BOLETIM Online JULHO 2015 Naturalmente que uma associação como a nossa, não pode ignorar o “artesanato” e com um projeto a partir da base, em colaboração com a Escola. Se a ideia se concretizar, o projeto integrará o Núcleo de Artes Visuais, e como o principal para já é “mostrar” o que se fazia, seria interessante, por exemplo, uma exposição de “bordados” e outros trabalhos “manuais”. Sereia também interessante mostrar um “oleiro ao vivo” dado que se trata de uma atividade que aqui existiu. Mas atenção que não estamos a dizer que vamos ter mais uma atividade, mas sim que a mesma pode acontecer, se houver um interesse que funcione como garante. É UMA IDEIA! E todos sabemos que todo o projeto que não assente no querer e na vontade das bases não tem futuro. MONTARGIL 1920/30 JULHO Antes de amanhecer começava a azáfama nos campos.Com carros de bois, de burros ou de mulas, o trigo era levado para a eira, para então se fazerem os média e os frascais. Entretanto a eira tinha que ser raspada e ougada, sendo para o efeito a água transportada em dornas e barris. Normalmente a eira era ougada de tarde, às vezes, mesmo já de serão, e logo de manhã e para pisar eram metidas as ovelhas e as cabras, aquilo que mais estivesse à mão. Entretanto e depois de tirado o rebanho da eira, esta era barrida /varrida) após o que se metia um calcador para a comprimir. Era então altura de meter o trilho, por vezes até dois (trilhos) e fazia-se a debulha, com burros, mulas ou éguas, até mesmo bois ou vacas. E logo que o milho estivesse debulhado, tirava-se o trilho para em seguida se tirarem as palhas, com forcados ou forquilhas. E tudo isto era feito numa correria, que o trabalho tinha que ser feito de dia, que de noite a raposa poderia vir à eira. JULHO era ainda o mês em que se mondava arroz e tirava cortiça. Nas Festas da Cidade estiveram com o esperado agrado, o Grupo de Danças de Salão e o Grupo CantarGIL. O primeiro, em estreia na cidade, foi mesmo uma muito agradável surpresa, pois não se esperava a qualidade demonstrada, fruto aliás do intenso trabalho que vinham tendo. Quanto ao CantarGIL.com boas condições em especial com som de qualidade, foi possível demonstrar as qualidades que não são novidade. Refira-se ainda que no MUSICANDO, um projeto de excelência, estavam trinta crianças das escolas de Montargil Pequeno Apontamento 1) Como se compreende, só nos chamados “bailes do trabalho” a mulher usava o traje de camponesa, porque nos outros usava a blusa domingueira, por vezes a única que tinha e que ao regressar a casa era logo lavada para estar em condições no fimde-semana seguinte. Curioso, é que por vezes entregava um lenço ao par, para este colocar entre a mão e a blusa de maneira a não sujar esta. 2) A alcunha de Bom Dia resultou do facto de ainda gaiato, andando a guardar gado, fosse qual fosse a hora em que o cumprimentassem, respondia sempre com um “bom dia”. 3) Bailava-se muito quando ia-mos à semana ou à quinzena. Se houvesse baile duas vezes por semana, era à terça e à quinta, se houvesse só uma vez era à quarta ou à quinta. Depois isso acabou e era só ao fim se semana, ao sábado à noite (Maria Gertrudes) Desta feita, o Rancho Folclórico de Montargil (grupo principal) foi até terras do Douro Litoral/Centro, mais concretamente a GRIJÓ (concelho de Gaia, distrito do Porto).Foi a mais longa deslocação do ano (300 quilómetros para cada lado),o que levou alguns elementos a não se deslocarem com receio de não chegarem a tempo de entrar no trabalho). NÚCLEO DE ESTUDOS AUDIOVISUAIS De facto, o Núcleo de Estudos Audiovisuais, está parado há muito tempo. Mas quanto aos Concursos de CURTAS, terá que ser com o seu responsável. Entretanto alguém me procurou hoje com ideias que são para não deixar cair. Alguém que brevemente me voltará a procurar-me para uma conversa mais prolongada e definitiva. 