ambiente hospitalar o professor deve compreender a
dinâmica que ocorre no hospital e a rotina que constitui a vida do aluno/paciente, de
modo que possa elaborar uma abordagem adaptada aos interesses, necessidades e
limites do aluno/paciente incluindo-o assim nos conteúdos próprios de cada série
correspondente. Deve ainda ter conhecimento prévio sobre as doenças e condições
de cada aluno/paciente que ficará sobre sua responsabilidade envolvendo
conhecimentos das necessidades clínicas e afetivas que envolvem o aluno, de modo
que consiga adequar e adaptar o ambiente para o desenvolvimento da rotina
educativa.
O pedagogo hospitalar deve ser capaz de trabalhar com a diversidade
humana e com diversas experiências culturais, buscando em sua prática identificar
as necessidades individuais de cada educando propondo assim procedimentos
didáticos pedagógicos necessários ao processo de ensino aprendizagem dos
alunos.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Este trabalho se realizou aproximando as reflexões tomadas a partir de um
referencial teórico já apresentado, por grandes estudiosos da área culminando assim
em pesquisa bibliográfica como também de campo. Quantos aos procedimentos
metodológicos a pesquisa está fundamentada na abordagem teórico-metodológica
da psicologia sócio histórica. Assim esta, denominada por qualitativa utilizou em
seus procedimentos: entrevistas semiestruturadas, questionário com questões
abertas e fechadas e análise documental.
Nossa pesquisa foi realizada no GAAC e envolveu em sua totalidade 04
sujeitos, dentre eles 01 (UM) Coordenador (a), 01 (UM) Diretor (a) 01 (UM)
Pedagogo (a) e 01 (UM) Mãe.
No primeiro momento tínhamos a pretensão de pesquisarmos a visão de 05
(CINCO) pais, no entanto a instituição apesar de se mostrar aberta a nossa proposta
de trabalho disponibilizou para a pesquisa apenas 01 (UMA).
RESULTADOS: A PRÁXIS PEDAGÓGICA EM AMBIENTE HOSPITALAR
Neste
momento
apresentamos
os
resultados
deste
trabalho,
onde
primeiramente trazemos informação a respeito da instituição pesquisada e os seus
respectivos sujeito envolvidos nesta. Pedagoga/Professora, Coordenadora, Mãe.
Esclarecemos ainda que o sujeito denominado como Diretora surge através de
informações coletadas a partir de conversa informal.
Durante a realização deste trabalho percebemos que a maior dificuldade
encontrada no GACC em seus funcionários de maneira geral não diz respeito a
dificuldades financeira, mas sim, o não saber lidar com a perda, com a dor, segundo
relatos coletados, muitos profissionais desistem por abalo emocional, os voluntários
não conseguem prosseguir por muito tempo, sentem-se emocionalmente abalados
quando perdem alguma criança.
É importante ressaltar algumas dificuldades encontradas na realização desta
pesquisa, dentre elas, o acesso as informações e o contato com os sujeitos
pretendidos para realização desta pesquisa.
CONHECENDO UM POUCO O GRUPO DE APOIO A CRIANÇA COM CÂNCER GACC
Foi fundado em Manaus – AM, no dia 23 de Maio de 1999, GACC, sendo uma
sociedade civil sem fins lucrativos, administrado por uma equipe de voluntários e
funcionários, visando o atendimento a crianças e adolescentes com câncer e seus
familiares. O objetivo do Grupo é atender necessidade social das crianças,
adolescentes e seus familiares, oferecendo atendimento psicológico, pedagógico,
educacional, de lazer a todas as crianças em tratamento na FCECON e demais
entidades afins. O Grupo de Apoio tem como finalidade colaborar com a FCECON e
com outras instituições, através de atendimentos sociais, psicológicos e nutricionais
às crianças e adolescentes com câncer.
Atualmente o GACC possui pacientes cadastrados dentre as várias Faixas de
0 a 18 anos. Hoje existem oito pacientes residindo na casa, vindos do interior de
outros estados e até de outros países como Guiana Inglesa. O tempo de tratamento
e de assistência pode chegar até dez anos.
