MERCADO DE TRABALHO: taxa de desocupação - Uni

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MERCADO DE TRABALHO: taxa de desocupação entre jovens
de 15 A 29 anos na Região Metropolitana de São Paulo
Cecille Torres Bertholdi (Uni-FACEF)
Orientador: Hélio Braga Filho (Uni-FACEF)
1.
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Durante a década 80, após os dois choques sucessivos do petróleo e
a crise monetária internacional, influenciando o Brasil, que vinha passando por
um período de aumento na sua divida externa, a adotar medidas que protegiam
as empresas brasileiras da concorrência internacional, como: a elevação de
tarifas de importação, políticas de desvalorização cambial, lei da similaridade
nacional e a lei de reserva de marcado. Tais medidas trouxeram ao país um
baixo índice de desenvolvimento tecnológico, limitando sua competitividade no
mercado internacional. Afetando, desta forma o mercado de trabalho que não
dispunham de mão-de-obra qualificada, prontas para trabalharem com
tecnologias de ponta.
A partir deste contexto, observa-se a necessidade de investir em
educação, para que assim gerem profissionais devidamente qualificados, e em
P&D (Pesquisa e Desenvolvimento) para que o país se torne menos
dependente de importação de tecnologia.
Ademais, no inicio dos anos 90, com o Governo Collor, tivemos um
processo de abertura da economia que induziu por sua vez o setor produtivo
notadamente a indústria de transformação a promover um radical ajuste de viés
microeconômico que protagonizado pelo processo de reestruturação produtiva,
acabou gerando impactos na produção e no emprego em escala nacional. A
Região Metropolitana de São Paulo (RMSP), por ser um grande centro
industrial, acabou sofrendo maiores choques, principalmente em sua
reestruturação tecnológica. E a partir da década de 90, sob o Governo FHC, a
RMSP passou a vivenciar uma conjuntura ainda mais perversa com a abertura
econômica e a globalização.
132
2.
ECONOMIA BRASILEIRA EM PERSPECTIVA
Em 1971 a 1830, com a Primeira Revolução Industrial, quando o Brasil
começou a introduzir-se e a consolidar-se no mercado têxtil, veio logo em
seguida, a Segunda Revolução Industrial (1870-90) com o aço, a química, a
eletricidade e novos bens de capital, o petróleo e o motor a combustão. Onde
tivemos que nos reestruturar e nos inserir nesta nova realidade de mercado,
sem ao menos termos nos fixado totalmente no mercado têxtil.
No entanto, somente a partir dos anos 50 e fins da década de 70 as
indústrias brasileiras, começaram a se introduzir no contexto da Segunda
Revolução Industrial, caracterizando-se em metalmecânicas e químicos,
passando a ter um aumento significativo no mercado externo. Este segmento
industriário se tornava crescente no país devido a essas atividades estarem de
acordo com o padrão de qualidade internacional vigente no desenvolvimento
industrial, e pela concorrência que a estrutura brasileira apresentava em
relação a esse padrão.
O dinamismo da produção e do investimento impulsionaram a
produtividade da indústria, que crescia de forma sustentada. No
período de 1975-80, por exemplo, a produtividade (produção por
pessoa ocupada ou hora trabalhada) cresceu entre 3% e 3,55 ao
ano segundo dados da FIESP para a industria paulista.
Essa estrutura foi constituída ao amparo de políticas que sucessiva
e acumulativamente proporcionaram níveis elevados de proteção –
generalizada e permanente – à industria no mercado interno,
subsídios fiscais e creditícios à formação de capital industria, e
incentivos-subsídios à exportação de produtos industrializados.
(SUZIGAN, p.89)
Como conseqüência, principalmente no nível de empresas, a partir dos
anos 80 o Brasil apresentava graus elevados de integração intersetorial e de
diversificação da produção. Porem, essas medidas também trouxeram ao país
um baixo índice de desenvolvimento tecnológico, limitando sua competitividade
no mercado internacional. Que ficou caracterizado como um país de
exportações de bens em recursos naturais, energia e mão-de-obra barata e
importações de bens em tecnologia, como maquinas, equipamentos e produtos
químicos.
