A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO MENOS CRIANÇAS E MAIS IDOSOSA DINÂMICA DEMOGRÁFICA DOS MUNICÍPIOS PAULISTAS: 1980-2030, NO CONTEXTO DAS QUESTÕES DE QUALIDADE DE VIDA ODEIBLER SANTO GUIDUGLI* O texto, que faz parte de pesquisa mais ampla que detalha os municípios com >10.000 hab., busca a compreensão dos processos que levaram a criação de diferentes espacializações da população, inclusive prospectivamente - 2030 e seus múltiplos efeitos, às vezes não percebidos. A avaliação dos municípios Paulistas contrapôs três dimensões importantes: o crescimento total; aquela envolvendo o aumento acelerado do envelhecimento (com 60 anos e +) e a redução significativa do total de crianças (> de 9 anos), e o caráter policêntrico destas espacializações. Nas considerações finais são destacadas as relações entre estes perfis e aspectos da qualidade de vida para o período de 1980-2010. Palavras chave: estrutura etária, espacialização demográfica, municípios paulistas. This paper, which is part of broader research details the municipalities with >10.000 hab, seeks to understand the processes that led to the creation of differents spatializations of the population, including prospectively - 2030 and its multiple effects, sometimes not perceived. The evaluation of the Paulistas municipalities countered three important dimensions: overall growth; one involving the accelerated aging increase (aged 60 and +) and significantly reducing the total number of children (> 9 years), and the polycentric character of these spatializations. In the final considerations are highlighted relations between these profiles and aspects of quality of life for the period 1980-2010. Key-words: age structure, demographic spatialization, São Paulo municipalities. Introdução A longa história da ciência geográfica tem exibido, de forma explicita e quase permanente, oscilações quanto à consideração e a significância dada aos estudos da população como elemento fundamental para a compreensão da sociedade e intervenção no espaço. Um percurso literário que se faça desde Estrabão e continuando pelas leituras de Ratzel, La Blache, Trewartha, BeaujeuGarnier, George, Zelinsky, Noin, Woods e tantos outros mais atuais, tem-se a comprovação do acima afirmado. Significativas diferenciações, quanto à importância da população nos estudos geográficos são facilmente perceptíveis. Esta trajetória alcançou na atualidade um espaço marcado por questões complexas e inovdoras em relação às quais a dimensão populacional passa a emergir de maneira significativa. Neste aspecto, e como exemplos, as mídias: internacionais, nacionais e locais vêm registrando, de forma globalizada, os atuais e significativos desafios 1024 A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO da humanidade. Disfunções ambientais; escassez da água; desertificação de regiões; mudanças climáticas; exclusão social; violência; fome; pobreza; migrações forçadas e muitos outros. O conjunto, pelos problemas que envolvem, provocam amplos impactos e consequências sobre significativa parcela da humanidade. A Geografia está envolvida por todos eles uma vez que, é indispensável reconhecer que todos estão intrinsicamente vinculados à dinâmica demográfica, quer como causa quer como consequência. Considerada quer em sentido quantitativo quer qualitativo, compõe o cerne da compreensão dos desafios apontados. Discussão O objetivo principal deste texto, que faz parte de trabalho mais amplo que detalha o estudo especifico dos municípios com > 10.000hab., é o de buscar a compreensão dos processos que levam a criação de diferentes espacializações da população e seus múltiplos efeitos. É importante considerar que geograficamente as espacializações populacionais observadas não correspondem apenas à distribuição de pessoas pelo espaço, mas sim a um processo decorrente de correlações com muitas variáveis locais ou não, que conjuntamente constroem estes arranjos. A avaliação contemplou os municípios do estado de S. Paulo (645) para o período de 1980-2010 com incursão prospectiva para 2030, contrapondo três dimensões importantes: a dinâmica do crescimento total em face daquelas envolvendo o aumento acelerado