131 MERCADO DE TRABALHO: taxa de desocupação entre jovens de 15 A 29 anos na Região Metropolitana de São Paulo Cecille Torres Bertholdi (Uni-FACEF) Orientador: Hélio Braga Filho (Uni-FACEF) 1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS Durante a década 80, após os dois choques sucessivos do petróleo e a crise monetária internacional, influenciando o Brasil, que vinha passando por um período de aumento na sua divida externa, a adotar medidas que protegiam as empresas brasileiras da concorrência internacional, como: a elevação de tarifas de importação, políticas de desvalorização cambial, lei da similaridade nacional e a lei de reserva de marcado. Tais medidas trouxeram ao país um baixo índice de desenvolvimento tecnológico, limitando sua competitividade no mercado internacional. Afetando, desta forma o mercado de trabalho que não dispunham de mão-de-obra qualificada, prontas para trabalharem com tecnologias de ponta. A partir deste contexto, observa-se a necessidade de investir em educação, para que assim gerem profissionais devidamente qualificados, e em P&D (Pesquisa e Desenvolvimento) para que o país se torne menos dependente de importação de tecnologia. Ademais, no inicio dos anos 90, com o Governo Collor, tivemos um processo de abertura da economia que induziu por sua vez o setor produtivo notadamente a indústria de transformação a promover um radical ajuste de viés microeconômico que protagonizado pelo processo de reestruturação produtiva, acabou gerando impactos na produção e no emprego em escala nacional. A Região Metropolitana de São Paulo (RMSP), por ser um grande centro industrial, acabou sofrendo maiores choques, principalmente em sua reestruturação tecnológica. E a partir da década de 90, sob o Governo FHC, a RMSP passou a vivenciar uma conjuntura ainda mais perversa com a abertura econômica e a globalização. 132 2. ECONOMIA BRASILEIRA EM PERSPECTIVA Em 1971 a 1830, com a Primeira Revolução Industrial, quando o Brasil começou a introduzir-se e a consolidar-se no mercado têxtil, veio logo em seguida, a Segunda Revolução Industrial (1870-90) com o aço, a química, a eletricidade e novos bens de capital, o petróleo e o motor a combustão. Onde tivemos que nos reestruturar e nos inserir nesta nova realidade de mercado, sem ao menos termos nos fixado totalmente no mercado têxtil. No entanto, somente a partir dos anos 50 e fins da década de 70 as indústrias brasileiras, começaram a se introduzir no contexto da Segunda Revolução Industrial, caracterizando-se em metalmecânicas e químicos, passando a ter um aumento significativo no mercado externo. Este segmento industriário se tornava crescente no país devido a essas atividades estarem de acordo com o padrão de qualidade internacional vigente no desenvolvimento industrial, e pela concorrência que a estrutura brasileira apresentava em relação a esse padrão. O dinamismo da produção e do investimento impulsionaram a produtividade da indústria, que crescia de forma sustentada. No período de 1975-80, por exemplo, a produtividade (produção por pessoa ocupada ou hora trabalhada) cresceu entre 3% e 3,55 ao ano segundo dados da FIESP para a industria paulista. Essa estrutura foi constituída ao amparo de políticas que sucessiva e acumulativamente proporcionaram níveis elevados de proteção – generalizada e permanente – à industria no mercado interno, subsídios fiscais e creditícios à formação de capital industria, e incentivos-subsídios à exportação de produtos industrializados. (SUZIGAN, p.89) Como conseqüência, principalmente no nível de empresas, a partir dos anos 80 o Brasil apresentava graus elevados de integração