1)-Criar um elenco, livre de quaisquer compromissos, nomeadamente com o sector do teatro, para a realização de curtas que se possam, inclusivamente, enviar a concursos; 2)-Filmagem nas aldeias e outros lugares, que possamos inclusivamente divulgar nos meios do turismo. Por exemplo e quanto às aldeias: 1)-A sua história; 2)-Qual a sua oferta, HOJE, para quem nos visita? E por agora não posso dizer mais…. MONTARGIL a terra e as gentes Fotografias do vídeo gravado, com algumas deficiências que se vão tentar corrigir e complementar com banda sonora. REGISTO UM MUSEU DE IMAGEM SOM E MOVIMENTO A “missão” de um grupo de folclore, consta essencialmente de “comunicar” no presente e “registar” para o futuro, projetos que assentam necessariamente numa cuidada pesquisa etno-cultural. Sem atingir a utopia do genuíno e do puro, teremos eram, há até quem diga que o nosso trabalho é uma referência na região,-ainda tentamos “unir” algumas pontas- pelo que estamos trabalhando já no “registo para o futuro “corporizando o projeto MONTARGIL—a terra e as gentes. Está escrito (material para o livro MONTARGIL-gentes de antigamente), há imagens, e entrámos no ciclo do vídeo. Pela Internet está espalhado muito material de interesse, que vamos tentar reunir por especificidades — primeiro as modas/peças cantadas e balhadas; depois algumas atividades; seguidamente e em pormenor, trajo a trajo; finalizando com material móvel e imóvel— casas, mobílias e apetrechos: domésticos e de trabalho. Trabalho moroso, algum a exigir urgência por possibilidade de desaparecimento. Como se pode verificar, não trabalhamos às escondidas. O Laboratório de Pesquisa e Criação Teatral, orientado por Pedro Filipe Mendes, foi uma excelente iniciativa Decorreu a um fim-desemana (sábado e domingo) ocupando 12 horas, e foi dirigido aos mais jovens. Assisti ao exercício final em que os alunos fizeram uma demonstração do que aprenderam, e gostei do que vi. Aliás, a satisfação era geral. É certo que ninguém pode gostar daquilo que não conhece, ou antes, que não compreende. E foi esse o meu caso em relação ao FADO, muito em especial ao “fado tradicional”. Mas, diga-se, não demorou muito a passar a adorar o que quase detestava, ao que não terá sido estranho a existência de algumas pérolas como por exemplo “Samaritana”. Mas o interesse pelo Fado, pela sua origem, pela sua História tem muito a ver com a publicação do livro A ORIGEM DO FADO (José Alberto Sardinha). Até aqui. E com uma argumentação bastante vaga, dizia-se que a origem do fado estava no Brasil ou em África, mas com uma fundamentação que lhe é habitual, o Drº. José Sardinha vem dizer que não senhor, ”que a origem do fado se situa no substrato musical comum a todo o país, que era o canto narrativo tradicional” Diz o autor/investigador que se o fado é uma música de tradição oral, o que era mais lógico era estudar-se a restante música de tradição oral e comparar. E assim ele faz… -“ Através de uma investigação séria, rigorosa, profunda e consistente junto das comunidades rurais de todas as províncias”, José Sardinha descobriu os resquícios de uma antiquíssima tradição poético-musical comum a todo o país (aldeias, vilas e cidades, incluído Lisboa), que constitui a génese do Fado: o canto narrativo que vem do século XVI representado pelo romanceiro novelesco tradicional e que chegou aos nossos dias através dos músicos ambulantes entre os quais os ceguinhos da tradição popular, que cantavam pelas feiras e ruas de todo o país os acontecimentos que impressionavam o seu auditório: os crimes, as desgraças, as tragédias, as vidas da gente comum, que mesmo é dizer os fados da gente comum. São esses os fados primitivos (a que pejorativamente se chama fados da desgraçadinha ou de faca e alguidar), é aí que se situa a origem, a raiz do fado. Não sei se hoje, alguém ainda duvida dos resultados desta investigação. VERÃO TOTAL esteve em Ponte de Sor, e no mesmo participaram dois dos nossos grupos: o Rancho Folclórico e o Grupo de Cantares. Sendo ainda feita uma boa divulgação da terra, nomeadamente da componente turística, em especial do “turismo aquático”. Mas, voltando aos grupos, digamos que o Rancho Folclórico teve uma apresentação mais ou menos adequada, já na base da que consideramos a indicada. Pena no entanto que bailasse sobre relva, que inclusivamente impediu que se visse o bom trabalho de pés dos componentes. Dividida por duas partes, na primeira falou-se sobre o