do envelhecimento (no Brasil aqueles com 60 anos e +) e a redução significativa do total de crianças (0-9 anos), e o caráter policêntrico destas espacializações. O estado registrou em 2010, 41.262.199 habitantes revelando uma desaceleração de crescimento desde 1980 (25.040.712 hab.) com o aumento de 64.8%, o que fica mais evidente com os resultados da projeção de sua população para 2030, 46.825.450hab. Como resultado temos que, entre 2010-2030 o aumento previsto será de apenas 13.5%, o que se caracteriza como um declínio ainda mais significativo. Contudo, apenas estes valores, ocultam significativas transformações demográficas convertendo-se, por isto, em excelente laboratório de estudos das relações entre Demografia e Geografia. Estas relações aparecem através das ações multidisciplinares avançando pelas interdisciplinares e mais ainda, pelas transdisciplinares. Todas elas auxiliarão a Geografia da População a ter uma inserção mais adequada no conjunto da ciência. Marcada por uma trajetória mais isolada de outros ramos da geografia volta a se envolver, de maneira mais significativa, com as questões sociais, politicas e econômicas da atualidade tendo por elemento principal de reflexão, a espacialidade de toda esta dinâmica. De um passado de população rural a célere, intensa e seletiva urbanização decorrente da intensificação de diversas formas de migrações mais que do crescimento vegetativo, exibe, como produto, importantes alterações na estrutura etária marcada pelo significativo declínio do número de crianças e intenso crescimento daquele dos idosos. Esta é questão relevante para o país e o estado. 1025 A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO Metodologias A pesquisa envolveu três dimensões básicas: a primeira compreendendo apreensão do comportamento quantitativo diferenciado das municipalidades: crescimento e declínio dos totais; dos idosos e das crianças (0-9 anos). A segunda contemplando as diferenciações nas espacializações as quais criam no território do estado um perfil policêntrico com ênfase nos idosos e nas crianças. A terceira considerando as divergências entre o crescimento dos primeiros e o declínio dos segundos que se traduzem em significativas consequências para as administrações locais e toda a sociedade. Como suporte dos dados quantitativos, os Censos Demográficos do IBGE; as Projeções de População da Fundação SEADE foram importantes para as diferentes questões estudadas. Qualitativamente, foram utilizados alguns Índices como caracterizadores das populações em suas espacializações. Neste caso tem-se: IDHm, Índice de Envelhecimento. Estes atributos evidenciaram as contradições significativas entre crianças e idosos. Nas considerações finais, buscou-se refletir sobre a relevância de estudos desta natureza tanto em sentido aplicado quanto teórico. Este conjunto de dados é que permitiu através de tabelas e mapas caracterizar as diferenciações espaciais da população do estado em suas diferentes regiões marcadas pela redução da fecundidade (menos crianças) e, simultaneamente, o célere aumento dos idosos construindo grandes variações de aglomerações e densidades em cidades pequenas, médias, ou grandes e nas regiões metropolitanas. Quais as repercussões atuais e futuras destas mudanças para as Administrações Locais, a sociedade e especialmente para os próprios idosos? Teoricamente, como refletir sobre o declínio radical das crianças decorrentes da redução da fecundidade e, ao mesmo tempo, o exponencial crescimento dos idosos como fruto da ampliação da expectativa de vida ao nascer conjugada com duração crescente da vida média? O quanto e como estas questões da dinâmica demográfica devem ser contempladas na ciência contribuindo para a explanação das diferentes espacialidades das populações? A geografia é uma ciência espacial por seus métodos e objetivos. Suas temáticas de estudo tornam-se, teórica ou praticamente, mais relevantes através das analises espaciais. Dentre elas a da população que está ressurgindo, de forma inovadora, pela inserção de novos temas, pelas discussões interdisciplinares que contempla e as novas abordagens utilizadas. Menos crianças e mais idosos como o cerne da