O GACC se divide em dois locais. Um prédio com a parte administrativa e a
outra A Casa Lar. Atualmente o GACC está construindo uma nova casa com sala de
informática, sala de aula, brinquedoteca, sala de música e dança buscando dar
qualidade de vida aos pacientes.
O GACC mantém-se basicamente de doações, onde estas recebidas são
todas documentadas para não haver dúvidas quanto à idoneidade da instituição.
EDUCAÇÃO HOSPITALAR E PRÁTICA PEDAGÓGICA NA CONCEPÇÃO DA
PEDAGOGA
Neste momento o objetivo proposto era conhecer o pensamento, as ideias e
principalmente o trabalho realizado por este profissional na instituição pesquisada.
A princípio questionou-se quanto à formação. Em sua resposta a pedagoga
informou-nos
que
fez
Licenciatura
em
Pedagogia,
Especialização
em
Psicopedagogia e que atualmente está terminando curso de libras e braile.
Tendo em vista a pouca abertura do mercado para o pedagogo em ambiente
não escolar perguntamos:
- Como ocorreu sua inserção profissional no GAAC?
Fiz processo seletivo junto a Secretaria Estadual de Educação e Cultura do Estado
do Amazonas (SEDUC) e Algum tempo depois fui selecionada para atuar no GACC apenas
no período vespertino, pois pela manhã as crianças estão fazendo quimioterapia.
Como
vimos
de
acordo
com
a
fala
da
pedagoga,
apenas
a
professora/pedagoga é remunerada pela SEDUC/AM. Este fato segundo sujeitos
pesquisados é uma das ações de contrapartida realizada pelo governo do Estado
Amazonas.
Quanto à atuação deste profissional fora do âmbito escolar, assim
perguntamos:
- De que maneira você analisa a atuação do Pedagogo Hospitalar?
Há uma grande diferença, tenho que trabalhar o meu emocional, olhar a criança sem
pena, trabalhar a autoestima e a confiança da criança em si mesma, fazendo com que a
criança não se sinta excluída da sociedade, auxiliar o aluno para que o mesmo não se sinta
atrasado e perdido em seu regresso a escola formal. Incluir a questão ética profissional, o
aluno me ver como referencial.
Aqui é demonstrado uma das principais dificuldades encontradas pelos
profissionais do GAAC, incluindo os voluntários. Como vimos na fala da pedagoga é
importante ser trabalhado o emocional e a preparação destes profissionais para
enfrentar essa barreira que faz parte de sua rotina de trabalho como também este
ser capaz de orientar o ensino e aprendizado do aluno/paciente ao retornar a escola.
Com o propósito de identificar uma visão crítica a cerca das políticas públicas
direcionadas ao atendimento educacional hospitalar questionamos:
- Em sua visão o governo de forma geral tem apoiado a inserção do pedagogo em
ambientes fora da escola?
Sim, através da SEDUC não existe só no GACC, mas também em outros setores,
tenho um amigo que trabalha no Dagmar Feitosa, tem treinamento, formação continuada. A
SEDUC colabora através dessa parceria, tudo que eu preciso a SEDUC fornece.
Frente à resposta dada pela pedagoga, constatamos que a mesma trás em
sua concepção uma visão ingênua quanto ao que chamamos de apoio. Em sua fala
percebemos um sentimento de gratidão, uma visão mecanicista de formação. Para a
pedagoga o fato da secretaria de educação local disponibilizar a professora (isto
inclui o pagamento) é suficiente, ou muito importante.
Matos e Mugiatti vêm contribuir com esta visão,
Infelizmente, neste país, a criança e o adolescente hospitalizados, em
fase escolar, sofrem ainda o pejo da alienação. Alienação na escola,
pois “esta não foi feita para doentes...” Talvés até alguém conteste
que o seu lugar é o hospital. E sua escolarização? ( 2009, p. 163).
Na verdade o que se vê na prática é um serviço que é ofertado, uma
contrapartida que não é suficiente. É notória ainda a escassez desses profissionais
em hospitais na cidade de Manaus. O que encontramos foi uma realidade de alguns
hospitais com brinquedoteca, espaço lúdico, até mesmo educativo, porém o
profissional que encontramos lá não era o Pedagogo.