grupo e bailou-se o “salto e bico” enquanto na segunda se fez a apresentação de trajes e se bailou o “passo largo”. Claro que em síntese e com algumas lacunas a burilar, o que aliás já comuniquei à respetiva produção. Quanto ao Grupo CantarGIL, que apresentou uma “cantiga”, (ao romper da bela aurora) debaixo de um forte calor, não teve as condições que se desejariam, o que não impediu, no entanto de deixar vincado o valor que tem e lhe é reconhecido. Colaboração especial de JOÃO PEDRO CESARINY CALAFATE Os Movimentos Celestes – Parte I Quão rápido gira a Terra em torno de si própria? E em torno do Sol? Será que o Sol está parado? E a própria galáxia move-se? Qual a origem das estações do ano? Qual a diferença entre “dia sideral”, “dia solar”, e “dia natural”? Neste artigo irei responder a todas estas questões! A primeira “surpresa” que se aprende em relação aos movimentos celestes é sobre o facto de a Terra rodar sobre si própria. Este movimento dá origem ao dia e à noite, sendo de dia num dado local da Terra quando este local recebe luz do Sol. Depois surge a noite, porque como a Terra rodou, esse local deixou de receber luz do Sol. Os Movimentos Celestes – Parte II Neste artigo, entre outros temas, vou abordar a precessão dos equinócios, as fases da Lua, e os eclipses lunar e solar. Na parte I falei-vos dos movimentos que o nosso planeta descreve, rotação e translação, bem como as suas consequências. Expliquei ainda a origem das estações do ano. No final, de modo a suscitar o vosso interesse para esta segunda parte, informei-vos que daqui a uns milhares de anos o Natal será a meio do Verão (no hemisfério Norte)! Como é que tal será possível? É fácil! Se as estações do ano se devem à inclinação do eixo de rotação da Terra, então basta que o eixo não esteja fixo. Como podem ver, é Verão no hemisfério terrestre que recebe mais luz do Sol. Os hemisférios Sul e Norte não recebem (em simultâneo) a mesma “quantidade” de luz devido à inclinação (do eixo) da Terra, como veem nesta figura. Concretizando, em Agosto temos o Verão no hemisfério Norte, e o Inverno no hemisfério Sul, porque o hemisfério Norte aparece “inclinado” em direção ao Sol. Passados 6 meses, em Fevereiro, a Terra deu meia volta em torno do Sol, mantendo a mesma inclinação em relação ao plano da órbita, o que significa que agora o Sol aparece-lhe “do outro lado”, e como tal nesta altura temos o hemisfério Sul a receber mais luz. Como disse, para que o hemisfério Norte possa festejar o Natal no Verão, tal implica que esta inclinação do eixo tenha que variar, em particular, teremos que ter o hemisfério Norte “inclinado” para o “lado do Sol” em Dezembro. De facto tal irá acontecer, porque o eixo não está fixo! A este efeito de alteração de orientação do eixo terrestre dá-se o nome de precessão dos equinócios. O fenómeno de precessão não é exclusivo do eixo de rotação da Terra. Um peão também sofre precessão da mesma forma: Não quero aqui discutir em detalhe a Física que concerne a precessão (ficará para um artigo futuro onde irei abordar giroscópios), pelo que digo-vos apenas que no caso da Terra o efeito resulta do facto de o planeta não ser uma esfera perfeita e uniforme, o que faz com que hajam efeitos gravíticos do Sol e da Lua sobre o eixo de rotação terrestre. Assim, a orientação do eixo de rotação varia periodicamente ao longo do tempo. O período é de cerca de 26 mil anos, o que implica que daqui a 26 mil anos tudo estará como está agora. Daqui a meio período, isto é, 13 mil anos, as estações do ano estarão invertidas, o que significa que poderemos ter o Natal e o Carnaval no Verão (no hemisfério Norte, enquanto que no hemisfério Sul será Inverno). Nessa altura, a Estrela Polar não irá indicar o Norte (no hemisfério Norte)! Notem que a Estrela Polar indica atualmente o Norte, porque o eixo de rotação está alinhado com ela. É por isso que no decorrer da noite esta estrela não muda de lugar: A Terra roda, mas a Estrela Polar mantém a sua posição no céu noturno (de dia também lá está, mas o Sol é suficientemente brilhante para nos impedir de a ver). Em contraste, todas as outras estrelas rodam aparentemente