intersetorial e de diversificação da produção. Porem, essas medidas também trouxeram ao país um baixo índice de desenvolvimento tecnológico, limitando sua competitividade no mercado internacional. Que ficou caracterizado como um país de exportações de bens em recursos naturais, energia e mão-de-obra barata e importações de bens em tecnologia, como maquinas, equipamentos e produtos químicos. E mais uma vez, quando o Brasil conseguia se solidificar no contexto da Segunda Revolução Industrial, foi atropelado com o surgimento da Terceira 133 Revolução Industrial e suas novas formas de produção voltada para tecnologias de ponta e novas formas de gerenciamento. Levamos cem anos, de 1830 a 1930, para imitar a inovação fundamental da Primeira Revolução Industrial, o setor têxtil. E noventa anos, de 1890 a 1980, para copiar os avanços da Segunda Revolução Industrial. Quando tudo dava a impressão de estarmos prestes a entrar no Primeiro Mundo, eclodiu a Terceira Revolução Industrial. (MELLO, p. 59) E assim, sobre as conseqüências da Terceira Revolução Industrial, principalmente no emprego, SINGER diz que: É praticamente impossível separar os efeitos da Terceira Revolução Industrial de outras mudanças concomitantes que vêm ocorrendo nos diferentes países. O que dá para admitir com razoável segurança é que ela afeta profundamente os processos de trabalho e, com toda certeza, expulsa do emprego milhões de pessoas que cumprem tarefas rotineiras, que exigem um repertorio limitado de conhecimentos e, sobretudo, nenhuma necessidade de improvisar em face de situações imprevistas. É neste tipo de tarefas que o cérebro eletrônico se mostra superior ao humano, tanto em termos de eficiência quanto de custos. Ao mesmo tempo, as aplicações da microeletrônica criam novos postos de trabalho, provavelmente em menor numero, dos quais uma parte requer qualificação elevada (programadores, por exemplo) e outra requer apenas pratica (digitadores, por exemplo). (1999, p.18 – 19). A Terceira Revolução Industrial afetou o mercado de trabalho em diversos países, porem em níveis diferentes, mas com maior agressividade nos países em processo de industrialização, como o Brasil, que não dispunham de mão-de-obra qualificada, prontas para trabalharem com tecnologias de ponta. A partir neste contexto, observa-se a necessidade em investir em educação, para que assim gerem profissionais devidamente qualificados, e em P&D para que o país se torne menos dependente de importação de tecnologia. Mesmo porque, por mais que se importe, vamos estar sempre atrasados e defasados, pois quando este novo equipamento se instalar no mercado, outros já irão ser fabricados, tornando o nosso produto ultrapassado. Ademais, enquanto nos estávamos planejando um meio de nos inserirmos na nova realidade mundial de mercado, as principais economias centrais investiam pesado em inovação tecnológica, caracterizando um novo padrão de desenvolvimento industrial, com base na microeletrônica. A aplicação da microeletrônica a um conjunto de produtos e serviços agrupou indústrias, setores e segmentos, formando um complexo eletrônico intra-articulado pela tecnologia da informação. O complexo eletrônico já ganhou um enorme peso e tende a aumentar sua participação no valor agregado, no emprego e na formação da renda. Ademais, a progressiva penetração esta levando à sua fusão como 134 complexo eletrônico. É desse complexo eletrônico-mecatrônico que vem e virá o dinamismo das economias desenvolvidas. (BRAGA, Filho apud MELLO, p.71). Tenha visto que, se o Brasil tivesse investido em novas tecnologias e acompanhado a tendência das principais economias capitalistas e