E mais uma vez, quando o Brasil conseguia se solidificar no contexto
da Segunda Revolução Industrial, foi atropelado com o surgimento da Terceira
133
Revolução Industrial e suas novas formas de produção voltada para
tecnologias de ponta e novas formas de gerenciamento.
Levamos cem anos, de 1830 a 1930, para imitar a inovação
fundamental da Primeira Revolução Industrial, o setor têxtil. E
noventa anos, de 1890 a 1980, para copiar os avanços da
Segunda Revolução Industrial. Quando tudo dava a impressão de
estarmos prestes a entrar no Primeiro Mundo, eclodiu a Terceira
Revolução Industrial. (MELLO, p. 59)
E
assim, sobre as conseqüências da Terceira Revolução Industrial,
principalmente no emprego, SINGER diz que:
É praticamente impossível separar os efeitos da Terceira
Revolução Industrial de outras mudanças concomitantes que vêm
ocorrendo nos diferentes países. O que dá para admitir com
razoável segurança é que ela afeta profundamente os processos
de trabalho e, com toda certeza, expulsa do emprego milhões de
pessoas que cumprem tarefas rotineiras, que exigem um repertorio
limitado de conhecimentos e, sobretudo, nenhuma necessidade de
improvisar em face de situações imprevistas. É neste tipo de
tarefas que o cérebro eletrônico se mostra superior ao humano,
tanto em termos de eficiência quanto de custos. Ao mesmo tempo,
as aplicações da microeletrônica criam novos postos de trabalho,
provavelmente em menor numero, dos quais uma parte requer
qualificação elevada (programadores, por exemplo) e outra requer
apenas pratica (digitadores, por exemplo). (1999, p.18 – 19).
A Terceira Revolução Industrial afetou o mercado de trabalho em
diversos países, porem em níveis diferentes, mas com maior agressividade nos
países em processo de industrialização, como o Brasil, que não dispunham de
mão-de-obra qualificada, prontas para trabalharem com tecnologias de ponta. A
partir neste contexto, observa-se a necessidade em investir em educação, para
que assim gerem profissionais devidamente qualificados, e em P&D para que o
país se torne menos dependente de importação de tecnologia. Mesmo porque,
por mais que se importe, vamos estar sempre atrasados e defasados, pois
quando este novo equipamento se instalar no mercado, outros já irão ser
fabricados, tornando o nosso produto ultrapassado.
Ademais, enquanto nos estávamos planejando um meio de nos
inserirmos na nova realidade mundial de mercado, as principais economias
centrais investiam pesado em inovação tecnológica, caracterizando um novo
padrão de desenvolvimento industrial, com base na microeletrônica.
A aplicação da microeletrônica a um conjunto de produtos e serviços
agrupou indústrias, setores e segmentos, formando um complexo
eletrônico intra-articulado pela tecnologia da informação. O complexo
eletrônico já ganhou um enorme peso e tende a aumentar sua
participação no valor agregado, no emprego e na formação da renda.
Ademais, a progressiva penetração esta levando à sua fusão como
134
complexo eletrônico. É desse complexo eletrônico-mecatrônico que
vem e virá o dinamismo das economias desenvolvidas. (BRAGA,
Filho apud MELLO, p.71).
Tenha visto que, se o Brasil tivesse investido em novas tecnologias e
acompanhado a tendência das principais economias capitalistas e se
introduzido
a
essas
mudanças
tecnológicas
e
de
gerenciamento,
provavelmente ele teria sido capaz de impulsionar o crescimento da
produtividade e do emprego, gerando mudanças na política industrial,
tecnológica e de formação de recursos humanos, desde a educação básica ate
a especializada.