no céu (a Terra é que roda). A animação de cima, bem como a primeira imagem deste artigo mostram isto mesmo: são fotos de longa exposição, o que é equivalente a uma sobreposição de várias fotos tiradas com um pequeno intervalo de tempo entre elas. Os arcos de circunferência são desenhados pelos trajetos que as estrelas fizeram aparentemente no céu durante o tempo em que foram tiradas as fotos. A Estrela Polar aparece no centro destes arcos de circunferência (não na primeira foto, porque essa foi tirada no hemisfério Sul). Como a orientação do eixo da Terra vai mudar, a Estrela Polar deixará de nos indicar o Norte. Daqui por 12 mil anos poderemos usar a estrela Vega (que é uma das estrelas mais brilhantes no céu noturno). Por outras palavras, nessa altura o eixo da Terra estará a apontar para essa estrela. Faço aqui uma nota: o leitor sabe como encontrar a Estrela Polar no céu? Não, não é a estrela mais brilhante! Primeiro identifica a Ursa Maior (constelação em forma de matamoscas com 7 estrelas bastante brilhantes, sendo a sua identificação normalmente fácil): “Big Dipper” corresponde à Ursa Maior, enquanto que a “Little Dipper” é a Ursa Menor. A “Polaris” é a Estrela Polar. De seguida, traça “virtualmente” a linha da seta como na imagem acima. Esta linha imaginária mede cerca de cinco vezes a distância (aparente) entre as duas estrelas da Ursa Maior da qual a seta parte. A Estrela Polar é então fácil de identificar nesta zona do céu, porque é bastante mais brilhante que as outras suas vizinhas (notar que identificar a Ursa Menor não é muito fácil, a menos que o leitor procure uma zona bastante escura para observar o céu, longe da poluição luminosa das cidades; nesse caso a Polar é a estrela da “cauda” da Ursa Menor, como indica a imagem de cima). Uma vez que a Polar está alinhada com o eixo de rotação, isso significa que se estivermos no Pólo Norte a Estrela Polar aparece-nos no zénite, ou seja, por cima da nossa cabeça. Como é evidente, neste local não consegue indicar o norte. À medida que nos distanciamos do Pólo Norte em direção ao Equador da Terra, a posição da Estrela Polar vai ficando cada vez mais baixa (próxima do horizonte, que é como que a linha imaginária que separa o céu da Terra, veja a imagem abaixo.) A linha do horizonte é a linha mais ou menos horizontal que divide o céu das montanhas nesta foto. No hemisfério Sul não conseguimos ver a Estrela Polar, porque a Terra está literalmente a “estorvar”, claro. Caso o leitor se sinta um pouco confuso com esta explicação, convido-o a imaginar o problema, considerando uma esfera (Terra) e um ponto distante no espaço. Ao colocar um observador em diferentes locais da superfície da esfera, o ponto distante irá aparecer em posições aparentes diferentes para o observador. O leitor poderá perguntar: como pode a Estrela Polar aparecer sempre no mesmo sítio no céu noturno tendo em consideração que a Terra tem um movimento de translação em torno do Sol? O leitor refere-se ao efeito de paralaxe (discutido no artigo das medições astronómicas para calcular a distância da Terra a uma estrela distante). De facto, este efeito faz com que a posição aparente da estrela varie um pouco, mas muito pouco, porque a Estrela Polar está muito distante. Este é um efeito bastante simples que o leitor pode comprovar: se focar os seus olhos num objeto próximo (o seu polegar, por exemplo), se fechar alternadamente o olho esquerdo e o olho direito verifica que a posição aparente do polegar muda, sendo que o desvio é tanto maior quanto mais próximo estiver o polegar dos seus olhos. Se olhar para um objeto muito distante, fechar alternadamente os seus olhos não irá alterar a posição aparente do objeto. Nesta analogia, a distância entre os olhos equipara-se ao diâmetro da órbita da Terra em torno do Sol (considerando em boa aproximação a órbita circular). Voltando à precessão dos equinócios, como o ciclo demora 26 mil anos, tal implica que o leitor durante a sua vida não irá constatar alterações significativas nas estações do ano devido a este fenómeno. O fenómeno só é apreciável a uma escala de milhares de anos. Aqui surgenos a Astrologia, inventada