se introduzido a essas mudanças tecnológicas e de gerenciamento, provavelmente ele teria sido capaz de impulsionar o crescimento da produtividade e do emprego, gerando mudanças na política industrial, tecnológica e de formação de recursos humanos, desde a educação básica ate a especializada. TABELA 3: Indicadores de Gastos em Pesquisa e Desenvolvimento: Brasil e grupos de países (meados dos anos 80) Gastos com P&D Brasil América Latina 0,6 12,0 100,0 78,8 10,5 10,7 - Países Mediterrâneos 0,9 24,0 100,0 46,4 49,5 4,1 - Países Asiáticos 1,3 18,05 100,0 35,6 61,4 3,0 - G7 Com % do PIB 0,7 2,7 Por habitante 13,7 346,0 Por origem de recursos (%) 100,0 100,0 - setor publico 92,0 43,1 - setor privado 8,0 52,5 - outras fontes 4,4 Por setor de aplicação dos 100,0 100,0 recursos (%) - industria 45,0 89,0 - outros setores 55,0 11,0 Fonte: SUZIGAN, p.100 apud Brasil – estimativas a partir de dados preliminares da Secretaria de Ciência e Tecnologia da Presidência da Republica. Refere-se ao total de gastos em C&T. Outros países – CEPAL (1990, p. 66) e FAJNZYLBER (1989, pp.38-9). Observa-se que os gastos em % do PIB do Brasil com P&D corresponde à metade dos países asiáticos e a um quarto do G7. Os gastos por habitante no Brasil correspondem a cerca de 4% do grupo do G7. E a pequena participação do setor privado do Brasil e da América Latina em relação aos outros grupos, em destaque para os asiáticos. Esta tendência mundial a globalização afetam o Brasil de forma desfavorável, que segundo COUTINHO, p.69 as razões são: a) a “crise da divida” marginalizou o país do mercado financeiro internacional, segregando a economia brasileira da globalização financeira ate o inicio dos anos 90; 135 b) a desorganização das finanças publicas decorrente da “crise da divida” minou a capacidade ordenadora do Estado abrindo caminho para uma violenta instabilidade inflacionaria, o que afastou os investimentos externos de risco; c) a perda de dinamismo da economia brasileira, com estagnação dos investimentos, associada a condições crescentes difíceis de acesso das exportações brasileiras aos mercados dos países desenvolvidos, conduziu a uma defasagem na absorção das transformações tecnológicas e organizacionais e a uma perda de posição do país no comercio internacional; d) a intensificação das fricções comerciais, com crescente integração da economia mundial e exercício cada vez mais agressivo de pressões unilaterais (EUA), reduziu os graus de liberdade das políticas nacionais de desenvolvimento. O Brasil foi alvo de crescentes restrições e constrangimentos na segunda metade dos anos 80. Devido a estes acontecimentos o Brasil, desprovido de recursos financeiros, se encontra despreparado para ingressar na nova tendência mundial, a globalização, que foi impulsionada pela crescente mudança tecnológica nos anos 80 baseada na microeletrônica e a diluição de fronteiras mundiais integrando mercados financeiros e de capitais, encaminhando o mundo a uma tendência, denominado por COUTINHO, p. 68, de globalização das finanças. GRÁFICO 1: Brasil: Formação bruta de capital fixo e o Produto interno bruto (PIB) - variação real (% a.a.). 