TABELA 3: Indicadores de Gastos em Pesquisa e Desenvolvimento: Brasil
e grupos de países (meados dos anos 80)
Gastos com P&D
Brasil
América
Latina
0,6
12,0
100,0
78,8
10,5
10,7
-
Países
Mediterrâneos
0,9
24,0
100,0
46,4
49,5
4,1
-
Países
Asiáticos
1,3
18,05
100,0
35,6
61,4
3,0
-
G7
Com % do PIB
0,7
2,7
Por habitante
13,7
346,0
Por origem de recursos (%)
100,0
100,0
- setor publico
92,0
43,1
- setor privado
8,0
52,5
- outras fontes
4,4
Por setor de aplicação dos
100,0
100,0
recursos (%)
- industria
45,0
89,0
- outros setores
55,0
11,0
Fonte: SUZIGAN, p.100 apud Brasil – estimativas a partir de dados preliminares da
Secretaria de Ciência e Tecnologia da Presidência da Republica. Refere-se ao total
de gastos em C&T. Outros países – CEPAL (1990, p. 66) e FAJNZYLBER (1989,
pp.38-9).
Observa-se que os gastos em % do PIB do Brasil com P&D
corresponde à metade dos países asiáticos e a um quarto do G7. Os gastos
por habitante no Brasil correspondem a cerca de 4% do grupo do G7. E a
pequena participação do setor privado do Brasil e da América Latina em
relação aos outros grupos, em destaque para os asiáticos.
Esta tendência mundial a globalização afetam o Brasil de forma
desfavorável, que segundo COUTINHO, p.69 as razões são:
a) a “crise da divida” marginalizou o país do mercado financeiro
internacional, segregando a economia brasileira da globalização
financeira ate o inicio dos anos 90;
135
b) a desorganização das finanças publicas decorrente da “crise da
divida” minou a capacidade ordenadora do Estado abrindo caminho
para uma violenta instabilidade inflacionaria, o que afastou os
investimentos externos de risco;
c) a perda de dinamismo da economia brasileira, com estagnação
dos investimentos, associada a condições crescentes difíceis de
acesso das exportações brasileiras aos mercados dos países
desenvolvidos, conduziu a uma defasagem na absorção das
transformações tecnológicas e organizacionais e a uma perda de
posição do país no comercio internacional;
d) a
intensificação
das
fricções
comerciais,
com
crescente
integração da economia mundial e exercício cada vez mais
agressivo de pressões unilaterais (EUA), reduziu os graus de
liberdade das políticas nacionais de desenvolvimento. O Brasil foi
alvo de crescentes restrições e constrangimentos na segunda
metade dos anos 80.
Devido a estes acontecimentos o Brasil, desprovido de recursos
financeiros, se encontra despreparado para ingressar na nova tendência
mundial, a globalização, que foi impulsionada pela crescente mudança
tecnológica nos anos 80 baseada na microeletrônica e a diluição de fronteiras
mundiais integrando mercados financeiros e de capitais, encaminhando o
mundo a uma tendência, denominado por COUTINHO, p. 68, de globalização
das finanças.
GRÁFICO 1: Brasil: Formação bruta de capital fixo e o Produto interno
bruto (PIB) - variação real (% a.a.).
136
FONTE: IPEADATA, 2009
Verifica-se a partir de 1977 o capital fixo e o PIB começam sofrer fortes
quedas, que em 1978 voltam a se recuperam, e em 1980 chegam a cifras de
13,46% do capital fixo e a 9,20% do PIB, porem em 1981, quando a crise da
divida começa e se expandir no Brasil, o capital fixo e o PIB sofrem drástica
queda, fechando o ano em -12,5% e -4,25%.
Com essas mudanças no cenário mundial, nos começamos a entrar
em uma fase de recessão, principalmente no setor industriário, com redução de
6,4% entre 1980 e 1990, o que ocasionou na queda dos níveis de emprego e
de produção, na estagnação da produção industrial, na diminuição dos
investimentos, e na limitação em investimentos de inovação, importante para a
retomada do crescimento.
TABELA 4: São Paulo, Indústria de Transformação Indicadores do Nível de
Atividades (INA), Emprego e Horas Trabalhadas, 1980-90.