há milhares de anos, a qual tenta correlacionar a vida de cada um de nós com a posição dos astros. A correlação não existe, e os astrólogos nem se preocuparam em atualizar a posição dos astros tendo em conta a precessão dos equinócios (como referi no artigo Astronomia versus Astrologia). Se o signo do leitor for o Leão, por exemplo, fique sabendo que isso era verdade há milhares de anos, mas não agora: será Caranguejo (aproximadamente um signo “para trás”). Mas não se preocupe em passar a ler as previsões para o seu “novo” signo, porque a aldrabice é a mesma. Passo agora a um outro movimento celeste, o mais fácil de reparar no céu noturno. A protagonista é a Lua, que periodicamente nos mostra diferentes fases (ainda que a face seja sempre a mesma, como discuti no artigo sobre o efeito de maré). A Lua demora pouco menos de um mês a dar uma volta em torno da Terra, e enquanto dá essa volta, aparece-nos de formas diferentes durante a noite: A imagem de cima mostra o movimento da Terra em torno do Sol distante durante aproximadamente 1 mês, bem como o movimento da Lua em torno da Terra. Para diferentes posições da Lua em relação à Terra e ao Sol, temos sucessivamente Lua Nova (1), Quarto Crescente (3), Lua Cheia (5), Quarto Minguante (7), e novamente Lua Nova (9). A área verde na última Lua Nova representa o trajeto que a Lua teve que fazer a mais para voltar a apresentar-se como Lua Nova. Confuso? O leitor recordase da distinção entre dia sideral e dia solar apresentada na primeira parte? Neste caso temos algo semelhante: a Lua demora 27.3 dias a dar uma volta em torno da Terra, contudo, como a Terra também anda em torno do Sol, isto implica que a posição relativa da Terra, Sol e Lua sejam diferentes passados 27.3 dias (mês sideral), pelo que a Lua tem que “andar” um pouco mais de modo a ter a mesma aparência no céu noturno. Assim, o chamado mês sinódico tem 29.5 dias, e corresponde ao período completo que a Lua leva a repetir a sua fase. A posição do Sol é importante porque nós vemos a luz que a Lua reflete. A Lua em si reflete sempre a mesma “quantidade” de luz (excetuando eclipses lunares), mas dependendo da sua orientação em relação à Terra, podemos receber mais ou menos luz (em Lua Nova, a luz é refletida em direção ao Sol, não chegando à Terra nenhuma luz proveniente dessa reflexão). Pela imagem podem tirar uma conclusão óbvia: o Sol, a Terra e a Lua não estão no mesmo plano. Se estivessem, não conseguiríamos ver a Lua Cheia, porque a Terra estaria à frente do Sol, impedindo que a luz solar iluminasse a Lua. Notem que na imagem as fotos das fases da Lua correspondem àquilo que podemos ver no hemisfério Norte. No hemisfério Sul observa-se o simétrico (em relação a um eixo de simetria vertical). Por outras palavras, enquanto que em Portugal chamamos mentirosa à Lua por ela se nos apresentar na forma de um ‘C’ enquanto “diminui” de tamanho, e de um ‘D’ quando “cresce”; já no Brasil a Lua não é mentirosa!… Um outro especto que se pode compreender da análise da imagem de cima é sobre o porquê de a Lua não aparecer sempre há mesma hora no céu. Como se deve depreender da imagem e do senso comum, em Lua Nova, a Lua não aparece, enquanto que em Lua Cheia podemos contemplar a Lua durante toda a noite. No caminho intermédio entre os dois extremos, temos a noite a aparecer à tarde e a pôr-se cedo, enquanto “cresce”. Depois de passada a Lua Cheia, a Lua vai aparecendo cada vez mais tarde, à medida que “decresce”, aparecendo já só de madrugada antes de voltar a ser Lua Nova. Desafio o leitor a tentar compreender isto apenas analisando a imagem de cima (bastará considerar cada um dos casos representados na figura de cima, e imaginar a Terra a rodar sobre si própria – durante um só dia poderá considerar a posição da Lua e do Sol fixos). Já agora acrescento que a órbita da Lua em torno da Terra não é um círculo perfeito, é uma elipse. Consequentemente, por vezes está mais próxima, outras vezes está um pouco mais distante. Quando calha a estar mais próxima e a ser Lua Cheia, dá-se aquilo a que chamamos uma Super Lua, onde a Lua aparenta ser ligeiramente maior (muito