136 FONTE: IPEADATA, 2009 Verifica-se a partir de 1977 o capital fixo e o PIB começam sofrer fortes quedas, que em 1978 voltam a se recuperam, e em 1980 chegam a cifras de 13,46% do capital fixo e a 9,20% do PIB, porem em 1981, quando a crise da divida começa e se expandir no Brasil, o capital fixo e o PIB sofrem drástica queda, fechando o ano em -12,5% e -4,25%. Com essas mudanças no cenário mundial, nos começamos a entrar em uma fase de recessão, principalmente no setor industriário, com redução de 6,4% entre 1980 e 1990, o que ocasionou na queda dos níveis de emprego e de produção, na estagnação da produção industrial, na diminuição dos investimentos, e na limitação em investimentos de inovação, importante para a retomada do crescimento. TABELA 4: São Paulo, Indústria de Transformação Indicadores do Nível de Atividades (INA), Emprego e Horas Trabalhadas, 1980-90. INA 1980 1981 1982 1983 1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 100,0 91,5 92, 87,4 98,4 108,1 123,9 113,4 112,9 114,7 101,9 FONTE: SUZIGAN, p.94 EMPREGO 100,0 93,1 88,5 81,6 81,5 88,4 97,2 99,3 97,3 100,4 98,4 HORAS THABALHO 100,0 87,7 82,5 74,2 77,2 87,9 98,2 98,6 97,0 94,7 88,1 INA/ EMPREGO 100,0 98,3 103,9 107,0 120,8 122,3 127,5 114,3 116,0 114,3 103,6 INA/ HORAS 100,0 104,3 111,5 117,7 127,4 122,9 126,1 115,0 116,3 121,0 115,7 137 Diante deste cenário, o governo se viu obrigado a adotar medidas que facilitassem a abertura comercial do país para o mercado internacional, tais como, eliminação de barreias tarifarias e não-tarifarias, incentivos-subsídios, compressão de salários e desvalorização cambiais periódicas, tornado-se uma saída para a crise do mercado interno, e visando gerar saldos comerciais para o pagamento da divida externa. Tendo como protagonistas de suas exportações os produtos com segmentos em complexos metalmecânico, químico-petroquimico e celulose. Marcando assim a abertura dos mercados nacionais à competição externa e ao capital estrangeiro, a inserção do Brasil a globalização, impondo uma reestruturação no país e transformando o mercado de trabalho interno. Os marxistas conjecturam uma economia de mercado na qual a competição seria limitada por acordos extra-mercado de modo a garantir que todos tenham uma chance justa de integrar a economia através de emprego, de contrato, de associação ou como operadores autônomos. A integração social e econômica exige (assim argumentaria um marxista) uma justa partilha do trabalho existente. Tal partilha do trabalho teria de ser reavaliada sempre que surgissem novos produtos de consumo e /ou processos produtivos. Negociações entre produtores e consumidores criariam condições para garantir que a que a competição estimulasse o processo tecnológico e a plena utilização dos recursos naturais e humanos. Porém, se os indivíduos devem ter a liberdade de escolher entre a ocupação e a inatividade e, como consumidores, devem ter o direito de escolher de quem comprar entre vários fornecedores, é logicamente impossível garantir a cada um emprego ou uma parte do mercado. Alguma desocupação involuntária parece portanto inevitável. (SINGER, p.75) Com a globalização, as grandes multinacionais do cenário mundial começaram se inserir dentro dos mercados de países em desenvolvimento, onde a mão-de-obra é barata e são quase isentas de direitos sociais e políticos, agravando assim o desemprego e a exclusão social. GRÁFICO 2: Brasil: Evolução da População Economicamente Ativa Ocupada, 1970/85. 138 70 60 50 40 30 20 10 0 1940 1950 1960 1970 Primário 1980 Secundário 1991 1995 Terciário FONTE: POCHMANN, p. 71, apud FIBGE, Censos Demográficos e PNDAD. Em 1970 a atividade no setor primário começa a declinar, chegando a 22 em 1995. Na década de 80 o setor terciário dispara alcançando seu ponto mais alto em 1995 com 58. Segundo POCHMANN, p.71, de cada dez ocupações existentes, seis são de responsabilidade do setor primário, enquanto em 1980 quatro eram do setor terciário, três do secundário e três do setor primário. Isto demonstra que decorrente de mudanças no mercado de trabalho sob influencia da crise da divida, trabalhadores começaram a buscar formas alternativas