pesquisa, não significa apenas simples referência às quantidades, mas sim as “novas raízes” das mudanças demográficas que colocam em questão a necessidade de outras formas de pensar geográfico sobre as populações. Nesta direção alguns exemplos de literatura mostram o início da busca de novos trajetos em Geografia da População, quer em sentido teórico quer aplicado. White e Jackson (2011), avaliando a diversidade das dinâmicas da espacialização da população destacaram, de forma detalhada, as diferenciações entre áreas metropolitanas e não metropolitanas como exemplos relacionados à 1026 A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO necessidade de se repensar, geograficamente, sobre as velocidades do crescimento populacional e o significado das distribuições espaciais estudadas na ciência. Na demografia os exercícios das projeções e estimativas contemplam, praticamente desde seu início, significativas ferramentas para as analises das tendências da população. A Geografia, em período mais recente, passou a preocupar-se com o futuro da espacialização da população. Assim, no âmbito dos estudos de população foi criado e tem sido disseminado o termo “geoprospectiva” como novas formas de reflexão sobre questões tradicionais. Segundo Goumerlon et all “Le terme “géoprospective” a commencé à être employé, au milieu des années 2000 por qualifier une démarche de recherche em géographie appliquée à des problématiques de prospective environnementale ou de prospective territoriale”. Goumerlon, 2012 (p.97): A título de exemplo, que possibilita evidenciar o caráter positivo da integração entre a geografia, pelas novas propostas de abordagem do espaço e a demografia pelo caráter prospectivo de seus estudos com, a incorporação da dimensão espacial destaca-se o trabalho de Marandola Jr. E. (2005), publicada na REBEP. O texto, dá concretude às reflexões teóricas feitas no âmbito das duas ciências, bem como evidenciam questões aplicadas de alta relevância para a sociedade como, por exemplo, os azares ambientais. As questões envolvendo tamanho de população, desenvolvimento econômico e a avaliação das desigualdades foram analisadas por Evans e Kelley (2011) em um estudo contemplando trinta diferentes países com o objetivo de estudar, espacialmente em macro escala o papel da dinâmica demográfica nas questões do desenvolvimento econômico. Enfatizam o subproduto destas relações considerando as desigualdades encontradas em cada um. Na mesma direção, privilegiando os estudos espaciais de população e efetuando um recorte sobre o estudo das crianças White, e Bushin, (2011), desenvolveram estudo no qual questões comparativas foram estabelecidas entre os métodos de estudo e as questões praticas envolvendo a espacialização das crianças na Irlanda. Da geografia francesa é interessante destacar o estudo efetuado por Sencébé (2009), centrado em desenvolvimento local de quatro territórios na França, contemplando a dinâmica populacional como dimensão importante para o estudo das desigualdades e diferenciações identificadas nos territorios avaliados. Neste caso a micro escala de analise das populações é enfatizada e bastante contributiva para as reflexões dos estudos locais desenvolvidos. Da mesma origem tem-se a contribuição de Emsellem, (2012), inserindo o papel dos estudos prospectivos em geografia. O texto é muito importante por introduzir a dimensão : futuro, no pensar geográfico sobre o espaço. No caso ele é bastane relevante nos estudos das relações entre projeções populacionais e espaço. Ambos com mudanças que se relacionam e desenham o que virá. As questões envolviendo a avaliação dos grupos etários de população foram tratadas por Martin Ruiz, (2005). O autor parte da análise da forma tradicional de avaliação e uso da estrutura etária segundo diferentes grupos, efetuando uma leitura crítica da mesma com base nas relações entre idades, 1027 A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO grupos etários, estágios da vida e atividades desenvolvidas. Por fim, propõe novas classificações e formas de suas utilizações. Finalmente, é interessante destacar o texto de White e Jackson (1995), que contribuiram do poto de vista teórico para