ligeiramente). E os eclipses, como é que ocorrem? Já dei a dica essencial em cima: se a Lua, a Terra, e o Sol ficarem no mesmo plano e em linha, então teremos um eclipse. Eclipsar significa tornar invisível, por isso, um eclipse lunar ocorre quando a Lua desaparece do céu noturno devido à presença da Terra, que impede que a luz do Sol ilumine a Lua. Como é evidente, este eclipse acontece durante a Lua Cheia e é observado de noite: Em Lua Nova, temos a situação contrária, isto é, neste caso é a Lua que se coloca à frente da Terra, impedindo a luz solar de chegar à Terra. Como a Lua é relativamente pequena (e tendo em conta a sua distância em relação à Terra), é difícil termos a sorte de estar num local onde a luz solar seja totalmente impedida de nos chegar aos olhos. (É escusado referir que este eclipse ocorre durante o dia.) Não temos eclipses todos os meses porque o plano orbital da Lua não coincide com o plano orbital da Terra (em torno do Sol). Os planos intersectam-se, e de vez em quando temos a sorte de encontrar os três astros alinhados (todos estes movimentos são bem conhecidos, de modo que é possível prever com a antecedência que se desejar o próximo eclipse). Faço notar também que é tão provável ter um alinhamento perfeito para um eclipse lunar como para um eclipse solar. Contudo, tendo em conta que a Terra oculta muito mais facilmente de forma parcial ou completa a Lua, do que a Lua oculta o Sol, é então muito mais fácil observar eclipses lunares. Uma vez tendo referido eclipses, para completar, tenho que referir a “eclíptica”. Como já aqui referi várias vezes (neste artigo e na primeira parte), a órbita da Terra em torno do Sol define um plano, o plano da eclíptica: O nome provém do facto de os eclipses ocorrerem quando a Lua intersecta este plano (em linha com a Terra e com o Sol). No céu diurno, o Sol tem um dado trajeto que corresponde a este plano. O leitor está recordado que o sistema solar aparenta a forma de um disco como na imagem seguinte? Isto significa que os planetas do sistema solar (a despromoção do Plutão já foi discutida noutro artigo) partilham (mais ou menos) a mesma eclíptica. Consequentemente, o trajeto que o Sol faz de nascente para poente no céu diurno é acompanhado por semelhante trajeto, em “linhas” bastante próximas, por todos os planetas do sistema solar (se não está a compreender a que “linhas” me refiro, recorde a antepenúltima imagem da primeira parte). A Lua também anda lá perto, porque a inclinação da sua órbita em relação à eclíptica é de apenas 5º. A própria galáxia (Via Láctea) tem a forma de um disco (em espiral, como referido na primeira parte). Este disco define um plano que não coincide com a eclíptica, mas que também define uma “linha” no céu, sendo a mesma bem visível no céu noturno (principalmente em locais escuros, longe da poluição luminosa): O nome “Via Láctea” tem origem neste espetáculo visual, claro. Esta “via” é definida pelos milhares de milhões de estrelas que constituem a nossa galáxia. A galáxia não é um disco perfeito, pelo que também encontramos muitas outras estrelas dispersas pelo céu. Todas as estrelas que veem no céu pertencem à nossa galáxia! Com um pequeno telescópio é possível observar outras galáxias, as quais aparecem ao telescópio como uns pequeníssimos aglomerados de pontinhos luminosos. Se o leitor gostar de Astronomia e se tiver um smartphone, recomendo-lhe a instalar a aplicação “Google Sky Map”, a qual o ajudará a identificar as constelações, estrelas e planetas visíveis no céu noturno. No seu computador poderá instalar o Stellarium, com o qual poderá conhecer melhor o céu noturno, bem como planear futuras observações. Por outro lado, informo que no Verão a Ciência Viva organiza o “Astronomia no Verão” (em Portugal), em que é dada a oportunidade grátis a qualquer pessoa de observar o céu em inúmeros pontos do país através de telescópios (se nunca experimentou, fica o desafio). Infelizmente, a descoberta de como iluminar as nossas cidades conduziu a um ofuscar da beleza dos céus. Contudo, a beleza permanece “lá”, só exige que procuremos o lugar certo para a apreciar. 