Ainda questionamos sobre sua visão quanto à relevância de seu trabalho
no GAAC.
É muito importante para os alunos/pacientes, pois dou apoio pedagógico, o que é
fundamental para a continuidade do processo de ensino aprendizagem dos alunos, assim
eles não perdem o conteúdo, e podem continuar seus estudos ao retornar para seus lares.
É claro a visão que este profissional tem sobre seu trabalho, a importância,
relevância social e principalmente educacional para as crianças que se encontram
no GAAC. Como veremos este pensamento é compartilhado por demais sujeitos
desta pesquisa.
Para finalizar este momento da pesquisa solicitamos que a profissional
explicasse como ocorre sua práxis pedagógica no GAAC. Em sua fala esta
respondeu que
Trabalho de forma diversificada, os conteúdo são programados, tenho um histórico
de cada criança, a aula é feita em conjunto, mas respeitando a individualidade de cada
aluno, sua série, e, sobretudo, respeitando as limitações de cada aluno/paciente. Cada dia é
um novo desafio.
Na fala do sujeito é perceptível a sensibilidade em sua práxis pedagógica, o
pedagogo hospitalar necessita conhecer o quadro clínico de seus alunos/pacientes
para melhor trabalhar e orientar os processos educativos desenvolvidos na
instituição. Segundo o sujeito são elaborados planos de aula para cada série de
acordo com a faixa etária do aluno paciente. As avaliações ocorrem no GAAC em
seguida é encaminhado um relatório contendo os resultados das avaliações para
que o aluno posteriormente continue avançando em seus estudos.
EDUCAÇÃO
HOSPITALAR
E
PRÁTICA
PEDAGÓGICA
NA
VISÃO
DA
COORDENADORA
Dando prosseguimento aos resultados desta pesquisa direcionamos os
trabalhos agora a coordenação do GACC.
Inicialmente consideramos pertinente indagarmos sobre O que é o GAAC e
qual sua missão?
Temos a consciência de que o mesmo é um grupo de apoio sem fins econômicos,
administrado por uma equipe de voluntários e funcionários para combater o câncer Infanto
juvenil possuindo já 13 anos de luta. A missão do GACC é garantir a criança e ao
adolescente dentro do mais avançado padrão científico o direito de alcançar as chances de
cura com qualidade de vida, nisto incluso o apoio educacional, respeitando-se o direito que
a criança e o adolescente tem no que tange a educação.
É clara a missão do GACC, segundo a coordenadora, este visa o atendimento
com qualidade de vida a criança hospitalizada, buscando trabalhar todos os
aspectos necessários ao desenvolvimento, inclusive o aspecto cognitivo do
aluno/paciente.
De acordo com Fontes (2004, p.7),
[...] a abordagem pedagógica pode ser entendida como instrumento
de suavização dos efeitos traumáticos da internação hospitalar e do
impacto causado pelo distanciamento da criança de sua rotina,
principalmente no que se refere ao afastamento escolar. O período de
hospitalização é transformado, então, num tempo de aprendizagem,
de construção de conhecimento e aquisição de novos significados,
não sendo preenchido apenas pelo sofrimento e o vazio do não
desenvolvimento afetivo, psíquico e social.
Ficou claro que o GACC acredita que o tratamento de câncer Infanto juvenil
pode ser minimizado desde que o hospital possa oferecer além do medicamento,
carinho, humildade, solidariedade e apoio extra-hospitalar.
Quanto ao atendimento perguntamos:
- Qual o público atendido pelo GAAC e de que maneira é feita a seleção das
crianças e adolescentes atendidas?
O público alvo atendido pelo GACC são as crianças vindas do interior com câncer e
seus familiares, mais as crianças com câncer da capital bem como seus familiares.
Atualmente o grupo atende 346 pacientes. A seleção de crianças e adolescentes atendidos
pelo grupo é realizada através de oncologistas e pediatras que encaminham a assistente
social que verifica a necessidade de acompanhamento por parte da criança e direciona para
o GACC. O grupo atende crianças oriundas do Amazonas, Pará, Roraima e também dos
países: Guina Inglesa e Venezuela.