os estudos de Geografia da População. Partindo de uma critica relativa ao ao « desligamento » deste campo de estudos da Geografia Humana deixando, portanto a margem as questões sociais, culturais, etc. revela incompletude em suas pesquisas. Enfatiza a necessidade de que os geógrafos de população contemplem as questões da geografia aplicada a solução de problemas. Isto poderia possibilitar a reconexão a Geografia Humana como um todo. No âmbito da demografia, ciência dos estudos populacionais, estas inovações têm se tornado crescentemente evidentes, integrando, por exemplo, geógrafos e demógrafos. Como consequência, destas aproximações elas emergem associadas a temas variados: ambientais; de qualidade de vida; de planejamento urbano; de administrações locais; de exclusão social; etc.. Todos eles fundamentais para a sociedade humana, quer considerada global ou localmente. Neste sentido, tanto a demografia com seu passado associado a recente inclusão da dimensão espacial; quanto à geografia, como ciência de um passado ainda mais espesso, mas com inserção muito recente da dinâmica demográfica, de forma interdisciplinar e integrada fundamentam os estudos do passado, do presente e do futuro. Este último, com a relevância de envolver a necessária dimensão prospectiva em seus estudos para atender as questões que, no momento, são apenas emergentes. A título de exemplo, que possibilita evidenciar o caráter positivo da integração entre geografia, pelas novas propostas de abordagem do espaço e a demografia, pelo caráter prospectivo de seus estudos com, a incorporação da dimensão espacial tem-se o trabalho de Marandola Jr. E. (2005), publicada na REBEP. De sua leitura percebe-se a concretude às reflexões teóricas feitas e sua importância prática. Desta forma pode-se concluir que a análise populacional é um processo integrado fundamentado na consideração individual ou coletiva de múltiplas variáveis e, dentre elas, a fecundidade, mortalidade e as migrações são as fundamentais. Associadas a estas dimensões básicas, outras intrínsecas como sexo e idade, são complementos indispensáveis para análise. A todas estas temos ainda, os acréscimos dos atributos adquiridos tais como: especialidade no trabalho; escolaridade; local de residência, mobilidade e tantos outros. Contudo, todas estas variáveis, para possibilitarem oferecer respostas às diferentes questões, demandam análises das suas diferentes integrações bem como de suas tendências tendo como suporte suas espacializações. Esta, de há muito, deixou de ser expressa apenas pela tradicional dicotomia rural e urbana ou ainda, segundo as unidades político-administrativas, locais ou regionais ou pelas densidades demográficas. Como consequência, observam-se contradições entre as delimitações político-administrativas e a dinâmica da realidade demográfica. Assim, novas feições espaciais têm emergido para estudos, nas últimas décadas. Crescem de significância: as descontinuidades territoriais urbanas; a 1028 A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO intensificação das conurbações; a emergência dos espaços peri-urbanos; o esvaziamento de áreas centrais, e outras formas. Estas alterações caracterizam diferentes formas de espacialização da população contemplando tanto os aspectos quantitativos quanto os qualitativos. Neste aspecto tem-se, por exemplo, a intensa mobilidade populacional associada com diferentes formas de exclusão social. Este procedimento se insere como dimensão indispensável para os estudos nos quais é necessário incluir diferentes níveis de concentração/dispersão dos dados os quais geram, como produtos: continuidades e descontinuidades espaciais. A partir destes referenciais cria-se a possibilidade do estabelecimento de diferentes abordagens temáticas e metodológicas nos estudos da espacialidade da dinâmica demográfica. Através destas intersecções é que se coloca em evidência, de um lado, a leitura aplicada e transversal da demografia. De outro, o espaço geográfico que possibilita o reconhecimento das diversificadas manifestações desta dinâmica. Em ambas as dimensões, é importante destacar o papel aglutinador que representam. Resultados De 1980 a 2010: convergências