de trabalho. TABELA 5: Brasil: Evolução da População Economicamente Ativa, da condição de ocupação e do desemprego, 1940/80 Itens População PEA total Empregador Conta Própria Sem remuneração Assalariado Com registro Sem registro Desempregado Taxa de subutilização* 1940 1980 41.165,3 15.751,0 100,0% 2,3% 29,8% 19,6% 42,0% 12,1% 29,9% 6,3% 119.002,0 43.235,7 100,0% 3,1% 22,1% 9,2% 62,8% 49,2% 13,6% 2,8% 55,7% 34,1% Variação absoluta anual** 1.945,9 Variação relativa anual 2,69% 687,1 24,4 121,5 22,3 513,4 484,2 29,3 5,5 2,56% 3,32% 1,79% 0,63% 3,59% 6,22% 0,56% 0,50% 149,3 1,13% 139 FONTE: POCHMANN, p. 68 apud FIBGE, Censos Demográficos e Estatísticos Históricos do Brasil, MTb. * Conta própria, sem remuneração, desemprego. ** Em mil. Diferente do que ocorreu nas décadas de 40 e 70, onde o mercado de trabalho apresentava sinais de expansão dos empregos assalariados com registro em carteira e a redução dos trabalhadores sem registro, a década de 80 e 90 foi marcada pelo crescimento do setor informal, pelo aumento do desemprego, onde as ocupações geradas eram precárias e pelo aumento de ocupações sem registro. Ademais a globalização não necessariamente diminui os postos de trabalho, pois quando um país abre sua economia ao comercio internacional, ele aumenta suas exportações e importações, gerando assim novos postos de trabalho. O aumento das exportações geram novos empregos e o acréscimo de importações os elimina. Ocasionando o que SINGER, p.23, denomina de “desemprego estrutural”. Desta maneira, o desemprego estrutural, só não atinge os trabalhadores que se organizaram, e se especializaram, conseguindo assim ter uma boa remuneração, se sindicalizaram, etc, em outras palavras, SINGER, p.23 apud MATOSSO (1993) denomina de segurança no trabalho. 3. CENÁRIO DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA Em 1994, havia no Brasil aproximadamente 30 milhões de analfabetos, 2/5 das pessoas com 10 anos ou mais não alcançavam o quarto ano de escolaridade. Entre a população com idade entre 10 e17 anos, 3/5 estudavam, 13% trabalhavam e estudavam, e 16% abandonaram os estudos e estavam apenas trabalhando. Comparado com o cenário dos países desenvolvidos, a situação brasileira era gritante, pois enquanto no Brasil 2/5 das pessoas não alcançavam o quarto ano escolar, nestes países em 1970, a população adulta 140 cumpria 10 anos de escolaridade. Permitindo assim que o governo voltasse suas intenções ao aprimoramento na formação de cientistas. Porem se comparada à situação do Brasil com outros países em desenvolvimento, o quadro se mostra assustador. TABELA 8: Países em Desenvolvimento Selecionados – Analfabetismo e Nível de Ensino – 1970 -1990 a) Analfabetismo (%) País Brasil Argentina México Chile Uruguai Paraguai 1970 33,8 7,4 25,8 11,0 6,1 19,9 1980 25,5 6,1 16,0 8,9 15,3 12,3 1990 18,9 4,7 12,4 6,6 11,9 9,9 1970 78,7 113,6 105,5 104,8 112,1 104,9 1980 98,9 111,4 120,9 112,7 107,0 103,7 1988/1991 108,0 111,6 115,3 99,4 107,5 109,5 1970 15,7 44,6 22,0 37,9 60,9 15,3 1980 33,6 56,0 48,6 61,5 58,9 29,6 1988/1991 39,0 68,8 49,5 74,0 83,9 30,7 b) Primeiro Grau Idade 7-14 6-12 6-12 6-13 6-11 7-12 c) Segundo Grau Idade 15-17 13-17 12-17 14-17 12-17 13-18 d) Terceiro Grau Idade 15-17 13-17 12-17 14-17 12-17 13-18 FONTE: COUTINHO, p.111 Caribe, 1992. 