Como vimos na fala do sujeito a FCECON ao diagnosticar crianças com
câncer direciona estas ao Grupo – através de avaliação feita por um assistente
social e psicólogo do GAAC - e este por sua vez realiza triagem a fim de identificar
as crianças que necessitarão habitar no lar e as demais que receberão atendimento.
- Quais os serviços de apoio que a instituição oferece e quais profissionais
envolvidos na prática?
O grupo é formado por duas psicólogos sendo que uma atua junto ao FCECON- e a
outra junto ao GACC elaborando projetos e duas assistentes sociais, onde uma trabalha
com as visitas domiciliares e projetos sociais e a outra com a parte burocrática e visitas ao
hospital. Também contamos com uma nutricionista e acompanha também nas visitas
domiciliares.
É de suma importância esta equipe de trabalho, pois busca atender a criança
e o adolescente em todas as suas necessidades, minimizando assim seu período de
permanência hospitalar. A doença e a dor são os fatores condicionantes do stress
mais universais para as crianças, pois todas elas passam por inúmeras situações
dessa natureza. “A hospitalização pode ter efeitos diferenciados dependendo da
idade, da causa da hospitalização, da eficiência dos profissionais envolvidos e
também da maneira com que os pais a gerenciam” (2000, p.22).
A criança/paciente está em fase de desenvolvimento, e deve manter uma
rotina o mais normal possível para que suas reações psicológicas sejam
minimamente afetadas.
No decorrer da entrevista nos foi informado sobre existência de alguns
projetos e a necessidade de criação de novos para atender as necessidades dos
pacientes e da família. Neste contexto perguntamos: Qual a relevância social do
GAAC para a comunidade local?
Existe a necessidade de criação de projetos para atender as necessidades dos
pacientes e da família, projetos esses que educam e melhoram a qualidade de vida. O
GACC ainda divulga os trabalhos de artesanato realizados pelos pacientes e familiares
através de feiras promovidas o qual promove a geração de renda.
Na fala da coordenadora percebemos que a relevância social do grupo está
em contribuir com a qualidade de vida da criança e família, para isto trabalha a
criação de projetos. Neste contexto os pais precisam também de apoio, pois se
vêem perdidos com relação à doença ou muitas vezes não tem condições de
cuidarem e manterem as crianças enfermas devido às dificuldades de informações e
financeiras.
- Como você vê a atuação do Pedagogo em Ambiente hospitalar, considera
necessário?
É de suma importância o trabalho pedagógico junto às crianças e adolescentes do
GACC, pois as auxiliam em seu desenvolvimento cognitivo, intelectual e motor das crianças,
ajudando assim a minimizar o tratamento. Quando a criança desvia o foco da doença ela se
sente melhor e estimulada.
Percebe-se claramente que a criança/paciente age normalmente, não são
diferentes no desenvolvimento cognitivo pelo fato de estarem enfermas. Na
realidade o acompanhamento pedagógico se desenvolve permitindo uma situação
normalizadora no cotidiano do aluno/paciente.
Segundo Fonseca,
Também vemos a peculiaridade da educação no ambiente hospitalar
como sendo a de assegurar a manutenção dos vínculos escolares, de
devolver a criança para a sua escola de origem com a certeza de que
poderá reintegrar-se ao currículo e aos colegas sem prejuízos pelo
afastamento temporário ou, ainda, de demonstrar, na prática, que o
lugar da criança (mesmo com uma doença crônica, ou sobre
tratamento de saúde, ou em uso de suporte terapêutico) é na escola,
aprendendo e compondo experiências educacionais mediadas pelo
mesmo professor que as demais crianças (2003, p. 08).
Assim percebe-se claramente a importância da permanência do pedagogo em
ambiente hospitalar, com isto o aluno/paciente não se sente excluído da sociedade,
mas participante.
Questionada sobre o apoio que o governo tem dado à inserção do
pedagogo em ambientes hospitalar?