e divergências na espacialização da população paulista O estado de S. Paulo é o mais populoso do país mostrando, em seu território um verdadeiro mosaico de dinâmicas demográficas. Em diferentes momentos de sua história determinada dinâmica teve seu predomínio. Na atualidade, o intenso envelhecimento populacional emerge como o mais significativo, exibindo desigualdades na espacialização de seus diferentes grupos etários. A pesquisa, que está em desenvolvimento busca mostrar, não apenas os sucessivos realinhamentos da espacialização daqueles que se tornam idosos (60 anos e mais), mas enfatiza um tema marginalizado envolvendo aqueles que deixam de nascer (crianças) contemplando aquelas entre 0-9 anos. Estas características, o tornam em excelente laboratório para estudos associados destes segmentos populacionais, tendo como referências fundamentais, tanto em sentido teórico quanto aplicado: a Geografia e a Demografia. A avaliação da espacialização da população estadual, dada a sua diversidade envolve um conjunto de procedimentos. Nele temos: as diferenciações espaço temporal do processo de ocupação de seu território; a natureza e a velocidade da criação dos municípios e as subsequentes partilhas territoriais; as contradições entre espaços rurais e urbanos e a significativa instabilidade de ocupação e uso dos espaços das cidades. Registros dão suporte a estas afirmativas. Dos cinco municípios originalmente criados até 1650, os censos de 1950, 1980, 2000 e 2010 exibiram mudanças de grande importância: a existência de 369, 571 e 645, respectivamente, sendo que ultimo valor foi similar para os dois últimos censos. Estes dados evidenciam o aumento das partilhas territoriais que produziram importantes mudanças e se converteram na matriz da explicação da espacialização da população estadual. 1029 A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO A figura 1 mostra as significativas transformações pelas quais passou a população do estado em decorrência do processo de urbanização. É importante destacar o significado dos municípios com população de até 50.000 habitantes e seus respectivos territórios. Estes números mais que apenas registros quantitativos identificaram a trajetória dos caminhos trilhados pela população. Merece destaque uma primeira fase na qual, um pequeno número de municípios abrangia a totalidade da área e da população do estado. A segunda a partir da intensificação do processo de partilha dos municípios pré-existentes. É interessante destacar a importância deste processo para a compreensão da espacialização da população cujos dados foram registradas nos censos de 1980 e 2010. Fig. 1 – Participação relativa dos municípios do estado de S. Paulo segundo os grupos demográficos Fonte- IBGE_Censos Demográficos- 1980, 1991, 2000 e 2010 Organizado pelo autor A tabela 1 contempla, sob a forma de síntese, os dados dos segmentos estudados bem como registra as mudanças relativas ocorridas entre 1980-2010 e entre 2010 e 2030 (projeção). Também, nela dados básicos dos pequenos municípios (> 10.000hab.) foram incluídos de tal sorte a permitir comparações entre o todo e as partes. 1030 A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO Tabela 1- Populações (totais, crianças e idosos), do estado de S. Paulo e dos Pequenos Municípios (>10.000hab.) e as mudanças relativas no período entre – 1980-2010 – 2010-2030 População Tot. Estado Tot. Crianças (0-9 anos) Tot. Idosos (60 e +) Tot. Pop. Peq. Municípios Tot. Crianças-(0-9 anos) Peq. Munic. Tot. 60 e + Peq.Munic. 1980 2010 5.040712 41.262.199 2.666353 5.531 005 Projeção para 2030 46.824.166 5.172 513 9.374 162 Crescimento Relativo: 1980-2010 Crescimento Relativo: 2010-2030 46,8% 13,4% 107,6 - 6,5 01,9 96,5 1.580293 4.771 436 581.496 1.372210 1.371.880 136,0 - 0,02 139.501 182.038 148.412 30,5 -22,65 89,7 57,2 101511 192.541 302.667 Fonte-Censos Demográficos –FIBGE- 1980 e 2010. Projeções Populacionais- 2030- Fundação SEADE Organizado pelo autor. Os valores constantes da tabela, ainda que com caráter macro, evidenciam as diferenciações, não só na dinâmica quantitativa, mas também naquelas qualitativas (crianças e idosos), com ênfase na espacialização dos