1970 1980 1988/1991 5,1 11,9 11,2 14,9 21,6 40,8 5,8 14,9 13,1 9,7 10,8 18,8 10,0 17,3 50,4 4,4 7,4 4,8 apud CEPAL – ONU, Anuário Estatístico de América Latina e 141 Nota-se que, muito embora o Brasil tivesse reduzido seu grau de analfabetismo para mais de 40%, onde em 1970 era de 33,8% e em 1990 passou a ser de 18,9%, passando longe das cifras apresentadas por países como a Argentina que demonstravam números muitos inferiores, onde em 1970 era de 7,4% e em 1990 era de 4,7%. A educação é publica quando ela cumpre simultaneamente alguns requisitos: quando educar e ser educado tem reconhecimento social; quando o sistema educacional não discrimina socialmente e é capaz de ajudar na superação das diferenças e distâncias sociais; quando o educador atende a objetivos econômicos e sociais, sendo capaz de formar trabalhadores e cidadãos, aptos tanto para o trabalho como para a vida, cada vez mais complexa, em sociedade. (COUTINHO, p.110 - 112) Sendo assim, é de suma importância que se reconheça a importância da educação publica, e os benefícios que esta realizada com excelência pode gerar ao país, e principalmente na formação de cidadãos e de trabalhadores mais qualificados e aptos a atender as exigências impostas pelo mercado de trabalho globalizado. QUADRO 2: Seis Recomendações para que se atinja uma boa Educação e Qualificação. • Primeiro No que se refere aos recursos humanos, o maior problema da indústria brasileira, como todas as pesquisas mostram, é a baixa escolaridade dos trabalhadores, o que resulta em dificuldades de adaptação aos novos requisitos, mesmo quando se trata de treinamento operacional. • Segundo É preciso que se estabeleçam novas formas de articulação entre o sistema produtivo e o sistema educacional, visando, simultaneamente, à elevação da escolaridade da população e à qualificação dos recursos humanos. • Terceiro Estas novas formas de articulação devem privilegiar a reparação de responsabilidades entre escola e empresa. O Estado, através dos sistemas públicos de ensino, deve se dedicar à universalização da educação básica – ensino de 1º e 2º graus de educação geral, que é a base da qualificação. A qualificação dos trabalhadores, levando em conta os seus múltiplos e diferentes interesses. • Quarto A qualificação profissional diz respeito, agora, à posse de uma escolaridade básica, de educação geral. Nesse sentido, as empresas, diretamente ou por intermédio de suas instituições educacionais (Sesi e Sesc) e de formação profissional (Senai e Senac), devem oferecer oportunidades de ensino supletivo de educação geral aos trabalhadores adultos semiqualificados e de pouca escolaridade, que encontram problemas para o retorno à rotina escolar. • Quinto Os recursos públicos vinculados por lei à Educação devem financiar a educação geral (o ensino regular de 1º e 2º graus, especifica oferecida nos cursos técnicos de 2º grau) deverão ser assumidos pelas empresas. • Sexto Os sindicatos de trabalhadores devem participar da gestão dos sistemas públicos 142 de ensino e das instituições de formação profissional, especialmente no que se refere à implantação de programas de requalificação de mão-de-obra. FONTE: Elaborado pela autora segundo dados de COUTINHO, p.113. Assim, verifica-se que a educação esta diretamente atrelada com as relações de trabalho, tendo em visto que diante das mudanças que estão ocorrendo nos processos produtivos, lideradas pelas tecnologias de informação, exige-se cada vez mais profissionais instruídas e qualificadas aptos para atenderem a nova demanda de mão-de-obra do mercado. Ademais a educação, em seu sentido mais amplo, além de uma melhor qualificação profissional, trás ao individuo noções de cidadania, interação social e subsídios para que esse galgue horizontes mais promissores. TABELA 9: Brasil: Nível de escolaridade dos empregados em anos selecionados (total = 100%). Escolaridade Analfabeto Primário incompleto Primário completo e ginásio incompleto Ginásio completo e colegial incompleto