Existe o apoio que a SEDUC – Secretaria de educação e Cultura está fornecendo, a
mesma está apoiando com o auxilio de uma professora. O problema é não vê a importância
do professor dentro do hospital, ainda faz falta, pois é por um período de tratamento depois
volta para o convívio social normalmente então precisa de acompanhamento. O governo
deveria apoiar, mas não apenas fornecendo os profissionais mais nas outras necessidades
como material pedagógico, caderno, livros, computadores, para montar uma tele sala para
os alunos do ensino médio, pois facilitaria construindo um Pólo para a aprendizagem. Hoje
já vamos com projetos prontos atrás de profissionais, pois não gostam de investir por
acharem que não vale a pena investir nas crianças com câncer. A preocupação deve ser
independente do tempo de vida, o que importa é a qualidade de vida para a
criança/paciente.
A compreensão da importância do acompanhamento pedagógico no período
da internação é compartilhada por este, pois a criança/paciente ao retornar em seu
convívio social não se sente prejudicado no aspecto escolar.
Segundo Amaral e Silva (2008, p.01),
A despeito da justiça social dessa iniciativa, verificamos que, em
nosso país, a escolarização de crianças e adolescentes
hospitalizados não tem merecido atenção suficiente, por parte do
poder público, seja em nível municipal, estadual ou federal. Na
verdade, a ampliação dessa modalidade de educação ainda é
incipiente em nosso país.
Compreende-se que o governo deve direcionar ações ao aluno/paciente, visto
que isso só contribuirá para diminuir a permanência do mesmo no hospital,
diminuindo assim com o índice de evasão escolar.
EDUCAÇÃO HOSPITALAR E PRÁTICA PEDAGÓGICA NA VISÃO DOS PAIS
Neste segundo momento, damos continuidade a nossa pesquisa, agora
direcionando o foco aos pais. Em conversa com a mãe, a partir da pergunta: De que
maneira ouve a inserção de filho no GACC? A mesma nos informa que:
Por não ser do Estado do Amazonas e sim do Pará, vim fazer o tratamento de minha
filha que está com câncer - de sarcoma de Huine -, na Fundação CECON. Lá conheci o
GACC. Minha filha queria muito estudar, sempre me pediu para que eu a colocasse em uma
escola, por este motivo eu fui ao GACC, pois sabia que nele ela poderia continuar seus
estudos e não ficaria atrasada no seu ano letivo.
É importante salientar que a criança hospitalizada deve ser auxiliada em
todos os aspectos quer sejam emocionais, afetivo e principalmente familiar. Em seus
estudos, Mugiatti, “Tratando-se dos familiares, as relações se referem ao incentivo, á
participação, ao dispêndio dos melhores cuidados à criança e ao adolescente
hospitalizado”. (2009, p.124).
Continuando com os trabalhos perguntamos sobre seus afazeres no cotidiano
do GACC. Respondeu-nos:
Eu não fico parada, ajudamos nas tarefas do dia a dia, e eu irei fazer o curso de
corte e costura, aqui no GACC, nós não ficamos apenas cuidando de nossas crianças, ele
oferece cursos para podermos ganhar uma renda a mais.
É interessante a importância que o GACC trabalha em prol da família da
criança/paciente, seja emocional, afetivo e financeiro é transformar a situação
familiar em todos os aspectos. Outra pergunta que não poderia deixar de ser
mencionada: Você acha que seu filho se sente melhor, se relaciona melhor com
os outros a partir deste trabalho realizado no GAAC? Por quê?
Respondeu-nos:
Sim, minha filha gosta muito de ficar aqui, o GACC nos trata muito bem, aqui minha
filha fica com outras crianças, brinca, estuda, ela melhorou muito quando viemos para cá,
até com sua alimentação, pois quando ela fica com as crianças a alimentação é mais
divertida.
Segundo estudos de Vygostky (1998, p.177):
[...] embora as crianças dependam de cuidado prolongado, elas
participam ativamente do próprio aprendizado nos contextos da
família e da comunidade.
Vygotsky em seus estudos nos mostra que as crianças dependem de cuidado
prolongado quer sejam sadias ou não. Elas participam do próprio aprendizado, que
ocorre entre família e comunidade. Com isto se faz necessário salientar que a
socialização e interação da criança/paciente é primordial, pois trabalhar a mesma
neste ponto de vista favorece para o seu desenvolvimento e por consequência o
processo de ensino aprendizagem.
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