INA
1980
1981
1982
1983
1984
1985
1986
1987
1988
1989
1990
100,0
91,5
92,
87,4
98,4
108,1
123,9
113,4
112,9
114,7
101,9
FONTE: SUZIGAN, p.94
EMPREGO
100,0
93,1
88,5
81,6
81,5
88,4
97,2
99,3
97,3
100,4
98,4
HORAS
THABALHO
100,0
87,7
82,5
74,2
77,2
87,9
98,2
98,6
97,0
94,7
88,1
INA/
EMPREGO
100,0
98,3
103,9
107,0
120,8
122,3
127,5
114,3
116,0
114,3
103,6
INA/
HORAS
100,0
104,3
111,5
117,7
127,4
122,9
126,1
115,0
116,3
121,0
115,7
137
Diante deste cenário, o governo se viu obrigado a adotar medidas que
facilitassem a abertura comercial do país para o mercado internacional, tais
como, eliminação de barreias tarifarias e não-tarifarias, incentivos-subsídios,
compressão de salários e desvalorização cambiais periódicas, tornado-se uma
saída para a crise do mercado interno, e visando gerar saldos comerciais para
o pagamento da divida externa. Tendo como protagonistas de suas
exportações os produtos com segmentos em complexos metalmecânico,
químico-petroquimico e celulose.
Marcando assim a abertura dos mercados nacionais à competição
externa e ao capital estrangeiro, a inserção do Brasil a globalização, impondo
uma reestruturação no país e transformando o mercado de trabalho interno.
Os marxistas conjecturam uma economia de mercado na qual a
competição seria limitada por acordos extra-mercado de modo a
garantir que todos tenham uma chance justa de integrar a
economia através de emprego, de contrato, de associação ou
como operadores autônomos. A integração social e econômica
exige (assim argumentaria um marxista) uma justa partilha do
trabalho existente. Tal partilha do trabalho teria de ser reavaliada
sempre que surgissem novos produtos de consumo e /ou
processos produtivos. Negociações entre produtores e
consumidores criariam condições para garantir que a que a
competição estimulasse o processo tecnológico e a plena
utilização dos recursos naturais e humanos. Porém, se os
indivíduos devem ter a liberdade de escolher entre a ocupação e a
inatividade e, como consumidores, devem ter o direito de escolher
de quem comprar entre vários fornecedores, é logicamente
impossível garantir a cada um emprego ou uma parte do mercado.
Alguma desocupação involuntária parece portanto inevitável.
(SINGER, p.75)
Com a globalização, as grandes multinacionais do cenário mundial
começaram se inserir dentro dos mercados de países em desenvolvimento,
onde a mão-de-obra é barata e são quase isentas de direitos sociais e
políticos, agravando assim o desemprego e a exclusão social.
GRÁFICO 2: Brasil: Evolução da População Economicamente Ativa
Ocupada, 1970/85.
138
70
60
50
40
30
20
10
0
1940
1950
1960
1970
Primário
1980
Secundário
1991
1995
Terciário
FONTE: POCHMANN, p. 71, apud FIBGE, Censos Demográficos e PNDAD.
Em 1970 a atividade no setor primário começa a declinar, chegando a
22 em 1995. Na década de 80 o setor terciário dispara alcançando seu ponto
mais alto em 1995 com 58. Segundo POCHMANN, p.71, de cada dez
ocupações existentes, seis são de responsabilidade do setor primário,
enquanto em 1980 quatro eram do setor terciário, três do secundário e três do
setor primário. Isto demonstra que decorrente de mudanças no mercado de
trabalho sob influencia da crise da divida, trabalhadores começaram a buscar
formas alternativas de trabalho.
TABELA 5: Brasil: Evolução da População Economicamente Ativa, da
condição de ocupação e do desemprego, 1940/80
Itens
População
PEA
total
Empregador
Conta Própria
Sem remuneração
Assalariado
Com registro
Sem registro
Desempregado
Taxa
de
subutilização*
1940
1980
41.165,3
15.751,0
100,0%
2,3%
29,8%
19,6%
42,0%
12,1%
29,9%
6,3%
119.002,0
43.235,7
100,0%
3,1%
22,1%
9,2%
62,8%
49,2%
13,6%
2,8%
55,7%
34,1%
Variação
absoluta
anual**
1.945,9
Variação
relativa
anual
2,69%
687,1
24,4
121,5
22,3
513,4
484,2
29,3
5,5
2,56%
3,32%
1,79%
0,63%
3,59%
6,22%
0,56%
0,50%
149,3
1,13%
139
FONTE: POCHMANN, p. 68 apud FIBGE, Censos Demográficos e
Estatísticos Históricos do Brasil, MTb.