18 julho XXXVI Festival de Folclore Pelas 17h.30m. decorreu no salão de festas da Casa do Povo de Montargil, a cerimónia de entrega das lembranças, que entre outros contou com a presença dos representantes da Junta de Freguesia de Montargil e da Câmara Municipal de Ponte de Sor. XXVI Festival de Folclore Montargil 2015 Montargil O Grupo Espanhol pernoitou 3 noites em Montargil (Sexta, sábado e domingo), aproveitando assim para conhecer a nossa terra. Foi-lhes dado a conhecer alguns lugares mais característicos, a nossa gastronomia, bem como….as nossas gentes. Foi num anfiteatro que se encontrava cheio que decorreu mais um Festival de Folclore que terminou por volta das 24horas. O jantar foi servido no refeitório da Escola Básica número um de Montargil e foi do agrado de todos os grupos presentes. A um dia muito quente seguiu-se uma noite muito agradável que juntamente com a qualidade dos grupos permitiu um bom espetáculo. Rancho Folclórico de Montargil (Alto Alentejo) No ponto onde o Alentejo e o Ribatejo se encontram fica MONTARGIL cujo folclore, na opinião do Sociólogo e Historiador José Salvado Travassos é ” a junção da alma alentejana com a charneca ribatejana.” E que ainda em seu entender, aglutina um folclore purificado duma beleza extraordinária quase única em Portugal”. Juntemos-lhe entretanto uma pitada de algarvio (tiradores de cortiça) e de beirão (“ratinhos” em temo de ceifa) e fica o retrato certo. "Veteranos de Coros y Danzas de Badajoz" O grupo "Veteranos de Coros y Danzas de Badajoz" nasceu pelo interesse alguns fãs do folclore de Estremadura novamente desfrutar de uma atividade que tinha praticado anteriormente e que por vários motivos eles tiveram que deixar por algum tempo. Os componentes deste grupo vêm de diferentes áreas da cidade de Badajoz: Carnival, irmandades, grupos de coros e danças, ensino e outros grupos culturais. Todos os membros têm uma vasta experiência de participação em vários festivais folclóricos internacionais. Tendo realizado em muitos países ao redor do mundo. O objetivo principal do grupo "Veteranos Canções e Danças de Badajoz" é restaurar, manter e divulgar os aspetos tradicionais da cultura popular da Estremadura em todas as suas formas: danças, canções, rituais, costumes, trajes. O grupo apresenta uma ampla amostra de folclore da Estremadura, de norte do Cáceres a sul de Badajoz apresentando cada dança no traje da área a que pertence. Rancho Folclórico da Casa do Povo do Pego (RIBATEJO) Representa fielmente os usos e costumes da sua aldeia na reconstituição dos trajos usados desde 1900 até 1930, podendo dizer-se que, atualmente, o rancho está “vestido” com verdadeiras réplicas de trajes originais: Nos femininos – Noiva, domingueiro (pobre e rico), filha de lavrador abastado, de ir à aldeia e de trabalho; Masculinos – Noivo, domingueiro (pobre e rico), de vendedor de gado e de trabalho. O Rancho Folclórico e Etnográfico de Casais de Revelhos (Abrantes) Ribatejo– Zona Templários Casais de Revelhos é uma aldeia da União de Freguesias de Abrantes e Alferrarede, concelho de Abrantes, pertenceu à antiga Província do Ribatejo, confinando com a Beira Baixa e o Alto Alentejo. O objetivo deste Grupo é a pesquisa, recolha, preservação e divulgação do Património Etnográfico e Folclórico de Casais de Revelhos e sua região, retratando a época final do século XIX, através das modas que eram cantadas e bailadas nos campos, nas eiras, nos largos e nas denominadas “casas de fora”, onde se realizavam os bailes. No campo do traje apresenta três vertentes: os de ocasião, os domingueiros, e os de trabalho. Rancho Folclórico de São Salvador de Grijó (Douro Litoral Centro) Dizem-nos que o trajar dos componentes foi fielmente estudado e copiado dos trajos dos seus antepassados, os quais eram geralmente usados em atividades locais, como são disso exemplo a Leiteira, os trabalhadores do campo, a Lavadeira, a Galinheira, e o Serandeiro entre outros. Entre as danças e os cantares poderemos citar “o preto”, ”o malhão” e o “vira valseado”. Algumas Fotos do Evento Os nossos agradecimentos a todos os que nos ajudaram. Dia 19 julho Participação no CantarGIl nas Festas de Montargil