50º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 50º Congresso Brasileiro de Genética • 7 a 10 de setembro de 2004 Costão do Santinho • Florianópolis • Santa Catarina • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 85-89109-04-6 [email protected] Palavras-chave: Introdução de espécies, Cichla, hibridação Oliveira1, AV; Bignotto1, TS; Prioli1, AJ; Prioli1, SMAP; Prioli1, LM; Júlio Jr1, HF; Agostinho2, CS 1 Departamento de Biologia/Biologia Celular e Genética/Nupelia, Universidade Estadual de Maringá. 2Fundação Universidade do Tocantins. Relações genéticas e evidências de hibridação entre populações do gênero Cichla (tucunaré) introduzidas na bacia do rio Paraná A transferência de espécies de peixes para regiões fora de suas áreas nativas tem se tornado comum, principalmente na região Neotropical. No Brasil, além de espécies oriundas de outros continentes, a partir da década de 40 iniciaram-se translocações de peixes da bacia amazônica para o nordeste. Em seguida, programas de repovoamento de reservatórios promoveram a introdução de espécies de peixes nas regiões sul e sudeste. Cichla (tucunaré) foi um dos gêneros da amazônia introduzidos na bacia do rio Paraná onde, em 1986, foi identificada a espécie C. monoculus. Ainda hoje há dúvidas em relação à sistemática e origem desse gênero na bacia do Paraná, onde morfotipos diferentes já foram encontrados. É possível que as populações sejam constituídas por espécies distintas e que estejam ocorrendo cruzamentos entre elas. Indícios de hibridação entre espécies de Cichla têm sido reportados em áreas nativas. No presente trabalho foram realizados estudos de caracterização taxonômica, estruturação genética e possíveis eventos de hibridação entre populações de Cichla introduzidas, comparativamente com populações de áreas nativas. Marcadores RAPD foram utilizados em análises de 134 espécimes de oito populações, coletados em vários pontos da bacia do rio Paraná e da bacia amazônica. Foram analisados 83 locos amplificados com 8 primers RAPD. Marcadores monomórficos exclusivos foram obtidos para diferentes populações. Os dados sugerem a existência de duas espécies na bacia do rio Paraná (Cichla monoculus e Cichla sp.). Baixa percentagem de locos polimórficos (<15%) evidenciou baixa variabilidade genética intrapopulacional, exceto na planície de inundação do alto rio Paraná e no reservatório da usina hidrelétrica de Itaipu. Nessas duas localidades, foram observados locos polimórficos em alta freqüência (42,17%), alto índice de diversidade de Shannon (0,1685), alelos de ambas espécies e altos valores de fluxo gênico (Nm = 1,0668), o que geralmente se observa em populações híbridas. A representação gráfica da análise em coordenadas principais separou os espécimes analisados em quatro grupos distintos: C. temensis (bacia amazônica), C. monoculus (bacia amazônica, rio Paranapanema e rio Paraná), Cichla sp. (bacia amazônica, rio Paraná e rio Tietê) e híbridos resultantes de cruzamentos interespecíficos. Provavelmente as espécies C. monoculus e Cichla sp. foram introduzidas concomitantemente na bacia do rio Paraná, onde poderia ter ocorrido hibridação. Além disso, existe a possibilidade de que também tenha ocorrido introdução de indivíduos híbridos nesta bacia hidrográfica. Introdução de espécies pode causar rompimento de mecanismos de isolamento propiciando hibridação. A alta similaridade de macroestrutura cariotípica, existente entre as espécies aqui estudadas, poderia contribuir para eventos de hibridação. Com a hibridização introgressiva, existe a possibilidade da homogeneização genética se acentuar até que as pequenas populações de C. monoculus e Cichla sp. sejam substituídas por grandes populações híbridas mais homogêneas. Apoio financeiro: PELD-CNPq e Nupelia. 200