* Conta própria, sem remuneração, desemprego.
** Em mil.
Diferente do que ocorreu nas décadas de 40 e 70, onde o mercado de
trabalho apresentava sinais de expansão dos empregos assalariados com
registro em carteira e a redução dos trabalhadores sem registro, a década de
80 e 90 foi marcada pelo crescimento do setor informal, pelo aumento do
desemprego, onde as ocupações geradas eram precárias e pelo aumento de
ocupações sem registro.
Ademais a globalização não necessariamente diminui os postos de
trabalho, pois quando um país abre sua economia ao comercio internacional,
ele aumenta suas exportações e importações, gerando assim novos postos de
trabalho. O aumento das exportações geram novos empregos e o acréscimo de
importações os elimina. Ocasionando o que SINGER, p.23, denomina de
“desemprego estrutural”.
Desta
maneira,
o
desemprego
estrutural,
só
não
atinge
os
trabalhadores que se organizaram, e se especializaram, conseguindo assim ter
uma boa remuneração, se sindicalizaram, etc, em outras palavras, SINGER,
p.23 apud MATOSSO (1993) denomina de segurança no trabalho.
3. CENÁRIO DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA
Em 1994, havia no Brasil aproximadamente 30 milhões de analfabetos,
2/5 das pessoas com 10 anos ou mais não alcançavam o quarto ano de
escolaridade. Entre a população com idade entre 10 e17 anos, 3/5 estudavam,
13% trabalhavam e estudavam, e 16% abandonaram os estudos e estavam
apenas trabalhando.
Comparado com o cenário dos países desenvolvidos, a situação
brasileira era gritante, pois enquanto no Brasil 2/5 das pessoas não
alcançavam o quarto ano escolar, nestes países em 1970, a população adulta
140
cumpria 10 anos de escolaridade. Permitindo assim que o governo voltasse
suas intenções ao aprimoramento na formação de cientistas.
Porem se comparada à situação do Brasil com outros países em
desenvolvimento, o quadro se mostra assustador.
TABELA 8: Países em Desenvolvimento Selecionados – Analfabetismo e
Nível de Ensino – 1970 -1990
a) Analfabetismo (%)
País
Brasil
Argentina
México
Chile
Uruguai
Paraguai
1970
33,8
7,4
25,8
11,0
6,1
19,9
1980
25,5
6,1
16,0
8,9
15,3
12,3
1990
18,9
4,7
12,4
6,6
11,9
9,9
1970
78,7
113,6
105,5
104,8
112,1
104,9
1980
98,9
111,4
120,9
112,7
107,0
103,7
1988/1991
108,0
111,6
115,3
99,4
107,5
109,5
1970
15,7
44,6
22,0
37,9
60,9
15,3
1980
33,6
56,0
48,6
61,5
58,9
29,6
1988/1991
39,0
68,8
49,5
74,0
83,9
30,7
b) Primeiro Grau
Idade
7-14
6-12
6-12
6-13
6-11
7-12
c) Segundo Grau
Idade
15-17
13-17
12-17
14-17
12-17
13-18
d) Terceiro Grau
Idade
15-17
13-17
12-17
14-17
12-17
13-18
FONTE: COUTINHO, p.111
Caribe, 1992.
1970
1980
1988/1991
5,1
11,9
11,2
14,9
21,6
40,8
5,8
14,9
13,1
9,7
10,8
18,8
10,0
17,3
50,4
4,4
7,4
4,8
apud CEPAL – ONU, Anuário Estatístico de América Latina e
141
Nota-se que, muito embora o Brasil tivesse reduzido seu grau de
analfabetismo para mais de 40%, onde em 1970 era de 33,8% e em 1990
passou a ser de 18,9%, passando longe das cifras apresentadas por países
como a Argentina que demonstravam números muitos inferiores, onde em 1970
era de 7,4% e em 1990 era de 4,7%.