Colegial completo e superior incompleto Superior completo FONTE: POCHMANN, p.96 apud Mtb/Rais. 1980 4,2 18,0 38,0 16,9 15,7 7,2 1989 3,1 11,9 34,9 21,0 19,8 9,3 1995 3,0 9,9 31,2 23,1 22,0 10,8 Verifica-se que a formação educacional torna-se cada vez mais exigido pelo mercado de trabalho a mão-de-obra, nota-se que a porcentagem de analfabeto caiu, ainda que não satisfatoriamente, de 4,2% em 1980 para 3,0% em 1995. E a formação superior passa a ser cada vez mais procurada, dando uma alavancagem significativa de 7,2% em 1980 para 10,8 em 1995. 4. IMPACTOS DA ABERTURA ECONÔMICA BRASILEIRA NA REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO (RMSP) A RMPS (Região Metropolitana de São Paulo) que desde a década de 1970 já vinha experimentando considerável processo de desconcentração industrial passou a vivenciar na década de 1990 em razão da abertura do mercado brasileiro às importações é a globalização financeira e a 143 reestruturação da indústria uma conjuntura ainda mais perversa, o que acabou agravando o desemprego, principalmente no setor industrial. Estas mudanças afetaram São Paulo de modo particular, porque esta metrópole, ao contrario das demais, ainda constitui um grande centro industrial. No resto do Brasil, assim como nos demais países, as metrópoles se especializaram na exportação de serviços que podem ser considerados de “alta tecnologia”, como serviços públicos (quando sediam governos), educação superior, assistência à saúde, edição de livros e revistas, turismo de negócios etc.,etc. Mas, na Grande São Paulo, nos anos 80, a industria respondia ainda por cerca de um terço dos empregos. Ora, políticas recessivas de estabilização afetam a industria mais do que os outros setores econômicos, o mesmo devendo ser dito da abertura do mercado interno e da globalização. (SINGER, p.34) Tais mudanças geraram fortes mudanças na evolução da estrutura setorial da ocupação e do trabalho assalariado. TABELA 10: Estrutura Setorial da Ocupação e do Trabalho Assalariado RMSP em 1976,1981,1985 e 1993 (em 1.000 pessoas). SETORES 1976 1981 1985 1993 OCUP. EMPR. OCUP. EMPR. OCUP. EMPR. OCUP. EMPR. Total 4.479,8 3.734,7 5.362,6 4.300,8 6.472,8 5.252,7 6.820,1 4.729,1 Ind. Transf. 1.688,5 1.610,8 1.860,2 1.773,0 2.049,2 1.951,0 1.729,2 1.606,2 Ind. Constr. 303,1 211,6 369,9 229,7 375,6 241,7 462,4 234,8 Com. Merc. 546,0 354,9 701,1 434,0 900,7 556,5 1.127,7 653,3 Prest. Serv. 741,8 531,7 935,5 587,5 1.251,0 843,5 1.430,5 519,2 Social 306,6 284,4 409,5 368,3 550,5 498,3 666,1 599,0 Adm. Publ. 143,8 143,8 197,2 197,2 233,1 233,1 228,4 227,6 Outras Ativ. 243,6 215,2 288,1 266,6 424,8 402,0 290,7 277,1 Set. Restantes 506,4 382,3 601,1 444,5 687,9 526,6 885,1 611,9 FONTES: SINGER, p.38 apud IBGE. PNAD, 1976,1981,1985,1993. Com o recesso do crescimento econômico da Região Metropolitana de São Paulo (RMSP), fez com que cerca de 1.000.000 de pessoas deixassem a capital entre a década de 80e 90. A proporção de pobres na RMSP apresentou trajetória acelerada de crescimento: evoluiu de aproximadamente 27%, em 1995, para 30%, em 1997, chegando próximo a 39%, em 1999, um aumento de 45% em apenas quatro anos. (ARAUJO, 2001). TABELA 11: Distribuição das pessoas desocupadas, por Regiões Metropolitanas, segundo a idade – 2006 *(em %) Total Recife Salvador Belo Rio de São Porto 144 Horizonte Janeiro Paulo Alegre 10 a 14 anos 0,5 0,3 0,5 0,9 0,2 0,7 0,4 15 a 17 anos 8,0 5,3 4,9 9,8 5,1 10,0 8,8 18 a 24 anos 38,2 37,0 39,5 40,8 38,8 37,9 35,1 25 a 49 anos 46,8 52,2 49,3 43,3 48,4 44,9 48,6 50 anos ou mais 5,2 5,8 5,2 7,6 6,5 7,2 6,4 FONTE: IBGE, Diretoria de Pesquisa, Coordenação de Trabalho e Rendimento, Pesquisa