valores. Duas direções de mudanças merecem destaque: a diferenciação na redução do total de crianças e a aceleração do envelhecimento para o conjunto do estado e para os pequenos municípios. Para os municípios de menores totais demográficos é importante destacar, o declínio praticamente nulo da população total, explicado por uma típica inércia demográfica e a redução importante das crianças. Este comportamento decorre e responde pelo aumento significativo da população idosa. Segundo o censo de 2010 os pequenos municípios (>10.000 hab.) representavam relativamente 43% do total do estado sendo relevante registrar que nas projeções elaborados pela Fundação SEADE para 2030 permaneciam com uma participação de 42%. Esta é uma constatação importante e influenciadora nos padrões de espacialização da população uma vez que exibem estabilidade contrapondo-se a dinâmica, muitas aceleradas, dos demais municípios. A sequência de figuras envolvem as diferentes distribuições espaciais dos municípios do estado segundo a característica considerada para a representação. As figuras 2 e 3 relacionam-se ao crescimento relativo da população total e da população idosas entre 1980 e 2010. Um primeiro aspecto é importante ser destacado é identificado nas legendas de representação de cada um. Para a população total têm-se registros negativos e positivos. O primeiro exibindo o declínio populacional com reduções de até 77% e o segundo crescimento em uma ampla escala de valores. Com perfil diferenciado a figura contemplando o crescimento da população idosa registra apenas um município com declino de seus idosos. Todos os demais apresentam crescimento significativo na população idosa. Espacialmente a porção centro leste do estado caracteriza como área de declino dos totais populacionais e crescimento do número de idosos. Esta combinação decorre do processo de ocupação do território do estado e as partilhas territoriais acrescido pelas diferentes formas e momentos de desenvolvimento econômico. 1031 A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO Figs. 2 e 3 Crescimento Relativo da População Total e Idosa (60 anos e+) dos Municípios Paulistas – 1980 – 2010. As figuras 4 e 5 representam um detalhamento das representações contidas nas figuras 2 e 3. Estas registrando o percentual de aumento tanto para a população total quanto para a idosa entre 1980-2010. As figuras em análise apresentam, em princípio, espacialização similar dos valores. Entretanto, nelas temos uma diferença importante em relação aos anteriores uma vez que qualifica, através das taxas de crescimento, os comportamentos de todos os municípios. Assim, enquanto permitem a elaboração de projeções as anteriores não. Ambas são representações que permitem analise comparativa bem como identificação regional dos comportamentos associando-os às dinâmicas sociais e econômicas caracterizadoras dos diferentes municípios. Figs. 4 e 5 Taxa Média Geométrica Anual de crescimento da População População Total e Idosa (60 anos e +) dos Municípios Paulistas- 1980-2010 As figuras 6 e 7 inserem na avaliação espacial da população um componente relevante tanto do ponto de vista teórico quanto prático qual sejam as projeções de população. Procedimento fundamental para a antecipação da leitura de distribuições futuras e indispensável para os processos de planejamento do desenvolvimento local e regional. Os valores projetados envolvem totais e idosos, possibilitando a identificação de convergências e divergências entre ambos Os valores representados confirmam a tendência para o declínio da 1032 A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO população dos total dos municípios ao mesmo em que exibem o crescimento díspar da população idosa. Como consequência, gerarão novos cenários espaciais de população para 2030 impondo reflexões sobre o mesmo em termos das novas questões que emergirão e, ao mesmo tempo, o declínio ou aumento daquelas então já existentes em 2010, então muitas não solucionadas. Figs. 6 e 7- Crescimento Relativo da População Total e Idosa (60 anos e +) projetadas para 2030 a partir de 2010. Finalmente, a figura 8 apresenta importante diversidade pelo fato de representar, de forma