A educação é publica quando ela cumpre simultaneamente alguns
requisitos: quando educar e ser educado tem reconhecimento
social; quando o sistema educacional não discrimina socialmente e
é capaz de ajudar na superação das diferenças e distâncias
sociais; quando o educador atende a objetivos econômicos e
sociais, sendo capaz de formar trabalhadores e cidadãos, aptos
tanto para o trabalho como para a vida, cada vez mais complexa,
em sociedade.
(COUTINHO, p.110 - 112)
Sendo assim, é de suma importância que se reconheça a importância
da educação publica, e os benefícios que esta realizada com excelência pode
gerar ao país, e principalmente na formação de cidadãos e de trabalhadores
mais qualificados e aptos a atender as exigências impostas pelo mercado de
trabalho globalizado.
QUADRO 2: Seis Recomendações para que se atinja uma boa Educação e
Qualificação.
• Primeiro
No que se refere aos recursos humanos, o maior problema da indústria brasileira,
como todas as pesquisas mostram, é a baixa escolaridade dos trabalhadores, o que resulta
em dificuldades de adaptação aos novos requisitos, mesmo quando se trata de treinamento
operacional.
• Segundo
É preciso que se estabeleçam novas formas de articulação entre o sistema produtivo
e o sistema educacional, visando, simultaneamente, à elevação da escolaridade da
população e à qualificação dos recursos humanos.
• Terceiro
Estas novas formas de articulação devem privilegiar a reparação de
responsabilidades entre escola e empresa. O Estado, através dos sistemas públicos de
ensino, deve se dedicar à universalização da educação básica – ensino de 1º e 2º graus de
educação geral, que é a base da qualificação. A qualificação dos trabalhadores, levando em
conta os seus múltiplos e diferentes interesses.
• Quarto
A qualificação profissional diz respeito, agora, à posse de uma escolaridade básica,
de educação geral. Nesse sentido, as empresas, diretamente ou por intermédio de suas
instituições educacionais (Sesi e Sesc) e de formação profissional (Senai e Senac), devem
oferecer oportunidades de ensino supletivo de educação geral aos trabalhadores adultos
semiqualificados e de pouca escolaridade, que encontram problemas para o retorno à rotina
escolar.
• Quinto
Os recursos públicos vinculados por lei à Educação devem financiar a educação
geral (o ensino regular de 1º e 2º graus, especifica oferecida nos cursos técnicos de 2º grau)
deverão ser assumidos pelas empresas.
• Sexto
Os sindicatos de trabalhadores devem participar da gestão dos sistemas públicos
142
de ensino e das instituições de formação profissional, especialmente no que se refere à
implantação de programas de requalificação de mão-de-obra.
FONTE: Elaborado pela autora segundo dados de COUTINHO, p.113.
Assim, verifica-se que a educação esta diretamente atrelada com as
relações de trabalho, tendo em visto que diante das mudanças que estão
ocorrendo
nos
processos
produtivos,
lideradas
pelas
tecnologias
de
informação, exige-se cada vez mais profissionais instruídas e qualificadas
aptos para atenderem a nova demanda de mão-de-obra do mercado.
Ademais a educação, em seu sentido mais amplo, além de uma
melhor qualificação profissional, trás ao individuo noções de cidadania,
interação social e subsídios para que esse galgue horizontes mais
promissores.
TABELA 9: Brasil: Nível de escolaridade dos empregados em anos
selecionados (total = 100%).
Escolaridade
Analfabeto
Primário incompleto
Primário completo e ginásio incompleto
Ginásio completo e colegial incompleto
Colegial completo e superior incompleto
Superior completo
FONTE: POCHMANN, p.96 apud Mtb/Rais.
1980
4,2
18,0
38,0
16,9
15,7
7,2
1989
3,1
11,9
34,9
21,0
19,8
9,3
1995
3,0
9,9
31,2
23,1
22,0
10,8
Verifica-se que a formação educacional torna-se cada vez mais exigido
pelo mercado de trabalho a mão-de-obra, nota-se que a porcentagem de
analfabeto caiu, ainda que não satisfatoriamente, de 4,2% em 1980 para 3,0%
em 1995. E a formação superior passa a ser cada vez mais procurada, dando
uma alavancagem significativa de 7,2% em 1980 para 10,8 em 1995.
4.
