Fundação Getulio Vargas 27/09/2011 Valor Online - SP Tópico: CPDOC Editoria: Brasil Pg: 17:15:00 Liderar América do Sul é um desafio para o país, diz especialista Rodrigo Pedroso SÃO PAULO – Com o crescimento e a estabilidade econômica alcançados na última década, o Brasil tem um papel – e um desafio – maior na liderança da América do Sul, de acordo com Matias Spektor, coordenador do Centro de Relações Internacionais da Fundação Getulio Vargas (FGV). Durante o 8º Fórum de Economia, realizado nesta terça-feira em São Paulo, Spektor chamou a atenção para as escolhas que a diplomacia brasileira deve fazer para consolidar a estabilidade e integração na região. “Se algum país quebra, quem vai sentir mais vão ser as empresas brasileiras, e não os Estados Unidos ou os bancos espanhóis”, afirmou. Com acordos multilaterais e o fortalecimento de instâncias regionais como a União das Nações Sul-Americanas (Unasul), que integra as alfândegas dos países, o Brasil aumentou sua participação e cooperação com os vizinhos, expandindo os negócios. Como efeito desse aumento da presença e exposição de capital brasileiro na região, o Itamaraty desenvolveu algumas doutrinas descoladas dos organismos do Primeiro Mundo, segundo o coordenador: a ideia de que a região brasileira é a América do Sul, ao invés da América Latina; o princípio da soberania dos povos; e o aumento da cooperação e doação para países subdesenvolvidos. O Brasil ter alcançado um PIB maior do que a somatória do produto interno bruto de todos os outros países da América do Sul é outra prova, para Spektor, da importância da economia nacional na região. Com esse novo papel, impensável há 20 anos, o coordenador pede um debate maior sobre o tema. “O Brasil é mais poderoso do que em 1995. Mas mais força traz desafios maiores. E para superar esses desafios daqui para frente precisamos pensar mais seriamente nossa política externa.”