integrada, característica especifica medidas da população idosa. Sua elaboração incorpora três dimensões fundamentais: saúde, proteção social e participação. Fig.8 – Índice de Futuridade da População Idosa (60 anos e +) dos Municípios Paulistas- 2009 1033 A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO Trata-se de uma síntese que permite aos administradores locais possam identificar monitorar e atuar no sentido de melhorar a qualidade de vida dos idosos. A figura não só exibe a situação dos municípios paulistas a época. Então, apenas treze municípios (2,0%) foram classificados como marcados pelo índice mais elevado da escala enquanto significativo número pertencia ao nível mais baixo. Outra importância está no fato dele possibilitar análise comparativa com aqueles representando crescimento relativo, taxa de crescimento e projeção populacional criando a possiblidade de analise especializada em termos de qualidade de vida. Considerações Finais Qual a importância da inserção da dimensão espacial nos estudos populacionais? Como considerar esta variável, não apenas sob a perspectiva de localizações isoladas e aparentemente desconexas? O quanto mudanças espaciais em uma perspectiva administrativa podem afetar os perfis distribucionais das populações? Quais as diferenças entre considerar-se espaços em escala macro como estados, Regiões ou a totalidade de um país, face aqueles em escala micro como um município ou, mais detalhadamente, apenas um de seus bairros? Este é um conjunto de questões de sentido teórico e prático bastante relevantes cujas respostas devem ser buscadas tanto no âmbito da literatura já produzida quanto empiricamente, nas diferentes realidades observáveis. São estas as questões fundamentais que envolvem a totalidade da pesquisa. 1034 A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO No momento e face ao texto elaborado, algumas questões podem ser identificadas e destacadas. 1- O estudo da dinâmica demográfica está associado à espacialização de seus comportamentos uma vez que são eles que constroem diversidade; 2- Os tradicionais estudos envolvendo populações rurais e urbanas são acrescidos, na atualidade, de dimensão permanentemente dinâmica, qual seja a estrutura estaria. Por exemplo, a consideração das crianças e dos idosos envolve reflexões simultâneas no âmbito da Geografia da População, visando a melhor compreensão da dinâmica espacial e suas configurações. É impossível dissociar as duas dimensões e suas consequências. 3- As imagens apresentadas resultaram da espacialização da população, particularizando-se, no momento, a população idosa. Não só a população total, mas particularmente a idosa representa, simultaneamente, não só um fato demográfico e geográfico, mas também outro de natureza política e administrativa, especialmente para os gestores locais. Seus valores devem servir de referências e estarem refletidos em ações, decisões e o planejamento do futuro a partir das múltiplas convergências e divergências verificadas. 4- As pesquisas no âmbito da geografia da população têm se expandido marcada por inovações tanto de natureza teórica quanto prática. Portanto a multiplicação da literatura correspondente deve merecer atenção dos estudiosos e pesquisadores do tema 5- Finalmente a volátil dinâmica da população ora criando vazios demográficos; ora gerando elevados adensamentos sociais; em algumas situações envelhecendo espaços ou convivendo com intensa mobilidade, convertem-se em temática multifacetada que demanda análises inter e transdisciplinares na busca de respostas e caminhos para as ações, seja da sociedade ou de governos. Referências Bibliográficas Emsellem, K. Et all (2012) La géoprospective : l'émergence d'un nouveau champ de recherche ? Léspace géographique, 41(2), 154-168Evans, M. D. R. e Kelley, Jonathan. (2007 ) Population Size, Economic Development, and Attitudes Towards Inequality: Evidence from 30 Nations. Population Review 46 (2) 2007. Goumerlon et all, (2012) La géoprospective, apport des approches spatiales à la prospective. Léspace géographique, 41(2), 97-98 Marandola, E. e Hogan, D.J. Natural Hazards (2004). 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