IMPACTOS DA ABERTURA ECONÔMICA BRASILEIRA NA REGIÃO
METROPOLITANA DE SÃO PAULO (RMSP)
A RMPS (Região Metropolitana de São Paulo) que desde a década
de 1970 já vinha experimentando considerável processo de desconcentração
industrial passou a vivenciar na década de 1990 em razão da abertura do
mercado brasileiro às importações é a globalização financeira e a
143
reestruturação da indústria uma conjuntura ainda mais perversa, o que acabou
agravando o desemprego, principalmente no setor industrial.
Estas mudanças afetaram São Paulo de modo particular, porque
esta metrópole, ao contrario das demais, ainda constitui um grande
centro industrial. No resto do Brasil, assim como nos demais
países, as metrópoles se especializaram na exportação de
serviços que podem ser considerados de “alta tecnologia”, como
serviços públicos (quando sediam governos), educação superior,
assistência à saúde, edição de livros e revistas, turismo de
negócios etc.,etc. Mas, na Grande São Paulo, nos anos 80, a
industria respondia ainda por cerca de um terço dos empregos.
Ora, políticas recessivas de estabilização afetam a industria mais
do que os outros setores econômicos, o mesmo devendo ser dito
da abertura do mercado interno e da globalização. (SINGER, p.34)
Tais mudanças geraram fortes mudanças na evolução da estrutura
setorial da ocupação e do trabalho assalariado.
TABELA 10: Estrutura Setorial da Ocupação e do Trabalho Assalariado
RMSP em 1976,1981,1985 e 1993 (em 1.000 pessoas).
SETORES
1976
1981
1985
1993
OCUP.
EMPR.
OCUP.
EMPR.
OCUP.
EMPR.
OCUP.
EMPR.
Total
4.479,8
3.734,7
5.362,6
4.300,8
6.472,8
5.252,7
6.820,1
4.729,1
Ind. Transf.
1.688,5
1.610,8
1.860,2
1.773,0
2.049,2
1.951,0
1.729,2
1.606,2
Ind. Constr.
303,1
211,6
369,9
229,7
375,6
241,7
462,4
234,8
Com. Merc.
546,0
354,9
701,1
434,0
900,7
556,5
1.127,7
653,3
Prest. Serv.
741,8
531,7
935,5
587,5
1.251,0
843,5
1.430,5
519,2
Social
306,6
284,4
409,5
368,3
550,5
498,3
666,1
599,0
Adm. Publ.
143,8
143,8
197,2
197,2
233,1
233,1
228,4
227,6
Outras Ativ.
243,6
215,2
288,1
266,6
424,8
402,0
290,7
277,1
Set. Restantes
506,4
382,3
601,1
444,5
687,9
526,6
885,1
611,9
FONTES: SINGER, p.38 apud IBGE. PNAD, 1976,1981,1985,1993.
Com o recesso do crescimento econômico da Região Metropolitana de
São Paulo (RMSP), fez com que cerca de 1.000.000 de pessoas deixassem a
capital entre a década de 80e 90.
A proporção de pobres na RMSP apresentou trajetória acelerada de
crescimento: evoluiu de aproximadamente 27%, em 1995, para 30%, em 1997,
chegando próximo a 39%, em 1999, um aumento de 45% em apenas quatro
anos. (ARAUJO, 2001).
TABELA 11: Distribuição das pessoas desocupadas, por Regiões
Metropolitanas, segundo a idade – 2006 *(em %)
Total
Recife
Salvador
Belo
Rio de
São
Porto
144
Horizonte
Janeiro
Paulo
Alegre
10 a 14 anos
0,5
0,3
0,5
0,9
0,2
0,7
0,4
15 a 17 anos
8,0
5,3
4,9
9,8
5,1
10,0
8,8
18 a 24 anos
38,2
37,0
39,5
40,8
38,8
37,9
35,1
25 a 49 anos
46,8
52,2
49,3
43,3
48,4
44,9
48,6
50 anos ou mais
5,2
5,8
5,2
7,6
6,5
7,2
6,4
FONTE: IBGE, Diretoria de Pesquisa, Coordenação de Trabalho e Rendimento,
Pesquisa Mensal de Emprego.