Mensal de Emprego. * Médias das estimativas mensais Segundo a Pesquisa Mensal de Emprego desenvolvido pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a desocupação na RMSP se mostra mais grave entre os jovens, onde em 2006 a taxa de desocupação segundo a idade evidencia que pessoas de 15 a 17 anos mostraram um índice de 10,0%, e entre 18 a 24 anos uma taxa de 37,9%. No entanto, pode-se dizer que a RMSP, em decorrência das transformações ocorridas no Brasil e com a reestruturação produtiva intensificada no fim da década de 90, acabou gerando aumento nas taxas de desocupação, sobretudo entre jovens de 15 a 29 anos de idade. 5. METODOLOGIA A pesquisa se desenvolveu em duas etapas: em primeiro plano, foi elaborado um referencial teórico baseado na pesquisa bibliográfica, o qual serviu de subsidio para a melhor compreensão dos aspectos teóricos e técnicos do mercado de trabalho. Em seguida, foi feita uma pesquisa quantitativa, com base em dados estatísticos, obtidos por fontes secundarias sobre. 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS De acordo com os resultados preliminares apresentados pelo trabalho, observou-se que uma das principais causas para a desocupação de jovens na faixa etária de 15 a 29 anos, destaca-se o cenário da educação brasileira e a falta de pesquisa em P&D (Pesquisa e Desenvolvimento). 145 Nota-se que falta uma educação adequada para que se possa qualificar adequadamente uma boa mão-de-obra e assim atender a demanda do novo mercado de trabalho cada vez mais globalizado. Uma das alternativas para a criação de novos postos de trabalho é o Investimento em P&D (Pesquisa e Desenvolvimento). 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS COUTINHO, Luciano; A Terceira Revolução Industrial e Tecnológica: As Grandes Tendências de Mudança. In: Revista Economia e Sociedade, Instituto de Economia da Unicamp – Campinas. COUTINHO, Luciano; FERRAZ, João Carlos. Estudo da Competitividade da Indústria Brasileira. 2. ed. Campinas – SP: Papirus; Editora da Universidade Estadual de Campinas, 1994. FILHO, Emilio Garofalo. Cambio, Ouro e Divida Externa: de Figueiredo a FHC. 1. ed. São Paulo: Editora Saraiva, 2002. FILHO, Hélio Braga. ESTADO E ECONOMIA: do liberalismo econômico clássico à globalização neoliberal. Fraca (SP): Uni-Facef, 2008. GONÇALVES, Reinaldo; POMAR Valter. O Brasil Endividado. São Paulo, Fundação Perseu Abramo, 2000. IBGE, Instituto Brasileiro Geografia e Estatística. Pesquisa Mensal de Emprego: Principais destaques da evolução do mercado de trabalho nas regiões metropolitanas abrangidas pela pesquisa. Rio de Janeiro, 2007. MACHADO, Ana Flavia; MOREIRA, Maurício Mesquita. Os Impactos da Abertura Comercial sobre a Remuneração Relativa do Trabalho no Brasil. Belo Horizonte, 2001. MELLO, João Manuel Cardoso. Conseqüências do Neoliberalismo. In: Revista Economia e Sociedade, Instituto de Economia da Unicamp – Campinas. POCHMANN, Marcio. O Trabalho sob Fogo Cruzado. 1. ed. São Paulo: Editora Contexto, 1999. Coleção Economia. POCHMANN, Marcio. O Emprego na Globalização. 1. ed. São Paulo: Boitempo Editorial, 2001. SINGER, Paul. Globalização e Desemprego: diagnóstico e alternativas. 4 ed. São Paulo: Editora Contexto, 1999. 146 SOARES, Sergei; SERVO, Luciana M.Santos; Arbache, Jorge Saba. O que (não) sabemos sobre a relação entre a Abertura Comercial e Mercado de Trabalho no Brasil. In: IPEA, Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. Rio de Janeiro, 2001. SUZIGAN, Wilson. A Indústria após Uma Década de Estagnação: Questões para Política Industrial. In: Revista Economia e Sociedade, Instituto de Economia da Unicamp – Campinas.