* Médias das estimativas mensais
Segundo a Pesquisa Mensal de Emprego desenvolvido pelo IBGE
(Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a desocupação na RMSP se
mostra mais grave entre os jovens, onde em 2006 a taxa de desocupação
segundo a idade evidencia que pessoas de 15 a 17 anos mostraram um índice
de 10,0%, e entre 18 a 24 anos uma taxa de 37,9%.
No entanto, pode-se dizer que a RMSP, em decorrência das
transformações ocorridas no Brasil e com a reestruturação produtiva
intensificada no fim da década de 90, acabou gerando aumento nas taxas de
desocupação, sobretudo entre jovens de 15 a 29 anos de idade.
5. METODOLOGIA
A pesquisa se desenvolveu em duas etapas: em primeiro plano, foi
elaborado um referencial teórico baseado na pesquisa bibliográfica, o qual
serviu de subsidio para a melhor compreensão dos aspectos teóricos e
técnicos do mercado de trabalho. Em seguida, foi feita uma pesquisa
quantitativa, com base em dados estatísticos, obtidos por fontes secundarias
sobre.
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
De acordo com os resultados preliminares apresentados pelo trabalho,
observou-se que uma das principais causas para a desocupação de jovens na
faixa etária de 15 a 29 anos, destaca-se o cenário da educação brasileira e a
falta de pesquisa em P&D (Pesquisa e Desenvolvimento).
145
Nota-se que falta uma educação adequada para que se possa
qualificar adequadamente uma boa mão-de-obra e assim atender a demanda
do novo mercado de trabalho cada vez mais globalizado.
Uma das alternativas para a criação de novos postos de trabalho é o
Investimento em P&D (Pesquisa e Desenvolvimento).
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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As Grandes Tendências de Mudança. In: Revista Economia e Sociedade,
Instituto de Economia da Unicamp – Campinas.
COUTINHO,
Luciano;
FERRAZ,
João
Carlos.
Estudo
da
Competitividade da Indústria Brasileira. 2. ed. Campinas – SP: Papirus; Editora
da Universidade Estadual de Campinas, 1994.
FILHO, Emilio Garofalo. Cambio, Ouro e Divida Externa: de Figueiredo
a FHC. 1. ed. São Paulo: Editora Saraiva, 2002.
FILHO, Hélio Braga. ESTADO E ECONOMIA: do liberalismo
econômico clássico à globalização neoliberal. Fraca (SP): Uni-Facef, 2008.
GONÇALVES, Reinaldo; POMAR Valter. O Brasil Endividado. São
Paulo, Fundação Perseu Abramo, 2000.
IBGE, Instituto Brasileiro Geografia e Estatística. Pesquisa Mensal de
Emprego: Principais destaques da evolução do mercado de trabalho nas
regiões metropolitanas abrangidas pela pesquisa. Rio de Janeiro, 2007.
MACHADO, Ana Flavia; MOREIRA, Maurício Mesquita. Os Impactos
da Abertura Comercial sobre a Remuneração Relativa do Trabalho no Brasil.
Belo Horizonte, 2001.
MELLO, João Manuel Cardoso. Conseqüências do Neoliberalismo. In:
Revista Economia e Sociedade, Instituto de Economia da Unicamp –
Campinas.
POCHMANN, Marcio. O Trabalho sob Fogo Cruzado. 1. ed. São Paulo:
Editora Contexto, 1999. Coleção Economia.
POCHMANN, Marcio. O Emprego na Globalização. 1. ed. São Paulo:
Boitempo Editorial, 2001.
SINGER, Paul. Globalização e Desemprego: diagnóstico e alternativas.
4 ed. São Paulo: Editora Contexto, 1999.
146
SOARES, Sergei; SERVO, Luciana M.Santos; Arbache, Jorge Saba. O
que (não) sabemos sobre a relação entre a Abertura Comercial e Mercado de
Trabalho no Brasil. In: IPEA, Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. Rio de
Janeiro, 2001.
SUZIGAN, Wilson. A Indústria após Uma Década de Estagnação:
Questões para Política Industrial. In: Revista Economia e Sociedade, Instituto
de Economia da Unicamp – Campinas.
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